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Arq Bras Cardiol
2002; 79: 443-5.
Atik e
Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica
443
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP
Correspondência: Edmar Atik – InCor - Av. Dr. Enéas C. Aguiar, 44 - 05403-000
- São Paulo, SP - E-mail: conatik@incor.usp.br
Recebido para publicação em 18/10/01
Aceito em 11/12/01
Edmar Atik
São Paulo, SP
Cateterismo Cardíaco Intervencionista na Cardiologia
Pediátrica. O Posicionamento Médico Quanto às Aplicações
Atuais e Perspectivas
Editorial
Paralelamenteaoprogressoinestimáveldacardiologia
pediátrica, assiste-se, hoje, nessa especialidade a uma ver-
dadeira revolução no âmbito diagnóstico e na conduta em
geral.Assim,aecocardiografiafirma-secomooexamediag-
nósticodeeleiçãonaconfirmaçãodasuspeitaclínica,subs-
tituindooestudohemodinâmicoeangiográficoe,estes,por
seu lado, cada vez mais e de maneira apropriada, substitu-
emacirurgiacardíaca,noalíviodemuitosdistúrbioshemo-
dinâmicos1-13
.
Dessa maneira, percebe-se que as fronteiras da espe-
cialidadesofrerammudançaseosmarcosantigos,osclíni-
cos, hemodinâmicos, cirúrgicos e anatomopatológicos,
agora, são certamente acrescidos de outros marcos, dada a
intromissão dos métodos entre si, tanto no diagnóstico
quanto na conduta.
Ilustrandoeacompanhandoaevoluçãodosdiferentes
campos da especialidade, nos marcos antigos clínicos, se-
miológicos, da sistematização do conhecimento e dos as-
pectos clínicos, acresce-se hoje a ajuda ecocardiográfica.
Nos marcos hemodinâmicos, acrescenta-se o cateterismo
intervencionista e nos cirúrgicos, além da melhoria da per-
fusãoeproteçãomiocárdicas,astécnicasmaisapropriadas
edefinitivas.
Especificamente, no campo do cateterismo interven-
cionista,esteprogressoocorreuempoucotempo,seconsi-
derarmos que o início dessa mudança substancial tenha
ocorridocomaatriosseptostomiadeRashkindem1966,na
transposição das grandes artérias 1
. A feitura da comunica-
çãointeratrial,pelamesmatécnica,estende-sehojeaoutras
anomalias como à atresia pulmonar com septo ventricular
íntegro,àatresiatricúspide,àatresiadavalvaatrioventricu-
laresquerda,àestenosemitral,dentreoutras.Aindamais,o
método ampliou seus horizontes e com efetividade, tanto
no alívio de defeitos obstrutivos, tipo estenoses aórtica e
pulmonar,enacoartaçãodaaorta,quantonofechamentode
defeitosseptais,tipocomunicaçãointeratrialeventricular,
canal arterial e em tantas outras situações, até então inima-
gináveis.
A década de 1980 foi batizada como a era dos balões
para a feitura de atriosseptostomia e de valvuloplastias, e a
década de 1990, por sua vez, a era das endopróteses para
fechamentodedefeitoscomumbrelasecoilsetambémpara
dilatar estruturas através do stent.
Nestaamplaaplicação,obteveocateterismointerven-
cionistasuficientecredibilidade,principalmentepelaefeti-
vidade do procedimento e a um custo aceitável a ponto de
em muitas anomalias poder ser aplicado à população mais
carenteemverdadeirofavorecimentosocial,oqueconsoli-
daométodocomoopçãoterapêuticaeficaz.
Na prática, quando da preferência pelo cateterismo
intervencionista, observa-se em pacientes submetidos ao
método a nítida eliminação de distúrbios psicológicos que
obrigatoriamenteacometemaquelesoperados,oquecerta-
mente se estende aos familiares, tornando assim menos
traumáticaaconduta.Poresseprisma,sente-sequeacorre-
ção cirúrgica pode ser seguramente substituída, além do
queograudacredibilidadeexcedeuasexpectativas,mesmo
em intervenções sobre obstruções venosas, sistêmicas e
pulmonares,emestenosessubaórticasedecolateraissistê-
mico-pulmonares,citandoalgunsexemplos.
