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Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Nº 5, Novembro 2004 
365 
Editorial 
Importância da Correlação Clínico-Radiográfica na 
Aproximação Diagnóstica das Cardiopatias Congênitas 
Edmar Atik 
São Paulo, SP 
Em face dos indiscutíveis avanços diagnósticos das cardiopatias 
congênitas e adqüiridas, que compõem a cardiologia pediátrica1-3, 
pergunta-se da importância, hoje, da radiografia de tórax, como 
um método que outrora preponderava, conjuntamente, com o 
eletrocardiograma e os elementos clínicos, para a obtenção do 
diagnóstico funcional dessas cardiopatias. 
De fato, as etapas diagnósticas foram se sucedendo através os 
tempos. Conta a história, que os elementos clínicos, inicialmente, 
eram correlacionados aos da anatomia patológica e, percebendo-se 
então, retrospectivamente, por exemplo, a característica do sopro 
peculiar da mínima comunicação interventricular, conhecido hoje 
como o sopro de Roger4. Posteriormente, esses elementos foram 
se correlacionando com os da eletrocardiografia e radiografia de 
tórax em um tripé semiológico cujos diagnósticos anatômico e funcio-nal 
eram ultimados sempre pelo estudo hemodinâmico. 
Com o advento do ecocardiograma e de suas imagens diag-nósticas 
indiscutíveis, estas vieram a substituir o estudo hemodi-nâmico 
nesta definição anatômica e funcional, alterando, assim, 
os marcos diagnósticos e, conseqüentemente, a importância da 
semiologia e a conduta adotadas na especialidade. 
Estas imagens, hoje, são tão aceitas que servem até de guias 
e de testes finais, mesmo após a correção de defeitos, ainda na 
sala operatória, através o método transesofágico. 
Pergunta-se, portanto, novamente, se o método radiográfico em 
sua correlação clínica foi ultrapassado e se tornou realmente obsoleto? 
Se partirmos da premissa de que nenhum método é consi-derado 
inteiramente soberano na determinação de todas as variáveis 
anatômicas e funcionais, ainda a radiografia de tórax em conjunto 
com a clínica serve de guia funcional a um entendimento fisiopa-tológico 
inicial, antes de se poder estabelecer, de maneira mais 
definida, o diagnóstico. 
Assim, seria este método um guia para: 1) obter-se um en-tendimento 
preliminar do tipo da cardiopatia em questão; 2) en-cetar 
o raciocínio clínico do tipo da anomalia em estudo, se com 
balanceamento de fluxos sistêmico-pulmonar ou não; 3) estabelecer 
um teste diagnóstico para se poder argumentar em possíveis diag-nósticos 
equivocados, através a ecocardiografia; 4) por fazer parte 
do diagnóstico clínico, aliado aos elementos clínico-semiológicos 
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina 
da Universidade de São Paulo 
Endereço para correspondência: Edmar Atik - Instituto do Coração da FMUSP 
Av. Enéas Carvalho de Aguiar 44 - Cep 05403-000 - São Paulo - SP 
E-mail: conatik@incor.usp.br 
Enviado para publicação em 27/05/2004 
Aceito em 22/06/2004 
e eletrocardiográficos, é tido como elemento fundamental e, assim, 
também indispensável; 5) estimular o raciocínio clínico, este sim 
primordial para se obter o entendimento da dinâmica da cardiopatia 
em questão e, portanto, da conduta a ser tomada. 
Com essas premissas torna-se de risco não fundamentar a condu-ta 
sob os elementos clínicos, pois ao clínico se reserva a conduta 
abalizada e pensada, ainda mais que a cardiologia pediátrica exige 
raciocínio na estimativa e aproximação do diagnóstico e, principal-mente, 
na conduta. Torna-se um erro, aliás grosseiro, a análise 
isolada dos elementos ecográficos para deles orientar a indicação 
cirúrgica, a qual realizada diretamente com base nestes elementos 
ou, ainda, pelo pensamento do próprio grupo cirúrgico, pode resultar 
em enganos ou em eventos precipitados e desnecessários. 
O clínico avalia os elementos clínico-semiológicos, em conjunto 
com os do eletrocardiograma e da radiografia de tórax, os contra-balança 
aos do risco cirúrgico e aos da presuntiva evolução pós-operatória 
subseqüente, para se aquilatar na ocasião a época ideal 
da indicação operatória de cada anomalia, analisada dentro de 
um universo de possibilidades, tão peculiar à especialidade. 
Em contraposição são assistidos, hoje, descalabros e espe-ranças 
ilusórias que devem ser certamente eliminados, como por 
exemplo, indicações operatórias de comunicação interatrial sem 
repercussão, ainda no 1º ano de vida, correção de comunicação 
interventricular discreta nos dois primeiros anos com possibilidade 
ainda do fechamento espontâneo, dentre outras situações. 
Essa maior liberação para a operação, realizada por profissio-nais 
não vinculados à “preocupação clínica”, está sendo respaldada 
certamente nos progressos obtidos, como os relacionados a riscos 
cirúrgicos cada vez menores e a diagnósticos mais corretos através 
as imagens ecocardiográficas. 
