SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  5
Télécharger pour lire hors ligne
A Qualidade do Sistema de Ensino e a Autonomia da Escola1
                                               Rose Neubauer da Silva2

Grande atenção vem sendo atribuída à Educação no mundo todo pelos mais diversos setores da sociedade. Tanto os
países desenvolvidos como os que se encontram nas diferentes etapas de desenvolvimento colocam a Educação no foco
central de suas políticas públicas.
Este fenômeno ocorre basicamente em razão de dois fatores. O primeiro refere-se a uma mudança profunda nas
demandas que a sociedade vem fazendo aos sistemas de ensino, devido ao avanço tecnológico dos anos 80, ao impacto
da informatização, à mundializaçâo da economia e aos novos modelos de organização do trabalho. O segundo diz
respeito ao esgotamento do modelo econômico sustentado por mão-de-obra barata e abundância de matéria-prima, que
aponta a necessidade de redirecionar as prioridades de investimento - antes se privilegiavam os componentes da infra-
estrutura - para fatores do desenvolvimento humano: inteligência, conhecimento, criatividade, capacidade de solução de
problemas, adaptação às mudanças do processo produtivo e, sobretudo, capacidade de produzir, selecionar e interpretar
informação passam a ser altamente valorizados.
A Educação, conseqüentemente, passa a ocupar papel central na pauta das políticas governamentais, sendo entendida
termo uma necessidade estratégica dos países na promoção do desempenho social e econômico de sua população,
condição indispensável para obter sucesso na nova ordem internacional, marcada por grande competitividade entre os
países.
Estas novas demandas da Educação reforçam a defesa que se faz da Escola, desde o final dos anos 70, como instituição
destinada prioritariamente à transmissão/apropriação do conhecimento sistematizado, que adquire agora um perfil bem
mais nítido e pode ser traduzido como domínio de contextos, desenvolvimento de habilidades cognitivas e de
capacidades sociais. Conseqüentemente, a característica marcante das políticas educativas atuais é a busca de uma nova
qualidade apontada como necessária e desejável.
É importante ressaltar que essas políticas não só estabelecem a melhoria qualitativa do ensino como seu objetivo
central, mas, mais que isso, transformam a busca de qualidade no fator ordenador de sua formulação e condução.
Esse tipo de preocupação redundará num questionamento do perfil dos diferentes sistemas de ensino que começam
mundialmente a ser revistos e a ter seus padrões de gestão profundamente questionados. Presenciam-se,
conseqüentemente, mudanças bastante interessantes no quadro da Educação internacional.
De um lado, assistimos a países de Educação tradicionalmente centralizada, como o Chile, propondo programas
ousados e até mesmo questionáveis de desconcentração de poder e de delegação de responsabilidade; de outro, países
com sistemas educacionais descentralizados, como os EUA e a Inglaterra, buscando acionar mecanismos de controle
para garantir maior eqüidade e integração das ações educativas.
Em todas essas ações nota-se, porém, uma preocupação clara das políticas educacionais em:
           fortalecer as unidades escolares de maneira a minimizar a intervenção das burocracias centralizadas no
           cotidiano das escolas;
           responsabilizar as diferentes instâncias do sistema pelos resultados obtidos, através do desenvolvimento de
           processos de avaliação cada vez mais criteriosos e cuidadosos.
Ou seja, presencia-se um processo de dar ou reforçar à instituição escolar autonomia com responsabilidade.
Para entender as dificuldades e os problemas que deverão ser enfrentados pelas políticas educativas que enfatizam a
autonomia da gestão da Escola e de suas equipes, é importante entender e justificar por que estas políticas para os anos
90 estão ou deverão estar centralizadas na busca de melhor qualidade e na superação das dificuldades para alcançar esta
meta. Isto, porém, requer uma análise das décadas de 70 e 80, nas quais o fator ordenador das decisões educacionais foi
a expansão quantitativa da oferta de ensino.
Anos 70 e 80 - Expansão Desqualificada
Nesse período, os sistemas educativos esforçaram-se, basicamente, por garantir o princípio de eqüidade ou igualdade de
oportunidades de acesso à Educação formal. Isto se justificava não só pelas baixas taxas de escolaridade existentes,
provocadas pela falta de vagas, como também pelo pressuposto de que o ingresso na Escola poderia garantir a inserção
dos educandos nos processos sociais que caracterizam o crescimento econômico.


