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Quem é quem no Bullying?




          
          D’Jamila Garcia1 e Isabel Correia2





          Nos últimos                                               para um maior esclarecimento acerca do bullying, sobre
tempos, os meios de                                                  quem nele está envolvido e quem por ele é afectado.
comunicação social
têm prestado bastan-                                                 
        O bullying é um comportamento agressivo repe-
te atenção à proble-                                                 tido, cujo objectivo é causar dano físico ou psicológico,
mática da violência                                                  envolvendo um desequilíbrio de poder ou força entre o
na escola, em parti-                                                 agressor e a vítima. Este tipo de agressão foi estudado em
cular, à vitimização                                                 vários países (e.g. Finlândia, Inglaterra, Itália, Espanha,
entre pares. Muito se tem falado do papel dos professores            Estados Unidos, Austrália, Japão, etc.) e hoje em dia pare-
e da escola, dos pais, da polícia e até do Estado em todo            ce ser comum no contexto escolar (Olweus, 1993; Smith
este processo. Apesar disto, existe pouca informação                 et al., 1999; Salmivalli & Voeten, 2004).
consistente acerca do fenómeno em si e dos seus interve-
nientes. O presente artigo tem como objectivo contribuir


1   Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).

2   Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).


In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29   
                                            Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                                     22
O bullying pode ser directo ou indirecto. O           lectivo para o outro, desde que não ocorram mudanças na
bullying directo ocorre quando há uma agressão física ou         turma. E mesmo assim, seria necessário que muitos alu-
verbal directa e o indirecto ocorre quando a agressão se         nos mudassem de turma para que se verificassem altera-
faz através da manipulação de outras pessoas. O bullying         ções (Salmivalli, 2010; Salmivalli et al., 1998).
físico directo está mais associado ao sexo masculino en-
quanto que as raparigas estão mais associadas ao bullying        
         Os estudantes parecem ter alguma consciência
indirecto, como é o caso da exclusão social (e.g. espalhar       do papel que desempenham. Porém, isto não invalida que
boatos ou excluir de actividades) (Bjorkvist, Lagerspetz, &      devido à desejabilidade social 1, tenham dificuldade em
Kaukiainien, 1992).                                              admitir o seu comportamento quando este é agressivo ou
                                                                 quando são vítimas de bullying (Salmivalli et al., 1996).

          Actualmente o bullying é considerado um fenó-
meno de grupo, o que permite uma compreensão mais                
         De facto, o bullying tem um impacto negativo no
clara das motivações da agressão e da omissão de auxílio         bem-estar, e as vítimas deste fenómeno podem enfrentar
às vítimas. A perspectiva grupal possibilitou ainda a identi-                                                      problemas a
ficação dos seus intervenientes como: vítimas (aqueles                                                              vários níveis
que são o alvo da agressão), agressores (aqueles que ini-                                                          (social, esco-
ciam a agressão), assistentes (aqueles que não têm a ini-                                                          lar e psicoló-
ciativa do bullying mas participam no mesmo), reforçado-                                                           gico). Ser
res (os que não participam mas dão reforço positivo ao                                                             vítima condi-
agressor), defensores (aqueles que proporcionam apoio à                                                            ciona a forma
vítima e tentam fazer frente aos agressores) e não-envolvi-                                                        como se é
dos (aqueles que se mantêm afastados mas têm conhe-                                                                percepciona-
cimento das situações de bullying). Estes papéis foram                                                             do(a) pelos
identificados em estudos de vários países e predizem o                                                              pares e con-
comportamento dos estudantes em futuras situações de                                                               diciona, tam-
bullying. Apesar de serem considerados como mutuamen-                                                              bém, as rela-
te exclusivos, é possível que alguns estudantes adoptem                                                            ções com os
papéis secundários ou mesmo que assumam simultanea-                                                                mesmos.
mente o papel de agressor e de vítima (agressores-vítimas)       Estas têm um    auto-conceito 2   social negativo, são emocio-
(Gini, Albiero, Benelli, & Altoe, 2008; Gini, Pozzoli, Borghi,   nalmente instáveis e têm baixa auto-estima. Em geral são
& Franzoni, 2008; Salmivalli, 2010; Salmivalli, Lagerspetz,      também ansiosas, sofrem mais de depressão, faltam mui-
Björkqvist, Österman, & Kaukiainen, 1996; Salmivalli,            to à escola, são mais centradas em si próprias e são rejei-
Lappalainen, & Lagerspetz, 1998).                                tadas pelos seus pares (Craig, 1998; Nishina & Juvonen,
                                                                 2005; Rigby, 1996; Rigby & Slee, 1993; Salmivalli, 1999,

          Os papéis são distintos uns dos outros e são          2010; Salmivalli et al., 1996; Tani, Greenman, Schneider, &
determinados por emoções, atitudes e motivações diferen-         Fregoso, 2003).
tes. Além disso, parecem permanecer estáveis de um ano



