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1. Introdução
4 
2. FILO ANNELIDA 
2.1 Conceitos Gerais 
O Filo Annelida (latim: annellus, um diminutivo de annulus, um anel) 
compreende os vermes segmentados e inclui as conhecidas minhocas e 
sanguessugas, além de um grande número de espécies marinhas e de água doce. 
Quanto ao tamanho, existem formas de 1 mm a 2 m de comprimento. 
Uma característica distinguível do filo é a segmentação (metamerismo), que é 
a divisão do corpo em partes ou segmentos (metâmeros), que se arranjam numa 
série linear ao longo do eixo ântero-posterior. A segmentação encontrada nesse filo 
é externa e interna. Ao longo da seqüência de metâmeros, há órgãos que se 
repetem, como nefrídios e gânglios nervosos. A divisão do corpo é dada por septos 
transversais que separam o celoma em cavidades, normalmente correspondentes 
aos segmentos externos. 
Na maioria dos segmentos, externamente, há cerdas quitinosas filiformes 
(não encontradas em Hirudinea - uma das Subclasses do filo). O corpo é revestido 
por uma cutícula fina e úmida que recobre uma epiderme contendo células 
glandulares e sensoriais. 
Junto à parede do corpo, internamente, existe um sistema muscular 
constituído por músculos circulares e longitudinais que possibilita ampla 
movimentação. O fluido celômico funciona como um esqueleto hidráulico contra o 
qual os músculos agem para alterar a forma do corpo. A contração dos músculos 
longitudinais faz com que o fluido celômico exerça uma força direcionada 
lateralmente e o corpo se amplie. A contração dos músculos circulares faz com que 
o fluido celômico exerça uma força no sentido ântero-posterior, alongando o corpo. 
As cerdas laterais quitinosas, pareadas em cada segmento, aumentam a tração com 
o substrato. 
Os anelídeos assemelham-se aos artrópodes, por terem o corpo segmentado 
e pela formação da mesoderme a partir de células embrionárias especiais, e aos 
moluscos, pela presença de uma larva trocófora. 
2.2 Características 
 Simetria bilateral, vermiformes.
 Corpo com espessura de mais de duas camadas de células, com tecidos e 
5 
órgãos. 
 Um intestino muscular com boca e ânus (completo). 
 Corpo dividido em segmentos (a segmentação pode não estar visível 
externamente, mas é sempre evidente no sistema nervoso). 
 Um prostômio (lobo carnoso recobrindo a boca) pré-segmentar, contendo um 
gânglio nervoso, e um pigídio (região posterior não segmentada). 
 Cavidade do corpo com uma série de esquizocelos (formação de celoma no 
interior de blocos de tecido mesodérmico por meio de cavitação), indistintos 
em espécimes com ventosas anterior e posterior. 
 Cavidade do corpo frequentemente subdividida por septos transversais, mas 
quase sempre suprimida ou obscurecida em alguns ou todos os segmentos. 
 Epitélio externo coberto por uma cutícula e com cerdas epidérmicas em feixes 
ou únicas, exceto em espécimes com ventosas anterior e posterior. 
 Parede do corpo muscular, freqüentemente com camada muscular completa 
e quatro blocos de músculos longitudinais. 
 Sistema circulatório fechado. 
 Sistema nervoso com gânglios supra-esofágicos pré-segmentares, anel 
circum-esofágico e um cordão nervoso ventral com gânglios segmentares. 
 Ductos segmentares de origem mesodérmica e ectodérmica, que podem 
estar combinados, restritos a um ou poucos segmentos ou parcialmente 
suprimidos. 
 Um grau variado de cefalização. 
 Desenvolvimentos com clivagem espiral, mas com modificações desta e 
gastrulação epibólica 
∗ 
formando ovos com muito vitelo. 
 Desenvolvimento planctônico em formas marinhas, algumas vezes através de 
uma larva trocófora de vida livre, mas este estágio é freqüentemente com 
ovos encapsulados. 
2.3 Classificação 
O Filo Annelida apresenta 3 grandes grupos: Oligochaeta (gr. Oligo = poucos 
+ chaíte = cerda), Polychaeta (gr. Polys = muito + chaíte = cerdas) e Hirudinea (Lt.
Hirudo = sanguessuga) ou Achaeta (sem cerdas) e dois grupos menores. Os 
Oligochaeta e os Hirudinea pertencem à atual Classe Clitellata, mas muitos autores 
consideram-nos classes distintas. 
6 
2.3.1 Classe Clitellata 
a) Subclasse Oligochaeta (cerca de 3100 espécies) 
Os oligoquetos são anelídeos terrestres e de água doce, existentes também 
no mar. Ocorre um pequeno número de cerdas ao longo do corpo, derivando daí o 
nome da classe. 