1
  Palestra baseada no artigo "A Gestão e a Autonomia da Escola nas Novas Políticas Educativas para a América Latina"
em co-autoria com Guiomar Nervo de MELLO, publicado em Estudos Avançados, n. 5, USP. 1991.
2
  Pesquisadora da Fundação CarIos Chagas e Professora da Faculdade Educação da Universidade de São Paulo-
FEUSP.

                                                                                                                         1
Entretanto, o modelo de crescimento econômico brasileiro prescindiu de um efetivo aperfeiçoamento do nível de
escolarização da população. Ainda que tenha conseguido até o final dos anos 70 aumentar significativamente seu
Produto Interno Bruto - PIB e ampliar o acesso à Escola de 1,1 e 211 Graus, o Brasil não alcançou, até hoje, um
aumento correspondente na proporção dos que chegam a completar a escolarização obrigatória. Durante os anos 80, tal
proporção elevou-se de 25% para 35% - muito longe do México, por exemplo, que chegou aos 60% (RIBEIRO, 1990).
Tais dados, associados a elevadas taxas de reprovação, custo/aluno irrisório, presença de professores leigos, condições
precárias das instalações escolares, baixos salários recebidos pelos docentes, permitem deduzir que o enfoque da
eqüidade provocou uma expansão das instalações físicas e do número de docentes, sem garantir as condições mínimas
indispensáveis a um ensino eficaz.
A conclusão mais importante que estes dados revelam é que aumentar o número de escolas e vagas sem resolver os
problemas de qualidade representa um desperdício inaceitável de recursos humanos e materiais. Vale a pena destacar
aqui os principais fatores que determinaram a manutenção dessa política quantitativa em detrimento da qualidade do
ensino.
O primeiro deles foi o próprio modelo de desenvolvimento, que se baseou na mão-de-obra desqualificada e barata, no
ingresso massivo de capitais externos, na abundância de matérias-primas. Esse modelo acabou por determinar, de um
lado, a formação mínima e pouco qualificada aos segmentos majoritários da população, para que pudessem inserir-se
num processo pouco exigente da produtividade e da competitividade e, de outro lado a formação de uma elite reduzida
de tecnocratas, para dar sustentação ao processo de importação de tecnologia.
Outro fator responsável pela política quantitativa foi a transferência, pelo governo federal, dos custos da expansão dos
sistemas educativos para os governos estaduais e municipais, ao mesmo tempo em que desencadeava um processo de
concentração tributária no âmbito federal.
Finalmente, interferiu a favor do crescimento desqualificado a associação forte, complexa e contraditória de interesses
corporativos no interior do aparato do Estado. Essa associação envolveu:
           as empresas prestadoras de serviços de alimentação e de construções escolares;
           a classe política e sua clientela, que sempre pressionam no sentido de obter a sua Escola, seja ela necessária
           ou não;
           a classe média, que teve acesso à formação superior privada e buscou, em sua maioria os cursos de formação
           de professores, pressionando, posteriormente, por postos de emprego no sistema de ensino público;
           os setores do ensino privado, que tiveram nos futuros profissionais da Escola Pública clientes cativos e
           pouco críticos3
Dois conjuntos de problemas, resultantes da expansão quantitativa dos anos 70 e 80, merecem ser aqui analisados
devido às marcas profundas que deixaram em nossos sistemas educativos atuais e à necessidade de superá-los. O
primeiro diz respeito à política de formação de recursos humanos e à concepção do processo pedagógico ao nível da
Unidade Escolar. O segundo refere-se à organização institucional do Sistema e da Escola.
Recursos Humanos e Equipes Escolares
A política de formação dos recursos humanos para a Educação, que afeta diretamente as equipes escolares, seguiu
também um modelo de expansão sem planejamento, em que a quantidade foi a meta prioritária.
Nesse modelo houve um protagonista de extrema importância na formação em massa de professores: a Escola particular
de nível médio e, especialmente, a de nível superior. Sem qualquer controle de desempenho, o Estado delegou ao ensino
privado a responsabilidade pela formação de professores, ao mesmo tempo em que investia no crescimento quantitativo
do Sistema Público de ensino fundamental, de modo que todo e qualquer professor fosse, em princípio, absorvido por
esse mercado de trabalho.
Além disso, uma concepção fragmentada e distorcida da função da Escola e do processo pedagógico ao nível da gestão
da Escola ou do Sistema gerou uma grande e diversificada demanda por profissionais, fossem eles especialistas em
áreas curriculares, orientadores pedagógicos, psicólogos escolares, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais
etc.
Esta parece ter sido uma das razões pelas quais, durante as décadas de 70 e 80, embora a expansão do ensino
fundamental continuasse como meta importante, a oferta de ensino superior privado, no mesmo período, tenha crescido,
proporcionalmente, muito mais. Uma boa parte desses egressos das escolas superiores particulares teve na Escola de 1º
Grau ou no sistema educativo, se não a única, a mais segura e estável oportunidade de emprego.