Tornou-se o método até superior à operação, dada a
efetividade e com eliminação de riscos, em estenoses das
artérias pulmonares, em especial das estenoses periféricas
intraparenquimatosas,mastambémnasobstruçõesemarté-
riasprincipais,alémdaexecuçãodasembolizaçõesarteriais
referentes à circulação colateral sistêmico-pulmonar e à
seqüestraçãopulmonar,emvasosarteriaisqueseoriginam
daaortadescendenteoumesmodaaortaabdominalabaixo
dodiafragma.
Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 5), 443-5, 2002
444
Atik E
Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica
Arq Bras Cardiol
2002; 79: 443-5.
Observa-setambémnapráticamaiorliberaçãodeindi-
cação,quandoseconsideraocateterismointervencionista,
em fechamento de defeitos pequenos cujo temor cirúrgico
reside na correção de pacientes assintomáticos e em ampla
atividadepsicossocial.Assim,aausênciadesintomastorna
difícil a visualização da necessidade da operação cardíaca,
porexemplo,emcomunicaçãointeratrialeemcanalarterial
silencioso, ambos de discretas dimensões.
Estaúltimaaplicaçãotornouaindicaçãopelocateteris-
momaisprecoceainda,eliminandoosfatoresadversosad-
quiridoscomoasobrecargadevolumee/oudepressão,que
certamente obscurecem os resultados, em face de freqüen-
tes postergações das operações corretivas 3,9,12
.
Outro aspecto positivo que deve ser ressaltado é que,
indiretamente, o cateterismo intervencionista contribuiu
paraamelhoriadastécnicasoperatórias,atravésespecifica-
mentedoadventodaminitoracotomia,emfacedacompeti-
çãoobrigatóriadosmétodos.Adiminuiçãodaincisãocirúr-
gica,hojetãoaceitaeaplicada,apresentadadospós-opera-
tórios semelhantes aos do método intervencionista quanto
ao tempo de recuperação, à permanência hospitalar e à au-
sênciadecomplicações.Talpanoramatemocorridorotinei-
ramente após a correção das comunicações interatrial e
ventricular, do canal arterial e do próprio defeito do septo
atrioventricular.
As vantagens atuais do cateterismo intervencionista
relacionam-se ao aperfeiçoamento maior das próteses, à
efetividade comprovada do procedimento e à ausência de
complicaçõesgravesapontodetersetornadoopçãoválida
semelhante à intervenção operatória. Outras vantagens
devemserinvocadas,comoaeliminaçãodaanestesiageral,
em muitas ocasiões, a eliminação de efeitos deletérios ao
organismo como o provocado pela circulação extracorpó-
rea,pelaproteçãomiocárdicadeficiente,pelaanóxiacardía-
ca,alémdaincisãoatrialepericárdicaresponsáveisporsur-
gimentodearritmias,depericardites,desíndromespós-pe-
ricardiotomias,queaumentamcertamenteamorbidadepós-
operatória.
Mais vantagens poderiam ser lembradas na execução
deprocedimentospelocateterismocardíaco,comootempo
de internação mais curto e o retorno mais precoce do paci-
ente às atividades de rotina.
Por isso, pode-se assim sugerir até que, na correção
dos defeitos cardíacos, haja uma divisão de responsabili-
dadesentreacirurgiaeocateterismocardíacointervencio-
nista.Espaçoamploàindicaçãocirúrgicaàquelascrianças
quenecessitemrealmentedacorreçãooperatóriacomoem
cardiopatias complexas, na transposição das grandes arté-
rias,nadrenagemanômalatotaldasveiaspulmonares,den-
treoutras.Indicaçãoaocateterismointervencionistaemsi-
tuações já mencionadas nas quais o resultado se mostre si-
milaraodacirurgia.
