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“Eu nunca pensei que duas horas atolado em uma
trilha me ajudariam a resolver um brief. Na minha
história com a Troller, até isso aconteceu.”
 
Esse case conta a história de uma marca com legado: 
a Troller.
 
Uma marca que, prestes a crescer renovar o seu carro-
ícone pela primeira vez, já ouvia as reclamações de seus
fãs apaixonados, fiéis e conservadores.
 
Nas próximas páginas, eu conto como fui de
administrador da sua fanpage a planejador do primeiro
grande lançamento da sua história.
 
Como eu desenhei as coordenadas em que acreditava
para construir um lançamento sólido e verdadeiro para a
marca, para sua base fiel e também para quem estava
de fora.
 
Nas próximas páginas, eu conto como o lançamento
que mudou a história da Troller mudou também minha
trilha como planejador. 
Na lama
YOUNG LIONS BRAZIL / PLANNING
FERNANDO PRADO MIRANDA
A história da Troller parece 
até uma piada de mau gosto:
 
Uma fabriqueta do interior do Ceará que fazia jipes
durões e feios de forma artesanal e apaixonada é
comprada, 10 anos depois, pela Ford - criadora da linha
de produção de carros em escala.
 
Essa transição do artesanal-romântico para o industrial
chegaria ao seu momento mais simbólico em 2014:
 
A Troller lançaria a primeira grande renovação do seu
único modelo, o T4.
 
Minha participação na história da marca tinha começado
alguns anos antes: ainda estagiário, em briefs pequenos
e na criação de uma fanpage antes mesmo do Facebook
ter post patrocinado.
 
Passado alguns anos na mesma agência e então
supervisor de planejamento, recebi o primeiro grande
brief da história da marca: o lançamento do Novo
Troller.
1. DO ARTESANATO À FÁBRICA
Até então, a Troller fabricava um
brinquedo em modelo único.
 
Um jipe-tanquinho-de-guerra de quase 100 mil reais,
com câmbio duro, sem rádio nem ar-condicionado e
com apelo estético discutível. 
 
Perfeito pra mergulhar na lama no fim de semana,
péssimo pra vida urbana. Mas quem gostava do off-road
de verdade não se importava com isso: 

48% dos proprietários Troller à época 
haviam migrado de outro Troller. 
 
O carro mudava pouquíssimo a cada ano e, ainda assim,
alguns fãs já estava no décimo Troller T4 seguido. 
2. O GRANDE LANÇAMENTO
Fonte: informações internas do cliente	
  
Já o novo carro representava 
um novo momento da marca:
 
Vinha de uma fábrica nova, ia ser vendido em
concessionárias renovadas e estabelecia uma nova
meta: dobrar o volume de vendas, o que exigia expandir
o universo da marca para falar com donos de Mitsubishi,
por exemplo.
 
Desde 2013, acompanhei clínicas do novo produto que
já sinalizavam dois desafios de público:
 
Para os autodenominados trolleiros, a Ford tinha
tirado o brinquedo de suas mãos: o Novo Troller
parecia uma Pajerinho, carro de mulher rica, cheio
de plástico, que não aguenta nem o primeiro
buraco. 
 
Para a turma da Pajerinho, o Troller continuava
um bicho esquisito: com cara de carro coreano e
20 mil mais caro que um Mitsubishi com câmbio
automático e design premiado.
 

Ou seja: falar de lama alienaria a turma da Pajero e falar
de conforto trairia a turma da lama.


Eu entendi que não era qualquer
filme de carro que ia resolver 
esse lançamento.
Logo de cara, meu histórico jogou a meu favor:
 
Trabalhando com a fanpage de Troller, sabia que, só ali,
o número de fãs era quase dez vezes maior que o
número de carros que a Troller tinha fabricado (nas
contas do cliente, 10 mil).
 
Mesmo nichada, a marca carregava um legado de
significados que precisava ser compreendido a fundo
por quem fosse trabalhar nessa campanha.
 
