Este documento analisa a percepção e práticas pedagógicas sobre educação ambiental em uma escola pública em Manaus. A pesquisa observou alunos, professores e moradores, e encontrou que a percepção ambiental está limitada ao meio ambiente físico, ignorando aspectos sociais. As práticas pedagógicas não são interdisciplinares e falta capacitação de professores em educação ambiental.
1. Resumo Expandido
Eixo Temático – Educação Ambiental
PERCEPÇÃO AMBIENTAL E PRÁTICA PEDAGÓGICA: UM ESTUDO NO 1º
CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE
MANAUS
Raimunda das Graças da Silva Cordeiro
Orientadora: Iêda Hortêncio Batista
Universidade do Estado do Amazonas – UEA
cordeirogra@ig.com.br
Palavras – chave: Educação – Percepção Ambiental – Práticas Pedagógicas
1 INTRODUÇÃO
As ações educativas para as questões ambientais vêm sendo discutidas no
contexto atual, visando equacionar de maneira satisfatória o entendimento da
relação homem-natureza, o que é fundamental para o desenvolvimento pleno da
sociedade.
Assim, a Educação Ambiental surge da necessidade de implementação de
uma educação de caráter interdisciplinar, voltada para os problemas atuais e
urgentes que preparasse a população para viver e se desenvolver em um mundo
interdependente e em harmonia com as leis da natureza e que abordasse de
forma global a busca das soluções (Dias, 1998).
Destaca-se a importância de saber como a Educação Ambiental é
percebida em especial por crianças que estão adentrando na educação formal,
momento em que se vislumbram novos critérios para formação de valores, o que
nos adultos requer enfrentamento dos costumes da sociedade e do grupo social a
que pertença.
Para que o processo de formação tenha êxito é necessário o envolvimento
do professor através de suas práticas pedagógicas para a efetivação dos
conceitos sobre a Educação Ambiental. Loureiro (2002), afirma: “ Se devemos
mudar pela educação, a primeira coisa que precisamos fazer é capacitar o
professor, que é o principal agente dessa mudança.
2. Questiona-se como a temática sócio-ambiental é abordada pelos
educadores. A escola por ser o espaço formal para disseminar a educação,
precisa mostrar através de ações o significado do meio ambiente para as crianças,
tanto em seus aspectos físicos como sociais, assim como suas inter-relações.
Saber como a Educação Ambiental é percebida no contexto atual desvela
uma importante face do processo educacional no ensino formal, frente a uma
sociedade em constantes e contínuas transformações. A relevância do estudo
está em ampliar as reflexões e possibilidades para a Educação Ambiental
significativa, com apreensão dos conceitos nas práticas diárias em consonância
com as diretrizes do trabalho escolar.
2 OBJETIVO GERAL
Analisar a percepção e a prática pedagógica sobre educação ambiental na
escola formal foi a inquietação para a realização desta pesquisa que se estruturou
quando de cumprimento de estágio como acadêmica em escolas municipais e
estaduais.
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Investigar a percepção ambiental de alunos do 1° ciclo do ensino
fundamental, das professoras, funcionários da escola e moradores das
proximidades; verificar as práticas pedagógicas utilizadas para despertar a
sensibilidade das crianças para a Educação ambiental; identificar fatores que
dificultam na prática dos professores a inserção da Educação Ambiental e
evidenciar relação entre conceitos sobre educação ambiental e práticas
desenvolvidas na escola.
4 METODOLOGIA
Inicialmente foram feitas leituras e consultas bibliográficas sobre Educação
Ambiental para se ampliar conhecimentos sobre o tema proposto. O universo da
pesquisa foi a escola pública estadual Menino Jesus de Praga. Os primeiros
passos para abordagem dos sujeitos que seriam envolvidos no estudo iniciaram
com o envolvimento do pesquisador com o grupo de administradores e
3. professores da escola, participando de algumas atividades para fazer uma análise
do ambiente da pesquisa.
Os pesquisados foram alunos do l° ano do ciclo básico do ensino
fundamental (CIBEF) com idades de 6 a 9 anos, professoras, funcionários e
moradores das proximidades da escola. A escolha dos educandos se deu a partir
dos pressupostos de que com as crianças das idades mencionadas torna-se viável
a apreensão de conhecimentos sobre Educação Ambiental, estando na
dependência de todos os agentes da escola sua formação para a relação
harmônica homem-natureza.
A modalidade trabalhada foi a pesquisa qualitativa através da observação.
Para Goldenberg (2000 p.14) na pesquisa qualitativa, o pesquisador preocupa-se
com o aprofundamento da compreensão de uma organização, de um grupo social.
