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RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental
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                                                                                         www.rgsa.com.br




APLICAÇÃO DE UM MODELO DE PROCESSO DE INOVAÇÃO AMBIENTAL EM
UMA EMPRESA DE QUÍMICA FINA




                                                    Maria Valéria Gaspar de Queiroz Ferreira∗
                                                                           Asher Kiperstok∗∗




Resumo
        Originado de uma tese de doutorado, este artigo objetiva aplicar um modelo sobre o
processo de inovação ambiental (IA) em uma empresa de química fina, pesquisada através de
estudo de caso único. Esse modelo foi pautado por quatro dimensões: (D1) pressões como
motivações empresariais; (D2) competências internas como fatores facilitadores; (D3)
obstáculos e (D4) resultados e efeitos.
        De acordo com a análise realizada, argumenta-se que as principais pressões para que a
empresa inovasse foram de caráter tecnológico, econômico, de mercado e de cumprimento de
regulação com instrumentos de comando e controle, além de pressões internas. As principais
competências estavam relacionadas às categorias culturais, de habilidades, equipe, estratégia e
estrutura. Os obstáculos foram, principalmente, de caráter tecnológico e escassez de recursos
financeiros. Os resultados obtidos no processo de IA apontaram para melhoria da imagem,
ganhos financeiros e ambientais.
        Conclui-se que a empresa realizou IA através de tecnologias mais limpas que
resultaram em benefícios para o meio ambiente, traduzidos em um melhor desempenho
empresarial e ecoeficiência. O modelo aplicado permitiu visualizar aspectos positivos e
entraves, que podem contribuir para o aperfeiçoamento do processo de IA da empresa
estudada.




∗
  Professora colaboradora do Programa de Tecnologias Limpas da Bahia – TECLIM/Departamento de
Engenharia Ambiental/UFBa. Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia - UFBa. Programa
de Pós-graduação em Administração da UFBa. E-mail: <mariavaleria@sedur.ba.gov.br>.
∗∗
   PhD em Tecnologias Ambientais pela UMIST − Instituto de Ciências e Tecnologias da Universidade de
Manchester, Reino Unido. Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola
Politécnica/UFBa. Coordenador geral do Programa de Tecnologias Limpas da Bahia –
TECLIM/MEPLIM/Departamento de Engenharia Ambiental/UFBa. E-mail: <asher@ufba.br>.
Inovação Ambiental                                            Queiroz Ferreira/ Kiperstok

Introdução
        Originado de uma tese de doutorado, o artigo visa aplicar um modelo sobre o processo
de inovação ambiental (IA) empresarial, desenvolvido preliminarmente em uma organização
de produtos químicos genéricos do setor de química fina, denominada empresa “A”.
        O referido modelo foi pautado por quatro dimensões referentes ao processo de IA no
nível da empresa: (D1) pressões como motivações empresariais; (D2) competências internas
como fatores facilitadores, (D3) obstáculos e (D4) resultados e efeitos.
        As questões centrais utilizadas para verificar o referido modelo foram: (Q1) Por quê a
empresa “A” optou pela IA?; (Q2) Quais os fatores que possibilitaram à empresa implementar
a IA?; (Q3) Quais os obstáculos enfrentados nesse processo? e (Q4) Quais os resultados e
efeitos obtidos com o processo de IA pela empresa “A”?
        Esta pesquisa não teve a intenção de analisar a inserção ambiental dos produtos da
empresa “A” (produtos químicos genéricos) ao longo da cadeia produtiva – desde a sua
fabricação até a utilização e descarte. Enfocou-se exclusivamente a geração de inovações
ambientais relacionadas ao processo de fabricação implementado nesse site da empresa.
Ressalta-se também que o estudo priorizou a análise sobre as IAs realizadas com a visão de
prevenção da poluição.
        A pesquisa foi viabilizada através da estratégia metodológica de estudo de caso único.
O método de estudo de caso permite o conhecimento detalhado e amplo de um fenômeno,
explorando suas diferentes dimensões. A opção pelo estudo de caso único foi baseada no fato
de que a empresa analisada realizou IAs relevantes, confrontando-se com uma situação
extremamente oposta que existia anteriormente no site.
        A escolha do estudo de caso como estratégia de pesquisa, porém, suscita críticas em
função de elementos vistos como limitações, a exemplo de que seus resultados fornecem uma
base frágil para generalizações analíticas, especialmente, quando se trata de caso único. No
entanto, Yin (2005) ressalta que a generalização proporcionada pelo estudo de caso único se
constitui em conjecturas teóricas, ou seja, modelos, e não conjecturas sobre populações
(generalização estatística). Entende-se dessa forma que se pode tecer generalizações mais
amplas a partir da teoria escolhida para interpretar as relações existentes, posto que o objetivo
é ampliar e generalizar teorias, realizando uma generalização analítica.
        Quantos aos procedimentos para o levantamento de dados, foram utilizados a pesquisa
bibliográfica, entrevistas semi-estruturadas, questionários, observações dirigidas e consulta a
documentos institucionais. A triangulação dos dados obtidos permitiu que os eventos
investigados fossem respaldados por diferentes fontes.
        O estudo de caso foi realizado entre os anos de 2004 e 2005, e o período de estudo
compreendeu entre a implantação da primeira empresa a funcionar no site em 1987 até a
aquisição da empresa “A” por uma megacorporação química, em novembro de 2003.
        É interessante ressaltar algumas peculiaridades da unidade de análise que a fizeram ter
grande valor investigativo em relação ao processo de IA. O local de funcionamento da
empresa “A” no Pólo de Camaçari, Bahia, já abrigou outras duas empresas (empresa A1 e
empresa A2) do mesmo segmento industrial, mas que tinham diferentes características. Nessas
empresas não havia a ênfase em melhorias de processo e o passivo ambiental de resíduos
perigosos sólidos e líquidos foi se acumulando até milhares de toneladas. Além disso, embora
muitos funcionários da empresa “A” alocados nas áreas de P&D e de processo e produção
tivessem trabalhado nas firmas anteriores, não haviam realizado anteriormente um boom de
inovações ambientais.
        A partir de 1987, a empresa A1 − com gestão baseada no modelo tripartite envolvendo
controle acionário público, privado nacional e privado estrangeiro − começou a operar. Essa
empresa foi projetada para ser o centro de química fina do Pólo de Camaçari, atuando na linha
de corantes, fármacos e produtos químicos genéricos, contando com o apoio de um


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Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok

laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para desenvolver novos projetos. Como as
fábricas brasileiras da época eram protegidas da concorrência internacional, a empresa A1 não
sofria pressões para otimizar seu desempenho produtivo.
        No ano de 1993, os ativos da empresa A1 foram vendidos para a empresa A2 – uma
empresa pequena que iniciara sua operação em 1992, derivada de uma empresa petroquímica
e pertencente a um grupo privado nacional. A empresa A2 atuou principalmente na linha de
produtos intermediários e princípios ativos químicos genéricos. Seu foco era a diversificação
da produção voltada para o mercado internacional, e o laboratório de P&D era o principal
instrumento para a concretização dessa estratégia. O processo, embora com algumas
melhorias, continuava ineficiente pela alta geração de resíduos perigosos, e os problemas
ambientais gerados iam se avolumando.
        Em 1995, uma corporação americana adquiriu um percentual das ações da empresa A2
e em 1996 torna-se majoritária, passando a empresa a chamar-se “A”. Nessa compra, também
adquiriu o passivo ambiental da fábrica, com seus milhares de tambores de resíduos
perigosos. A empresa iniciou um trabalho sistemático para redução do custo de produção e
minimização de problemas de manutenção e segurança.
        Em 1998, a corporação americana estabeleceu uma joint venture com uma
megacorporação química. O site de Camaçari entrou no processo de renovação da licença
ambiental e de atendimento às exigências do órgão ambiental baiano, o Centro de Recursos
Ambientais (CRA). Em novembro de 2003, a megacorporação química adquiriu o total do
capital social.
        A postura inovativa da empresa “A” se concentrou na otimização e melhoria de
processos de fabricação de produtos genéricos. Essa empresa, entre os anos de 1996 e 2003,
realizou mudanças na sua forma de produção, investindo em melhorias de produto e de
processo, obtendo um melhor rendimento, a eliminação total ou parcial de diversos resíduos
perigosos, a reciclagem de passivos ambientais e a redução de custos de produção. Convém
lembrar que milhares de toneladas de passivo ambiental e de resíduos perigosos gerados nessa
empresa – além de representarem custos diretos pelo desperdício de matéria-prima e energia,
gastos com transporte, armazenamento, tratamento e disposição final – constituem potenciais
riscos, em virtude das características próprias desses produtos químicos genéricos.
        Como ilustração, pode ser citado um dos projetos de IA desenvolvidos, referente à
transformação de um resíduo sólido perigoso em um produto intermediário e em um princípio
ativo. Essa inovação proporcionou economia de US$10 milhões com armazenagem e
incineração, a geração de US$7 milhões anuais pela venda do novo produto, a criação de
novos postos de trabalho e o cumprimento da diretriz de geração zero de resíduos e
aprimoramento contínuo do processo industrial (DUPONT, 2000).
        O que parece mais considerável no caso da empresa “A” é que o site de Camaçari
realizou grandes investimentos em projetos de IA, obtendo resultados expressivos, medidos
por ganhos financeiros. Esse site obteve também premiações ambientais nacionais e
internacionais entre os anos de 1999 e 2003.


Inovação tecnológica e inovação ambiental
       A inovação é entendida, em um sentido mais amplo, como o ato de se fazer algo de
forma diferente, a partir de um processo de criação de novas idéias que surgem da criatividade
humana. Possibilita uma nova abordagem para um determinado aspecto do cotidiano ou para
um problema existente, permitindo uma solução original. Quando se trata da inovação que
busca resultados econômicos, as idéias são testadas, transformadas e viabilizadas em
aplicações práticas postas no mercado.