Estaorientaçãoeposicionamentosedevemaofatode
se verificar resultados semelhantes entre os métodos para
fechamento da comunicação interatrial e do canal arterial,
porexemplo,comíndicesidênticosdeshuntresidual,trans-
corridos alguns meses das correções. Sucedeu tal fato em
vista da evolução das próteses, desde a de Clamshell até a
maisatual,deAmplatzerparaofechamentodacomunicação
interatrialeatéassimplesmolasdeGianturconofechamento
docanalarterial2,4,6,10,12
.Emambasastécnicas,aslesõesre-
siduais se eqüivalem às verificadas por procedimentos ci-
rúrgicosconvencionaisepelocateterismointervencionista,
em cerca de 1 a 2% dos casos.
Por isso, o método intervencionista é considerado
umaevoluçãomédicaepodesubstituiracirurgiaemmuitas
alteraçõeshemodinâmicas.Ométodosefirmouemvistados
resultados adequados e do confronto com os resultados
apresentados pela cirurgia.
Pelo progresso obtido, verdadeiramente, assiste-se
hojenasintervençõesnacardiologiapediátricaàintegração
dosmétodos,docateterismointervencionistaedacirurgia,
emumcomplementodeprocedimentoseaumainteraçãoem
proldadiminuiçãodosriscos.Obtêm-setaisefeitosatravés
damelhoradascondiçõespré-operatóriaseatravésdafaci-
litaçãodacorreçãocirúrgica,utilizando-seemumprimeiro
tempo a atuação do cateterismo intervencionista 5,13
.
Alguns exemplos dessa atuação podem ser citados
comonadrenagemanômalatotaldasveiaspulmonares,na
formaobstrutiva,notroncoarterialcomumcomestenoseda
valva truncal, na atresia pulmonar com ventrículo direito
hipoplásico, na anomalia de Ebstein com estenose pulmo-
nar.Naprimeiradessasanomalias,atravésdadilataçãopelo
cateter balão da veia pulmonar obstruída, a hipertensão
venocapilarpulmonardiminuiehásensívelmelhoraclínica
paracorreçãooperatóriaposterior,emmelhorescondições.
Nasoutrasanomalias,oalíviodaestenosepulmonarvalvar
acarreta maior facilidade de correção posterior do tronco
arterial, da execução de operação paliativa tipo Blalock-
Taussig sem o uso da circulação extracorpórea na atresia
pulmonarepostergaçãodacorreçãodaanomaliadeEbstein
aumafaixaetáriamaior,sobmenorriscooperatório.Ainda
mais, o alívio de gradientes subaórticos na estenose sub-
aórtica com conseqüente diminuição da pressão intrave-
ntricular esquerda, da pressão diastólica final ventricular
com nítida melhora das condições pré-operatórias, clara-
menteinterferindonosresultadoscirúrgicos,podeseroutra
aplicação desta interação dos métodos 7
.
Estainteraçãoéessencialparaomanejomaisadequa-
do de pacientes com lesões simples e mesmo complexas,
planejando-se nestas a cirurgia em melhores condições
hemodinâmicas após alívio de obstruções pelo cateter-ba-
lão, sendo o cateterismo intervencionista indicado mesmo
após modificações de técnicas cirúrgicas, como por exem-
plo, para a execução de embolização pós-operatória de va-
soscolateraissistêmico-pulmonaresencontradosnaatresia
pulmonarcomcomunicaçãointerventricular.
Nestepanorama,tornou-seresponsabilidadedoclínico
nãoobstaculizaresimorientaràfeituradotratamentointer-
vencionista pelo cateterismo cardíaco, quando indicado 13
.
Paratal,deve-seconhecerhojequeasindicaçõespara
angioplastiacombalão,stentsemolas,aceitaspelaAmeri-
can Heart Association1
apresentam-se com resultados
apropriados, satisfatórios e inadequados e dessa análise
pode-semelhororientaropaciente.
Arq Bras Cardiol
2002; 79: 443-5.
Atik e
Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica
445
Sabe-se, assim, que a angioplastia por cateter-balão é
apropriada em estenose valvar pulmonar, na estenose
aórtica do recém nascido, na recoartação da aorta, na
estenose de veias cavas, na estenose de artérias pulmona-
res; é satisfatória em estenose de anastomose sistêmico-
pulmonar,nacoartaçãodaaortanativaacimadesetemeses
de idade e no canal arterial restritivo de cardiopatias canal
arterial dependentes; e é inadequada em estenose de veias
pulmonares.
