SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  60
Télécharger pour lire hors ligne
Arritmais cardíacas na infância e adolescência 
Autor: Rogério Braga Andalaft* 
* Cardiologista Pediátrico pelo Instituto do Coração – Incor HC FMUSP 
Médico Assistente da seção médica de Eletrofisiologia Clínica e Arritmias Cardíacas do 
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia 
Médico Assistente do Hospital do Coração – responsável pelo ambulatório de Arritmias na 
Infância e Cardiopatias Congênitas - Associação Sanatórinho Sírio 
Médico da Cardio Dinâmica 
Introdução 
Para compreendermos e tratarmos as arritmias cardíacas na infância é fundamental o 
diagnóstico eletrocardiográfico correto que possibilita na maioria das vezes não só 
fornecer um nome à doença, mas também possibilita o tratamento adequado a curto e 
longo prazo. Na população pediátrica as variações anatômicas que podem ser oriundas 
das diversas cardiopatias congênitas possíveis, assim como as arritmias que ocorrem no 
pós operatório, fornecem uma condição especial a este grupo de pacientes. Neste 
capitulo iniciaremos de maneira geral os princípios do diagnostico correto, passando na 
sequência a descrição das principais arritmias que acometem a criança enfocando seu 
diagnóstico e tratamento. Por fim elucidaremos condições especiais fruto do pós 
operatório ou mesmo da evolução natural de algumas cardiopatias, enfocando as 
nuances do tratamento que proporciona melhor suporte clínico a estas crianças. 
Princípios do diagnóstico e tratamento das arritmias 
Desta forma clássica podemos dividir as arritmias cardíacas em taquicardias e 
bradicardias, baseado na análise da freqüência cardíaca. As taquicardias por sua vez 
podem ser subdivididas de acordo com a duração dos complexos QRS em taquicardias 
de complexos QRS largo ou estreito. Neste momento devemos lembrar que as crianças 
de forma geral apresentam complexos QRS mais estreitos que os adultos de forma que 
em algumas situações durações superiores a 100 ou 110 ms podem ser consideradas de 
complexos QRS alargados. As taquicardias de complexos QRS alargados envolvem na 
infância 5 diagnósticos possíveis: taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
aberrante, taquicardia supraventricular com bloqueio de ramo pré existente, taquicardia 
por reentrada AV antidrômica e fibrilação atrial associado à síndrome de WPW. Já as 
taquicardias de complexos QRS estreitos envolvem as taquicardias supraventriculares 
em sua forma clássica e uma forma especifica de taquicardia ventricular denominada 
taquicardia ventricular fascicular. As taquicardias fasciculares mais freqüentes possuem 
morfologia tipo BRD e hiper desvio a esquerda (tipo BDAS) e são responsivas ao 
tratamento com bloqueadores de canal de cálcio. As taquicardias supraventriculares 
devem ser investigadas quanto a sua regularidade de forma mais profunda, 
principalmente quando o médico se depara a um paciente em crise na sala de 
emergência. Quando dizemos que uma arritmia é irregular estamos analisando que o nó 
atrioventricular não participa do circuito da arritmia estando apenas recebendo 
estímulos que vem de um território superior, Nestas formas de arritmias o nó 
atrioventricular (NAV) pode ser chamado de expectador da arritmia, o que em outras 
palavras significa que para tratar esta arritmia posso controlar o ritmo retornando o 
paciente ao ritmo sinusal ou controlar a resposta ventricular reduzindo a freqüência 
cardíaca. Quando nos deparamos com uma taquicardia de complexos QRS estreitos e 
regular a duvida que naturalmente surge é “ela realmente é regular”? Assim nestas 
taquicardias podemos lançar mão de manobras ou fármacos como a adenosina na 
tentativa de irregularizar a taquicardia. Quando realizamos uma manobra vagal ou 
utilizamos adenosina e interrompemos a taquicardia retornando o paciente ao ritmo 
sinusal, então sabemos que esta arritmia era “estritamente regular” e então poderíamos 
dizer que o nó atrioventricular participava do circuito. Nos casos onde o nó AV 
participa do circuito só nos resta cardioverter o paciente ao ritmo sinusal por manobras 
mecânicas, químicas ou elétrica. Em algumas situações nas taquicardias de complexos 
QRS estreitos e regulares, a aplicação de manobras vagais ou mesmo adenosina, 
irregulariza a taquicardia, porem não a interrompe. Neste caso a irregularização da 
taquicardia nos informa que o nó AV é um expectador da arritmia, isto é não participa 
do circuito arritmogênico. Nestes casos a irregularização da arritmia, permite que 
visualizemos o território supraventricular com maior facilidade possibilitando o 
diagnóstico. Como o nó AV também não participa do circuito nesta arritmia, do ponto 
de vista terapêutico, podemos controlar o ritmo retornando o paciente ao ritmo sinusal 
ou controlar a freqüência ou resposta ventricular utilizando fármacos que aumentem o 
grau de bloqueio do NAV (figura 1 e figura 2) 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 1 – Esquema dos possíveis diagnósticos das taquicardias na infância 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 2 – Esquema diagnóstico na sala de emergência que auxilia na identificação 
das taquicardias de complexos QRs estreitos 
Taquicardias de complexos QRS estreitos 
Neste tópico será dado enfoque às diversas possibilidades de taquicardias de complexos 
QRS estreito, analisando seu diagnóstico e tratamento. Iniciaremos para fins didáticos a 
descrição de arritmias onde o NAV não participa do circuito, o que tecnicamente 
significa que para o tratamento podemos controlar o ritmo ou controlar a freqüência 
cardíaca. A origem fisiopatológica destas arritmias, estão baseadas na presença de um 
foco hiperautomático, na presença de atividade debflagrada no território 
supraventricular ou mesmo circuitos únicos ou múltiplos de reentrada no território 
atrial. 
Taquicardia sinusal 
É a forma mais freqüente e comum de taquicardia na infância. Caracteriza-se pela 
presença do ritmo sinusal (ondas P positivas em D1 e V6 e negativas em aVR). Esta 
forma de taquicardia cujo ponto de corte varia com a idade do paciente é quase sempre 
secundário à presença de um problema clinico: febre, infecção, uso de drogas vasoativas 
desidratação, choque entre outros. De maneira geral o controle da causa de base gera a 
normalização da freqüência cardíaca. Particular atenção deve ser dada às taquicardias 
sinusais inapropriadas que geram freqüências cardíacas superiores a freqüência limite 
para a idade e não são condizentes com a situação clinica do paciente para aquele 
momento. Nos casos onde a FC é persistentemente elevada ou naqueles casos onde 
ocorre a presença de sintomas, a utilização de medicamentos que ajam nas células do nó 
sinusal pode ser necessária. Para controlar a resposta anormal da taquicardia sinusal 
inapropriada podemos utilizar betabloqueadores (atenolol 1 a 2 mg/kg/dia ou diltiazem 
1 a 2 mg/kg/dia, lembrando que não devemos utilizar bloqueadores de canais de cálcio 
para paciente com idade inferior a um ano). 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 3 - Traçado de Holter de uma criança com taquicardia sinusal. Nesta 
taquivcardia não existe inicio e término súbito e a onda P tem morfologia da onda P 
sinusal 
Outro aspecto importante quando se analisa as taquicardias sinusais utilizando métodos 
como o Holter, é que esta forma de taquicardia não se apresenta de forma paroxística, 
isto é, não possui inicio ou término súbito. 
Taquicardia atrial 
Diferente da taquicardia sinusal esta forma de arritmia tem geralmente comportamento 
paroxístico. Seu mecanismo de origem pode ser hiperautomatismo, atividade deflagrada 
ou reentrada intra atrial única. Na análise do eletrocardiograma observamos a presença 
de uma onda P gerando um complexo QRS de morfologia diferente da onda P sinusal 
acima descrita. Geralmente são assintomáticas e frequentemente observadas no Holter 
principalmente durante o período neonatal e em paciente portadores de cardiopatias 
congênitas com distensão ou manipulação atrial durante procedimentos cirúrgicos. 
Estão entre seus riscos principais o desenvolvimento de disfunção ventricular, nos casos 
onde a freqüência cardíaca se mantém persistentemente elevada – taquicardiomiopatia. 
Quando sustentadas ou associadas a cardiopatias congênitas costumam ser de difícil 
controle. Muitas vezes, devido a esta dificuldade em controlar o ritmo, pode fazer o 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
médico então optar por aumentar o grau de bloqueio atrioventricular e controlar a 
resposta ventricular, visto que o NAV é expectador da arritmia que está ocorrendo no 
território atrial. Para controlar o ritmo em pacientes com arritmias sustentadas ou com 
repercussão clínica, podemos lançar mão de estratégias farmacológicas e não 
farmacológicas, sendo que esta ultima envolve a cardioversão elétrica e as terapias por 
cateter. Para controle do ritmo de forma química podemos utilizar fármacos conhecidos 
na prática pediátrica como a amiodarona isoladamente ou em combinação com 
betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio sempre respeitando os riscos e as 
limitações de cada fármaco e associação. Nos últimos anos no ambulatório de arritmias 
do Instituto Dante Pazzanese, utilizamos também outras classes de fármacos tais como a 
propafenona e o sotalol com o intuito de que, em casos de uso prolongado possamos 
evitar os efeitos colaterais indesejados da amiodarona. Outra possibilidade para 
cardioversão destes pacientes ao ritmo sinusal envolve a utilização de métodos não 
farmacológicos tais como a cardioversão elétrica externa ou a ablação por 
radiofreqüência. Quanto à ablação por radiofreqüência sua utilização na infância ainda é 
limitada, como também é limitado o sucesso na população adulta para arritmias atriais 
(taquicardia atrial e fibrilação atrial). No entanto o uso dos métodos de ablação do foco 
arritmogênico com radiofreqüência ou crioablação são muito promissores e nos 
próximos anos se tornarão importantes armas do arsenal terapêutico na infância. 
A localização adequada da origem da taquicardia atrial analisando o eixo da onda P no 
ECG de 12 derivações pode nos auxiliar também a melhor forma de controle do ritmo 
seja químico ou não farmacológico por ablação. Importante salientar que quando 
utilizamos a cardioversão elétrica para retornar o paciente ao ritmo sinusal a 
manutenção de um fármaco antiarrítmico é quase sempre necessária, de forma que nos 
casos de recorrências a utilização de múltiplas cardioversões elétricas tem um efeito 
deletério sobre o miocárdio e deve ser sempre evitada. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 4 - Traçado de Holter demonstrando o início súbito de uma taquicardia 
atrial. Observe a mudança morfológica da onda T evidenciando a presença também 
de uma onda P 
Figura 4b – Traçado de Holter demonstrando saída súbita de uma taquicardia atrial 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 5 – registro de uma taquicardia atrial durante o Holter. Observe o início 
súbito e a presença de uma onda P “encravada” na onda T mudando sua morfologia 
em relação a onda T de uma batimento normal 
Figura 5b- – Taquicardia atrial durante um exame de Holter. Observe no segundo 
canal a morfologia da onda P atrial diferente da onda P sinusal 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Durante o período perinatal o aumento da instabilidade elétrica do miocárdio atrial 
combinado a elevada pressão arterial pulmonar proporciona condição ideal ao 
surgimento de arritmias atriais (flutter ou taquicardia atrial por exemplo). Em algumas 
circunstancias a prematuridade dos batimentos atriais é tão grande que encontra a 
junção atrioventricular em seu período refratário o que impossibilita o aparecimento do 
batimento ventricular. Nesta situação podemos encontrar freqüências cardíacas baixas, 
ou intensa irregularidade dos batimentos ventriculares. Os exemplos abaixo 
demonstram as diversas faces da mesma doença em um recém nascido encaminhado ao 
setor de eletrofisiologia para avaliação de uma bradiarritmia, que na realidade era a 
expressão de um bigeminismo atrial bloqueado. Nos casos com repercussão clínica da 
bradicardia, a utilização de antiarrítmicos para suprimir o foco atrial precoce 
isoladamente ou associada à proteção de um marcapasso provisório, pode ser necessária 
(figuras 6 e 7). 
Figura 6 – ECG de 12 derivações evidenciando a presença de bigeminismo atrial 
bloqueado. Diagnóstico diferencial de BAV 2:1 com arritmia ventrículo fásica. 
Observe a mudança morfológica da onda P bloqueada em V3 e V4 confirmando o 
diagnóstico de bigeminismo atrial bloqueado 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 7- Evolução do quadro após a introdução de antiarrítmicos em um RN de 4 
dias. Observe que as extras sístoles atriais aintes bloqueadas se tornam mais tardias e 
dão lugar a batimentos ectópicos e taquicardias conduzidas com aberrância 
Muitas vezes, frente a uma taquicardia atrial refratária o controle do ritmo não é 
possível, então nos beneficiando do fato de o NAV ser um expectador da arritmia 
apenas recebendo os estímulos que provem de um território superior, podemos impedir 
a passagem destes estímulos para o território ventricular aumentando o grau de bloqueio 
atrioventricular. Para isto, também podemos utilizar medidas farmacológicas e não 
farmacológicas. O uso de fármacos que aumentam o grau de bloqueio atrioventricular 
são úteis para o controle da resposta ventricular de forma isolada ou combinada. Dentre 
os fármacos mais utilizados estão os betabloqueadores, os bloqueadores de canais de 
cálcio não dihidropiridinicos (diltiazem e verapamil) e os digitálicos. As combinações 
mais freqüentes para o controle da resposta ventricular envolvem betabloqueadores com 
digital. A utilização de bloqueadores de canais de cálcio e betabloqueadores aumenta de 
forma significativa o risco de bloqueios avançados, e a combinação entre digitais e 
bloqueadores de canal de cálcio incrementa o risco de intoxicação digitálica. Para 
avaliarmos a eficácia das terapêuticas instituídas, o controle da FC ou do ritmo com 
holter de 24 horas ou por períodos até mais prolongados (Holter de 7 dias) pode 
fornecer subsídios importantes (análise da freqüência e número de taquicardias assim 
como avaliação de pausas e da freqüência cardíaca média) para o ajuste dos fármacos 
utilizados. O uso do ecocardiograma para monitorização da função ventricular também 
é de extrema importância. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Flutter atrial 
Trata-se de uma arritmia de origem no território atrial devido a um circuito de macro 
reentrada que pode se estabelecer circundando territórios anatômicos naturais (cava 
superior e inferior, seio coronariano valva tricúspide) ou mesmo circundar uma cicatriz 
ou uma valva manipulada cirurgicamente. No flutter atrial o NAV não participa do 
circuito arritmogênico, sendo um expectador da arritmia abrindo então a possibilidade 
de controlarmos o ritmo ou a resposta ventricular da arritmia. De incidência rara em 
crianças e adolescentes com coração estruturalmente normal, torna-se a arritmia 
supraventricular mais freqüente juntamente as taquicardias mediadas por feixes 
acessórios (taquicardias por reentrada atrioventricular) no período perinatal. A condução 
mais freqüente desta arritmia para os ventrículos é do tipo 2:1 gerando uma freqüência 
ventricular ao redor de 300 bpm. Porem no período perinatal a resposta ventricular 1:1, 
devido à imaturidade do NAV, facilitando a condução dos estímulos para os ventrículos 
é freqüente. Quanto a freqüência da atividade elétrica atrial (naquelas arritmias com 
circuito anti horário no átrio que se traduz pela negatividade das ondas F em D2 D3 e 
aVF) encontramos FC ao redor de 300 bpm. Nos casos onde o circuito de 
macrorrentrada atrial ocorre ao redor de cicatrizes cirúrgicas, por exemplo, a presença 
de um circuito com sentido horário gera ondas F positivas nas derivações inferiores e 
freqüências mais elevadas de atividade atrial. Do ponto de vista eletrocardiográfico, 
podemos diferenciar uma taquicardia atrial de um flutter atrial analisando a presença de 
linha isoelétrica entre duas ondas atriais. A ausência de linha isoelétrica nas derivações 
do ECG denota a presença do circuito de macrorrentrada e consequentemente o 
diagnóstico de flutter atrial. 
Diferentemente da taquicardia atrial, em pacientes com coração estruturalmente normal, 
principalmente no período neonatal, a reversão do flutter está associado a baixo índice 
de recorrência sendo que muitas vezes podemos não utilizar fármacos para a 
manutenção do ritmo. Nos casos recorrentes a associação de um fármaco antiarrítmicos, 
betabloqueador ou digital pode ser necessária aguardando as condições de estabilização 
do tecido miocárdio e a queda da pressão pulmonar ocorrerem. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 8 – Taquicardia supraventricular com FC de 300 bpm. Diagnóstico 
diferencial entre taquicardia por reentrada atrioventricular e flutter atrial. Ambas 
podem estar presentes no período perinatal 
Para a reversão do flutter atrial ao ritmo sinusal utilizamos principalmente a 
cardioversão elétrica com baixas dosagens (vide tabela de fármacos e doses), sendo que 
a reversão química apresenta baixos índices de sucesso. 
Em pacientes cardiopatas ou naqueles fora do período perinatal, a reversão para o ritmo 
sinusal deve obedecer às mesmas regras da reversão de pacientes que apresentam flutter 
na idade adulta. Pacientes com história pouco clara quanto ao início da taquicardia ou 
em pacientes de evolução há mais de 48h a anticoagulação ,com cumarínicos e INR na 
faixa (entre 2 e 3,5 ) por de 3 semanas, se faz necessário antes da CVE. Abaixo o 
esquema clássico de preparo para reversão de uma fibrilação atrial/flutter atrial 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 9– Esquema pra reversão da Fibrilação atrial baseada no uso prévio da 
anticoagulação oral. A= Amiodarona, P= Propafenona, S= Sotalol, Q= Quinidina, 
D= Disopiramida. Esquema clássico – retirado do acervo didático do Prof. Dr. Dalmo 
Antonio Ribeiro Moreira e adaptado para uso na infância 
A utilização do ecocardiograma transesofágico combinado ao uso de heparina não 
fracionada ou de baixo peso molecular há mais de 12-24h pode dispensar a 
anticoagulação previa à cardioversão elétrica. Neste ínterim, o controle da resposta 
ventricular deve ser realizado para controle clínico do paciente. Pacientes cardiovertidos 
devem permanecer anticoagulados por mais 4 semanas nos casos de coração 
estruturalmente normal e CHADS2 menor que 2 . Nos casos de score maior que 2 ou 
valvopatia, a anticoagulação deve persistir e os critérios para sua retirada ainda 
permanecem incertos. Para pacientes onde a anticoagulação não é possível, mas o risco 
de fenômenos tromboembólicos existem devido a score elevado, o uso de AAS ou 
mesmo a combinação AAS e clopidrogrel (ACTIVE) é possível, mas esta ultima com 
quase nenhuma experiência em crianças. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 10 - Flutter atrial com condução atrioventricular 2:1 – apresentação mais 
comum em todas as faixas etárias 
Figura 11 – Traçado de Holter em paciente portador de Tetralogia de Fallot 
evidenciando flutter atrial com condução atrioventricular variável. Observe a 
ausência de linha isoelétrica entre duas ondas F o que faz diagnóstico diferencial 
com taquicardia sinusal 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 12- Flutter atrial com alto grau de bloqueio atrioventricular e escape 
ventricular por efeito de fármacos que bloqueiam o NAV para controle da resposta 
ventricular 
Fibrilação atrial 
Esta arritmia é caracterizada por múltiplos micros circuitos de reentrada intra atrial. 
Neste tipo de arritmia como no flutter atrial o NAV não participa do circuito 
arritmogênico então podemos controlar o ritmo retornando ao ritmo sinusal ou apenas 
controlar a resposta ventricular aumentando o grau de bloqueio da junção 
atrioventricular. Raramente ocorre em pacientes pediátricos com coração 
estruturalmente normal, ocorrendo apenas com maior incidência em pacientes 
portadores de WPW na adolescência (nestes casos, responsável pelo risco de 
mortalidade súbita devido a fibrilação atrial pré excitada). Em pacientes portadores de 
cardiopatia congênita principalmente aqueles com manipulação atrial durante a correção 
cirúrgica e pacientes portadores de cirurgias paliativas do tipo cavopulmonar, o 
surgimento de fibrilação atrial no pós operatório tardio pode instabilizar o quadro 
clínico e deteriorar a função miocárdica. Com o intuito de rastrear episódios 
paroxísticos, o uso do Holter pode identificar precocemente mudanças do quadro, e a 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
instituição precoce do tratamento antiarrítmico pode prevenir o remodelamento elétrico 
que ajuda a manter a arritmia. Os cuidados para cardioversão elétrica ou quimica são os 
mesmos do flutter atrial. Indícios em pacientes adultos demonstram que a propafenona 
pode ser utilizado para reversão de quadros agudos com menos de 48h de evolução com 
índice elevado de reversão. Casos com mais de 48 horas de evolução, ou pacientes 
portadores de cardiopatia congênitas valvar ou com historia de inicio incerta, devem ser 
anticoagulados previamente por 3 semanas (ou cardioversao guiada pelo ECO 
transesofágico) antes de se tentar a cardioversão. 
Figura 13- Traçado de Holter demonstrando fibrilação atrial de alta resposta 
ventricular no pós operatório tardio de cirurgia tipo cavopulmonar 
Pacientes cardiopatas valvares ou CHADS2 maior ou igual a 2 devem ser submetidos a 
anticoagulação por longa data após a reversão ao ritmo sinusal. 
Lembramos que muitas vezes em pacientes portadores de cardiopatias congênitas, 
principalmente pacientes portadores de cirurgias paliativas para coração univentricular, 
se torna necessária a profilaxia da instabilidade elétrica atrial que pode preceder o 
surgimento da fibrilação atrial. Nestes paciented a supressão dos gatilhos por meio de 
fármacos antiarrítmicos pode evitar o surgimento de episódios de fibrilação atrial que 
podem ser fato limitante por exemplo, para indicação de cirurgia tipo cavopulmonar 
total. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 14 – Presença de extra sístole supraventricular desencadeando 
desorganização da atividade elétrica atrial para flutter atrial 
Taquicardia Juncional 
As taquicardias juncionais hiperautomáticas ocorrem com freqüência elevada no pós-operatório 
de cirurgias com manipulação ventricular. Trata-se da arritmia mais 
freqüente no pós-operatório de cardiopatias congênitas, ocorrendo nas primeiras horas 
do pós operatório e podendo comprometer o estado hemodinâmico rapidamente devido 
a elevada freqüência cardíaca, devido perda do sincronismo atrioventricular e a 
refratariedade às medidas terapêuticas. Atualmente acredita-se que tempos de CEC 
prolongados podem desencadear este tipo de arritmia. O diagnóstico desta forma de 
taquicardia no pós-operatório envolve a documentação da dissociação atrioventricular 
em uma taquicardia de complexos QRS estreitos. No entanto este achado 
eletrocardiográfico pode desaparecer com estabelecimento da captura atrial retrograda, 
podendo a onda P vir antes durante ou depois do complexo QRS. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 15 – Paciente de 6 anos de idade no POI de ventriculosseptoplastia evoluindo 
com extra sístoles ventriculares freqüentes 
Figura 16 – Taquicardia juncional JET no pós operatório de ventriculosseptoplastia 
após o “warm-up” da taquicardia 
Assim que estabelecemos o diagnóstico de uma taquicardia juncional de mecanismo 
automático, como ocorre no pós-operatório, o tratamento deve ser instituído nos casos 
mais graves ou naqueles onde existe possibilidade de deterioração do estado 
hemodinâmico. As taquicardias juncionais não respondem bem às manobras de 
cardioversão elétrica e habitualmente também não respondem a adenosina. Outra 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
característica deste tipo de taquicardia é que conforme vai evoluindo o pós-operatório 
nos casos estáveis hemodinâmica mente, existe uma grande possibilidade de reversão 
espontânea. O diagnóstico e tratamento desta forma de arritmia no pós-operatório é 
facilitada pela presença do eletrodo de marcapasso atrial que possibilita a clara 
identificação da dissociação atrioventricular, e também possibilita o overdrive atrial da 
arritmia e a utilização segura de fármacos antiaaritmicos sem a perda do sincronismo 
atrioventricular. Para o tratamento da taquicardia juncional do período pós-operatório, 
devemos se possível instituir a ventilação adequada do paciente e sedação quando estes 
estiverem sob ventilação mecânica. Correção dos distúrbios metabólicos e ácido 
básicos, infusão de sulfato de magnésio a 10% na dos de 0,5 a 0,7 ml/kg em bolus 
também podem ser utilizados. Outra estratégia eficaz é manter hipotermia com 
temperaturas entre 34 e 35 graus no intuito de diminuir o metabolismo. Quanto aos 
fármacos antiarrítmicos podemos utilizar amiodarona na dose de 5 a 20mg/kg/dia no 
entanto doses elevadas também estão associados a maior incidência de efeitos colaterais 
e comprometimento da função ventricular. No instituto Dante Pazzanese de Cardiologia 
habitualmente, suspendemos as medicações antiarrítmicas no pós-operatório de 
cardiopatias congênitas (pacientes sem arritmias prévias a cirurgia) entre 30 e 60 dias de 
pós-operatório 
Taquicardias mantidas por reentrada com participação da junção 
atrioventricular 
Neste grupo encontramos as arritmias onde a junção atrioventricular participa do 
circuito. Nestes casos a tentativa de irregularizar a arritmia seja com manobra vagal ou 
adenosina interrompe a taquicardia, pois interrompe a taquicardia por bloquear o nó 
atrioventricular. 
Neste tipo de taquicardia podemos encontrar mecanismos de macroreentrada ou 
mecanismos de microreentrada. As macroreentradas com a participação da junção 
atrioventricular, denominadas taquicardias por reentrada atrioventricular. Os circuitos 
de microreentrada dependem da presença de uma dupla via nodal e são denominadas 
taquicardias por reentrada nodal 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Taquicardia por renntrada nodal 
São menos freqüentes na infância e se estabelecem devido presença de uma dupla via 
nodal. Nesta situação existem duas vias eletrofisiológicas para passagem do estimulo 
pelo NAV. Nestes casos existe uma via alfa que conduz o estimulo lentamente e se 
recupera rapidamente. Uma segunda via chamada beta que conduz o estimulo 
rapidamente, porém se recupera lentamente. Em ritmo sinusal o batimento 
habitualmente conduz pela via rápida. No entanto quando ocorre um batimento ectópico 
precoce este estimulo pode encontrar a via rápida ainda no seu período refratário e 
conduzir lentamente pela via lenta. Isto se reflete no ECG de superfície pelo 
alargamento abrupto do intervalo PR fenômeno denominado duplo salto ou 
comportamento dual da junção atrioventricular. Nesta situação se estímulo atende a 
porção distal da via lenta e encontra a via rápida já recuperada, pode o estímulo 
ascender de forma retrograda iniciando uma taquicardia onde na maioria das vezes a 
onda P retrograda se insere dentro do complexo QRS ou no máximo no ponto J, se 
apresentando no ECG como um falso R em V1 ou falso S em D2. Estas ondas são 
chamadas de falsas, pois desaparecem quando o paciente retorna ao ritmo sinusal. 
Figura 17- ECG de 12 derivações evidenciando taquicardia por reentrada nodal. Note 
que não se visualiza a onda P (situação habitual) 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 17 b – Reversão da taquicardia por reentrada nodal com adenosina 
Figura 18 – ECG de 12 derivações em um garoto de 8 anos na vigência de 
taquicardia por reentrada nodal. Observe a presença de r’ em V1 que desaparecerá 
após a reversão configurando uma falsa onda R em V1 caracteristica da taquicardia 
por reentrada nodal 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 18b – ECG de 12 derivações após reversão para o ritmo sinusal. Note o 
desaparecimento da r’ em V1 – (não houve modificação dos eletrodos entre os 
exemplos 18 e 18b) 
Taquicardias por reentrada atrioventricular 
Estas taquicardias se estabelecem devido presença de um feixe acessório. Classicamente 
podemos determinar dois grupos dentro desta arritmia. No primeiro grupo as vias 
acessórias são aparerentes ao eletrocardiograma durante o ritmo sinusal cujo modelo 
clássico e a presença de onda Delta na síndrome de pré-excitação ventricular. Quando 
esta pré-excitação está associada a taquicardias, denominamos síndrome de Wolf 
Parkinson White. Nesta síndrome mediada por vias acessórias podemos encontrar 
taquicardias ortodrômicas (aquelas que descem para despolarizar a musculatura 
ventricular via NAV e sobem novamente para os átrios pela via acessória estabelecendo 
um circuito de reentrada) que são taquicardias de complexos QRS estreito. Podem 
apresentar também taquicardias antidrômicas que são taquicardias de complexos QRS 
largo e entram no diagnóstico diferencial com taquicardias ventriculares. Nas 
taquicardias antidrômicas o estímulo desce para os ventrículos pelo feixe acessório, logo 
o despolariza pela musculatura não especializada gerando complexos QRS alargados. 
Outra forma mais rara de arritmia associada à síndrome de WPW é a fibrilação atrial 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
pré- excitada que pode levar a fibrilação ventricular e morte súbita. Vale lembrar que 
paciente portador de pré-excitação ventricular tem uma incidência aumentada de 
fibrilação atrial em relação à população geral. O segundo grupo de taquicardias no 
grupo dos feixes acessórios pertencem àqueles pacientes onde a analise da 