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Inovação Ambiental                                            Queiroz Ferreira/ Kiperstok

        Embora a inovação pressuponha descobertas e novidades, nem todas as inovações são
assim tão “inovativas”, diferentes. Quando inovações maiores ou radicais começam a se
difundir pela sociedade, com o tempo, vão sendo imitadas ou melhoradas, havendo, dessa
forma, as inovações menores ou incrementais.
        Neste estudo, adota-se o seguinte conceito de inovação tecnológica (IT): processo de
mudanças radicais e incrementais vivenciado em organizações − nas quais essa mudança
ainda seja novidade − referente ao desenvolvimento ou à adoção de novas idéias, produtos,
processos, procedimentos ou serviços que se materializam nos campos técnico e gerencial.
        Dentre as correntes teóricas que tratam a firma como o centro do progresso técnico,
são destacas neste artigo a teoria evolucionista, a abordagem baseada em recursos (resource-
based view) e a abordagem das capacitações dinâmicas (dynamic capabilities). Essas
correntes têm origem na análise macroeconômica de Schumpeter (1988), a qual considera que
o fator que move o desenvolvimento econômico capitalista é a IT que se dá nas empresas.
        Para os autores da corrente evolucionista, a competição está relacionada com a
atividade de explorar novos e potenciais caminhos para que a firma possa produzir e/ou
realizar serviços a partir da aprendizagem e da inovação. Para ter sucesso, tanto no curto
como no longo prazo, é necessário que as firmas desenvolvam capacitações tecnológicas que
lhes permitam caminhar no sentido de gerar e incorporar inovações e que tenham capacidade
para obter vantagem econômica com a atividade inovativa. Assim, estarão criando assimetrias
em relação às outras firmas, o que lhe possibilitará conseguir e manter vantagens
competitivas, de forma a alcançar uma melhor posição no mercado.
        Na visão de Dosi, Teece e Winter (1992), corroborada por Tigre (1998), quatro
aspectos são essenciais na teoria evolucionista, para que a empresa se desenvolva e tenha
capacidade de resposta às mudanças ambientais:
        (i)    aprendizagem e rotina − o aprendizado é um processo acumulativo e interativo
               de capacidades e competências tecnológicas que ocorre na firma,
               possibilitando uma execução melhor e mais rápida das tarefas. É baseado na
               repetição, experimentação, tentativa, erro e, principalmente, na rotina
               organizacional codificada ou tácita. As rotinas são percebidas como o elemento
               no qual o conhecimento empírico da firma está armazenado, representando
               padrões de soluções bem-sucedidas aplicadas em problemas específicos. A
               base da diferenciação competitiva das empresas está no conhecimento tácito,
               considerado um ativo específico ou intangível da firma, na medida em que esse
               conhecimento não está codificado, sendo assim mais difícil de ser adquirido e
               transferido;
        (ii)   dependência da trajetória (path dependence) − o caminho da evolução de uma
               firma é determinado pelas habilidades e competências acumuladas e pela
               natureza de seus ativos específicos, onde o passado e a história da empresa têm
               importância;
        (iii) ambiente e seleção − a pluralidade de ambientes de seleção permite explicar a
               existência de trajetórias tecnológicas diferentes e a diversidade de estruturas de
               mercado e de características institucionais dos ambientes nos quais as firmas
               evoluem; e
        (iv)   competência central (core competence) − envolve a habilidade da firma de
               resolver problemas organizacionais, econômicos e técnicos. A competitividade
               empresarial é vista como um conjunto de competências tecnológicas
               diferenciadas, de ativos complementares e de rotinas. A evolução da firma
               depende da transformação das competências secundárias em centrais, à medida
               que surgem oportunidades tecnológicas.



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Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok

        A abordagem baseada em recursos está fundamentada na premissa de que são os
recursos e as capacitações organizacionais que propiciam a capacidade inovativa de uma
firma (WERNERFELT, 1984). Os recursos podem ser definidos como os ativos tangíveis e
intangíveis retidos por uma firma, enquanto as capacitações se referem à sua habilidade de
explorar e combinar recursos através de rotinas organizacionais para atingir suas metas
(SPANOS; PRASTACOS, 2004). Dessa perspectiva, os recursos organizacionais são
combinados e transformados pelas capacitações dinâmicas para se chegar a soluções
inovativas que confiram vantagens competitivas à empresa.
        Teece, Pisano e Shuen (1997), em uma tentativa de aprofundar as questões relativas às
dimensões das capacitações específicas a uma firma, desenvolveram um argumento mais
voltado para as capacitações dinâmicas de uma firma. Para esses autores, capacitações
dinâmicas são difíceis de serem imitadas e são as fontes de vantagem competitiva sustentável
de uma empresa, uma vez que representam combinações das habilidades organizacionais,
funcionais e tecnológicas. Capacitações dinâmicas se referem à habilidade de uma firma de
integrar, construir e reconfigurar suas competências internas e externas de modo a se adequar
a novas configurações nos contextos em que atua.
        Tendo em vista que o ambiente onde atualmente as organizações atuam é muito
dinâmico e instável, as empresas precisam estar sempre atentas e aptas a se adaptarem às
mudanças do ambiente interno e externo. A relação entre empresa e ambiente externo, por
exemplo, é muito influenciada pelo marco legal-regulatório adotado pelos governos no
tocante à proteção ambiental e pelas estratégias empresariais e fatores de competitividade do
segmento industrial ao qual pertence. Para uma melhor compreensão da relação entre IT e
questão ambiental, convém discutir a IA.
        A inovação ambiental é entendida como uma inovação tecnológica que resulta em
benefícios ambientais, independente do seu objetivo inicial. É uma nova maneira da
organização desenvolver a gestão tecnológica e/ou a tecnologia da gestão de forma
incremental ou radical, objetivando um determinado fim e que traz ganhos ao meio ambiente,
ainda que estes estejam limitados ao desempenho ambiental da empresa.
        Kemp, Smith e Becher (2000) e Rennings e Zwick (2001) apresentam classificações
sobre tecnologias ambientais e inovações ambientais que atuam sobre a parte hard da
organização (do tipo técnicas) visando evitar a poluição. Baseado nesses estudos, entende-se
que as inovações ambientais podem ser classificadas a partir de três tipos mais gerais:
        • as tecnologias fim-de-tubo (conhecidas como end-of-pipe) e de remediação − que
            atuam para controlar a poluição após a geração das emissões e dos problemas
            ambientais;
        • as tecnologias limpas ou mais limpas − que atuam sobre produtos e processos de
            forma preventiva (princípio da prevenção da poluição), na origem de emissões
            ambientais; e
        • a reciclagem − a qual Rennings e Zwick (2001) justificam que deve ser entendida
            como um terceiro tipo de tecnologia ambiental, posto que apresenta tanto
            características de tecnologia fim-de-tubo (na reciclagem externa) quanto de
            tecnologias mais limpas (nas modificações integradas de produto e de processo).

       Observa-se na literatura técnica que as abordagens mais difundidas que utilizam o
princípio da prevenção da poluição são a ecoeficiência, a produção limpa, a produção mais
limpa e a ecologia industrial. Na comparação de vários autores (CARDOSO, 2004;
FURTADO, 2004; MARINHO, Maerbal, 2001; WBCSD; UNEP, 1996) sobre esses termos,
percebe-se que todos os conceitos pressupõem tanto a adoção de mudanças tecnológicas hard
quanto de mudanças organizacionais. No dizer de Cardoso (2004, p.24), a prática desses
conceitos resulta em benefícios ambientais e econômicos para empresa e sociedade, já que se


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Inovação Ambiental                                              Queiroz Ferreira/ Kiperstok

baseiam na “busca da produtividade dos recursos, reduzindo o uso de materiais e energia e
integrando a prevenção da poluição com o processo de produção, considerando o seu
desempenho ambiental”.
        Entretanto, em que pese os benefícios que podem ser obtidos com a sua aplicação,
esses conceitos ainda sofrem muitas barreiras para sua adoção no setor industrial. Isso ocorre
porque sua implantação exige a modificação de várias atividades desenvolvidas não só pela
unidade econômica adotante do conceito, mas também de toda a cadeia produtiva. Implica
mudanças desde o design do produto, passando pelas características e formas de obtenção das
matérias primas, pelo sistema de produção (inclusive relativo a embalagens), vendas,
distribuição, até o consumo e pós-consumo. Nesse sentido, os conceitos de produção mais
limpa (PML) e de ecoeficiência são os mais largamente utilizados no mundo de negócios, pois
reconhece-se que é difícil ter uma produção completamente limpa, que não gere nenhum
resíduo (MARINHO, Maerbal, 2001).


Modelo utilizado para estudar um processo de inovação ambiental empresarial
        Com base na pesquisa bibliográfica, constatou-se a existência de uma multiplicidade
de fatores que influenciam a IA e, de forma mais geral, a IT.
        Foi Schumpeter quem inicialmente propôs como fatores relacionados com a inovação,
o tamanho da empresa e a estrutura do mercado. De acordo com Spanos e Prastacos (2004), as
pesquisas realizadas sobre IT têm tradicionalmente estudado seus determinantes,
concentrando-se no ambiente externo, através do mercado (sobretudo, dinamismo e
hostilidade), e no nível da firma, através de sua estratégia competitiva, características culturais
e, principalmente, estrutura organizacional. Em relação a essa última, as variáveis mais
estudadas são a formalização, com suas normas e regulamentos, a centralização e a hierarquia.
Quanto à cultura da organização, prevalece o papel da liderança/gerentes e do clima
organizacional. Mais recentemente, as abordagens evolucionistas, baseadas em recursos e em
capacitações dinâmicas, ampliaram a visão do estudo sobre o processo da IT, abordando
questões internas como informação, conhecimento, aprendizado, recursos humanos, recursos
comerciais, coordenação, integração e transformação.
        Em relação à dimensão D1, as pressões como motivações que levam uma empresa a
adotar ou desenvolver inovação ambiental coincidem usualmente com as mesmas razões que
têm levado uma empresa a ter uma atitude mais proativa em relação à questão ambiental.
Entre os determinantes para essa mudança empresarial, destaca-se:
        • o receio de pressões externas de vários setores, como governo (e suas
            regulamentações ambientais), financiadores, movimentos ambientalistas,
            consumidores e imprensa (MARINHO, 2001);
        • pressões internas, como preocupações dos empregados em relação à temática
            ambiental, saúde e segurança (KEMP; MUNCH ANDERSEN; BUTTER, 2004;
            MARINHO, 2001);
        • a incerteza sobre determinadas situações que podem levar a empresa a antecipar
            demandas futuras do mercado ou da promulgação de regulamentações, adotando
            assim uma estratégia defensiva (MARINHO, 2001);
        • a adoção de instrumentos de proteção auto-regulamentados, voluntária em relação
            às exigências legais, mas compulsória quanto ao mercado (ANDRADE, 1997);
        • disponibilidade e difusão de inovações tecnológicas que buscam solucionar
            problemas ambientais existentes e que também possibilitam uma escolha mais
            adequada das tecnologias produtivas (ANDRADE, 1997);
        • maior competição entre empresas, em função do processo de globalização mais
            avançado (ANDRADE, 1997); e


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Inovação Ambiental                                            Queiroz Ferreira/ Kiperstok

       •      percepção pelas empresas da questão ambiental, como uma oportunidade para
              impulsionar os negócios, e da regulamentação ambiental, como um mecanismo
              estimulador do desempenho econômico e ambiental empresarial, de forma a
              melhorar sua competitividade (MARINHO, 2001).

        Especificamente sobre a IA, alguns autores vêm buscando entender as múltiplas e
simultâneas razões que levam uma empresa a inovar com benefícios ambientais. A análise de
Rennings e Zwick (2001), referente ao projeto Impress, mostra que as três razões mais citadas
para a introdução de inovação ambiental entre 1.594 empresas européias foram a melhoria da
imagem da empresa, o cumprimento de regulações ambientais e a redução de custos. Kemp,
Smith e Becher (2000) agruparam os fatores que influenciam a IA em três categorias:

       (i)       incentivos para inovar, os quais dependem do tipo de regulação aplicada, da
                 competitividade do setor industrial (função da estrutura setorial), dos custos
                 preponderantes (como do tratamento e disposição de esgotos e resíduos sólidos
                 tóxicos, da energia, de taxas de seguros mais baixas para empresas
                 responsáveis por produtos ambientalmente seguros), das condições de
                 demanda (como produtos ambientalmente melhorados) e das condições de
                 apropriabilidade da inovação pela empresa para obter benefícios econômicos;
       (ii)      habilidade para assimilar e combinar conhecimentos (tecnológicos e
                 mercadológicos) de diferentes fontes internas e externas à empresa, necessários
                 à implantação de um processo/confecção de um produto novo ou melhorado; e
       (iii)     capacitação gerencial para administrar processos de inovação intra e
                 interempresas, considerando principalmente a institucionalização de lideranças
                 e a integração de funções, unidades organizacionais e recursos.