A colocação de stent é apropriada em estenose de ar-
tériaspulmonareseemestenosedeveiascavas;ésatisfató-
ria em estenose de condutos entre o ventrículo direito e as
artérias pulmonares, na estenose de colaterais sistêmico-
pulmonares, na coartação da aorta, e em canal arterial
restritivoemcardiopatiascanalarterialdependentes;éina-
dequada em estenose de veias pulmonares.
A inserção de “molas” tornou-se apropriada em
colaterais sistêmico-pulmonares na atresia pulmonar e co-
municaçãointerventricular,nocanalarterialcomdiâmetro
inferior a 4mm, em anastomoses sistêmico-pulmonares,
fístulas arteriovenosas pulmonares e em conexões veno-
venosasapósaoperaçãodeGlennbidirecional;ésatisfató-
riaemcanalarterialdediâmetrosentre4e7mmeemfístulas
coronário-cavitárias; é inadequada em canal arterial de
grandesdimensõessuperiora7mmeemgrandescolaterais
sistêmico-pulmonares.
Em todo esse posicionamento, reconhece-se hoje o
cateterismointervencionistacomoprocedimentodeprimeira
escolha nas estenoses valvares, na recoartação da aorta, para
a oclusão de vasos colaterais sistêmico-pulmonares e em
estenosesdeartériaspulmonares,principaiseperiféricas.Sen-
doummétodoefetivoeseguro,passaaseropcionalàcorreção
operatórianofechamentodedefeitos,comonascomunicações
interatrialeventriculare,também,nocanalarterial1,11
.
A evolução certamente surge do confronto de idéias,
novas e antigas, além dos resultados. O progresso indis-
cutível que hoje vivemos através dos avanços do catete-
rismocardíaco,talvez,seestendamacaminhosaindamais
fantásticos, servindo este método, quem sabe, até para
fechar defeitos por meios gênicos. Este passo promissor
tornará real um sonho desejado e almejado quando a tera-
pêutica gênica for efetivamente aplicável. Vale lembrar,
como um dos grandes avanços e já real do cateterismo
intervencionista, a colocação de válvulas biológicas, ar-
madas emstent, inseridas na altura do anel pulmonar a fim
de diminuir a insuficiência valvar pulmonar, tornando-se
uma conduta muito promissora em pacientes operados
para a correção da tétrade de Fallot 8
.
Nos últimos 50 anos houve uma avalanche de novas
técnicas e entendimentos mais profundos no que respeita à
etiopatogenia, à fisiopatologia, à clínica, à terapêutica e às
possibilidadescirúrgicas.Hoje,osespecialistascombatem
e previnem a doença cardiovascular mais adequadamente.
Sabe-se quando e porque a placa se forma na artéria, quan-
do a fibra cardíaca enfraquece, quando a cavidade atrial
fibrilaequandoomúsculocardíacomorre.
Combatendoosmeiosquímicos,mecânicoseelétricos,
causas comuns de morte, interfere-se e interrompe-se a ca-
deia de eventos que, certamente, se direcionam à cura das
doençasenestecaminho,certamente,ocateterismocardía-
co já se inseriu. Neste contexto, saliento a participação do
Dr. Valmir Fernandes Fontes, cujo trabalho perseverante e
pioneiro resultou o progresso inestimável do cateterismo
intervencionista em nosso meio.
Referências
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cardiac catheterization. A statement for health professionals from the
Committee on Congenital Cardiac Defects of the Council on Cardiovascular
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in symptomatic children aged less than 2 years of age using the Amplatzer
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role and relationship with pediatric cardiothoracic surgery. Adv Card Surg
2001; 13: 143-67.