De fato, esses avanços são conquistas que verdadeiramente 
devem ser interpostas em benefício real do paciente, sem no en-tanto, 
não ultrapassar os passos iniciais de análise clínica cuidadosa. 
Por isso deve-se resgatar novamente os elementos essenciais 
e fundamentais através a continuidade da correlação clínica. 
Ademais, cito alguns outros exemplos da utilidade da radiografia 
de tórax, na prática clínica, que reforçam a necessidade de que a 
correlação clínica deva estar sempre presente nas discussões diag-nósticas 
e de condutas. Pode-se afirmar que essa falta de correlação 
resulte em equívocos, que na literatura não são mencionados com 
ênfase, talvez por que devam ser omitidos prioritariamente pelo 
próprio avanço indiscutível da ecocardiografia que sobrepuja as 
limitações conhecidas do método radiográfico. 
No entanto, lembro que através uma radiografia simples de 
tórax podemos facilmente descartar o diagnóstico da comunicação 
interatrial que, equivocadamente, é realizado por vezes pela eco-
Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Nº 5, Novembro 2004 
366 
Importância da Correlação Clínico-Radiográfica na Aproximação Diagnóstica das Cardiopatias Congênitas 
cardiografia e que, muitas vezes, orienta daí para indicações ope-ratórias 
descabidas. Ademais, aquilata funcionalmente a reper-cussão 
de comunicações interventriculares, que por vezes podem 
ser avaliadas pelo ecocardiograma como de grandes dimensões, 
mas que, funcionalmente, são pequenas em face de obstrução 
parcial pelo tecido tricúspide interposto. A radiografia de tórax 
também avalia, funcionalmente, o grau de obstrução ao fluxo pul-monar 
em cardiopatias isoladas, como na estenose pulmonar ou 
ainda em associação a outros defeitos, como no ventrículo único, 
por exemplo. Nessas condições, o encontro de gradientes variados 
de um para outro exame ecocardiográfico nos permite privilegiar 
os dados clínicos para a determinação da conduta posterior. O 
mesmo pensamento pode ser dirigido para casos com obstrução 
do lado esquerdo do coração, como na estenose aórtica e na 
coartação da aorta. Não querendo ser presunçoso mas, pode ele 
até questionar dados de função cardíaca mal interpretados pela 
ecocardiografia ou ainda por outros métodos, quando se diagnostica 
disfunção miocárdica em contraposição nítida radiográfica, mos-trando 
área cardíaca de dimensões próximas do normal. 
Acrescendo o fato de ser a radiografia de tórax exame de 
baixo custo e consolidando-o dentro do fundamental orienta até 
para a necessidade ou não da execução em determinados casos 
da própria ecocardiografia, esta tida no entanto como indispensável 
hoje no diagnóstico anatomofuncional das cardiopatias na infância. 
Como a radiografia de tórax pode ser considerada como método 
realmente útil? Vale análise para a consideração a respeito do que 
este exame pode oferecer concretamente. Neste contexto, a ra-diografia 
de tórax nos mostra, como todo método, aspectos ana-tômicos 
e funcionais5-8. Os funcionais são obtidos a partir da análise 
adequada do tipo da vascularidade pulmonar, que pode se apresentar 
com características normais, diminuida em calibre e aumentada, 
por hiperfluxo pulmonar ou por congestão venocapilar pulmonar. 
Desta maneira, a trama vascular pulmonar intra-parenquima-tosa 
reflete muito a dinâmica cardiovascular que acompanha os 
vários tipos de cardiopatias congênitas, tornando-se o alvo da 
interpretação inicial em uma radiografia de tórax, antes mesmo 
da análise da área cardíaca. 
Assim, quando a trama vascular pulmonar é considerada normal 
em calibre e em distribuição denota que os fluxos sistêmico e 
pulmonar estão mais ou menos balanceados, o que ocorre nas 
cardiopatias congênitas obstrutivas direitas e esquerdas que, ainda 
por mecanismos adequados de compensação, mantêm o débito 
anterógrado de sangue. Ainda mais, pode ocorrer também em 
cardiopatias com descompensação cardíaca, que ainda mantém 
um débito cardíaco adequado, como nas miocardiopatias de 
qualquer natureza etiológica. 
A vascularidade pulmonar normal se distribui desde os hilos 
até 2/3 internos dos campos pulmonares, não sendo visível no 
restante 1/3 externo, com dominância das imagens para os lobos 
inferiores em relação aos superiores. O calibre vai se adelgaçando 
desde o hilo, obedecendo as bifurcações dos vários segmentos 
pulmonares à direita e à esquerda, sendo em número de 10 de 
cada lado, três para os lobos superiores, dois para os lobos médio 
direito e da língula à esquerda e cinco para os lobos inferiores. 
Essa trama vascular se torna de dimensões diminuidas com 
esta mesma distribuição descrita, em face da presença de hipofluxo 
pulmonar, que acompanha o primeiro grupo das cardiopatias cia-nogênicas 
com obstrução ao fluxo pulmonar e/ou regurgitação de 
sangue em nível valvar, tricúspide ou pulmonar. Este tipo de trama 
vascular se apresenta também nas cardiopatias acianogênicas com 
obstrução à direita do coração, quando o fluxo anterógrado não é 
mais mantido. 