eletrocardiografia de superfície (ECG e Holter) não demonstram pré-excitação 
ventricular. Neste grupo só é possível o desenvolvimento de taquicardias ortodromicas, 
visto que os feixes acessórios destes pacientes, têm condução no sentido ventrículo 
atrial exclusivamente, o que no passado era conhecido por feixe anômalo oculto (i.e. 
oculto no ECG em ritmo sinusal). 
Quanto ao diagnóstico, é essencial o registro do traçado eletrocardiográfico da crise por 
meio de Holter looper ou ECG de 12 derivações no pronto atendimento. Nos casos 
portadores de pré-excitação a suspeita do mecanismo da taquicardia é em muito 
facilitado. Para reversão da crise de taquicardia para ritmo sinusal podemos lançar Mão 
de manobras vagais ou mesmo adenosina nas formas ortodrômicas. Nas taquicardias 
antidrômicas a interrupção da taquicardia deve ser feita pela via acessória utilizando 
drogas do grupo I ou drogas do grupo III. Não se deve utilizar adenosina para reversão 
de taquicardias antidrômicas pelo risco relativo de fibrilação atrial pré-excitada. 
Devemos lembrar que a adenosina baixa o limiar do átrio para fibrilação atrial e sua 
infusão pode desencadear fibrilação atrial. Nos casos com instabilidade hemodinâmica a 
cardioversão elétrica sincronizada deve ser imediatamente realizada. 
No instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizamos as seguinte estratégia 
terapêutica: pacientes com idade inferior a 6 meses optamos por utilizar fármacos que 
bloqueiem os feixes acessórios combinados ou não aos betabloqueadores quando 
pacientes são portadores de WPW. Nos pacientes que não apresentam pré excitação 
devemos realizar a profilaxia com medicações que atuem no NAV (betabloqueadores ou 
bloqueadores de canais de cálcio - para pacientes acima de 1 ano). Pacientes acima de 6 
meses e abaixo de 10 anos independente da presença de pré excitação optamos por 
utilizar betabloqueadpores ou bloqueadores de canais de cálcio (acima de 1 ano) visto 
que, estes pacientes com coração estruturalmente normal não apresenta risco aumentado 
de FA e consequentemente morte súbita. Após os 10 anos caso não exista indicação 
formal para ablação, ou nos casos onde a família rejeite a ablação por radiofreqüência 
realizamos a profilaxia das taquicardias utilizando preferencialmente propafenona na 
dose de 10 a 15mg/kg dia, no entanto a utilização de amiodarona e sotalol também é 
possível. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Nos pacientes portadores de pré-excitação ventricular a indicação de ablação por 
radiofreqüência deve ser indicada nos casos de síncope, arritmias de difícil controle que 
são interpretadas como falha terapêutica, fibrilação atrial associada à pré-excitação 
(principalmente com intervalo de acoplamento inferior a 270 ms). Também deve ser 
indicada em pacientes que desejam praticar atividade física intensa, e em pacientes que 
desejem atuar em profissões de risco (motoristas profissionais, pilotos entre outras). 
Famílias que após receberem as orientações sobre riscos e benefícios do procedimento e 
desejarem a ablação, também devem ser encaminhadas. A utilização de métodos para 
estratificação de risco da síndrome de WPW, englobam a avaliação do comportamento 
da via acessória com Holter (na pesquisa de intermitência), teste ergométrico para 
avaliação do comportamento da via acessória no esforço (buscando desaparecimento 
abrupto da pré-excitação), cardioestimulação transesofágica e estudo eletrofisiológico 
(para estimar o período refratário da via acessória). No Instituto Dante Pazzanese de 
Cardiologia, optamos por utilizar na infância a cardioestimulação transesofágica como 
opção ao estudo eletrofisiológico. 
Figura 19 – ECG de 12 derivações em paciente de 6 anos em crise de TPSV por 
reentrada atrioventricular. Observe FC elevada, infradesnivelamento > 2mm em V5 e 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
V6, alternância elétrica visível neste ECG em D2 e onda P retrograda a mais de 70ms 
do início do complexo QRS 
Figura 20 – ECG com derivação esofágica (visível na derivação V1) evidenciando 
RP’ de 120ms em uma taquicardia por reentrada atrioventricular 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 21- Traçado de Holter em um adolescente evidenciando a presença de pré 
excitação ventricular intermitente 
Figura 22 – Taquicardia por reentrada atrioventricular antidrômica em paciente 
portador de via anômala a direita 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 23 – ECG de uma fibrilação atrial associada a WPW em um adolescente com 
história de síncope. Observe a intensa irregularidade dos intervalos RR e complexos 
QRS com diferentes durações 
Figura 24 - Menina de 12 anos submetida a cardioestimulação transesofágica no 
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia para investigação de taquicardia de início e 
término súbito ainda sem diagnóstico 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 24- Esquema de indicação de ablação por radiofreqüência na infância e 
adolescência utilizado no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia 
Arritmia ventriicular e taquicardia ventricular 
Podemos classificar as arritmias ventriculares quanto a localização em arritmias de 
ventrículo direito e arritmias de ventrículo esquerdo. De forma geral nas arritmias do 
ventrículo direito observamos complexos QRS negativos em V1 (morfologia tipo BRE 
e nas arritmias originadas do ventrículo esquerdo observamos complexos QRS positivos 
em V1 (morfologia tipo BRE). 
Nas arritmias do ventrículo esquerdo na infância (taquicardias ventriculares fasciculares 
encontramos taquicardias com complexos QRS relativamente estreitos e morfologia tipo 
BRD associado a hiperdesvio para esquerda(BDAS) – vide exemplo abaixo 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura evidenciando a presença de taquicardia ventricular fascicular em adolescente 
de 14 anos com coração estruturalmente normal. Observe os complexos relativamente 
estreitos e BRD associado a BDAS 
Na infância as arritmias idiopáticas do ventrículo direito principalmente as originadas 
da via de saída do ventrículo direito ganham importância. Sua benignidade quanto ao 
risco de morte súbita leva o médico a utilizar predominantemente medicações 
betabloqueadoras apenas para o tratamento dos sintomas. A ablação por radiofreqüência 
pode ser realizada nos casos de desejo do paciente ou nas situações de risco expostas na 
análise da síndrome de WPW. Casos que se apresentarem como taquicardias 
ventriculares (diagnóstico diferencial feito utilizando os critérios de Brugada 
modificados que apresentarem instabilidade hemodinâmica devem ser tratados com 
cardioversão elétrica sincronizada de 2 a 4 J por Kg. No entanto é de suma importância 
a diferenciação entre arritmia idiopática de ventrículo direito e displasia arritmogênica 
do ventrículo direito o que veremos na evolução do capítulo 
O papel das síndromes elétricas determinadas geneticamente 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Podemos determinar entre as crianças um grupo especifico de pacientes,que, a principio 
,não apresentam doenças cardíacas estruturais mas, por condições genéticas especificas, 
apresentam um risco maior de morte súbita devido a alterações canaliculares 
(canaliculopatias). Da mesma forma existem condições onde modificações estruturais na 
estrutura miocárdica, como na displasia arritmogênica de ventrículo direito, onde a 
substituição progressiva do miocárdio por áreas de fibrose e ou gordura determinarão na 
maioria das vezes eventos arrítmicos ventriculares graves na adolescência e principalmente 
na idade adulta. 
Nestas condições, o conhecimento destas entidades pelo pediatra pode determinar a 
diferença entre a vida e a morte possibilitando o tratamento e a intervenção precoce, 
minimizando assim os efeitos e riscos que podem levar a criança à morte 
Pertencem ao grupo de doenças canaliculares a Síndrome do QT longo, a Síndrome de 
Brugada, a taquicardia ventricular catecolaminérgica e a nova condição de Síndrome do 
QT curto. Também nos deteremos na pesquisa da displasia arritmogênica de ventrículo 
direito (situação que depende da busca ativa dos casos em fase inicial), em pacientes 
portadores de arritmias ventriculares originadas do ventrículo direito . 
Síndrome do QT longo congênito 
Descrita inicialmente no inicio da década de 50, podemos determinar dois grandes grupos 
baseados na sua forma genética de herança. Uma primeira forma autossômica recessiva, 
também chamada pelo nome de seus descritores Jerve Lange Nilsen (JLN), e outra 
autossômica dominante conhecida como Síndrome de Romano Ward. De maneira geral a 
forma autossômica recessiva tem incidência que varia entre 1,6 a 6 casos por milhão de 
habitantes, sendo caracterizada por pior evolução e associação com doenças extra 
cardíacas particularmente casos de surdez congênita. A forma autossômica dominante 
encontra incidência variando entre 1 caso para 5000 a 10000 habitantes, dados estes 
provavelmente subestimados devido à falta de diagnóstico. 
Quanto à mortalidade podemos encontrar índices elevados de eventos fatais alcançando 
até 70% na evolução natural133-134 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Na era pré genômica já era possível o diagnóstico de duas formas autossômicas recessivas 
e 7 formas autossômicas dominantes envolvendo comprometimento de diversos genes e 
acometendo diferentes correntes iônicas. Hoje se acredita existir mais de 10 variações 
genotípicas para a forma autossômica dominante. Os genes acometidos e as correntes 
iônicas envolvidas nas 7 formas autossômicas dominantes principais encontram-se 
demonstradas na figura abaixo: 
Figura 25 – Figura do potencial de ação clássico e as principais alterações genéticas e 
de correntes iônicas envolvidas na síndrome do QT longo congênito. Ikr - canais rápidos 
de K, Ikr- canais lentos de K; INa- canais de sódio. Entre parênteses a descrição do gene 
acometido 
O diagnóstico da síndrome do QT longo congênito é baseado na análise do intervalo QT 
(no eletrocardiograma) e na pesquisa de sinais e sintomas associados ao quadro clínico. 
Assim podemos, na prática clínica, estabelecer um score de probabilidade diagnóstica 
mais preciso e estabelecer as medidas terapêuticas. 
A avaliação do intervalo QT pode ser feita no ECG de 12 derivações utilizando a 
derivação onde o QT se mais facilmente visível (principalmente seu termino) e onde 
possamos encontrar o intervalo mais longo o que geralmente ocorre nas derivações 
precordiais. Devemos realizar a média de 3 a 5 batimentos para maior fidedignidade da 
medida. 
Alterações morfológicas da onda T, tipo alternância ou dismorfismos na onda T, tem 
importância assim como a medida da dispersão do intervalo QT (diferença entre o maior 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
e o menor QT de um eletrocardiograma de 12 derivações – valor limite 100 ms). Como na 
infância, a FC varia conforme a idade o cálculo do intervalo QT corrigido pela fórmula 
de Bazzet se torna mais importante. No entanto, a correção dos valores foi estabelecida 
para FC variando entre 60 e 100 bpm o que muitas vezes é insuficiente. 
Como limite superior da normalidade encontramos intervalo QT corrigido de 440ms. 
Lembramos que para que os cálculos sejam precisos os intervalos devem ser médicos em 
segundos antes de aplicarmos a Formula de Bazzet 
Figura 26 – ECG de 12 derivações de um adolescente portador de síndrome de QT 
longo congênito. Observe os maiores intervalos QT encontram-se nas precordiais 
direitas 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 27 – Formula de Bazzet observe que quando a onda U se funde a onda T a 
medida do intervalo QTU é necessária. Se a onda T e a onda U estiverem distintas no 
traçado eletrocardiográfico não se faz necessária a inclusão da ondaU 
A manifestação arrítmica clássica da síndrome do QT longo é uma taquicardia ventricular 
polimórfica chamada Torsade de pointes. Do ponto de vista eletrocardiográfico esta 
arritmia se caracteriza pela presença de uma taquicardia rápida com mudanças 
freqüentes no eixo dos complexos QRS podendo ser auto limitada ou degenerar para 
fibrilação ventricular. 
Raramente o paciente com Torsade de pointes refere algum sintoma mesmo na 
adolescência ou idade adulta. A principal manifestação clínica são episódios de sincope. 
Nas forma autossômica dominante tipo I e II o estresse adrenérgico seja físico (LQT1) ou 
auditivo/ emocional (LQT2) constitui o gatilho para os eventos,. Na síndrome do QT longo 
tipo 3 a bradicardia é o gatilho principal para a arritmia se assemelhando muitas vezes à 
Síndrome de Brugada (os eventos geralmente ocorrem no repouso). 
A sequência clássica do torsade pointes envolve um batimento ectópico precoce seguido 
de uma pequena pausa compensatória. Na sequência um batimento normal com uma onda 
T bizarra é novamente seguido batimento precoce que gera o Torsade de pointes 
“sequência curto-longo- curto”. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Exames como o teste ergométrico e o Holter de 24 horas podem auxiliar no diagnóstico 
diferencial demonstrando prolongamento do intervalo QT no esforço ou durante a noite 
respectivamente. 
Figura 28 – Holter demonstrando evolução auto limitada de um Torsade de pointes. 
Observe a sequência “curto–longo-curto” gerando a taquicardia 
Figura 29 – Detalhe do traçado eletrocardiográfico de um Holter demonstrando o início 
de um Torsade de pointes. Observe a sequência “curto–longo-curto” gerando a 
taquicardia. 
Aos dados da análise do ECG devemos acrescentar dados clínicos da história do paciente 
tais como: presença de Torsade pointes, alternância de onda T, baixa freqüência 
cardíaca, história e tipo de síncope, historia familiar de QT longo ou morte súbita entre 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
jovens. 
Tabela 1 – Score diagnóstico para Síndrome do QT longo (<1 = baixa probabilidade; 
2-3 = probabilidade intermediária; >4 alta probabilidade) 
O tratamento adequado da síndrome do QT longo congênito passa pela estratificação de 
risco para morte súbita identificando os principais fatores de risco de acordo com a forma 
de apresentação clínica. O combate aos gatilhos deflagradores do Torsade de pointes, 
assim como a profilaxia primaria e secundária de morte súbita com desfibriladores 
implantáveis e marca-passos fazem parte do arsenal terapêutico. Podemos identificar 
grupos de maior risco para morte súbita analisando as medidas do intervalo QT, as formas 
de apresentação, o sexo , a presença de eventos prévios (síncope ou arritmias 
ventriculares). Assim, pacientes com intervalos QT acima de 600 ms, história prévia de 
síncope, forma LQT3,por exemplo, apresentam-se no grupo de alto risco e a terapia mais 
agressiva com fármacos e desfibriladores implantáveis se faz necessária. O estudo genético 
identificando formas de alto risco para morte súbita é uma possibilidade real para o futuro, 
mas no momento encontram-se muito distantes dos consultórios cardiológicos. 
Estudo recente com 3015 casos de QT longo observou que pacientes portadores de 
LQT3, sexo masculino, história prévia de síncope e intervalos QT acima de 500 ms 
encontram-se mais expostos a eventos súbitos e morte.140 
Quanto à abordagem medicamentosa objetivamos principalmente diminuir o estresse 
adrenérgico sobre o coração. O aumento do tônus simpático constitui a principal forma 
de gatilho nas formas autossômicas dominantes 1 e 2. O uso de betabloqueadores em 
altas doses, combinadas ou não com a terapia com marca-passo ou desfibriladores, 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
reduzem de maneira significativa a mortalidade. Os fármacos utilizados são os 
betabloqueadores que envolvem o propranolol (1 a 4 mg/kg/dia) , o nadolol (1 a 5 
mg/Kg/dia –max 240mg) ou atenolol (1 a 2 mg/Kg/dia) facilmente encontrados em 
nosso meio. Outras opções menos utilizadas para controle do estresse adrenérgico são a 
denervação cardíaca e a ressecção do gânglio estrelado 
Estudo recente tem demonstrado alta eficácia do tratamento com betabloqueadores no 
tratamento de formas adrenérgico dependentes. Isto serviria como opção ao tratamento 
primário com desfibriladores. 
Tabela 2 – Estratificadores de risco e formas de profilaxia primária e secundária 
Síndrome do QT longo (Europace 2002; 4:3-18) 
Síndrome de Brugada 
Descrita inicialmente em 1992 pelos irmãos Brugada esta canaliculopatia que afeta os 
canais de sódio e pode ter padrão familiar é causada por mutações no gene SCN5A. esta 
mutação gera alterações eletrofisiológicas complexas e modificações clássicas no ECG 
de superfície, especialmente nas derivações precordiais direitas. 
Suas manifestações são raras no período neonatal, porém pode estar envolvida em casos 
de morte súbita no berço. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Podemos identificar além do eletrocardiograma típico da Síndrome de Brugada 
(morfologia tipo bloqueio de ramo direito visível apenas de V1 a V3 e 
supradesnivelamento do segmento ST com característica descendente e ondas T 
negativas em V1 e V2 e supra desnivelamento de V3 – “padrão coved type”) outros dois 
tipos de padrões eletrocardiográficos que devem ser investigados em pacientes com 
quadros de síncope. Nestes casos testes farmacológicos com drogas do grupo I 
(procainamida 10mg/kg, ajmalina 10 mg/kg ou flecainida 2 mg/kg) podem converter 
estes traçados eletrocardiográficos no eletrocardiograma típico da síndrome com o 
padrão “coved type”. Em nosso, meio pela escassez destes medicamentos no mercado 
nacional, indícios indicam que o uso da propafenona também pode desmascarar o 
eletrocardiograma típico. 
Atualmente, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizamos 1,5 mg/Kg de 
propafenona infundida em 20 minutos na tentativa de evidenciar o ECG típico da 
Síndrome. 
Figura 30 – Amostra de três tipos de ECG nas derivações precordiais V1,V2 e V3 de 
cima para baixo respectivamente. Os pacientes com ECG tipo 2 e tipo 3 na vigência 
de síncope necessitam de investigação com teste farmacológico 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Existem casos onde os achados típicos da síndrome assumem características 
intermitentes. Desta forma, o aparecimento espontâneo das alterações elétricas denota 
maior gravidade e seu desaparecimento de forma intermitente não tem valor prognóstico 
de benignidade. 
Figura 31 – ECG de 12 derivações de um paciente de 9 anos com história de síncope. 
Observe as alterações típicas da Síndrome de Brugada em V1,V2 e V3 
Figura 32 – ECG em V1,V2 e V3 de um adolescente com Síndrome de Brugada e 
ECG “coved type” 
Dentre os marcadores de pior prognóstico estão: sexo masculino, presença de síncope 
prévia e padrão eletrocardiográfico espontâneo. Pacientes portadores de Síndrome de 
Brugada associado à eventos arrítmicos documentados e ou síncope devem ser 
encaminhados para implante de desfibrilador implantável. Os casos que se apresentam 
com ECG tipo 1, porém sem histórico prévio de síncope, devem ser encaminhados para 
o estudo eletrofisiológico com a finalidade de se desencadear arritmias ventriculares 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
malignas (taquicardia ventricular sustentada e fibrilação ventricular) que sustentem a 
implantação de um cardiodesfibrilador implantável (CDI). 
As opções de tratamento clínico farmacológico não estão totalmente comprovadas. 
Ataulmente se restringem ao uso de quinidina em baixas doses durante as tempestades 
elétricas e ao uso de cilostozol (sem doses estipuladas na infância) em relatos 
esporádicos. 
Figura 33 – Pirâmide de risco dos pacientes com síndrome de Brugada . À esquerda 
observamos risco relativo de morte súbita em comparação à população geral. 
Taquicardia ventricular catecolaminérgica 
Descrita inicialmente por Coumel em 1978 e mais extensivamente por Leenhardt em 
1995, manifesta-se principalmente como um quadro de síncope recorrente relacionada 
ao esforço físico e estresse emocional em crianças e jovens sem cardiopatia estrutural. O 
estresse adrenérgico combinado a mutações no gene da rianodina (RyR2) ou da 
calsequestrina desencadeiam episódios de taquicardia ventricular polimórfica ou 
bidirecional, que podem culminar com fibrilação ventricular e morte. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
As taquicardias ventriculares catecolaminérgicas possuem uma alta mortalidade , em 
torno de 30% a 50%, entre 20 e 30 anos de idade. Os fatores de pior prognóstico são: o 
sexo masculino, a presença de alteração do RyR2 e manifestação clínica precoce 146-8. 
A terapia com betabloqueadores, visa primordialmente agir na situação deflagradora 
evitando os episódios malignos. No entanto, nos pacientes onde a terapia anti 
adrenérgica (que pode envolver também denervação cardíaca e ressecção do gânglio 
estrelado) falha, a combinação com implante de desfibrilador implantável se faz 
necessária. 
Dentre os métodos diagnósticos utilizados no diagnóstico o Holter e principalmente o 
teste ergométrico (que pode ser realizado em mãos experientes já abaixo dos 4 anos) 
possibilita o diagnóstico dos mecanismos deflagradores, evidenciando padrões de 
taquicardia ventricular polimórfica desencadeada pelo esforço. Nestes casos, o teste 
ergomátrico serve não só para o diagnóstico, mas também para o controle terapêutico 
comparativo após a terapia anti adrenérgica. 
O cardiodesfibrilador implantável torna-se mandatório nos pacientes com resposta 
ausente ou incompleta as medidas clínicas. 
A avaliação genética familiar torna-se interessante à medida que pode identificar 
portadores assintomáticos que se beneficiam de terapia como betabloqueador mais 
precocemente. Também tem sido sugerido que a doença deve ser investigada em casos 
de eventos cardíacos deflagrados durante a prática esportiva. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 34 e 35 – Teste ergométrico de criança de 3 anos e 11 meses evidenciando 
taquicardia ventricular polimórfica induzida por esforço durante a investigação de 
quadro de síncope. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Displasia arritmogênica do ventrículo direito 
De rara apresentação no período neonatal,esta anormalidade genética caracteriza-se pela 
progressiva substituição da musculatura cardíaca por áreas de infiltração gordurosa e 
fibrose. Este fato gera o substrato anatômico para o desenvolvimento de arritmias 
ventriculares mantidas por circuitos de reentrada. 
Como se trata de uma doença progressiva, raramente as manifestações ocorrem nos 
primeiros anos de vida, porém quando isto acontece denota a gravidade do caso. 
A principal manifestação clínica são arritmias ventriculares originadas do ventrículo 
direito geralmente em sua via de saída (extra sístoles ventriculares negativas em V1 e 
positivas na parede inferior –D2, D3 e aVF). 
A investigação dos casos deve ser ativa e intensa, com a finalidade de identificar 
precocemente os casos e instituir a terapêutica. 
Seu diagnóstico diferencial principal é feito com arritmias idiopáticas da via de saída 
do ventrículo direito que tem conotação benigna, sendo tratadas apenas quando 
sintomáticas. 
Para a investigação diagnóstica,que deve ser evolutiva e repetida em diversos momentos 
da vida da criança e do adolescente, podemos lançar mão do eletrocardiograma de 
superfície, do eletrocardiograma de alta resolução, do teste ergométrico e do Holter 
além dos exames de imagem tais como a ecocardiografia bi e 
tridimensional e a ressonância magnética do coração. 
Desta forma, buscamos na análise laboratorial sinais sensíveis, tais como a presença de 
ondas T negativas de V1 a V3 fora da infância e empastamento da porção terminal dos 
complexos QRS (nadir do S final do QRS superior a 55ms – presente em 95% dos casos 
adultos de displasia arritmogênica do VD) ou sinais específicos. 
A presença de onda Épsilon (tradução eletrocardiográfica de superfície dos potenciais 
tardios do ECGAR) é considerada um sinal específico de grande importância clínica . 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Alterações de magnitude nas câmaras direitas nos exames de imagem (dilatação ou 
disfunção importantes do ventrículo direito) constituem sinais clínicos de peso no 
diagnóstico desta doença. Raramente existe acometimento do ventrículo esquerdo, mas 
quando isto ocorre esta associado a pior evolução. A detecção de infiltração gordurosa 
nos exames de imagem como a RNM são característicos, mas nem sempre referidos. Da 
mesma forma pacientes portadores de grande número de arritmias ventriculares 
submetidos particularmente a RNM, pode receber falsos diagnósticos 152-54. 
Figura 36 – ECG demonstrando arritmia ventricular de via de saída do ventrículo 
direito 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 37 – ECG de uma adolescente de 14 anos portadora de displasia 
arritmogênica de ventrículo direito. Presença de onda épsilon – Observe em V1 a 
onda positiva juntamente ao final do complexo QRS 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 38 – ECG de uma adolescente de 14 anos portadora de displasia 
arritmogênica de ventrículo direito. Taquicardia ventricular originada do ventrículo 
direito (negativa em V1). Observe a presença de dissociação atrioventricular em V1 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Figura 39 – RNM do coração eixo curto evidenciando grande dilatação da via de 
saída do ventrículo direito em adolescente portadora de displasia arritmogênica de 
ventrículo direito 
Quanto à abordagem terapêutica, pacientes com eventos cardíacos (taquicardia 
ventricular sustentada e fibrilação ventricular) devem ser encaminhados para profilaxia 
secundária com desfibriladores implantáveis sempre associado à terapia antiarrítmica 
(com sotalol ou amiodarona combinados ou não ao uso de betabloqueadores). Pacientes 
que não apresentaram eventos, que os encaixem na profilaxia secundária, devem ser 
tratados com medicação antiarrítmica e eventualmente ablação do foco arritmogênico, 
com o intuito de modular a resposta aos fármacos. Também devemos estratificar o risco 
destes pacientes encaminhando-os para o estudo eletrofisiológico com a intenção de 
desencadear arritmias malignas e implantar o CDI como forma de profilaxia primária. 
Miocárdio não compactado 
A não compactação do miocárdio durante a vida fetal pode gerar graus variáveis de 
disfunção miocárdica mecânica e elétrica. 
A síndrome do miocárdio não compactado caracteriza-se pela presença de trabeculações 
profundas no ventrículo esquerdo e relação ecocardiográfica do miocárdio não 
compactado/miocárdio compacto maior que 2. 
Os casos podem variar desde o simples diagnóstico ecocardiográfico ate casos de 
disfunção ventricular e arritmias cardíacas severas que podem levar o paciente a morte. 
Figura 40 – ECG 12 derivações evidenciando bloqueio de ramo esquerdo em criança 
de 2 anos portadora de miocárdio não compactado 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Aproximadamente 75% dos casos apresentam alguma alteração eletrocardiográfica. As 
manifestações mais freqüentes são sobrecarga ventricular, bloqueios de ramo, síndrome 
de WPW e alterações da repolarização ventricular. As arritmias ventriculares são 
complicações graves e podem levar a morte súbita. Apenas casos extremamente severos 
se manifestam no período neonatal, no entanto 56% dos diagnósticos se estabelecem no 
primeiro ano de vida. Outra complicação temida são os fenômenos tromboembólicos. 
A incidência de arritmias variam nas diversas séries. Para arritmias ventriculares 
encontramos incidência que caria entre 18 e 47%. Para arritmias supraventriculares a 
incidência varia entre 13 e 29% 
Figura 41 – ECG 12 derivações evidenciando taquicardia ventricular de complexos 
QRS relativamente estreitos. O diagnóstico ficou facilitado pelo conhecimento da 
presença de bloqueio de ramo esquerdo prévio – figura 40 
O tratamento para as arritmias supraventriculares e ventriculares devem seguir os 
preceitos gerais dependendo do diagnóstico e a profilaxia primária com desfibriladores 
implantáveis para as arritmias malignas ainda não está totalmente estabelecida. 
Arritmias Após Correção Cirúrgica de Cardiopatias Congênitas 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
O período pós-operatório é contemplado por diversas formas de arritmias. Para fins 
diagnósticos dividir as taquicardias em taquicardias de complexos QRS estreitos e 
taquicardias de c omplexos QRS alargados. Quando no ECG visualizamos taquicardias 
de complexos QRS largos na infância geralmente são de origem ventricular. No entanto a 
presença de bloqueio no pos operatório pode dificultar o diagnostico. No entanto, 
taquicardia supraventricular com aberrância de condução, ao contrário dos adultos, ocorre 
em apenas 2% das crianças sem bloqueio de ramo pré existente. Na análise do ECG 
devemos observar os limites da FC para as diferentes faixas etárias. 
Tabela 3 - Freqüência cardíaca para as diferentes idades 
Idade Min 5% Média 95% Max DP 
0-24 h 85 94 119 145 145 16,1 
1-7 dias 100 100 133 175 175 22,3 
8-30 dias 115 115 163 190 190 19,9 
1-3 meses 115 124 154 190 205 18,6 
3-6 meses 115 111 140 179 205 21,0 
6-12 meses 115 112 140 177 175 18,7 
1-3 anos 100 98 126 163 190 19,8 
3-5 anos 55 65 98 132 145 18,0 
5-8 anos 70 70 96 115 145 16,1 
8-12 anos 55 55 79 107 115 15,0 
12-16 anos 55 55 75 102 115 13,5 
Do ponto de vista temporal as arritmias podem ocorrer no período pós-operatório 
precoce (onde a criança ainda esta no ambiente hospitalar) ou no período pós alta 
hospitalar. Devido à grande variedade de cardiopatias congênitas podemos dividir as 
cirurgias em cirurgias com manipulação atrial, cirurgias com manipulação ventricular, 
cirurgias paliativas para a correção de coração univentricular (Cirurgias cavopulmonar) 
e cirurgias que envolvem cardiopatias associadas à presença de isomerismo atrial. 
Durante o período de internação 
A incidência de arritmias no pós operatório varia de forma significativa nos diversos 