3
 Para análise mais circunstanciada das características da política educacional das duas últimas décadas e conseqüências
atuais, ver: Guiomar Namo de MELLO 8 Rose NEUBAUER, Política educacional para os anos 90 - Textos para
discussão. São Paulo: IESP/FUNDAP, 1992.

                                                                                                                            2
A Escola foi, dessa forma, transformando-se em um espaço de disputa por emprego para um variado conjunto de
profissionais que levaram para as unidades escolares ou órgãos centrais suas contribuições específicas e suas
concepções particulares do processo educativo.
A diversidade de especialização, a fragmentação do currículo e as licenciaturas curtas atenderam aos interesses das
escolas privadas superiores, que recorreram a incontáveis estratégias para oferecer habilitações a custos reduzidos, sem
necessidade de prestar contas a ninguém sobre a qualidade da formação oferecida aos futuros professores e
especialistas.
Por fim, é necessário acrescentar que as negociações diretas entre as entidades de classe dos professores e a
Administração Central do Sistema de Ensino levaram ao estabelecimento de jornadas semanais de trabalho
correspondentes a cargos nas unidades escolares e garantiram a seus componentes estabilidade e efetivação, sem
considerar as reais necessidades da organização do trabalho da Escola. Há equipes escolares superdimensionadas e
subdimensionadas; neste último caso, freqüente nas escolas da periferia urbana, há falta ou grande rotatividade de
professores.
Todas essas considerações levam-nos a concluir que, embora a política de recursos humanos que sustentou o
crescimento quantitativo do ensino público tenha ocorrido de acordo com um modelo caótico do ponto de vista da
gestão da Escola, ela possuía sua própria lógica da perspectiva política, contemplando os diversos interesses em jogo.
Organização Institucional do Sistema e da Escola
A expansão dos aparatos públicos na área da Educação deu-se por multiplicação e fortalecimento das estruturas centrais
e intermediárias do Sistema de Ensino, enquanto as escolas se enfraqueciam, demonstrando crescente falta de
autonomia.
A fragmentação do processo pedagógico que separou o planejamento da execução; a introdução de técnicas de
supervisão para controlar aspectos formais, retirando da Escola a responsabilidade de prestar contas sobre o que é
substantivo; a ausência de avaliação de resultados - tudo isso imprimiu à gestão escolar um caráter ritualístico e
burocrático.
Além disso, a política centralizada de alocação de recursos humanos e a efetividade no emprego em cargo na Escola
impediram que esta pudesse selecionar sua equipe e exercer a autonomia de manter os profissionais, dispensá-los ou,
pelo menos, colocá-los em disponibilidade para a Administração Central, de acordo com as necessidades de sua própria
proposta pedagógica.
As decisões sobre áreas de currículo, duração de jornada, desdobramento de turnos, regime de trabalho docente,
requisitos exigidos para o exercício profissional foram tomadas de forma centralizada, sob pressão dos interesses das
entidades sindicais ou das instituições que formavam os profissionais da Educação. O espaço que restou para decisão ao
nível da Escola tornou-se cada vez menor.
Acrescente-se que a deterioração dos cursos de formação docente contribuiu para restringir ainda mais este exercício de
autonomia, gerando ausência de capacitação de gestão, falta de domínio dos conteúdos escolares e dos processos de
aprendizagem e sua influência sobre as condições de organização do ensino.
Em artigo sobre as possibilidades e limites da autonomia da Escola, MELLO4 afirma que no final dos anos 80 começam
a surgir estudos ou ensaios sobre a descentralização, que, levando em conta o fracasso dessa política para promover a
qualidade do ensino com eqüidade, levantam hipóteses sobre a importância de considerar a dimensão local e, em
especial, as unidades escolares como locas privilegiado de atuação. A falta de iniciativa e autonomia no âmbito em que
a relação pedagógica efetivamente acontece, a dificuldade em fazer chegar realmente às escolas os recursos consumidos
pelas máquinas burocráticas e a duvidosa eficácia dos "pacotes prontos", dos ordenamentos externos, da visão
homogênea de realidades locais e escolares muito díspares surgem como possíveis explicações para estratégias
descentralizadas que produziram efeitos contrários aos previstos - reconcentração de poder, localismo e regionalismo
estreitos, aumento da desigualdade, no interior do Sistema de Ensino.
A autora destaca que começa a surgir na bibliografia latino-americana e de outros países um conceito novo, ainda a ser
trabalhado. Trata-se do padrão de gestão da Escola, abarcando suas formas de organização administrativa e pedagógica,
o modo de atuação e as relações entre os agentes, com destaque para a figura do diretor, as formas de interação com o
meio social e o grau em que alunos e comunidade efetivamente se apropriam da Escola como recurso para seu
desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida.
Finalmente, afirma ela, os autores tentam indicar alguns fatores que determinam a existência de uma "boa escola",
dentre os quais destaca:
           escolas como o centro das decisões;