A minhoca é o oligoqueto mais conhecido. No Brasil encontramos a “minhoca 
louca” (Pheretyna hawayana) que apresenta movimentos de contrações rápidas 
quando incomodada, por isso recebeu este nome na linguagem popular. As figuras 
47 e 48 apresentam a morfologia externa e interna de uma minhoca (Lumbricus 
terrestris). 
A respiração é cutânea, pois existe uma cutícula sempre úmida, secretada 
pela epiderme, que facilita as trocas gasosas, feitas por difusão. 
Não existe uma cabeça distinta e a boca encontra-se no primeiro segmento. 
Este é recoberto por um lobo carnoso, o prostômio; o ânus situa-se no último 
segmento. 
Há aproximadamente 150 segmentos (número muito variável dentro da 
classe). Em espécies maduras encontramos o clitelo, uma dilatação glandular que 
recobre parcial ou totalmente alguns segmentos formando uma espécie de faixa ao 
redor do corpo. Essa estrutura secreta material para a formação dos casulos e 
também uma secreção viscosa, que ajuda na fixação do casal durante a cópula. A 
posição do clitelo é variável, mas geralmente localiza-se na metade anterior do 
verme e tem apenas alguns segmentos.
A maioria das espécies de oligoquetos alimentam-se de matéria orgânica 
morta, especialmente vegetais. As minhocas nutrem-se de matéria em 
decomposição, na superfície, e podem arrastar folhas para dentro da galeria. 
O trato digestivo é reto e relativamente simples. A boca , situada abaixo do 
prostômio, abre-se no interior de uma pequena cavidade bucal, que por sua vez se 
abre em uma faringe espaçosa. A parede dorsal da câmara faringeana é muscular e 
glandular. Nas minhocas, a faringe age como uma bomba de sucção, além de 
produzir uma secreção salivar contendo muco e enzimas. A faringe abre-se num 
esôfago tubular estreito, que pode formar uma moela (utilizada na moagem do 
alimento) ou um papo (para armazenamento). 
Uma característica importante do intestino dos oligoquetas é a presença de 
glândulas calcíferas em determinadas partes do esôfago. Essas glândulas secretam 
carbonato de cálcio no interior do esôfago, na forma de calcita. Os cristais liberados 
são transportados ao longo do intestino, mas não são reabsorvidos, sugerindo que 
essa seja uma forma alternativa de eliminar CO 
, proveniente da respiração em 
7 
2 
solos com elevados níveis desse composto. Nesses, a difusão seria impedida por
um gradiente de concentração desfavorável. Ainda, sugere-se que as glândulas 
funcionem para a eliminação do excesso de cálcio coletado no alimento. 
Os oligoquetas movem-se por meio de contrações peristálticas, como descrito 
para os anelídeos escavadores. A contração muscular circular e o consequente 
alongamento dos segmentos são mais importantes no rastejamento e sempre geram 
um pulso de pressão e fluido celômico. A contração muscular longitudinal é mais 
importante na escavação, na dilatação do buraco ou na ancoragem dos segmentos 
contra a parede do buraco. As cerdas estendem-se durante a contração muscular 
longitudinal e retraem-se durante a contração circular. 
O intestino forma o restante do trato digestivo e estende-se como um tubo 
reto através de todo o corpo, menos seu quarto anterior. A metade anterior do 
intestino é seu principal local de secreção e digestão, e a metade posterior é 
primariamente absortiva. As minhocas secretam além das enzimas digestivas 
comuns, quitinases e celulases. A área superficial do intestino encontra-se 
aumentada em muitas minhocas por meio de uma crista ou dobra, chamada 
tiflossole. 
As atividades das minhocas têm efeito benéfico ao solo. As extensas galerias 
aumentam a drenagem e a aeração do solo; a manobras de escavação misturam e 
revolvem o solo, fazendo com que materiais mais profundos sejam levados à 
superfície, do mesmo modo que as substâncias orgânicas e suas fezes nutritivas 
sejam deslocadas para níveis inferiores. 
 
 
8 
b) Subclasse Hirudinea (ou Achaeta) (cerca de 500 espécies) 
Os hirudíneos são anelídeos aquáticos (água doce ou marinhos), raramente 
terrestres e são considerados os mais especializados dentro do filo. Não possuem 
cerdas e a maioria é ectoparasita, alimentando-se de sangue e fluidos de diversos 
animais. A espécie mais conhecida é a sanguessuga Hirudo medicinalis. 
As sanguessugas são principalmente noturnas, mas podem ser atraídas por 
alimento durante o dia. Locomovem-se por movimentos sinuosos do corpo (como
uma lagarta mede-palmos) e usam as ventosas para fixação. Alguns também 
locomovem-se por natação. 
O corpo das sanguessugas é achatado dorsoventral mente e frequentemente 
afilado na parte anterior. Há duas ventosas em suas extremidades. Uma menor e 
anterior que circunda a boca e uma maior e posterior em forma de disco na posição 
ventral. 
