SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  6
Sermão: Salmo 133
I. Contexto Histórico
O título, usualmente traduzido como "Cântico das Subidas," é relacionado a
um grupo de cânticos usado por peregrinos nas procissões festivais. [7] É
nele que encontramos a indicação mais lógica do provável contexto
histórico do nosso texto — (Cânticos das Subidas (romagem) – de Davi). O
Texto Massorético traz este título para o grupo de Salmos 120 a 134.
Interessantemente, os Salmos 122, 124, 131 e 133 são associados ao nome de
Davi, enquanto que o 127 é associado ao nome de Salomão.
É bom lembrar que a maioria dos comentaristas bíblicos (inclusive um
grande número de intérpretes conservadores) põe em dúvida a autoria
davídica do texto.
O título Massorético aparece no Codex Alexandrinus e em textos de
Qumran.
O contexto mais provável, no entanto, é o da unificação das doze tribos de
Israel debaixo do reinado de Davi em Jerusalém. As figuras no texto do
salmo confirmam ascendentemente esta situação. Considerando pois este
contexto, é que vamos interpretar o texto.
II. Interpretação
O verso 1 declara o propósito temático do salmo. Sendo um hino de uso no
culto público, este exalta o valor da unidade do povo de Deus no contexto
do reinado teocrático de Davi.
Alguns comentaristas entendem a expressão "viverem unidos os irmãos"
como uma manifestação da cultura antiga onde várias famílias viviam
debaixo do mesmo teto.
Porém, tal idéia não se pode aplicar ao texto, principalmente considerando
que este vem de Davi. Sabemos pela narrativa bíblica que a unidade familiar
não foi o forte na vida deste rei.
Portanto o termo "irmãos" do verso 1 só pode se referir ao povo de Israel
como um todo, ou mais provavelmente, como veremos nas figuras de
linguagem dos versos 2 e 3, à unidade das doze tribos de Israel.
Por estas razões, a expressão (viverem unidos os irmãos) nos dá uma
direção natural para interpretar o texto: o verso se refere à unidade do
território de Israel.
O salmo é uma expressão da bênção da unidade no reino davídico,
prefigurando a bênção do reinado de Cristo. A bênção da unidade é
relatada na expressão "bom e agradável".
Portanto, o verso 1 é uma expressão da bênção alcançada na união das
doze tribos sob o reinado de Davi, após o problemático reinado de Saul. As
figuras nos versos 2 e 3 são as aplicações diretas desta expressão de louvor.
A figura no verso 2 expressa a unidade das doze tribos debaixo do serviço
sacerdotal providenciado por Deus para o povo de Israel. A figura completa
que o verso apresenta e que deveria ser algo imediatamente absorvido e
entendido pelo auditório original do texto, o povo israelita: a bênção do
sacerdócio para o povo.
A expressão (como o óleo V.2) é a figura da unção do sumo sacerdote Arão
(Ex 30.22-33; Lv 8.12) sobre toda a casa de Israel e os resultados dessa
unção.
Lendo a respeito da instituição do sacerdócio em Israel vemos que esta é a
forma que Deus escolheu para abençoar o seu povo, para redimi-lo do seu
pecado, para aceitá-lo na sua presença.
Dentre as doze tribos Deus escolheu uma para exercer este ministério. Uma
tribo abençoaria a si mesma e a todas as demais. Porém, o sacerdócio era
prejudicado quando havia divisões entre as tribos, e efetivado na sua
unidade.
Sob o reinado de Davi o sacerdócio cumpria a plenitude de suas funções
sobre o povo de Israel. Jerusalém foi estabelecida como capital política, e
mais tarde, espiritual de toda a nação (2 Samuel 6). Esta situação singular
estava certamente nos planos de Deus para abençoar seu povo.
A descendência de Aarão foi usada por Deus naquela época típica do
reinado do Messias para abençoar a Israel.
O colar (gola) da veste do sumo sacerdote carregava duas pedras de ônix
onde estavam inscritos os nomes das doze tribos (Ex 28.9-10). Na unção,
não só o sacerdote era ungido, mas também aqueles que ele representava.
O óleo descia da cabeça sobre a barba e sobre o colar das vestes, onde
estavam representadas as doze tribos de Israel. Somente na unidade é que
todo o Israel poderia receber o exercício do sacerdócio. A contínua
expiação pelo pecado dependia da unidade do povo de Deus.
O verso 3 traz uma nova e interessante figura. Como no verso 2, uma
comparação é introduzida pela preposição "Como o orvalho do Hermon, que
desce sobre os montes de Sião." A comparação não se concentra no
"orvalho do Hermon," mas nos resultados do "orvalho do Hermon que
desce sobre os montes de Sião".
Assim como foi necessário conhecer um pouco do contexto sacerdotal para
se entender a figura de linguagem no verso 2, é necessário um pouco de
conhecimento de geografia para se entender a figura do verso 3.
O monte Hermon ficava no extremo norte de Israel e era bem conhecido
pelos efeitos que seu orvalho produzia (e produz até hoje). Porque o monte
Hermon é muito alto e seu cume coberto de neve, o seu pesado orvalho
"rega" toda a região em volta fazendo da mesma uma área muito fértil e
produtiva.
O contraste entre Hermon e Sião é extremo: enquanto Hermon representa
