1. O documento apresenta a revista Noize, com sua equipe editorial e colaboradores, além de informações sobre circulação, tiragem e como anunciar.
2. A primeira matéria destaca uma entrevista com o skatista Steve Caballero, que cita o álbum "Kill 'Em All" do Metallica como um de seus favoritos.
3. Há diversas citações de artistas sobre música, carreira e entretenimento.
Underground ao mainstream: a cena alternativa brasileira
1.
2.
3.
4.
5.
6. DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM
• EXPEDIENTE #42 // ANO 5 // ABRIL ‘11_ • COLABORADORES
DIREÇÃO: EDITORA AGENDA: 1. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com
Kento Kojima NOIZE.COM.BR: shows, festas e eventos 2. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o
Pablo Rocha Lidy Araújo agenda@noize.com.br GOO na MTV Brasil.
Rafael Rocha lidy@noize.com.br
ASSESSORIA 3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas também é promoter, produz
COMERCIAL: ASSESSORIA DE JURÍDICA: a festa CREW e às vezes banca a DJ. Na adolescência foi metaleira e ainda nutre sua
Pablo Rocha COMUNICAÇÃO: Zago & Martins paixão eterna pelo AC/DC, sua banda do coração. Atualmente tem ouvido muito folk
pablo@noize.com.br Pedro Braga Advogados e sons etéreos, mas na pista gosta mesmo de um electro bem pesado e não abre
Silvana Fuhrmann pedrobraga@noize.
mão de um bom show de rock..
silvana@noize.com.br com.br PONTOS:
Marília Pozzobom Faculdades Ola é sueco, DJ, fotógrafo, designer entre outras coisas. Está sempre com o fone de
DIRETOR DE marilia@noize.com.br Colégios ouvidos e atrás de músicas novas. Gosta de psicodelias sonoras, rock, breaks, dubstep
CRIAÇÃO: Cursinhos e foge do pop. Os graves e os grooves são o que mexem com sua cabeça.
Rafael Rocha DISTRIBUIÇÃO: Estúdios 4. Kátia Lessa_ Kátia Lessa é repórter da Folha de São Paulo, faz críticas de moda
rafarocha@noize.com.br Marcos Schneider Lojas de Instrumentos
marcos@noize.com.br Lojas de Discos para a Oi FM e no blog “Ka_kaos” salva notícias condenadas a morte
EDITORA CHEFE: Lojas de Roupas 5. Guilherme Thiesen Netto_ Emancipate yourself from mental slavery.
Cristiane Lisbôa GERENTE DE Lojas Alternativas 6. Camila Mazzini_ Jornalista e fotógrafa morando em são paulo mas não sabe o
cristianelisboa@noize. PROJETOS: Agências de Viagens que quer da vida. flickr.com/photos/camila_mazzini
com.br Leandro Pinheiro Escolas de Música
leandro@noize.com.br Escolas de Idiomas 7. Ariel Martini_ ainda insiste em fazer fotos de show.
EDITOR: Bares e Casas de Show flickr.com/arielmartini
Tomás Bello PROJETOS Shows, Festas e Feiras 8. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se
tomas@noize.com.br ESPECIAIS: Festivais Independentes dedica a produzir DONUTS.
Bruno Nerva
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados
9. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.
REPÓRTER brunonerva@noize. TIRAGEM:
ESPECIAL: com.br 30.000 exemplares wordpress.com
Fernando Corrêa Júlia Lang 10. Ana Malmaceda_ Jornalista desorganizada, tenta picotar o mundo e guardar
nando@noize.com.br julialang@noize.com.br CIRCULAÇÃO os pedaços mais bonitos. Não passa um dia sem se encantar com alguma história e
Igor Beron NACIONAL socializa até com árvores.
REDAÇÃO: igor@noize.com.br
Alex Corrêa Laryssa Araújo 11. João Papa_ Asmático desde os 3. Bonito só a partir dos 21. Nunca foi
alexcorrea@noize.com.br laryssa@noize.com.br engraçado, nem estudioso, mas sempre compensou com um sorrisinho maroto
Rafa Carvalho 12. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de
rafacarvalho@noize. ANUNCIE NA nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br.
com.br NOIZE:
comercial@noize.com.br 13. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo
DESIGN: dodói, não morre sem ver um show do Neil Young
Felipe Guimarães ASSINE A NOIZE: www.flickr.com/fernandohalal
felipe@noize.com.br assinatura@noize.com.br 14. Maria Joana Avellar_ Jornalista rainha do besteirol e cabeça de rádio.
Replicante tentando escapar do Grande Irmão.
15. Nícolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas
horas vagas.
16. Bruno Felin_ Jornalista que adora a rua, principalmente com trilha sonora.
Sempre de olho nos detalhes do extra pauta.
• FOTO DE CAPA_
RAFA ROCHA
11. NOME_
Steve Caballero
PROFISSÃO_
Skatista
UM DISCO_
Metallica - Kill ‘Em All
“Música é importante pois
caminha lado a lado com o
estado de espírito que você
está. Em esportes como o
skate, a música se encaixa
perfeitamente, ambos têm
muita energia.
Um dos meus álbuns favo-
ritos é Kill ’Em All do Me-
tallica. Foi um dos primeiros
discos que ouvi que me
levaram para o metal, as
guitarras são demais, muito
bem tocadas e vai muito
bem com o skate vertical.
A energia dos riffs e refrãos
se une perfeitamente à
energia do skate.”
12. “Eu passEi minha carrEira tEntando pular
fora da sombra do nirvana.” Dave Grohl |Foo Fighters
“É bom que os filmes co-
“Acho que até o Diabo da
Tasmânia pareceria cha-
pado se estivesse ao lado
James Franco | respondendo especulações de que es-
mecem a se pagar. en-
quanto os filmes não se
de Anne Hathaway.”
pagarem não teremos
taria emaconhado ao apresentar o Oscar
uma indústria de fato.”
Andrucha Waddington |sobre a indústria cinematográfica brasileira
“Não, eu não escuto Justin Bieber
nem aqui e nem no inferno.”
Ozzy Osbourne | brincando com jornalista brasileiro
“Vocês já se senti- “É o tipo de coisa que
ram estúpidos? eu gosto de ouvir quan-
me sinto estúpido do não estou gritan-
o tempo todo...” do feito um louco.”
Jonathan Pierce, vocalista do The Drums | ao Chino Moreno, vocalista do Deftones | ao definir
anunciar “i felt stupid” em são paulo Crosses, seu novo projeto paralelo
13. “eu defino boa música “É difícil acreditar que 42 anos
como aquela que me passaram desde que tocamos
faz parar de pensar juntos como buffalo springfield.
em qualquer outro agora poderemos dividir nossos
tipo de música.” corações com vocês novamente!”
Andy Ross |Crítico de música da New Yorker Richie Furay | sobre retornar aos palcos ao lado
de Neil Young e Stephen Stills
“as canções estão “Quando Eu dis-
saindo do solo e indo putEi as ElEiçõEs
em direção à luz.” para govErnador,
Coldplay | comentando as gravações do novo disco
Em 2003, E comEcEi
a ouvir as pEssoas
falando Em ‘o go-
“Eu assisto Bob Esponja
e amo gatos”
vErnator’, achEi a
Slash
palavra lEgal.”
Arnold Schwarzenegger | justificando o nome do
personagem que marca sua volta às telas, em par-
ceria com o mestre Stan Lee
“o red Hot obviamente baseou sua car-
reira no gang of four. Há alguns anos,
eu esbarrei no flea em uma festa e ele
falou,’andy, não entendo como vocês
nunca nos processaram’.”
Andy Gill | Gang of Four
noize.com.br 13
14. 014
Marcelo Camelo
__ÔÔ | Sabe o looping de cabeça pra baixo da montanha russa? Fazer uma revista é ter exatamente esta sensação. E quando saímos
do looping, suados, um pouco mais felizes devido ao excesso de sangue no cérebro e com o frio ainda na barriga já é mês seguinte. E
de novo precisamos escolher – dentre a quantidade insana de informações, notícias, sons – o que vale a pena virar papel. Perdemos
dias encontrando porquês. Horas tecendo palavras que viram frases que viram textos que viram informação que viram assunto que
– será? – abrem uma cortina dentro do pensamento. Do seu. Do nosso.