Com isso em mente, fui com a
equipe da conta ao evento mais
importante da comunidade trolleira:
a Copa Troller.
 
Em Guaratinguetá, participei do meu primeiro rali de
regularidade: um mídia-piloto, um atendimento-zequinha
(o cara do banco de trás) e eu como navegador: o cara
do mapa e das coordenadas, controlando velocidade,
tempo, obstáculos e checkpoints.
3. OS BURACOS DO CAMINHO
O QUE DEU ERRADO
Atolamos feio da metade pro fim. Depois de quase 2
horas com 20 trolleiros em volta rindo, filmando,
palpitando e tentando nos guinchar, conseguimos sair
da vala sem passar (mais) vexame tendo que chamar o
carro de resgate.
 
 











(o carro 142, por dentro e por fora)


O QUE DEU CERTO
Entendi a comunidade trolleira em sua expressão
máxima, confirmando que o carro era importante, mas
era só uma ferramenta de um universo maior:
 
_ De gente que não ligava pro luxo de Mitsubishi e Land
Rover ou pro tradicionalismo caxias de Jeep.
 
_ De caras gregários, apaixonados, idealistas. Que
entravam na lama por tesão, não para escapar da crise
da meia-idade no escritório.
 
_ De gente que não se importava com ar-condicionado
digital, e sim com um interior lavável que permitia um
mergulho se precisasse.
Minha primeira decisão estratégica foi equacionar a
força do universo Troller com as novidades do
universo carro.

 











Precisávamos ser verdadeiros para os trolleiros e
atraentes para quem ainda olhava de fora. Mostrar que o
carro tinha mudado para melhor, mas que sua “alma”
continuava intacta.
 
Ou, como escrevi no brief, contar que o novo Troller era
“o mesmo tanque de sempre, agora com mais carro
dentro”.
4. O rumo a trilhar
Validada essa big idea com o cliente, tive um bom
primeiro papo com a criação - empolgar uma equipe
com um brief de jipes e lama não foi difícil.
 
O problema é que, por ser o primeiro filme da história da
marca, a energia da equipe ia toda pro mesmo lugar:
roteiros mirabolantes. Dezenas. “O resto a gente
adapta.”
 



Na minha cabeça, continuava a coceira do começo: 


Se não era um filme de carro que 
ia resolver esse lançamento, 
meu papel como planejador 
da marca não podia acabar em 
um brief melhor-dos-dois-mundos.
Se a marca estava crescendo e o job também, era a
hora de eu crescer junto.
 
Com a criação já inteirada do projeto, retomei os
problemas do cliente e desenhei um mapa com 3
coordenadas para o lançamento, com tarefas e uma
sugestão de meios.
5. As coordenadas certas
COORDENADA 1: CRIAR ALMA
Tarefa: 
Falar de carro de um jeito que 
construísse o universo Troller.
 
Meios:
Mídia de massa, embalando 
features no contexto trolleiro.
 
COORDENADA 2: MOSTRAR O PAU
Tarefa: 
Extinguir qualquer desconfiança sobre 
o potencial off-road do novo carro.
 
Meios:
Social media, com conteúdo voltado aos trolleiros.
Concessionária, repensando o test-drive.


COORDENADA 3: BATER O MARTELO
 
Tarefa:
Informar detalhes sobre o novo carro 
e facilitar a compra.
 
Meios:
Search e mídia display, associando o carro não só ao
universo off-road, mas agora também ao universo carro:
tecnologia, conforto, segurança.
 
CRM, cadastrando interessados e administrando-os
com disparos, do pré-lançamento à chegada do produto
nas concessionárias.
Da porta pra fora, o mapa foi aprovado com poucos
comentários por um cliente que ainda precisava saber
como isso se materializava.
 
Da porta pra dentro, era minha hora 
de bater perna pela agência:
 

COM A CRIAÇÃO
O papo de “mostrar o pau” rendeu tanto caldo que
quase convencemos o cliente a fazer o evento de
imprensa em uma concessionária pop-up na Pedra do
Baú (onde só um Troller com a alma de sempre
chegaria).
 