A segmentação externa não corresponde à interna. O número de segmentos 
é fixo em 34. Contudo, a formação de segmentos secundários externos oculta esta 
segmentação original. 
9
A maioria das espécies é hermafrodita com fecundação cruzada, o 
desenvolvimento direto e há presença de clitelo. A respiração, a exemplo dos 
oligoquetos, é cutânea. 
As formas sugadoras de sangue de mamíferos como o gênero Hirudo, 
apresentam especializações para tal tipo de alimentação. A boca, localizada na 
extremidade anterior (na ventosa), possui 3 mandíbulas com dentes quitinosos para 
perfuração da pele. Imediatamente atrás dos dentes há uma faringe muscular 
sugadora que é seguida por um esôfago curto. Nessa região abrem-se glândulas 
salivares que secretam uma substância anticoagulante chamada hirudina. O resto 
do aparelho digestivo se constitui de um palpo com 11 pares de cecos laterais 
(divertículos). Estes armazenam o sangue que será digerido em um estômago 
pequeno e globoso. O terço posterior do canal alimentar é formado por um intestino 
10
simples ou com cecos laterais que se estende a um reto curto. Este se esvazia ao 
exterior através de um ânus dorsal, localizado na frente da ventosa posterior. 
Os hirudíneos podem sugar uma enorme quantidade de sangue. Algumas 
espécies são capazes de ingerir 10 vezes o seu próprio peso. A digestão ocorre 
muito lentamente fazendo com que estes animais tolerem grandes períodos de 
jejum. Há estudos comprovados que sanguessugas medicinais permaneçam sem se 
alimentar por até 1 ano e meio. 
Um fato curioso é que, desde tempo remotos, Hirudo medicinalis tem sido 
usada para sangrias. Durante o início do século XIX essa foi uma técnica comum, 
embora errônea, de tratamento médico. 
11 
2.3.2 Classe Polychaeta 
A classe Polychaeta (cerca de 8000 espécies) é representada por animais 
marinhos, tais como: Eunice, Neanthus (antigo gênero Nereis), etc. Estes diferem 
dos oligoquetos em muitos aspectos. As figuras 52 e 53 demonstram as variações 
de formas de poliquetos. 
Os poliquetos apresentam em cada segmento do corpo um par de apêndices 
laterais carnosos, semelhantes a nadadeiras, chamados parapódios, com muitas 
cerdas implantadas. Esses apêndices laterais servem para locomoção e também, 
em algumas espécies, para trocas gasosas.
Na região anterior existe uma cabeça bem desenvolvida com um prostômio 
que contêm olhos, antenas e um par de palpos. A boca situa-se no lado ventral, 
entre o prostômio e a região pós-oral, chamada peristômio, que é o primeiro 
segmento verdadeiro. A região não segmentada terminal (o pigídeo) traz o ânus. 
Porém poucos poliquetas exibem essa estrutura típica. Os diferentes estilos de vida 
dos vermes dessa classe levaram a graus variáveis de modificação no plano básico. 
Esses anelídeos podem ser errantes (movimentos livres) ou sedentários 
(tubícolas). Os errantes são vermes nadadores, carnívoros caçadores e portanto, 
apresentam adaptações para este modo de vida. Os parapódios são bem 
desenvolvidos, ocorrem apêndices sensoriais. A cabeça é comumente provida de 
palpos ou outras estruturas para auxiliar a alimentação. 
A respiração encontrada na classe é geralmente branquial. Os sexos são 
geralmente separados e o desenvolvimento é indireto com uma larva trocófora. 
Existe também a reprodução assexuada em algumas espécies (brotamento ou 
regeneração). os poliquetas têm um alto poder de regeneração. Os tentáculos, 
palpos e até as cabeças arrancadas por predadores são logo repostos. 
A epitoquia é um fenômeno reprodutivo característico de muitos poliquetas e 
especialmente bem conhecido em alguns. Trata-se da formação de um indivíduo 
reprodutivo pelágico (epítoco) que é adaptado a deixar os buracos, tubos e outras 
adaptações no fundo. Os segmentos portadores de gametas do epítoco são com 
frequência os mais incrivelmente modificados e corpo do verme parece dividir-se em 
duas regiões acentuadamente diferentes. 
Geralmente, os poliquetas epítocos nadam para a superfície durante a 
eliminação de óvulos e espermatozoides. Esse comportamento sincronizado 
(chamado enxameamento) congrega indivíduos sexualmente maduros em um 
período relativamente curto, aumentando a probabilidade de fertilização. 
12
, transportando-o pelo corpo da 
13 
2.4 Anatomia e Fisiologia Geral 
Os aspectos fisiológicos dos anelídeos possuem variações dentro de suas 
classes, refletindo os diferentes modos de vida, habitat, tipo de alimentação, etc. 