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  • 1. Arq Bras Cardiol 2002; 79: 443-5. Atik e Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica 443 Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP Correspondência: Edmar Atik – InCor - Av. Dr. Enéas C. Aguiar, 44 - 05403-000 - São Paulo, SP - E-mail: conatik@incor.usp.br Recebido para publicação em 18/10/01 Aceito em 11/12/01 Edmar Atik São Paulo, SP Cateterismo Cardíaco Intervencionista na Cardiologia Pediátrica. O Posicionamento Médico Quanto às Aplicações Atuais e Perspectivas Editorial Paralelamenteaoprogressoinestimáveldacardiologia pediátrica, assiste-se, hoje, nessa especialidade a uma ver- dadeira revolução no âmbito diagnóstico e na conduta em geral.Assim,aecocardiografiafirma-secomooexamediag- nósticodeeleiçãonaconfirmaçãodasuspeitaclínica,subs- tituindooestudohemodinâmicoeangiográficoe,estes,por seu lado, cada vez mais e de maneira apropriada, substitu- emacirurgiacardíaca,noalíviodemuitosdistúrbioshemo- dinâmicos1-13 . Dessa maneira, percebe-se que as fronteiras da espe- cialidadesofrerammudançaseosmarcosantigos,osclíni- cos, hemodinâmicos, cirúrgicos e anatomopatológicos, agora, são certamente acrescidos de outros marcos, dada a intromissão dos métodos entre si, tanto no diagnóstico quanto na conduta. Ilustrandoeacompanhandoaevoluçãodosdiferentes campos da especialidade, nos marcos antigos clínicos, se- miológicos, da sistematização do conhecimento e dos as- pectos clínicos, acresce-se hoje a ajuda ecocardiográfica. Nos marcos hemodinâmicos, acrescenta-se o cateterismo intervencionista e nos cirúrgicos, além da melhoria da per- fusãoeproteçãomiocárdicas,astécnicasmaisapropriadas edefinitivas. Especificamente, no campo do cateterismo interven- cionista,esteprogressoocorreuempoucotempo,seconsi- derarmos que o início dessa mudança substancial tenha ocorridocomaatriosseptostomiadeRashkindem1966,na transposição das grandes artérias 1 . A feitura da comunica- çãointeratrial,pelamesmatécnica,estende-sehojeaoutras anomalias como à atresia pulmonar com septo ventricular íntegro,àatresiatricúspide,àatresiadavalvaatrioventricu- laresquerda,àestenosemitral,dentreoutras.Aindamais,o método ampliou seus horizontes e com efetividade, tanto no alívio de defeitos obstrutivos, tipo estenoses aórtica e pulmonar,enacoartaçãodaaorta,quantonofechamentode defeitosseptais,tipocomunicaçãointeratrialeventricular, canal arterial e em tantas outras situações, até então inima- gináveis. A década de 1980 foi batizada como a era dos balões para a feitura de atriosseptostomia e de valvuloplastias, e a década de 1990, por sua vez, a era das endopróteses para fechamentodedefeitoscomumbrelasecoilsetambémpara dilatar estruturas através do stent. Nestaamplaaplicação,obteveocateterismointerven- cionistasuficientecredibilidade,principalmentepelaefeti- vidade do procedimento e a um custo aceitável a ponto de em muitas anomalias poder ser aplicado à população mais carenteemverdadeirofavorecimentosocial,oqueconsoli- daométodocomoopçãoterapêuticaeficaz. Na prática, quando da preferência pelo cateterismo intervencionista, observa-se em pacientes submetidos ao método a nítida eliminação de distúrbios psicológicos que obrigatoriamenteacometemaquelesoperados,oquecerta- mente se estende aos familiares, tornando assim menos traumáticaaconduta.Poresseprisma,sente-sequeacorre- ção cirúrgica pode ser