COM A MÍDIA
Para “bater o martelo”, redesenhamos a compra de
search para considerar dois targets distintos, os novos
features do carro e os benefícios que eles
representavam.
 
Para “mostrar o pau”, acrescentamos uma proposta de
merchan que mostraria a força do carro em uma trilha.
 

COM A EQUIPE DE CRM
Para “bater o martelo”, fechamos uma proposta de
linkar o cadastro de interessados a uma landing page no
novo site da marca, que iria ao ar pouco antes da nossa
campanha. 
Graças às minhas coordenadas, 
apresentamos um trabalho robusto e preciso.

Mostramos ao cliente que, se a marca
tinha entrado em um novo momento, a
conta tinha acompanhado esse
movimento na agência.
6. O DESTINO FINAL
Nossa campanha final:
+5 milhões visualizações na sua versão para web 
6o comercial mais visto do YouTube em Outubro/2014

(fonte: Youtube Ads Leaderboard).
 
1. cRIou ALMA
Com um filme do carro em toda sua glória: coberto de
lama por 20 dos 30 segundos e pilotado por um barbudo
que não compraria uma Pajero – sem deixar os features de
fora.
2. mostrou o pau
Com Test Drive Reloaded, conteúdo para social em que
selecionamos e acompanhamos um trolleiro apaixonado
para refazer uma trilha, agora com o carro novo.











+700.000 visualizações no YouTube 

Com um merchan no Auto Esporte que levava uma pilota
e 2 apaixonados por off-road para testar o carro na trilha.












Além da TV, mais de 20.000 visualizações na Globo.com 

Com o Trilha Drive, ação de test drive que levava os
interessados para experimentar o carro em seu habitat
natural: na trilha.
Nossa campanha final:
3. bateu o martelo
O search foi responsável por mais de 60% dos cadastros
iniciados no site.
 
Os e-mails marketing cresceram de 6% para 13% em
abertura e de 13% para 25% em cliques.

Nossa campanha final:
(exemplos de e-mails
marketing enviados)	
  
Fonte: Mídia JWT / BI Troller	
  
7. O pódio da troller
Fonte: informações internas do cliente	
  
A Troller cresceu 115% em vendas.

(de 486 carros no 1o semestre para 
1048 carros no 2o semestre após o lançamento)
 
Mais do que isso, vendemos:

40% dos carros novos para trolleiros
(mantendo nossa base fiel) 

60% para clientes de outras marcas
(expandindo nosso universo).
8. Minha volta ao asfalto
No cliente, emplaquei um exemplo de lançamento e de
resultados.!
 !
Na agência, fiz a conta de mídias sociais para a qual só eu
olhava virar a conta mais disputada pela criação.!
 !
Quando olho para essa história, !
sei que a Troller só trilhou esse
caminho porque eu mergulhei na lama
muito antes para desenhar seu mapa.!
 !
Porque valorizei as etapas básicas de pesquisa mas
também me meti nos buracos, conversas e anotações das
estradas de Guaratinguetá.!
 !
Porque ao invés de me prender às caixinhas do meu próprio
brief, trouxe toda a equipe pra lama comigo, dando as
coordenadas que fizeram esse lançamento acontecer de
verdade, com toda a alma que a Troller traz consigo desde o
interior do Ceará.!
tks
Fernand Alphen, Isabella Mulholland, Leandro Thot,
Stella Pirani, Gisele Bambace, Rafael Lavor, João
Caputi, Juliana Maaz.!
equipe
CCO: Ricardo John
Head of Art: Fabio Simões
Diretor de Criação: Gustavo Soares
Redator: Sleyman Khodor, Patrick Matzenbacher e
Erick Mendonça
Diretores de Arte: Thiago Arrighi e Lucas Reis
Atendimento: Wilson Negrini, Felipe Oliveira, Marcelo
Porto
Gerente de Projetos: Patricia Waissmann e Suelen
Vizzotto
Planejamento: Fernand Alphen, Isabella Mulholland e
Fernando Prado
Mídia: Maira Toledo e Elaine Endo
RTV: Marcia Lacaze, Daniele Pizzo e Ana Mello