4
 Guiomar Namo de MELLO. Autonomia de escola: possibilidades, limitas e condições. Seminário sobre Qualidade,
Eficiência e Equidade na Educação Básica Brasília IEPA, 1991.

                                                                                                                      3
recursos e poder alocados no nível da Escola;
           responsabilidade e prestação de contas para a direção;
           salários competitivos que possam atrair melhores professores;
           mecanismos de controle e avaliação;
           pais e mantenedores que se preocupam e controlam a qualidade do serviço educacional.
A seguir, MELLO conclui que:
                             "esse conceito de padrão de gestão tem implicações muito mais amplas e profundas do que
                             parece à primeira vista, e pelo menos três delas devem, desde logo, ser destacadas. Em
                             primeiro lugar, reverte a dinâmica do funcionamento do sistema - o que implica redefinir
                             os papéis do Estado e de suas instâncias de poder central. Como conseqüência, implica,
                             em segundo lugar, numa reorientação dos padrões de financiamento e alocação de
                             recursos, o que, por sua vez, exige, como pré-requisito, um conhecimento adequado da
                             estrutura de custos para orientar ações de incremento de recursos e equalização de gastos,
                             estas últimas visando compensar desigualdades sociais ou regionais. Em terceiro lugar,
                             acarreta efeitos na forma como vêm sendo estruturadas e regulamentadas as carreiras dos
                             profissionais da educação".
Anos 90 - Os Desafios da Qualidade e da Autonomia da Escola
O sucesso desses novos enfoques para as políticas educativas, na década que estamos iniciando em 1991, parece
depender do equilíbrio que se consiga alcançar entre os dois eixos da reorganização institucional dos sistemas
educativos: a descentralização e a integração.
No eixo da descentralização, situam-se as ações e os programas destinados a racionalizar a máquina burocrática dos
sistemas educativos, com o objetivo de fazer chegar de fato à Escola os recursos materiais e o apoio técnico necessário
a uma eficiente organização do ensino. O grau e o conteúdo de autonomia das unidades escolares devem permitir sua
interação mais efetiva com o meio social, de modo que a proposta pedagógica da Escola e seu plano de
desenvolvimento institucional reflitam a diversidade cultural, as demandas e aspirações da população usuária. Neste
sentido, as políticas educativas deveriam prever estratégias de formação, recrutamento e seleção de recursos humanos
as mais flexíveis e menos regulamentadas possíveis em seus aspectos formais, associadas a uma permanente avaliação
de resultados, seja nos níveis de formação, seja nos de desempenho de docentes e de pessoal técnico.
Os planos de carreira do pessoal da área de Educação estabeleceriam diretrizes gerais mínimas quanto a regimes de
trabalho e remuneração, delegando às escolas a gestão suplementar do tempo de trabalho docente e até de
suplementação de pagamentos, vinculada à avaliação de resultados no nível do sistema e da própria Escola. Em um
cenário favorável, esta instituição deveria proceder até mesmo à admissão ou dispensa de pessoal, observados os
direitos trabalhistas dos profissionais. Neste sentido, seria muito desejável que a garantia de estabilidade no emprego
não correspondesse a um posto fixo de trabalho na Escola e, sim, no Sistema.
Um esforço sistemático para aperfeiçoar a qualidade técnica das equipes traduzir-se-ia em programas flexíveis, com
desenhos institucionais diversificados de capacitação em serviço, produção local ou regional de materiais combinados
com materiais produzidos para todo o Estado, que deveriam estar à disposição das equipes escolares. Estas escolheriam
os programas e formatos institucionais mais adequados às suas necessidades.
Neste sentido, as ações ou programas gerais de capacitação de âmbito nacional ou estadual seriam reservados para
temas ou áreas curriculares comuns e, mesmo nestes casos, tais programas teriam sua execução descentralizada por
regiões ou por municípios.
Associados a uma ágil difusão do conhecimento, seriam estruturados sistemas descentralizados de assistência
pedagógica por áreas de currículo, deslocando para as escolas especialistas qualificados que, em muitos casos,
permanecem nas instâncias centrais da administração ou nos limites da vida acadêmica universitária.
O traço comum a todas essas estratégias consistiria em não serem obrigatórias, tendo a Unidade Escolar autonomia para
escolher as que melhor se adequassem à sua proposta de trabalho e para administrar a equipe, determinando: a
organização do ano escolar e da jornada de trabalho, o ordenamento dos conteúdos, a seleção dos materiais didáticos, as
formas de integração do currículo, enfim, todos os elementos que constituem sua gestão pedagógica. Contudo, a Escola
também seria responsável pelos resultados alcançados por seus alunos, aferidos por um sistema de avaliação externa.
A autonomia da Escola não dispensa a atuação do Estado nem das instâncias centrais da administração, mas requer uma
profunda revisão e o fortalecimento de suas novas funções e papéis. Mais do que um executor, tais instâncias terão um
papel privilegiadamente integrador.
No eixo da integração, as políticas educativas deveriam considerar, dentre outros aspectos, os relativos a:



