As violações das leis do Criador (material em pdf)
Artigo: Um convite para a reflexão
1. Um convite para a reflexão
*Gleisi Hoffmann
Tive a oportunidade de participar, durante estes primeiros dias de novembro, de um evento
realizado na Índia, organizado pela Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris,
denominado “Call of the Time – O Chamado do Tempo”. Não é a primeira vez que participo de
um evento como este. É minha terceira viagem à Índia, país que tenho grande consideração,
não por seu crescimento econômico, concentrado e excludente, que deixa a maioria da
população viver na miséria e na sujeira, mas pelo acolhimento e calor de seu povo e,
sobretudo, por seu entendimento espiritual.
O “Call of the Time” tem a formatação de um diálogo, que reúne lideranças de vários países do
mundo. Neste evento tive o prazer e o privilégio de conviver com pessoas como Zanela Mbeki,
ex-primeira dama da África do Sul, a senadora argentina Maria Eugenia Estenssoro, o escritor
australiano Paul Wilson, a empresária brasileira Cristina Carvalho Pinto, presidente do grupo
Full Jazz Comunicação, além de alguns embaixadores, artistas e executivos de muitas
empresas. O objetivo é dialogar sobre a situação atual do planeta, da humanidade e indicar
ações e atitudes dessas lideranças para melhorar as relações sociais e o nosso planeta. O
enfoque é prático, mas considera o desenvolvimento individual dos participantes e como
nossa intervenção no cotidiano pode construir um mundo melhor, não apenas material, mas
emocional e espiritual, colaborando para a paz e a cooperação entre os povos.
A organização responsável por esses eventos, a Brahma Kumaris, não é uma organização
religiosa. É uma organização que investe na educação baseada em valores, que acredita na
autotransformação como um dos processos para transformar o mundo e que a ação humana
deve ser compreendida na sua complexidade, envolvendo, mente, corpo e espírito. Seu
objetivo é formar para um mundo melhor. Tem status consultivo geral no Conselho Econômico
e Social da Organização das Nações Unidas – ONU e foi à grande responsável pelo movimento
“Um Milhão de Minutos de Paz”, em 1986. Está presente em mais de 120 países, mas sua sede
principal é na Índia. É uma organização dirigida majoritariamente por mulheres, o que é
inusitado para esse país.
Acredito que a transformação da nossa sociedade passa pela transformação das instituições,
mas acredito, também, como a Brahma Kumaris, que passa pela nossa própria transformação
e pelo fortalecimento dos valores que movem nossa atuação e atitude. Por muito tempo
consideramos somente as questões econômicas, políticas e sociais como as determinantes
para dirigir os rumos da humanidade. Hoje, encontramo-nos cheios de dúvidas e desafios que
essas áreas não conseguem responder. Acredito que oportunidades como essas, diálogos que
vão além do institucional, possam oferecer respostas diferentes para desafios diferentes.
2. A reflexão sobre a forma como estamos atuando e o que isso implica na realidade atual do
planeta é fundamental. Buscar um mundo equilibrado, pacífico e justo, exige uma caminhada
coerente: equilibrada, pacífica e justa e uma atuação individual de mesma proporção. Já que
falamos da Índia, nunca é demais lembrar Ghandi, grande liderança política de nosso tempo:
“Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”.
Faço política porque acredito que ela é um instrumento para melhorar a vida das pessoas. Mas
se ela for desprovida de valores e compromisso individual com a verdade e com a
espiritualidade, não servirá para atingir o objetivo.
*Gleisi Hoffmann, advogada, é presidente do Diretório Estadual do PT-PR.