        Esses autores adotam a abordagem da cadeia produtiva ou filière, segundo a qual as
influências podem se originar de qualquer lugar da cadeia produtiva na qual a empresa ou
indústria esteja inserida, tanto referente às condições de demanda como do lado da oferta, ou
ainda relativo ao contexto geral ou sistêmico. Por isso, a resposta inovativa a uma regulação
pode aparecer em uma indústria que não seja aquela indústria objeto da regulação em função
dessa interdependência existente na cadeia produtiva.
        Como constatação de um extenso levantamento bibliográfico realizado, verificou-se
que a ética ainda não é um fator que influencia a empresa a buscar o caminho da inovação.
Dito de outra forma, uma empresa não decide mudar seus produtos, processos, rotinas e
formas de organizar seu trabalho devido à sua parcela de responsabilidade pela melhoria do
ambiente. O que determina a adoção da estratégia inovativa são as pressões do lado da oferta
(technology push) e, de acordo com Ashford (2000), as pressões de demanda que incidem
sobre o ambiente empresarial, ressaltando-se os requisitos regulatórios, a possibilidade de
economia de custos ou de aumento nos lucros, a pressão pública por uma indústria menos
poluente e mais segura, além da pressão dos trabalhadores.
        Buscando-se um modelo que permitisse categorizar as diversas pressões que atuam
sobre uma empresa para que ela inove, foi adotado aquele elaborado por Rubik (2002), o qual
considera quatro categorias de pressões: tecnológica, de mercado, política e empresarial.
Embora utilizado por este autor para identificar os principais determinantes das IAs de
produto, seu modelo se presta a uma análise mais geral, assim como fez Türpitz (2004a,
2004b). Neste estudo se incluiu a pressão econômica no modelo original, pois alguns fatores
econômicos influenciam o desenvolvimento de mudanças, com benefícios ambientais (veja
figura 1). Os quatro grupos de pressões apresentados variam de acordo com o setor industrial



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Inovação Ambiental                                           Queiroz Ferreira/ Kiperstok

e influenciam os diferentes tipos de estratégias ambientais (inexistentes, reativas, defensivas
ou proativas) adotadas pelas organizações.

                                        Figura 1
             Dimensão D1: principais pressões para uma empresa realizar IA


                                         Tecnológica




                                                                      Econômica
            Empresa-                   IA em Empresas                    e de
              rial                                                     Mercado




                                             Política

          Fonte: adaptado de Rubik (2002).



        Todavia, mesmo que uma empresa mude seu comportamento em relação à questão
ambiental, a organização pode não optar pelo caminho da mudança tecnológica com viés
ambiental. Essas pressões influenciam, mas não suficientes para que uma empresa decida
efetivamente inovar e obtenha de forma intencional ou indireta benefícios ambientais. Para
poder implementar a IA, a empresa deve possuir determinadas competências internas que a
tornem capaz realmente de inovar. Essas competências foram sinalizadas como a dimensão D2
do modelo.
        Foi realizado um levantamento bibliográfico para melhor entender as competências
que uma empresa deve possuir para inovar ambientalmente e que constituem a base do seu
processo inovativo. Como o processo de inovação é multideterminado, foram encontrados
diversos fatores comuns a variadas pesquisas sobre características de empresas inovadoras.
Buscando-se sistematizar as diversas competências encontradas, estas foram relacionadas com
os elementos do modelo desenvolvido por Peters e Waterman (1982). Este apresenta sete
categorias que contribuem para o sucesso empresarial: valores compartilhados, estilo/cultura,
habilidades, equipe, estratégia, estrutura e sistemas. Baseado nesse modelo, definiu-se seis
fatores, e as categorias valores compartilhados e estilo foram reunidas no fator denominado
cultura. Pode-se, dessa forma, agrupar as competências internas de uma empresa que
permitem a geração da IA, conforme apresentado na figura 2. Esses seis fatores podem ser
entendidos como:
        • cultura – valores, crenças e normas dominantes na organização, compartilhadas e
            de grande significado para seus profissionais;
        • habilidades – competências da empresa e de seus recursos humanos;
        • equipe – gestão dos recursos humanos da empresa;
        • estratégia – define a forma deliberada de alcançar os objetivos organizacionais
            traçados, em resposta ou antecipação a mudanças no ambiente externo;
        • estrutura – base para a especialização e coordenação da organização, influenciada
            principalmente pela estratégia adotada; e

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Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok

       •   sistemas – procedimentos formais e informais que apóiam as estratégias e
           estrutura.
                                       Figura 2
                   Competências empresariais para inovação ambiental


                                           Estrutura



                     Estratégia                                 Sistemas



                                          Competências
                                          Internas para
                                            Inovação
                                           Ambiental

                                                                 Cultura
                     Habilidades




                                            Equipe



                  Fonte: baseado no modelo 7S McKinsey (PETERS; WATERMAN, 1982).



        Os fatores cultura, equipe e habilidades compõem a parte soft da empresa e são
fortemente determinados pelos recursos humanos da organização. São mais difíceis de
descrever, pois estão baseados em valores, condutas e capacitações, e as mudanças são mais
complexas e lentas. Por isso, torna-se mais difícil influenciar ou mudar suas características.
Os elementos estratégia, estrutura e sistemas representam a parte hard de uma organização.
São mais tangíveis (feasible) e fáceis de identificar e operacionalizar, e, portanto, de serem
modificados.
        No processo inovativo vivenciado pelas empresas também existem obstáculos que
dificultam o desenvolvimento ou a adoção de mudanças tecnológicas. No modelo
desenvolvido, esses obstáculos foram denominados de dimensão D3. Alguns estudos
identificam barreiras ao desenvolvimento da IT em geral (OECD, 1997) e à IA em particular
(como DE SIMONE; POPOFF, 1997; KEMP, MUNCH ANDERSEN e BUTTER, 2004;
OECD, 1997; TÜRPITZ, 2004b). Ressalta-se que esses obstáculos são decorrentes de fatores
empresariais, como os altos custos referentes a P&D interna para modificação de tecnologias,
bem como de fatores externos relacionados, por exemplo, a aspectos tecnológicos de rigidez
estrutural (lock-in), de dependência da trajetória (path dependence) e a regulações baseadas
em atendimento a padrões (vide figura 3).




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Inovação Ambiental                                           Queiroz Ferreira/ Kiperstok

                                             Figura 3
                          Dimensão D3: obstáculos para inovação ambiental
    Obstáculos                                                          Obstáculos
     Externos                                                            Internos
    Econômicos                                                         Tecnológicos
     Mercado                            Empresa                         Financeiro
    Tecnológico                                                           Cultural
      Político                                                        Organizacional
                                                                     Recursos Humanos
Fonte: Ferreira (2006).



       De uma forma geral, as pesquisas têm apontado como principais resultados das
inovações ambientais no nível da firma – a dimensão D4 proposta no modelo – os aspectos
externos e internos relativos ao mercado, à política e ao processo tecnológico, conforme
representado na figura 4. Entre estes, podemos perceber como resultados tangíveis a
economia de recursos naturais, financeiros e humanos, gerando redução de custos, a melhoria
da produtividade econômica e ambiental, além de um melhor desempenho da empresa no
mercado. Como resultados intangíveis, aparece a melhoria da imagem da empresa diante dos
stakeholders como órgão ambiental, consumidores, comunidades vizinhas e acionistas.

                                           Figura 4
                    Dimensão D4: resultados e efeitos da inovação ambiental

     Resultados                                                     Resultados Internos
      Externos                                                            Processo
      Ambiental                                                          Financeiro
       Político                         Empresa                          Ambiental
      Mercado                                                             Cultural
     Tecnológico                                                           Equipe
                                                                    Difusão de Inovações

Fonte: Ferreira (2006).



Resultados da aplicação do modelo de processo de IA na empresa “A”
        O uso do modelo, construído a partir das quatro categorias descritas anteriormente,
possibilitou analisar de forma sistemática os seguintes fatores na empresa “A”: as pressões
que a forçaram a inovar de forma ambiental, as competências internas que lhe possibilitaram
trilhar o caminho da inovação, as barreiras existentes e os resultados e efeitos obtidos com
esse processo. As respostas às questões centrais da pesquisa sobre o processo de IA na
empresa “A” são discutidas a seguir.

(Q1) Por quê a empresa “A” optou pela IA?
        A empresa fez essa opção para responder às pressões de ordem tecnológica, política
ambiental, econômica, de mercado e internas, originadas da sua inserção no ambiente
específico e geral. Note-se que as razões consideradas se restringiram às pressões que
incidiram sobre a empresa, forçando-a para a estratégia inovativa, não sendo analisadas
motivações éticas, para se reduzir a incidência de considerações subjetivas.
        Em um contexto de competição acirrada no mercado internacional de genéricos que
tem preços decrescentes, a sobrevivência da empresa dependia da redução de custos de


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Inovação Ambiental                                              Queiroz Ferreira/ Kiperstok

produção que foram alcançados através de melhorias de processo e de novas rotas
tecnológicas. O alto custo da opção fim-de-tubo para armazenar, transportar, tratar e dispor os
resíduos sólidos perigosos acumulados ao longo de aproximadamente nove anos de produção
e a falta de capacidade disponível no país para incineração desses resíduos exerceram pressão
tecnológica muito forte. Ao mesmo tempo, a escassez de recursos financeiros para utilizar
essa solução fim-de-tubo foi determinante para se buscar uma solução alternativa.
        Pela análise compreende-se que as pressões foram canalizadas na lógica da prevenção
da poluição, levando a empresa “A” a obter vantagens competitivas e reduzir/eliminar seu
passivo ambiental. É um claro exemplo da validade da Hipótese de Porter (PORTER; VAN
DER LINDE, 1999), pela qual uma regulação ambiental adequada − atuando como pressão de
demanda − contribui para a redução dos custos de produção e melhoria do desempenho
ambiental da empresa, uma vez que esta poderia desenvolver ou adotar IAs que estimulariam
seu crescimento e competitividade.
        Para a empresa “A”, houve redução do impacto ambiental acompanhado pela redução
dos custos econômicos derivados dessas ações, obtendo-se o duplo dividendo de Porter, uma
situação do tipo ganha-ganha, onde tanto o ambiente quanto a economia foram beneficiados.
Demonstra também a importância que a regulação ambiental tipo comando & controle exerce
no direcionamento de empresas para a IT, de forma a se obter melhorias no seu desempenho
ambiental.
        A figura 5 apresenta as categorias de pressão que incidiram sobre a empresa.

                                           Figura 5
                       Modelo de IA para empresa “A”: pressões atuantes1
                             Pressões para IA na Empresa “A”
                                                           Alto custo do fim-de-tubo
         Situação econômica/financeira         Tecno
                                              Tecnologia   para resíduos perigosos
              Pouca verba                      logia
              para passivo
                                                                           Concorrência por
            Custos de                                                        menor preço
          produção para
          sobrevivência
                                                                                   Mercado
                                                                                 internacional


                                            Inovação          Econômicas
                Empresa
                                            Ambiental          Mercado

          Licenciamento

         Technology push

         Constrangimento dos funcionários

            Cultura p/ proteção ambiental                  Regulação Ambiental
                                              Política      Pressão do órgão
                                                               ambiental

        Fonte: Ferreira (2006).