1   Ver Glossário para a definição de “desejabilidade social”.

2   Ver Glossário para a definição de “auto-conceito”.


In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29   
                                         Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                                  23
Comportamentos pró-sociais, como os que ca-         não ser felizes e exibem muitas vezes comportamentos de
racterizam os defensores das vítimas de bullying, parecem      risco como beber álcool, brigar e fumar (Craig, 1998; Nan-
estar relacionados com o bem-estar (nomeadamente com           sel et al., 2001; Rigby & Slee, 1993; Rigby & Cox, 1996;
elevada auto-estima, felicidade ou gostar da escola). Os       Salmivalli et al., 1999; Tani et al., 2003).
defensores são socialmente aceites, menos rejeitados
pelos seus pares, emocionalmente estáveis e os seus pa-        
         Os alunos que assumem simultaneamente o pa-
res percepcionam-nos de forma positiva. Os estudantes          pel de agressores e vítimas encontram-se ainda em maior
que adoptam este papel tendem a ser altruístas, o que          risco. Estes têm mais dificuldades académicas, estão mais
justifica a sua posição face ao bullying (Rigby & Slee,         deprimidos, adoptam menos comportamentos pró-sociais
1993; Salmivalli, 2010; Salmivalli, Kaukiainen, Kaistaniemi,   e têm menos auto-controlo. Os agressores-vítimas têm
& Lagerspetz, 1999; Salmivalli et al., 1996; Tani et al.,      também uma baixa auto-estima (Nansel et al., 2001).
2003).
                                                               
         A maioria dos estudantes é testemunha do

          Aqueles que estão directamente envolvidos no        bullying e é aceitável considerar-se que quase todos os
bullying são menos apreciados pelos seus pares. Contu-         alunos de uma turma estão de alguma forma envolvidos
do, no caso dos agressores isto não significa que sejam         no bullying. As testemunhas são obrigadas a tomar uma
marginalizados ao contrário do que se parece verificar com      posição perante o bullying, o que vai ter influência nas
as vítimas e com os agressores-vítimas (Veenstra et al.,       relações com os seus pares. Até mesmo aqueles que ig-
2005).                                                                                      noram a situação (os não-envol-
                                                                                            vidos) dão feedback positivo ao

          Os agressores têm                                                                comportamento do agressor
tendências manipuladoras e                                                                  uma vez que permitem que o
envolvem-se em actividades                                                                  bullying aconteça. Além disso,
sociais que exigem pouca coo-                                                               ser uma mera testemunha tam-
peração com os seus pares.                                                                  bém tem consequências negati-
Para estes, o recurso à agres-                                                              vas porque aumenta os níveis
são pode ser um meio para                                                                   de ansiedade e está relacionado
obter poder e restaurar a sua                                                               com o facto de não se gostar da
auto-estima, ainda que exista                                                               escola (Gini, Albiero et al., 2008;
evidência de que a auto-estima                                                              Nishina & Juvonen, 2005; Salmi-
do grupo pró-bullying (agresso-                                                             valli, 1999; Salmivalli et al.,
res, reforçadores e assistentes)                                                            1999; Salmivalli et al., 1996).
seja moderada. Os alunos que
assumem este papel parecem                                                                  
            O comportamento
não sentir remorsos ou ansie-                                                               dos não-envolvidos é, então,
dade em relação ao seu com-                                                                 muito importante porque pode
portamento, têm fraco desem-                                                                influenciar tanto os agressores
penho académico, percepcionam o clima da escola como                                      como as vítimas e até mesmo
pouco positivo, estão mais associados à delinquência e         outros não-envolvidos. Aqueles que adoptam este papel
têm uma atitude negativa face à escola. Embora os agres-       parecem estar divididos entre a sua visão negativa do
sores não tenham dificuldade em fazer amigos parecem            bullying, a sua vontade de intervir para o parar, e o seu



In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29   
                                        Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                                 24
desejo de manter o seu estatuto e segurança no seio do          bullying tem tendência para integrar subgrupos maiores do
grupo. Ao contrário das vítimas, do grupo pró-bullying e        que os dos outros papéis (as vítimas geralmente estão fora
dos defensores, os não-envolvidos não têm sido muito            de qualquer um dos subgrupos). Contudo, o tamanho
estudados (Gini, Albiero et al., 2008; Salmivalli, 2010).       alargado de um subgrupo não corresponde necessaria-
                                                                mente a relações de amizade recíproca entre os seus