Aqui serão tratados aspectos referentes apenas Subclasse Oligochaeta (minhoca). 
Aparelho digestivo 
O tubo digestivo é completo com regiões bem diferenciadas: boca, faringe 
muscular, esôfago, papo, moela, intestino. 
Respiração 
As trocas gasosas se dão entre a epiderme e o meio. As glândulas mantém a 
epiderme úmida, facilitando a difusão do oxigênio. Este passa à corrente sangüínea 
e é distribuído para todas as células do corpo. Geralmente há a presença de 
hemoglobina no sangue que se combina com o O 
2 
minhoca.
14 
Circulação 
O sistema circulatório é fechado e consiste de dois grande vasos 
longitudinais, um ventral e outro dorsal. Esses vasos comunicam-se através de 
vasos laterais que circundam o tubo digestivo. Na região anterior os vasos laterais 
têm a capacidade de contração e bombeiam o sangue, sendo chamados, portanto, 
de “corações laterais” (estes têm número variável). 
Sistema Nervoso 
É do tipo ganglionar. Na região anterior do animal há dois gânglios cerebrais 
(um supra-esofágico e um grande gânglio sub-esofágico), ligados por um anel 
nervoso ao redor da faringe. Do gânglio sub-esofágico sai um cordão nervoso 
ventral que apresenta um par de gânglios nervosos por metâmeros. 
Reprodução 
As minhocas são hermafroditas com fecundação cruzada, externa e 
desenvolvimento direto. 
Na cópula, dois animais sexualmente maduros unem suas superfícies 
ventrais, com suas extremidades anteriores opostas. Ocorre troca de 
espermatozoides. Cada um dos indivíduos elimina seus espermatozóides nos 
receptáculos seminais do outro, onde ficam armazenados. Após a cópula, os
animais separam-se e formam, ao redor do clitelo, um casulo gelatinoso onde os 
óvulos são colocados. 
O casulo contendo os óvulos desloca-se para a região anterior do animal e 
passa pelos poros dos receptáculos seminais. Nesse momento os espermatozoides 
aí armazenados são liberados e fecundam os óvulos no interior do casulo. Esse 
continua deslizando, sai do corpo do animal e, depois de certo tempo, os ovos 
originam minhocas jovens. 
15 
2.5 Importância para o homem 
A maior importância dos anelídeos está relacionada com a agricultura, onde 
as minhocas desempenham um papel relevante na preparação de solos, deixando-os 
férteis para o plantio. Elas alteram profundamente as condições físicas do terreno 
onde vivem pois cavam galerias aumentando a aeração, drenagem e retenção de 
água, além de homogeneizarem o solo. Os restos digestivos das minhocas contêm 
substâncias que são necessárias ao crescimento dos vegetais. Por esses motivos, 
alguns países com solo pouco apropriado ao cultivo chegam a importar minhocas de 
outros países.
16 
2.6 CURIOSIDADES 
As sanguessugas produzem uma substância chamada hirudina, que impede a 
coagulação do sangue. Por isso mesmo foram muito utilizadas no século XIX para 
provocar sangrias em pessoas com pressão alta. Várias sanguessugas, que podem 
ingerir várias vezes o seu peso em sangue, eram colocadas sobre o paciente. 
As minhocas atuam como verdadeiros “arados naturais”, construindo galerias 
subterrâneas, revolvendo o solo e, assim, aumentando sua aeração e a drenagem 
de água. 
Cresce em todo o mundo a minhocultura, ou criação de minhocas, com a 
finalidade de produzir humo para a agricultura. O humo de minhocas não tem cheiro 
forte e pode ser armazenado por vários meses sem perda de qualidade. As 
minhocas são também utilizadas para a fabricação de rações animais, pois são 
relativamente ricas em proteínas.
17 
3. Conclusão
a 
edição, Ed. Guanabara 
18 
4. Referencias Bibliográficas 
BARNES, R.S.K., CALOW, P. & OLIVE, P.J.W. Os Invertebrados, uma nova síntese. 
Editora Atheneu, São Paulo, 1995. 
CURTIS, H. Biologia. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, 1977. 
FERNANDES, V. Zoologia. EPU, São Paulo, 1981. 
LOPES, S. Bio 2 : Seres vivos. Ed. Saraiva, São Paulo, 1992. 
NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 8a edição, Livraria Atheneu Editora, São Paulo, 
1991. 
ORR, R. T. Biologia dos Vertebrados, 5a edição. Livraria Roca, São Paulo, 1986. 
PELCZAR, M.; REID,R. & CHAN, E.C.S. Microbiologia, vol. I. McGraw-Hill do Brasil, São 
Paulo, 1980. 
POUGH, F.H.; HEISER,J.B.; & McFARLAND, W.N. A Vida dos Vertebrados. Editora 
Atheneu, São Paulo, 1993. 