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  • 1. “Eu nunca pensei que duas horas atolado em uma trilha me ajudariam a resolver um brief. Na minha história com a Troller, até isso aconteceu.”   Esse case conta a história de uma marca com legado: a Troller.   Uma marca que, prestes a crescer renovar o seu carro- ícone pela primeira vez, já ouvia as reclamações de seus fãs apaixonados, fiéis e conservadores.   Nas próximas páginas, eu conto como fui de administrador da sua fanpage a planejador do primeiro grande lançamento da sua história.   Como eu desenhei as coordenadas em que acreditava para construir um lançamento sólido e verdadeiro para a marca, para sua base fiel e também para quem estava de fora.   Nas próximas páginas, eu conto como o lançamento que mudou a história da Troller mudou também minha trilha como planejador. Na lama YOUNG LIONS BRAZIL / PLANNING FERNANDO PRADO MIRANDA
  • 2. A história da Troller parece até uma piada de mau gosto:   Uma fabriqueta do interior do Ceará que fazia jipes durões e feios de forma artesanal e apaixonada é comprada, 10 anos depois, pela Ford - criadora da linha de produção de carros em escala.   Essa transição do artesanal-romântico para o industrial chegaria ao seu momento mais simbólico em 2014:   A Troller lançaria a primeira grande renovação do seu único modelo, o T4.   Minha participação na história da marca tinha começado alguns anos antes: ainda estagiário, em briefs pequenos e na criação de uma fanpage antes mesmo do Facebook ter post patrocinado.   Passado alguns anos na mesma agência e então supervisor de planejamento, recebi o primeiro grande brief da história da marca: o lançamento do Novo Troller. 1. DO ARTESANATO À FÁBRICA
  • 3. Até então, a Troller fabricava um brinquedo em modelo único.   Um jipe-tanquinho-de-guerra de quase 100 mil reais, com câmbio duro, sem rádio nem ar-condicionado e com apelo estético discutível.   Perfeito pra mergulhar na lama no fim de semana, péssimo pra vida urbana. Mas quem gostava do off-road de verdade não se importava com isso: 48% dos proprietários Troller à época haviam migrado de outro Troller.   O carro mudava pouquíssimo a cada ano e, ainda assim, alguns fãs já estava no décimo Troller T4 seguido.  2. O GRANDE LANÇAMENTO Fonte: informações internas do cliente  
  • 4. Já o novo carro representava um novo momento da marca:   Vinha de uma fábrica nova, ia ser vendido em concessionárias renovadas e estabelecia uma nova meta: dobrar o volume de vendas, o que exigia expandir o universo da marca para falar com donos de Mitsubishi, por exemplo.   Desde 2013, acompanhei clínicas do novo produto que já sinalizavam dois desafios de público:   Para os autodenominados trolleiros, a Ford tinha tirado o brinquedo de suas mãos: o Novo Troller parecia uma Pajerinho, carro de mulher rica, cheio de plástico, que não aguenta nem o primeiro buraco.   Para a turma da Pajerinho, o Troller continuava um bicho esquisito: com cara de carro coreano e 20 mil mais caro que um Mitsubishi com câmbio automático e design premiado.   Ou seja: falar de lama alienaria a turma da Pajero e falar de conforto trairia a turma da lama. Eu entendi que não era qualquer filme de carro que ia resolver esse lançamento.