          No geral, os estudantes tendem a ter atitudes        membros (Espelage, Holt, & Henkel, 2003; Gini, 2006;
contrárias ao bullying, a simpatizar com a vítima e a con-      Salmivalli, 1999, 2010; Salmivalli, Huttunen, & Lagerspetz,
denar os agressores. O que não impede que o seu com-            1997).
portamento habitual seja de passividade perante o bullying
e o sofrimento da vítima. Um estudante pode sentir empa-        
            Um maior entendimento acerca dos diversos
tia pela vítima, ter uma visão negativa do bullying e apesar    papéis desempenhados pelos intervenientes no bullying e
disso ser influenciado pela turma para se juntar à agressão      das relações que se estabelecem entre estes permite
ou para não revelar a sua verdadeira posição face à vítima.     também pensar melhor sobre a intervenção. Esta perspec-
O que mostra que não existe necessariamente uma asso-           tiva grupal possibilita que se desenvolvam acções de
ciação directa entre as atitudes e o comportamento no           combate ao bullying mais adequadas à realidade, e con-
bullying. Quanto mais elevada a faixa etária dos estudan-       sequentemente, mais eficazes. Frisén e Holmqvist (2009)
tes, mais as suas atitudes se tornam pró-bullying e menos       referem que a intervenção pode ser feita:
apoiam/gostam da vítima. Algumas diferenças verificam-se
também entre os sexos uma vez que as raparigas ajudam                    •       junto das vítimas, dos agressores e dos
mais as vítimas e têm atitudes mais positivas face às                            seus pais;
mesmas. (Gini, 2006; Gini, Pozzoli et al., 2008; Rigby &
                                                                         •       através do apoio dos pares, que apoiam as
Slee, 1991, 1993; Salmivalli et al., 1996; Salmivalli & Voe-
ten, 2004).                                                                      vítimas, procuram a ajuda de adultos ou
                                                                                 incentivam as vítimas a fazê-lo;

          Neste fenómeno o grupo exerce, de facto, uma
                                                                         •       junto das vítimas, pela promoção de estra-
grande influência no comportamento individual. Por exem-
plo, existem contextos que inibem os comportamentos                              tégias de coping1 mais eficazes;

pró-bullying e outros que os encorajam. O grupo determi-
                                                                         •       junto dos agressores, pela promoção de
na as expectativas dos membros face a outro membro e,
                                                                                 mudança de comportamento;
ao mesmo tempo, são estas expectativas que definem o
papel que este assume. Esta será com certeza uma das
                                                                         •       através da mudança de turma ou de escola
razões pelas quais é tão difícil mudar de papel, porque os
                                                                                 dos envolvidos no bullying (Olweus, 1993;
pares não aceitam e condicionam a percepção do próprio
                                                                                 Pikas, 1989; Rigby, 1996; Salmivalli, 1999;
de que é possível mudar de comportamento (e.g. a convi-
                                                                                 Sharp & Cowie, 1994; Smith, Shu &
vência entre os estudantes que adoptam papéis pró-
                                                                                 Madsen, 2001).
bullying aumenta a frequência dos seus comportamentos
agressivos). Não é por isso de estranhar que os estudan-        
            Com efeito, as intervenções devem focar-se não
tes que têm o mesmo tipo de comportamento tendam a              apenas na vítima e no agressor mas em todo grupo. Deve
associar-se em subgrupos, sendo que o grupo pró-                ser dada especial atenção aos estudantes que assumem


1   Ver Glossário para a definição de “estratégias de coping”.


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                                         Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                                  25
papéis como os de assistente, reforçador e não-envolvido    volvidos não tenha efeitos directos no agressor esta terá
porque o seu comportamento poderá ser mais facilmente       com certeza reflexos na situação da vítima. Os não-envol-
alterado do que o dos agressores. Além disso, sem audi-     vidos podem incentivar o apoio à mesma e minimizar o
ência e sem suporte social é muito complicado para os       impacto negativo do bullying. Embora isto não invalide que
agressores manterem o seu comportamento (Salmivalli,        os agressores também sejam alvos da intervenção. Aliás, é
1999, 2010).                                                importante ter em conta que quando as intervenções se
                                                            centram apenas num papel existe a possibilidade de as

          As intervenções podem influenciar de forma mais   mudanças não serem permanentes dada a influência con-
eficaz os não-envolvidos, uma vez que frequentemente,        trária dos pares (Salmivalli, 2010; Salmivalli et al., 1997).
muitas vezes estes já têm uma atitude negativa em relação
ao bullying. Promover a passagem das atitudes ao com-       
         Salmivalli (2001) defende que só é possível com-
portamento pode ser uma tarefa árdua mas esta aposta        preendermos o bullying se conhecermos o contexto social
poderá ter resultados mais positivos do que castigar o      em que este ocorre. Contudo, apesar de se reconhecer o
agressor. E mesmo que a intervenção junto dos não-en-       bullying como um processo de grupo, em que nem só as


In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29   
                                    Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                             26
vítimas e os agressores sofrem consequências negativas,          Referências
ainda existe uma discrepância no que respeita ao conhe-
cimento das características dos outros intervenientes (e.g.
não-envolvidos). Neste sentido, a par de continuar a inves-      Bjorkqvist, K., Lagerspetz, K., & Kaukiainen, A. (1992). Do
tigação que tem sido feita ao nível das características dos              girls manipulate and boys fight? Developmental
papéis do bullying e das consequências negativas para o                  trends in regard to direct and indirect aggression.
bem-estar é necessário ainda aprofundar o conhecimento                   Aggressive Behavior, 18, 117–127.
acerca dos contextos em que este fenómeno ocorre (e.g.
perceber como é que o clima da turma contribui para as           Craig, W. (1998). The relationship among bullying, victimi-

mudanças nas atitudes e nos comportamentos face ao                       zation, depression, anxiety, and aggression in ele-

bullying ao longo do tempo) (Gini, 2006; Gini, Albiero et al.,           mentary school children. Personality and Individual

2008; Salmivalli, 2010; Salmivalli et al., 1996).                        Differences, 24 (1), 123-130.