Por outro lado, quando há hiperfluxo pulmonar, nota-se aumento 
do diâmetro dos vasos, normalmente, distribuídos pelos dois pul-mões 
e ocorre nas cardiopatias acianogênicas com desvio de 
sangue da esquerda para a direita e nas cardiopatias cianogênicas 
sem estenose pulmonar. 
O aspecto congestivo pulmonar com aumento da trama vascular 
pulmonar, decorrente de engurgitamento hilar e dos lobos supe-riores, 
observa-se em cardiopatias que ocasionem hipertensão 
venocapilar pulmonar, como ocorre em lesões obstrutivas à es-querda 
ou em qualquer situação anatomofuncional que ocasione 
disfunção do ventrículo esquerdo. 
Na seqüência desta análise radiográfica associa-se a existência 
ou não de cardiomegalia a cada tipo de vascularidade pulmonar, 
acrescentando, assim, o aspecto anatômico do defeito para se 
alcançar o diagnóstico definitivo. 
Assim, com trama vascular pulmonar normal, as cardiopatias 
congênitas, que se acompanham de área cardíaca também normal, 
são representadas por defeitos acianogênicos com muito discretos 
desvios de sangue da esquerda para a direita (comunicações inte-ratrial 
e interventricular e canal arterial), lesões obstrutivas dis-cretas, 
que ainda preservam um fluxo anterógrado normal (este-noses 
pulmonar e aórtica e coarctação da aorta), anomalias das 
artérias coronárias, como aneurisma e/ou estenose congênitas ou 
adqüiridas, síndrome de Eisenmenger, anomalias do arco aórtico 
e outras cardiopatias que preservam fluxos pulmonar e sistêmico 
balanceados. 
Com trama vascular pulmonar normal, mas com cardiomegalia, 
são lembradas as lesões obstrutivas à esquerda do coração que 
não mantêm fluxo anterógrado normal, mas sem descompensação 
acentuada, tumores cardíacos, insuficiência valvar mitral sem con-gestão 
venocapilar pulmonar, hipertensão pulmonar com insufi-ciência 
tricúspide. 
Com trama vascular pulmonar diminuída e com área cardíaca 
normal, citam-se as cardiopatias obstrutivas à direita e que não 
mantêm o fluxo anterógrado normal. Dentre as acianogênicas (es-tenose 
valvar, supravalvar e subvalvar pulmonar, estenose de via 
de entrada de ventrículo direito) e dentre as cianogênicas com 
obstrução ao fluxo pulmonar (tetralogia de Fallot, tipos de atresia 
tricúspide, atresia pulmonar com septo ventricular íntegro e com 
comunicação interventricular, ventrículo único, dupla via de saída 
de ventrículo direito e de ventrículo esquerdo, transposição corrigida 
das grandes artérias, transposição das grandes artérias). 
Com trama vascular pulmonar diminuida e com cardiomegalia, 
destacam-se as cardiopatias obstrutivas à direita, acompanhadas 
de insuficiência valvar tricúspide ou da valva atrioventricular única. 
Neste contexto figuram, dentre as acianogênicas, a estenose pul-monar 
valvar e o defeito do septo atrioventricular e nas cardiopatias 
cianogênicas, tipos de atresia pulmonar com septo ventricular 
íntegro, tetralogia de Fallot e dupla via de saída de ventrículo 
direito com defeito do septo atrioventricular, tipos de atresia tri-cúspide 
com septo interatrial restritivo ou com insuficiência mitral 
e insuficiência ventricular esquerda. A ocorrência de insuficiência 
tricúspide e desvio de sangue da direita para a esquerda em nível 
atrial, como ocorre na anomalia de Ebstein, constitui outro me-
Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Nº 5, Novembro 2004 
367 
Importância da Correlação Clínico-Radiográfica na Aproximação Diagnóstica das Cardiopatias Congênitas 
canismo patogênico deste grupo, explicando a diminuição da vas-cularidade 
pulmonar e a cardiomegalia. 
Com trama vascular pulmonar aumentada por congestão pul-monar 
e área cardíaca normal, destacam-se as cardiopatias obs-trutivas 
do lado esquerdo do coração como a estenose mitral, cor 
triatriatum, estenose de veias pulmonares, ausência de conexão 
atrioventricular esquerda, drenagem anômala total das veias pul-monares 
com obstrução ao fluxo venoso pulmonar, hipoplasia do 
coração esquerdo com comunicação interatrial restritiva e asso-ciações 
de defeitos com obstruções em nível da valva mitral, 
como na dupla via de saída de ventrículo direito, ventrículo único 
e síndrome de Shone. 
Com trama vascular pulmonar aumentada por congestão pul-monar 
e cardiomegalia, salientam-se as cardiopatias acianogênicas 
que levam à insuficiência ventricular esquerda por sobrecarga de 
volume, como na insuficiência valvar mitral, insuficiência valvar 
aórtica, e insuficiência da valva atrioventricular esquerda na trans-posição 
corrigida das grandes artérias, ou por sobrecarga de 
pressão em lesões obstrutivas, como na estenose aórtica e coarc-tação 
da aorta. Mencionam-se ademais as miocardiopatias dilatadas 
de ventrículo esquerdo de origem isquêmica (origem anômala da 
artéria coronária esquerda) ou de origem arrítmica ou mesmo 
infecciosa. 