vida por sua situação geográfica, Sião é a fronteira do deserto, que é
símbolo de morte, e de sequidão.
A partir de Sião na direção sul só se encontra terra seca, sem vida.
Enquanto a região do Hermon é rica em águas, a região do Neguebe (ao sul
de Sião) depende de cursos temporários de água que vêm das montanhas
após as chuvas mais ao norte.
Davi se utiliza do recurso poético que analisamos anteriormente para
demonstrar o significado pleno de ambas as figuras de linguagem. O verbo
(descer) aparece três vezes no texto, está no particípio, expressando uma
idéia de continuidade, a continuidade da bênção no sacerdócio sobre Israel.
Como já vimos, Hermon e Sião são dois extremos, dois polos geográficos
que representam a unidade norte/sul de Israel.
Porém existe ainda uma figura mais marcante por traz do verbo (descer).
Hermon e Sião, sendo tão distantes fisicamente (nas proporções da
geografia do antigo Oriente Próximo) mas, possuem um elo comum, o rio
Jordão. Este corre desde o norte até o sul de Israel morrendo no Mar
Morto. O nome Jordão provavelmente deriva-se do verbo yarad (descer)
sendo então "o que desce". Uma das fontes do rio Jordão é exatamente um
ribeiro chamado Banias, que nasce na base do monte Hermon. De certa
forma, a riqueza de vida do Hermon se faz presente em toda a extensão de
Israel até as proximidades de Sião. Aquele "que desce" traz bênção sobre
todo Israel.
A segunda parte do verso 3 é introduzida pela partícula (porque (nossa
tradução - Ali)), referindo-se a Sião ("porque lá Iahweh ordena a bênção").
Ainda que o norte abençoe todo o Israel, é no sul que Iahweh ordena a
bênção.
 Em Sião é que estão as bênçãos espirituais para todo Israel.
 Em Sião Iahweh estabeleceu o seu rei e o seu sacerdote, dois ofícios
de bênção para todo o povo, na unidade. Ambos servem como
verdadeiros mediadores, escolhidos de Iahweh.
 Qual é a bênção prometida? "Vida para sempre."
Berlin conclui sua interpretação da seguinte forma:
Do Hermon a Sião, a terra é ungida com o orvalho assim como Aarão é
ungido com o óleo da consagração. O país não é somente unido, é também
abençoado.
 O ponto focal da santidade e bênção é Sião, porque lá o Senhor
ordenou a sua bênção para sempre.
III. Aplicação
Depois de feita esta interpretação cabe-nos perguntar quais são as
implicações teológicas do Salmo 133 no contexto da revelação bíblica.
Primeiramente, o texto se relaciona com o contexto do reinado davídico e
dentro deste contexto manifesta aspectos das bênçãos redentivas que
Deus ordena para seu povo. Davi tinha consciência da importância da
unidade nacional das tribos de Israel.
O povo não poderia ser abençoado na divisão por dois motivos simples:
1. Sem um rei não haveria vitória e paz,
2. E sem um sacerdote que ministrasse a todo o povo eles não teriam
condições de se aproximar de Deus.
Tanto o rei quanto o reino e o sacerdócio são tipos de um reinado futuro.
O texto manifesta o reconhecimento da necessidade de um reino e
sacerdócio mediatorial. Sem estes não há bênção.
Este conceito estende-se para o povo de Deus na era do Novo Testamento:
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus…" (1 Pe 2.9).
 Vimos no texto que a bênção era condicionada à unidade, e
prejudicada sem ela.
A mesma relação permanece para o povo de Deus hoje?
Creio que sim, guardadas as devidas proporções.
O povo de Deus é uma nação santa e exerce um sacerdócio que é
abençoado na unidade.
Esta unidade se expressa à medida que o povo de Deus, sua Igreja, como
agente do seu reino, se submete à autoridade do Rei, sua lei e seu ensino,
sem se desviar, sem comprometer sua verdade. Nesta unidade, Iahweh
ordena a sua bênção. Creio que esta é a aplicação fundamental do texto
para nossos dias.
A pergunta que permanece é se ainda outros elementos do texto podem
ou devem ser aplicados no contexto neotestamentário, como por exemplo,
o óleo ser comparado com o Espírito Santo. Seria legítima esta aplicação do
Salmo 133? Ainda que este seja o primeiro impulso do intérprete com um
conhecimento geral das Escrituras, tal aplicação sem uma formulação
adequada pode levar a erros de interpretação.
Sabemos que a unidade do povo de Deus se dá debaixo da obra e poder do
Espírito Santo, e da mesma forma como o povo de Israel era abençoado na
unidade nacional, o povo de Deus é abençoado na unidade espiritual,
quando, em um só Espírito, uma só fé, se aproximamos do único Senhor.
A igreja do Senhor deve buscar esta unidade sob princípios semelhantes,
que reflitam a verdade da Escritura.
 Esforçando- vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no
vínculo da paz. (Efésio 4.3).
 Calvino/comentário Sl 133. - Deus ordena a sua benção onde a paz é
cultivada. Esse sentimento é expresso nas palavras do apostolo
Paulo: 2Cor 13.11 “...vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará
convosco”.
 “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens”(Rm 12.18).
 Estendamos nossos braços aos que diferem de nós, desejemos exorta-
lós a retornar a unidade da fé.
IV - Conclusão
Hoje possuímos uma unidade em Cristo