          Com efeito, a comunidade científica tem procu-         Espelage, D., Holt, M., & Henkel, R. (2003). Examination of

rado sistematicamente colmatar estas lacunas e actualizar                peer-group contextual effects on aggression during

permanentemente o conhecimento sobre este fenómeno e                     early adolescence. Child Development, 74,

sobre os processos que o caracterizam. Nos dias de hoje                  205−220.

estes esforços tornam-se ainda mais importantes dada a
                                                                 Frisén, A. & Holmqvist, K. (2009). Adolescents' own
visibilidade social do bullying e a procura de informação e
                                                                         suggestions for bullying interventions at age 13
orientação por parte de diversos sectores da sociedade
                                                                         and 16. Scandinavian Journal of Psychology, 51,
(educação, justiça, política).
                                                                         123-131.

                                                                 Gini, G. (2006). Bullying as a social process: The role of
                                                                         group membership in students’ perception of inter-
Glossário                                                                group aggression at school. Journal of School
                                                                         Psychology, 44, 51–65.

Desejabilidade social: tendência para, nos instrumentos
                                                                 Gini, G., Albiero, P., Benelli, B., & Altoe, G. (2008). Deter-
de auto-relato (personalidade, atitudes, interesses), res-
                                                                         minants of adolescents' active defending and pas-
ponder de acordo com o que é percebido como sendo
                                                                         sive bystanding behavior in bullying. Journal of
socialmente desejável ao invés das "verdadeiras caracte-
                                                                         Adolescence, 31, 93–105.
rísticas” pessoais.

                                                                 Gini, G., Pozzoli, T., Borghi, F., & Franzoni, L. (2008). The
Auto-conceito: a concepção de uma pessoa e avaliação
                                                                         role of bystanders in students' perception of bully-
do seu self, que inclui os seus valores, capacidades, ob-
                                                                         ing and sense of safety. Journal of School Psy-
jectivos e valor pessoal.
                                                                         chology, 46, 617–638.

Estratégias de coping: uma acção, ou várias acções, ou
                                                                 Nansel, T., Overpeck, M., Pilla, R., Ruan, W., Simon-
processos de pensamento utilizados para lidar com uma
                                                                         Mortton, B., & Scheidt, P. (2001). Bullying behav-
situação stressante ou desagradável.
                                                                         iors among U.S. youth: Prevalence and association




In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29   
                                        Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


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                                                                        tors of adolescents’ participation in bullying situa-
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         among Australian teenagers. Personality and Indi-      Salmivalli, C., Lappalainen, M., & Lagerspetz, K. (1998).
         vidual Differences, 21, 609-612.                               Stability and change of behaviour in connection
                                                                        with bullying in schools: A two-year follow-up. Ag-
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                                                                        with bullying in schools. International Journal of
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                                       Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                                28
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                                                                                            D’Jamila Garcia é licenciada
Tani, F., Greenman, P. S., Schneider, B. H., & Fregoso, M.                                  em Psicologia Aplicada, área de
         (2003). Bullying and the big five: A study of child-                                Psicologia Social e das Organi-
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                                                                                            tudos da área do bullying e da
Veenstra, R., Lindenberg, S., Oldehinkel, A. J., De Winter,                                 vitimização de pares com as
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         and victimization in elementary schools: A com-         Justiça. Neste momento é estudante do Programa Douto-
         parison of bullies, victims, bully/victims, and unin-   ral de Psicologia do ISCTE-IUL e bolseira de doutoramento
         volved preadolescents. Developmental Psychology,        da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
         41, 672 – 682.                                          E djamila.garcia@gmail.com.




                                                                                            Isabel Correia doutorou-se
                                                                                            em 2001 em Psicologia Social
                                                                                            e das Organizações pelo ISC-
                                                                                            TE-IUL, onde actualmente é
                                                                                            Professora Auxiliar com Agre-
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                                                                                            Psicologia Social e das Organi-
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In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29   
                                       Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying?


                                                                                                                                29

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Quem está envolvido no Bullying