estudo estando muito provavelmente subestimadas em nosso meio girando ao redor de 
8% em uma série de 610 cirurgias cardíacas congênitas 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Tabela 4 – Correlação entre tipo de cardiopatia congênita e possíveis arritmias 
Condição clínica Substrato Arritmias pré ou pós operatórias Comentários 
Comunicação interatrial Dilatação do átrio direito (pré 
operatório) 
Atriotomia e manipulação atrial 
(pós operatório) 
Taquicardia atrial (pré e pós) 
Flutter atrial (pré e pós) 
Fibrilação atrial (pré e pós) 
Lesão mecânica pós operatória do sistema 
elétrico do coração (pós) 
Fibrilação, flutter atrial e 
taquicardia atrial geralmente 
surgem na evolução tardia 
Comunicação 
interventricular 
Lesão cirúrgica do sistema de 
condução ou processo inflamatório 
pós CEC 
Bloqueios atrioventriculares (pós) 
Taquicardia juncional (pós) 
Taquicardias ventriculares (pré e pós com 
disfunçãomiocárdica) 
Episódios de taquicardia 
juncional ocorrem 
predominantemente nos 
primeiros dias de pós operatório 
Transposição corrigida 
de grandes artérias (L-TGA) 
Distorção do sistema de condução 
pela inversão ventricular, lesão 
cirúrgica 
Bloqueios atrioventriculares até BAVT Pode ocorrer espontaneamente ou 
no pós operatório de 
ventrículosseptoplastia, por 
exemplo 
Isomerismo atrial Esquerdo: ausência de nodo 
sinusal; 
Direito: Dois nodos sinusais; 
Presença de dois nodo 
atrioventricular (possível) 
Arritmias atriais (ritmos atriais ectópicos, 
taquicardia atrial multifocal) 
Taquicardia por reentrada atrioventricular por 
feixes acessórios ou por dois NAV 
Pode ter diversas arritmias atriais 
primarias ou secundárias a 
procedimentos cirurgicos 
Tetralogia de Fallot Disfunção e dilatação doVD 
Lesão pós operatória 
Arritmias ventriculares (simples ou 
complexas) 
Maior risco quantomais tardio o pós 
operatório e maior idade na correção cirúrgica 
Risco de morte súbita e arritmias 
malignas quando QRS maior que 
180ms, insuficiência pulmonar 
importante e disfunção de VD 
Anomalia de Ebstein Dilatação atrial e feixes anômalos Arritmias atriais (Flutter e FA) 
WPW 
Maior incidência de feixes 
anômalos que a população geral. 
Normalmente feixes a direita 
Miocardiopatia 
hipertrófica 
Feixes acessórios 
Mecanismos de reentrada na 
musculatura ventricular 
TPSV por macrorrentrada atrioventricular 
Arritmias ventriculares (simples ou 
complexas) 
Septo maior que 30mm, síncope, 
TVNS, TVS e história familiar de 
morte súbita são critérios de 
gravidade 
Durante a internação no pós-operatório de cirurgia cardíaca congênita o simples 
eletrocardiograma acompanhado ou não de derivações especiais (com uso de foi de 
marca-passo atrial, cateter de derivação esofágica ou derivações modificadas como 
derivações de Lewis) é o principal método diagnostico, visto a intensa vigilância das 
equipes de saúde. 
A presença dos fios de marca-passo, principalmente os implantados no átrio constitui 
uma arma poderosa para o diagnóstico preciso das arritmias de pós-operatório. As 
cirurgias com manipulação dos átrios e das valvas atrioventriculares ficam propensas às 
arritmias atriais (taquicardia atrial, fibrilação atrial ou flutter atrial) e a presença do fio 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
de marca-passo atrial propicia uma derivação univentricular (V1) com nítida 
visualização da onda P ou F (se estas existirem). Taquicardias atriais podem se 
confundir com o flutter atrial devido à freqüência atrial rápida e não são raras freqüências 
acima de 250 batimentos por minuto.3 Nos casos onde não é possível determinar com 
clareza a forma de arritmia atrial, a utilização de manobras vagais ou mesmo adenosina 
permite no ambiente hospitalar o registro da atividade elétrica supraventricular. A 
presença ou ausência de fase isoelétrica entre duas ondas F determina o diagnóstico. Em 
cirurgias com manipulação ventricular o processo inflamatório ou a circulação extra-corpórea 
(principalmente quando prolongada) geram taquicardias juncionais (JET) ou 
taquicardias de complexos QRS alargados que muitas vezes causam dificuldade 
diagnóstica (entre as taquicardias ventriculares ou taquicardias associadas a bloqueios 
de ramo permanentes ou aberrância de condução). Ocorre preferencialmente crianças 
com menos de 1 ano de vida sendo na forma não paroxística que esta arritmia ganha 
importância no pós operatorio (mais comum) fruto da CEC, hipóxia, desequilíbrio 
eletrolítico ou trauma cirúrgico que lesa as células na região do feixe de His e raramente é 
encontrada em crianças com coração normal8. 
Para taquicardias de complexos alargados nem sempre a aplicação dos critérios de 
Brugada mesmo que agregados aos novos critérios para taquicardias de complexos 
alargados são uteis. A pesquisa da dissociação atrioventricular nesta fase é muito útil ao 
diagnóstico. O mesmo se aplica às taquicardias juncionais. Nos pacientes com 
taquicardias juncionais ou nos pacientes portadores de taquicardias de complexos QRS 
alargados a presença dos fios de marca-passo no átrio conectados a uma derivação 
unipolar permite o registro da dissociação atrioventricular em até 50% dos casos de 
taquicardia ventricular. Na ausência dos fios de marca-passo atrial, o registro do ECG 
de superfície fornece em 12 derivações permite a analise do traçado da crise 
diferenciando taquicardias de complexos QRS estreito das taquicardias de complexos 
QRS largo (taquicardias ventriculares, taquicardias supraventriculares com aberrância, 
taquicardias supraventriculares com condução aberrante ou com bloqueio de ramo pré 
existente, taquicardia por reentrada atrioventriculares antidrômicas e fibrilação atrial pré 
excitada) das taquicardias de complexos QRS estreitos (taquicardias supraventriculares 
ou taquicardias ventriculares fasciculares – raras no pós operatório). 
Na investigação da dissociação atrioventricular, ou ainda na pesquisa de da relação 
entre ondas P e complexos QRS, o registro da onda P com derivação transesofágica ou 
derivação de Lewis pode ser útil. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
No período intra hospitalar podemos esperar na evolução pos operatória de cirurgias 
com manipulação atrial arritmias atriais como fibrilação atrial, taquicardia atrial, flutter 
atrial. Neste grupo de cirurgias encontraremos os fechamentos de CIA, correção das 
drenagens anômalas parciais e totais, as plastias valvares da anomalia de Ebstein e dos 
defeitos do septo atrioventricular e a plastias de valva mitral. Com evolução da idade do 
paciente submetido à cirurgia as arritmias atriais tipo fibrilação atrial e flutter no pos 
operatório vão se tornando mais freqüentes ficando as taquicardias atriais mais 
freqüentes no período da infância. Nas cirurgias com manipulação ventricular (correção 
de comunicação interventricular, por exemplo) ou nos casos onde a circulação 
extracorpórea foi capaz de deixar a junção atrioventricular hiper reativa a principal 
complicação arrítmica são as taquicardias juncionais. Nestes casos o registro do ECG de 
12 derivações é fundamental fazendo com que possamos estabelecer o diagnostico 
correto da arritmia. Este método pode ser auxiliado pelo registro da derivação 
intracardíaca com o fio de marca-passo atrial ou mesmo pela utilização da derivação 
esofágica. Nesta arritmia a utilização da manobra vagal para o diagnóstico, no geral, 
resulta infrutífera. 
As taquicardias por reentrada com participação da junção atrioventricular são facilmente 
elucidadas pelo ECG e confirmadas pela interrupção da taquicardia com manobra vagal 
ou adenosina. 
Nas taquicardias por reentrada nodal na maioria dos casos não é possível a visualização 
da onda P podendo vir acompanhadas de pulsações cervicais e ganha importância entre 
pacientes portadores de cardiopatia congênita operados na idade adulta. 
As taquicardias por reentrada atrioventriculares (com pré excitação- síndrome de WPW 
ou naquelas onde a presença do feixe só pode ser feita durante a taquicardia – vias de 
condução retrograda exclusiva) ocorrem com maior freqüência em pacientes portadores 
de anomalia de Ebstein, miocardiopatia hipertrófica e miocárdio não compactado. Nos 
casos de pré-excitação ventricular o simples ECG de 12 derivações pode fornecer o 
diagnóstico e ainda informar de forma mais precisa a localização da via acessória. 
Quando o paciente apresenta queixa de taquicardia deve ser prontamente realizado. A 
presença de fios de marca-passo atrial possibilita o registro perfeito das ondas P 
retrogradas o que auxilia em muito a diferenciação dos circuitos de micro e macro 
reentrada pela análise do intervalo RP´. Nos casos de registro da crise devemos sempre 
tentar o registro da saída da taquicardia mantendo o ECG conectado e ligado durante a 
reversão em derivações isoladas ou simultâneas. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
Nos casos onde o NAV é um expectador da arritmia (taquicardia 
sinusal/atrial/flutter/fibrilação atrial) a diminuição da resposta ventricular permite a 
análise detalhada do que ocorre no território supraventricular. 
Quanto às bradicardias que ocorrem no período intra hospitalar o registro do ECG de 
12 derivações permite a análise das bradicardias por alteração na formação do estimulo 
(bradicardias sinusais, bloqueios sinoatriais de segundo grau ou mesmo pausas 
sinusais), a presença de alterações na condução do estimulo aos ventrículos manifestado 
pelos bloqueios atrioventriculares de primeiro segundo e terceiro grau assim como suas 
variantes. 
As bradicardias podem ocorrer em quase todos os pacientes submetidos a 
procedimentos cirúrgicos ou por edema local próximo ao nó sinusal ou devido a 
mecanismos inflamatórios ou mecânicos que danifiquem o sistema de condução em 
qualquer dos seus níveis. Raramente durante o período de internação para o diagnostico 
lançamos mão de outros métodos diagnósticos não invasivos para a pesquisa dos 
eventos arrítmicos ou mesmo na estratificação de risco para morte súbita. No entanto o 
Holter de 24 horas pode auxiliar a quantificar as arritmias e buscar com mais facilidade 
períodos de bloqueios ou batimentos bloqueados que podem ser fugazes e passar 
despercebidos da equipe de assistência. 
Arritmias e estratificação de risco no período extra Hospitalar e no pós operatório 
tardio 
Neste período ganham importância as manifestações clinicas (palpitações, por exemplo) 
e o conhecimento do cardiologista pediátrico sobre os métodos que podem ser utilizados 
para a triagem destes pacientes. Pacientes com queixas de palpitação devem ser 
inquiridos sobre as suas características, forma de inicio, fatores desencadeantes, 
freqüência de surgimento e duração total dos sintomas. Queixas duradouras que 
permitam o tempo para acesso ao serviço de saúde devem ser encaminhados para 
registro do ECG de “crise” possibilitando assim a correlação clinico eletrocardiográfica 
precisa. Pacientes portadores de cirurgia tipo cavopulmonar e adultos podem evoluir 
com fibrilação atrial paroxística assintomática ficando o diagnóstico critério da busca 
ativa com Holter ou a utilização de monitorização mais prolongada como o Holter de 
sete dias. Num relato de 22 anos de experiência no seguimento clínico de 35 casos de 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
fibrilação atrial em crianças com idade variando entre 1 dia e 19 anos (idade média 8 
anos), Radford e Izukawa demonstraram que a arritmia ocorreu em diversas condições 
clínicas, mas principalmente associada à correção cirúrgica de cardiopatias.A grande 
questão da investigação ocorre quando os sintomas não são freqüentes o bastante para 
serem flagrados com o Holter ou quando não duram tempo o suficiente que permita ao 
paciente procurar a assistência médica para registro da arritmia. Nestes casos a 
utilização do monitor de eventos externo por até 30 dias possibilita o registro da 
correlação clinico eletrocardiográfica e elucidação do quadro varia entre 50 a 70% dos 
casos. Nestes casos aproximadamente 10% dos casos necessitam de intervenção médica 
rápida após transmissão dos eventos .Outra maneira de investigar pacientes com 
taquicardias de inicio e termino súbito onde exista a possibilidade da presença de 
taquicardias mantidas por reentrada pela junção atrioventricular é a cardioestimulação 
transesofágica (CETE). O CETE também permite na síndrome de pré excitação a 
avaliação do período refratário da via acessória. Outra utilidade do Holter é a detecção 
de pré excitação ventricular intermitente durante principalmente os episódios de 
bradicardia. 
A abordagem das arritmias ,no pos operatório tardio da tetralogia de Fallot, combinado 
aos métodos de imagens (principalmente o ecocardiograma) podem fornecer fatores 
preditores do risco de morte súbita. A análise do ECG na tetralogia de Fallot em ritmo 
sinusal permite a avaliação da duração dos complexos QRS e de maneira seqüencial ao 
longo dos anos permite calcular a velocidade do alargamento destes complexos como 
fatores independentes para o risco de morte súbita. Duração dos complexos QRS maior 
que 180 ms e alargamentos superiores a 4ms ao ano permite identificar um grupo mais 
propenso a desenvolver arritmias ventriculares malignas. A utilização do Holter para 
monitorizar o surgimento de arritmias ventriculares complexas (taquicardias 
ventriculares) também permite a análise da variabilidade da freqüência cardíaca de 
papel na infância e adolescência ainda não esta determinado18. O eletrocardiograma de 
alta resolução para pesquisa de potenciais tardios pode ser utilizado na população com 
tetralogia de Fallot com valores preditivos negativos giram entre 92 e 100% . 
A investigação das taquicardias sintomáticas ou palpitações na tetralogia de Fallot deve 
seguir do ponto de vista não invasivo a busca ativa dos eventos arrítmicos com Holter, 
monitor de eventos sintomáticos e tentativa de eletrocardiograma de 12 derivações 
durante a presença dos sintomas. Nos pacientes portadores de cardiopatia congênita 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
graves a investigação dos quadros de sincope devem ser realizada sempre no intuito da 
avaliação de potenciais eventos arrítmicos deixando a documentação de episódios de 
sincope neuromediada como ultima alternativa parra evitar resultados falso positivos 
que podem confundir o diagnostico. Para quadros associados ao esforço físico o teste 
ergométrico fornece dados do comportamento de focos arrítmicos sob efeito de 
catecolaminas. 
Nos casos de isomerismos podemos encontrar crises de taquicardia de origem atrial ou 
por reentrada atrioventricular que podem ser registradas com o auxilio do ECG durante 
a crise quando este for possível. Nos casos onde as crises são de curta duração a busca 
do traçado da crise pode ser feita com o Holter para crises com periodicidade inferior a 
uma semana ou ainda com monitor de eventos sintomáticos que permite a correlação 
clinico ECG perfeita nos casos que apresentam sintomas na vigência do exame. Na 
pesquisa de fibrilação atrial pode ser útil a monitorização por sete dias visto que parte 
dos episódios de FA podem ser assintomáticos. A utilização do CETE propicia o 
fornecimento de gatilhos para o registro de taquicardias por reentrada. 
Para investigação das bradicardias que podem ocorrer no pós operatório tardio o do 
eletrocardiograma fornece dados quanto a possíveis lesões do sistema de condução. 
Defeitos no automatismo sinusal vistos no ECG como bradicardias ou pausas 
representam falhas no automatismo sinusal ou a presença de bloqueio sinoatrial de 
segundo grau. Ritmos de suplência podem ser avaliados com o ECG de 12 derivações 
assim como a presença de marca-passos ectópicos ou migratórios. O Holter permite 
avaliar bradicardias inapropriadas e também permite a avaliação precisa da freqüência 
cardíaca média, mínima e correlação com eventuais sintomas. Para avaliação da função 
sinusal é útil a avaliação do comportamento da FC no esforço. A presença de déficits 
cronotrópicos ou sintomas fornecem dados importantes sobre a disfunção sinusal. O 
CETE pode ser utilizado para calcular o tempo de recuperação do no sinusal e o tempo 
de recuperação do no sinusal corrigido. A pesquisa da frequência cardíaca intrínseca 
pode ser realizada com a infusão de atropina e beta bloqueador conjuntamente para 
bloqueio autonômico. 
Casos negativos no estudo eletrofisiológico(para sincope com bloqueio de ramo) que 
apresentam sintomas com periodicidade até mensal podem se beneficiar da 
monitorização de eventos. Aqueles com periodicidade superior a isto só se 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
beneficiariam do monitor de eventos implantável. O Holter auxilia no diagnostico dos 
bloqueios atrioventriculares de primeiro grau intermitentes, bloqueios de segundo grau e 
bloqueios de terceiro grau de características intermitentes ou persistentes. Outro dado 
importante na análise do Holter de 24 horas é a presença de pausas que podem ser 
geradas por extras sístoles atriais bloqueadas. Nos casos de isomerismo atrial 
principalmente no isomerismo atrial esquerdo a análise do Holter de 24 horas pode 
determinar a estabilidade do marca-passo atrial além de fornecer dados sobre a 
freqüência cardíaca mínima e média. 
. 
Arritmias Próprias da Criança 
Existe um grupo de arritmias que acometem as crianças com cardiopatias congênitas 
mesmo antes de se submeterem aos procedimentos cirúrgicos.(tabela 4) . 
Tabela 5 – Taquicardias na infância – diagnóstico e mecanismos21 
Arritmia Mecanismo Local Eletrocardiograma Comportamento do nó 
atrioventricular na arritmia 
PR<RP 
Sinusal A ou R Nó sinusal Onda P positiva em D1, V6 e 
negativa em aVR 
expectador sim 
Atrial A ou R átrio Morfologia diferente da P 
sinusal 
expectador sim 
Juncional A ou R Junção 
atrioventricular 
Ausência de P ou pseudo R em 
V1 e pseudo S D2. Na JET pode 
haver dissociação AV 
Participante do circuito Não ou 
dissoc. 
TRAV R Via acessória P retrograda a mais de 70ms do 
início do QRS 
Participante do circuito Não 
Flutter atrial Macro R intra 
atrial 
átrio Ondas F negativas ou positivas 
parede inferior. Ausência de 
linha isoelétrica 
expectador não se 
aplica 
Fibrilação Atrial Múltiplas micro 
R intra atriais 
átrio Atividade elétrica desorganizada 
e RR irregular 
expectador não se 
aplica 
Taquicardia 
ventricular 
R ou A 
ventricular 
ventrículo Critérios de Brugada podem 
falhar na infância. 
Dissociação AV 50% dos 
casos 
não se 
aplica 
As taquicardias atriais podem ocorrer frequentemente em pacientes portadores de 
anomalia de Ebstein, portadores de dilatações atriais secundarias a comunicação inter 
atrial ou mesmo drenagens anômalas pulmonares. Também podem ocorrer em pacientes 
portadores de dilatação atrial secundária a atresias ou estenoses das valvas direitas e 
esquerdas. Nestes casos a maioria das formas pode passar assintomática sendo flagradas 
em exames de rotina e durante a realização de Holter 24 horas. Casos sintomáticos 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
podem ser pesquisados de acordo com a duração dos sintomas ou freqüência dos 
episódios, com ECG no setor de emergência ou com monitor de eventos sintomáticos 
quando os sintomas forem mais escassos. 
Pacientes portadores de miocardiopatia hipertrófica, anomalia de Ebstein e miocárdio 
não compactado ou isomerismos atriais ficam expostos à arritmias por reentrada com 
participação da junção atrioventricular. O registro do ECG de 12 derivações nos 
paciente portadores de pré excitação ventricular persistente pode fazer o diagnóstico. 
Nos casos de pré excitação intermitente o ECG de repouso pode falhar em registrar a 
pré excitação. Nestes casos para evidenciar a via acessória utilizamos manobras vagais 
ou mesmo infusão de adenosina. Nos casos de vias acessórias de condução retrograda 
exclusiva existe a necessidade de registro do ECG da crise de taquicardia, o que pode 
ser tentado de acordo com sua freqüência com monitor de eventos sintomáticos. O 
Holter de 24h geralmente falha em registrar crises de taquicardia. Outra opção quando a 
investigação de rotina falhou em registrar a crise é o CETE que também permite a 
estratificação de risco e calculo do período refratário da via acessória de forma pouco 
invasiva. 
A taquicardia juncional, já descrita acima, que ocorre no pos operatório tem sua 
etiologia multifatorial. A utilização da derivação unipolar com fio de marcapasso atrial 
facilita o diagnóstico e deve ser utilizada. 
Quanto à bradicardias merecem destaque a investigação de disfunção do marca-passo 
atrial nos isomerismos e o risco de bloqueios átrio ventriculares nas transposições 
congenitamente corrigidas. Neste ultimo a evolução para bloqueios atrioventriculares 
pode ser investigada por meio da eletrocardiografia de superfície e incrementada pelo 
Holter de 24 horas que pode flagrar bloqueios paroxísticos. 
Outra forma de bradicardia que ocorre nas cardiopatias congênitas na infância são 
episódios de bigeminismo ou extra-sístoles atriais bloqueadas que são diagnosticadas 
pelo ECG 12 derivações e pelo Holter 
Leitura Sugerida 
1- Ludomirsky A, Garson A Jr. Supraventricular Tachycardia. In Gillette PC, Garson Jr A, 
eds. Pediatric Arrhtymias:Electrophysiology and Pacing. Philadelphia: WB Saunders 
Company, 1990:380-426. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
2- MacFarlane PW, Lawie TDV. Comprehensive Electrocardiography: Theory and Practice 
in Health and Disease. Vol 3. Oxford, England: Pergamon Press, 1989:1494 
3- Donnerstein RL, Berg RA, Shehab Z, Ovadia M. Complex atrial tachycardias and 
respiratory syncitial virus infections in infants. J Pediatr 1994; 125:23-28. 
4- .LOPEZ, A. C. S. ; MOREIRA, D. A. R. . Arritmias no pós operatório de cardiopatias 
congênitas: aspectos clínicos e evolutivos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 16, 
p. 15, 2006 
5- Radford DJ, Izukawa T. Atrial fibrillation in children. Pediatrics 1977; 59:250-256 
6- MOREIRA, D. A. R. ; FOGAGNOLI, M. A. ; HABIB, R. ; ANDALAFT, R. B. 
(Rogério B. Andalaft) . Qual a prevalência de fibrilação atrial paroxística assintomática 
em pacientes submetidos ao Holter de 24 horas?. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 
v. 87, p. 148, 2006. 
7- ANDALAFT, R. ET al. . Cardioestimulação transesofágica na infância e adolescência: 
papel do exame na investigação de palpitações taquicárdicas. Revista Soc Cardiol 
Estado de São Paulo 19 (2) 70,2009 
8- Garson A Jr, Gillette PC. Junctional ectopic tachycardia in children: electrocardiography, 
electrophysiology and pharmacologic response. Am J Cardiol 1979; 44:298-302 
9- Paul T, Reimer A, Janousek J, Kallfelz HC: Efficacy and safety of propafenone in 
congenital junctional ectopic tachycardia. J AmColl Cardiol 1992; 20:911-914 
10- Scherr, Daniel ET al. Prospective comparison of the diagnostic utility of a standard 
event monitor versus a "leadless" portable ECG monitor in the evaluation of patients 
with palpitations. Journal of Interventional Cardiac Electrophysiology. 2008; 22(1):39- 
44, June 
11- Siddiqui, M A, ET al. IMMEDIATE MANAGEMENT OF SERIOUS PROBLEMS IN 
EVENT MONITOR USERS. CHEST; 118(4) S October 2000, 228S 
12- Benson Jr, DW. Transesophageal electrocardiography and cardiac pacing: state of art. 
Circulation; 75 (suppl III): 86-90, April 1987 
13- Bevilacqua, LM, Berul CI. Advances in pediatric electrophysiology. Curr Opin Pediatr 
16:494–499. 2004 
14- Steeds RP and Oakle D. Predicting late sudden death from ventricular arrhythmia in 
adults following surgical repair of tetralogy of Fallot. Q J Med. 2004; 97:7–13 
15- Sagrista-Sauleda J et al. Variations in diagnostic yield of head-up tilt test and 
electrophysiology in groups of patients with syncope of unknown origin. Eur Heart J 
2001; 22(10): 857-65, May. 
16- Gatzoulis MA; Till JA; Somerville J; Redington AN. Mechanoelectrical interaction in 
Tetralogy of Fallot: QRS prolongation relates to right ventricular size and predicts 
malignant ventricular arrhythmias and sudden death – Circulation 1995; 92: 231-237 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
17- Brili S et al. Echocardiographic and signal average ECG indices associated with non 
sustained ventricular tachycardia after repair of tetralogy of Fallot. Heart 2001; 85: 57- 
60 
18- McLeod KA et al. Reduced heart variability fallowing repair of tetralogy Fallot. Heart 
1999; 81: 656-660 
19- Khairy P; Landzberg MJ; Gatzoulis MA et al. Value of Programmed Ventricular 
Stimulation After Tetralogy of Fallot Repair. Circulation, 2004; 109: 1994-2000 
20- Gatzoulis MA et al. Risk factors for arrhythmia and sudden death late after repair of 
tetralogy of Fallot: a multicenter study. Lancet 2000; 356(9234): 975-81 
21- Andalaft, RB e Rubayo EM. Arritmias cardíacas na infância. In: Piegas, LS, 
Armaganijan, D e Timerman, A. Condutas Terapêuticas do Instituto Dante Pazzanese. 
Atheneu, 2006. p637-646 
22- Vincent GM. The molecular genetic of the long QT syndrome: genes causing 
fainting and sudden death. Annu Rev Med. 1998;49:263–274. 
23- Moss AJ, Schwartz PJ, Crampton RS, et al. The long QT syndrome: a 
prospective international study. Circulation. 1985;71:17–21. 
24- Anderson ME, Al Khatib SM, Roden DM, et al. Cardiac repolarization: current 
knowledge, critical gaps, and new approaches to drug development and patient 
management. Am Heart J. 2002;144:769–781. 
25- Bazette HC. An analysis of the time-relations of electrocardiograms. Heart. 
1920;7:353–370. 
26- Schwartz PJ, Moss AJ, Vincent GM, et al. Diagnostic criteria for the long QT 
syndrome. An update. Circulation. 1993;88:782–784 
27- Priori SG, Schwartz PJ, Napolitano C, et al. Risk stratification in the long-QT 
syndrome. N Engl J Med. 2003;348:1866–1874. 
28- Moss AJ, Zareba W, Kaufman ES, et al. Increased risk of arrhythmic events in 
long-QT syndrome with mutations in the pore region of the human ether-a-go-go- 
related gene potassium channel. Circulation. 2002;105:794–799. 
29- Goldenberg I, Moss AJ, Peterson DR, et al. Risk factors for aborted cardiac 
arrest and sudden cardiac death in children with the congenital Long-QT 
Syndrome. Circulation. 2008;117:2184-2191. 
30- Vincent GM, Schwartz PJ, Denjoy I, et al. High efficacy of beta -blockers in 
Long-QT Syndrome type 1. Contribution of noncompliance and QT-prolonging 
drugs to the occurrence of beta - blocker treatment “Failures”. Circulation. 
2009;119:215-221. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
31- Wilde A, Antzelevitch C, Borggrefe M, Brugada J, Brugada R, Brugada P, 
Corrado D, Hauer R, Kass R, Nademanee K, Priori S, Towbin J. Proposed 
diagnostic criteria for the Brugada syndrome. Circulation. 2002;106:2514 – 
2518. 
32- Akdemir I, Davutoglu V and Aksoy M. Intermittent Brugada syndrome 
misdiagnosed as acute myocardial infarction and unmasked with propafenone. 
Heart 2002;87;543 
33- Sacher F, Probst V, Iesaka Y , et al. Outcome After Implantation of a 
Cardioverter-Defibrillator in Patients With Brugada Syndrome. Circulation. 
2006;114:2317-2324. 
34- Shimizu W, Aiba T and Kamakura S. Mechanisms of Disease: current 
understanding and future challenges in Brugada syndrome. Nature 2005; 2 (8) : 
408-14 
35- Nam GB, Burashnikov A, Antzelevitch C. Cellular Mechanisms Underlying the 
Development of Catecholaminergic Ventricular Tachycardia. Circulation. 
2005;111:2727-2733. 
36- Postma AV, Denjoy I, Kamblock J, ET al. Catecholaminergic polymorphic 
ventricular tachycardia: RYR2 mutations, bradycardia, and follow up of the 
patients. J Med Genet 2005;42:863–870 
37- Sivasubramonian S and Rosenthal E. Fatal Bidirectional and Polymorphic 
Ventricular Tachycardia With Terminal Depolarization Abnormality in a Child. 
Circulation. 2004;109:938-939 
38- Nasir K, Bomma C, Tandri H, et al. Electrocardiographic features of 
arrhythmogenic right ventricular dysplasia/cardiomyopathy according to disease 
severity: a need to broaden diagnostic criteria. Circulation 2004;110:1527–1534. 
39- Nasir K, Rutberg J, Tandri H, et al. Utility of SAECG in arrhythmogenic right 
ventricle dysplasia. Ann Noninvasive Electrocardiol 2003; 8:112–120. 
40- Nasir K, Bomma C, Khan FA, et al. Utility of a combined signal-averaged 
electrocardiogram and QT dispersion algorithm in identifying arrhythmogenic 
right ventricular dysplasia in patients with tachycardia of right ventricular origin. 
Am J Cardiol 2003; 92:105–109. 
41- Lopez-Fernandez T, Garcia-Fernandez MA, Perez David E, Moreno Yanguela 
M. Usefulness of contrast echocardiography in arrhythmogenic right ventricular 
dysplasia. J Am Soc Echocardiogr 2004; 17:391–393. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
42- Tandri H, Calkins H, Nasir K, et al. Magnetic resonance imaging findings in 
patients meeting task force criteria for arrhythmogenic right ventricular 
dysplasia. J Cardiovasc Electrophysiol 2003; 14:476–482. 
43- Tandri H, Friedrich MG, Calkins H, Bluemke DA. MRI of arrhythmogenic right 
ventricular cardiomyopathy/dysplasia. J Cardiovasc Magn Reson 2004; 6: 557– 
563. 
44- Fulton D, Chung K, Tabakin B, et al. Ventricular tachycardia in children without 
heart disease. Am J Cardiol 1985; 55:1328-1331 
45- Gallagher JJ, Pritchett ELC, Sealy WC, et al. The preexcitation syndromes. Prog 
Cardiovasc Dis 1978; 285-327. 
46- Deal B, Miller S, Scagliotti D, et al. Ventricular tachycardia in the young without 
overt heart disease (abstr). Circulation 1985; 72(suppl III)340. 
47- Deal BJ, Dick M, Beerman L, et al. Cardiac arrest in young patients with Wolff- 
Parkinson-White syndrome. Pacing Clin Electophysiol 1995; 18:815. 
48- Deal BJ. Supraventricular tachycardia. Mecahnisms and natural history. In Deal B, 
Wolff G, Gelband H (eds). In Current Concepts in Diagnosis and Managememnt of 
Arrhythmias in Infants and Children. Armonk, NY: Futura Publishing Co., Inc; 
1998:117-143. 
PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Contenu connexe