(Q2) Que fatores possibilitaram à empresa “A”: implementar o processo de IA?
       Os fatores correspondem às diversas competências internas da empresa relacionadas
com cultura empresarial, habilidades, equipe, estratégia e estrutura, conforme apresentado nas
figuras 6 e 7. A cultura da melhoria de processo e inovação através da área de P&D e a


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Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok

cultura da melhoria de processo, inovação e redução de custos como tarefa de toda a empresa
foram as principais questões culturais apontadas.
        A capacidade tecnológica de desenvolver e implementar projetos a partir de recursos
alternativos foi a principal habilidade das pessoas envolvidas. A manutenção de profissionais
competentes e criativos, a criatividade do agente humano com motivação ambiental e a
presença de pessoas-chave foram os principais pontos relativos à equipe (capital humano).
        As estratégias fundamentais adotadas pela empresa estavam relacionadas ao
desenvolvimento e à melhoria tecnológica através de P&D e à operação e à autonomia técnica
para resolução de problemas da fábrica. A estrutura organizacional da empresa possibilitava
uma cadeia de decisão próxima dos funcionários e uma tomada de decisões rápida, contando
com o aporte de um laboratório de P&D interno, permanente e com planta multipropósito e
com equipamentos ociosos que foram utilizados na síntese de novos produtos e como recursos
alternativos.
        Embora em menor grau de importância, os sistemas baseados em uma comunicação
aberta e forte e a interação cooperativa entre os setores também contribuíram para que
houvesse troca de informações e disseminação de novas idéias.


                                     Figura 6
      Modelo de IA para empresa “A”: competências internas de maior relevância

                   Estrutura                              Habilidades
           •Laboratório de pesquisa                   •Capacidade de
           •Planta multipropósito e                    desenvolver e
            equipamentos ociosos                       implementar
           • Cadeia de decisão próxima                 projetos com
           • Tomada de decisões rápida                 recursos
                                                       alternativos
                    Equipe
           •Pessoas-chave
           • Manutenção de profissionais                      Cultura
             competentes e criativos                  •Melhoria de
           • Criatividade com motivação                processo e
             ambiental                                 inovação em P&D
                                                      • Melhoria de
                                                        processo, inovação
                           Estratégia                   e redução de custo
           • Desenvolvimento e melhoria                 como tarefas de
             com P&D e operação                         todos
           • Autonomia técnica

          Fonte: Ferreira (2006).




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Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok

                                     Figura 7
      Modelo de IA para empresa “A”: competências internas de média relevância
                      Estrutura                         Estratégia
           •Flexibilidade e                  •Problema/oportunidade
            agilidade                        •Aceitação de risco
           •Gerenciamento                    • Histórico de tecnologia e
            horizontal e                       pesquisa
                                             • Focalização
            participativo                    • Comprometimento
           •Tamanho da                       • Intercâmbio externo
            empresa                          • Compra por menor preço
           • Programa SHE
                    Habilidades                          Sistemas
           •Capacitação                      •Comunicação aberta e
            acumulada dos RH                  forte
           • Competência central             •Interação cooperativa
           • Aprendizagem de
             habilidades múltiplas
                                                          Cultura
                        Equipe               • Melhoria de processo e
           •Seleção criteriosa                 inovação na operação
           • Alocação criteriosa             • Melhoria de processo como
           • Motivação                         ecoeficiência
           • Treinamento&Desenv
          Fonte: Ferreira (2006).



(Q3) Quais os obstáculos enfrentados pela empresa “A”?
        As barreiras enfrentadas foram principalmente de caráter tecnológico (rigidez
estrutural e dependência da trajetória em soluções fim-de-tubo) e de escassez de recursos
financeiros, estando relacionadas com o ambiente de atuação da empresa e com aspectos
internos. Entretanto, essas barreiras foram percebidas como tendo apenas uma influência
média (veja figura 8), haja vista que o processo de inovação ambiental da empresa “A” foi
implementado e gerou resultados positivos.
        O histórico da empresa e de suas antecessoras, marcado pela opção tecnológica presa a
soluções fim-de-tubo e dependentes da trajetória da própria regulação ambiental e do Pólo de
Camaçari, foi um aspecto significante que marcou uma quebra de paradigma na forma de
produção da empresa. Os poucos recursos financeiros disponíveis, ao mesmo tempo em que
reduziram o vigor das inovações, estimularam o capital humano a superar essa dificuldade
através da criatividade no uso de recursos alternativos. A prática de redução de pessoal, em
alguns momentos, reduziu a disponibilidade de capital humano capacitado, mas não foi um
fator que inibisse a realização de inovação ambiental, posto que algumas pessoas-chave
continuaram na empresa ao longo do tempo.




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                                                                                         105
Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok




                                      Figura 8
            Modelo de IA para empresa “A”: obstáculos de média relevância

                                 Tecnológico
             Histórico marcado por opção tecnológica presa (lock-in) a
              soluções fim-de-tubo e dependentes da trajetória (path
            dependent) da regulação ambiental e do Pólo de Camaçari


                                     Financeiro
                         Poucos recursos financeiros disponíveis

           Fonte: Ferreira (2006).



(Q4) Quais os resultados e efeitos produzidos pelas IA na empresa “A”?
        A sobrevivência da empresa no mercado de genéricos, o domínio do mercado mundial
por um determinado princípio ativo (produto X) e a compra da corporação “A” por uma
megaempresa química com manutenção do laboratório de P&D foram os resultados apontados
em relação ao mercado. A melhoria da imagem da empresa, principalmente, diante do órgão
ambiental foi o resultado referente à política. Quanto aos resultados internos, todos aqueles
sobre o processo de produção foram expressivos: geração de inovações de diferentes tipos e
níveis, aumento da capacidade das unidades, maior produtividade das matérias-primas, menor
relação isomérica e menor geração de resíduos/efluentes. A redução de custo de produção, a
geração de receita com produtos desenvolvidos a partir da inovação ambiental e com melhoria
de produtividade de matérias primas, além da redução de despesas com armazenamento,
tratamento e disposição de resíduos perigosos foram resultados financeiros bastante
expressivos.
        Novos projetos desenvolvidos com visão de ecoeficiência foi um resultado expressivo
percebido na cultura da empresa, embora com uma dispersão de respostas um pouco maior. A
eliminação e/ou redução do passivo ambiental e de geração de resíduos foi um resultado de
aspecto ambiental também significativo. Como conseqüência, apesar do preço declinante dos
produtos genéricos praticado no mercado, a empresa “A” obteve lucros satisfatórios e se
manteve no mercado, na medida em que conseguiu aumentar sua eficiência no uso de
matérias primas, sua produção e sua penetração no mercado. As figuras 9 e 10 apresentam os
resultados percebidos como de alta e média importância no processo inovativo da empresa.




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                                                                                         106
Inovação Ambiental                                      Queiroz Ferreira/ Kiperstok




                                    Figura 9
        Modelo de IA para empresa “A”: resultados e efeitos mais importantes
                Processos                          Financeiro
          •Geração de                        •↓ Custos de
           inovações                          produção
          •Aumento de                        •Receita com
           capacidade                         produtos e melhoria
          •Maior produtividade                de produtividade
           de matéria-prima/                 •↓ Despesas fim-de-
           isômeros                           tubo com ResPerig
          • ↓Geração ResPerig                      Mercado
                Ambiental                   •Sobrevivência
          •Eliminação/redução               •Domínio do produtoX
           de passivo          •Compra por
           ambiental e geração megaempresa,
                                mantendo P&D
           de ResPerig
                                                       Cultural
                 Política                     • Novos projetos com visão
          •Melhoria de imagem                   PML
         Fonte: Ferreira (2006).



                                    Figura 10
      Modelo de IA para empresa “A”: resultados e efeitos de média importância
                                    Equipe
                       Aumento da capacitação e habilidades

                                       Cultural
                          Valorização dos recursos humanos

                                     Mercado
                         Domínio de mercado pelo produto Y
                 Fonte: Ferreira (2006).




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                                                                                     107
Inovação Ambiental                                           Queiroz Ferreira/ Kiperstok

Conclusões
        Conclui-se que a empresa estudada realizou inovações ambientais, através de
tecnologias mais limpas que resultaram em benefícios para o ambiente traduzidos em um
melhor desempenho empresarial e ecoeficiência que tornou-a mais competitiva.
        A empresa “A” − ao ser pressionada por demandas de caráter ambiental e de mercado
e por condições de oferta tecnológica − teve a competência de desenvolver processos e
produtos novos ou significativamente melhorados através das áreas de P&D e de operação.
Nesse processo, a empresa contou com a criatividade e conhecimento acumulado do seu
capital humano, com pessoas-chave para realizar as trocas de informações, com o apoio da
liderança em assumir riscos, com sua estrutura organizacional que incentivava a participação
dos agentes nas tomadas de decisões. A empresa contou também com a capacitação central
em pesquisa, desenvolvimento e produção de forma alternativa, rápida e ágil, além de uma
cultura organizacional de melhoria de processos e inovação.
        Entretanto, alguns obstáculos foram percebidos nesse processo, ligados especialmente
à trajetória fim-de-tubo que a empresa historicamente tinha adotado e aos poucos recursos
financeiros disponíveis para desenvolver inovações tecnológicas. Os resultados mais
expressivos obtidos com esse processo inovativo estão relacionados principalmente aos
processos de produção e aos benefícios financeiros e ambientais obtidos conjuntamente, à
melhoria da imagem da empresa − principalmente, diante do órgão ambiental − e a sua
sobrevivência em um mercado extremamente competitivo.
        Voltada para a mudança tecnológica, a empresa “A” deu sua parcela de contribuição
para reduzir a pressão sobre os recursos ambientais através do aumento da sua eficiência
ambiental de produção e do alcance e busca contínua da meta resíduo zero.
        Essa firma deu provas empíricas de que o setor empresarial pode rever suas práticas de
produção, apesar de uma trajetória histórica apoiada na abordagem fim-de-tubo.
        A aplicação do modelo sobre o processo de inovação ambiental na empresa “A”
permitiu compreender o papel decisivo que múltiplos aspectos tiveram sobre o processo
inovativo em uma empresa do setor de produtos químicos genéricos. Ao mesmo tempo,
possibilitou visualizar aspectos positivos e entraves, contribuindo para aperfeiçoar o processo
de inovação ambiental da empresa estudada.
        Pesquisas sobre mecanismos que incentivem uma maior presença da inovação
ambiental nos processos produtivos são fundamentais com vistas ao desenvolvimento de
tecnologias limpas nas empresas, lócus privilegiado da inovação.


Referências

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estratégias ambientais empresariais. TecBahia – Revista Baiana de Tecnologia, Camaçari,
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                                                                                          108
Inovação Ambiental                                          Queiroz Ferreira/ Kiperstok



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                                                                                         109
Inovação Ambiental                                                     Queiroz Ferreira/ Kiperstok



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YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Daniel Grassi. 3.ed. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
1
 O tamanho das fontes utilizadas nos diversos aspectos analisados nas figuras 5 a 10 é proporcional ao peso da
valoração atribuída a cada categoria empírica.