Este mês, fomos rumo ao desconhecido a partir de uma conversa regada a chopp e alheira com Marcelo Camelo, este cara
que no auto-retrato aí em cima, serve de apoio para felinos.A cada palavra dele, pergunta nossa, a edição tomava forma. Ecad, poesia,
encontros, um pouco de humor, testes de possibilidades. Porque não um auto review? Porque não transformar a voz do jornalista na
voz do público no show do Ozzy? Por que não falar em imagens sobre o Loolapaloza? Por quê? Não?
Decidimos fazer. E sem medo. Que a imperfeição é uma qualidade humana e, discussões hippies à parte, só gente faz música.
Entonces, bora. O mundo é vasto, a música é alta e nós que aqui estamos por vós esperamos.Vem pro looping com a gente.
Té mais, Cristiane Lisbôa
* “Ôô” é a segunda música do disco Toque dela de Marcelo Camelo. E também uma expressão que pode ser usada para chamar alguém que você não
sabe o nome, para dizer “se liga, bico de luz” de maneira mais rápida ou tocar o gado.
15. //015
_ouVINDo
Talking Heads - Stop Making Sense
David Bowie - Hunky Dory
Blackbird Blackbird - Halo LP
Black Sabbath - Volume 4
Marcelo Camelo - Toque dela
Reprodução
Divulgação
__sai Liz tayLor, entra tim maia | Elizabeth __Lamba o prato em que cuspiu | Faz mais de
Taylor foi enterrada no mesmo dia em que Tim Maia foi dez anos que o Metallica protagonizou uma batalha judi-
desenterrado. Sim, aos 79 anos, a eterna diva partiu deste cial contra um dos primeiros softwares de p2p (troca de
mundo depois de décadas de encantamento nas telas de arquivos computador-a-computador – na época, principal-
cinema e anos lutando para manter o coração em funcio- mente o mp3). Em abril de 2000, James Hetfield e cia. pro-
namento. Pelo visto conseguiu: além da filmografia impres- cessaram os criadores do Napster, Sean Parker e Shawn
sionante, deixou US$ 600 milhões para uma fundação de Fanning, e deram gás à polêmica em torno do programa de
combate à AIDS. Mas pára tudo, você não leu a primeira computador que reinventou a relação Consumidor x Mú-
frase desta nota? No 23 de março em que Liz nos deixou, sica. O mundo dá voltas. Parker se deu bem na vida, ajudou
mandaram chamar o síndico. Uma mulher de 29 anos ale- a criar o Facebook e juntou-se a uma importante empresa
gou ser filha de Tim Maia e conseguiu na justiça – e contra de capital de risco de San Francisco. O Napster até en-
a vontade da “família oficial” – o direito de tirar o homem saiou alguns retornos, ultimamente apostando na venda de
da tumba. Exame de DNA, essa coisa toda. Se Tim estives- música. Agora, Sean Parker pretende comprar nada menos
se vivo, segundo seu eterno parceiro Hyldon, receberia a que a Warner Music, por algo na linha dos US$ 2,5 bilhões.
possível filha de coração aberto. Mas ia fazer o DNA no Caso a compra se concretize, adivinha de quais metaleiros
Ratinho, só pra poder virar pro técnico de som e pedir, – por quem deve manter profundo apreço – Parker passa-
com seu vozeirão: “Mais grave, mais médio, mais agudo... rá a ser chefe? Do Metallica. #WINNING
mais tudo!”
16. 016
Bicicleta Sem Freio
Reprodução
Reprodução
__a voLta de quem
não foi | Em 2004,
Bowie se submeteu a uma
complicada cirurgia no
coração. Desde então, ex-
__a revoLução não será teLe- ceto por aparições ao lado
visionada | No romance 1984, de de amigos como David
George Orwell todas as pessoas estão Gilmour, do Pink Floyd e
sob vigilância de telas, câmeras, olhos que o pessoal do Arcade Fire,
ninguém vê mas sabe que estão ali. A pro- ele estava em completo
__mÚsica is my hot business | A paganda do estado repete sem parar que silêncio musical. Até agora.
revista Noize – esta que vos fala – acabou “Big Brother is watching you”. Deu medo? O álbum Toy – gravado
de receber “Menção Especial” no 20º Pois a realidade superou em surrealismo em 2001 e arquivado por
Prêmio Açorianos de Música. A cerimônia a ficção e há onze anos de janeiro a abril, conta de uma briga entre o
de entrega será dia 26 de abril. Estaremos Pedro Bial comanda o Big Brother Brasil. cantor e a gravadora – caiu
todos lá, orgulhosos, felizes, comemoran- (E a rima não foi proposital). Um zooló- na rede.Você já ouviu?
do um sonho que hoje é coletivo. Muito gico de gente que todo mundo discute,
obrigada por nos ajudar a escrever o som. comenta no elevador. Este ano, tivemos
É uma honra dividir nossas ideias, histórias, à nossa disposição transexuais, excessiva
invencionices, descobertas, pensamentos auto-estima, mulheres que amam demais,
e os mais delirantes projetos, com você. misoginia e heterofobia.Você está pronto
#partiufuturo. para 2012, grande irmão?
P.s: fotos não oficiais da festa não serão pu-
blicadas por esta equipe. E no dia seguinte,
vai estar todo mundo de folga.
17.
18. 018
thiago pethit | Nightwalker #NIGHTWALKER
_“Dançando, dançando, @yessicakm Nightwalker vale
você aparece no fundo da pelos cinco segundos finais de
Thiago Pethit sorrindo <3 :)
minha mente”. É Alice Bra-
ga quem encarna os versos @marcot @thiagopethit é muito
de Thiago Pethit em fino mesmo. Alice Braga no novo
“Nightwalker”, clipe dirigi- clipe dele.
do por Vera Egito e Renata
Chebel. A produção em @Ipeq Something cute, peaceful
and romantic;Thiago Pethit -
plano contínuo coloca a
Nightwalker.
atriz global (no sentido
internacionalizante da @netturegert Thiago Pethit “Ni-
palavra) a ditar passos de ghtwalker”: Ideias simples geram
uma vida apaixonada. A grandes resultados.
aventura noturna é bonita
@andretnk Bom dia! Realmente
e teatral em sua singeleza. lindo o clipe novo do Thiago Pethit,
Nightwalker, com a Alice Braga (via
Tags: pethit nightwalker um monte de gente).
quatro horas de Lcd soundsystem #LCD LAST SHOW
_ James Murphy aguentou no osso, com a ajuda de convi- @thefader LCD Soundsystem do
dados especiais da linha de Arcade Fire. LCD Soundsystem “All My Friends,” possibly/probably
mais intenso e duradouro do que nunca: 3 horas e 40 minu- their best song, at MSG. A shame
tos de despedida garganta à fora, hits e mais hits pisoteados this will never happen again.
por uma multidão que lotou o Madison Square Garden.
@SilkEWilk Reliving LCD at
MSG via youtube. Dancing/Crying
Tags: lcd last show at work.
TIMELINE
O Radiohead lançou seu Will Ferrell é o mais cotado para Daniel Galera, André Conti e Quando você fica velho demais
jornal(zinho) Universal Sigh (Suspi- cobrir a falta que fará Steve Carell papel imaginário: as correspon- para montar no seu cachorro, vem
ro Universal) em tiragem limitada. em The Office. Dia 14 de abril, dências que os escritores trocaram a ideia GÊNIA de calçá-lo feito
O zine pode ser baixado a partir sai o primeiro episódio com Will. no site do Instituto Moreira Salles. um skate!
daqui: http://bit.ly/jornalhead http://bit.ly/carellferrell http://bit.ly/cartasdeescritor http://bit.ly/skatecao
19. “um brINDe pra Você aquI ó, Dos baNaNas aquI ó! //019
FIm De papo.”