Tendances

Embriologia humana 1a a 3a semana
Embriologia humana 1a a 3a semana Embriologia humana 1a a 3a semana
Embriologia humana 1a a 3a semana Diego Magalhães
 
Aula alimentação 4º período
Aula alimentação 4º períodoAula alimentação 4º período
Aula alimentação 4º períodoSheyla Amorim
 
Aula Biofísica da contração muscular
Aula Biofísica da contração muscularAula Biofísica da contração muscular
Aula Biofísica da contração muscularLar D
 
Fisiologia Ciclo Menstrual
Fisiologia Ciclo MenstrualFisiologia Ciclo Menstrual
Fisiologia Ciclo Menstrualchirlei ferreira
 
Atendente de Farmácia
Atendente de FarmáciaAtendente de Farmácia
Atendente de FarmáciaJade Oliveira
 
Controle de Qualidade de Medicamentos 2007
Controle de Qualidade de Medicamentos 2007Controle de Qualidade de Medicamentos 2007
Controle de Qualidade de Medicamentos 2007Adriana Quevedo
 
Como o leite vai do peito para o bebê
Como o leite vai do peito para o bebêComo o leite vai do peito para o bebê
Como o leite vai do peito para o bebêRebeca - Doula
 
Política de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da Saúde
Política de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da SaúdePolítica de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da Saúde
Política de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da SaúdeProf. Marcus Renato de Carvalho
 
Aula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíaca
Aula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíacaAula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíaca
Aula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíacaMauro Cunha Xavier Pinto
 
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana PaulaAtenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana PaulaProf Ana Paula Gonçalves
 
Aleitamento materno e alimentação complementar
Aleitamento materno e alimentação complementarAleitamento materno e alimentação complementar
Aleitamento materno e alimentação complementarcrn8
 

Tendances (20)

Embriologia humana 1a a 3a semana
Embriologia humana 1a a 3a semana Embriologia humana 1a a 3a semana
Embriologia humana 1a a 3a semana
 
Gases e eletrólitos
Gases e eletrólitosGases e eletrólitos
Gases e eletrólitos
 
Aula alimentação 4º período
Aula alimentação 4º períodoAula alimentação 4º período
Aula alimentação 4º período
 
Controle acidobásico - Fisiologia renal
Controle acidobásico - Fisiologia renalControle acidobásico - Fisiologia renal
Controle acidobásico - Fisiologia renal
 
Aula Biofísica da contração muscular
Aula Biofísica da contração muscularAula Biofísica da contração muscular
Aula Biofísica da contração muscular
 
Aula 2 célula vegetal
Aula 2 célula vegetalAula 2 célula vegetal
Aula 2 célula vegetal
 
Fisiologia Ciclo Menstrual
Fisiologia Ciclo MenstrualFisiologia Ciclo Menstrual
Fisiologia Ciclo Menstrual
 
Atendente de Farmácia
Atendente de FarmáciaAtendente de Farmácia
Atendente de Farmácia
 
Fes
FesFes
Fes
 
Síndrome de Guillain-Barré
Síndrome de Guillain-BarréSíndrome de Guillain-Barré
Síndrome de Guillain-Barré
 
Controle de Qualidade de Medicamentos 2007
Controle de Qualidade de Medicamentos 2007Controle de Qualidade de Medicamentos 2007
Controle de Qualidade de Medicamentos 2007
 
NUTRIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO
NUTRIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMONUTRIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO
NUTRIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO
 
Como o leite vai do peito para o bebê
Como o leite vai do peito para o bebêComo o leite vai do peito para o bebê
Como o leite vai do peito para o bebê
 
Farmacocinetica
FarmacocineticaFarmacocinetica
Farmacocinetica
 
Lipidios
Lipidios Lipidios
Lipidios
 
Política de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da Saúde
Política de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da SaúdePolítica de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da Saúde
Política de promoção, proteção e apoio ao Aleitamento - Ministério da Saúde
 
Aula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíaca
Aula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíacaAula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíaca
Aula - Cardiovascular - Tratamento da insuficiência cardíaca
 
FARMACIA.pptx
FARMACIA.pptxFARMACIA.pptx
FARMACIA.pptx
 
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana PaulaAtenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
Atenção à Saúde da Puérpera Profa. Ana Paula
 
Aleitamento materno e alimentação complementar
Aleitamento materno e alimentação complementarAleitamento materno e alimentação complementar
Aleitamento materno e alimentação complementar
 

En vedette

Ecg circulation 2006
Ecg circulation 2006Ecg circulation 2006
Ecg circulation 2006gisa_legal
 
Arritmias na infância rev socesp 2007
Arritmias na infância   rev socesp 2007Arritmias na infância   rev socesp 2007
Arritmias na infância rev socesp 2007gisa_legal
 
Ecg repouso sbc 2003
Ecg repouso sbc 2003Ecg repouso sbc 2003
Ecg repouso sbc 2003gisa_legal
 
Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos 2009
Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos   2009Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos   2009
Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos 2009gisa_legal
 
Realizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalar
Realizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalarRealizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalar
Realizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalargisa_legal
 
Ecg nos rn e na 1° infância
Ecg nos rn e na 1° infânciaEcg nos rn e na 1° infância
Ecg nos rn e na 1° infânciagisa_legal
 
Ecg tabelas ped1
Ecg tabelas ped1Ecg tabelas ped1
Ecg tabelas ped1gisa_legal
 
Ms no exercício e no esporte
Ms no exercício e no esporteMs no exercício e no esporte
Ms no exercício e no esportegisa_legal
 
Validation mcn 2013
Validation mcn 2013Validation mcn 2013
Validation mcn 2013gisa_legal
 
Flavonoides fda
Flavonoides fdaFlavonoides fda
Flavonoides fdagisa_legal
 
Criss cross heart
Criss cross heartCriss cross heart
Criss cross heartgisa_legal
 
Detecção pré natal de cc resultado de programa preliminar
Detecção pré natal de cc   resultado de programa preliminarDetecção pré natal de cc   resultado de programa preliminar
Detecção pré natal de cc resultado de programa preliminargisa_legal
 
Early imaging advances in fetal echocardiography
Early imaging   advances in fetal echocardiographyEarly imaging   advances in fetal echocardiography
Early imaging advances in fetal echocardiographygisa_legal
 
Restriction abc 2013
Restriction abc 2013Restriction abc 2013
Restriction abc 2013gisa_legal
 
Functional echocardiography in the fetus with non cardiac disease
Functional echocardiography in the fetus with non cardiac diseaseFunctional echocardiography in the fetus with non cardiac disease
Functional echocardiography in the fetus with non cardiac diseasegisa_legal
 
Dapvvpp e sia íntegro.
Dapvvpp e sia íntegro.Dapvvpp e sia íntegro.
Dapvvpp e sia íntegro.gisa_legal
 
Comunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs ep
Comunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs epComunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs ep
Comunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs epgisa_legal
 
Effect of polyphenols on the intestinal and placental 2012
Effect of polyphenols on the  intestinal and placental 2012Effect of polyphenols on the  intestinal and placental 2012
Effect of polyphenols on the intestinal and placental 2012gisa_legal
 
Artigo expert review 2010 (4)
Artigo expert review 2010 (4)Artigo expert review 2010 (4)
Artigo expert review 2010 (4)gisa_legal
 

En vedette (20)

Ecg circulation 2006
Ecg circulation 2006Ecg circulation 2006
Ecg circulation 2006
 
Arritmias na infância rev socesp 2007
Arritmias na infância   rev socesp 2007Arritmias na infância   rev socesp 2007
Arritmias na infância rev socesp 2007
 
Ecg repouso sbc 2003
Ecg repouso sbc 2003Ecg repouso sbc 2003
Ecg repouso sbc 2003
 
Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos 2009
Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos   2009Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos   2009
Análise e emissão de laudos eletrocardiográficos 2009
 
Realizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalar
Realizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalarRealizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalar
Realizacao e interpretacao do ecg no pre hospitalar
 
Ecg nos rn e na 1° infância
Ecg nos rn e na 1° infânciaEcg nos rn e na 1° infância
Ecg nos rn e na 1° infância
 
Ecg tabelas ped1
Ecg tabelas ped1Ecg tabelas ped1
Ecg tabelas ped1
 
Ecg infantil
Ecg infantilEcg infantil
Ecg infantil
 
Ms no exercício e no esporte
Ms no exercício e no esporteMs no exercício e no esporte
Ms no exercício e no esporte
 
Validation mcn 2013
Validation mcn 2013Validation mcn 2013
Validation mcn 2013
 
Flavonoides fda
Flavonoides fdaFlavonoides fda
Flavonoides fda
 
Criss cross heart
Criss cross heartCriss cross heart
Criss cross heart
 
Detecção pré natal de cc resultado de programa preliminar
Detecção pré natal de cc   resultado de programa preliminarDetecção pré natal de cc   resultado de programa preliminar
Detecção pré natal de cc resultado de programa preliminar
 
Early imaging advances in fetal echocardiography
Early imaging   advances in fetal echocardiographyEarly imaging   advances in fetal echocardiography
Early imaging advances in fetal echocardiography
 
Restriction abc 2013
Restriction abc 2013Restriction abc 2013
Restriction abc 2013
 
Functional echocardiography in the fetus with non cardiac disease
Functional echocardiography in the fetus with non cardiac diseaseFunctional echocardiography in the fetus with non cardiac disease
Functional echocardiography in the fetus with non cardiac disease
 
Dapvvpp e sia íntegro.
Dapvvpp e sia íntegro.Dapvvpp e sia íntegro.
Dapvvpp e sia íntegro.
 
Comunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs ep
Comunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs epComunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs ep
Comunicação interatrial do tipo seio coronário e civ sem vcs ep
 
Effect of polyphenols on the intestinal and placental 2012
Effect of polyphenols on the  intestinal and placental 2012Effect of polyphenols on the  intestinal and placental 2012
Effect of polyphenols on the intestinal and placental 2012
 
Artigo expert review 2010 (4)
Artigo expert review 2010 (4)Artigo expert review 2010 (4)
Artigo expert review 2010 (4)
 

Similaire à Arritmias Infantis Diagnóstico Tratamento

Arritmais cardíacas na infância e adolescência
Arritmais cardíacas na infância e adolescênciaArritmais cardíacas na infância e adolescência
Arritmais cardíacas na infância e adolescênciagisa_legal
 
Suporte avançado de vida em pediatria
Suporte avançado de vida em pediatriaSuporte avançado de vida em pediatria
Suporte avançado de vida em pediatriagisa_legal
 
Fibrilação Atrial -Rodrigo Mont'Alverne
Fibrilação Atrial -Rodrigo Mont'AlverneFibrilação Atrial -Rodrigo Mont'Alverne
Fibrilação Atrial -Rodrigo Mont'AlverneRodrigo Mont'Alverne
 
Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02Gisele Guerreiro
 
Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02Gisele Guerreiro
 
aularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdf
aularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdfaularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdf
aularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdfMarcelAzevedo5
 
Síndrome do PVM
Síndrome do PVMSíndrome do PVM
Síndrome do PVMgisa_legal
 
Cardioversor desfibrilador implantavel.ppt
Cardioversor desfibrilador implantavel.pptCardioversor desfibrilador implantavel.ppt
Cardioversor desfibrilador implantavel.pptAndersonGuirao1
 
O papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infância
O papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infânciaO papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infância
O papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infânciagisa_legal
 
Constrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato de
Constrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato deConstrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato de
Constrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato degisa_legal
 
Arritmias cardíacas
Arritmias cardíacasArritmias cardíacas
Arritmias cardíacassgtrobertson
 
Wolff parkinson-white
Wolff parkinson-whiteWolff parkinson-white
Wolff parkinson-whiteLena Nia
 
Cuidados Pós Parada Cardiorespiratória
Cuidados Pós Parada CardiorespiratóriaCuidados Pós Parada Cardiorespiratória
Cuidados Pós Parada CardiorespiratóriaDaniel Valente
 
Fibrilação Atrial e Flutter Atrial
Fibrilação Atrial e Flutter AtrialFibrilação Atrial e Flutter Atrial
Fibrilação Atrial e Flutter AtrialMaycon Silva
 

Similaire à Arritmias Infantis Diagnóstico Tratamento (20)

Arritmais cardíacas na infância e adolescência
Arritmais cardíacas na infância e adolescênciaArritmais cardíacas na infância e adolescência
Arritmais cardíacas na infância e adolescência
 
Suporte avançado de vida em pediatria
Suporte avançado de vida em pediatriaSuporte avançado de vida em pediatria
Suporte avançado de vida em pediatria
 
Sca SINDROME CORONARIO AGUDO
Sca SINDROME CORONARIO AGUDOSca SINDROME CORONARIO AGUDO
Sca SINDROME CORONARIO AGUDO
 
Pericardite aguda
Pericardite agudaPericardite aguda
Pericardite aguda
 
Choque Anafilatico
Choque AnafilaticoChoque Anafilatico
Choque Anafilatico
 
Fibrilação Atrial -Rodrigo Mont'Alverne
Fibrilação Atrial -Rodrigo Mont'AlverneFibrilação Atrial -Rodrigo Mont'Alverne
Fibrilação Atrial -Rodrigo Mont'Alverne
 
Aula residência ave avc
Aula residência ave avcAula residência ave avc
Aula residência ave avc
 
Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02
 
Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02Interpretecg 130605172503-phpapp02
Interpretecg 130605172503-phpapp02
 
aularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdf
aularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdfaularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdf
aularesidnciaave-avc-140916144947-phpapp01.pdf
 
Síndrome do PVM
Síndrome do PVMSíndrome do PVM
Síndrome do PVM
 
Pcr
PcrPcr
Pcr
 
Cardioversor desfibrilador implantavel.ppt
Cardioversor desfibrilador implantavel.pptCardioversor desfibrilador implantavel.ppt
Cardioversor desfibrilador implantavel.ppt
 
O papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infância
O papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infânciaO papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infância
O papel do pediatra no diag e tto cardiopatia na infância
 
Constrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato de
Constrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato deConstrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato de
Constrição fetal do canal arterial após autouso materno de propianato de
 
Arritmias cardíacas
Arritmias cardíacasArritmias cardíacas
Arritmias cardíacas
 
Neurologia resumo avc_tsrs
Neurologia resumo avc_tsrsNeurologia resumo avc_tsrs
Neurologia resumo avc_tsrs
 
Wolff parkinson-white
Wolff parkinson-whiteWolff parkinson-white
Wolff parkinson-white
 
Cuidados Pós Parada Cardiorespiratória
Cuidados Pós Parada CardiorespiratóriaCuidados Pós Parada Cardiorespiratória
Cuidados Pós Parada Cardiorespiratória
 
Fibrilação Atrial e Flutter Atrial
Fibrilação Atrial e Flutter AtrialFibrilação Atrial e Flutter Atrial
Fibrilação Atrial e Flutter Atrial
 