Com trama vascular pulmonar aumentada por hiperfluxo e 
com área cardíaca normal, figuram as cardiopatias que mantêm 
um fluxo pulmonar discretamente aumentado sem provocarem 
sobrecarga de volume que aumente a área cardíaca. Neste grupo 
se inserem cardiopatias em geral cianogênicas com associação à 
estenose pulmonar, como a transposição completa das grandes 
artérias, tetralogia de Fallot, ventrículo único, dupla via de saída 
de ventrículo direito, agenesia da valva pulmonar. Ademais, car-diopatias 
que se acompanham de hipertensão pulmonar, como na 
transposição das grandes artérias associada à comunicação inter-ventricular, 
a atresia aórtica com comunicação interventricular, a 
hipoplasia arterial pulmonar unilateral e a própria doença vascular 
pulmonar. Outra anomalia representativa deste tipo radiográfico é 
a transposição das grandes artérias com comunicação interatrial. 
Com trama vascular pulmonar aumentada por hiperfluxo e 
cardiomegalia, destacam-se as cardiopatias com desvio de sangue 
da esquerda para a direita e conseqüente sobrecarga de volume e 
dentre as acianogênicas, a comunicação interatrial, a comunica-ção 
interventricular, o defeito do septo atrioventricular total e 
parcial, o canal arterial, a janela aortopulmonar, as fístulas 
arteriovenosas, a transposição corrigida das grandes artérias as-sociada 
à comunicação interventricular. Das cianogênicas, a trans-posição 
das grandes artérias, o tronco arterial comum, a drena-gem 
anômala total das veias pulmonares, hipoplasia do coração 
esquerdo com comunicação interatrial não restritiva, ventrículo 
único, atresia das valvas atrioventriculares direita e esquerda sem 
estenose pulmonar, dupla via de saída de ventrículo direito, atresia 
pulmonar com comunicação interventricular, cardiopatias com-plexas 
tipo criss-cross e isomerismos atriais. 
Estes achados e encaminhamentos diagnósticos através a ra-diografia 
de tórax, aliados aos do eletrocardiograma e, principal-mente 
aos elementos clínico-semiológicos, constituem-se o 
“essencial clínico” fundamentando a impressão inicial da cardiopatia 
e consubstanciando a idéia fisiopatológica e patogênica desses 
defeitos e que certamente vão ultimar a conduta a ser posterior-mente 
estabelecida. 
Esse diagnóstico clínico, hoje, sofre a confirmação obrigatória 
do estudo ecocardiográfico, o qual tem substituido nesta função e 
com vantagens o cateterismo cardíaco que, cada vez mais, tem 
sido orientado ao campo da intervenção terapêutica, substituindo 
a cirurgia cardíaca em muitas anomalias. 
Desta maneira, segundo estimativas a cirurgia cardíaca cor-retiva 
tem sido realizada em aproximadamente 85% dos casos 
sem estudo hemodinâmico prévio, baseados na imagem ecocar-diográfica9,10. 
A ressonância nuclear magnética tem auxiliado ulti-mamente 
essa tendência ainda mais que sua aplicação maior 
reside exatamente nas limitações da ecocardiografia11. 
No entanto, reenfatizo que apesar dos avanços diagnósticos, 
é mera suposição de que os elementos clínicos tenham perdido 
importância. Através deles realiza-se o diagnóstico funcional, 
capital para se estabelecer a conduta, aprimoram-se as outras 
técnicas pela indagação e correlação dos achados e interage-se 
com todos os elementos diagnósticos, afim de se determinar dessas 
funções a conduta mais adequada. 
Por tudo, pode-se afirmar que na conduta geral das cardiopatias 
congênitas, os elementos clínicos são necessários e fundamentais 
e os exames com imagens, indiscutíveis. 
Referências 
1. Bengel FM, Schwaiger M. Nuclear medicine studies of the heart. Eur Radiol. 1998; 
8: 1698-706. 
2. Davis CP, McKinnon GC, Debatin JF, von Schulthess GK. Ultra-high-speed MR 
imaging. Eur Radiol. 1996;6: 297-311. 
3. Randolph GR, Hagler DJ, Khandheria BK, et al. Remote telemedical interpretation 
of neonatal echocardiograms: impact on clinical management in a primary care 
setting. J Am Coll Cardiol. 1999; 34: 241-5. 
4. Roger H. Recherches cliniques sur la communication congenitale des deux 
coeurs,par innoclusion de septum interventriculaire. Bulletin de l’Academie de 
Medecin. 1879;8:1077-85. 
5. Barón H, CarrilloG, Diaz G: Radiologia. En Diaz G, Sandoval N, Vélez JF, 
Carrillo G: Cardiologia Pediátrica, 1a edición, Editora McGraw Hill, Colombia, 
2003; 77-89. 
6. Medeiros So JH: Radiologia do Coração. Sarvier Editora, São Paulo, 1980; 513. 
7. Ovitt TW. The Chest Roentgenogram. In Emmanouilides GC, Allen HD, Riemensch-neider 
TA, Gutgesell HP-Moss and Adams Heart Disease in Infants, Children and 
Adolescents. Williams & Wilkins, fifth edition, Baltimore,1998; 182-190. 