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                                                                                                        110

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Modelo de inovação ambiental em empresa química

  • 1. RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental Mai. - Ago. 2007, V. 1, Nº. 2, pp. 93-110 www.rgsa.com.br APLICAÇÃO DE UM MODELO DE PROCESSO DE INOVAÇÃO AMBIENTAL EM UMA EMPRESA DE QUÍMICA FINA Maria Valéria Gaspar de Queiroz Ferreira∗ Asher Kiperstok∗∗ Resumo Originado de uma tese de doutorado, este artigo objetiva aplicar um modelo sobre o processo de inovação ambiental (IA) em uma empresa de química fina, pesquisada através de estudo de caso único. Esse modelo foi pautado por quatro dimensões: (D1) pressões como motivações empresariais; (D2) competências internas como fatores facilitadores; (D3) obstáculos e (D4) resultados e efeitos. De acordo com a análise realizada, argumenta-se que as principais pressões para que a empresa inovasse foram de caráter tecnológico, econômico, de mercado e de cumprimento de regulação com instrumentos de comando e controle, além de pressões internas. As principais competências estavam relacionadas às categorias culturais, de habilidades, equipe, estratégia e estrutura. Os obstáculos foram, principalmente, de caráter tecnológico e escassez de recursos financeiros. Os resultados obtidos no processo de IA apontaram para melhoria da imagem, ganhos financeiros e ambientais. Conclui-se que a empresa realizou IA através de tecnologias mais limpas que resultaram em benefícios para o meio ambiente, traduzidos em um melhor desempenho empresarial e ecoeficiência. O modelo aplicado permitiu visualizar aspectos positivos e entraves, que podem contribuir para o aperfeiçoamento do processo de IA da empresa estudada. ∗ Professora colaboradora do Programa de Tecnologias Limpas da Bahia – TECLIM/Departamento de Engenharia Ambiental/UFBa. Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia - UFBa. Programa de Pós-graduação em Administração da UFBa. E-mail: <mariavaleria@sedur.ba.gov.br>. ∗∗ PhD em Tecnologias Ambientais pela UMIST − Instituto de Ciências e Tecnologias da Universidade de Manchester, Reino Unido. Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica/UFBa. Coordenador geral do Programa de Tecnologias Limpas da Bahia – TECLIM/MEPLIM/Departamento de Engenharia Ambiental/UFBa. E-mail: <asher@ufba.br>.
  • 2. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Introdução Originado de uma tese de doutorado, o artigo visa aplicar um modelo sobre o processo de inovação ambiental (IA) empresarial, desenvolvido preliminarmente em uma organização de produtos químicos genéricos do setor de química fina, denominada empresa “A”. O referido modelo foi pautado por quatro dimensões referentes ao processo de IA no nível da empresa: (D1) pressões como motivações empresariais; (D2) competências internas como fatores facilitadores, (D3) obstáculos e (D4) resultados e efeitos. As questões centrais utilizadas para verificar o referido modelo foram: (Q1) Por quê a empresa “A” optou pela IA?; (Q2) Quais os fatores que possibilitaram à empresa implementar a IA?; (Q3) Quais os obstáculos enfrentados nesse processo? e (Q4) Quais os resultados e efeitos obtidos com o processo de IA pela empresa “A”? Esta pesquisa não teve a intenção de analisar a inserção ambiental dos produtos da empresa “A” (produtos químicos genéricos) ao longo da cadeia produtiva – desde a sua fabricação até a utilização e descarte. Enfocou-se exclusivamente a geração de inovações ambientais relacionadas ao processo de fabricação implementado nesse site da empresa. Ressalta-se também que o estudo priorizou a análise sobre as IAs realizadas com a visão de prevenção da poluição. A pesquisa foi viabilizada através da estratégia metodológica de estudo de caso único. O método de estudo de caso permite o conhecimento detalhado e amplo de um fenômeno, explorando suas diferentes dimensões. A opção pelo estudo de caso único foi baseada no fato de que a empresa analisada realizou IAs relevantes, confrontando-se com uma situação extremamente oposta que existia anteriormente no site. A escolha do estudo de caso como estratégia de pesquisa, porém, suscita críticas em função de elementos vistos como limitações, a exemplo de que seus resultados fornecem uma base frágil para generalizações analíticas, especialmente, quando se trata de caso único. No entanto, Yin (2005) ressalta que a generalização proporcionada pelo estudo de caso único se constitui em conjecturas teóricas, ou seja, modelos, e não conjecturas sobre populações (generalização estatística). Entende-se dessa forma que se pode tecer generalizações mais amplas a partir da teoria escolhida para interpretar as relações existentes, posto que o objetivo é ampliar e generalizar teorias, realizando uma generalização analítica. Quantos aos procedimentos para o levantamento de dados, foram utilizados a pesquisa bibliográfica, entrevistas semi-estruturadas, questionários, observações dirigidas e consulta a documentos institucionais. A triangulação dos dados obtidos permitiu que os eventos investigados fossem respaldados por diferentes fontes. O estudo de caso foi realizado entre os anos de 2004 e 2005, e o período de estudo compreendeu entre a implantação da primeira empresa a funcionar no site em 1987 até a aquisição da empresa “A” por uma megacorporação química, em novembro de 2003. É interessante ressaltar algumas peculiaridades da unidade de análise que a fizeram ter grande valor investigativo em relação ao processo de IA. O local de funcionamento da empresa “A” no Pólo de Camaçari, Bahia, já abrigou outras duas empresas (empresa A1 e empresa A2) do mesmo segmento industrial, mas que tinham diferentes características. Nessas empresas não havia a ênfase em melhorias de processo e o passivo ambiental de resíduos perigosos sólidos e líquidos foi se acumulando até milhares de toneladas. Além disso, embora muitos funcionários da empresa “A” alocados nas áreas de P&D e de processo e produção tivessem trabalhado nas firmas anteriores, não haviam realizado anteriormente um boom de inovações ambientais. A partir de 1987, a empresa A1 − com gestão baseada no modelo tripartite envolvendo controle acionário público, privado nacional e privado estrangeiro − começou a operar. Essa empresa foi projetada para ser o centro de química fina do Pólo de Camaçari, atuando na linha de corantes, fármacos e produtos químicos genéricos, contando com o apoio de um RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 94
  • 3. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para desenvolver novos projetos. Como as fábricas brasileiras da época eram protegidas da concorrência internacional, a empresa A1 não sofria pressões para otimizar seu desempenho produtivo. No ano de 1993, os ativos da empresa A1 foram vendidos para a empresa A2 – uma empresa pequena que iniciara sua operação em 1992, derivada de uma empresa petroquímica e pertencente a um grupo privado nacional. A empresa A2 atuou principalmente na linha de produtos intermediários e princípios ativos químicos genéricos. Seu foco era a diversificação da produção voltada para o mercado internacional, e o laboratório de P&D era o principal instrumento para a concretização dessa estratégia. O processo, embora com algumas melhorias, continuava ineficiente pela alta geração de resíduos perigosos, e os problemas ambientais gerados iam se avolumando. Em 1995, uma corporação americana adquiriu um percentual das ações da empresa A2 e em 1996 torna-se majoritária, passando a empresa a chamar-se “A”. Nessa compra, também adquiriu o passivo ambiental da fábrica, com seus milhares de tambores de resíduos perigosos. A empresa iniciou um trabalho sistemático para redução do custo de produção e minimização de problemas de manutenção e segurança. Em 1998, a corporação americana estabeleceu uma joint venture com uma megacorporação química. O site de Camaçari entrou no processo de renovação da licença ambiental e de atendimento às exigências do órgão ambiental baiano, o Centro de Recursos Ambientais (CRA). Em novembro de 2003, a megacorporação química adquiriu o total do capital social. A postura inovativa da empresa “A” se concentrou na otimização e melhoria de processos de fabricação de produtos genéricos. Essa empresa, entre os anos de 1996 e 2003, realizou mudanças na sua forma de produção, investindo em melhorias de produto e de processo, obtendo um melhor rendimento, a eliminação total ou parcial de diversos resíduos perigosos, a reciclagem de passivos ambientais e a redução de custos de produção. Convém lembrar que milhares de toneladas de passivo ambiental e de resíduos perigosos gerados nessa empresa – além de representarem custos diretos pelo desperdício de matéria-prima e energia, gastos com transporte, armazenamento, tratamento e disposição final – constituem potenciais riscos, em virtude das características próprias desses produtos químicos genéricos. Como ilustração, pode ser citado um dos projetos de IA desenvolvidos, referente à transformação de um resíduo sólido perigoso em um produto intermediário e em um princípio ativo. Essa inovação proporcionou economia de US$10 milhões com armazenagem e incineração, a geração de US$7 milhões anuais pela venda do novo produto, a criação de novos postos de trabalho e o cumprimento da diretriz de geração zero de resíduos e aprimoramento contínuo do processo industrial (DUPONT, 2000). O que parece mais considerável no caso da empresa “A” é que o site de Camaçari realizou grandes investimentos em projetos de IA, obtendo resultados expressivos, medidos por ganhos financeiros. Esse site obteve também premiações ambientais nacionais e internacionais entre os anos de 1999 e 2003. Inovação tecnológica e inovação ambiental A inovação é entendida, em um sentido mais amplo, como o ato de se fazer algo de forma diferente, a partir de um processo de criação de novas idéias que surgem da criatividade humana. Possibilita uma nova abordagem para um determinado aspecto do cotidiano ou para um problema existente, permitindo uma solução original. Quando se trata da inovação que busca resultados econômicos, as idéias são testadas, transformadas e viabilizadas em aplicações práticas postas no mercado. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 95
  • 4. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Embora a inovação pressuponha descobertas e novidades, nem todas as inovações são assim tão “inovativas”, diferentes. Quando inovações maiores ou radicais começam a se difundir pela sociedade, com o tempo, vão sendo imitadas ou melhoradas, havendo, dessa forma, as inovações menores ou incrementais. Neste estudo, adota-se o seguinte conceito de inovação tecnológica (IT): processo de mudanças radicais e incrementais vivenciado em organizações − nas quais essa mudança ainda seja novidade − referente ao desenvolvimento ou à adoção de novas idéias, produtos, processos, procedimentos ou serviços que se materializam nos campos técnico e gerencial. Dentre as correntes teóricas que tratam a firma como o centro do progresso técnico, são destacas neste artigo a teoria evolucionista, a abordagem baseada em recursos (resource- based view) e a abordagem das capacitações dinâmicas (dynamic capabilities). Essas correntes têm origem na análise macroeconômica de Schumpeter (1988), a qual considera que o fator que move o desenvolvimento econômico capitalista é a IT que se dá nas empresas. Para os autores da corrente evolucionista, a competição está relacionada com a atividade de explorar novos e potenciais caminhos para que a firma possa produzir e/ou realizar serviços a partir da aprendizagem e da inovação. Para ter sucesso, tanto no curto como no longo prazo, é necessário que as firmas desenvolvam capacitações tecnológicas que lhes permitam caminhar no sentido de gerar e incorporar inovações e que tenham capacidade para obter vantagem econômica com a atividade inovativa. Assim, estarão criando assimetrias em relação às outras firmas, o que lhe possibilitará conseguir e manter vantagens competitivas, de forma a alcançar uma melhor posição no mercado. Na visão de Dosi, Teece e Winter (1992), corroborada por Tigre (1998), quatro aspectos são essenciais na teoria evolucionista, para que a empresa se desenvolva e tenha capacidade de resposta às mudanças ambientais: (i) aprendizagem e rotina − o aprendizado é um processo acumulativo e interativo de capacidades e competências tecnológicas que ocorre na firma, possibilitando uma execução melhor e mais rápida das tarefas. É baseado na repetição, experimentação, tentativa, erro e, principalmente, na rotina organizacional codificada ou tácita. As rotinas são percebidas como o elemento no qual o conhecimento empírico da firma está armazenado, representando padrões de soluções bem-sucedidas aplicadas em problemas específicos. A base da diferenciação competitiva das empresas está no conhecimento tácito, considerado um ativo específico ou intangível da firma, na medida em que esse conhecimento não está codificado, sendo assim mais difícil de ser adquirido e transferido; (ii) dependência da trajetória (path dependence) − o caminho da evolução de uma firma é determinado pelas habilidades e competências acumuladas e pela natureza de seus ativos específicos, onde o passado e a história da empresa têm importância; (iii) ambiente e seleção − a pluralidade de ambientes de seleção permite explicar a existência de trajetórias tecnológicas diferentes e a diversidade de estruturas de mercado e de características institucionais dos ambientes nos quais as firmas evoluem; e (iv) competência central (core competence) − envolve a habilidade da firma de resolver problemas organizacionais, econômicos e técnicos. A competitividade empresarial é vista como um conjunto de competências tecnológicas diferenciadas, de ativos complementares e de rotinas. A evolução da firma depende da transformação das competências secundárias em centrais, à medida que surgem oportunidades tecnológicas. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 96
