3. Pai! Pai! Pai! Pai!
Estou
a ficar
vermelho!
Gritava o pequeno medronho pendurado no ramo do medronheiro
4. Ah! Ah!
Riam os seus irmãos mais velhos. Ah!
Estás
a ficar
maduro,
maninho!
E o pai medronheiro, todo satisfeito, mostrava os seus filhos ao sol.
5. - Quando é que nós amadurecemos? – Perguntaram
impacientes outros medronhos ainda verdes.
- Calma, filhos! – interveio o medronheiro. – Cada um tem o seu
tempo de amadurecer… Para uns acontece mais cedo, para outros mais
tarde.
Assim , à medida que vão ficando docinhos, vocês, os medronhos,
podem alimentar as aves durante mais tempo. Nesta altura do ano já há
pouca comida para elas…
- Pois, eu por exemplo já hoje levei três bicadas! Primeiro uma
toutinegra, depois uma carriça… E aquele medronho pendurado lá no
cimo, redondo e muito vermelho, de tão maduro que estava, já não
teve tempo de contar mais nada, porque…
6. Oh! Exclamaram com medo os outros medronhos.
Um grande melro de bico amarelo engoliu de uma só vez o medronho.
7. - Não se assustem – Disse o pai medronheiro. O vosso irmão
acabou de cumprir uma das três missões dos medronhos!
- Missões? O que é isso? – perguntaram os medronhos.
1 Alguns medronhos matam a fome a vários animais como as aves;
2 Outros, se não forem comidos dão origem a novos
medronheiros, quando as sementes que contêm caem na terra…
3 Outros ainda podem ser colhidos pelo Homem, que depois os
utiliza na sua alimentação, de várias maneiras…
8. Perto dali vivia um castanheiro.
Nos seus ramos balouçavam muitos ouriços cheios de castanhas já
maduras, prontas a cair!
Um desses ouriços , já aberto, mostrava três castanhas madurinhas.
9. O pai castanheiro, árvore já muito antiga, dizia ter para cima de 400 anos.
Existem em Portugal
Dizem os Homens que os e
castanheiros muito antigos
castanheiros demoram 300
até um, lá para os lados da
anos a crescer, 300 anos a
Guarda, numa terra
viver e 300Arrifana, que tem
chamada anos a morrer…
à volta de 1200 anos!
Tinha o tronco grosso, cheio de rugas e os ramos compridos e fortes.
10. Eis que o céu escureceu. O vento e a chuva, de tão fortes, faziam rodopiar
a copa das duas árvores; os seus ramos dobravam-se e as folhas batiam
umas nas outras, num frenesim nunca visto!
Castanhas e medronhos começaram a soltar-se e voar em todas as direções!
E alguns foram aterrar bem longe dali…
11.
12. Lá bem do alto desprendeu-se um ouriço com uma só castanha
escondida no seu interior e muito assustada!
O medronho também se sentiu a cair, arrastado para o chão…
13. Nem estou
Agoramim, que
Ai de as aves me
Ficou espetado nos picos do ouriço. querem comer…
para aqui,
tanto quis
Mas diz-me:
desfeito e um
tornar-mesem
Caí aqui mesmo - Quem
piada! és tu?
medronheiro
por baixo do meu
E eu? Sonhei
Ora, sou uma
pai! Não vou
tanto dar um belo
castanha!
conseguir
castanheiro!
crescer… Já cá está
ele!
Os dois lamentavam a sua sorte. Depois começaram a conversar.
14. Entretanto o dia foi passando e a noite chegou. Longe da proteção dos ramos do
castanheiro e do medronheiro, a castanha e o medronho, ao relento, toda a noite
permaneceram acordados, ouvindo ruídos estranhos e desconhecidos…
Passou um ouriço-cacheiro, uma raposa, ratitos do campo, uma coruja do mato...
15. Começou a chover e os nossos dois heróis apanharam um valente susto
quando um sapo-de-unha-preta decidiu passear um pouco, levando-os
às costas!
Finalmente rebolaram para o chão, mas nesse instante tudo começou a
tremer. O que seria desta vez?
Viram correr na sua direção um vulto enorme que foçava, soprava e
roncava! E eles sem poderem sair dali! Era um javali que andava à
procura de comida! Por um triz não foram parar àquela bocarra!
Foi uma noite agitada e sem pregar olho!
16. Um novo dia despontou. O medronho, mais animado com o sol a aquecê-lo,
chamou pela castanha.
Castanhaaaaa!
Bom dia!
Onde estás tu?
Mas ninguém lhe respondeu...
O silêncio era total e o medronho sentiu-se mesmo sozinho!
17. Até que, finalmente, ouviu a voz da castanha a responder-lhe:
- Aqui, estou aqui! És tu, medronho?
- Claro que sim , sou eu? Onde te meteste?
- Não sei bem o que me aconteceu… Só te sei dizer que caí de
dentro do ouriço quando o javali foçava a terra e fiquei perdida!
Que susto!
- Mas agora, estás bem? – perguntou o medronho.
- Bem, não sei… Passa-se algo estranho comigo!
- Conta lá…
- Olha, sinto-me a inchar, a inchar sem parar… E parece que já saiu
de dentro de mim uma perna fininha e clarinha, que se está a enfiar
para dentro da terra. O que será?
18. EstamosAh!
Ah! Ah! a crescer
Um dia destes já
perto um do outro!
Não te assustes!
seremos plantinhas
Não tarda vais sentir
com folhas!
Vamos tornar-nos
outro braço a crescer!
numas belas árvores!
19. E assim foi... O tempo foi passando e eles foram crescendo…
20. Um dia, já mais crescidos, repararam que à sua volta muitas novas árvores
estavam a desenvolver-se pelo campo! Era uma nova floresta!
fim
Que maravilha!
Tantas novas árvores juntas no Parque Natural, onde podem viver, abrigar-
se, alimentar-se e reproduzir-se tantos animais da região!