_Banana Mecânica (a.k.a Hermes e Renato) em
Divulgação
resposta às acusações de Gil Brother
emicida | Rua Augusta #ÁUDIO
_Emicida reitera a crueza e o realismo do rap Booker T | Representing Memphis
com um clipe de tratamento bonito, mas re- Booker T chama a nova-iorquina Sharon Jones
e o frontman do National, Matt Berninger.
trato triste: a vida de uma mulher que, além de
Juntos gravam uma canção representante da
mãe, é prostituta. “A mesma grana que compra negritude relax, cheia de soul, que vem dando
o sexo mata o amor.” as caras com força nos últimos 2 ou 3 anos.
Tags: emicida augusta Justice | Civilization
A reprodução em uma rádio francesa revelou
para o mundo o novo single do Justice, parte
da nova campanha da Adidas. Punch, distor-
fleet foxes | Grown Ocean ção, house medieval – justíssimo.
Holger | Let’em shine below”
_O vídeo de uma das mais belas faixas do novo (Database remix)
Fleet Foxes, Helplessness Blues, é como um ca- O Database leva o Holger para a pista com
lafrio visual: a neve fica quente e as harmonias ainda mais intensidade ao repaginar “Let’em
shine below” em um remix fervente, lançado
de sons e imagem dão vontade de sair febril e
junto à versão japonesa do disco de estreia
sarar enquanto derretem as paisagens. dos paulistanos.
Tags: fleetfoxes ocean Mixhell | Antigalatic
O trânsito de São Paulo visto por um moto-
queiro. O clipe é do Mixhell, então parece jogo
de video game. O som bacana ganhou remix
skank interagindo de repente de Gui Boratto.
Tune-Yards | Bizness
_O Skank deu uma bela cartada na onda 2.0 Bizness coloca o Tune-Yards em sintonia com
com um videoclipe interativo em que você hypes mais ou menos recentes, como Dirty
pode, mesmo, substituir um ou mais instrumen- Projectors,Yeasayer e Vampire Weekend.
tistas da banda pelo seu próprio talento. E pior
é que funciona.
http://bit.ly/skankderepente
@REVISTANOIZE
O que será que os usuários do me- A criatividade rende grafites em Saca o Blu, gênio dos grafitis que As sessions produzidas pelo
trô paulistano andam escutando? que a rua é mais personagem do ganham movimento em vídeos de Daytrotter constróem uma paisa-
É isso que se propõe a mostrar o que nunca. stop motion não menos geniais? O gem musical formada por novos
Metrophones. http://metropho- http://bit.ly/criafit site dele é uma belezura. artistas ou versões para velhas
nes.tumblr.com/ http://blublu.org/ canções. http://daytrotter.com/
20. 020 _Por Lalai e Ola Person
ESPECIAL SxSW
MAS DEVERIA_
mapuche
Divulgação
Origem:
Florianópolis, Brasil
Som:
O músico Isaac
Varzim, metade do
Superpose, acaba de
lançar seu projeto
solo, o Mapuche. O projeto já surge com
o álbum de estreia Sanctity, com músicas
introspectivas, orgânicas, arranjos delicados,
bases eletrônicas, violões, bandolins e até
saxofone marcando algumas canções. O C
álbum nos deliciou e surpreendeu aqui em
casa, tanto que já está no repeat há alguns M
dias.Vale ficar de olho,Varzim aparentemen- Y
te tem muito a mostrar.
CM
Escute:
mapucheways.com MY
Fm BELFAST CY
CMY
Eles vêm da gélida Islândia para convites para tocar em outras cida-
esquentar a pista como ninguém. A des do mundo. Em 2008 lançaram o K
banda de electro-pop, com pitadas de primeiro álbum, How to make friends,
doLL and the KicKs synth e bases cruas, é formada pelo que se traduz muito bem no palco
Origem: quarteto Lóa, Árni, Árni e Örvar, além com uma banda que surpreende,
Inglaterra de um quinto elemento que varia a contagia, diverte a quem assiste. O
Som: cada apresentação. FM Belfast transforma seus shows em
Fez um dos shows O casal Lóa e Árni criou a banda grandes festas.
que mais me encan- em 2005 para gravar uma música de O grande hit é “Underwear”, que vai
taram no SXSW.A
natal e presentear os amigos. Todos crescendo lentamente com bases
vocalista Doll, assim
como o nome, parece uma boneca. Linda, que ouviram, adoraram e a música marcantes – no refrão, você já está
performática, com uma voz que já ganhou se espalhou por Reykjavick afora, cantando junto, para depois colocá-la
comparações com Siouxsie. Considerada tanto que no verão seguinte a dupla no repeat. Não lançaram nada desde
por Morrissey a melhor cantora britânica da acabou se apresentando ao vivo. Para How to Make Friends, que se mantém
atualidade. Em 2008, a banda foi convidada
as apresentações seguintes, acabaram atual e cria expectativas pro que vem
pelo próprio cantor para abrir sua turnê. Para
quem adora indie rock britânico, vai ter o convidando o outro Árni e Örvar, que por aí. Afinal, a banda está apenas co-
álbum homônimo como um dos preferidos acabaram entrando para a banda. meçando a mostrar pro que veio.
dos últimos tempos. Com certeza. Colaboração com nomes como Tren- Escute: http://fmbelfast.com
Escute: temøller e Kasper Björk renderam http://soundcloud.com/fmbelfast
myspace.com/dollandthekicks menções na mídia internacional e
21.
22. 022 _Por Lalai e Ola Person
ESPECIAL SxSW
MAS DEVERIA_
modern caveman
Divulgação
Origem:
Suécia
Som:
É uma banda sueca,
vinda de Gotembur-
go, que afirma que
rock, em primeiro
lugar, é para ser ouvido ao vivo. Formada
em 2005, lançou apenas um álbum, Jonnhywi-
se, cheio de canções de atitude. Ouvi-los
nos faz querer estar num festival dançando
na grama, celebrando com os amigos num
clássico show de rock’n roll.
Escute:
myspace.com/moderncavemanmusic
vIvA CITy
Eu caminhava sozinha atrás de um café David Sinclair, do The Times, escreveu
da manhã quando o som de sintetiza- que o Viva City é o Prodigy escreven-
naturaL chiLd dores mesclados a uma guitarra baru- do boas músicas e o Tom Robinson, da
Origem: lhenta chamou minha atenção. Subi as BBC 6, considera-os geniais.
EUA escadas do bar e me deparei com um Já foram comparados com Depeche
Som: show para um público pequeno. Fiquei. Mode, LCD Soundsystem, Justice,The
É uma banda de O Viva City é isso: conquista de cara Faint e o próprio Prodigy. Começaram
Nashville, que toca com suas músicas bem produzidas e a ganhar espaço após terem emplaca-
garage rock dos regadas a batidas de electro, riffs de do “Hot Wax”, produzida pelo Koshe-
bons, com fortes
guitarra, bateria e bases pesadas feitas en DJs, num comercial de TV sobre
influências de punk e country. Fazem música
despretensiosa e com letras bem-humo- com sintetizadores, além de uma per- marcas britânicas de moda.
radas e simples, como “My best friend’s at formance enérgica comandada pelo Já está disponível em mp3 o álbum
home with his wife/ Nobody wants to party frontman Ali, que sabe como fazer Remove Money Maker, que será lança-
with me”. Música que dá vontade de ouvir todo mundo dançar. do oficialmente neste próximo verão
em lugar pequeno, bebendo cerveja com A banda inglesa, de Newcastle, é europeu. São 13 faixas de eletrorock
os amigos e, claro, chacoalhando a cabeça.
formada por Ali, vocal e guitarra;Trey, dançantes, que fazem qualquer um se
Lançaram apenas um EP, The Jungle, mas
que já faz a gente se apaixonar por eles e vocal e samples; Bruce, baixo e sinteti- derreter pela banda. Ao vivo, também
querer mais. zadores e o baterista Chris. Na edição mostram que merecem ser vistos.
Escute: do SXSW de 2010, a banda ganhou Escute: http://myspace.com/vivacityuk
myspace.com/naturalchildband elogios que já faz valer a pena ouvi-la: http://soundcloud.com/vivacitymusic
24. 024
1. 2.