Membros da comunidade são envolvidos e através de sua participação foi
possível saber sobre o entorno da escola, fazendo fluir a percepção do
pesquisador. Na sala de aula, observou-se como e o que o professor ensina, suas
relações com os alunos, daí a persistência no objetivo de desvelar as práticas
pedagógicas e percepções sobre educação ambiental atentando para ao
significado que as pessoas dão às coisas e a vida.
A pesquisa foi participante, se desenvolvendo a partir da interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas. Os instrumentos utilizados
foram a observação em campo, registros, questionário aberto para professores,
funcionários e moradores do bairro; entrevistas estruturada para os alunos.
5 RESULTADOS
Em conversa com moradores registrou-se a informação de que a escola
teve início em uma palhoça por iniciativa de uma professora para atender aos
moradores humildes da comunidade O espaço escolar pesquisado é pequeno O
primeiro prédio da escola era edificado em madeira. No ano de 1984, foi
reformada, sendo construída em alvenaria, totalmente ampliada. A escola Menino
Jesus de Praga conta hoje com 21 professores, 4 pedagogas e 12 funcionários,
4. atendendo cerca de 455 alunos do Ciclo Básico de Educação Fundamental
(CIBEF), 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos
(EJA).
A maioria dos alunos é oriunda de bairros da periferia de Manaus, sendo de
classes carentes economicamente, vivenciando problemas sociais diversos. A
comunidade é constituída principalmente por pessoas que migraram da zona rural,
tentando buscar nos grandes centros perspectivas de uma vida melhor.
A educação ambiental na sua proposta abrangente, transformadora, está
intimamente associada à cultura, conforme Berna (2004, p.21) um educador
ambiental precisa ter clara compreensão da realidade e partir da percepção do
educando para que se envolvam e assumam como suas as melhorias ambientais
Quanto à percepção da questão ambiental, as opiniões convergiram para o
que comumente se pensa sobre essa temática. No que se refere ao entendimento
sobre Educação Ambiental, apenas uma das professoras abordou a contexto
social e cultural como integrantes da questão ambiental, a maioria afirmou ser algo
relacionado ao meio ambiente físico. Na percepção de alunos prevalece o lixo, os
igarapés poluídos, a floresta, com pouca sensibilidade para a situação social dos
indivíduos.
A definição de Educação Ambiental é de natureza complexa. Por não ser
uma disciplina e seu conceito ainda estar em formação, a maioria dos educadores
tende a direcionar os ensinamentos à disciplinas específicas como a ciência,
geografia e história, sem a interdisciplinaridade sistematizada, sem ações voltadas
para o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias à harmonia homem-
ambiente. Na abordagem feita aos atores envolvidos no processo educacional, a
Educação Ambiental ainda se manifesta com o caráter disciplinar, pois vincula sua
efetivação à inserção de conceitos e temas relacionados à Ecologia, à Geografia,
entre outras áreas afins. A percepção ambiental ainda é limitada, pois
desconsidera aspectos fundamentais da discussão contemporânea.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A consolidação do que preconiza a Educação Ambiental exige novas
5. atitudes frente aos problemas que se agravam. Há necessidade de ensinar às
crianças, no início de sua formação escolar, as relações sociais que interferem e
modificam o sistema ambiental natural, a prestarem atenção em seus próprios
territórios para que possam valorizá-los e zelar por eles, contribuindo para o
desenvolvimento sócio-ambiental.
São vários os fatores que contribuem para a não efetivação da Educação
Ambiental no ensino formal. Considera-se, no entanto, que um dos maiores
problemas para sua inserção na escola seja justamente a falta de capacitação dos
professores (MEDINA & SANTOS, 2003, p. 09). A transversalidade da questão
ambiental é pouco trabalhada. A acomodação acumulada pelos anos de trabalho e
a necessidade de trabalhar em vários turnos e em escolas diferentes privam a
maioria dos professores de capacitações necessárias para o bom desempenho de
sua profissão. Loureiro (2002), afirma: “Se devemos mudar pela educação, a
primeira coisa que precisamos fazer é capacitar o professor, que é o principal
agente dessa mudança”.
A reversão das percepções sobre os conceitos de Educação Ambiental, por
ser uma questão utópica, continuará a nos desafiar na busca de uma conexão
com o que já foi pesquisado e comprovado com o que não está sendo efetivado
na prática, tendo como partida o contexto social ambiental de cada sujeito na
continuidade do processo histórico.
REFERÊNCIAS
BERNA, Vilmar. Como fazer educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Paulus 2004
DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 5. ed. São Paulo:
Gaia, 1988.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. 4 ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
LOUREIRO, Carlos Frederico. A educação Ambiental dá frutos.Senac e ducação
Ambiental, Rio de Janeiro, ano 11, n.1, p.35, jan/mar. 2002
MEDINA, Nana Meninni; SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação ambiental.
Uma metodologia participativa de formação 3 ed Petrópolis, Rj, Vozes, 2003