Contenu connexe

Tendances

Tendances (20)

1. período interbíblico
1. período interbíblico1. período interbíblico
1. período interbíblico
 
Epístolas Gerais - I e II Pedro, I II e III João, Judas.
Epístolas Gerais - I e II Pedro, I II e III João, Judas.Epístolas Gerais - I e II Pedro, I II e III João, Judas.
Epístolas Gerais - I e II Pedro, I II e III João, Judas.
 
17. Cronograma dos Reis
17. Cronograma dos Reis17. Cronograma dos Reis
17. Cronograma dos Reis
 
LIVROS HISTÓRICOS (AULA 02 - BÁSICO - IBADEP)
LIVROS HISTÓRICOS (AULA 02 - BÁSICO - IBADEP)LIVROS HISTÓRICOS (AULA 02 - BÁSICO - IBADEP)
LIVROS HISTÓRICOS (AULA 02 - BÁSICO - IBADEP)
 
5 aula profetas menores, Zacarias e Malaquias
5 aula profetas menores, Zacarias e Malaquias5 aula profetas menores, Zacarias e Malaquias
5 aula profetas menores, Zacarias e Malaquias
 
3. O Evangelho Segundo Mateus
3. O Evangelho Segundo Mateus3. O Evangelho Segundo Mateus
3. O Evangelho Segundo Mateus
 
Panorama[1]
Panorama[1]Panorama[1]
Panorama[1]
 
2 Reis - Queda do Reino do Sul
2 Reis - Queda do Reino do Sul2 Reis - Queda do Reino do Sul
2 Reis - Queda do Reino do Sul
 
Os Profetas
Os ProfetasOs Profetas
Os Profetas
 
45. o profeta malaquias
45. o profeta malaquias45. o profeta malaquias
45. o profeta malaquias
 
A vida do novo convertido
A vida do novo convertidoA vida do novo convertido
A vida do novo convertido
 
O Livro de Números
O Livro de NúmerosO Livro de Números
O Livro de Números
 
Lição 7 - Rute, uma Mulher Digna de Confiança
Lição 7 - Rute, uma Mulher Digna de ConfiançaLição 7 - Rute, uma Mulher Digna de Confiança
Lição 7 - Rute, uma Mulher Digna de Confiança
 
Estudo Dízimos e Ofertas
Estudo Dízimos e OfertasEstudo Dízimos e Ofertas
Estudo Dízimos e Ofertas
 