LOGAN’S RUN (FILME) DAFT PUNK
“Aborda o escapismo. Grande influência pro nosso single ‘Sometimes’” “Basicamente criaram a dance music moderna. Eles são demais!”
3. 4.
FLORES DARK SIDE OF THE MOON
“Quem não gosta de flores? Flores são lindas. Elas mudam seu humor. “Expande a mente. A faz explodir no final”
Te deixam feliz”
1. FICçãO CIENTíFICA DE WILLIAM F. NOLAN E GEORGE C. JOHNSON.VIROU FILME EM 1976. Dá VIDA A UMA SOCIEDADE FUTURIS-
TA QUE MANTÉM EQUILíBRIO ATRAVÉS DA MORTE DE PESSOAS. 2. DAFT PUNK É GUY-MANUEL DE HOMEM-CHRISTO E THOMAS
BANGALTE. FRANCESES, ‘HOMENS-ROBÔ’ E CAMPEõES DA ELETRÔNICA. 4. THE DARK SIDE OF THE MOON É A PSICODELIA EM
FORMA DE MúSICA. LANçADO PELO PINK FLOYD EM 1973, ESTá NA LISTA DOS 200 áLBUNS DEFINITIVOS DO ROCK AND ROLL
HALL OF FAME.
25. MIAMI HORROR //025
_Miami Horror é uma banda de Melbourne, na Austrália. É resultado da
mente criativa de Benjamin Plant. Cozinha grooves, beats, sintetizadores
e psicodelia – o recheio de Illumination, seu álbum de estreia.
5. 6.
SINTETIZADORES LED ZEPPELIN
“Também fazem meu cérebro explodir.” “Jimmy page na guitarra, é do caralho.”
7. 8.
THE HOLy MOUNTAIN (FILME) ALAN BRAxE
“Os temas são incríveis, profundos, soturnos. A direção de arte é incrível. É “Eu o coloco na mesma categoria que o Daft Punk. Ele também mudou
o melhor filme que já assistimos. “ a dance music.”
5. INSTRUMENTO QUE FAZ MúSICA ATRAVÉS DE CORRENTES ELÉTRICAS OU POR UMA COMBINAçãO DE VáRIOS MÉTODOS. O
MOOG É O MAIS FAMOSO, CRIADO EM 1964. 7. UM HOMEM QUE É A CARA DE JESUS CRISTO É REANIMADO POR UM BANDO DE
ANõES. NO CUME DE UMA MONTANHA SAGRADA, FORMA O SISTEMA SOLAR. É O FILME DE ALEJANDRO JODOROWSKY. 8. ALAN
BRAxE É PEçA CENTRAL NA MúSICA ELETRÔNICA FRANCESA. FAMOSO POR SEUS REMIxES PRA GOLDFRAPP, RöYKSOPP, KYLIE
MINOGUE E JUSTICE.
26. 026 _ por Gaía Passarelli
COLUNISTAS
OUÇA_
soundfromwayout
ben L’oncLe souL
Lançamento de 2010 da Mo-
town francesa, é bem pop e
tem referências diversas (e um
videoclipe genial): vá ao youtube
e procure por “Soul Man”.
A versão que ele fez de “Seven
Nation Army” do White Stripes é
um colosso.
_ Soul music não é novida- rado, uso de metais, backing por exemplo, está (no mo-
de. Nem neo-soul, por mais vocals, melodias grudentas mento em que entrego esse
que o nome passe uma ur- – tudo isso pode estar no texto) comemorando dois
gência novidadeira. O termo pacote. Misture com outras meses no topo da parada cee Lo Green
é usado desde os distantes tags (hip-hop, funk, rock, britânica com sua “Rolling Com estatura vocal para ser um
anos 90 para identificar bem ao gosto dos nossos in the Deep”. O sucesso de Percy Sledge (google it!) dos nos-
artistas como Erykah Badu tempos) e o resultado é, Amy ajudou a tirar do limbo sos tempos, Cee-Lo ficou conhe-
cido no wmundo todo ao cantar
e, a bem da verdade, soul normalmente, irresistível. a genial Sharon Jones (que
as faixas de Gnarls Barkley, seu
music é um termo elástico Desde que os triunfos do já com bons 60 anos de projeto com o produtor Danger
demais, como rock ou jazz. indie rock e da eletrônica idade, segue excursionando Mouse. Ele voltou esse ano, mais
Pode querer dizer qualquer dos anos 00 começaram a com seus Dap Kings) e pop e furioso.
coisa entre James Brown baixar a bola, a soul music, tornou possível o furacão
a Gnarls Barkley, passando que nunca deixou de acon- Janelle Monaé.A eletrônica
por Seal e Barry White. tecer, voltou a aparecer com também assimilou o suingue
Neo-soul e variantes vêm vontade. Mark Ronson fez do soul. Gente como Jamie
na mesma estética e se uma parte importante da Lidell, um inglês ruivo que
referem de alguma forma história, ajudando a moldar fazia IDM para a Warp até raphaeL saadiq
a um som que tem como Lily Allen e Amy Winehouse descobrir que podia cantar Instrumentista e produtor, era
base a música negra clássica para as paradas pop lá em – e montou uma (excelen- membro da banda Tony! Toni!
norte-americana dos anos 2006, 2007. O que veio de te) banda para ganhar os Toné! - e encarou carreira solo
lá nos anos 2000. Já trabalhou
cinquenta em diante.Vocais cantora com vozeirão e ma- palcos –, já está no terceiro
com a Joss Stone e com o
dramáticos, intenção dan- lícia na cola das duas.. álbum – e vem ao Brasil em D’angelo e tem lançado faixas
çante, instrumental elabo- A também inglesa Adele, maio próximo. geniais como “Good Man”.
27.
28. 028
BLOGS
www.sxc.hu
Bweez
__ a era de ouro dos teasers I Em tempos __ mstrKrft, Justice e as boas novas
de vários discos sendos lançados – e esquecidos – por dia, I Meses depois de ensurdecer os fãs com o live deliciosa-
a preocupação quanto a forma de lançamento só aumenta. mente pesado do SWU (lembra de “Roots Bloody Roots”
Mas teasers não garantem êxito: antes do lançamento do fechando o set?), o MSTRKRFT reaparece com um single
questionável Angles, do Strokes, sites tinham previews de 30 de densidade semelhante. “BEARDS AGAIN” surpreende
segundos das faixas.Tem coisa mais broxante que ouvir frag- ao trazer guitarras à la heavy metal conduzidas por uma
mentos de algo tão esperado? Por outro lado, o Radiohead, base eletrônica típica dos caras e coroadas com um solo de
com sua aura de music trendsetter, avisou que o 8° disco bateria furioso no final. O tipo de música que vai fazer o seu
estava pronto e seria lançado 7 dias depois. Nesse caso, amigo headbanger fritar na pista sem nenhum receio: http://
quem precisa de teaser quando já se é responsável por uma tiny.cc/novadomstrkrft
das mudanças no consumo de música? E chegamos ao Foo E o Justice também volta do seu sono produtivo. O novo
Fighters, que lançou mão de MUITAS possibilidades para single dos franceses, “Civilization”, tem sido amplamente di-
divulgar o novo álbum. Dave Grohl abraçou as redes sociais: vulgado como trilha da nova campanha da Adidas (se vacilar
postou fotos das gravações, deu dicas de shows surpresas você já ouviu na sua TV) e é o primeiro single do próximo
– nos quais tocaram o tal disco na íntegra – e, numa jogada álbum dos caras, que sai pela Ed Banger ainda em 2011.
de mestre, armou um concurso no qual o ganhador terá http://tiny.cc/novadojustice
o grupo tocando em sua garagem! Baita marketing – mas
que não vale nada se o LP não corresponder às altíssimas
expectativas.
29.