8. Soto B. Radiografia simple en las cardiopatías congénitas. En Sánchez PA: Cardio-logia 
Pediátrica. Clínica Y Cirugia. Salvat Editores AS, Barcelona, 1986; 111-20. 
9. Buendia Hernandez A, Gloss G. Management of congenital cardiopathies: state of 
the art. Arch Cardiol Mex. 2003;73:21-5. 
10. Gidding SS, Anisman P. What pediatric residents should learn about congenital 
heart disease. Pediatr Cardiol. 2003;24:418-23. 
11. Pignatelli RH, McMahon CJ, Chung T, Vick GW 3rd. Role of echocardiography 
versus MRI for the diagnosis of congenital heart disease. Curr Opin Cardiol. 
2003;18:357-65.

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  • 1. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Nº 5, Novembro 2004 365 Editorial Importância da Correlação Clínico-Radiográfica na Aproximação Diagnóstica das Cardiopatias Congênitas Edmar Atik São Paulo, SP Em face dos indiscutíveis avanços diagnósticos das cardiopatias congênitas e adqüiridas, que compõem a cardiologia pediátrica1-3, pergunta-se da importância, hoje, da radiografia de tórax, como um método que outrora preponderava, conjuntamente, com o eletrocardiograma e os elementos clínicos, para a obtenção do diagnóstico funcional dessas cardiopatias. De fato, as etapas diagnósticas foram se sucedendo através os tempos. Conta a história, que os elementos clínicos, inicialmente, eram correlacionados aos da anatomia patológica e, percebendo-se então, retrospectivamente, por exemplo, a característica do sopro peculiar da mínima comunicação interventricular, conhecido hoje como o sopro de Roger4. Posteriormente, esses elementos foram se correlacionando com os da eletrocardiografia e radiografia de tórax em um tripé semiológico cujos diagnósticos anatômico e funcio-nal eram ultimados sempre pelo estudo hemodinâmico. Com o advento do ecocardiograma e de suas imagens diag-nósticas indiscutíveis, estas vieram a substituir o estudo hemodi-nâmico nesta definição anatômica e funcional, alterando, assim, os marcos diagnósticos e, conseqüentemente, a importância da semiologia e a conduta adotadas na especialidade. Estas imagens, hoje, são tão aceitas que servem até de guias e de testes finais, mesmo após a correção de defeitos, ainda na sala operatória, através o método transesofágico. Pergunta-se, portanto, novamente, se o método radiográfico em sua correlação clínica foi ultrapassado e se tornou realmente obsoleto? Se partirmos da premissa de que nenhum método é consi-derado inteiramente soberano na determinação de todas as variáveis anatômicas e funcionais, ainda a radiografia de tórax em conjunto com a clínica serve de guia funcional a um entendimento fisiopa-tológico inicial, antes de se poder estabelecer, de maneira mais definida, o diagnóstico. Assim, seria este método um guia para: 1) obter-se um en-tendimento preliminar do tipo da cardiopatia em questão; 2) en-cetar o raciocínio clínico do tipo da anomalia em estudo, se com balanceamento de fluxos sistêmico-pulmonar ou não; 3) estabelecer um teste diagnóstico para se poder argumentar em possíveis diag-nósticos equivocados, através a ecocardiografia; 4) por fazer parte do diagnóstico clínico, aliado aos elementos clínico-semiológicos Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Endereço para correspondência: Edmar Atik - Instituto do Coração da FMUSP Av. Enéas Carvalho de Aguiar 44 - Cep 05403-000 - São Paulo - SP E-mail: conatik@incor.usp.br Enviado para publicação em 27/05/2004 Aceito em 22/06/2004 e eletrocardiográficos, é tido como elemento fundamental e, assim, também indispensável; 5) estimular o raciocínio clínico, este sim primordial para se obter o entendimento da dinâmica da cardiopatia em questão e, portanto, da conduta a ser tomada. Com essas premissas torna-se de risco não fundamentar a condu-ta sob os elementos clínicos, pois ao clínico se reserva a conduta abalizada e pensada, ainda mais que a cardiologia pediátrica exige raciocínio na estimativa e aproximação do diagnóstico e, principal-mente, na conduta. Torna-se um erro, aliás grosseiro, a análise isolada dos elementos ecográficos para deles orientar a indicação cirúrgica, a qual realizada diretamente com base nestes elementos ou, ainda, pelo pensamento do próprio grupo cirúrgico, pode resultar em enganos ou em eventos precipitados e desnecessários. O clínico avalia os elementos clínico-semiológicos, em conjunto com os do eletrocardiograma e da radiografia de tórax, os contra-balança aos do risco cirúrgico e aos da presuntiva evolução pós-operatória subseqüente, para se aquilatar na ocasião a época ideal da indicação operatória de cada anomalia, analisada dentro de um universo de possibilidades, tão peculiar à especialidade. Em contraposição são assistidos, hoje, descalabros e espe-ranças ilusórias que devem ser certamente eliminados, como por exemplo, indicações operatórias de comunicação interatrial sem repercussão, ainda no 1º ano de vida, correção de comunicação interventricular discreta nos dois primeiros anos com possibilidade ainda do fechamento espontâneo, dentre outras