ROMER, A.S. & PARSONS, T.S. Anatomia Comparada dos Vertebrados, Editora 
Atheneu, São Paulo, 1985. 
RUPPERT,E. & BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 6a ed., Editora Roca, São 
Paulo, 1996. 
SOARES, J. L. Biologia, vol.3. Editora Scipione, São Paulo, 1992. 
SOARES, J. L. Programas de Saúde. Ed. Scipione, São Paulo, 1994. 
STORER, T. et al. Zoologia Geral. 6a edição, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 
1991. 
VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Parasitárias. 8 
Koogan, Rio de Janeiro, 1991.

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Anelideos

  • 2. 4 2. FILO ANNELIDA 2.1 Conceitos Gerais O Filo Annelida (latim: annellus, um diminutivo de annulus, um anel) compreende os vermes segmentados e inclui as conhecidas minhocas e sanguessugas, além de um grande número de espécies marinhas e de água doce. Quanto ao tamanho, existem formas de 1 mm a 2 m de comprimento. Uma característica distinguível do filo é a segmentação (metamerismo), que é a divisão do corpo em partes ou segmentos (metâmeros), que se arranjam numa série linear ao longo do eixo ântero-posterior. A segmentação encontrada nesse filo é externa e interna. Ao longo da seqüência de metâmeros, há órgãos que se repetem, como nefrídios e gânglios nervosos. A divisão do corpo é dada por septos transversais que separam o celoma em cavidades, normalmente correspondentes aos segmentos externos. Na maioria dos segmentos, externamente, há cerdas quitinosas filiformes (não encontradas em Hirudinea - uma das Subclasses do filo). O corpo é revestido por uma cutícula fina e úmida que recobre uma epiderme contendo células glandulares e sensoriais. Junto à parede do corpo, internamente, existe um sistema muscular constituído por músculos circulares e longitudinais que possibilita ampla movimentação. O fluido celômico funciona como um esqueleto hidráulico contra o qual os músculos agem para alterar a forma do corpo. A contração dos músculos longitudinais faz com que o fluido celômico exerça uma força direcionada lateralmente e o corpo se amplie. A contração dos músculos circulares faz com que o fluido celômico exerça uma força no sentido ântero-posterior, alongando o corpo. As cerdas laterais quitinosas, pareadas em cada segmento, aumentam a tração com o substrato. Os anelídeos assemelham-se aos artrópodes, por terem o corpo segmentado e pela formação da mesoderme a partir de células embrionárias especiais, e aos moluscos, pela presença de uma larva trocófora. 2.2 Características  Simetria bilateral, vermiformes.
  • 3.  Corpo com espessura de mais de duas camadas de células, com tecidos e 5 órgãos.  Um intestino muscular com boca e ânus (completo).  Corpo dividido em segmentos (a segmentação pode não estar visível externamente, mas é sempre evidente no sistema nervoso).  Um prostômio (lobo carnoso recobrindo a boca) pré-segmentar, contendo um gânglio nervoso, e um pigídio (região posterior não segmentada).  Cavidade do corpo com uma série de esquizocelos (formação de celoma no interior de blocos de tecido mesodérmico por meio de cavitação), indistintos em espécimes com ventosas anterior e posterior.  Cavidade do corpo frequentemente subdividida por septos transversais, mas quase sempre suprimida ou obscurecida em alguns ou todos os segmentos.  Epitélio externo coberto por uma cutícula e com cerdas epidérmicas em feixes ou únicas, exceto em espécimes com ventosas anterior e posterior.  Parede do corpo muscular, freqüentemente com camada muscular completa e quatro blocos de músculos longitudinais.  Sistema circulatório fechado.  Sistema nervoso com gânglios supra-esofágicos pré-segmentares, anel circum-esofágico e um cordão nervoso ventral com gânglios segmentares.  Ductos segmentares de origem mesodérmica e ectodérmica, que podem estar combinados, restritos a um ou poucos segmentos ou parcialmente suprimidos.  Um grau variado de cefalização.  Desenvolvimentos com clivagem espiral, mas com modificações desta e gastrulação epibólica ∗ formando ovos com muito vitelo.  Desenvolvimento planctônico em formas marinhas, algumas vezes através de uma larva trocófora de vida livre, mas este estágio é freqüentemente com ovos encapsulados. 2.3 Classificação O Filo Annelida apresenta 3 grandes grupos: Oligochaeta (gr. Oligo = poucos + chaíte = cerda), Polychaeta (gr. Polys = muito + chaíte = cerdas) e Hirudinea (Lt.