30. 030
BLOGS
__ resumão do Grito rocK l A edição 2011
Morena Pérez Joachin
do Festival Grito Rock, o maior festival colaborativo das
Américas, foi uma edição de números redondos. Tivemos
em torno de 130 cidades, 10 campanhas, 2 mil bandas e
200 mil pessoas. Consolidamos o Grito Rock como uma
plataforma de integração de diversas linguagens artísticas,
com produtos como o #OrFEL, fanzine produzido pela
frente de letras do Circuito, o #GritoEncena, mostras de
artes cênicas da respectiva frente e #ExpoGritoRock, ex-
posição virtual organizada pelo núcleo de Poéticas Visuais
do Fora do Eixo. Além disso, houve o registro de toda essa
movimentação, através do #Grito.Doc, um documentário
colaborativo realizado em episódios pelos diversos Gritos
espalhados pela América.
www.gritorock.com.br
__ compacto.rec - coLetÂnea especiaL l
Divulgação
O Compacto.REC é um selo virtual que já lançou bandas
como Porcas Borboletas, Nevilton, Diego de Morais e o
Sindicato, Rinoceronte. Mês a mês, quem acessa o compac-
torec.foradoeixo.org.br, pode baixar de graça um álbum
novo de artistas independentes. Em junho deste ano, o
projeto lança uma coletânea especial, que registrará o
momento da música emergente brasileira no último ano
com 12 faixas escolhidas entre os artistas selecionados.
Para participar, as bandas - de qualquer estilo - devem se
cadastrar até o dia 15/04 no Toque no Brasil: é tudo grátis.
Em seguida, uma curadoria vai escolher as melhores músi-
cas respeitando critérios de diversidade de gêneros e de
regiões. Depois, a gente baixa e aproveita o som.
www.compactorec.foradoeixo.org.br
DIRETO AO PONTO
Os fãs da banda Macaco Bong já podem agendar seus shows Você pode ter acesso a todos os arquivos e números que movi-
favoritos durante todo o ano de 2011. O trio cuiabano lançou mentam e registram as ações do Circuito Fora do Eixo.
o projeto Macaco Bong e Convidados. Em uma quinta de cada A plataforma para esse tipo de busca é o Diário Oficial Fora
mês, a banda faz uma apresentação conjunta com convidado(s). do Eixo, que, mensalmente, registra seus indicativos, relatórios,
Grandes nomes da música brasileira já estão cotados para o balanços e gastos em moeda social e real. Lá, você acessa, por
projeto. O pontapé inicial foi em março, quando os Macacos exemplo, o balanço do Grito Rock na América Latina e os aces-
levaram ao palco do Studio SP o rapper Emicida. sos à plataforma Toque no Brasil. http://bit.ly/eGALb6
http://bit.ly/h3mKJC
31.
32. 032 _Por Kátia Lessa
kakaos.wordpress.com
BLOGS
Biel Carpenter / Reprodução
__entre dois amo- samento poético, tem que
res - quando arte ralar muito.
e mÚsica se en- Quando decidiu que se-
contram | Foi quando ria artista plástico?
conferi a exposição Das Eu tinha essa vontade de
Naturezas, uma coletiva de estar envolvido com este
gravura, pintura e fotografia fazer artístico. Comecei
na Galeria Mezanino, que como músico, depois quis
descobri Biel Carpenter, ser jogador de futebol, ado-
27. O artista nascido em lescente eu escrevia muito,
Marília, interior de São e depois comecei a pintar
Paulo, mas que hoje mora e trabalhar com gravura.
que bati com Biel: tade, ele é um cara muito Acho que demorei até
em Curitiba, me chamou a
Você fez o encarte do criativo e trabalhou como ter essa convicção de que
atenção com um trabalho
novo disco do Marcelo um diretor de arte durante definitivamente seria artista
delicado, surreal e de temas
Camelo. Como foi feito todo esse processo. plástico.
fabulosos. Comprei duas
esse trabalho?
telas, uma pintura e uma
Encontrei com o Marcelo Qual a sua lembrança Nossa geração usa a
gravura, enfeitei as paredes
em São Paulo e ele cantou mais antiga no mundo internet como galeria
de casa e desabafei a paixão
as músicas do disco novo das artes? de arte.Você é dessa
artística no blog.
pra mim. Passei uma tarde Acho que foram umas telas turma? Como as pesso-
Meses depois, recebo um
com ele no estúdio e aí do meu tio que vi na casa as podem conseguir um
e-mail do cantor Marcelo
voltei pra Curitiba com da minha avó. Eu ficava trabalho seu?
Camelo dizendo: “Estou
algumas ideias e comecei meio que hipnotizado na Estou atualizando meu site,
certo de que você vai
a trabalhar. Foi tudo muito frente daqueles quadros. em breve com algumas
gostar do encarte do novo
manual e arcaico.Todo o novidades. Se alguém quiser
disco”.
encarte foi feito a mão.Tra- Qual a técnica que você um trabalho meu, é só
Música e traço, fino do fino,
balhei com pinturas sobre mais domina? passar na Galeria Mezanino
tudo misturado. A minha
papel, gravuras e com as Gravura em metal. Mas (atualmente na Rua Augusta,
tela virou capa do CD. Os
próprias matrizes. As letras estou sempre em constan- 2.559 - Jardins - São Paulo).
outros originais ainda estão
foram datilografadas numa te aprendizado, trabalho Quem mora longe pode
à venda. Ao lado um papo
antiga máquina de escrever. com incertezas. No caso me escrever ou marcar
Encarei o encarte como um específico da gravura, é um uma visita aqui no atelier.
livro de artista. O Marcelo processo vivo. É preciso
me deixou muito à von- associar a técnica ao pen-
33.
34. 034
PUBLIEDITORIAL
Tonho Meira
Arquivo Pessoal
__histÓrias de edu K | Nascido em Porto Alegre, __cLássico, os eLes no paLco | Curta, porém
Eduardo Dornelles foi criado fora da cidade. Voltou em intensa, foi a vida d’Os Eles. A banda nasceu em 1984 e,
1983, quando já atendia por Edu K e, um ano depois, em quatro anos, encerrava os trabalhos. Dos integran-
fundou o Defalla, cuja formação original contava ainda tes, apenas Leo Henkin segue na música e, hoje, integra
com Carlo Pianta (baixo) e Biba Meira (bateria). a banda Papas da Língua. Leandro Branchtein (voz), Da-
Com a banda, subiu muitas vezes ao palco do Araújo rwin Gerzson (baixo) e Régis e Dannie Dubin (bateria
Vianna. Numa das ocasiões, levou uma mala cheia de e guitarra, respectivamente) optaram por outros cami-
roupas e trocou de figurino diversas vezes diante do nhos, como medicina e publicidade.
público. Na mesma noite, o Nenhum de Nós também As apresentações d’Os Eles eram marcadas por inter-
se apresentou, mas é da passagem de som que Edu K pretações teatrais e causavam polêmica. Para interpretar
guarda a lembrança mais bizarra. a música “Prendo e Arrebento”, por exemplo, o vocalista
Acesse http://araujovianna.com.br/beta/?post=1104 para vestia uniforme da polícia (foto). E foi assim que fez um
saber que história é esta. show num clube militar, a contragosto da direção.
O auditório também foi escolhido pelo Defalla como Há poucos registros da banda, mas o produtor Ilton
cenário para suas fotos de divulgação. Clicadas por To- Carangacci guarda relíquias, como uma imagem do
nho Meira, as imagens foram feitas no palco e nas cadei- show realizado no Araújo Vianna, em 1985, veja em
ras do Araújo Vianna. Uma dessas relíquias, você pode http://araujovianna.com.br/beta/?post=1050 e aproveite
ver em http://araujovianna.com.br/beta/?post=1105. para escutar o hit “Silicone”.
outras O Capital Inicial apresentou-se No último dia 20,Vitor Ramil tocou Ainda na festa de 47 anos do audi-
no Araújo Vianna em 2001, e o no aniversário do Araújo Vianna. tório, Bebeto Alves subiu ao palco.
histÓrias baterista Fê Lemos conta por Na ocasião, gravou um depoimento Antes, porém, contou histórias
ARAÚJO quê este show foi importante sobre o auditório, que pode ser vividas no Araújo Vianna. O vídeo
VIANNA. para a banda em http://araujo- visto em http://araujovianna.com. está em http://araujovianna.com.