  • 5. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok A abordagem baseada em recursos está fundamentada na premissa de que são os recursos e as capacitações organizacionais que propiciam a capacidade inovativa de uma firma (WERNERFELT, 1984). Os recursos podem ser definidos como os ativos tangíveis e intangíveis retidos por uma firma, enquanto as capacitações se referem à sua habilidade de explorar e combinar recursos através de rotinas organizacionais para atingir suas metas (SPANOS; PRASTACOS, 2004). Dessa perspectiva, os recursos organizacionais são combinados e transformados pelas capacitações dinâmicas para se chegar a soluções inovativas que confiram vantagens competitivas à empresa. Teece, Pisano e Shuen (1997), em uma tentativa de aprofundar as questões relativas às dimensões das capacitações específicas a uma firma, desenvolveram um argumento mais voltado para as capacitações dinâmicas de uma firma. Para esses autores, capacitações dinâmicas são difíceis de serem imitadas e são as fontes de vantagem competitiva sustentável de uma empresa, uma vez que representam combinações das habilidades organizacionais, funcionais e tecnológicas. Capacitações dinâmicas se referem à habilidade de uma firma de integrar, construir e reconfigurar suas competências internas e externas de modo a se adequar a novas configurações nos contextos em que atua. Tendo em vista que o ambiente onde atualmente as organizações atuam é muito dinâmico e instável, as empresas precisam estar sempre atentas e aptas a se adaptarem às mudanças do ambiente interno e externo. A relação entre empresa e ambiente externo, por exemplo, é muito influenciada pelo marco legal-regulatório adotado pelos governos no tocante à proteção ambiental e pelas estratégias empresariais e fatores de competitividade do segmento industrial ao qual pertence. Para uma melhor compreensão da relação entre IT e questão ambiental, convém discutir a IA. A inovação ambiental é entendida como uma inovação tecnológica que resulta em benefícios ambientais, independente do seu objetivo inicial. É uma nova maneira da organização desenvolver a gestão tecnológica e/ou a tecnologia da gestão de forma incremental ou radical, objetivando um determinado fim e que traz ganhos ao meio ambiente, ainda que estes estejam limitados ao desempenho ambiental da empresa. Kemp, Smith e Becher (2000) e Rennings e Zwick (2001) apresentam classificações sobre tecnologias ambientais e inovações ambientais que atuam sobre a parte hard da organização (do tipo técnicas) visando evitar a poluição. Baseado nesses estudos, entende-se que as inovações ambientais podem ser classificadas a partir de três tipos mais gerais: • as tecnologias fim-de-tubo (conhecidas como end-of-pipe) e de remediação − que atuam para controlar a poluição após a geração das emissões e dos problemas ambientais; • as tecnologias limpas ou mais limpas − que atuam sobre produtos e processos de forma preventiva (princípio da prevenção da poluição), na origem de emissões ambientais; e • a reciclagem − a qual Rennings e Zwick (2001) justificam que deve ser entendida como um terceiro tipo de tecnologia ambiental, posto que apresenta tanto características de tecnologia fim-de-tubo (na reciclagem externa) quanto de tecnologias mais limpas (nas modificações integradas de produto e de processo). Observa-se na literatura técnica que as abordagens mais difundidas que utilizam o princípio da prevenção da poluição são a ecoeficiência, a produção limpa, a produção mais limpa e a ecologia industrial. Na comparação de vários autores (CARDOSO, 2004; FURTADO, 2004; MARINHO, Maerbal, 2001; WBCSD; UNEP, 1996) sobre esses termos, percebe-se que todos os conceitos pressupõem tanto a adoção de mudanças tecnológicas hard quanto de mudanças organizacionais. No dizer de Cardoso (2004, p.24), a prática desses conceitos resulta em benefícios ambientais e econômicos para empresa e sociedade, já que se RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 97
  • 6. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok baseiam na “busca da produtividade dos recursos, reduzindo o uso de materiais e energia e integrando a prevenção da poluição com o processo de produção, considerando o seu desempenho ambiental”. Entretanto, em que pese os benefícios que podem ser obtidos com a sua aplicação, esses conceitos ainda sofrem muitas barreiras para sua adoção no setor industrial. Isso ocorre porque sua implantação exige a modificação de várias atividades desenvolvidas não só pela unidade econômica adotante do conceito, mas também de toda a cadeia produtiva. Implica mudanças desde o design do produto, passando pelas características e formas de obtenção das matérias primas, pelo sistema de produção (inclusive relativo a embalagens), vendas, distribuição, até o consumo e pós-consumo. Nesse sentido, os conceitos de produção mais limpa (PML) e de ecoeficiência são os mais largamente utilizados no mundo de negócios, pois reconhece-se que é difícil ter uma produção completamente limpa, que não gere nenhum resíduo (MARINHO, Maerbal, 2001). Modelo utilizado para estudar um processo de inovação ambiental empresarial Com base na pesquisa bibliográfica, constatou-se a existência de uma multiplicidade de fatores que influenciam a IA e, de forma mais geral, a IT. Foi Schumpeter quem inicialmente propôs como fatores relacionados com a inovação, o tamanho da empresa e a estrutura do mercado. De acordo com Spanos e Prastacos (2004), as pesquisas realizadas sobre IT têm tradicionalmente estudado seus determinantes, concentrando-se no ambiente externo, através do mercado (sobretudo, dinamismo e hostilidade), e no nível da firma, através de sua estratégia competitiva, características culturais e, principalmente, estrutura organizacional. Em relação a essa última, as variáveis mais estudadas são a formalização, com suas normas e regulamentos, a centralização e a hierarquia. Quanto à cultura da organização, prevalece o papel da liderança/gerentes e do clima organizacional. Mais recentemente, as abordagens evolucionistas, baseadas em recursos e em capacitações dinâmicas, ampliaram a visão do estudo sobre o processo da IT, abordando questões internas como informação, conhecimento, aprendizado, recursos humanos, recursos comerciais, coordenação, integração e transformação. Em relação à dimensão D1, as pressões como motivações que levam uma empresa a adotar ou desenvolver inovação ambiental coincidem usualmente com as mesmas razões que têm levado uma empresa a ter uma atitude mais proativa em relação à questão ambiental. Entre os determinantes para essa mudança empresarial, destaca-se: • o receio de pressões externas de vários setores, como governo (e suas regulamentações ambientais), financiadores, movimentos ambientalistas, consumidores e imprensa (MARINHO, 2001); • pressões internas, como preocupações dos empregados em relação à temática ambiental, saúde e segurança (KEMP; MUNCH ANDERSEN; BUTTER, 2004; MARINHO, 2001); • a incerteza sobre determinadas situações que podem levar a empresa a antecipar demandas futuras do mercado ou da promulgação de regulamentações, adotando assim uma estratégia defensiva (MARINHO, 2001); • a adoção de instrumentos de proteção auto-regulamentados, voluntária em relação às exigências legais, mas compulsória quanto ao mercado (ANDRADE, 1997); • disponibilidade e difusão de inovações tecnológicas que buscam solucionar problemas ambientais existentes e que também possibilitam uma escolha mais adequada das tecnologias produtivas (ANDRADE, 1997); • maior competição entre empresas, em função do processo de globalização mais avançado (ANDRADE, 1997); e RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 98
  • 7. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok • percepção pelas empresas da questão ambiental, como uma oportunidade para impulsionar os negócios, e da regulamentação ambiental, como um mecanismo estimulador do desempenho econômico e ambiental empresarial, de forma a melhorar sua competitividade (MARINHO, 2001). Especificamente sobre a IA, alguns autores vêm buscando entender as múltiplas e simultâneas razões que levam uma empresa a inovar com benefícios ambientais. A análise de Rennings e Zwick (2001), referente ao projeto Impress, mostra que as três razões mais citadas para a introdução de inovação ambiental entre 1.594 empresas européias foram a melhoria da imagem da empresa, o cumprimento de regulações ambientais e a redução de custos. Kemp, Smith e Becher (2000) agruparam os fatores que influenciam a IA em três categorias: (i) incentivos para inovar, os quais dependem do tipo de regulação aplicada, da competitividade do setor industrial (função da estrutura setorial), dos custos preponderantes (como do tratamento e disposição de esgotos e resíduos sólidos tóxicos, da energia, de taxas de seguros mais baixas para empresas responsáveis por produtos ambientalmente seguros), das condições de demanda (como produtos ambientalmente melhorados) e das condições de apropriabilidade da inovação pela empresa para obter benefícios econômicos; (ii) habilidade para assimilar e combinar conhecimentos (tecnológicos e mercadológicos) de diferentes fontes internas e externas à empresa, necessários à implantação de um processo/confecção de um produto novo ou melhorado; e (iii) capacitação gerencial para administrar processos de inovação intra e interempresas, considerando principalmente a institucionalização de lideranças e a integração de funções, unidades organizacionais e recursos. Esses autores adotam a abordagem da cadeia produtiva ou filière, segundo a qual as influências podem se originar de qualquer lugar da cadeia produtiva na qual a empresa ou indústria esteja inserida, tanto referente às condições de demanda como do lado da oferta, ou ainda relativo ao contexto geral ou sistêmico. Por isso, a resposta inovativa a uma regulação pode aparecer em uma indústria que não seja aquela indústria objeto da regulação em função dessa interdependência existente na cadeia produtiva. Como constatação de um extenso levantamento bibliográfico realizado, verificou-se que a ética ainda não é um fator que influencia a empresa a buscar o caminho da inovação. Dito de outra forma, uma empresa não decide mudar seus produtos, processos, rotinas e formas de organizar seu trabalho devido à sua parcela de responsabilidade pela melhoria do ambiente. O que determina a adoção da estratégia inovativa são as pressões do lado da oferta (technology push) e, de acordo com Ashford (2000), as pressões de demanda que incidem sobre o ambiente empresarial, ressaltando-se os requisitos regulatórios, a possibilidade de economia de custos ou de aumento nos lucros, a pressão pública por uma indústria menos poluente e mais segura, além da pressão dos trabalhadores. Buscando-se um modelo que permitisse categorizar as diversas pressões que atuam sobre uma empresa para que ela inove, foi adotado aquele elaborado por Rubik (2002), o qual considera quatro categorias de pressões: tecnológica, de mercado, política e empresarial. Embora utilizado por este autor para identificar os principais determinantes das IAs de produto, seu modelo se presta a uma análise mais geral, assim como fez Türpitz (2004a, 2004b). Neste estudo se incluiu a pressão econômica no modelo original, pois alguns fatores econômicos influenciam o desenvolvimento de mudanças, com benefícios ambientais (veja figura 1). Os quatro grupos de pressões apresentados variam de acordo com o setor industrial RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 99