  • 4. Hirudo = sanguessuga) ou Achaeta (sem cerdas) e dois grupos menores. Os Oligochaeta e os Hirudinea pertencem à atual Classe Clitellata, mas muitos autores consideram-nos classes distintas. 6 2.3.1 Classe Clitellata a) Subclasse Oligochaeta (cerca de 3100 espécies) Os oligoquetos são anelídeos terrestres e de água doce, existentes também no mar. Ocorre um pequeno número de cerdas ao longo do corpo, derivando daí o nome da classe. A minhoca é o oligoqueto mais conhecido. No Brasil encontramos a “minhoca louca” (Pheretyna hawayana) que apresenta movimentos de contrações rápidas quando incomodada, por isso recebeu este nome na linguagem popular. As figuras 47 e 48 apresentam a morfologia externa e interna de uma minhoca (Lumbricus terrestris). A respiração é cutânea, pois existe uma cutícula sempre úmida, secretada pela epiderme, que facilita as trocas gasosas, feitas por difusão. Não existe uma cabeça distinta e a boca encontra-se no primeiro segmento. Este é recoberto por um lobo carnoso, o prostômio; o ânus situa-se no último segmento. Há aproximadamente 150 segmentos (número muito variável dentro da classe). Em espécies maduras encontramos o clitelo, uma dilatação glandular que recobre parcial ou totalmente alguns segmentos formando uma espécie de faixa ao redor do corpo. Essa estrutura secreta material para a formação dos casulos e também uma secreção viscosa, que ajuda na fixação do casal durante a cópula. A posição do clitelo é variável, mas geralmente localiza-se na metade anterior do verme e tem apenas alguns segmentos.
  • 5. A maioria das espécies de oligoquetos alimentam-se de matéria orgânica morta, especialmente vegetais. As minhocas nutrem-se de matéria em decomposição, na superfície, e podem arrastar folhas para dentro da galeria. O trato digestivo é reto e relativamente simples. A boca , situada abaixo do prostômio, abre-se no interior de uma pequena cavidade bucal, que por sua vez se abre em uma faringe espaçosa. A parede dorsal da câmara faringeana é muscular e glandular. Nas minhocas, a faringe age como uma bomba de sucção, além de produzir uma secreção salivar contendo muco e enzimas. A faringe abre-se num esôfago tubular estreito, que pode formar uma moela (utilizada na moagem do alimento) ou um papo (para armazenamento). Uma característica importante do intestino dos oligoquetas é a presença de glândulas calcíferas em determinadas partes do esôfago. Essas glândulas secretam carbonato de cálcio no interior do esôfago, na forma de calcita. Os cristais liberados são transportados ao longo do intestino, mas não são reabsorvidos, sugerindo que essa seja uma forma alternativa de eliminar CO , proveniente da respiração em 7 2 solos com elevados níveis desse composto. Nesses, a difusão seria impedida por
  • 6. um gradiente de concentração desfavorável. Ainda, sugere-se que as glândulas funcionem para a eliminação do excesso de cálcio coletado no alimento. Os oligoquetas movem-se por meio de contrações peristálticas, como descrito para os anelídeos escavadores. A contração muscular circular e o consequente alongamento dos segmentos são mais importantes no rastejamento e sempre geram um pulso de pressão e fluido celômico. A contração muscular longitudinal é mais importante na escavação, na dilatação do buraco ou na ancoragem dos segmentos contra a parede do buraco. As cerdas estendem-se durante a contração muscular longitudinal e retraem-se durante a contração circular. O intestino forma o restante do trato digestivo e estende-se como um tubo reto através de todo o corpo, menos seu quarto anterior. A metade anterior do intestino é seu principal local de secreção e digestão, e a metade posterior é primariamente absortiva. As minhocas secretam além das enzimas digestivas comuns, quitinases e celulases. A área superficial do intestino encontra-se aumentada em muitas minhocas por meio de uma crista ou dobra, chamada tiflossole. As atividades das minhocas têm efeito benéfico ao solo. As extensas galerias aumentam a drenagem e a aeração do solo; a manobras de escavação misturam e revolvem o solo, fazendo com que materiais mais profundos sejam levados à superfície, do mesmo modo que as substâncias orgânicas e suas fezes nutritivas sejam deslocadas para níveis inferiores.   8 b) Subclasse Hirudinea (ou Achaeta) (cerca de 500 espécies) Os hirudíneos são anelídeos aquáticos (água doce ou marinhos), raramente terrestres e são considerados os mais especializados dentro do filo. Não possuem cerdas e a maioria é ectoparasita, alimentando-se de sangue e fluidos de diversos animais. A espécie mais conhecida é a sanguessuga Hirudo medicinalis. As sanguessugas são principalmente noturnas, mas podem ser atraídas por alimento durante o dia. Locomovem-se por movimentos sinuosos do corpo (como