COM.BR vianna.com.br/beta/?post=1082. br/beta/?post=1079. br/beta/?post=1077.
38. __eNTreVIsTa __FoTos __reporTaGem __aGraDecImeNTos
raFa carVaLHo samueL esTeVes TomÁs beLLo peu e bIaNca
39. THE DRUMS //039
THE DRUMS
eles são de Nova Iorque, mas soam ingleses. Vivem o brooklyn mas respiram manchester. pra
muitos, Jonathan pierce+1, Jacob Graham, connor Hanwick e Tom Haslow são os “novos
Smiths”. Desde que 2010 bateu à porta, o nome The Drums figura entre os trending topics de
blogs, sites e revistas mais antenados do mundo pop. seu autointitulado álbum de estreia+2
chegou às prateleiras em junho passado. No brasil, o quarteto desembarcou em março pra
apresentação única em são paulo. colamos neles.
Vocês são de NY, mas as pessoas adoram vocês experiência incrível tocar para um público tão grande.
na Inglaterra. Como se sentem com isso? Mas isso não nos levou automaticamente a ser mais [+1] Jonathan e Jacob
são os fundadores
Jonathan: Achamos que isso é consequência do famosos do que éramos antes. Nos ajudou muito a do Drums. Amigos
de infância, se
nosso foco de influências. Temos muitas influências perceber como se conduz uma platéia que não está ali conheceram nos
do rock inglês+3. E também projetamos toda a nossa necessariamente pra te ver. tradicionais summer
camps. Criaram a
primeira turnê na Europa, o que nos faz ser mais banda em 2006,
quando cansaram
conhecidos por lá do que em nossa terra natal. De Vocês estão cozinhando um novo álbum, certo? de antigos projetos
qualquer maneira, é ótimo ser amado em todos os O que esperar, vem algo completamente novo? voltados à música
eletrônica. Trocaram
lugares, seja em NY, seja em Londres. Jonathan: Eu acho que não. Um disco é como um os sintetizadores pelas
guitarras.
relacionamento, leva algum tempo para que amadure-
[+2] The Drums, o
E como vocês enxergam toda a badalação ça, que tome forma e estilo, e quando finalmente você disco, foi todo gravado
em torno do The Drums no decorrer do ano chega lá você simplesmente muda tudo? Eu acho que em clima lo-fi - no
apartamento de Jacob,
passado? Estar no topo da lista de melhores de não. Fizemos muita coisa que gostamos nesse novo ál- na Flórida, na casa do
quarteto em NY e
2010+4 da New Musical Express, por exemplo? bum+5, assim como no primeiro. E as nossa influências em uma cabana em
Jonathan: Foi uma grande surpresa pra gente, mas continuam as mesmas. Woodstock, mesmo
local que sediou o
ao mesmo tempo a realização de um longo ciclo lendário festival de
1969.
de trabalho. Nos sentimos recompensados e, claro, Tocar para plateias enormes, como em festi-
reconhecidos profissionalmente. vais+6, e tocar em lugares pequenos, como o [+3] O quarteto é fã
confesso de grupos
Jacob: Mas o que dita mesmo o que somos é o Estudio Emme. Qual a maior diferença? como The Cure e The
Smiths, que nos 80’s
público. Afinal, sucesso de crítica nem sempre significa Tom: Eu não achei aqui tão pequeno. Não acho duas ajudaram a mudar
ter um sucesso musical estrondoso. mil pessoas uma plateia pequena. o rumo da música
britânica.
Jonathan: Acho que a maior diferença é justamente
[+4] Em janeiro
Tocar ao lado do Kings Of Leon: colocou o sentir que em uma plateia dita pequena, as pessoas daquele ano, a banda
cravou o #5 na famosa
Drums num outro patamar? estão ali justamente porque gostam do seu som e se BBC Sound of 2010.
Jonathan: Tocar com eles foi bem legal. Eles são identificam mais intimamente com a banda. São essas Ao mesmo tempo,
foram #1 na lista de
pessoas ótimas e nos ajudaram bastante. Foi uma pessoas que falam com a gente no twitter, postam coi- apostas da NME..
40. 040 noize.com.br
sas na nossa página do facebook e enchem nossa caixa – Vila Olímpia). Preocupado, o tour manager liga pra
de entrada dizendo “sou do Brasil, gostaria muito de produtora e ela informa que estão parados no transi-
ver ser show aqui”. Sabe? to da 23 de maio.
Jacob: É, e tocando em um festival é muito mais fácil
de ser rejeitado, eu acho. Tipo, a pessoa está passando @10h47: Os Drums chegam ao hotel. Todos acom-
de um palco pro outro e para pra ouvir apenas uma panhados de belas olheiras, com cara de cansado, mas
música sua. Ela ouve uma estrofe da música e te joga tranquilos. Só querem saber de dormir um pouco.
uma garrafa gritando “voces são um lixo!”. Aí, ela anda “Tem piscina?”, pergunta Jacob.
pro próximo palco dizendo pros amigos “aquela banda
é um lixo”. @11h00: Povo faz o check in rápido e se manda
pro quarto. O manager da banda ficou pela recepção
Boas impressões do Brasil até agora? Somos resolvendo algumas encrencas e conversando com a
famosos por ter um povo muito caloroso... Bianca, a produtora. É nesse momento que ele ganha
Jacob: Sim! Eu entrando aqui na loja e veio uma me- uma sacola com alguns presentes - entre eles, uma
nina pedir pra tirar fotos com ela. Ela não falava muito amarelinha número 9 da Seleção Brasileira. Feliz, ficou
inglês, e eu não falo nada de português, mas ela estava celebrando a camiseta.
realmente animada!
Jonathan: Estamos animados de fato. Essa cidade @11h40: De sopetão, o quarteto abandona os quar-
parece enorme, diferente de outros lugares que já tos com uma pessoa da produção e sai a procurar um
conhecemos. Faltam algumas horas pro show e já vi Starbucks. Caem num brazilian coffee mesmo.
que tem pessoas na porta desde cedo. Acho que será
um show muito animado. É nosso primeiro show fora @12h17: De volta ao hotel.
de NY em 4 meses, estamos realmente animados com
isso. @12h30: Enquanto eles descansam, palco e instru-
mentos começam a ser montados.
24 horas - ou quase - com the drums
@15h45: Jacob, Connor e Tom despertam. Se jogam
@08h15: The Drums está em solo brasileiro. Jona- na van em direção ao Emme. Jonathan fica com a cara
than Pierce, Jacob Graham, Connor Hanwick e Tom no travesseiro. Já Nolan, o manager, aproveita os minu-
Haslow desembarcam no Aeroporto Internacional de tos de trânsito pra tirar dúvidas linguísticas. “Obrigado
Guarulhos em meio a mochilas e instrumentos. é tudo que eu preciso saber, certo?’’, pergunta. Zoando,
indicamos que ele também precisa saber “foda-se!”.
[+5] Segundo o @08h45: Ao passar por um túnel, o trânsito para.
batera Connor
Hanwick, o novo Todos se assustam: a grande fila de motos que passam @16h20: Van estaciona em frente ao Emme. “Is it a
álbum deve sair ainda
este ano, uma vez que
por entre os carros sem nenhum impedimento parece nice neighbourhood?’’, pergunta Connor, o batera. E
está “75% finalizado” não ser comum aos olhos nova-iorquinos. assim o povo sai pra conhecer os arredores do club.
[+6] Ao deixar
Sampa, o Drums foi
direto ao Chile, onde
@09h38: Parada rápida em um posto de gasolina pra @16h30: Uma fã chega na entrada de serviço pra
se apresentou na comprar água pra geral. Os músicos não descem do tentar ver a banda. Ela quer fotos. Um autógrafo. E dá
primeira edição do
festival Lollapalooza carro, mas olham um tanto assustados pra o tamanho azar. Afinal, eles haviam acabado de sair – mas ela ga-
fora de Chicago. A
Noize também esteve da cidade. rante: “Vou chegar bem cedo pra poder ficar grudada
por lá. Basta pular no palco” (e de fato chegou, era tipo a décima pessoa
pra página 56 e ver
como foi. @10h00: Nada da banda chegar no hotel (ITC Park da fila horas depois).