  • 1. Quem é quem no Bullying? D’Jamila Garcia1 e Isabel Correia2 Nos últimos para um maior esclarecimento acerca do bullying, sobre tempos, os meios de quem nele está envolvido e quem por ele é afectado. comunicação social têm prestado bastan- O bullying é um comportamento agressivo repe- te atenção à proble- tido, cujo objectivo é causar dano físico ou psicológico, mática da violência envolvendo um desequilíbrio de poder ou força entre o na escola, em parti- agressor e a vítima. Este tipo de agressão foi estudado em cular, à vitimização vários países (e.g. Finlândia, Inglaterra, Itália, Espanha, entre pares. Muito se tem falado do papel dos professores Estados Unidos, Austrália, Japão, etc.) e hoje em dia pare- e da escola, dos pais, da polícia e até do Estado em todo ce ser comum no contexto escolar (Olweus, 1993; Smith este processo. Apesar disto, existe pouca informação et al., 1999; Salmivalli & Voeten, 2004). consistente acerca do fenómeno em si e dos seus interve- nientes. O presente artigo tem como objectivo contribuir 1 Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). 2 Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 22
  • 2. O bullying pode ser directo ou indirecto. O lectivo para o outro, desde que não ocorram mudanças na bullying directo ocorre quando há uma agressão física ou turma. E mesmo assim, seria necessário que muitos alu- verbal directa e o indirecto ocorre quando a agressão se nos mudassem de turma para que se verificassem altera- faz através da manipulação de outras pessoas. O bullying ções (Salmivalli, 2010; Salmivalli et al., 1998). físico directo está mais associado ao sexo masculino en- quanto que as raparigas estão mais associadas ao bullying Os estudantes parecem ter alguma consciência indirecto, como é o caso da exclusão social (e.g. espalhar do papel que desempenham. Porém, isto não invalida que boatos ou excluir de actividades) (Bjorkvist, Lagerspetz, & devido à desejabilidade social 1, tenham dificuldade em Kaukiainien, 1992). admitir o seu comportamento quando este é agressivo ou quando são vítimas de bullying (Salmivalli et al., 1996). Actualmente o bullying é considerado um fenó- meno de grupo, o que permite uma compreensão mais De facto, o bullying tem um impacto negativo no clara das motivações da agressão e da omissão de auxílio bem-estar, e as vítimas deste fenómeno podem enfrentar às vítimas. A perspectiva grupal possibilitou ainda a identi- problemas a ficação dos seus intervenientes como: vítimas (aqueles vários níveis que são o alvo da agressão), agressores (aqueles que ini- (social, esco- ciam a agressão), assistentes (aqueles que não têm a ini- lar e psicoló- ciativa do bullying mas participam no mesmo), reforçado- gico). Ser res (os que não participam mas dão reforço positivo ao vítima condi- agressor), defensores (aqueles que proporcionam apoio à ciona a forma vítima e tentam fazer frente aos agressores) e não-envolvi- como se é dos (aqueles que se mantêm afastados mas têm conhe- percepciona- cimento das situações de bullying). Estes papéis foram do(a) pelos identificados em estudos de vários países e predizem o pares e con- comportamento dos estudantes em futuras situações de diciona, tam- bullying. Apesar de serem considerados como mutuamen- bém, as rela- te exclusivos, é possível que alguns estudantes adoptem ções com os papéis secundários ou mesmo que assumam simultanea- mesmos. mente o papel de agressor e de vítima (agressores-vítimas) Estas têm um auto-conceito 2 social negativo, são emocio- (Gini, Albiero, Benelli, & Altoe, 2008; Gini, Pozzoli, Borghi, nalmente instáveis e têm baixa auto-estima. Em geral são & Franzoni, 2008; Salmivalli, 2010; Salmivalli, Lagerspetz, também ansiosas, sofrem mais de depressão, faltam mui- Björkqvist, Österman, & Kaukiainen, 1996; Salmivalli, to à escola, são mais centradas em si próprias e são rejei- Lappalainen, & Lagerspetz, 1998). tadas pelos seus pares (Craig, 1998; Nishina & Juvonen, 2005; Rigby, 1996; Rigby & Slee, 1993; Salmivalli, 1999, Os papéis são distintos uns dos outros e são 2010; Salmivalli et al., 1996; Tani, Greenman, Schneider, & determinados por emoções, atitudes e motivações diferen- Fregoso, 2003). tes. Além disso, parecem permanecer estáveis de um ano 1 Ver Glossário para a definição de “desejabilidade social”. 2 Ver Glossário para a definição de “auto-conceito”. In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 23