  • 7. uma lagarta mede-palmos) e usam as ventosas para fixação. Alguns também locomovem-se por natação. O corpo das sanguessugas é achatado dorsoventral mente e frequentemente afilado na parte anterior. Há duas ventosas em suas extremidades. Uma menor e anterior que circunda a boca e uma maior e posterior em forma de disco na posição ventral. A segmentação externa não corresponde à interna. O número de segmentos é fixo em 34. Contudo, a formação de segmentos secundários externos oculta esta segmentação original. 9
  • 8. A maioria das espécies é hermafrodita com fecundação cruzada, o desenvolvimento direto e há presença de clitelo. A respiração, a exemplo dos oligoquetos, é cutânea. As formas sugadoras de sangue de mamíferos como o gênero Hirudo, apresentam especializações para tal tipo de alimentação. A boca, localizada na extremidade anterior (na ventosa), possui 3 mandíbulas com dentes quitinosos para perfuração da pele. Imediatamente atrás dos dentes há uma faringe muscular sugadora que é seguida por um esôfago curto. Nessa região abrem-se glândulas salivares que secretam uma substância anticoagulante chamada hirudina. O resto do aparelho digestivo se constitui de um palpo com 11 pares de cecos laterais (divertículos). Estes armazenam o sangue que será digerido em um estômago pequeno e globoso. O terço posterior do canal alimentar é formado por um intestino 10
  • 9. simples ou com cecos laterais que se estende a um reto curto. Este se esvazia ao exterior através de um ânus dorsal, localizado na frente da ventosa posterior. Os hirudíneos podem sugar uma enorme quantidade de sangue. Algumas espécies são capazes de ingerir 10 vezes o seu próprio peso. A digestão ocorre muito lentamente fazendo com que estes animais tolerem grandes períodos de jejum. Há estudos comprovados que sanguessugas medicinais permaneçam sem se alimentar por até 1 ano e meio. Um fato curioso é que, desde tempo remotos, Hirudo medicinalis tem sido usada para sangrias. Durante o início do século XIX essa foi uma técnica comum, embora errônea, de tratamento médico. 11 2.3.2 Classe Polychaeta A classe Polychaeta (cerca de 8000 espécies) é representada por animais marinhos, tais como: Eunice, Neanthus (antigo gênero Nereis), etc. Estes diferem dos oligoquetos em muitos aspectos. As figuras 52 e 53 demonstram as variações de formas de poliquetos. Os poliquetos apresentam em cada segmento do corpo um par de apêndices laterais carnosos, semelhantes a nadadeiras, chamados parapódios, com muitas cerdas implantadas. Esses apêndices laterais servem para locomoção e também, em algumas espécies, para trocas gasosas.
  • 10. Na região anterior existe uma cabeça bem desenvolvida com um prostômio que contêm olhos, antenas e um par de palpos. A boca situa-se no lado ventral, entre o prostômio e a região pós-oral, chamada peristômio, que é o primeiro segmento verdadeiro. A região não segmentada terminal (o pigídeo) traz o ânus. Porém poucos poliquetas exibem essa estrutura típica. Os diferentes estilos de vida dos vermes dessa classe levaram a graus variáveis de modificação no plano básico. Esses anelídeos podem ser errantes (movimentos livres) ou sedentários (tubícolas). Os errantes são vermes nadadores, carnívoros caçadores e portanto, apresentam adaptações para este modo de vida. Os parapódios são bem desenvolvidos, ocorrem apêndices sensoriais. A cabeça é comumente provida de palpos ou outras estruturas para auxiliar a alimentação. A respiração encontrada na classe é geralmente branquial. Os sexos são geralmente separados e o desenvolvimento é indireto com uma larva trocófora. Existe também a reprodução assexuada em algumas espécies (brotamento ou regeneração). os poliquetas têm um alto poder de regeneração. Os tentáculos, palpos e até as cabeças arrancadas por predadores são logo repostos. A epitoquia é um fenômeno reprodutivo característico de muitos poliquetas e especialmente bem conhecido em alguns. Trata-se da formação de um indivíduo reprodutivo pelágico (epítoco) que é adaptado a deixar os buracos, tubos e outras adaptações no fundo. Os segmentos portadores de gametas do epítoco são com frequência os mais incrivelmente modificados e corpo do verme parece dividir-se em duas regiões acentuadamente diferentes. Geralmente, os poliquetas epítocos nadam para a superfície durante a eliminação de óvulos e espermatozoides. Esse comportamento sincronizado (chamado enxameamento) congrega indivíduos sexualmente maduros em um período relativamente curto, aumentando a probabilidade de fertilização. 12
  • 11. , transportando-o pelo corpo da 13 2.4 Anatomia e Fisiologia Geral Os aspectos fisiológicos dos anelídeos possuem variações dentro de suas classes, refletindo os diferentes modos de vida, habitat, tipo de alimentação, etc. Aqui serão tratados aspectos referentes apenas Subclasse Oligochaeta (minhoca). Aparelho digestivo O tubo digestivo é completo com regiões bem diferenciadas: boca, faringe muscular, esôfago, papo, moela, intestino. Respiração As trocas gasosas se dão entre a epiderme e o meio. As glândulas mantém a epiderme úmida, facilitando a difusão do oxigênio. Este passa à corrente sangüínea e é distribuído para todas as células do corpo. Geralmente há a presença de hemoglobina no sangue que se combina com o O 2 minhoca.