Arritmias Infantis Diagnóstico Tratamento

  • 1. Arritmais cardíacas na infância e adolescência Autor: Rogério Braga Andalaft* * Cardiologista Pediátrico pelo Instituto do Coração – Incor HC FMUSP Médico Assistente da seção médica de Eletrofisiologia Clínica e Arritmias Cardíacas do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Médico Assistente do Hospital do Coração – responsável pelo ambulatório de Arritmias na Infância e Cardiopatias Congênitas - Associação Sanatórinho Sírio Médico da Cardio Dinâmica Introdução Para compreendermos e tratarmos as arritmias cardíacas na infância é fundamental o diagnóstico eletrocardiográfico correto que possibilita na maioria das vezes não só fornecer um nome à doença, mas também possibilita o tratamento adequado a curto e longo prazo. Na população pediátrica as variações anatômicas que podem ser oriundas das diversas cardiopatias congênitas possíveis, assim como as arritmias que ocorrem no pós operatório, fornecem uma condição especial a este grupo de pacientes. Neste capitulo iniciaremos de maneira geral os princípios do diagnostico correto, passando na sequência a descrição das principais arritmias que acometem a criança enfocando seu diagnóstico e tratamento. Por fim elucidaremos condições especiais fruto do pós operatório ou mesmo da evolução natural de algumas cardiopatias, enfocando as nuances do tratamento que proporciona melhor suporte clínico a estas crianças. Princípios do diagnóstico e tratamento das arritmias Desta forma clássica podemos dividir as arritmias cardíacas em taquicardias e bradicardias, baseado na análise da freqüência cardíaca. As taquicardias por sua vez podem ser subdivididas de acordo com a duração dos complexos QRS em taquicardias de complexos QRS largo ou estreito. Neste momento devemos lembrar que as crianças de forma geral apresentam complexos QRS mais estreitos que os adultos de forma que em algumas situações durações superiores a 100 ou 110 ms podem ser consideradas de complexos QRS alargados. As taquicardias de complexos QRS alargados envolvem na infância 5 diagnósticos possíveis: taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 2. aberrante, taquicardia supraventricular com bloqueio de ramo pré existente, taquicardia por reentrada AV antidrômica e fibrilação atrial associado à síndrome de WPW. Já as taquicardias de complexos QRS estreitos envolvem as taquicardias supraventriculares em sua forma clássica e uma forma especifica de taquicardia ventricular denominada taquicardia ventricular fascicular. As taquicardias fasciculares mais freqüentes possuem morfologia tipo BRD e hiper desvio a esquerda (tipo BDAS) e são responsivas ao tratamento com bloqueadores de canal de cálcio. As taquicardias supraventriculares devem ser investigadas quanto a sua regularidade de forma mais profunda, principalmente quando o médico se depara a um paciente em crise na sala de emergência. Quando dizemos que uma arritmia é irregular estamos analisando que o nó atrioventricular não participa do circuito da arritmia estando apenas recebendo estímulos que vem de um território superior, Nestas formas de arritmias o nó atrioventricular (NAV) pode ser chamado de expectador da arritmia, o que em outras palavras significa que para tratar esta arritmia posso controlar o ritmo retornando o paciente ao ritmo sinusal ou controlar a resposta ventricular reduzindo a freqüência cardíaca. Quando nos deparamos com uma taquicardia de complexos QRS estreitos e regular a duvida que naturalmente surge é “ela realmente é regular”? Assim nestas taquicardias podemos lançar mão de manobras ou fármacos como a adenosina na tentativa de irregularizar a taquicardia. Quando realizamos uma manobra vagal ou utilizamos adenosina e interrompemos a taquicardia retornando o paciente ao ritmo sinusal, então sabemos que esta arritmia era “estritamente regular” e então poderíamos dizer que o nó atrioventricular participava do circuito. Nos casos onde o nó AV participa do circuito só nos resta cardioverter o paciente ao ritmo sinusal por manobras mecânicas, químicas ou elétrica. Em algumas situações nas taquicardias de complexos QRS estreitos e regulares, a aplicação de manobras vagais ou mesmo adenosina, irregulariza a taquicardia, porem não a interrompe. Neste caso a irregularização da taquicardia nos informa que o nó AV é um expectador da arritmia, isto é não participa do circuito arritmogênico. Nestes casos a irregularização da arritmia, permite que visualizemos o território supraventricular com maior facilidade possibilitando o diagnóstico. Como o nó AV também não participa do circuito nesta arritmia, do ponto de vista terapêutico, podemos controlar o ritmo retornando o paciente ao ritmo sinusal ou controlar a freqüência ou resposta ventricular utilizando fármacos que aumentem o grau de bloqueio do NAV (figura 1 e figura 2) PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 3. Figura 1 – Esquema dos possíveis diagnósticos das taquicardias na infância PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 4. Figura 2 – Esquema diagnóstico na sala de emergência que auxilia na identificação das taquicardias de complexos QRs estreitos Taquicardias de complexos QRS estreitos Neste tópico será dado enfoque às diversas possibilidades de taquicardias de complexos QRS estreito, analisando seu diagnóstico e tratamento. Iniciaremos para fins didáticos a descrição de arritmias onde o NAV não participa do circuito, o que tecnicamente significa que para o tratamento podemos controlar o ritmo ou controlar a freqüência cardíaca. A origem fisiopatológica destas arritmias, estão baseadas na presença de um foco hiperautomático, na presença de atividade debflagrada no território supraventricular ou mesmo circuitos únicos ou múltiplos de reentrada no território atrial. Taquicardia sinusal É a forma mais freqüente e comum de taquicardia na infância. Caracteriza-se pela presença do ritmo sinusal (ondas P positivas em D1 e V6 e negativas em aVR). Esta forma de taquicardia cujo ponto de corte varia com a idade do paciente é quase sempre secundário à presença de um problema clinico: febre, infecção, uso de drogas vasoativas desidratação, choque entre outros. De maneira geral o controle da causa de base gera a normalização da freqüência cardíaca. Particular atenção deve ser dada às taquicardias sinusais inapropriadas que geram freqüências cardíacas superiores a freqüência limite para a idade e não são condizentes com a situação clinica do paciente para aquele momento. Nos casos onde a FC é persistentemente elevada ou naqueles casos onde ocorre a presença de sintomas, a utilização de medicamentos que ajam nas células do nó sinusal pode ser necessária. Para controlar a resposta anormal da taquicardia sinusal inapropriada podemos utilizar betabloqueadores (atenolol 1 a 2 mg/kg/dia ou diltiazem 1 a 2 mg/kg/dia, lembrando que não devemos utilizar bloqueadores de canais de cálcio para paciente com idade inferior a um ano). PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 5. Figura 3 - Traçado de Holter de uma criança com taquicardia sinusal. Nesta taquivcardia não existe inicio e término súbito e a onda P tem morfologia da onda P sinusal Outro aspecto importante quando se analisa as taquicardias sinusais utilizando métodos como o Holter, é que esta forma de taquicardia não se apresenta de forma paroxística, isto é, não possui inicio ou término súbito. Taquicardia atrial Diferente da taquicardia sinusal esta forma de arritmia tem geralmente comportamento paroxístico. Seu mecanismo de origem pode ser hiperautomatismo, atividade deflagrada ou reentrada intra atrial única. Na análise do eletrocardiograma observamos a presença de uma onda P gerando um complexo QRS de morfologia diferente da onda P sinusal acima descrita. Geralmente são assintomáticas e frequentemente observadas no Holter principalmente durante o período neonatal e em paciente portadores de cardiopatias congênitas com distensão ou manipulação atrial durante procedimentos cirúrgicos. Estão entre seus riscos principais o desenvolvimento de disfunção ventricular, nos casos onde a freqüência cardíaca se mantém persistentemente elevada – taquicardiomiopatia. Quando sustentadas ou associadas a cardiopatias congênitas costumam ser de difícil controle. Muitas vezes, devido a esta dificuldade em controlar o ritmo, pode fazer o PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 6. médico então optar por aumentar o grau de bloqueio atrioventricular e controlar a resposta ventricular, visto que o NAV é expectador da arritmia que está ocorrendo no território atrial. Para controlar o ritmo em pacientes com arritmias sustentadas ou com repercussão clínica, podemos lançar mão de estratégias farmacológicas e não farmacológicas, sendo que esta ultima envolve a cardioversão elétrica e as terapias por cateter. Para controle do ritmo de forma química podemos utilizar fármacos conhecidos na prática pediátrica como a amiodarona isoladamente ou em combinação com betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio sempre respeitando os riscos e as limitações de cada fármaco e associação. Nos últimos anos no ambulatório de arritmias do Instituto Dante Pazzanese, utilizamos também outras classes de fármacos tais como a propafenona e o sotalol com o intuito de que, em casos de uso prolongado possamos evitar os efeitos colaterais indesejados da amiodarona. Outra possibilidade para cardioversão destes pacientes ao ritmo sinusal envolve a utilização de métodos não farmacológicos tais como a cardioversão elétrica externa ou a ablação por radiofreqüência. Quanto à ablação por radiofreqüência sua utilização na infância ainda é limitada, como também é limitado o sucesso na população adulta para arritmias atriais (taquicardia atrial e fibrilação atrial). No entanto o uso dos métodos de ablação do foco arritmogênico com radiofreqüência ou crioablação são muito promissores e nos próximos anos se tornarão importantes armas do arsenal terapêutico na infância. A localização adequada da origem da taquicardia atrial analisando o eixo da onda P no ECG de 12 derivações pode nos auxiliar também a melhor forma de controle do ritmo seja químico ou não farmacológico por ablação. Importante salientar que quando utilizamos a cardioversão elétrica para retornar o paciente ao ritmo sinusal a manutenção de um fármaco antiarrítmico é quase sempre necessária, de forma que nos casos de recorrências a utilização de múltiplas cardioversões elétricas tem um efeito deletério sobre o miocárdio e deve ser sempre evitada. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 7. Figura 4 - Traçado de Holter demonstrando o início súbito de uma taquicardia atrial. Observe a mudança morfológica da onda T evidenciando a presença também de uma onda P Figura 4b – Traçado de Holter demonstrando saída súbita de uma taquicardia atrial PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 8. Figura 5 – registro de uma taquicardia atrial durante o Holter. Observe o início súbito e a presença de uma onda P “encravada” na onda T mudando sua morfologia em relação a onda T de uma batimento normal Figura 5b- – Taquicardia atrial durante um exame de Holter. Observe no segundo canal a morfologia da onda P atrial diferente da onda P sinusal PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 9. Durante o período perinatal o aumento da instabilidade elétrica do miocárdio atrial combinado a elevada pressão arterial pulmonar proporciona condição ideal ao surgimento de arritmias atriais (flutter ou taquicardia atrial por exemplo). Em algumas circunstancias a prematuridade dos batimentos atriais é tão grande que encontra a junção atrioventricular em seu período refratário o que impossibilita o aparecimento do batimento ventricular. Nesta situação podemos encontrar freqüências cardíacas baixas, ou intensa irregularidade dos batimentos ventriculares. Os exemplos abaixo demonstram as diversas faces da mesma doença em um recém nascido encaminhado ao setor de eletrofisiologia para avaliação de uma bradiarritmia, que na realidade era a expressão de um bigeminismo atrial bloqueado. Nos casos com repercussão clínica da bradicardia, a utilização de antiarrítmicos para suprimir o foco atrial precoce isoladamente ou associada à proteção de um marcapasso provisório, pode ser necessária (figuras 6 e 7). Figura 6 – ECG de 12 derivações evidenciando a presença de bigeminismo atrial bloqueado. Diagnóstico diferencial de BAV 2:1 com arritmia ventrículo fásica. Observe a mudança morfológica da onda P bloqueada em V3 e V4 confirmando o diagnóstico de bigeminismo atrial bloqueado PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 10. Figura 7- Evolução do quadro após a introdução de antiarrítmicos em um RN de 4 dias. Observe que as extras sístoles atriais aintes bloqueadas se tornam mais tardias e dão lugar a batimentos ectópicos e taquicardias conduzidas com aberrância Muitas vezes, frente a uma taquicardia atrial refratária o controle do ritmo não é possível, então nos beneficiando do fato de o NAV ser um expectador da arritmia apenas recebendo os estímulos que provem de um território superior, podemos impedir a passagem destes estímulos para o território ventricular aumentando o grau de bloqueio atrioventricular. Para isto, também podemos utilizar medidas farmacológicas e não farmacológicas. O uso de fármacos que aumentam o grau de bloqueio atrioventricular são úteis para o controle da resposta ventricular de forma isolada ou combinada. Dentre os fármacos mais utilizados estão os betabloqueadores, os bloqueadores de canais de cálcio não dihidropiridinicos (diltiazem e verapamil) e os digitálicos. As combinações mais freqüentes para o controle da resposta ventricular envolvem betabloqueadores com digital. A utilização de bloqueadores de canais de cálcio e betabloqueadores aumenta de forma significativa o risco de bloqueios avançados, e a combinação entre digitais e bloqueadores de canal de cálcio incrementa o risco de intoxicação digitálica. Para avaliarmos a eficácia das terapêuticas instituídas, o controle da FC ou do ritmo com holter de 24 horas ou por períodos até mais prolongados (Holter de 7 dias) pode fornecer subsídios importantes (análise da freqüência e número de taquicardias assim como avaliação de pausas e da freqüência cardíaca média) para o ajuste dos fármacos utilizados. O uso do ecocardiograma para monitorização da função ventricular também é de extrema importância. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 11. Flutter atrial Trata-se de uma arritmia de origem no território atrial devido a um circuito de macro reentrada que pode se estabelecer circundando territórios anatômicos naturais (cava superior e inferior, seio coronariano valva tricúspide) ou mesmo circundar uma cicatriz ou uma valva manipulada cirurgicamente. No flutter atrial o NAV não participa do circuito arritmogênico, sendo um expectador da arritmia abrindo então a possibilidade de controlarmos o ritmo ou a resposta ventricular da arritmia. De incidência rara em crianças e adolescentes com coração estruturalmente normal, torna-se a arritmia supraventricular mais freqüente juntamente as taquicardias mediadas por feixes acessórios (taquicardias por reentrada atrioventricular) no período perinatal. A condução mais freqüente desta arritmia para os ventrículos é do tipo 2:1 gerando uma freqüência ventricular ao redor de 300 bpm. Porem no período perinatal a resposta ventricular 1:1, devido à imaturidade do NAV, facilitando a condução dos estímulos para os ventrículos é freqüente. Quanto a freqüência da atividade elétrica atrial (naquelas arritmias com circuito anti horário no átrio que se traduz pela negatividade das ondas F em D2 D3 e aVF) encontramos FC ao redor de 300 bpm. Nos casos onde o circuito de macrorrentrada atrial ocorre ao redor de cicatrizes cirúrgicas, por exemplo, a presença de um circuito com sentido horário gera ondas F positivas nas derivações inferiores e freqüências mais elevadas de atividade atrial. Do ponto de vista eletrocardiográfico, podemos diferenciar uma taquicardia atrial de um flutter atrial analisando a presença de linha isoelétrica entre duas ondas atriais. A ausência de linha isoelétrica nas derivações do ECG denota a presença do circuito de macrorrentrada e consequentemente o diagnóstico de flutter atrial. Diferentemente da taquicardia atrial, em pacientes com coração estruturalmente normal, principalmente no período neonatal, a reversão do flutter está associado a baixo índice de recorrência sendo que muitas vezes podemos não utilizar fármacos para a manutenção do ritmo. Nos casos recorrentes a associação de um fármaco antiarrítmicos, betabloqueador ou digital pode ser necessária aguardando as condições de estabilização do tecido miocárdio e a queda da pressão pulmonar ocorrerem. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 12. Figura 8 – Taquicardia supraventricular com FC de 300 bpm. Diagnóstico diferencial entre taquicardia por reentrada atrioventricular e flutter atrial. Ambas podem estar presentes no período perinatal Para a reversão do flutter atrial ao ritmo sinusal utilizamos principalmente a cardioversão elétrica com baixas dosagens (vide tabela de fármacos e doses), sendo que a reversão química apresenta baixos índices de sucesso. Em pacientes cardiopatas ou naqueles fora do período perinatal, a reversão para o ritmo sinusal deve obedecer às mesmas regras da reversão de pacientes que apresentam flutter na idade adulta. Pacientes com história pouco clara quanto ao início da taquicardia ou em pacientes de evolução há mais de 48h a anticoagulação ,com cumarínicos e INR na faixa (entre 2 e 3,5 ) por de 3 semanas, se faz necessário antes da CVE. Abaixo o esquema clássico de preparo para reversão de uma fibrilação atrial/flutter atrial PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 13. Figura 9– Esquema pra reversão da Fibrilação atrial baseada no uso prévio da anticoagulação oral. A= Amiodarona, P= Propafenona, S= Sotalol, Q= Quinidina, D= Disopiramida. Esquema clássico – retirado do acervo didático do Prof. Dr. Dalmo Antonio Ribeiro Moreira e adaptado para uso na infância A utilização do ecocardiograma transesofágico combinado ao uso de heparina não fracionada ou de baixo peso molecular há mais de 12-24h pode dispensar a anticoagulação previa à cardioversão elétrica. Neste ínterim, o controle da resposta ventricular deve ser realizado para controle clínico do paciente. Pacientes cardiovertidos devem permanecer anticoagulados por mais 4 semanas nos casos de coração estruturalmente normal e CHADS2 menor que 2 . Nos casos de score maior que 2 ou valvopatia, a anticoagulação deve persistir e os critérios para sua retirada ainda permanecem incertos. Para pacientes onde a anticoagulação não é possível, mas o risco de fenômenos tromboembólicos existem devido a score elevado, o uso de AAS ou mesmo a combinação AAS e clopidrogrel (ACTIVE) é possível, mas esta ultima com quase nenhuma experiência em crianças. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 14. Figura 10 - Flutter atrial com condução atrioventricular 2:1 – apresentação mais comum em todas as faixas etárias Figura 11 – Traçado de Holter em paciente portador de Tetralogia de Fallot evidenciando flutter atrial com condução atrioventricular variável. Observe a ausência de linha isoelétrica entre duas ondas F o que faz diagnóstico diferencial com taquicardia sinusal PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 15. Figura 12- Flutter atrial com alto grau de bloqueio atrioventricular e escape ventricular por efeito de fármacos que bloqueiam o NAV para controle da resposta ventricular Fibrilação atrial Esta arritmia é caracterizada por múltiplos micros circuitos de reentrada intra atrial. Neste tipo de arritmia como no flutter atrial o NAV não participa do circuito arritmogênico então podemos controlar o ritmo retornando ao ritmo sinusal ou apenas controlar a resposta ventricular aumentando o grau de bloqueio da junção atrioventricular. Raramente ocorre em pacientes pediátricos com coração estruturalmente normal, ocorrendo apenas com maior incidência em pacientes portadores de WPW na adolescência (nestes casos, responsável pelo risco de mortalidade súbita devido a fibrilação atrial pré excitada). Em pacientes portadores de cardiopatia congênita principalmente aqueles com manipulação atrial durante a correção cirúrgica e pacientes portadores de cirurgias paliativas do tipo cavopulmonar, o surgimento de fibrilação atrial no pós operatório tardio pode instabilizar o quadro clínico e deteriorar a função miocárdica. Com o intuito de rastrear episódios paroxísticos, o uso do Holter pode identificar precocemente mudanças do quadro, e a PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 16. instituição precoce do tratamento antiarrítmico pode prevenir o remodelamento elétrico que ajuda a manter a arritmia. Os cuidados para cardioversão elétrica ou quimica são os mesmos do flutter atrial. Indícios em pacientes adultos demonstram que a propafenona pode ser utilizado para reversão de quadros agudos com menos de 48h de evolução com índice elevado de reversão. Casos com mais de 48 horas de evolução, ou pacientes portadores de cardiopatia congênitas valvar ou com historia de inicio incerta, devem ser anticoagulados previamente por 3 semanas (ou cardioversao guiada pelo ECO transesofágico) antes de se tentar a cardioversão. Figura 13- Traçado de Holter demonstrando fibrilação atrial de alta resposta ventricular no pós operatório tardio de cirurgia tipo cavopulmonar Pacientes cardiopatas valvares ou CHADS2 maior ou igual a 2 devem ser submetidos a anticoagulação por longa data após a reversão ao ritmo sinusal. Lembramos que muitas vezes em pacientes portadores de cardiopatias congênitas, principalmente pacientes portadores de cirurgias paliativas para coração univentricular, se torna necessária a profilaxia da instabilidade elétrica atrial que pode preceder o surgimento da fibrilação atrial. Nestes paciented a supressão dos gatilhos por meio de fármacos antiarrítmicos pode evitar o surgimento de episódios de fibrilação atrial que podem ser fato limitante por exemplo, para indicação de cirurgia tipo cavopulmonar total. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 17. Figura 14 – Presença de extra sístole supraventricular desencadeando desorganização da atividade elétrica atrial para flutter atrial Taquicardia Juncional As taquicardias juncionais hiperautomáticas ocorrem com freqüência elevada no pós-operatório de cirurgias com manipulação ventricular. Trata-se da arritmia mais freqüente no pós-operatório de cardiopatias congênitas, ocorrendo nas primeiras horas do pós operatório e podendo comprometer o estado hemodinâmico rapidamente devido a elevada freqüência cardíaca, devido perda do sincronismo atrioventricular e a refratariedade às medidas terapêuticas. Atualmente acredita-se que tempos de CEC prolongados podem desencadear este tipo de arritmia. O diagnóstico desta forma de taquicardia no pós-operatório envolve a documentação da dissociação atrioventricular em uma taquicardia de complexos QRS estreitos. No entanto este achado eletrocardiográfico pode desaparecer com estabelecimento da captura atrial retrograda, podendo a onda P vir antes durante ou depois do complexo QRS. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 18. Figura 15 – Paciente de 6 anos de idade no POI de ventriculosseptoplastia evoluindo com extra sístoles ventriculares freqüentes Figura 16 – Taquicardia juncional JET no pós operatório de ventriculosseptoplastia após o “warm-up” da taquicardia Assim que estabelecemos o diagnóstico de uma taquicardia juncional de mecanismo automático, como ocorre no pós-operatório, o tratamento deve ser instituído nos casos mais graves ou naqueles onde existe possibilidade de deterioração do estado hemodinâmico. As taquicardias juncionais não respondem bem às manobras de cardioversão elétrica e habitualmente também não respondem a adenosina. Outra PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 19. característica deste tipo de taquicardia é que conforme vai evoluindo o pós-operatório nos casos estáveis hemodinâmica mente, existe uma grande possibilidade de reversão espontânea. O diagnóstico e tratamento desta forma de arritmia no pós-operatório é facilitada pela presença do eletrodo de marcapasso atrial que possibilita a clara identificação da dissociação atrioventricular, e também possibilita o overdrive atrial da arritmia e a utilização segura de fármacos antiaaritmicos sem a perda do sincronismo atrioventricular. Para o tratamento da taquicardia juncional do período pós-operatório, devemos se possível instituir a ventilação adequada do paciente e sedação quando estes estiverem sob ventilação mecânica. Correção dos distúrbios metabólicos e ácido básicos, infusão de sulfato de magnésio a 10% na dos de 0,5 a 0,7 ml/kg em bolus também podem ser utilizados. Outra estratégia eficaz é manter hipotermia com temperaturas entre 34 e 35 graus no intuito de diminuir o metabolismo. Quanto aos fármacos antiarrítmicos podemos utilizar amiodarona na dose de 5 a 20mg/kg/dia no entanto doses elevadas também estão associados a maior incidência de efeitos colaterais e comprometimento da função ventricular. No instituto Dante Pazzanese de Cardiologia habitualmente, suspendemos as medicações antiarrítmicas no pós-operatório de cardiopatias congênitas (pacientes sem arritmias prévias a cirurgia) entre 30 e 60 dias de pós-operatório Taquicardias mantidas por reentrada com participação da junção atrioventricular Neste grupo encontramos as arritmias onde a junção atrioventricular participa do circuito. Nestes casos a tentativa de irregularizar a arritmia seja com manobra vagal ou adenosina interrompe a taquicardia, pois interrompe a taquicardia por bloquear o nó atrioventricular. Neste tipo de taquicardia podemos encontrar mecanismos de macroreentrada ou mecanismos de microreentrada. As macroreentradas com a participação da junção atrioventricular, denominadas taquicardias por reentrada atrioventricular. Os circuitos de microreentrada dependem da presença de uma dupla via nodal e são denominadas taquicardias por reentrada nodal PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 20. Taquicardia por renntrada nodal São menos freqüentes na infância e se estabelecem devido presença de uma dupla via nodal. Nesta situação existem duas vias eletrofisiológicas para passagem do estimulo pelo NAV. Nestes casos existe uma via alfa que conduz o estimulo lentamente e se recupera rapidamente. Uma segunda via chamada beta que conduz o estimulo rapidamente, porém se recupera lentamente. Em ritmo sinusal o batimento habitualmente conduz pela via rápida. No entanto quando ocorre um batimento ectópico precoce este estimulo pode encontrar a via rápida ainda no seu período refratário e conduzir lentamente pela via lenta. Isto se reflete no ECG de superfície pelo alargamento abrupto do intervalo PR fenômeno denominado duplo salto ou comportamento dual da junção atrioventricular. Nesta situação se estímulo atende a porção distal da via lenta e encontra a via rápida já recuperada, pode o estímulo ascender de forma retrograda iniciando uma taquicardia onde na maioria das vezes a onda P retrograda se insere dentro do complexo QRS ou no máximo no ponto J, se apresentando no ECG como um falso R em V1 ou falso S em D2. Estas ondas são chamadas de falsas, pois desaparecem quando o paciente retorna ao ritmo sinusal. Figura 17- ECG de 12 derivações evidenciando taquicardia por reentrada nodal. Note que não se visualiza a onda P (situação habitual) PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 21. Figura 17 b – Reversão da taquicardia por reentrada nodal com adenosina Figura 18 – ECG de 12 derivações em um garoto de 8 anos na vigência de taquicardia por reentrada nodal. Observe a presença de r’ em V1 que desaparecerá após a reversão configurando uma falsa onda R em V1 caracteristica da taquicardia por reentrada nodal PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 22. Figura 18b – ECG de 12 derivações após reversão para o ritmo sinusal. Note o desaparecimento da r’ em V1 – (não houve modificação dos eletrodos entre os exemplos 18 e 18b) Taquicardias por reentrada atrioventricular Estas taquicardias se estabelecem devido presença de um feixe acessório. Classicamente podemos determinar dois grupos dentro desta arritmia. No primeiro grupo as vias acessórias são aparerentes ao eletrocardiograma durante o ritmo sinusal cujo modelo clássico e a presença de onda Delta na síndrome de pré-excitação ventricular. Quando esta pré-excitação está associada a taquicardias, denominamos síndrome de Wolf Parkinson White. Nesta síndrome mediada por vias acessórias podemos encontrar taquicardias ortodrômicas (aquelas que descem para despolarizar a musculatura ventricular via NAV e sobem novamente para os átrios pela via acessória estabelecendo um circuito de reentrada) que são taquicardias de complexos QRS estreito. Podem apresentar também taquicardias antidrômicas que são taquicardias de complexos QRS largo e entram no diagnóstico diferencial com taquicardias ventriculares. Nas taquicardias antidrômicas o estímulo desce para os ventrículos pelo feixe acessório, logo o despolariza pela musculatura não especializada gerando complexos QRS alargados. Outra forma mais rara de arritmia associada à síndrome de WPW é a fibrilação atrial PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 23. pré- excitada que pode levar a fibrilação ventricular e morte súbita. Vale lembrar que paciente portador de pré-excitação ventricular tem uma incidência aumentada de fibrilação atrial em relação à população geral. O segundo grupo de taquicardias no grupo dos feixes acessórios pertencem àqueles pacientes onde a analise da eletrocardiografia de superfície (ECG e Holter) não demonstram pré-excitação ventricular. Neste grupo só é possível o desenvolvimento de taquicardias ortodromicas, visto que os feixes acessórios destes pacientes, têm condução no sentido ventrículo atrial exclusivamente, o que no passado era conhecido por feixe anômalo oculto (i.e. oculto no ECG em ritmo sinusal). Quanto ao diagnóstico, é essencial o registro do traçado eletrocardiográfico da crise por meio de Holter looper ou ECG de 12 derivações no pronto atendimento. Nos casos portadores de pré-excitação a suspeita do mecanismo da taquicardia é em muito facilitado. Para reversão da crise de taquicardia para ritmo sinusal podemos lançar Mão de manobras vagais ou mesmo adenosina nas formas ortodrômicas. Nas taquicardias antidrômicas a interrupção da taquicardia deve ser feita pela via acessória utilizando drogas do grupo I ou drogas do grupo III. Não se deve utilizar adenosina para reversão de taquicardias antidrômicas pelo risco relativo de fibrilação atrial pré-excitada. Devemos lembrar que a adenosina baixa o limiar do átrio para fibrilação atrial e sua infusão pode desencadear fibrilação atrial. Nos casos com instabilidade hemodinâmica a cardioversão elétrica sincronizada deve ser imediatamente realizada. No instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizamos as seguinte estratégia terapêutica: pacientes com idade inferior a 6 meses optamos por utilizar fármacos que bloqueiem os feixes acessórios combinados ou não aos betabloqueadores quando pacientes são portadores de WPW. Nos pacientes que não apresentam pré excitação devemos realizar a profilaxia com medicações que atuem no NAV (betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio - para pacientes acima de 1 ano). Pacientes acima de 6 meses e abaixo de 10 anos independente da presença de pré excitação optamos por utilizar betabloqueadpores ou bloqueadores de canais de cálcio (acima de 1 ano) visto que, estes pacientes com coração estruturalmente normal não apresenta risco aumentado de FA e consequentemente morte súbita. Após os 10 anos caso não exista indicação formal para ablação, ou nos casos onde a família rejeite a ablação por radiofreqüência realizamos a profilaxia das taquicardias utilizando preferencialmente propafenona na dose de 10 a 15mg/kg dia, no entanto a utilização de amiodarona e sotalol também é possível. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 24. Nos pacientes portadores de pré-excitação ventricular a indicação de ablação por radiofreqüência deve ser indicada nos casos de síncope, arritmias de difícil controle que são interpretadas como falha terapêutica, fibrilação atrial associada à pré-excitação (principalmente com intervalo de acoplamento inferior a 270 ms). Também deve ser indicada em pacientes que desejam praticar atividade física intensa, e em pacientes que desejem atuar em profissões de risco (motoristas profissionais, pilotos entre outras). Famílias que após receberem as orientações sobre riscos e benefícios do procedimento e desejarem a ablação, também devem ser encaminhadas. A utilização de métodos para estratificação de risco da síndrome de WPW, englobam a avaliação do comportamento da via acessória com Holter (na pesquisa de intermitência), teste ergométrico para avaliação do comportamento da via acessória no esforço (buscando desaparecimento abrupto da pré-excitação), cardioestimulação transesofágica e estudo eletrofisiológico (para estimar o período refratário da via acessória). No Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, optamos por utilizar na infância a cardioestimulação transesofágica como opção ao estudo eletrofisiológico. Figura 19 – ECG de 12 derivações em paciente de 6 anos em crise de TPSV por reentrada atrioventricular. Observe FC elevada, infradesnivelamento > 2mm em V5 e PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 25. V6, alternância elétrica visível neste ECG em D2 e onda P retrograda a mais de 70ms do início do complexo QRS Figura 20 – ECG com derivação esofágica (visível na derivação V1) evidenciando RP’ de 120ms em uma taquicardia por reentrada atrioventricular PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 26. Figura 21- Traçado de Holter em um adolescente evidenciando a presença de pré excitação ventricular intermitente Figura 22 – Taquicardia por reentrada atrioventricular antidrômica em paciente portador de via anômala a direita PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 27. Figura 23 – ECG de uma fibrilação atrial associada a WPW em um adolescente com história de síncope. Observe a intensa irregularidade dos intervalos RR e complexos QRS com diferentes durações Figura 24 - Menina de 12 anos submetida a cardioestimulação transesofágica no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia para investigação de taquicardia de início e término súbito ainda sem diagnóstico PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 28. Figura 24- Esquema de indicação de ablação por radiofreqüência na infância e adolescência utilizado no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Arritmia ventriicular e taquicardia ventricular Podemos classificar as arritmias ventriculares quanto a localização em arritmias de ventrículo direito e arritmias de ventrículo esquerdo. De forma geral nas arritmias do ventrículo direito observamos complexos QRS negativos em V1 (morfologia tipo BRE e nas arritmias originadas do ventrículo esquerdo observamos complexos QRS positivos em V1 (morfologia tipo BRE). Nas arritmias do ventrículo esquerdo na infância (taquicardias ventriculares fasciculares encontramos taquicardias com complexos QRS relativamente estreitos e morfologia tipo BRD associado a hiperdesvio para esquerda(BDAS) – vide exemplo abaixo PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 29. Figura evidenciando a presença de taquicardia ventricular fascicular em adolescente de 14 anos com coração estruturalmente normal. Observe os complexos relativamente estreitos e BRD associado a BDAS Na infância as arritmias idiopáticas do ventrículo direito principalmente as originadas da via de saída do ventrículo direito ganham importância. Sua benignidade quanto ao risco de morte súbita leva o médico a utilizar predominantemente medicações betabloqueadoras apenas para o tratamento dos sintomas. A ablação por radiofreqüência pode ser realizada nos casos de desejo do paciente ou nas situações de risco expostas na análise da síndrome de WPW. Casos que se apresentarem como taquicardias ventriculares (diagnóstico diferencial feito utilizando os critérios de Brugada modificados que apresentarem instabilidade hemodinâmica devem ser tratados com cardioversão elétrica sincronizada de 2 a 4 J por Kg. No entanto é de suma importância a diferenciação entre arritmia idiopática de ventrículo direito e displasia arritmogênica do ventrículo direito o que veremos na evolução do capítulo O papel das síndromes elétricas determinadas geneticamente PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 30. Podemos determinar entre as crianças um grupo especifico de pacientes,que, a principio ,não apresentam doenças cardíacas estruturais mas, por condições genéticas especificas, apresentam um risco maior de morte súbita devido a alterações canaliculares (canaliculopatias). Da mesma forma existem condições onde modificações estruturais na estrutura miocárdica, como na displasia arritmogênica de ventrículo direito, onde a substituição progressiva do miocárdio por áreas de fibrose e ou gordura determinarão na maioria das vezes eventos arrítmicos ventriculares graves na adolescência e principalmente na idade adulta. Nestas condições, o conhecimento destas entidades pelo pediatra pode determinar a diferença entre a vida e a morte possibilitando o tratamento e a intervenção precoce, minimizando assim os efeitos e riscos que podem levar a criança à morte Pertencem ao grupo de doenças canaliculares a Síndrome do QT longo, a Síndrome de Brugada, a taquicardia ventricular catecolaminérgica e a nova condição de Síndrome do QT curto. Também nos deteremos na pesquisa da displasia arritmogênica de ventrículo direito (situação que depende da busca ativa dos casos em fase inicial), em pacientes portadores de arritmias ventriculares originadas do ventrículo direito . Síndrome do QT longo congênito Descrita inicialmente no inicio da década de 50, podemos determinar dois grandes grupos baseados na sua forma genética de herança. Uma primeira forma autossômica recessiva, também chamada pelo nome de seus descritores Jerve Lange Nilsen (JLN), e outra autossômica dominante conhecida como Síndrome de Romano Ward. De maneira geral a forma autossômica recessiva tem incidência que varia entre 1,6 a 6 casos por milhão de habitantes, sendo caracterizada por pior evolução e associação com doenças extra cardíacas particularmente casos de surdez congênita. A forma autossômica dominante encontra incidência variando entre 1 caso para 5000 a 10000 habitantes, dados estes provavelmente subestimados devido à falta de diagnóstico. Quanto à mortalidade podemos encontrar índices elevados de eventos fatais alcançando até 70% na evolução natural133-134 PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 31. Na era pré genômica já era possível o diagnóstico de duas formas autossômicas recessivas e 7 formas autossômicas dominantes envolvendo comprometimento de diversos genes e acometendo diferentes correntes iônicas. Hoje se acredita existir mais de 10 variações genotípicas para a forma autossômica dominante. Os genes acometidos e as correntes iônicas envolvidas nas 7 formas autossômicas dominantes principais encontram-se demonstradas na figura abaixo: Figura 25 – Figura do potencial de ação clássico e as principais alterações genéticas e de correntes iônicas envolvidas na síndrome do QT longo congênito. Ikr - canais rápidos de K, Ikr- canais lentos de K; INa- canais de sódio. Entre parênteses a descrição do gene acometido O diagnóstico da síndrome do QT longo congênito é baseado na análise do intervalo QT (no eletrocardiograma) e na pesquisa de sinais e sintomas associados ao quadro clínico. Assim podemos, na prática clínica, estabelecer um score de probabilidade diagnóstica mais preciso e estabelecer as medidas terapêuticas. A avaliação do intervalo QT pode ser feita no ECG de 12 derivações utilizando a derivação onde o QT se mais facilmente visível (principalmente seu termino) e onde possamos encontrar o intervalo mais longo o que geralmente ocorre nas derivações precordiais. Devemos realizar a média de 3 a 5 batimentos para maior fidedignidade da medida. Alterações morfológicas da onda T, tipo alternância ou dismorfismos na onda T, tem importância assim como a medida da dispersão do intervalo QT (diferença entre o maior PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 32. e o menor QT de um eletrocardiograma de 12 derivações – valor limite 100 ms). Como na infância, a FC varia conforme a idade o cálculo do intervalo QT corrigido pela fórmula de Bazzet se torna mais importante. No entanto, a correção dos valores foi estabelecida para FC variando entre 60 e 100 bpm o que muitas vezes é insuficiente. Como limite superior da normalidade encontramos intervalo QT corrigido de 440ms. Lembramos que para que os cálculos sejam precisos os intervalos devem ser médicos em segundos antes de aplicarmos a Formula de Bazzet Figura 26 – ECG de 12 derivações de um adolescente portador de síndrome de QT longo congênito. Observe os maiores intervalos QT encontram-se nas precordiais direitas PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 33. Figura 27 – Formula de Bazzet observe que quando a onda U se funde a onda T a medida do intervalo QTU é necessária. Se a onda T e a onda U estiverem distintas no traçado eletrocardiográfico não se faz necessária a inclusão da ondaU A manifestação arrítmica clássica da síndrome do QT longo é uma taquicardia ventricular polimórfica chamada Torsade de pointes. Do ponto de vista eletrocardiográfico esta arritmia se caracteriza pela presença de uma taquicardia rápida com mudanças freqüentes no eixo dos complexos QRS podendo ser auto limitada ou degenerar para fibrilação ventricular. Raramente o paciente com Torsade de pointes refere algum sintoma mesmo na adolescência ou idade adulta. A principal manifestação clínica são episódios de sincope. Nas forma autossômica dominante tipo I e II o estresse adrenérgico seja físico (LQT1) ou auditivo/ emocional (LQT2) constitui o gatilho para os eventos,. Na síndrome do QT longo tipo 3 a bradicardia é o gatilho principal para a arritmia se assemelhando muitas vezes à Síndrome de Brugada (os eventos geralmente ocorrem no repouso). A sequência clássica do torsade pointes envolve um batimento ectópico precoce seguido de uma pequena pausa compensatória. Na sequência um batimento normal com uma onda T bizarra é novamente seguido batimento precoce que gera o Torsade de pointes “sequência curto-longo- curto”. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 34. Exames como o teste ergométrico e o Holter de 24 horas podem auxiliar no diagnóstico diferencial demonstrando prolongamento do intervalo QT no esforço ou durante a noite respectivamente. Figura 28 – Holter demonstrando evolução auto limitada de um Torsade de pointes. Observe a sequência “curto–longo-curto” gerando a taquicardia Figura 29 – Detalhe do traçado eletrocardiográfico de um Holter demonstrando o início de um Torsade de pointes. Observe a sequência “curto–longo-curto” gerando a taquicardia. Aos dados da análise do ECG devemos acrescentar dados clínicos da história do paciente tais como: presença de Torsade pointes, alternância de onda T, baixa freqüência cardíaca, história e tipo de síncope, historia familiar de QT longo ou morte súbita entre PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 35. jovens. Tabela 1 – Score diagnóstico para Síndrome do QT longo (<1 = baixa probabilidade; 2-3 = probabilidade intermediária; >4 alta probabilidade) O tratamento adequado da síndrome do QT longo congênito passa pela estratificação de risco para morte súbita identificando os principais fatores de risco de acordo com a forma de apresentação clínica. O combate aos gatilhos deflagradores do Torsade de pointes, assim como a profilaxia primaria e secundária de morte súbita com desfibriladores implantáveis e marca-passos fazem parte do arsenal terapêutico. Podemos identificar grupos de maior risco para morte súbita analisando as medidas do intervalo QT, as formas de apresentação, o sexo , a presença de eventos prévios (síncope ou arritmias ventriculares). Assim, pacientes com intervalos QT acima de 600 ms, história prévia de síncope, forma LQT3,por exemplo, apresentam-se no grupo de alto risco e a terapia mais agressiva com fármacos e desfibriladores implantáveis se faz necessária. O estudo genético identificando formas de alto risco para morte súbita é uma possibilidade real para o futuro, mas no momento encontram-se muito distantes dos consultórios cardiológicos. Estudo recente com 3015 casos de QT longo observou que pacientes portadores de LQT3, sexo masculino, história prévia de síncope e intervalos QT acima de 500 ms encontram-se mais expostos a eventos súbitos e morte.140 Quanto à abordagem medicamentosa objetivamos principalmente diminuir o estresse adrenérgico sobre o coração. O aumento do tônus simpático constitui a principal forma de gatilho nas formas autossômicas dominantes 1 e 2. O uso de betabloqueadores em altas doses, combinadas ou não com a terapia com marca-passo ou desfibriladores, PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 36. reduzem de maneira significativa a mortalidade. Os fármacos utilizados são os betabloqueadores que envolvem o propranolol (1 a 4 mg/kg/dia) , o nadolol (1 a 5 mg/Kg/dia –max 240mg) ou atenolol (1 a 2 mg/Kg/dia) facilmente encontrados em nosso meio. Outras opções menos utilizadas para controle do estresse adrenérgico são a denervação cardíaca e a ressecção do gânglio estrelado Estudo recente tem demonstrado alta eficácia do tratamento com betabloqueadores no tratamento de formas adrenérgico dependentes. Isto serviria como opção ao tratamento primário com desfibriladores. Tabela 2 – Estratificadores de risco e formas de profilaxia primária e secundária Síndrome do QT longo (Europace 2002; 4:3-18) Síndrome de Brugada Descrita inicialmente em 1992 pelos irmãos Brugada esta canaliculopatia que afeta os canais de sódio e pode ter padrão familiar é causada por mutações no gene SCN5A. esta mutação gera alterações eletrofisiológicas complexas e modificações clássicas no ECG de superfície, especialmente nas derivações precordiais direitas. Suas manifestações são raras no período neonatal, porém pode estar envolvida em casos de morte súbita no berço. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 37. Podemos identificar além do eletrocardiograma típico da Síndrome de Brugada (morfologia tipo bloqueio de ramo direito visível apenas de V1 a V3 e supradesnivelamento do segmento ST com característica descendente e ondas T negativas em V1 e V2 e supra desnivelamento de V3 – “padrão coved type”) outros dois tipos de padrões eletrocardiográficos que devem ser investigados em pacientes com quadros de síncope. Nestes casos testes farmacológicos com drogas do grupo I (procainamida 10mg/kg, ajmalina 10 mg/kg ou flecainida 2 mg/kg) podem converter estes traçados eletrocardiográficos no eletrocardiograma típico da síndrome com o padrão “coved type”. Em nosso, meio pela escassez destes medicamentos no mercado nacional, indícios indicam que o uso da propafenona também pode desmascarar o eletrocardiograma típico. Atualmente, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizamos 1,5 mg/Kg de propafenona infundida em 20 minutos na tentativa de evidenciar o ECG típico da Síndrome. Figura 30 – Amostra de três tipos de ECG nas derivações precordiais V1,V2 e V3 de cima para baixo respectivamente. Os pacientes com ECG tipo 2 e tipo 3 na vigência de síncope necessitam de investigação com teste farmacológico PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 38. Existem casos onde os achados típicos da síndrome assumem características intermitentes. Desta forma, o aparecimento espontâneo das alterações elétricas denota maior gravidade e seu desaparecimento de forma intermitente não tem valor prognóstico de benignidade. Figura 31 – ECG de 12 derivações de um paciente de 9 anos com história de síncope. Observe as alterações típicas da Síndrome de Brugada em V1,V2 e V3 Figura 32 – ECG em V1,V2 e V3 de um adolescente com Síndrome de Brugada e ECG “coved type” Dentre os marcadores de pior prognóstico estão: sexo masculino, presença de síncope prévia e padrão eletrocardiográfico espontâneo. Pacientes portadores de Síndrome de Brugada associado à eventos arrítmicos documentados e ou síncope devem ser encaminhados para implante de desfibrilador implantável. Os casos que se apresentam com ECG tipo 1, porém sem histórico prévio de síncope, devem ser encaminhados para o estudo eletrofisiológico com a finalidade de se desencadear arritmias ventriculares PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 39. malignas (taquicardia ventricular sustentada e fibrilação ventricular) que sustentem a implantação de um cardiodesfibrilador implantável (CDI). As opções de tratamento clínico farmacológico não estão totalmente comprovadas. Ataulmente se restringem ao uso de quinidina em baixas doses durante as tempestades elétricas e ao uso de cilostozol (sem doses estipuladas na infância) em relatos esporádicos. Figura 33 – Pirâmide de risco dos pacientes com síndrome de Brugada . À esquerda observamos risco relativo de morte súbita em comparação à população geral. Taquicardia ventricular catecolaminérgica Descrita inicialmente por Coumel em 1978 e mais extensivamente por Leenhardt em 1995, manifesta-se principalmente como um quadro de síncope recorrente relacionada ao esforço físico e estresse emocional em crianças e jovens sem cardiopatia estrutural. O estresse adrenérgico combinado a mutações no gene da rianodina (RyR2) ou da calsequestrina desencadeiam episódios de taquicardia ventricular polimórfica ou bidirecional, que podem culminar com fibrilação ventricular e morte. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 40. As taquicardias ventriculares catecolaminérgicas possuem uma alta mortalidade , em torno de 30% a 50%, entre 20 e 30 anos de idade. Os fatores de pior prognóstico são: o sexo masculino, a presença de alteração do RyR2 e manifestação clínica precoce 146-8. A terapia com betabloqueadores, visa primordialmente agir na situação deflagradora evitando os episódios malignos. No entanto, nos pacientes onde a terapia anti adrenérgica (que pode envolver também denervação cardíaca e ressecção do gânglio estrelado) falha, a combinação com implante de desfibrilador implantável se faz necessária. Dentre os métodos diagnósticos utilizados no diagnóstico o Holter e principalmente o teste ergométrico (que pode ser realizado em mãos experientes já abaixo dos 4 anos) possibilita o diagnóstico dos mecanismos deflagradores, evidenciando padrões de taquicardia ventricular polimórfica desencadeada pelo esforço. Nestes casos, o teste ergomátrico serve não só para o diagnóstico, mas também para o controle terapêutico comparativo após a terapia anti adrenérgica. O cardiodesfibrilador implantável torna-se mandatório nos pacientes com resposta ausente ou incompleta as medidas clínicas. A avaliação genética familiar torna-se interessante à medida que pode identificar portadores assintomáticos que se beneficiam de terapia como betabloqueador mais precocemente. Também tem sido sugerido que a doença deve ser investigada em casos de eventos cardíacos deflagrados durante a prática esportiva. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 41. Figura 34 e 35 – Teste ergométrico de criança de 3 anos e 11 meses evidenciando taquicardia ventricular polimórfica induzida por esforço durante a investigação de quadro de síncope. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 42. Displasia arritmogênica do ventrículo direito De rara apresentação no período neonatal,esta anormalidade genética caracteriza-se pela progressiva substituição da musculatura cardíaca por áreas de infiltração gordurosa e fibrose. Este fato gera o substrato anatômico para o desenvolvimento de arritmias ventriculares mantidas por circuitos de reentrada. Como se trata de uma doença progressiva, raramente as manifestações ocorrem nos primeiros anos de vida, porém quando isto acontece denota a gravidade do caso. A principal manifestação clínica são arritmias ventriculares originadas do ventrículo direito geralmente em sua via de saída (extra sístoles ventriculares negativas em V1 e positivas na parede inferior –D2, D3 e aVF). A investigação dos casos deve ser ativa e intensa, com a finalidade de identificar precocemente os casos e instituir a terapêutica. Seu diagnóstico diferencial principal é feito com arritmias idiopáticas da via de saída do ventrículo direito que tem conotação benigna, sendo tratadas apenas quando sintomáticas. Para a investigação diagnóstica,que deve ser evolutiva e repetida em diversos momentos da vida da criança e do adolescente, podemos lançar mão do eletrocardiograma de superfície, do eletrocardiograma de alta resolução, do teste ergométrico e do Holter além dos exames de imagem tais como a ecocardiografia bi e tridimensional e a ressonância magnética do coração. Desta forma, buscamos na análise laboratorial sinais sensíveis, tais como a presença de ondas T negativas de V1 a V3 fora da infância e empastamento da porção terminal dos complexos QRS (nadir do S final do QRS superior a 55ms – presente em 95% dos casos adultos de displasia arritmogênica do VD) ou sinais específicos. A presença de onda Épsilon (tradução eletrocardiográfica de superfície dos potenciais tardios do ECGAR) é considerada um sinal específico de grande importância clínica . PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 43. Alterações de magnitude nas câmaras direitas nos exames de imagem (dilatação ou disfunção importantes do ventrículo direito) constituem sinais clínicos de peso no diagnóstico desta doença. Raramente existe acometimento do ventrículo esquerdo, mas quando isto ocorre esta associado a pior evolução. A detecção de infiltração gordurosa nos exames de imagem como a RNM são característicos, mas nem sempre referidos. Da mesma forma pacientes portadores de grande número de arritmias ventriculares submetidos particularmente a RNM, pode receber falsos diagnósticos 152-54. Figura 36 – ECG demonstrando arritmia ventricular de via de saída do ventrículo direito PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 44. Figura 37 – ECG de uma adolescente de 14 anos portadora de displasia arritmogênica de ventrículo direito. Presença de onda épsilon – Observe em V1 a onda positiva juntamente ao final do complexo QRS PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 45. Figura 38 – ECG de uma adolescente de 14 anos portadora de displasia arritmogênica de ventrículo direito. Taquicardia ventricular originada do ventrículo direito (negativa em V1). Observe a presença de dissociação atrioventricular em V1 PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 46. Figura 39 – RNM do coração eixo curto evidenciando grande dilatação da via de saída do ventrículo direito em adolescente portadora de displasia arritmogênica de ventrículo direito Quanto à abordagem terapêutica, pacientes com eventos cardíacos (taquicardia ventricular sustentada e fibrilação ventricular) devem ser encaminhados para profilaxia secundária com desfibriladores implantáveis sempre associado à terapia antiarrítmica (com sotalol ou amiodarona combinados ou não ao uso de betabloqueadores). Pacientes que não apresentaram eventos, que os encaixem na profilaxia secundária, devem ser tratados com medicação antiarrítmica e eventualmente ablação do foco arritmogênico, com o intuito de modular a resposta aos fármacos. Também devemos estratificar o risco destes pacientes encaminhando-os para o estudo eletrofisiológico com a intenção de desencadear arritmias malignas e implantar o CDI como forma de profilaxia primária. Miocárdio não compactado A não compactação do miocárdio durante a vida fetal pode gerar graus variáveis de disfunção miocárdica mecânica e elétrica. A síndrome do miocárdio não compactado caracteriza-se pela presença de trabeculações profundas no ventrículo esquerdo e relação ecocardiográfica do miocárdio não compactado/miocárdio compacto maior que 2. Os casos podem variar desde o simples diagnóstico ecocardiográfico ate casos de disfunção ventricular e arritmias cardíacas severas que podem levar o paciente a morte. Figura 40 – ECG 12 derivações evidenciando bloqueio de ramo esquerdo em criança de 2 anos portadora de miocárdio não compactado PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 47. Aproximadamente 75% dos casos apresentam alguma alteração eletrocardiográfica. As manifestações mais freqüentes são sobrecarga ventricular, bloqueios de ramo, síndrome de WPW e alterações da repolarização ventricular. As arritmias ventriculares são complicações graves e podem levar a morte súbita. Apenas casos extremamente severos se manifestam no período neonatal, no entanto 56% dos diagnósticos se estabelecem no primeiro ano de vida. Outra complicação temida são os fenômenos tromboembólicos. A incidência de arritmias variam nas diversas séries. Para arritmias ventriculares encontramos incidência que caria entre 18 e 47%. Para arritmias supraventriculares a incidência varia entre 13 e 29% Figura 41 – ECG 12 derivações evidenciando taquicardia ventricular de complexos QRS relativamente estreitos. O diagnóstico ficou facilitado pelo conhecimento da presença de bloqueio de ramo esquerdo prévio – figura 40 O tratamento para as arritmias supraventriculares e ventriculares devem seguir os preceitos gerais dependendo do diagnóstico e a profilaxia primária com desfibriladores implantáveis para as arritmias malignas ainda não está totalmente estabelecida. Arritmias Após Correção Cirúrgica de Cardiopatias Congênitas PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 48. O período pós-operatório é contemplado por diversas formas de arritmias. Para fins diagnósticos dividir as taquicardias em taquicardias de complexos QRS estreitos e taquicardias de c omplexos QRS alargados. Quando no ECG visualizamos taquicardias de complexos QRS largos na infância geralmente são de origem ventricular. No entanto a presença de bloqueio no pos operatório pode dificultar o diagnostico. No entanto, taquicardia supraventricular com aberrância de condução, ao contrário dos adultos, ocorre em apenas 2% das crianças sem bloqueio de ramo pré existente. Na análise do ECG devemos observar os limites da FC para as diferentes faixas etárias. Tabela 3 - Freqüência cardíaca para as diferentes idades Idade Min 5% Média 95% Max DP 0-24 h 85 94 119 145 145 16,1 1-7 dias 100 100 133 175 175 22,3 8-30 dias 115 115 163 190 190 19,9 1-3 meses 115 124 154 190 205 18,6 3-6 meses 115 111 140 179 205 21,0 6-12 meses 115 112 140 177 175 18,7 1-3 anos 100 98 126 163 190 19,8 3-5 anos 55 65 98 132 145 18,0 5-8 anos 70 70 96 115 145 16,1 8-12 anos 55 55 79 107 115 15,0 12-16 anos 55 55 75 102 115 13,5 Do ponto de vista temporal as arritmias podem ocorrer no período pós-operatório precoce (onde a criança ainda esta no ambiente hospitalar) ou no período pós alta hospitalar. Devido à grande variedade de cardiopatias congênitas podemos dividir as cirurgias em cirurgias com manipulação atrial, cirurgias com manipulação ventricular, cirurgias paliativas para a correção de coração univentricular (Cirurgias cavopulmonar) e cirurgias que envolvem