                                                                                                                     4
avaliação do resultado e responsabilidades das escolas, criando mecanismos de prestação de contas e de
           informação à população, instrumentalizando-a para a fiscalização e o controle da qualidade de ensino;
           descentralização de recursos para as escolas exercerem o máximo de autonomia financeira na sua própria
           manutenção, aquisição de materiais e aplicação em ações inovadoras;
           definição de diretrizes e requisitos mínimos que garantam unidade, seja quanto ao núcleo curricular comum,
           seja quanto à formação e capacitação docente, seja quanto aos níveis mínimos de domínio de conhecimento,
           a serem apresentados por todas as crianças ao saírem do Sistema escolar;
           compensação das desigualdades regionais ou locais, por uma adequada redistribuição de recursos e apoio
           técnico, que estabeleçam uma discriminação positiva de áreas, localidades ou escolas que necessitam de
           apoio e de programas de fortalecimento;
           estabelecimento de critérios básicos para o uso mais racional dos recursos humanos, com o objetivo de
           evitar a ociosidade e incentivar a produtividade vinculada a estímulos salariais, buscando um equilíbrio entre
           a autonomia da Escola e a utilização, sem desperdício, dos recursos humanos e materiais;
           fortalecimento de requisitos qualitativos para materiais didáticos, associando flexibilidade na Escola com a
           qualidade necessária;
           diminuição e racionalização do aparato técnico-administrativo centralizado, ao mesmo tempo em que se
           desenvolve um sistema de informações para subsidiar a gestão estratégica do Sistema educativo e informar à
           sociedade ou aos usuários diretamente interessados sobre o desempenho das escolas e os recursos aplicados;
           delineamento de estratégias para desenvolver a capacidade de gestão do nível da Escola e do Sistema que
           tenham por finalidade não apenas a maior densidade técnico-administrativa, mas, também, a difícil, porém
           necessária, preparação para conviver com os conflitos, atuar na construção do consenso, incorporar a
           diversidade e compartilhar a responsabilidade de prestar contas sobre os resultados alcançados.
O Difícil Equilíbrio Entre a Descentralização e a Integração
O equilíbrio entre descentralização e integração apresenta dificuldades de diversas naturezas. A primeira, e talvez a
mais importante, consiste em não repetir o erro de supervalorizar os meios - a descentralização e a autonomia -,
considerando-os como fins em si mesmos sem entendê-los como recursos para promover a qualidade, portanto
subordinados a este objetivo.
A gestão política do processo é outro tema delicado, uma vez que em cada caso há que se buscarem instâncias de
consenso que permitam a participação da Escola e da comunidade, sem perder de vista os interesses da maioria.
Todo processo de desconcentração do poder de decisão corre o risco de gerar instâncias de reconcentração desse mesmo
poder, mesmo no nível da Escola. A atuação dos grupos corporativos ou minoritários e a manipulação político-
partidária não devem ser subestimadas. Os interesses minoritários sempre encontram formas de se recompor, quando o
locus de decisão se desloca do nível central para as instâncias intermediárias ou para as unidades que prestam
diretamente o serviço educativo.
A gestão da Escola pode, por este motivo, tornar-se vulnerável aos ajustes e aos interesses pessoais dos que aí atuam,