  • 12. 14 Circulação O sistema circulatório é fechado e consiste de dois grande vasos longitudinais, um ventral e outro dorsal. Esses vasos comunicam-se através de vasos laterais que circundam o tubo digestivo. Na região anterior os vasos laterais têm a capacidade de contração e bombeiam o sangue, sendo chamados, portanto, de “corações laterais” (estes têm número variável). Sistema Nervoso É do tipo ganglionar. Na região anterior do animal há dois gânglios cerebrais (um supra-esofágico e um grande gânglio sub-esofágico), ligados por um anel nervoso ao redor da faringe. Do gânglio sub-esofágico sai um cordão nervoso ventral que apresenta um par de gânglios nervosos por metâmeros. Reprodução As minhocas são hermafroditas com fecundação cruzada, externa e desenvolvimento direto. Na cópula, dois animais sexualmente maduros unem suas superfícies ventrais, com suas extremidades anteriores opostas. Ocorre troca de espermatozoides. Cada um dos indivíduos elimina seus espermatozóides nos receptáculos seminais do outro, onde ficam armazenados. Após a cópula, os
  • 13. animais separam-se e formam, ao redor do clitelo, um casulo gelatinoso onde os óvulos são colocados. O casulo contendo os óvulos desloca-se para a região anterior do animal e passa pelos poros dos receptáculos seminais. Nesse momento os espermatozoides aí armazenados são liberados e fecundam os óvulos no interior do casulo. Esse continua deslizando, sai do corpo do animal e, depois de certo tempo, os ovos originam minhocas jovens. 15 2.5 Importância para o homem A maior importância dos anelídeos está relacionada com a agricultura, onde as minhocas desempenham um papel relevante na preparação de solos, deixando-os férteis para o plantio. Elas alteram profundamente as condições físicas do terreno onde vivem pois cavam galerias aumentando a aeração, drenagem e retenção de água, além de homogeneizarem o solo. Os restos digestivos das minhocas contêm substâncias que são necessárias ao crescimento dos vegetais. Por esses motivos, alguns países com solo pouco apropriado ao cultivo chegam a importar minhocas de outros países.
  • 14. 16 2.6 CURIOSIDADES As sanguessugas produzem uma substância chamada hirudina, que impede a coagulação do sangue. Por isso mesmo foram muito utilizadas no século XIX para provocar sangrias em pessoas com pressão alta. Várias sanguessugas, que podem ingerir várias vezes o seu peso em sangue, eram colocadas sobre o paciente. As minhocas atuam como verdadeiros “arados naturais”, construindo galerias subterrâneas, revolvendo o solo e, assim, aumentando sua aeração e a drenagem de água. Cresce em todo o mundo a minhocultura, ou criação de minhocas, com a finalidade de produzir humo para a agricultura. O humo de minhocas não tem cheiro forte e pode ser armazenado por vários meses sem perda de qualidade. As minhocas são também utilizadas para a fabricação de rações animais, pois são relativamente ricas em proteínas.
  • 16. a edição, Ed. Guanabara 18 4. Referencias Bibliográficas BARNES, R.S.K., CALOW, P. & OLIVE, P.J.W. Os Invertebrados, uma nova síntese. Editora Atheneu, São Paulo, 1995. CURTIS, H. Biologia. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, 1977. FERNANDES, V. Zoologia. EPU, São Paulo, 1981. LOPES, S. Bio 2 : Seres vivos. Ed. Saraiva, São Paulo, 1992. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 8a edição, Livraria Atheneu Editora, São Paulo, 1991. ORR, R. T. Biologia dos Vertebrados, 5a edição. Livraria Roca, São Paulo, 1986. PELCZAR, M.; REID,R. & CHAN, E.C.S. Microbiologia, vol. I. McGraw-Hill do Brasil, São Paulo, 1980. POUGH, F.H.; HEISER,J.B.; & McFARLAND, W.N. A Vida dos Vertebrados. Editora Atheneu, São Paulo, 1993. ROMER, A.S. & PARSONS, T.S. Anatomia Comparada dos Vertebrados, Editora Atheneu, São Paulo, 1985. RUPPERT,E. & BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 6a ed., Editora Roca, São Paulo, 1996. SOARES, J. L. Biologia, vol.3. Editora Scipione, São Paulo, 1992. SOARES, J. L. Programas de Saúde. Ed. Scipione, São Paulo, 1994. STORER, T. et al. Zoologia Geral. 6a edição, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1991. VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Parasitárias. 8 Koogan, Rio de Janeiro, 1991.