Panorama do AT - Habacuque
Panorama do AT - HabacuquePanorama do AT - Habacuque
Panorama do AT - Habacuque
 
33. O profeta Daniel
33. O profeta Daniel33. O profeta Daniel
33. O profeta Daniel
 
10. O Livro de Josué
10. O Livro de Josué10. O Livro de Josué
10. O Livro de Josué
 
O livro de jó
O livro de jóO livro de jó
O livro de jó
 
O pecado e suas consequencias parte 1-22.02.2015
O pecado e suas consequencias parte 1-22.02.2015O pecado e suas consequencias parte 1-22.02.2015
O pecado e suas consequencias parte 1-22.02.2015
 
2 Reis - O Reino Dividido + Queda Reino do Norte
2 Reis - O Reino Dividido + Queda Reino do Norte2 Reis - O Reino Dividido + Queda Reino do Norte
2 Reis - O Reino Dividido + Queda Reino do Norte
 

Similaire à Sermão salmo 133

Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deusLição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
cledsondrumms
 
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançAAs Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
DimensaoCatolica
 
Profetas Menores I - Apresentação
Profetas Menores I  -  ApresentaçãoProfetas Menores I  -  Apresentação
Profetas Menores I - Apresentação
JUERP
 

Similaire à Sermão salmo 133 (20)

027 salmos
027 salmos027 salmos
027 salmos
 
comentario biblico-1 samuel (moody)
comentario biblico-1 samuel (moody)comentario biblico-1 samuel (moody)
comentario biblico-1 samuel (moody)
 
Curso bíblico
Curso bíblicoCurso bíblico
Curso bíblico
 
Curso bíblico
Curso bíblicoCurso bíblico
Curso bíblico
 
IBADEP BÁSICO PROFETAS MAIORES AULA 1 - PROFETA ISAÍAS.pptx
IBADEP BÁSICO PROFETAS MAIORES AULA 1 - PROFETA ISAÍAS.pptxIBADEP BÁSICO PROFETAS MAIORES AULA 1 - PROFETA ISAÍAS.pptx
IBADEP BÁSICO PROFETAS MAIORES AULA 1 - PROFETA ISAÍAS.pptx
 
Amós estudo 01 -
Amós   estudo 01 -Amós   estudo 01 -
Amós estudo 01 -
 
Proféticos 1 Introdução e Isaías
Proféticos 1   Introdução e IsaíasProféticos 1   Introdução e Isaías
Proféticos 1 Introdução e Isaías
 
Isaías 9.6-7
Isaías 9.6-7Isaías 9.6-7
Isaías 9.6-7
 
Panorama do at 3
Panorama do at 3Panorama do at 3
Panorama do at 3
 
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deusLição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
 
Livros Poéticos - Salmos.pptx
Livros Poéticos - Salmos.pptxLivros Poéticos - Salmos.pptx
Livros Poéticos - Salmos.pptx
 
Salmos -AULA 03
Salmos -AULA 03Salmos -AULA 03
Salmos -AULA 03
 
Amós (moody)
Amós (moody)Amós (moody)
Amós (moody)
 
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançAAs Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
 
4. êxodo
4. êxodo4. êxodo
4. êxodo
 
Os livros de 1 e 2 Reis
Os livros de 1 e 2 ReisOs livros de 1 e 2 Reis
Os livros de 1 e 2 Reis
 
Biblia 08-ideias-mestras
Biblia 08-ideias-mestrasBiblia 08-ideias-mestras
Biblia 08-ideias-mestras
 
Procura se um Messias
Procura se um MessiasProcura se um Messias
Procura se um Messias
 
Pérola de grande valor esquematizada
Pérola de grande valor esquematizadaPérola de grande valor esquematizada
Pérola de grande valor esquematizada
 
Profetas Menores I - Apresentação
Profetas Menores I  -  ApresentaçãoProfetas Menores I  -  Apresentação
Profetas Menores I - Apresentação
 

Plus de Fulvio Leite (9)

Filipenses estudiante
Filipenses estudianteFilipenses estudiante
Filipenses estudiante
 
Martyn lloyd jones, john stott e 1 co 12.13 2
  Martyn lloyd jones, john stott e 1 co 12.13 2  Martyn lloyd jones, john stott e 1 co 12.13 2
Martyn lloyd jones, john stott e 1 co 12.13 2
 