42. 042
23:14hs
@17h00: Os caras retornam do passeio. Antes de desenhada. “O que é isso?”, pergunta. Sem titubear,
Jonathan chegar do hotel, Connor, Tom e Jacob dão explicam que a tal lata é uma cerveja brasileira chama-
a largada na passagem de som. Brincando e rindo, da Devassa, e que em sua última campanha era Paris
ensaiam trechos de Blink 182 e Offspring. Hilton a garota propaganda. “No way!”, responde o
baterista. O que segue é uma risada contida.
@17h45: O vocalista chega ao Emme. A banda deixa
o palco e se concentra no camarim pra dar início a @20h10: Eles saem em busca de um restaurante
bateria de entrevistas. pelo bairro de Pinheiros. É hora da janta.
@18h50: Chega de imprensa. O quarteto deixa o @21h40: Uma fila grande vai se formando do lado de
camarim, toma o palco, e começa a passagem de som. fora do Emme. Enquanto o club enche de Drums-
-maníacos, os Funhell DJs vão animando a pista.
@19h35: Alguns acordes mais tarde, camarim. Con-
nor abre a geladeira e vê que além refrigerante e água @22h25: Pista enchendo. Quase hora do show.
tem uma lata branca com a silhueta de uma mulher A banda retorna. “Comemos countryside chicken”.
43. //043
00:15hs
Pra acompanhar? Algumas caipirinhas. “Pra matar a que havia ganhado mais cedo. Nas costas, o número 9
curiosidade”, justifica. Não à toa, Jonathan caminha até e o escrito, “The Drums”.
o camarim se apoiando pelas paredes.
@00h15: Com a tristonha “Down by the Water”, o
@23h12: The Drums no palco. É hora do show. show acaba do jeito que começou: público em delírio,
cantando em coro, como se cada palavra fosse sua
@23h14: Soam os acordes de “What You Were”. É a última. “Este deve ser um dos melhores shows que já
primeira música. Casa cheia e todos cantando junto. fizemos. E, claro, por causa de vocês. Esperamos voltar
assim que pudermos”, declara Jonathan.
@23h41: “Best friend” já foi, assim como “I Felt
Stupid” e “Let’s Go Surfing”. Jonathan Pierce está visi- @00h45: “Bye bye”, dizem os new-yorkers. Do Estú-
velmente surpreso com a animação do público. Entre dio Emme, seguem pra o Bar Secreto, a cerca de duas
uma música e outra, “thank you, thank you, thank you”. quadras. É hora de comemorar.
@00h08: Chega o bis. Jonathan deixa sua regata
preta, a jaqueta de couro, e veste a camiseta do Brasil
44.
45.
46. 046 noize.com.br
Marcelo
camelo “Nem
só de música eu vivo”
raFa rocHa
Marcelo Camelo é um homem de passos largos e já – por mais que mudasse muito –, mas era um ca-
_FoTos
quase rápidos. Emenda uma conversa na outra, dá coete, era uma relação de carreira. Agora eu me sinto
voltas, muda, volta ao início. “Qualquer assunto é livre pra escolher dentro das músicas que eu faço,
assunto”. Ri largo. Embora não tanto. Gosta de gente, porque no Los Hermanos tinha músicas que acabavam
boteco e teorias conspiratórias. Acaba de lançar seu não servindo pra gente, daí eu acabava não dando
crIsTIaNe LIsbÔa
segundo disco solo, Toque dela+1, por selo próprio - Zé muita atenção para elas. Hoje em dia eu me sinto mais
_reporTaGem
Pereira – em parceria com a Universal Music. Gravou livre pra caminhar sobre esse aspecto de musicalidade,
novamente com a banda Hurtmold e chamou o piano de timbre de música e tal, me sinto mais à vontade na
de Marcelo Jeneci para algumas faixas. Em três mú- prática. E isso traz uma coisa de interiorizar e você
sicas, toca todos os instrumentos sozinho. Em todas leva isso pra outros lugares da nossa observação,
elas, mostra quem é e onde pisa. enfim me sinto livre pra sei lá, fazer um xaxado, saca?
É um fim de manhã com sol morno, ele chega para um
chopp em um bar semi-vazio perto de onde mora, em Quem vê a música.
raFa carVaLHo e JoÃo papa
São Paulo. Tem lugar pra você na mesa. Chopp com O primeiro disco eu fiz muito em contato com os
colarinho ou sem? amigos e fui mostrando os trechos, como eu tava no
Rio, eu encontrava com eles lá em casa e ia mostran-
Criar sozinho. Criar com hermanos. do. Mas como a ideia agora é mudar o método, o jeito
A diferença fundamental é que eu já conheço meus de fazer eu não mostrei pra quase ninguém. Pra Malu,
_eNTreVIsTa
amigos do Los Hermanos há muito tempo, aprendi a sim. Como a gente tá sempre junto, a gente acom-
tocar com eles, então quando eu fazia a música eu já panha o nascimento das ideias um do outro, é tudo
imaginava eles tocando, já sabia de saída as músicas muito próximo.
que não iam rolar. A banda tinha uma coisa estética
47. MARCELO CAMELO //047
Parceria em Toque Dela pela genialidade individual deles – supostamente de
O Hurtmold+2 tocou em várias faixas, foi bem legal. nós todos –, mas do aprendizado coletivo. Uma coisa
Mas eu participo bastante dos arranjos, eu fico com que você [percebe] ali junto com todo mundo. Qual o
umas coisas na cabeça e dirijo bastante. Eu me envol- papel do baixo na composição, o que a bateria pode
vo bastante assim, gosto de tocar várias coisas, mas acrescentar, que tipo de jogo que dá pra fazer entre
é muito bom tocar com gente que nem o Hurtmold a guitarra e a bateria, sabe? Essas coisas todas você
porque os caras tocam pra caralho, né? Você dá uma aprende jogando ali no dia a dia.
idéia e só de o cara tocar pra te perguntar se é isso
mesmo ele já melhora mil vezes o que você queria. adj. e s.m. Diz-se de, ou pessoa sujeita a
distrações; abstraído; entretido; ocupado;
Como defini o repertório descuidado.
Fiz umas quatorze músicas ao todo (NR: São dez mú- Os processos todos, de escolha, de filtro, de peneira,
sicas no CD) e fiz outras que não serviram e tal, mas o objeto que eu uso hoje em dia é a distração, é meio
no meio do caminho eu parei pra fazer trilha sonora que não estar atento à parada, à escolha em si. E já
pro negócio lá da Globo – a mini série Afinal o Que foi ao contrário, o negócio do peso da escolha é uma
Querem as Mulheres –, compus várias músicas, gravei, coisa que eu quero voltar a fazer, e eu tô tentando
arranjei, um trabalho colossal e os caras acabaram fazer sem o peso dela. Por isso que quando você me
usando pouquíssimo do négocio, e eu vou acabar pergunta o porquê de uma coisa muito específica, eu
dando uso pra outras coisas dessas músicas. Mas deu nunca sei direito o que responder, tipo na hora que eu
um trabalho filha da puta. Chamei o Rob Mazurek+3, escolhi eu não fiz questão de escolher um motivo, é
que é um cara de Chicago que toca cordas e veio pra tudo na base do insight. Eu não escolho pensando em
fazer esse trabalho comigo. Enfim, acabei compondo depois como é que eu vou justificar certa coisa ou
muita música ao longo desse ano. No final, acaba não certa música.
sendo só um trabalho de peneira, é meio no feeling de
o que cabe no disco. A extensão da arte
Acho que hoje as pessoas consomem música no
Influência caseira audiovisual. Isso é muito próprio da música. Quando
A música funciona também como uma forma de sen- você ouve uma coisa, imaginar ela visualmente faz
timento, né? Que nem uma pintura, um quadro, tudo parte, a imagem é música, e a música é imagem. Eu
expressa algum tipo de sentimento. Tudo que gira em tenho uma certa dificuldade porque eu assumi uma
torno desse caminho, o sentimento e o desdobramen- narrativa que contempla minha própria narração das
to dele caminha pra você melhorar o seu aparelho coisas, sabe? Minha linguagem narrativa é meio.... eu
perceptor, sua linguagem cognitiva. Nesse sentido a senti muita identificação quando li os textos de uma
influência é meio com os amigos que a gente (NR: portuguesa que se chama Maria Gabriela Lançol.