situações. Essa maior liberação para a operação, realizada por profissio-nais não vinculados à “preocupação clínica”, está sendo respaldada certamente nos progressos obtidos, como os relacionados a riscos cirúrgicos cada vez menores e a diagnósticos mais corretos através as imagens ecocardiográficas. De fato, esses avanços são conquistas que verdadeiramente devem ser interpostas em benefício real do paciente, sem no en-tanto, não ultrapassar os passos iniciais de análise clínica cuidadosa. Por isso deve-se resgatar novamente os elementos essenciais e fundamentais através a continuidade da correlação clínica. Ademais, cito alguns outros exemplos da utilidade da radiografia de tórax, na prática clínica, que reforçam a necessidade de que a correlação clínica deva estar sempre presente nas discussões diag-nósticas e de condutas. Pode-se afirmar que essa falta de correlação resulte em equívocos, que na literatura não são mencionados com ênfase, talvez por que devam ser omitidos prioritariamente pelo próprio avanço indiscutível da ecocardiografia que sobrepuja as limitações conhecidas do método radiográfico. No entanto, lembro que através uma radiografia simples de tórax podemos facilmente descartar o diagnóstico da comunicação interatrial que, equivocadamente, é realizado por vezes pela eco-
  • 2. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Nº 5, Novembro 2004 366 Importância da Correlação Clínico-Radiográfica na Aproximação Diagnóstica das Cardiopatias Congênitas cardiografia e que, muitas vezes, orienta daí para indicações ope-ratórias descabidas. Ademais, aquilata funcionalmente a reper-cussão de comunicações interventriculares, que por vezes podem ser avaliadas pelo ecocardiograma como de grandes dimensões, mas que, funcionalmente, são pequenas em face de obstrução parcial pelo tecido tricúspide interposto. A radiografia de tórax também avalia, funcionalmente, o grau de obstrução ao fluxo pul-monar em cardiopatias isoladas, como na estenose pulmonar ou ainda em associação a outros defeitos, como no ventrículo único, por exemplo. Nessas condições, o encontro de gradientes variados de um para outro exame ecocardiográfico nos permite privilegiar os dados clínicos para a determinação da conduta posterior. O mesmo pensamento pode ser dirigido para casos com obstrução do lado esquerdo do coração, como na estenose aórtica e na coartação da aorta. Não querendo ser presunçoso mas, pode ele até questionar dados de função cardíaca mal interpretados pela ecocardiografia ou ainda por outros métodos, quando se diagnostica disfunção miocárdica em contraposição nítida radiográfica, mos-trando área cardíaca de dimensões próximas do normal. Acrescendo o fato de ser a radiografia de tórax exame de baixo custo e consolidando-o dentro do fundamental orienta até para a necessidade ou não da execução em determinados casos da própria ecocardiografia, esta tida no entanto como indispensável hoje no diagnóstico anatomofuncional das cardiopatias na infância. Como a radiografia de tórax pode ser considerada como método realmente útil? Vale análise para a consideração a respeito do que este exame pode oferecer concretamente. Neste contexto, a ra-diografia de tórax nos mostra, como todo método, aspectos ana-tômicos e funcionais5-8. Os funcionais são obtidos a partir da análise adequada do tipo da vascularidade pulmonar, que pode se apresentar com características normais, diminuida em calibre e aumentada, por hiperfluxo pulmonar ou por congestão venocapilar pulmonar. Desta maneira, a trama vascular pulmonar intra-parenquima-tosa reflete muito a dinâmica cardiovascular que acompanha os vários tipos de cardiopatias congênitas, tornando-se o alvo da interpretação inicial em uma radiografia de tórax, antes mesmo da análise da área cardíaca. Assim, quando a trama vascular pulmonar é considerada normal em calibre e em distribuição denota que os fluxos sistêmico e pulmonar estão mais ou menos balanceados, o que ocorre nas cardiopatias congênitas obstrutivas direitas e esquerdas que, ainda por mecanismos adequados de compensação, mantêm o débito anterógrado de sangue. Ainda mais, pode ocorrer também em cardiopatias com descompensação cardíaca, que ainda mantém um débito cardíaco adequado, como nas miocardiopatias de qualquer natureza etiológica. A vascularidade pulmonar normal se distribui desde os hilos até 2/3 internos dos campos pulmonares, não sendo visível no restante 1/3 externo, com dominância das imagens para os lobos inferiores em relação aos superiores. O calibre vai se adelgaçando desde o hilo, obedecendo as bifurcações dos vários segmentos pulmonares à direita e à esquerda, sendo em número de 10 de cada lado, três para os lobos superiores, dois para os lobos médio direito e da língula à esquerda e cinco para os lobos inferiores. Essa trama vascular se torna de dimensões diminuidas com esta mesma distribuição descrita, em face da presença de hipofluxo pulmonar, que acompanha o primeiro grupo das cardiopatias cia-nogênicas com obstrução ao fluxo pulmonar e/ou regurgitação de