  • 3. Comportamentos pró-sociais, como os que ca- não ser felizes e exibem muitas vezes comportamentos de racterizam os defensores das vítimas de bullying, parecem risco como beber álcool, brigar e fumar (Craig, 1998; Nan- estar relacionados com o bem-estar (nomeadamente com sel et al., 2001; Rigby & Slee, 1993; Rigby & Cox, 1996; elevada auto-estima, felicidade ou gostar da escola). Os Salmivalli et al., 1999; Tani et al., 2003). defensores são socialmente aceites, menos rejeitados pelos seus pares, emocionalmente estáveis e os seus pa- Os alunos que assumem simultaneamente o pa- res percepcionam-nos de forma positiva. Os estudantes pel de agressores e vítimas encontram-se ainda em maior que adoptam este papel tendem a ser altruístas, o que risco. Estes têm mais dificuldades académicas, estão mais justifica a sua posição face ao bullying (Rigby & Slee, deprimidos, adoptam menos comportamentos pró-sociais 1993; Salmivalli, 2010; Salmivalli, Kaukiainen, Kaistaniemi, e têm menos auto-controlo. Os agressores-vítimas têm & Lagerspetz, 1999; Salmivalli et al., 1996; Tani et al., também uma baixa auto-estima (Nansel et al., 2001). 2003). A maioria dos estudantes é testemunha do Aqueles que estão directamente envolvidos no bullying e é aceitável considerar-se que quase todos os bullying são menos apreciados pelos seus pares. Contu- alunos de uma turma estão de alguma forma envolvidos do, no caso dos agressores isto não significa que sejam no bullying. As testemunhas são obrigadas a tomar uma marginalizados ao contrário do que se parece verificar com posição perante o bullying, o que vai ter influência nas as vítimas e com os agressores-vítimas (Veenstra et al., relações com os seus pares. Até mesmo aqueles que ig- 2005). noram a situação (os não-envol- vidos) dão feedback positivo ao Os agressores têm comportamento do agressor tendências manipuladoras e uma vez que permitem que o envolvem-se em actividades bullying aconteça. Além disso, sociais que exigem pouca coo- ser uma mera testemunha tam- peração com os seus pares. bém tem consequências negati- Para estes, o recurso à agres- vas porque aumenta os níveis são pode ser um meio para de ansiedade e está relacionado obter poder e restaurar a sua com o facto de não se gostar da auto-estima, ainda que exista escola (Gini, Albiero et al., 2008; evidência de que a auto-estima Nishina & Juvonen, 2005; Salmi- do grupo pró-bullying (agresso- valli, 1999; Salmivalli et al., res, reforçadores e assistentes) 1999; Salmivalli et al., 1996). seja moderada. Os alunos que assumem este papel parecem O comportamento não sentir remorsos ou ansie- dos não-envolvidos é, então, dade em relação ao seu com- muito importante porque pode portamento, têm fraco desem- influenciar tanto os agressores penho académico, percepcionam o clima da escola como como as vítimas e até mesmo pouco positivo, estão mais associados à delinquência e outros não-envolvidos. Aqueles que adoptam este papel têm uma atitude negativa face à escola. Embora os agres- parecem estar divididos entre a sua visão negativa do sores não tenham dificuldade em fazer amigos parecem bullying, a sua vontade de intervir para o parar, e o seu In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 24
  • 4. desejo de manter o seu estatuto e segurança no seio do bullying tem tendência para integrar subgrupos maiores do grupo. Ao contrário das vítimas, do grupo pró-bullying e que os dos outros papéis (as vítimas geralmente estão fora dos defensores, os não-envolvidos não têm sido muito de qualquer um dos subgrupos). Contudo, o tamanho estudados (Gini, Albiero et al., 2008; Salmivalli, 2010). alargado de um subgrupo não corresponde necessaria- mente a relações de amizade recíproca entre os seus No geral, os estudantes tendem a ter atitudes membros (Espelage, Holt, & Henkel, 2003; Gini, 2006; contrárias ao bullying, a simpatizar com a vítima e a con- Salmivalli, 1999, 2010; Salmivalli, Huttunen, & Lagerspetz, denar os agressores. O que não impede que o seu com- 1997). portamento habitual seja de passividade perante o bullying e o sofrimento da vítima. Um estudante pode sentir empa- Um maior entendimento acerca dos diversos tia pela vítima, ter uma visão negativa do bullying e apesar papéis desempenhados pelos intervenientes no bullying e disso ser influenciado pela turma para se juntar à agressão das relações que se estabelecem entre estes permite ou para não revelar a sua verdadeira posição face à vítima. também pensar melhor sobre a intervenção. Esta perspec- O que mostra que não existe necessariamente uma asso- tiva grupal possibilita que se desenvolvam acções de ciação directa entre as atitudes e o comportamento no combate ao bullying mais adequadas à realidade, e con- bullying. Quanto mais elevada a faixa etária dos estudan- sequentemente, mais eficazes. Frisén e Holmqvist (2009) tes, mais as suas atitudes se tornam pró-bullying e menos referem que a intervenção pode ser feita: apoiam/gostam da vítima. Algumas diferenças verificam-se também entre os sexos uma vez que as raparigas ajudam • junto das vítimas, dos agressores e dos mais as vítimas e têm atitudes mais positivas face às seus pais; mesmas. (Gini, 2006; Gini, Pozzoli et al., 2008; Rigby & • através do apoio dos pares, que apoiam as Slee, 1991, 1993; Salmivalli et al., 1996; Salmivalli & Voe- ten, 2004). vítimas, procuram a ajuda de adultos ou incentivam as vítimas a fazê-lo; Neste fenómeno o grupo exerce, de facto, uma • junto das vítimas, pela promoção de estra- grande influência no comportamento individual. Por exem- plo, existem contextos que inibem os comportamentos tégias de coping1 mais eficazes; pró-bullying e outros que os encorajam. O grupo determi- • junto dos agressores, pela promoção de na as expectativas dos membros face a outro membro e, mudança de comportamento; ao mesmo tempo, são estas expectativas que definem o papel que