Solus Christus
Solus ChristusSolus Christus
Solus Christus
 
Agostinho e a Origem do Pecado
Agostinho e a Origem do PecadoAgostinho e a Origem do Pecado
Agostinho e a Origem do Pecado
 
O mandamento do amor
O mandamento do amorO mandamento do amor
O mandamento do amor
 
Carta pastoral-e-teologica-sobre-a-liturgia-da-ipb2
Carta pastoral-e-teologica-sobre-a-liturgia-da-ipb2Carta pastoral-e-teologica-sobre-a-liturgia-da-ipb2
Carta pastoral-e-teologica-sobre-a-liturgia-da-ipb2
 
Revitalizacao de Igrejas
Revitalizacao de IgrejasRevitalizacao de Igrejas
Revitalizacao de Igrejas
 
Sermão comunhão
Sermão comunhãoSermão comunhão
Sermão comunhão
 
Relativismo dentro da igreja
Relativismo dentro da igrejaRelativismo dentro da igreja
Relativismo dentro da igreja
 

Dernier

A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
ADALBERTO COELHO DA SILVA JR
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
MiltonCesarAquino1
 

Dernier (18)

JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdfJOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
 
livro de atos dos apóstolos- Cap 22 a 24 - o julgamento de Paulo
livro de atos dos apóstolos- Cap 22 a 24 - o julgamento de Paulolivro de atos dos apóstolos- Cap 22 a 24 - o julgamento de Paulo
livro de atos dos apóstolos- Cap 22 a 24 - o julgamento de Paulo
 
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioMissões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
 
Desiderio Desideravi: formação litúrgica
Desiderio Desideravi: formação litúrgicaDesiderio Desideravi: formação litúrgica
Desiderio Desideravi: formação litúrgica
 
Boletim Espiral número 74, de abril de 2024
Boletim Espiral número 74, de abril de 2024Boletim Espiral número 74, de abril de 2024
Boletim Espiral número 74, de abril de 2024
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
 
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
 
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
 
projeto semestral IAD departamento infantil(1).pptx
projeto semestral IAD departamento infantil(1).pptxprojeto semestral IAD departamento infantil(1).pptx
projeto semestral IAD departamento infantil(1).pptx
 
ABRAÃO pai da fé catequese para crianças .pptx
ABRAÃO pai da fé catequese para crianças .pptxABRAÃO pai da fé catequese para crianças .pptx
ABRAÃO pai da fé catequese para crianças .pptx
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
 
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptxLição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
 
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiroO CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
 
Aula de Escola Bíblica - 2 Coríntios cap. 11
Aula de Escola Bíblica - 2 Coríntios cap. 11Aula de Escola Bíblica - 2 Coríntios cap. 11
Aula de Escola Bíblica - 2 Coríntios cap. 11
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
 