seguramente substituída, além do queograudacredibilidadeexcedeuasexpectativas,mesmo em intervenções sobre obstruções venosas, sistêmicas e pulmonares,emestenosessubaórticasedecolateraissistê- mico-pulmonares,citandoalgunsexemplos. Tornou-se o método até superior à operação, dada a efetividade e com eliminação de riscos, em estenoses das artérias pulmonares, em especial das estenoses periféricas intraparenquimatosas,mastambémnasobstruçõesemarté- riasprincipais,alémdaexecuçãodasembolizaçõesarteriais referentes à circulação colateral sistêmico-pulmonar e à seqüestraçãopulmonar,emvasosarteriaisqueseoriginam daaortadescendenteoumesmodaaortaabdominalabaixo dodiafragma. Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 5), 443-5, 2002
  • 2. 444 Atik E Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica Arq Bras Cardiol 2002; 79: 443-5. Observa-setambémnapráticamaiorliberaçãodeindi- cação,quandoseconsideraocateterismointervencionista, em fechamento de defeitos pequenos cujo temor cirúrgico reside na correção de pacientes assintomáticos e em ampla atividadepsicossocial.Assim,aausênciadesintomastorna difícil a visualização da necessidade da operação cardíaca, porexemplo,emcomunicaçãointeratrialeemcanalarterial silencioso, ambos de discretas dimensões. Estaúltimaaplicaçãotornouaindicaçãopelocateteris- momaisprecoceainda,eliminandoosfatoresadversosad- quiridoscomoasobrecargadevolumee/oudepressão,que certamente obscurecem os resultados, em face de freqüen- tes postergações das operações corretivas 3,9,12 . Outro aspecto positivo que deve ser ressaltado é que, indiretamente, o cateterismo intervencionista contribuiu paraamelhoriadastécnicasoperatórias,atravésespecifica- mentedoadventodaminitoracotomia,emfacedacompeti- çãoobrigatóriadosmétodos.Adiminuiçãodaincisãocirúr- gica,hojetãoaceitaeaplicada,apresentadadospós-opera- tórios semelhantes aos do método intervencionista quanto ao tempo de recuperação, à permanência hospitalar e à au- sênciadecomplicações.Talpanoramatemocorridorotinei- ramente após a correção das comunicações interatrial e ventricular, do canal arterial e do próprio defeito do septo atrioventricular. As vantagens atuais do cateterismo intervencionista relacionam-se ao aperfeiçoamento maior das próteses, à efetividade comprovada do procedimento e à ausência de complicaçõesgravesapontodetersetornadoopçãoválida semelhante à intervenção operatória. Outras vantagens devemserinvocadas,comoaeliminaçãodaanestesiageral, em muitas ocasiões, a eliminação de efeitos deletérios ao organismo como o provocado pela circulação extracorpó- rea,pelaproteçãomiocárdicadeficiente,pelaanóxiacardía- ca,alémdaincisãoatrialepericárdicaresponsáveisporsur- gimentodearritmias,depericardites,desíndromespós-pe- ricardiotomias,queaumentamcertamenteamorbidadepós- operatória. Mais vantagens poderiam ser lembradas na execução deprocedimentospelocateterismocardíaco,comootempo de internação mais curto e o retorno mais precoce do paci- ente às atividades de rotina. Por isso, pode-se assim sugerir até que, na correção dos defeitos cardíacos, haja uma divisão de responsabili- dadesentreacirurgiaeocateterismocardíacointervencio- nista.Espaçoamploàindicaçãocirúrgicaàquelascrianças quenecessitemrealmentedacorreçãooperatóriacomoem cardiopatias complexas, na transposição das grandes arté- rias,nadrenagemanômalatotaldasveiaspulmonares,den- treoutras.Indicaçãoaocateterismointervencionistaemsi- tuações