este assume. Esta será com certeza uma das • através da mudança de turma ou de escola razões pelas quais é tão difícil mudar de papel, porque os dos envolvidos no bullying (Olweus, 1993; pares não aceitam e condicionam a percepção do próprio Pikas, 1989; Rigby, 1996; Salmivalli, 1999; de que é possível mudar de comportamento (e.g. a convi- Sharp & Cowie, 1994; Smith, Shu & vência entre os estudantes que adoptam papéis pró- Madsen, 2001). bullying aumenta a frequência dos seus comportamentos agressivos). Não é por isso de estranhar que os estudan- Com efeito, as intervenções devem focar-se não tes que têm o mesmo tipo de comportamento tendam a apenas na vítima e no agressor mas em todo grupo. Deve associar-se em subgrupos, sendo que o grupo pró- ser dada especial atenção aos estudantes que assumem 1 Ver Glossário para a definição de “estratégias de coping”. In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 25
  • 5. papéis como os de assistente, reforçador e não-envolvido volvidos não tenha efeitos directos no agressor esta terá porque o seu comportamento poderá ser mais facilmente com certeza reflexos na situação da vítima. Os não-envol- alterado do que o dos agressores. Além disso, sem audi- vidos podem incentivar o apoio à mesma e minimizar o ência e sem suporte social é muito complicado para os impacto negativo do bullying. Embora isto não invalide que agressores manterem o seu comportamento (Salmivalli, os agressores também sejam alvos da intervenção. Aliás, é 1999, 2010). importante ter em conta que quando as intervenções se centram apenas num papel existe a possibilidade de as As intervenções podem influenciar de forma mais mudanças não serem permanentes dada a influência con- eficaz os não-envolvidos, uma vez que frequentemente, trária dos pares (Salmivalli, 2010; Salmivalli et al., 1997). muitas vezes estes já têm uma atitude negativa em relação ao bullying. Promover a passagem das atitudes ao com- Salmivalli (2001) defende que só é possível com- portamento pode ser uma tarefa árdua mas esta aposta preendermos o bullying se conhecermos o contexto social poderá ter resultados mais positivos do que castigar o em que este ocorre. Contudo, apesar de se reconhecer o agressor. E mesmo que a intervenção junto dos não-en- bullying como um processo de grupo, em que nem só as In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 26
  • 6. vítimas e os agressores sofrem consequências negativas, Referências ainda existe uma discrepância no que respeita ao conhe- cimento das características dos outros intervenientes (e.g. não-envolvidos). Neste sentido, a par de continuar a inves- Bjorkqvist, K., Lagerspetz, K., & Kaukiainen, A. (1992). Do tigação que tem sido feita ao nível das características dos girls manipulate and boys fight? Developmental papéis do bullying e das consequências negativas para o trends in regard to direct and indirect aggression. bem-estar é necessário ainda aprofundar o conhecimento Aggressive Behavior, 18, 117–127. acerca dos contextos em que este fenómeno ocorre (e.g. perceber como é que o clima da turma contribui para as Craig, W. (1998). The relationship among bullying, victimi- mudanças nas atitudes e nos comportamentos face ao zation, depression, anxiety, and aggression in ele- bullying ao longo do tempo) (Gini, 2006; Gini, Albiero et al., mentary school children. Personality and Individual 2008; Salmivalli, 2010; Salmivalli et al., 1996). Differences, 24 (1), 123-130. Com efeito, a comunidade científica tem procu- Espelage, D., Holt, M., & Henkel, R. (2003). Examination of rado sistematicamente colmatar estas lacunas e actualizar peer-group contextual effects on aggression during permanentemente o conhecimento sobre este fenómeno e early adolescence. Child Development, 74, sobre os processos que o caracterizam. Nos dias de hoje 205−220. estes esforços tornam-se ainda mais importantes dada a Frisén, A. & Holmqvist, K. (2009). Adolescents' own visibilidade social do bullying e a procura de informação e suggestions for bullying interventions at age 13 orientação por parte de diversos sectores da sociedade and 16. Scandinavian Journal of Psychology, 51, (educação, justiça, política). 123-131. Gini, G. (2006). Bullying as a social process: The role of group membership in students’ perception of inter- Glossário group aggression at school. Journal of School Psychology, 44, 51–65. Desejabilidade social: tendência para, nos instrumentos Gini, G., Albiero, P., Benelli, B., & Altoe, G. (2008). Deter- de auto-relato (personalidade, atitudes, interesses), res- minants of adolescents' active defending and pas- ponder de acordo com o que é percebido como sendo sive bystanding behavior in bullying. Journal of socialmente desejável ao invés das "verdadeiras caracte- Adolescence, 31, 93–105. rísticas” pessoais. Gini, G., Pozzoli, T., Borghi, F., & Franzoni, L. (2008). The Auto-conceito: a concepção de uma pessoa e avaliação role of bystanders in students' perception of bully- do seu self, que inclui os seus valores, capacidades, ob- ing and sense of safety. Journal of School Psy- jectivos e valor pessoal. chology, 46, 617–638. Estratégias de coping: uma acção, ou várias acções, ou Nansel, T., Overpeck, M., Pilla, R., Ruan, W., Simon- processos de pensamento utilizados para lidar com uma Mortton, B., & Scheidt, P. (2001). Bullying behav- situação stressante ou desagradável. iors among U.S. youth: Prevalence and association In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 27