Sermão salmo 133

  • 1. Sermão: Salmo 133 I. Contexto Histórico O título, usualmente traduzido como "Cântico das Subidas," é relacionado a um grupo de cânticos usado por peregrinos nas procissões festivais. [7] É nele que encontramos a indicação mais lógica do provável contexto histórico do nosso texto — (Cânticos das Subidas (romagem) – de Davi). O Texto Massorético traz este título para o grupo de Salmos 120 a 134. Interessantemente, os Salmos 122, 124, 131 e 133 são associados ao nome de Davi, enquanto que o 127 é associado ao nome de Salomão. É bom lembrar que a maioria dos comentaristas bíblicos (inclusive um grande número de intérpretes conservadores) põe em dúvida a autoria davídica do texto. O título Massorético aparece no Codex Alexandrinus e em textos de Qumran. O contexto mais provável, no entanto, é o da unificação das doze tribos de Israel debaixo do reinado de Davi em Jerusalém. As figuras no texto do salmo confirmam ascendentemente esta situação. Considerando pois este contexto, é que vamos interpretar o texto. II. Interpretação O verso 1 declara o propósito temático do salmo. Sendo um hino de uso no culto público, este exalta o valor da unidade do povo de Deus no contexto do reinado teocrático de Davi. Alguns comentaristas entendem a expressão "viverem unidos os irmãos" como uma manifestação da cultura antiga onde várias famílias viviam debaixo do mesmo teto. Porém, tal idéia não se pode aplicar ao texto, principalmente considerando que este vem de Davi. Sabemos pela narrativa bíblica que a unidade familiar não foi o forte na vida deste rei. Portanto o termo "irmãos" do verso 1 só pode se referir ao povo de Israel como um todo, ou mais provavelmente, como veremos nas figuras de linguagem dos versos 2 e 3, à unidade das doze tribos de Israel.
  • 2. Por estas razões, a expressão (viverem unidos os irmãos) nos dá uma direção natural para interpretar o texto: o verso se refere à unidade do território de Israel. O salmo é uma expressão da bênção da unidade no reino davídico, prefigurando a bênção do reinado de Cristo. A bênção da unidade é relatada na expressão "bom e agradável". Portanto, o verso 1 é uma expressão da bênção alcançada na união das doze tribos sob o reinado de Davi, após o problemático reinado de Saul. As figuras nos versos 2 e 3 são as aplicações diretas desta expressão de louvor. A figura no verso 2 expressa a unidade das doze tribos debaixo do serviço sacerdotal providenciado por Deus para o povo de Israel. A figura completa que o verso apresenta e que deveria ser algo imediatamente absorvido e entendido pelo auditório original do texto, o povo israelita: a bênção do sacerdócio para o povo. A expressão (como o óleo V.2) é a figura da unção do sumo sacerdote Arão (Ex 30.22-33; Lv 8.12) sobre toda a casa de Israel e os resultados dessa unção. Lendo a respeito da instituição do sacerdócio em Israel vemos que esta é a forma que Deus escolheu para abençoar o seu povo, para redimi-lo do seu pecado, para aceitá-lo na sua presença. Dentre as doze tribos Deus escolheu uma para exercer este ministério. Uma tribo abençoaria a si mesma e a todas as demais. Porém, o sacerdócio era prejudicado quando havia divisões entre as tribos, e efetivado na sua unidade. Sob o reinado de Davi o sacerdócio cumpria a plenitude de suas funções sobre o povo de Israel. Jerusalém foi estabelecida como capital política, e mais tarde, espiritual de toda a nação (2 Samuel 6). Esta situação singular estava certamente nos planos de Deus para abençoar seu povo. A descendência de Aarão foi usada por Deus naquela época típica do reinado do Messias para abençoar a Israel. O colar (gola) da veste do sumo sacerdote carregava duas pedras de ônix onde estavam inscritos os nomes das doze tribos (Ex 28.9-10). Na unção, não só o sacerdote era ungido, mas também aqueles que ele representava. O óleo descia da cabeça sobre a barba e sobre o colar das vestes, onde estavam representadas as doze tribos de Israel. Somente na unidade é que
  • 3. todo o Israel poderia receber o exercício do sacerdócio. A contínua expiação pelo pecado dependia da unidade do povo de Deus. O verso 3 traz uma nova e interessante figura. Como no verso 2, uma comparação é introduzida pela preposição "Como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião." A comparação não se concentra no "orvalho do Hermon," mas nos resultados do "orvalho do Hermon que desce sobre os montes de Sião". Assim como foi necessário conhecer um pouco do contexto sacerdotal para se entender a figura de linguagem no verso 2, é necessário um pouco de conhecimento de geografia para se entender a figura do verso 3. O monte Hermon ficava no extremo norte de Israel e era bem conhecido pelos efeitos que seu orvalho produzia (e produz até hoje). Porque o monte Hermon é muito alto e seu cume coberto de neve, o seu pesado orvalho "rega" toda a região em volta fazendo da mesma uma área muito fértil e produtiva. O contraste entre Hermon e Sião é extremo: enquanto Hermon representa vida por sua situação