cardiopatias associadas à presença de isomerismo atrial. Durante o período de internação A incidência de arritmias no pós operatório varia de forma significativa nos diversos estudo estando muito provavelmente subestimadas em nosso meio girando ao redor de 8% em uma série de 610 cirurgias cardíacas congênitas PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 49. Tabela 4 – Correlação entre tipo de cardiopatia congênita e possíveis arritmias Condição clínica Substrato Arritmias pré ou pós operatórias Comentários Comunicação interatrial Dilatação do átrio direito (pré operatório) Atriotomia e manipulação atrial (pós operatório) Taquicardia atrial (pré e pós) Flutter atrial (pré e pós) Fibrilação atrial (pré e pós) Lesão mecânica pós operatória do sistema elétrico do coração (pós) Fibrilação, flutter atrial e taquicardia atrial geralmente surgem na evolução tardia Comunicação interventricular Lesão cirúrgica do sistema de condução ou processo inflamatório pós CEC Bloqueios atrioventriculares (pós) Taquicardia juncional (pós) Taquicardias ventriculares (pré e pós com disfunçãomiocárdica) Episódios de taquicardia juncional ocorrem predominantemente nos primeiros dias de pós operatório Transposição corrigida de grandes artérias (L-TGA) Distorção do sistema de condução pela inversão ventricular, lesão cirúrgica Bloqueios atrioventriculares até BAVT Pode ocorrer espontaneamente ou no pós operatório de ventrículosseptoplastia, por exemplo Isomerismo atrial Esquerdo: ausência de nodo sinusal; Direito: Dois nodos sinusais; Presença de dois nodo atrioventricular (possível) Arritmias atriais (ritmos atriais ectópicos, taquicardia atrial multifocal) Taquicardia por reentrada atrioventricular por feixes acessórios ou por dois NAV Pode ter diversas arritmias atriais primarias ou secundárias a procedimentos cirurgicos Tetralogia de Fallot Disfunção e dilatação doVD Lesão pós operatória Arritmias ventriculares (simples ou complexas) Maior risco quantomais tardio o pós operatório e maior idade na correção cirúrgica Risco de morte súbita e arritmias malignas quando QRS maior que 180ms, insuficiência pulmonar importante e disfunção de VD Anomalia de Ebstein Dilatação atrial e feixes anômalos Arritmias atriais (Flutter e FA) WPW Maior incidência de feixes anômalos que a população geral. Normalmente feixes a direita Miocardiopatia hipertrófica Feixes acessórios Mecanismos de reentrada na musculatura ventricular TPSV por macrorrentrada atrioventricular Arritmias ventriculares (simples ou complexas) Septo maior que 30mm, síncope, TVNS, TVS e história familiar de morte súbita são critérios de gravidade Durante a internação no pós-operatório de cirurgia cardíaca congênita o simples eletrocardiograma acompanhado ou não de derivações especiais (com uso de foi de marca-passo atrial, cateter de derivação esofágica ou derivações modificadas como derivações de Lewis) é o principal método diagnostico, visto a intensa vigilância das equipes de saúde. A presença dos fios de marca-passo, principalmente os implantados no átrio constitui uma arma poderosa para o diagnóstico preciso das arritmias de pós-operatório. As cirurgias com manipulação dos átrios e das valvas atrioventriculares ficam propensas às arritmias atriais (taquicardia atrial, fibrilação atrial ou flutter atrial) e a presença do fio PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 50. de marca-passo atrial propicia uma derivação univentricular (V1) com nítida visualização da onda P ou F (se estas existirem). Taquicardias atriais podem se confundir com o flutter atrial devido à freqüência atrial rápida e não são raras freqüências acima de 250 batimentos por minuto.3 Nos casos onde não é possível determinar com clareza a forma de arritmia atrial, a utilização de manobras vagais ou mesmo adenosina permite no ambiente hospitalar o registro da atividade elétrica supraventricular. A presença ou ausência de fase isoelétrica entre duas ondas F determina o diagnóstico. Em cirurgias com manipulação ventricular o processo inflamatório ou a circulação extra-corpórea (principalmente quando prolongada) geram taquicardias juncionais (JET) ou taquicardias de complexos QRS alargados que muitas vezes causam dificuldade diagnóstica (entre as taquicardias ventriculares ou taquicardias associadas a bloqueios de ramo permanentes ou aberrância de condução). Ocorre preferencialmente crianças com menos de 1 ano de vida sendo na forma não paroxística que esta arritmia ganha importância no pós operatorio (mais comum) fruto da CEC, hipóxia, desequilíbrio eletrolítico ou trauma cirúrgico que lesa as células na região do feixe de His e raramente é encontrada em crianças com coração normal8. Para taquicardias de complexos alargados nem sempre a aplicação dos critérios de Brugada mesmo que agregados aos novos critérios para taquicardias de complexos alargados são uteis. A pesquisa da dissociação atrioventricular nesta fase é muito útil ao diagnóstico. O mesmo se aplica às taquicardias juncionais. Nos pacientes com taquicardias juncionais ou nos pacientes portadores de taquicardias de complexos QRS alargados a presença dos fios de marca-passo no átrio conectados a uma derivação unipolar permite o registro da dissociação atrioventricular em até 50% dos casos de taquicardia ventricular. Na ausência dos fios de marca-passo atrial, o registro do ECG de superfície fornece em 12 derivações permite a analise do traçado da crise diferenciando taquicardias de complexos QRS estreito das taquicardias de complexos QRS largo (taquicardias ventriculares, taquicardias supraventriculares com aberrância, taquicardias supraventriculares com condução aberrante ou com bloqueio de ramo pré existente, taquicardia por reentrada atrioventriculares antidrômicas e fibrilação atrial pré excitada) das taquicardias de complexos QRS estreitos (taquicardias supraventriculares ou taquicardias ventriculares fasciculares – raras no pós operatório). Na investigação da dissociação atrioventricular, ou ainda na pesquisa de da relação entre ondas P e complexos QRS, o registro da onda P com derivação transesofágica ou derivação de Lewis pode ser útil. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 51. No período intra hospitalar podemos esperar na evolução pos operatória de cirurgias com manipulação atrial arritmias atriais como fibrilação atrial, taquicardia atrial, flutter atrial. Neste grupo de cirurgias encontraremos os fechamentos de CIA, correção das drenagens anômalas parciais e totais, as plastias valvares da anomalia de Ebstein e dos defeitos do septo atrioventricular e a plastias de valva mitral. Com evolução da idade do paciente submetido à cirurgia as arritmias atriais tipo fibrilação atrial e flutter no pos operatório vão se tornando mais freqüentes ficando as taquicardias atriais mais freqüentes no período da infância. Nas cirurgias com manipulação ventricular (correção de comunicação interventricular, por exemplo) ou nos casos onde a circulação extracorpórea foi capaz de deixar a junção atrioventricular hiper reativa a principal complicação arrítmica são as taquicardias juncionais. Nestes casos o registro do ECG de 12 derivações é fundamental fazendo com que possamos estabelecer o diagnostico correto da arritmia. Este método pode ser auxiliado pelo registro da derivação intracardíaca com o fio de marca-passo atrial ou mesmo pela utilização da derivação esofágica. Nesta arritmia a utilização da manobra vagal para o diagnóstico, no geral, resulta infrutífera. As taquicardias por reentrada com participação da junção atrioventricular são facilmente elucidadas pelo ECG e confirmadas pela interrupção da taquicardia com manobra vagal ou adenosina. Nas taquicardias por reentrada nodal na maioria dos casos não é possível a visualização da onda P podendo vir acompanhadas de pulsações cervicais e ganha importância entre pacientes portadores de cardiopatia congênita operados na idade adulta. As taquicardias por reentrada atrioventriculares (com pré excitação- síndrome de WPW ou naquelas onde a presença do feixe só pode ser feita durante a taquicardia – vias de condução retrograda exclusiva) ocorrem com maior freqüência em pacientes portadores de anomalia de Ebstein, miocardiopatia hipertrófica e miocárdio não compactado. Nos casos de pré-excitação ventricular o simples ECG de 12 derivações pode fornecer o diagnóstico e ainda informar de forma mais precisa a localização da via acessória. Quando o paciente apresenta queixa de taquicardia deve ser prontamente realizado. A presença de fios de marca-passo atrial possibilita o registro perfeito das ondas P retrogradas o que auxilia em muito a diferenciação dos circuitos de micro e macro reentrada pela análise do intervalo RP´. Nos casos de registro da crise devemos sempre tentar o registro da saída da taquicardia mantendo o ECG conectado e ligado durante a reversão em derivações isoladas ou simultâneas. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 52. Nos casos onde o NAV é um expectador da arritmia (taquicardia sinusal/atrial/flutter/fibrilação atrial) a diminuição da resposta ventricular permite a análise detalhada do que ocorre no território supraventricular. Quanto às bradicardias que ocorrem no período intra hospitalar o registro do ECG de 12 derivações permite a análise das bradicardias por alteração na formação do estimulo (bradicardias sinusais, bloqueios sinoatriais de segundo grau ou mesmo pausas sinusais), a presença de alterações na condução do estimulo aos ventrículos manifestado pelos bloqueios atrioventriculares de primeiro segundo e terceiro grau assim como suas variantes. As bradicardias podem ocorrer em quase todos os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos ou por edema local próximo ao nó sinusal ou devido a mecanismos inflamatórios ou mecânicos que danifiquem o sistema de condução em qualquer dos seus níveis. Raramente durante o período de internação para o diagnostico lançamos mão de outros métodos diagnósticos não invasivos para a pesquisa dos eventos arrítmicos ou mesmo na estratificação de risco para morte súbita. No entanto o Holter de 24 horas pode auxiliar a quantificar as arritmias e buscar com mais facilidade períodos de bloqueios ou batimentos bloqueados que podem ser fugazes e passar despercebidos da equipe de assistência. Arritmias e estratificação de risco no período extra Hospitalar e no pós operatório tardio Neste período ganham importância as manifestações clinicas (palpitações, por exemplo) e o conhecimento do cardiologista pediátrico sobre os métodos que podem ser utilizados para a triagem destes pacientes. Pacientes com queixas de palpitação devem ser inquiridos sobre as suas características, forma de inicio, fatores desencadeantes, freqüência de surgimento e duração total dos sintomas. Queixas duradouras que permitam o tempo para acesso ao serviço de saúde devem ser encaminhados para registro do ECG de “crise” possibilitando assim a correlação clinico eletrocardiográfica precisa. Pacientes portadores de cirurgia tipo cavopulmonar e adultos podem evoluir com fibrilação atrial paroxística assintomática ficando o diagnóstico critério da busca ativa com Holter ou a utilização de monitorização mais prolongada como o Holter de sete dias. Num relato de 22 anos de experiência no seguimento clínico de 35 casos de PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 53. fibrilação atrial em crianças com idade variando entre 1 dia e 19 anos (idade média 8 anos), Radford e Izukawa demonstraram que a arritmia ocorreu em diversas condições clínicas, mas principalmente associada à correção cirúrgica de cardiopatias.A grande questão da investigação ocorre quando os sintomas não são freqüentes o bastante para serem flagrados com o Holter ou quando não duram tempo o suficiente que permita ao paciente procurar a assistência médica para registro da arritmia. Nestes casos a utilização do monitor de eventos externo por até 30 dias possibilita o registro da correlação clinico eletrocardiográfica e elucidação do quadro varia entre 50 a 70% dos casos. Nestes casos aproximadamente 10% dos casos necessitam de intervenção médica rápida após transmissão dos eventos .Outra maneira de investigar pacientes com taquicardias de inicio e termino súbito onde exista a possibilidade da presença de taquicardias mantidas por reentrada pela junção atrioventricular é a cardioestimulação transesofágica (CETE). O CETE também permite na síndrome de pré excitação a avaliação do período refratário da via acessória. Outra utilidade do Holter é a detecção de pré excitação ventricular intermitente durante principalmente os episódios de bradicardia. A abordagem das arritmias ,no pos operatório tardio da tetralogia de Fallot, combinado aos métodos de imagens (principalmente o ecocardiograma) podem fornecer fatores preditores do risco de morte súbita. A análise do ECG na tetralogia de Fallot em ritmo sinusal permite a avaliação da duração dos complexos QRS e de maneira seqüencial ao longo dos anos permite calcular a velocidade do alargamento destes complexos como fatores independentes para o risco de morte súbita. Duração dos complexos QRS maior que 180 ms e alargamentos superiores a 4ms ao ano permite identificar um grupo mais propenso a desenvolver arritmias ventriculares malignas. A utilização do Holter para monitorizar o surgimento de arritmias ventriculares complexas (taquicardias ventriculares) também permite a análise da variabilidade da freqüência cardíaca de papel na infância e adolescência ainda não esta determinado18. O eletrocardiograma de alta resolução para pesquisa de potenciais tardios pode ser utilizado na população com tetralogia de Fallot com valores preditivos negativos giram entre 92 e 100% . A investigação das taquicardias sintomáticas ou palpitações na tetralogia de Fallot deve seguir do ponto de vista não invasivo a busca ativa dos eventos arrítmicos com Holter, monitor de eventos sintomáticos e tentativa de eletrocardiograma de 12 derivações durante a presença dos sintomas. Nos pacientes portadores de cardiopatia congênita PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 54. graves a investigação dos quadros de sincope devem ser realizada sempre no intuito da avaliação de potenciais eventos arrítmicos deixando a documentação de episódios de sincope neuromediada como ultima alternativa parra evitar resultados falso positivos que podem confundir o diagnostico. Para quadros associados ao esforço físico o teste ergométrico fornece dados do comportamento de focos arrítmicos sob efeito de catecolaminas. Nos casos de isomerismos podemos encontrar crises de taquicardia de origem atrial ou por reentrada atrioventricular que podem ser registradas com o auxilio do ECG durante a crise quando este for possível. Nos casos onde as crises são de curta duração a busca do traçado da crise pode ser feita com o Holter para crises com periodicidade inferior a uma semana ou ainda com monitor de eventos sintomáticos que permite a correlação clinico ECG perfeita nos casos que apresentam sintomas na vigência do exame. Na pesquisa de fibrilação atrial pode ser útil a monitorização por sete dias visto que parte dos episódios de FA podem ser assintomáticos. A utilização do CETE propicia o fornecimento de gatilhos para o registro de taquicardias por reentrada. Para investigação das bradicardias que podem ocorrer no pós operatório tardio o do eletrocardiograma fornece dados quanto a possíveis lesões do sistema de condução. Defeitos no automatismo sinusal vistos no ECG como bradicardias ou pausas representam falhas no automatismo sinusal ou a presença de bloqueio sinoatrial de segundo grau. Ritmos de suplência podem ser avaliados com o ECG de 12 derivações assim como a presença de marca-passos ectópicos ou migratórios. O Holter permite avaliar bradicardias inapropriadas e também permite a avaliação precisa da freqüência cardíaca média, mínima e correlação com eventuais sintomas. Para avaliação da função sinusal é útil a avaliação do comportamento da FC no esforço. A presença de déficits cronotrópicos ou sintomas fornecem dados importantes sobre a disfunção sinusal. O CETE pode ser utilizado para calcular o tempo de recuperação do no sinusal e o tempo de recuperação do no sinusal corrigido. A pesquisa da frequência cardíaca intrínseca pode ser realizada com a infusão de atropina e beta bloqueador conjuntamente para bloqueio autonômico. Casos negativos no estudo eletrofisiológico(para sincope com bloqueio de ramo) que apresentam sintomas com periodicidade até mensal podem se beneficiar da monitorização de eventos. Aqueles com periodicidade superior a isto só se PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 55. beneficiariam do monitor de eventos implantável. O Holter auxilia no diagnostico dos bloqueios atrioventriculares de primeiro grau intermitentes, bloqueios de segundo grau e bloqueios de terceiro grau de características intermitentes ou persistentes. Outro dado importante na análise do Holter de 24 horas é a presença de pausas que podem ser geradas por extras sístoles atriais bloqueadas. Nos casos de isomerismo atrial principalmente no isomerismo atrial esquerdo a análise do Holter de 24 horas pode determinar a estabilidade do marca-passo atrial além de fornecer dados sobre a freqüência cardíaca mínima e média. . Arritmias Próprias da Criança Existe um grupo de arritmias que acometem as crianças com cardiopatias congênitas mesmo antes de se submeterem aos procedimentos cirúrgicos.(tabela 4) . Tabela 5 – Taquicardias na infância – diagnóstico e mecanismos21 Arritmia Mecanismo Local Eletrocardiograma Comportamento do nó atrioventricular na arritmia PR<RP Sinusal A ou R Nó sinusal Onda P positiva em D1, V6 e negativa em aVR expectador sim Atrial A ou R átrio Morfologia diferente da P sinusal expectador sim Juncional A ou R Junção atrioventricular Ausência de P ou pseudo R em V1 e pseudo S D2. Na JET pode haver dissociação AV Participante do circuito Não ou dissoc. TRAV R Via acessória P retrograda a mais de 70ms do início do QRS Participante do circuito Não Flutter atrial Macro R intra atrial átrio Ondas F negativas ou positivas parede inferior. Ausência de linha isoelétrica expectador não se aplica Fibrilação Atrial Múltiplas micro R intra atriais átrio Atividade elétrica desorganizada e RR irregular expectador não se aplica Taquicardia ventricular R ou A ventricular ventrículo Critérios de Brugada podem falhar na infância. Dissociação AV 50% dos casos não se aplica As taquicardias atriais podem ocorrer frequentemente em pacientes portadores de anomalia de Ebstein, portadores de dilatações atriais secundarias a comunicação inter atrial ou mesmo drenagens anômalas pulmonares. Também podem ocorrer em pacientes portadores de dilatação atrial secundária a atresias ou estenoses das valvas direitas e esquerdas. Nestes casos a maioria das formas pode passar assintomática sendo flagradas em exames de rotina e durante a realização de Holter 24 horas. Casos sintomáticos PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 56. podem ser pesquisados de acordo com a duração dos sintomas ou freqüência dos episódios, com ECG no setor de emergência ou com monitor de eventos sintomáticos quando os sintomas forem mais escassos. Pacientes portadores de miocardiopatia hipertrófica, anomalia de Ebstein e miocárdio não compactado ou isomerismos atriais ficam expostos à arritmias por reentrada com participação da junção atrioventricular. O registro do ECG de 12 derivações nos paciente portadores de pré excitação ventricular persistente pode fazer o diagnóstico. Nos casos de pré excitação intermitente o ECG de repouso pode falhar em registrar a pré excitação. Nestes casos para evidenciar a via acessória utilizamos manobras vagais ou mesmo infusão de adenosina. Nos casos de vias acessórias de condução retrograda exclusiva existe a necessidade de registro do ECG da crise de taquicardia, o que pode ser tentado de acordo com sua freqüência com monitor de eventos sintomáticos. O Holter de 24h geralmente falha em registrar crises de taquicardia. Outra opção quando a investigação de rotina falhou em registrar a crise é o CETE que também permite a estratificação de risco e calculo do período refratário da via acessória de forma pouco invasiva. A taquicardia juncional, já descrita acima, que ocorre no pos operatório tem sua etiologia multifatorial. A utilização da derivação unipolar com fio de marcapasso atrial facilita o diagnóstico e deve ser utilizada. Quanto à bradicardias merecem destaque a investigação de disfunção do marca-passo atrial nos isomerismos e o risco de bloqueios átrio ventriculares nas transposições congenitamente corrigidas. Neste ultimo a evolução para bloqueios atrioventriculares pode ser investigada por meio da eletrocardiografia de superfície e incrementada pelo Holter de 24 horas que pode flagrar bloqueios paroxísticos. Outra forma de bradicardia que ocorre nas cardiopatias congênitas na infância são episódios de bigeminismo ou extra-sístoles atriais bloqueadas que são diagnosticadas pelo ECG 12 derivações e pelo Holter Leitura Sugerida 1- Ludomirsky A, Garson A Jr. Supraventricular Tachycardia. In Gillette PC, Garson Jr A, eds. Pediatric Arrhtymias:Electrophysiology and Pacing. Philadelphia: WB Saunders Company, 1990:380-426. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 57. 2- MacFarlane PW, Lawie TDV. Comprehensive Electrocardiography: Theory and Practice in Health and Disease. Vol 3. Oxford, England: Pergamon Press, 1989:1494 3- Donnerstein RL, Berg RA, Shehab Z, Ovadia M. Complex atrial tachycardias and respiratory syncitial virus infections in infants. J Pediatr 1994; 125:23-28. 4- .LOPEZ, A. C. S. ; MOREIRA, D. A. R. . Arritmias no pós operatório de cardiopatias congênitas: aspectos clínicos e evolutivos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 16, p. 15, 2006 5- Radford DJ, Izukawa T. Atrial fibrillation in children. Pediatrics 1977; 59:250-256 6- MOREIRA, D. A. R. ; FOGAGNOLI, M. A. ; HABIB, R. ; ANDALAFT, R. B. (Rogério B. Andalaft) . Qual a prevalência de fibrilação atrial paroxística assintomática em pacientes submetidos ao Holter de 24 horas?. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, p. 148, 2006. 7- ANDALAFT, R. ET al. . Cardioestimulação transesofágica na infância e adolescência: papel do exame na investigação de palpitações taquicárdicas. Revista Soc Cardiol Estado de São Paulo 19 (2) 70,2009 8- Garson A Jr, Gillette PC. Junctional ectopic tachycardia in children: electrocardiography, electrophysiology and pharmacologic response. Am J Cardiol 1979; 44:298-302 9- Paul T, Reimer A, Janousek J, Kallfelz HC: Efficacy and safety of propafenone in congenital junctional ectopic tachycardia. J AmColl Cardiol 1992; 20:911-914 10- Scherr, Daniel ET al. Prospective comparison of the diagnostic utility of a standard event monitor versus a "leadless" portable ECG monitor in the evaluation of patients with palpitations. Journal of Interventional Cardiac Electrophysiology. 2008; 22(1):39- 44, June 11- Siddiqui, M A, ET al. IMMEDIATE MANAGEMENT OF SERIOUS PROBLEMS IN EVENT MONITOR USERS. CHEST; 118(4) S October 2000, 228S 12- Benson Jr, DW. Transesophageal electrocardiography and cardiac pacing: state of art. Circulation; 75 (suppl III): 86-90, April 1987 13- Bevilacqua, LM, Berul CI. Advances in pediatric electrophysiology. Curr Opin Pediatr 16:494–499. 2004 14- Steeds RP and Oakle D. Predicting late sudden death from ventricular arrhythmia in adults following surgical repair of tetralogy of Fallot. Q J Med. 2004; 97:7–13 15- Sagrista-Sauleda J et al. Variations in diagnostic yield of head-up tilt test and electrophysiology in groups of patients with syncope of unknown origin. Eur Heart J 2001; 22(10): 857-65, May. 16- Gatzoulis MA; Till JA; Somerville J; Redington AN. Mechanoelectrical interaction in Tetralogy of Fallot: QRS prolongation relates to right ventricular size and predicts malignant ventricular arrhythmias and sudden death – Circulation 1995; 92: 231-237 PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 58. 17- Brili S et al. Echocardiographic and signal average ECG indices associated with non sustained ventricular tachycardia after repair of tetralogy of Fallot. Heart 2001; 85: 57- 60 18- McLeod KA et al. Reduced heart variability fallowing repair of tetralogy Fallot. Heart 1999; 81: 656-660 19- Khairy P; Landzberg MJ; Gatzoulis MA et al. Value of Programmed Ventricular Stimulation After Tetralogy of Fallot Repair. Circulation, 2004; 109: 1994-2000 20- Gatzoulis MA et al. Risk factors for arrhythmia and sudden death late after repair of tetralogy of Fallot: a multicenter study. Lancet 2000; 356(9234): 975-81 21- Andalaft, RB e Rubayo EM. Arritmias cardíacas na infância. In: Piegas, LS, Armaganijan, D e Timerman, A. Condutas Terapêuticas do Instituto Dante Pazzanese. Atheneu, 2006. p637-646 22- Vincent GM. The molecular genetic of the long QT syndrome: genes causing fainting and sudden death. Annu Rev Med. 1998;49:263–274. 23- Moss AJ, Schwartz PJ, Crampton RS, et al. The long QT syndrome: a prospective international study. Circulation. 1985;71:17–21. 24- Anderson ME, Al Khatib SM, Roden DM, et al. Cardiac repolarization: current knowledge, critical gaps, and new approaches to drug development and patient management. Am Heart J. 2002;144:769–781. 25- Bazette HC. An analysis of the time-relations of electrocardiograms. Heart. 1920;7:353–370. 26- Schwartz PJ, Moss AJ, Vincent GM, et al. Diagnostic criteria for the long QT syndrome. An update. Circulation. 1993;88:782–784 27- Priori SG, Schwartz PJ, Napolitano C, et al. Risk stratification in the long-QT syndrome. N Engl J Med. 2003;348:1866–1874. 28- Moss AJ, Zareba W, Kaufman ES, et al. Increased risk of arrhythmic events in long-QT syndrome with mutations in the pore region of the human ether-a-go-go- related gene potassium channel. Circulation. 2002;105:794–799. 29- Goldenberg I, Moss AJ, Peterson DR, et al. Risk factors for aborted cardiac arrest and sudden cardiac death in children with the congenital Long-QT Syndrome. Circulation. 2008;117:2184-2191. 30- Vincent GM, Schwartz PJ, Denjoy I, et al. High efficacy of beta -blockers in Long-QT Syndrome type 1. Contribution of noncompliance and QT-prolonging drugs to the occurrence of beta - blocker treatment “Failures”. Circulation. 2009;119:215-221. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 59. 31- Wilde A, Antzelevitch C, Borggrefe M, Brugada J, Brugada R, Brugada P, Corrado D, Hauer R, Kass R, Nademanee K, Priori S, Towbin J. Proposed diagnostic criteria for the Brugada syndrome. Circulation. 2002;106:2514 – 2518. 32- Akdemir I, Davutoglu V and Aksoy M. Intermittent Brugada syndrome misdiagnosed as acute myocardial infarction and unmasked with propafenone. Heart 2002;87;543 33- Sacher F, Probst V, Iesaka Y , et al. Outcome After Implantation of a Cardioverter-Defibrillator in Patients With Brugada Syndrome. Circulation. 2006;114:2317-2324. 34- Shimizu W, Aiba T and Kamakura S. Mechanisms of Disease: current understanding and future challenges in Brugada syndrome. Nature 2005; 2 (8) : 408-14 35- Nam GB, Burashnikov A, Antzelevitch C. Cellular Mechanisms Underlying the Development of Catecholaminergic Ventricular Tachycardia. Circulation. 2005;111:2727-2733. 36- Postma AV, Denjoy I, Kamblock J, ET al. Catecholaminergic polymorphic ventricular tachycardia: RYR2 mutations, bradycardia, and follow up of the patients. J Med Genet 2005;42:863–870 37- Sivasubramonian S and Rosenthal E. Fatal Bidirectional and Polymorphic Ventricular Tachycardia With Terminal Depolarization Abnormality in a Child. Circulation. 2004;109:938-939 38- Nasir K, Bomma C, Tandri H, et al. Electrocardiographic features of arrhythmogenic right ventricular dysplasia/cardiomyopathy according to disease severity: a need to broaden diagnostic criteria. Circulation 2004;110:1527–1534. 39- Nasir K, Rutberg J, Tandri H, et al. Utility of SAECG in arrhythmogenic right ventricle dysplasia. Ann Noninvasive Electrocardiol 2003; 8:112–120. 40- Nasir K, Bomma C, Khan FA, et al. Utility of a combined signal-averaged electrocardiogram and QT dispersion algorithm in identifying arrhythmogenic right ventricular dysplasia in patients with tachycardia of right ventricular origin. Am J Cardiol 2003; 92:105–109. 41- Lopez-Fernandez T, Garcia-Fernandez MA, Perez David E, Moreno Yanguela M. Usefulness of contrast echocardiography in arrhythmogenic right ventricular dysplasia. J Am Soc Echocardiogr 2004; 17:391–393. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com
  • 60. 42- Tandri H, Calkins H, Nasir K, et al. Magnetic resonance imaging findings in patients meeting task force criteria for arrhythmogenic right ventricular dysplasia. J Cardiovasc Electrophysiol 2003; 14:476–482. 43- Tandri H, Friedrich MG, Calkins H, Bluemke DA. MRI of arrhythmogenic right ventricular cardiomyopathy/dysplasia. J Cardiovasc Magn Reson 2004; 6: 557– 563. 44- Fulton D, Chung K, Tabakin B, et al. Ventricular tachycardia in children without heart disease. Am J Cardiol 1985; 55:1328-1331 45- Gallagher JJ, Pritchett ELC, Sealy WC, et al. The preexcitation syndromes. Prog Cardiovasc Dis 1978; 285-327. 46- Deal B, Miller S, Scagliotti D, et al. Ventricular tachycardia in the young without overt heart disease (abstr). Circulation 1985; 72(suppl III)340. 47- Deal BJ, Dick M, Beerman L, et al. Cardiac arrest in young patients with Wolff- Parkinson-White syndrome. Pacing Clin Electophysiol 1995; 18:815. 48- Deal BJ. Supraventricular tachycardia. Mecahnisms and natural history. In Deal B, Wolff G, Gelband H (eds). In Current Concepts in Diagnosis and Managememnt of Arrhythmias in Infants and Children. Armonk, NY: Futura Publishing Co., Inc; 1998:117-143. PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com