  • 7. with psychosocial adjustment. Journal of the Salmivalli, C. (2010). Bullying and the peer group: A review. American Medical Association, 285, 2094–2100. Aggression and Violent Behavior, 15 (2), 112–120. Nishina, A., & Juvonen, J. (2005). Daily reports of witness- Salmivalli, C., Huttunen, A., & Lagerspetz, K. (1997). Peer ing and experiencing peer harassment in middle networks and bullying in schools. Scandinavian school. Child Development, 76, 435–450. Journal of Psychology, 38, 305–312. Pikas, A. (1989). A pure concept of mobbing gives the best Salmivalli, C., Kaukiainen, A., Kaistaniemi, L. & Lagerspetz, results for treatment. School Psychology Interna- K. (1999). Self-evaluated self-esteem, peer evalu- tional, 10, 95–104. ated self-esteem, and defensive egotism as predic- tors of adolescents’ participation in bullying situa- Olweus, D. (1993). Bullying at school: What we know and tions. Personality and Social Psychology Bulletin, what we can do. New York: Blackwell. 25, 1268–1278. Rigby, K. (1996). Bullying in schools: What to do about it. Salmivalli, C., Lagerspetz, K., Björkqvist, K., Österman, K., Melbourne: Australian Council for Education Re- & Kaukiainen, A. (1996). Bullying as a group proc- search Limited. ess: Participant roles and their relations to social status within the group. Aggressive Behavior, 22, Rigby, K., & Cox, I. (1996). The contribution of bullying at 1–15. school and low self-esteem to acts of delinquency among Australian teenagers. Personality and Indi- Salmivalli, C., Lappalainen, M., & Lagerspetz, K. (1998). vidual Differences, 21, 609-612. Stability and change of behaviour in connection with bullying in schools: A two-year follow-up. Ag- Rigby, K., & Slee, P. T. (1991). Bullying among Australian gressive Behavior, 24, 205–218. school children: Reported behavior and attitudes toward victims. Journal of Social Psychology, 131, Salmivalli, C., & Voeten, M. (2004). Connections between 615–627. attitudes, group norms, and behaviors associated with bullying in schools. International Journal of Rigby, K., & Slee, P.T. (1993). Dimensions of interpersonal Behavioral Development, 28, 246–258. relating among australian school children and their implications for psychological well-being. Journal Sharp, S. & Cowie, H. (1994). Empowering pupils to take of Social Psychology, 133, 33-42. positive action against bullying. In P. K. Smith & S. Sharp (Eds.), School bullying: Insights and per- Salmivalli, C. (1999). Participant role approach to school spectives (pp. 108–131). London: Routledge. bullying: Implications for intervention. Journal of Adolescence, 22, 453–459. Smith, P.K., Morita, Y., Junger-Tas, J., Olweus, D. Catalana, R., & Slee, P. (1999). The nature of Salmivalli, C. (2001). Group view on victimization: Empirical school bullying: A cross-national perspective. findings and their implications’. In J. Juvonen, & S. London: Routledge. Graham (Eds.), Peer Harassement in School: The Plight of the Vulnerable and Victimized (pp. 398- Smith, P.K., Shu, S. & Madsen, K. (2001). Characteristics 419). New York: Guilford. of victims of school bullying: Developmental chan- In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 28
  • 8. ges in coping strategies and skills. In J. Juvonen & Autoras S. Graham (eds), Peer Harassment in School. New York: Guilford Publications. Pp. 332-351. D’Jamila Garcia é licenciada Tani, F., Greenman, P. S., Schneider, B. H., & Fregoso, M. em Psicologia Aplicada, área de (2003). Bullying and the big five: A study of child- Psicologia Social e das Organi- hood personality and participant roles in bullying zações, pelo Instituto Superior incidents. School Psychology International, 24, de Psicologia Aplicada. Interes- 131–146. sa-se pela articulação dos es- tudos da área do bullying e da Veenstra, R., Lindenberg, S., Oldehinkel, A. J., De Winter, vitimização de pares com as A. F., Verhulst, F. C., & Ormel, J. (2005). Bullying teorias da Psicologia Social da and victimization in elementary schools: A com- Justiça. Neste momento é estudante do Programa Douto- parison of bullies, victims, bully/victims, and unin- ral de Psicologia do ISCTE-IUL e bolseira de doutoramento volved preadolescents. Developmental Psychology, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). 41, 672 – 682. E djamila.garcia@gmail.com. Isabel Correia doutorou-se em 2001 em Psicologia Social e das Organizações pelo ISC- TE-IUL, onde actualmente é Professora Auxiliar com Agre- gação no Departamento de Psicologia Social e das Organi- zações. A sua investigação, inserida no Centro de Investi- gação e Intervenção Social, tem-se centrado na Psicologia Social da Justiça e no fe- nómeno do Bullying. E isabel.correia@iscte.pt. In-Mind_Português, 2010, Vol.1, N.º 2-3, 22-29 Garcia e Correia, Quem é quem no Bullying? 29