  • 5. Logo de cara, meu histórico jogou a meu favor:   Trabalhando com a fanpage de Troller, sabia que, só ali, o número de fãs era quase dez vezes maior que o número de carros que a Troller tinha fabricado (nas contas do cliente, 10 mil).   Mesmo nichada, a marca carregava um legado de significados que precisava ser compreendido a fundo por quem fosse trabalhar nessa campanha.   Com isso em mente, fui com a equipe da conta ao evento mais importante da comunidade trolleira: a Copa Troller.   Em Guaratinguetá, participei do meu primeiro rali de regularidade: um mídia-piloto, um atendimento-zequinha (o cara do banco de trás) e eu como navegador: o cara do mapa e das coordenadas, controlando velocidade, tempo, obstáculos e checkpoints. 3. OS BURACOS DO CAMINHO
  • 6. O QUE DEU ERRADO Atolamos feio da metade pro fim. Depois de quase 2 horas com 20 trolleiros em volta rindo, filmando, palpitando e tentando nos guinchar, conseguimos sair da vala sem passar (mais) vexame tendo que chamar o carro de resgate.     (o carro 142, por dentro e por fora) O QUE DEU CERTO Entendi a comunidade trolleira em sua expressão máxima, confirmando que o carro era importante, mas era só uma ferramenta de um universo maior:   _ De gente que não ligava pro luxo de Mitsubishi e Land Rover ou pro tradicionalismo caxias de Jeep.   _ De caras gregários, apaixonados, idealistas. Que entravam na lama por tesão, não para escapar da crise da meia-idade no escritório.   _ De gente que não se importava com ar-condicionado digital, e sim com um interior lavável que permitia um mergulho se precisasse.
  • 7. Minha primeira decisão estratégica foi equacionar a força do universo Troller com as novidades do universo carro.   Precisávamos ser verdadeiros para os trolleiros e atraentes para quem ainda olhava de fora. Mostrar que o carro tinha mudado para melhor, mas que sua “alma” continuava intacta.   Ou, como escrevi no brief, contar que o novo Troller era “o mesmo tanque de sempre, agora com mais carro dentro”. 4. O rumo a trilhar
  • 8. Validada essa big idea com o cliente, tive um bom primeiro papo com a criação - empolgar uma equipe com um brief de jipes e lama não foi difícil.   O problema é que, por ser o primeiro filme da história da marca, a energia da equipe ia toda pro mesmo lugar: roteiros mirabolantes. Dezenas. “O resto a gente adapta.”   Na minha cabeça, continuava a coceira do começo: Se não era um filme de carro que ia resolver esse lançamento, meu papel como planejador da marca não podia acabar em um brief melhor-dos-dois-mundos.
  • 9. Se a marca estava crescendo e o job também, era a hora de eu crescer junto.   Com a criação já inteirada do projeto, retomei os problemas do cliente e desenhei um mapa com 3 coordenadas para o lançamento, com tarefas e uma sugestão de meios. 5. As coordenadas certas
  • 10. COORDENADA 1: CRIAR ALMA Tarefa: Falar de carro de um jeito que construísse o universo Troller.   Meios: Mídia de massa, embalando features no contexto trolleiro.   COORDENADA 2: MOSTRAR O PAU Tarefa: Extinguir qualquer desconfiança sobre o potencial off-road do novo carro.   Meios: Social media, com conteúdo voltado aos trolleiros. Concessionária, repensando o test-drive. COORDENADA 3: BATER O MARTELO   Tarefa: Informar detalhes sobre o novo carro e facilitar a compra.   Meios: Search e mídia display, associando o carro não só ao universo off-road, mas agora também ao universo carro: tecnologia, conforto, segurança.   CRM, cadastrando interessados e administrando-os com disparos, do pré-lançamento à chegada do produto nas concessionárias.