  • 8. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok e influenciam os diferentes tipos de estratégias ambientais (inexistentes, reativas, defensivas ou proativas) adotadas pelas organizações. Figura 1 Dimensão D1: principais pressões para uma empresa realizar IA Tecnológica Econômica Empresa- IA em Empresas e de rial Mercado Política Fonte: adaptado de Rubik (2002). Todavia, mesmo que uma empresa mude seu comportamento em relação à questão ambiental, a organização pode não optar pelo caminho da mudança tecnológica com viés ambiental. Essas pressões influenciam, mas não suficientes para que uma empresa decida efetivamente inovar e obtenha de forma intencional ou indireta benefícios ambientais. Para poder implementar a IA, a empresa deve possuir determinadas competências internas que a tornem capaz realmente de inovar. Essas competências foram sinalizadas como a dimensão D2 do modelo. Foi realizado um levantamento bibliográfico para melhor entender as competências que uma empresa deve possuir para inovar ambientalmente e que constituem a base do seu processo inovativo. Como o processo de inovação é multideterminado, foram encontrados diversos fatores comuns a variadas pesquisas sobre características de empresas inovadoras. Buscando-se sistematizar as diversas competências encontradas, estas foram relacionadas com os elementos do modelo desenvolvido por Peters e Waterman (1982). Este apresenta sete categorias que contribuem para o sucesso empresarial: valores compartilhados, estilo/cultura, habilidades, equipe, estratégia, estrutura e sistemas. Baseado nesse modelo, definiu-se seis fatores, e as categorias valores compartilhados e estilo foram reunidas no fator denominado cultura. Pode-se, dessa forma, agrupar as competências internas de uma empresa que permitem a geração da IA, conforme apresentado na figura 2. Esses seis fatores podem ser entendidos como: • cultura – valores, crenças e normas dominantes na organização, compartilhadas e de grande significado para seus profissionais; • habilidades – competências da empresa e de seus recursos humanos; • equipe – gestão dos recursos humanos da empresa; • estratégia – define a forma deliberada de alcançar os objetivos organizacionais traçados, em resposta ou antecipação a mudanças no ambiente externo; • estrutura – base para a especialização e coordenação da organização, influenciada principalmente pela estratégia adotada; e RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 100
  • 9. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok • sistemas – procedimentos formais e informais que apóiam as estratégias e estrutura. Figura 2 Competências empresariais para inovação ambiental Estrutura Estratégia Sistemas Competências Internas para Inovação Ambiental Cultura Habilidades Equipe Fonte: baseado no modelo 7S McKinsey (PETERS; WATERMAN, 1982). Os fatores cultura, equipe e habilidades compõem a parte soft da empresa e são fortemente determinados pelos recursos humanos da organização. São mais difíceis de descrever, pois estão baseados em valores, condutas e capacitações, e as mudanças são mais complexas e lentas. Por isso, torna-se mais difícil influenciar ou mudar suas características. Os elementos estratégia, estrutura e sistemas representam a parte hard de uma organização. São mais tangíveis (feasible) e fáceis de identificar e operacionalizar, e, portanto, de serem modificados. No processo inovativo vivenciado pelas empresas também existem obstáculos que dificultam o desenvolvimento ou a adoção de mudanças tecnológicas. No modelo desenvolvido, esses obstáculos foram denominados de dimensão D3. Alguns estudos identificam barreiras ao desenvolvimento da IT em geral (OECD, 1997) e à IA em particular (como DE SIMONE; POPOFF, 1997; KEMP, MUNCH ANDERSEN e BUTTER, 2004; OECD, 1997; TÜRPITZ, 2004b). Ressalta-se que esses obstáculos são decorrentes de fatores empresariais, como os altos custos referentes a P&D interna para modificação de tecnologias, bem como de fatores externos relacionados, por exemplo, a aspectos tecnológicos de rigidez estrutural (lock-in), de dependência da trajetória (path dependence) e a regulações baseadas em atendimento a padrões (vide figura 3). RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 101
  • 10. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Figura 3 Dimensão D3: obstáculos para inovação ambiental Obstáculos Obstáculos Externos Internos Econômicos Tecnológicos Mercado Empresa Financeiro Tecnológico Cultural Político Organizacional Recursos Humanos Fonte: Ferreira (2006). De uma forma geral, as pesquisas têm apontado como principais resultados das inovações ambientais no nível da firma – a dimensão D4 proposta no modelo – os aspectos externos e internos relativos ao mercado, à política e ao processo tecnológico, conforme representado na figura 4. Entre estes, podemos perceber como resultados tangíveis a economia de recursos naturais, financeiros e humanos, gerando redução de custos, a melhoria da produtividade econômica e ambiental, além de um melhor desempenho da empresa no mercado. Como resultados intangíveis, aparece a melhoria da imagem da empresa diante dos stakeholders como órgão ambiental, consumidores, comunidades vizinhas e acionistas. Figura 4 Dimensão D4: resultados e efeitos da inovação ambiental Resultados Resultados Internos Externos Processo Ambiental Financeiro Político Empresa Ambiental Mercado Cultural Tecnológico Equipe Difusão de Inovações Fonte: Ferreira (2006). Resultados da aplicação do modelo de processo de IA na empresa “A” O uso do modelo, construído a partir das quatro categorias descritas anteriormente, possibilitou analisar de forma sistemática os seguintes fatores na empresa “A”: as pressões que a forçaram a inovar de forma ambiental, as competências internas que lhe possibilitaram trilhar o caminho da inovação, as barreiras existentes e os resultados e efeitos obtidos com esse processo. As respostas às questões centrais da pesquisa sobre o processo de IA na empresa “A” são discutidas a seguir. (Q1) Por quê a empresa “A” optou pela IA? A empresa fez essa opção para responder às pressões de ordem tecnológica, política ambiental, econômica, de mercado e internas, originadas da sua inserção no ambiente específico e geral. Note-se que as razões consideradas se restringiram às pressões que incidiram sobre a empresa, forçando-a para a estratégia inovativa, não sendo analisadas motivações éticas, para se reduzir a incidência de considerações subjetivas. Em um contexto de competição acirrada no mercado internacional de genéricos que tem preços decrescentes, a sobrevivência da empresa dependia da redução de custos de RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 102
  • 11. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok produção que foram alcançados através de melhorias de processo e de novas rotas tecnológicas. O alto custo da opção fim-de-tubo para armazenar, transportar, tratar e dispor os resíduos sólidos perigosos acumulados ao longo de aproximadamente nove anos de produção e a falta de capacidade disponível no país para incineração desses resíduos exerceram pressão tecnológica muito forte. Ao mesmo tempo, a escassez de recursos financeiros para utilizar essa solução fim-de-tubo foi determinante para se buscar uma solução alternativa. Pela análise compreende-se que as pressões foram canalizadas na lógica da prevenção da poluição, levando a empresa “A” a obter vantagens competitivas e reduzir/eliminar seu passivo ambiental. É um claro exemplo da validade da Hipótese de Porter (PORTER; VAN DER LINDE, 1999), pela qual uma regulação ambiental adequada − atuando como pressão de demanda − contribui para a redução dos custos de produção e melhoria do desempenho ambiental da empresa, uma vez que esta poderia desenvolver ou adotar IAs que estimulariam seu crescimento e competitividade. Para a empresa “A”, houve redução do impacto ambiental acompanhado pela redução dos custos econômicos derivados dessas ações, obtendo-se o duplo dividendo de Porter, uma situação do tipo ganha-ganha, onde tanto o ambiente quanto a economia foram beneficiados. Demonstra também a importância que a regulação ambiental tipo comando & controle exerce no direcionamento de empresas para a IT, de forma a se obter melhorias no seu desempenho ambiental. A figura 5 apresenta as categorias de pressão que incidiram sobre a empresa. Figura 5 Modelo de IA para empresa “A”: pressões atuantes1 Pressões para IA na Empresa “A” Alto custo do fim-de-tubo Situação econômica/financeira Tecno Tecnologia para resíduos perigosos Pouca verba logia para passivo Concorrência por Custos de menor preço produção para sobrevivência Mercado internacional Inovação Econômicas Empresa Ambiental Mercado Licenciamento Technology push Constrangimento dos funcionários Cultura p/ proteção ambiental Regulação Ambiental Política Pressão do órgão ambiental Fonte: Ferreira (2006). (Q2) Que fatores possibilitaram à empresa “A”: implementar o processo de IA? Os fatores correspondem às diversas competências internas da empresa relacionadas com cultura empresarial, habilidades, equipe, estratégia e estrutura, conforme apresentado nas figuras 6 e 7. A cultura da melhoria de processo e inovação através da área de P&D e a RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 103
  • 12. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok cultura da melhoria de processo, inovação e redução de custos como tarefa de toda a empresa foram as principais questões culturais apontadas. A capacidade tecnológica de desenvolver e implementar projetos a partir de recursos alternativos foi a principal habilidade das pessoas envolvidas. A manutenção de profissionais competentes e criativos, a criatividade do agente humano com motivação ambiental e a presença de pessoas-chave foram os principais pontos relativos à equipe (capital humano). As estratégias fundamentais adotadas pela empresa estavam relacionadas ao desenvolvimento e à melhoria tecnológica através de P&D e à operação e à autonomia técnica para resolução de problemas da fábrica. A estrutura organizacional da empresa possibilitava uma cadeia de decisão próxima dos funcionários e uma tomada de decisões rápida, contando com o aporte de um laboratório de P&D interno, permanente e com planta multipropósito e com equipamentos ociosos que foram utilizados na síntese de novos produtos e como recursos alternativos. Embora em menor grau de importância, os sistemas baseados em uma comunicação aberta e forte e a interação cooperativa entre os setores também contribuíram para que houvesse troca de informações e disseminação de novas idéias. Figura 6 Modelo de IA para empresa “A”: competências internas de maior relevância Estrutura Habilidades •Laboratório de pesquisa •Capacidade de •Planta multipropósito e desenvolver e equipamentos ociosos implementar • Cadeia de decisão próxima projetos com • Tomada de decisões rápida recursos alternativos Equipe •Pessoas-chave • Manutenção de profissionais Cultura competentes e criativos •Melhoria de • Criatividade com motivação processo e ambiental inovação em P&D • Melhoria de processo, inovação Estratégia e redução de custo • Desenvolvimento e melhoria como tarefas de com P&D e operação todos • Autonomia técnica Fonte: Ferreira (2006). RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 104
  • 13. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Figura 7 Modelo de IA para empresa “A”: competências internas de média relevância Estrutura Estratégia •Flexibilidade e •Problema/oportunidade agilidade •Aceitação de risco •Gerenciamento • Histórico de tecnologia e horizontal e pesquisa • Focalização participativo • Comprometimento •Tamanho da • Intercâmbio externo empresa • Compra por menor preço • Programa SHE Habilidades Sistemas •Capacitação •Comunicação aberta e acumulada dos RH forte • Competência central •Interação cooperativa • Aprendizagem de habilidades múltiplas Cultura Equipe • Melhoria de processo e •Seleção criteriosa inovação na operação • Alocação criteriosa • Melhoria de processo como • Motivação ecoeficiência • Treinamento&Desenv Fonte: Ferreira (2006). (Q3) Quais os obstáculos enfrentados pela empresa “A”? As barreiras enfrentadas foram principalmente de caráter tecnológico (rigidez estrutural e dependência da trajetória em soluções fim-de-tubo) e de escassez de recursos financeiros, estando relacionadas com o ambiente de atuação da empresa e com aspectos internos. Entretanto, essas barreiras foram percebidas como tendo apenas uma influência média (veja figura 8), haja vista que o processo de inovação ambiental da empresa “A” foi implementado e gerou resultados positivos. O histórico da empresa e de suas antecessoras, marcado pela opção tecnológica presa a soluções fim-de-tubo e dependentes da trajetória da própria regulação ambiental e do Pólo de Camaçari, foi um aspecto significante que marcou uma quebra de paradigma na forma de produção da empresa. Os poucos recursos financeiros disponíveis, ao mesmo tempo em que reduziram o vigor das inovações, estimularam o capital humano a superar essa dificuldade através da criatividade no uso de recursos alternativos. A prática de redução de pessoal, em alguns momentos, reduziu a disponibilidade de capital humano capacitado, mas não foi um fator que inibisse a realização de inovação ambiental, posto que algumas pessoas-chave continuaram na empresa ao longo do tempo. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 105