geográfica, Sião é a fronteira do deserto, que é símbolo de morte, e de sequidão. A partir de Sião na direção sul só se encontra terra seca, sem vida. Enquanto a região do Hermon é rica em águas, a região do Neguebe (ao sul de Sião) depende de cursos temporários de água que vêm das montanhas após as chuvas mais ao norte. Davi se utiliza do recurso poético que analisamos anteriormente para demonstrar o significado pleno de ambas as figuras de linguagem. O verbo (descer) aparece três vezes no texto, está no particípio, expressando uma idéia de continuidade, a continuidade da bênção no sacerdócio sobre Israel. Como já vimos, Hermon e Sião são dois extremos, dois polos geográficos que representam a unidade norte/sul de Israel. Porém existe ainda uma figura mais marcante por traz do verbo (descer). Hermon e Sião, sendo tão distantes fisicamente (nas proporções da geografia do antigo Oriente Próximo) mas, possuem um elo comum, o rio Jordão. Este corre desde o norte até o sul de Israel morrendo no Mar Morto. O nome Jordão provavelmente deriva-se do verbo yarad (descer) sendo então "o que desce". Uma das fontes do rio Jordão é exatamente um ribeiro chamado Banias, que nasce na base do monte Hermon. De certa forma, a riqueza de vida do Hermon se faz presente em toda a extensão de
  • 4. Israel até as proximidades de Sião. Aquele "que desce" traz bênção sobre todo Israel. A segunda parte do verso 3 é introduzida pela partícula (porque (nossa tradução - Ali)), referindo-se a Sião ("porque lá Iahweh ordena a bênção"). Ainda que o norte abençoe todo o Israel, é no sul que Iahweh ordena a bênção.  Em Sião é que estão as bênçãos espirituais para todo Israel.  Em Sião Iahweh estabeleceu o seu rei e o seu sacerdote, dois ofícios de bênção para todo o povo, na unidade. Ambos servem como verdadeiros mediadores, escolhidos de Iahweh.  Qual é a bênção prometida? "Vida para sempre." Berlin conclui sua interpretação da seguinte forma: Do Hermon a Sião, a terra é ungida com o orvalho assim como Aarão é ungido com o óleo da consagração. O país não é somente unido, é também abençoado.  O ponto focal da santidade e bênção é Sião, porque lá o Senhor ordenou a sua bênção para sempre. III. Aplicação Depois de feita esta interpretação cabe-nos perguntar quais são as implicações teológicas do Salmo 133 no contexto da revelação bíblica. Primeiramente, o texto se relaciona com o contexto do reinado davídico e dentro deste contexto manifesta aspectos das bênçãos redentivas que Deus ordena para seu povo. Davi tinha consciência da importância da unidade nacional das tribos de Israel. O povo não poderia ser abençoado na divisão por dois motivos simples: 1. Sem um rei não haveria vitória e paz, 2. E sem um sacerdote que ministrasse a todo o povo eles não teriam condições de se aproximar de Deus. Tanto o rei quanto o reino e o sacerdócio são tipos de um reinado futuro. O texto manifesta o reconhecimento da necessidade de um reino e sacerdócio mediatorial. Sem estes não há bênção.
  • 5. Este conceito estende-se para o povo de Deus na era do Novo Testamento: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus…" (1 Pe 2.9).  Vimos no texto que a bênção era condicionada à unidade, e prejudicada sem ela. A mesma relação permanece para o povo de Deus hoje? Creio que sim, guardadas as devidas proporções. O povo de Deus é uma nação santa e exerce um sacerdócio que é abençoado na unidade. Esta unidade se expressa à medida que o povo de Deus, sua Igreja, como agente do seu reino, se submete à autoridade do Rei, sua lei e seu ensino, sem se desviar, sem comprometer sua verdade. Nesta unidade, Iahweh ordena a sua bênção. Creio que esta é a aplicação fundamental do texto para nossos dias. A pergunta que permanece é se ainda outros elementos do texto podem ou devem ser aplicados no contexto neotestamentário, como por exemplo, o óleo ser comparado com o Espírito Santo. Seria legítima esta aplicação do Salmo 133? Ainda que este seja o primeiro impulso do intérprete com um conhecimento geral das Escrituras, tal aplicação sem uma formulação adequada pode levar a erros de interpretação. Sabemos que a unidade do povo de Deus se dá debaixo da obra e poder do Espírito Santo, e da mesma forma como o povo de Israel era abençoado na unidade nacional, o povo de Deus é abençoado na unidade espiritual, quando, em um só Espírito, uma só fé, se aproximamos do único Senhor. A igreja do Senhor deve buscar esta unidade sob princípios semelhantes, que reflitam a verdade da Escritura.  Esforçando- vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. (Efésio 4.3).  Calvino/comentário Sl 133. - Deus ordena a sua benção onde a paz é cultivada. Esse sentimento é expresso nas palavras do apostolo Paulo: 2Cor 13.11 “...vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco”.  “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”(Rm 12.18).
  • 6.  Estendamos nossos braços aos que diferem de nós, desejemos exorta- lós a retornar a unidade da fé. IV - Conclusão Hoje possuímos uma unidade em Cristo