já mencionadas nas quais o resultado se mostre si- milaraodacirurgia. Estaorientaçãoeposicionamentosedevemaofatode se verificar resultados semelhantes entre os métodos para fechamento da comunicação interatrial e do canal arterial, porexemplo,comíndicesidênticosdeshuntresidual,trans- corridos alguns meses das correções. Sucedeu tal fato em vista da evolução das próteses, desde a de Clamshell até a maisatual,deAmplatzerparaofechamentodacomunicação interatrialeatéassimplesmolasdeGianturconofechamento docanalarterial2,4,6,10,12 .Emambasastécnicas,aslesõesre- siduais se eqüivalem às verificadas por procedimentos ci- rúrgicosconvencionaisepelocateterismointervencionista, em cerca de 1 a 2% dos casos. Por isso, o método intervencionista é considerado umaevoluçãomédicaepodesubstituiracirurgiaemmuitas alteraçõeshemodinâmicas.Ométodosefirmouemvistados resultados adequados e do confronto com os resultados apresentados pela cirurgia. Pelo progresso obtido, verdadeiramente, assiste-se hojenasintervençõesnacardiologiapediátricaàintegração dosmétodos,docateterismointervencionistaedacirurgia, emumcomplementodeprocedimentoseaumainteraçãoem proldadiminuiçãodosriscos.Obtêm-setaisefeitosatravés damelhoradascondiçõespré-operatóriaseatravésdafaci- litaçãodacorreçãocirúrgica,utilizando-seemumprimeiro tempo a atuação do cateterismo intervencionista 5,13 . Alguns exemplos dessa atuação podem ser citados comonadrenagemanômalatotaldasveiaspulmonares,na formaobstrutiva,notroncoarterialcomumcomestenoseda valva truncal, na atresia pulmonar com ventrículo direito hipoplásico, na anomalia de Ebstein com estenose pulmo- nar.Naprimeiradessasanomalias,atravésdadilataçãopelo cateter balão da veia pulmonar obstruída, a hipertensão venocapilarpulmonardiminuiehásensívelmelhoraclínica paracorreçãooperatóriaposterior,emmelhorescondições. Nasoutrasanomalias,oalíviodaestenosepulmonarvalvar acarreta maior facilidade de correção posterior do tronco arterial, da execução de operação paliativa tipo Blalock- Taussig sem o uso da circulação extracorpórea na atresia pulmonarepostergaçãodacorreçãodaanomaliadeEbstein aumafaixaetáriamaior,sobmenorriscooperatório.Ainda mais, o alívio de gradientes subaórticos na estenose sub- aórtica com conseqüente diminuição da pressão intrave- ntricular esquerda, da pressão diastólica final ventricular com nítida melhora das condições pré-operatórias, clara- menteinterferindonosresultadoscirúrgicos,podeseroutra aplicação desta interação dos métodos 7 . Estainteraçãoéessencialparaomanejomaisadequa- do de pacientes com lesões simples e mesmo complexas, planejando-se nestas a cirurgia em melhores condições hemodinâmicas após alívio de obstruções pelo cateter-ba- lão, sendo o cateterismo intervencionista indicado mesmo após modificações de técnicas cirúrgicas, como por exem- plo, para a execução de embolização pós-operatória de va- soscolateraissistêmico-pulmonaresencontradosnaatresia pulmonarcomcomunicaçãointerventricular. Nestepanorama,tornou-seresponsabilidadedoclínico nãoobstaculizaresimorientaràfeituradotratamentointer- vencionista pelo cateterismo cardíaco, quando indicado 13 . Paratal,deve-seconhecerhojequeasindicaçõespara angioplastiacombalão,stentsemolas,aceitaspelaAmeri- can Heart Association1 apresentam-se com resultados apropriados, satisfatórios e inadequados e dessa análise pode-semelhororientaropaciente.