  • 14. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Figura 8 Modelo de IA para empresa “A”: obstáculos de média relevância Tecnológico Histórico marcado por opção tecnológica presa (lock-in) a soluções fim-de-tubo e dependentes da trajetória (path dependent) da regulação ambiental e do Pólo de Camaçari Financeiro Poucos recursos financeiros disponíveis Fonte: Ferreira (2006). (Q4) Quais os resultados e efeitos produzidos pelas IA na empresa “A”? A sobrevivência da empresa no mercado de genéricos, o domínio do mercado mundial por um determinado princípio ativo (produto X) e a compra da corporação “A” por uma megaempresa química com manutenção do laboratório de P&D foram os resultados apontados em relação ao mercado. A melhoria da imagem da empresa, principalmente, diante do órgão ambiental foi o resultado referente à política. Quanto aos resultados internos, todos aqueles sobre o processo de produção foram expressivos: geração de inovações de diferentes tipos e níveis, aumento da capacidade das unidades, maior produtividade das matérias-primas, menor relação isomérica e menor geração de resíduos/efluentes. A redução de custo de produção, a geração de receita com produtos desenvolvidos a partir da inovação ambiental e com melhoria de produtividade de matérias primas, além da redução de despesas com armazenamento, tratamento e disposição de resíduos perigosos foram resultados financeiros bastante expressivos. Novos projetos desenvolvidos com visão de ecoeficiência foi um resultado expressivo percebido na cultura da empresa, embora com uma dispersão de respostas um pouco maior. A eliminação e/ou redução do passivo ambiental e de geração de resíduos foi um resultado de aspecto ambiental também significativo. Como conseqüência, apesar do preço declinante dos produtos genéricos praticado no mercado, a empresa “A” obteve lucros satisfatórios e se manteve no mercado, na medida em que conseguiu aumentar sua eficiência no uso de matérias primas, sua produção e sua penetração no mercado. As figuras 9 e 10 apresentam os resultados percebidos como de alta e média importância no processo inovativo da empresa. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 106
  • 15. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Figura 9 Modelo de IA para empresa “A”: resultados e efeitos mais importantes Processos Financeiro •Geração de •↓ Custos de inovações produção •Aumento de •Receita com capacidade produtos e melhoria •Maior produtividade de produtividade de matéria-prima/ •↓ Despesas fim-de- isômeros tubo com ResPerig • ↓Geração ResPerig Mercado Ambiental •Sobrevivência •Eliminação/redução •Domínio do produtoX de passivo •Compra por ambiental e geração megaempresa, mantendo P&D de ResPerig Cultural Política • Novos projetos com visão •Melhoria de imagem PML Fonte: Ferreira (2006). Figura 10 Modelo de IA para empresa “A”: resultados e efeitos de média importância Equipe Aumento da capacitação e habilidades Cultural Valorização dos recursos humanos Mercado Domínio de mercado pelo produto Y Fonte: Ferreira (2006). RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 107
  • 16. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok Conclusões Conclui-se que a empresa estudada realizou inovações ambientais, através de tecnologias mais limpas que resultaram em benefícios para o ambiente traduzidos em um melhor desempenho empresarial e ecoeficiência que tornou-a mais competitiva. A empresa “A” − ao ser pressionada por demandas de caráter ambiental e de mercado e por condições de oferta tecnológica − teve a competência de desenvolver processos e produtos novos ou significativamente melhorados através das áreas de P&D e de operação. Nesse processo, a empresa contou com a criatividade e conhecimento acumulado do seu capital humano, com pessoas-chave para realizar as trocas de informações, com o apoio da liderança em assumir riscos, com sua estrutura organizacional que incentivava a participação dos agentes nas tomadas de decisões. A empresa contou também com a capacitação central em pesquisa, desenvolvimento e produção de forma alternativa, rápida e ágil, além de uma cultura organizacional de melhoria de processos e inovação. Entretanto, alguns obstáculos foram percebidos nesse processo, ligados especialmente à trajetória fim-de-tubo que a empresa historicamente tinha adotado e aos poucos recursos financeiros disponíveis para desenvolver inovações tecnológicas. Os resultados mais expressivos obtidos com esse processo inovativo estão relacionados principalmente aos processos de produção e aos benefícios financeiros e ambientais obtidos conjuntamente, à melhoria da imagem da empresa − principalmente, diante do órgão ambiental − e a sua sobrevivência em um mercado extremamente competitivo. Voltada para a mudança tecnológica, a empresa “A” deu sua parcela de contribuição para reduzir a pressão sobre os recursos ambientais através do aumento da sua eficiência ambiental de produção e do alcance e busca contínua da meta resíduo zero. Essa firma deu provas empíricas de que o setor empresarial pode rever suas práticas de produção, apesar de uma trajetória histórica apoiada na abordagem fim-de-tubo. A aplicação do modelo sobre o processo de inovação ambiental na empresa “A” permitiu compreender o papel decisivo que múltiplos aspectos tiveram sobre o processo inovativo em uma empresa do setor de produtos químicos genéricos. Ao mesmo tempo, possibilitou visualizar aspectos positivos e entraves, contribuindo para aperfeiçoar o processo de inovação ambiental da empresa estudada. Pesquisas sobre mecanismos que incentivem uma maior presença da inovação ambiental nos processos produtivos são fundamentais com vistas ao desenvolvimento de tecnologias limpas nas empresas, lócus privilegiado da inovação. Referências ANDRADE, José Célio S. Desenvolvimento sustentado e competitividade: tipos de estratégias ambientais empresariais. TecBahia – Revista Baiana de Tecnologia, Camaçari, v.12, n.2, p.71-88, maio/ago. 1997. ASHFORD, Nicholas. A. An innovation-based strategy for a sustainable environment. In: HEMMELSKAMP, J.; RENNINGS, K; LEONE, F. (Ed.). Innovation-oriented environmental regulation.1sted. Heidelberg: Centre for European Economic Research (ZEW), 2000. p.67-107. v.1. CARDOSO, Lígia Maria França. Indicadores de produção limpa: uma proposta para análise de relatórios ambientais de empresas. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 108
  • 17. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok DE SIMONE, Lívio D., POPOFF, Frank. Eco-efficiency: the business link to sustainable development. 1sted. United States: Massachusetts Institute of Technology, 1997. DOSI, Giovanni; TEECE, David.; WINTER, Sidney. Towards a theory of corporate change: preliminary remarks. In: DOSI, G; GIANNETTI, R; TONINELLI, P. (Ed.). Technology enterprise in a historical perspective. Oxford: Claredon Press Oxford, 1992. DUPONT. 2000 DuPont Sustainable Growth Excellence Award: personal excellence in creating societal and shareholder value […] while reducing safety and environmental footprint. 2000. Disponível em: <http://www.dupont.com/corp/news/publications>. Acesso em: 6 ago. 2003. FERREIRA, Maria Valéria G. de Q. Processo de inovação ambiental: um estudo de caso na empresa Griffin Camaçari. Tese (Doutorado em Administração) – Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006. FURTADO, João S. ISO 14001 e produção limpa: importantes porém distintas em seus propósitos e métodos. Disponível em: <www.vanzolini.org.br>. Acesso em: 23 set. 2004. KEMP, René; MUNCH ANDERSEN, Maj; BUTTER, Maurits. Background report about strategies for eco-innovation. Report for VROM, zaaknummer 5060.04.0041. Final version 22 May 2004. Disponível em: <http://www2.vrom.nl/docs/internationaal/backgroundRegionalResearch02.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2005. KEMP, René; SMITH Keith.; BECHER, Gerhard. How to study the relationship between regulation and innovation? the impact of EU regulation on innovation of European industry. The European Commission JRC-IPTS and Enterprise DG. EUR 19827 EN, May 2000. Disponível em: <http://www.energyrisks.jrc.nl/archive/eur19827en.pdf>. Acesso em: 12 maio 2005. MARINHO, Maerbal. Novas relações sistema produtivo/meio ambiente: do controle à prevenção da poluição. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001. MARINHO, Márcia Mara de O. The role of voluntary initiatives in industrial environmental management: experience from the pulp and paper sector in Brazil. Tese (Doutorado) – School of Environmental Sciences of the University of East Anglia, UK, 2001. OECD – Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Manual de Oslo: proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica. OECD, 1997. PETERS, Tom; WATERMAN, Robert. In search of excellence. New York: Harper & Row, 1982. PORTER, Michael E.; VAN DER LINDE, Claas. Verde e competitivo: acabando com o impasse. In: PORTER, Michael E. Competição = on competition: estratégias competitivas essenciais. São Paulo: Campus, 1999. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 109
  • 18. Inovação Ambiental Queiroz Ferreira/ Kiperstok RENNINGS, Klaus; ZWICK, Thomas. The employment impact of cleaner production on the firm level empirical evidence from a survey in five European countries. Mannheim, Mar. 2001. Disponível em: <http://ideas.repec.org/p/fth/ceeuer/01-08.html>. Acesso em: 20 mar. 2005. RUBIK, Frieder. Environmental sound product innovation and Integrated Product nd Policy (IPP). In: 2 BLUEPRINT Workshop. Business strategies for integrating environmental and innovation management. Institut für ökolgische Wirtschaftsforschung (IÖW). Heidelberg, Germany, 29th May 2002. SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Edição original: 1911). SPANOS, Y. E.; PRASTACOS, G. P. The effects of environment, structure, and dynamic capabilities on product innovation strategy. International Journal of Entrepreneurship and Innovation Management, v.4, n.6, p.620-638, 2004. TEECE, David; PISANO, Gary; SHUEN, Amy. Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, v.18, n.7, p.509-533, 1997. TIGRE, Paulo Bastos. Inovação e teorias da firma em três paradigmas. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, n.3, jan./jun. 1998. TÜRPITZ, Katharina-Maria. The determinants and effects of environmental product innovations – an analysis on basis of case studies. Discussion Paper n.4-2. Centre for European Economic Research (ZEW), Mannheim, 2004a. Interdisciplinary Institute for Environmental Economics, University of Heidelberg. Disponível em: <ftp://ftp.zew.de/pub/zew-docs/dp/dp0402.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2005. ______. Determinants of environmental product innovations and the role of integrated product policy: an empirical analysis. Interdisciplinary Institute for Environmental Economics, University of Heidelberg, 2004b. Disponível em: <http://eaere2004.bkae.hu/download/paper/turpitzpaper.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2005. WBCSD – World Business Council for Sustainable Development– e UNEP – United Nations Environment program. Eco-efficiency and cleaner production: complementary approaches to sustainable development. 1996. Disponível em: <http://www.wbcsd.org/DocRoot/YqsgdrieMIBtgLcech2h/cleanereco.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2004. WERNERFELT, Birger. A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal, v.5, p.171-180, 1984. YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Daniel Grassi. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 1 O tamanho das fontes utilizadas nos diversos aspectos analisados nas figuras 5 a 10 é proporcional ao peso da valoração atribuída a cada categoria empírica. RGSA – www.rgsa.com.br V.1, Nº. 2 – mai. /ago. 2007 110