sangue em nível valvar, tricúspide ou pulmonar. Este tipo de trama vascular se apresenta também nas cardiopatias acianogênicas com obstrução à direita do coração, quando o fluxo anterógrado não é mais mantido. Por outro lado, quando há hiperfluxo pulmonar, nota-se aumento do diâmetro dos vasos, normalmente, distribuídos pelos dois pul-mões e ocorre nas cardiopatias acianogênicas com desvio de sangue da esquerda para a direita e nas cardiopatias cianogênicas sem estenose pulmonar. O aspecto congestivo pulmonar com aumento da trama vascular pulmonar, decorrente de engurgitamento hilar e dos lobos supe-riores, observa-se em cardiopatias que ocasionem hipertensão venocapilar pulmonar, como ocorre em lesões obstrutivas à es-querda ou em qualquer situação anatomofuncional que ocasione disfunção do ventrículo esquerdo. Na seqüência desta análise radiográfica associa-se a existência ou não de cardiomegalia a cada tipo de vascularidade pulmonar, acrescentando, assim, o aspecto anatômico do defeito para se alcançar o diagnóstico definitivo. Assim, com trama vascular pulmonar normal, as cardiopatias congênitas, que se acompanham de área cardíaca também normal, são representadas por defeitos acianogênicos com muito discretos desvios de sangue da esquerda para a direita (comunicações inte-ratrial e interventricular e canal arterial), lesões obstrutivas dis-cretas, que ainda preservam um fluxo anterógrado normal (este-noses pulmonar e aórtica e coarctação da aorta), anomalias das artérias coronárias, como aneurisma e/ou estenose congênitas ou adqüiridas, síndrome de Eisenmenger, anomalias do arco aórtico e outras cardiopatias que preservam fluxos pulmonar e sistêmico balanceados. Com trama vascular pulmonar normal, mas com cardiomegalia, são lembradas as lesões obstrutivas à esquerda do coração que não mantêm fluxo anterógrado normal, mas sem descompensação acentuada, tumores cardíacos, insuficiência valvar mitral sem con-gestão venocapilar pulmonar, hipertensão pulmonar com insufi-ciência tricúspide. Com trama vascular pulmonar diminuída e com área cardíaca normal, citam-se as cardiopatias obstrutivas à direita e que não mantêm o fluxo anterógrado normal. Dentre as acianogênicas (es-tenose valvar, supravalvar e subvalvar pulmonar, estenose de via de entrada de ventrículo direito) e dentre as cianogênicas com obstrução ao fluxo pulmonar (tetralogia de Fallot, tipos de atresia tricúspide, atresia pulmonar com septo ventricular íntegro e com comunicação interventricular, ventrículo único, dupla via de saída de ventrículo direito e de ventrículo esquerdo, transposição corrigida das grandes artérias, transposição das grandes artérias). Com trama vascular pulmonar diminuida e com cardiomegalia, destacam-se as cardiopatias obstrutivas à direita, acompanhadas de insuficiência valvar tricúspide ou da valva atrioventricular única. Neste contexto figuram, dentre as acianogênicas, a estenose pul-monar valvar e o defeito do septo atrioventricular e nas cardiopatias cianogênicas, tipos de atresia pulmonar com septo ventricular íntegro, tetralogia de Fallot e dupla via de saída de ventrículo direito com defeito do septo atrioventricular, tipos de atresia tri-cúspide com septo interatrial restritivo ou com insuficiência mitral e insuficiência ventricular esquerda. A ocorrência de insuficiência tricúspide e desvio de sangue da direita para a esquerda em nível atrial, como ocorre na anomalia de Ebstein, constitui outro me-
  • 3. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Nº 5, Novembro 2004 367 Importância da Correlação Clínico-Radiográfica na Aproximação Diagnóstica das Cardiopatias Congênitas canismo patogênico deste grupo, explicando a diminuição da vas-cularidade pulmonar e a cardiomegalia. Com trama vascular pulmonar aumentada por congestão pul-monar e área cardíaca normal, destacam-se as cardiopatias obs-trutivas do lado esquerdo do coração como a estenose mitral, cor triatriatum, estenose de veias pulmonares, ausência de conexão atrioventricular esquerda, drenagem anômala total das veias pul-monares com obstrução ao fluxo venoso pulmonar, hipoplasia do coração esquerdo com comunicação interatrial restritiva e asso-ciações de defeitos com obstruções em nível da valva mitral, como na dupla via de saída de ventrículo direito, ventrículo único e síndrome de Shone. Com trama vascular pulmonar aumentada por congestão pul-monar e cardiomegalia, salientam-se as cardiopatias acianogênicas que levam à insuficiência ventricular esquerda por sobrecarga de volume, como na insuficiência valvar mitral, insuficiência valvar aórtica, e insuficiência da valva atrioventricular esquerda na trans-posição corrigida das grandes artérias, ou por sobrecarga de pressão em lesões obstrutivas, como na estenose aórtica e coarc-tação da aorta. Mencionam-se ademais as miocardiopatias dilatadas de ventrículo esquerdo de origem isquêmica (origem anômala da artéria coronária esquerda) ou de origem arrítmica ou mesmo infecciosa. Com trama vascular pulmonar aumentada por hiperfluxo e com área cardíaca