  • 3. Arq Bras Cardiol 2002; 79: 443-5. Atik e Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica 445 Sabe-se, assim, que a angioplastia por cateter-balão é apropriada em estenose valvar pulmonar, na estenose aórtica do recém nascido, na recoartação da aorta, na estenose de veias cavas, na estenose de artérias pulmona- res; é satisfatória em estenose de anastomose sistêmico- pulmonar,nacoartaçãodaaortanativaacimadesetemeses de idade e no canal arterial restritivo de cardiopatias canal arterial dependentes; e é inadequada em estenose de veias pulmonares. A colocação de stent é apropriada em estenose de ar- tériaspulmonareseemestenosedeveiascavas;ésatisfató- ria em estenose de condutos entre o ventrículo direito e as artérias pulmonares, na estenose de colaterais sistêmico- pulmonares, na coartação da aorta, e em canal arterial restritivoemcardiopatiascanalarterialdependentes;éina- dequada em estenose de veias pulmonares. A inserção de “molas” tornou-se apropriada em colaterais sistêmico-pulmonares na atresia pulmonar e co- municaçãointerventricular,nocanalarterialcomdiâmetro inferior a 4mm, em anastomoses sistêmico-pulmonares, fístulas arteriovenosas pulmonares e em conexões veno- venosasapósaoperaçãodeGlennbidirecional;ésatisfató- riaemcanalarterialdediâmetrosentre4e7mmeemfístulas coronário-cavitárias; é inadequada em canal arterial de grandesdimensõessuperiora7mmeemgrandescolaterais sistêmico-pulmonares. Em todo esse posicionamento, reconhece-se hoje o cateterismointervencionistacomoprocedimentodeprimeira escolha nas estenoses valvares, na recoartação da aorta, para a oclusão de vasos colaterais sistêmico-pulmonares e em estenosesdeartériaspulmonares,principaiseperiféricas.Sen- doummétodoefetivoeseguro,passaaseropcionalàcorreção operatórianofechamentodedefeitos,comonascomunicações interatrialeventriculare,também,nocanalarterial1,11 . A evolução certamente surge do confronto de idéias, novas e antigas, além dos resultados. O progresso indis- cutível que hoje vivemos através dos avanços do catete- rismocardíaco,talvez,seestendamacaminhosaindamais fantásticos, servindo este método, quem sabe, até para fechar defeitos por meios gênicos. Este passo promissor tornará real um sonho desejado e almejado quando a tera- pêutica gênica for efetivamente aplicável. Vale lembrar, como um dos grandes avanços e já real do cateterismo intervencionista, a colocação de válvulas biológicas, ar- madas emstent, inseridas na altura do anel pulmonar a fim de diminuir a insuficiência valvar pulmonar, tornando-se uma conduta muito promissora em pacientes operados para a correção da tétrade de Fallot 8 . Nos últimos 50 anos houve uma avalanche de novas técnicas e entendimentos mais profundos no que respeita à etiopatogenia, à fisiopatologia, à clínica, à terapêutica e às possibilidadescirúrgicas.Hoje,osespecialistascombatem e previnem a doença cardiovascular mais adequadamente. Sabe-se quando e porque a placa se forma na artéria, quan- do a fibra cardíaca enfraquece, quando a cavidade atrial fibrilaequandoomúsculocardíacomorre. Combatendoosmeiosquímicos,mecânicoseelétricos, causas comuns de morte, interfere-se e interrompe-se a ca- deia de eventos que, certamente, se direcionam à cura das doençasenestecaminho,certamente,ocateterismocardía- co já se inseriu. Neste contexto, saliento a participação do Dr. Valmir Fernandes Fontes, cujo trabalho perseverante e pioneiro resultou o progresso inestimável do cateterismo intervencionista em nosso meio. Referências 1. Allen HD, Driscoll DJ, Fricker FJ, et al. Guidelines for pediatric therapeutic cardiac catheterization. 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JacobLJB,MachadoNCS,CoelhoWMC,etal.Tratamentodeestenosesubaórtica emmembranaporcateter-balão.ArqBrasCardiol1998;70:25-8. 8. Kachaner J. The best in 2000 on pediatric cardiology. Arch Mal Coeur Vaiss 2001; 94: 57-63. 9. KreutzerJ.Transcatheterinterventionintheneonatewithcongenitalheartdisea- se. Clin Perinatol 2001; 28: 137-57. 10. LosayJ,PetitJ,LambertV,etal.PercutaneousclosurewithAmplatzerdeviceisa safe and efficient alternative to surgery in adults with large atrial septal defects. AmHeartJ2001;142:544-8. 11. QureshiSA,RedingtonAN,WrenC,etal.RecommendationsoftheBritishPae- diatricCardiacAssociationfortherapeuticcardiaccatheterizationincongenital cardiac disease. Cardiol Young 2000; 10: 649-67. 12. VogelM,BergerF,DahnertI,EwertP,LangePE.Treatmentofatrialseptaldefects in symptomatic children aged less than 2 years of age using the Amplatzer septal occluder. Cardiol Young 2000; 10: 534-7. 13. Waight DJ, Hijazi ZM. 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