  • 11. Da porta pra fora, o mapa foi aprovado com poucos comentários por um cliente que ainda precisava saber como isso se materializava.   Da porta pra dentro, era minha hora de bater perna pela agência:   COM A CRIAÇÃO O papo de “mostrar o pau” rendeu tanto caldo que quase convencemos o cliente a fazer o evento de imprensa em uma concessionária pop-up na Pedra do Baú (onde só um Troller com a alma de sempre chegaria).   COM A MÍDIA Para “bater o martelo”, redesenhamos a compra de search para considerar dois targets distintos, os novos features do carro e os benefícios que eles representavam.   Para “mostrar o pau”, acrescentamos uma proposta de merchan que mostraria a força do carro em uma trilha.   COM A EQUIPE DE CRM Para “bater o martelo”, fechamos uma proposta de linkar o cadastro de interessados a uma landing page no novo site da marca, que iria ao ar pouco antes da nossa campanha. 
  • 12. Graças às minhas coordenadas, apresentamos um trabalho robusto e preciso. Mostramos ao cliente que, se a marca tinha entrado em um novo momento, a conta tinha acompanhado esse movimento na agência. 6. O DESTINO FINAL
  • 13. Nossa campanha final: +5 milhões visualizações na sua versão para web 6o comercial mais visto do YouTube em Outubro/2014 (fonte: Youtube Ads Leaderboard).   1. cRIou ALMA Com um filme do carro em toda sua glória: coberto de lama por 20 dos 30 segundos e pilotado por um barbudo que não compraria uma Pajero – sem deixar os features de fora.
  • 14. 2. mostrou o pau Com Test Drive Reloaded, conteúdo para social em que selecionamos e acompanhamos um trolleiro apaixonado para refazer uma trilha, agora com o carro novo. +700.000 visualizações no YouTube  Com um merchan no Auto Esporte que levava uma pilota e 2 apaixonados por off-road para testar o carro na trilha. Além da TV, mais de 20.000 visualizações na Globo.com Com o Trilha Drive, ação de test drive que levava os interessados para experimentar o carro em seu habitat natural: na trilha. Nossa campanha final:
  • 15. 3. bateu o martelo O search foi responsável por mais de 60% dos cadastros iniciados no site.   Os e-mails marketing cresceram de 6% para 13% em abertura e de 13% para 25% em cliques. Nossa campanha final: (exemplos de e-mails marketing enviados)   Fonte: Mídia JWT / BI Troller  
  • 16. 7. O pódio da troller Fonte: informações internas do cliente   A Troller cresceu 115% em vendas. (de 486 carros no 1o semestre para 1048 carros no 2o semestre após o lançamento)   Mais do que isso, vendemos: 40% dos carros novos para trolleiros (mantendo nossa base fiel) 60% para clientes de outras marcas (expandindo nosso universo).
  • 17. 8. Minha volta ao asfalto No cliente, emplaquei um exemplo de lançamento e de resultados.!  ! Na agência, fiz a conta de mídias sociais para a qual só eu olhava virar a conta mais disputada pela criação.!  ! Quando olho para essa história, ! sei que a Troller só trilhou esse caminho porque eu mergulhei na lama muito antes para desenhar seu mapa.!  ! Porque valorizei as etapas básicas de pesquisa mas também me meti nos buracos, conversas e anotações das estradas de Guaratinguetá.!  ! Porque ao invés de me prender às caixinhas do meu próprio brief, trouxe toda a equipe pra lama comigo, dando as coordenadas que fizeram esse lançamento acontecer de verdade, com toda a alma que a Troller traz consigo desde o interior do Ceará.!
  • 18. tks Fernand Alphen, Isabella Mulholland, Leandro Thot, Stella Pirani, Gisele Bambace, Rafael Lavor, João Caputi, Juliana Maaz.! equipe CCO: Ricardo John Head of Art: Fabio Simões Diretor de Criação: Gustavo Soares Redator: Sleyman Khodor, Patrick Matzenbacher e Erick Mendonça Diretores de Arte: Thiago Arrighi e Lucas Reis Atendimento: Wilson Negrini, Felipe Oliveira, Marcelo Porto Gerente de Projetos: Patricia Waissmann e Suelen Vizzotto Planejamento: Fernand Alphen, Isabella Mulholland e Fernando Prado Mídia: Maira Toledo e Elaine Endo RTV: Marcia Lacaze, Daniele Pizzo e Ana Mello