normal, figuram as cardiopatias que mantêm um fluxo pulmonar discretamente aumentado sem provocarem sobrecarga de volume que aumente a área cardíaca. Neste grupo se inserem cardiopatias em geral cianogênicas com associação à estenose pulmonar, como a transposição completa das grandes artérias, tetralogia de Fallot, ventrículo único, dupla via de saída de ventrículo direito, agenesia da valva pulmonar. Ademais, car-diopatias que se acompanham de hipertensão pulmonar, como na transposição das grandes artérias associada à comunicação inter-ventricular, a atresia aórtica com comunicação interventricular, a hipoplasia arterial pulmonar unilateral e a própria doença vascular pulmonar. Outra anomalia representativa deste tipo radiográfico é a transposição das grandes artérias com comunicação interatrial. Com trama vascular pulmonar aumentada por hiperfluxo e cardiomegalia, destacam-se as cardiopatias com desvio de sangue da esquerda para a direita e conseqüente sobrecarga de volume e dentre as acianogênicas, a comunicação interatrial, a comunica-ção interventricular, o defeito do septo atrioventricular total e parcial, o canal arterial, a janela aortopulmonar, as fístulas arteriovenosas, a transposição corrigida das grandes artérias as-sociada à comunicação interventricular. Das cianogênicas, a trans-posição das grandes artérias, o tronco arterial comum, a drena-gem anômala total das veias pulmonares, hipoplasia do coração esquerdo com comunicação interatrial não restritiva, ventrículo único, atresia das valvas atrioventriculares direita e esquerda sem estenose pulmonar, dupla via de saída de ventrículo direito, atresia pulmonar com comunicação interventricular, cardiopatias com-plexas tipo criss-cross e isomerismos atriais. Estes achados e encaminhamentos diagnósticos através a ra-diografia de tórax, aliados aos do eletrocardiograma e, principal-mente aos elementos clínico-semiológicos, constituem-se o “essencial clínico” fundamentando a impressão inicial da cardiopatia e consubstanciando a idéia fisiopatológica e patogênica desses defeitos e que certamente vão ultimar a conduta a ser posterior-mente estabelecida. Esse diagnóstico clínico, hoje, sofre a confirmação obrigatória do estudo ecocardiográfico, o qual tem substituido nesta função e com vantagens o cateterismo cardíaco que, cada vez mais, tem sido orientado ao campo da intervenção terapêutica, substituindo a cirurgia cardíaca em muitas anomalias. Desta maneira, segundo estimativas a cirurgia cardíaca cor-retiva tem sido realizada em aproximadamente 85% dos casos sem estudo hemodinâmico prévio, baseados na imagem ecocar-diográfica9,10. A ressonância nuclear magnética tem auxiliado ulti-mamente essa tendência ainda mais que sua aplicação maior reside exatamente nas limitações da ecocardiografia11. No entanto, reenfatizo que apesar dos avanços diagnósticos, é mera suposição de que os elementos clínicos tenham perdido importância. Através deles realiza-se o diagnóstico funcional, capital para se estabelecer a conduta, aprimoram-se as outras técnicas pela indagação e correlação dos achados e interage-se com todos os elementos diagnósticos, afim de se determinar dessas funções a conduta mais adequada. Por tudo, pode-se afirmar que na conduta geral das cardiopatias congênitas, os elementos clínicos são necessários e fundamentais e os exames com imagens, indiscutíveis. Referências 1. Bengel FM, Schwaiger M. Nuclear medicine studies of the heart. Eur Radiol. 1998; 8: 1698-706. 2. Davis CP, McKinnon GC, Debatin JF, von Schulthess GK. Ultra-high-speed MR imaging. Eur Radiol. 1996;6: 297-311. 3. Randolph GR, Hagler DJ, Khandheria BK, et al. Remote telemedical interpretation of neonatal echocardiograms: impact on clinical management in a primary care setting. J Am Coll Cardiol. 1999; 34: 241-5. 4. Roger H. Recherches cliniques sur la communication congenitale des deux coeurs,par innoclusion de septum interventriculaire. Bulletin de l’Academie de Medecin. 1879;8:1077-85. 5. Barón H, CarrilloG, Diaz G: Radiologia. En Diaz G, Sandoval N, Vélez JF, Carrillo G: Cardiologia Pediátrica, 1a edición, Editora McGraw Hill, Colombia, 2003; 77-89. 6. Medeiros So JH: Radiologia do Coração. Sarvier Editora, São Paulo, 1980; 513. 7. Ovitt TW. The Chest Roentgenogram. In Emmanouilides GC, Allen HD, Riemensch-neider TA, Gutgesell HP-Moss and Adams Heart Disease in Infants, Children and Adolescents. Williams & Wilkins, fifth edition, Baltimore,1998; 182-190. 8. Soto B. Radiografia simple en las cardiopatías congénitas. En Sánchez PA: Cardio-logia Pediátrica. Clínica Y Cirugia. Salvat Editores AS, Barcelona, 1986; 111-20. 9. Buendia Hernandez A, Gloss G. Management of congenital cardiopathies: state of the art. Arch Cardiol Mex. 2003;73:21-5. 10. Gidding SS, Anisman P. What pediatric residents should learn about congenital heart disease. Pediatr Cardiol. 2003;24:418-23. 11. Pignatelli RH, McMahon CJ, Chung T, Vick GW 3rd. Role of echocardiography versus MRI for the diagnosis of congenital heart disease. Curr Opin Cardiol. 2003;18:357-65.