[+1] Arte de Biel
Mallu e ele) tem em comum e tal, como em outros Ela escreve um pouco do jeito que eu acho que eu Carpenter
trabalhos, vocês que estão aqui me entrevistando, as escrevo também, não é uma observação narrativa do
coisas que vocês trazem pra entrevista e as coisas que mundo, é como se o mundo estivesse em mim. Não
vocês carregam de informação pra vocês, são fruto sei explicar direito. Mas é como se a minha escrita le-
de coisas que os amigos trouxeram, das conversas vasse em conta só aquilo que eu sinto, e como eu vejo
que vocês tiveram com outras pessoas. E quando o mundo. Eu tenho meio dificuldade de enxergar o
você tem uma mulher, uma companheira, ela também visual fora disso, eu tendo a enxergar coisas análogas [+2] myspace.com/
faz parte desse mundo. Eu tive a sorte de começar ao meu próprio olhar sobre o mundo. hurtmold
com os Hermanos e aprender muita coisa, não só [+3] robmazurek.com/
49. MARCELO CAMELO //049
“Hoje em dia eu me sinto mais livre pra caminhar sobre esse aspecto
de musicalidade, de timbre de música e tal. Me sinto mais à vontade
na prática. E isso traz uma coisa de interiorizar, e você leva isso pra
outros lugares da nossa observação, enfim me sinto livre pra, sei lá,
fazer um xaxado, saca?”
Coletivo Noite
A coisa da banda te coloca mais a par de uma neces- Eu acompanho muitos os projetos paralelos dos
sidade coletiva, você fica mais emparelhado com o meninos do Hurtmold. Tem um show que vocês não
coletivo, te coloca de igual pra igual com os outros, e podem deixar de ver que é do MDM+5, do Marinho, é
isso tem seus aspectos positivos e negativos, já que no dó caralho o som o deles. Um igualmente foda é do
individual você se cobra das próprias expectativas. Na Chancas, que é irmão dele. E o MDM é foda, eu adorei
prática isso [carreira solo] me faz ter mais tempo so- ter visto. Foi tipo pequenininho, umas cinquenta pes-
brando, eu posso me dedicar à fotografia, ao cinema, a soas, chutando. Mas foi muito bom.
tocar um monte de instrumentos. Do Los Hermanos
pra cá eu aprendi a tocar um monte de coisa, comprei Twitter
um monte de instrumento. Eu gosto muito do clarone, Não tenho interesse nenhum em ficar no twitter o
eu acho um instrumento bonito. É um clarinete baixo. dia todo. É uma falta de interesse pessoal mesmo, não
Bateria eu sempre gostei, sempre toquei. (NR: em é nada contra ninguém ou método. Mas eu não tenho
várias músicas de Toque dela a bateria é muito bem opinião fixa sobre nada cara. Mas eu mudei muito,
marcada.) Eu guardo uma bateria em casa pra na hora assim, minha maior distração é comer na frente do
do Garage Band+4. Dá pra compor tendo uma bateria computador assistindo ao documentaryheaven.com.
em casa. Twittar coisas que eu leio, vejo, eu atá faria, mas eu te-
nho uma falta de interesse sobre a ferramenta mesmo.
Instrumentos
O baixo eu acho meio misterioso, sabe? Eu gosto Gravando sem gravadora
muito. Mas nunca senti firmeza no meu jeito de tocar A gravadora tem muito pouca força hoje em dia
[+4] Software de
baixo, e nesse disco pela primeira vez eu me permiti dentro da obra de um artista. Estar sem gravadora gravação de música
multi-canais para
tocar e gostei bastante. Gostei muito de poder tocar significa pagar do seu próprio bolso o custo da feitura os computadores
baixo, bateria e guitarra, de ter construído a estrutura de um disco, e não é barato. Estar com ela significa Macintosh, da Apple
da música compondo assim. um parceiro pra ajudar a pagar uma coisa que não é [+5] myspace.com/
mdmsp
barata. Se você for buscar gente sem gravadora no
Primeiro lugar Brasil, são pessoas que num modo geral tem outros [+6] Causou polêmica
no mês de abril a
O disco que eu mais gosto na minha vida, o meu empregos e conjugam sua vida a ter a música como aprovação de R$ 1,3
milhão em verba para
Chega de Saudade, o melhor disco já feito pela humani- uma parte. A não ser que o cara vá pra uma coisa de um blog em que a
dade, se eu tivesse que eleger algum – apesar de odiar música experimental e vá pra um museu e tal, talvez artista postaria, ao
longo de um ano
essa coisa de eleger, porque quando você elege você consiga. inteiro, vídeos diários
dela lendo grandes
tira todos os que são bons do caminho –, é o disco da poemas. Os vídeos
Guiomar Novaes, o ultimo disco que ela gravou em É lei devem ter direção de
Andrucha Waddington,
vida, que é surreal. Eu tenho uma relação meio conturbada com a Lei que dirigiu Maria
Bethânia - pedrinha de
Rouanet, sabe? Desde que a lei existe as pessoas vêm Aruanda.
50. 050 noize.com.br
“As pessoas vêm falar de apropriação do dinheiro
do Estado, tipo “porra, nossas criancinhas estão
sem educação”, ou “esse dinheiro podia estar indo
pra comida’’. Gente que coloca o papel da arte me-
nos importante do que é na real.”
me perguntar o que eu acho, o que muito que contribuir e tal. Mas e aí é
eu não acho... falar de apropriação do interessante o Estado financiar minha
dinheiro do Estado, tipo “porra, nossas ida pra Belém? Eu acho que sim. Agora
criancinhas estão sem educação” ou “porra, sei lá, mas não vamos dar o
“esse dinheiro podia estar indo pra dinheiro da educação e levar o Marcelo
comida”. Gente que coloca o papel pra Belém?” Não, porra,o dinheiro
da arte como menos importante do da educação existe, esse é um outro
que é na real. Eu tenho a sensação que dinheiro. É um dinheiro pra cultura. Eu
o artista profissional tem um espaço acho que ele não deveria ser usado pra
nacional e deve ter um espaço bacana financiar 100% dos espetáculos, sabe?
mesmo. Eu me vi pensando em pegar Ou, tipo, quem é que vai escolher pra
uma bolsa de estudos do governo onde vai o dinheiro? Se é o Estado fica
canadense pra tocar violão estra- uma coisa babaca, comunista, sabe? Se
nho, sabe? Daí depois eu falei, porra? são as empresas o dinheiro fica tipo
Porque o Canadá que vai me bancar? pro Cirque Du Soleil, porque, porra,
As pessoas acham super normal que o quem é que vai trazer a atenção das
governo de outros países banque seus pessoas e a resposta pras empresas?
estudos, suas pesquisas, e acham que Mas será que o Cirque Du Soleil
de certa forma o Brasil não pode fazer, precisa desse dinheiro, saca? Cria umas
não é merecedor ou simplesmente disparidades, sabe? Agora, um blog da
não tem dinheiro mesmo, sabe? Ou Bethânia+6*, de poesia, com uma poesia
que nossa arte não é suficiente pra por dia vale? Eu acho que vale. Só não
isso. Mas com relação à Lei Rouanet, sei se essa bolada toda.
eu acho – como cidadão – que ela
deveria ser usado como uma forma de Além da música
incentivo cultural, sabe? No meu caso, Me sinto fazendo muita coisa, sabe?
por exemplo, eu não consegui chegar Tem foto, tem texto, tem uma porção
em Belém com o meu show junto de expressões ao mesmo tempo, em
com o Hurtmold. Porra, eu adoraria que a música é o meu fio condutor. Eu
ir pra lá, sabe? Pra mim seria incrível, vou fazendo. Eu vou fazendo de tudo.
eu acho que as pessoas de Belém têm
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