debilitando sua proposta pedagógica e seu desenvolvimento institucional. A participação da comunidade, nesse sentido,
teria um poder compensatório, desde que não sujeita a mecanismos de manipulação e cooptação. Assim, por exemplo, a
organização do tempo de trabalho deverá responder às necessidades do plano mais geral, e não visar a acertos
individuais. Da mesma forma, a distribuição dos alunos pelas salas de aula e o número de turnos por séries podem levar
em conta o melhor aproveitamento da equipe disponível, e não apenas a necessidade de emprego dos docentes. As
decisões sobre duração do período escolar e uso do espaço físico, dar-se-ão tendo em vista atender ao maior número
possível de alunos, observados os requisitos de qualidade, sem criar, na Escola, mecanismos de preservação de
privilégios ou de seleção dos alunos de melhor condição social.
Cabe ao nível estratégico central de formulação e condução das políticas educativas estabelecer critérios e criar
mecanismos de controle que dificultem a reconcentração do poder de decisão, promovendo uma permanente atualização
de informações que indiquem se tal reconcentração está ocorrendo, além de implantar a já mencionada avaliação de
resultados. Só assim a autonomia da Escola será uma estratégia de aperfeiçoamento da qualidade. Neste sentido, espera-
se uma tensão aceitável, mas permanente, entre os objetivos da descentralização e a atuação dos organismos
centralizados do Sistema educativo, que devem atuar no sentido da integração.
É preciso reconhecer que ainda não existe clareza sobre como resolver, na prática, uma série de questões que foram aqui
colocadas. Porém, o que temos claro é que é preciso mudar radicalmente a política educacional dos anos 90, a fim de
que se possam obter eficácia e governabilidade da máquina administrativa, racionalização no uso dos recursos e
fomento de uma cultura que valorize a avaliação, bem como a transparência de seus resultados aos usuários da Escola.
Este é um enorme desafio que vale a pena enfrentar na busca da melhoria da qualidade da Educação brasileira.


                                                                                                                          5

Contenu connexe

Tendances

Universidade e a formação profisisonal dos docentes novos questionamentos
Universidade e a formação profisisonal dos docentes   novos questionamentosUniversidade e a formação profisisonal dos docentes   novos questionamentos
Universidade e a formação profisisonal dos docentes novos questionamentosDarlan Campos
 
Gestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearense
Gestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearenseGestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearense
Gestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearenseIasmin Marinho
 
Educação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionais
Educação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionaisEducação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionais
Educação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionaisLuis Nassif
 
17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web
17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web
17 07-13 --reinventado_ensino_medio_webEscolaeas
 
Desafios da educação brasileira
Desafios da educação brasileiraDesafios da educação brasileira
Desafios da educação brasileiraPaulo Hartung
 
Desafios a edu sup
Desafios a edu supDesafios a edu sup
Desafios a edu supisraelfaifa
 
Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...
Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...
Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...Renata Barbosa
 
A educação e a escola no olho do fura...
A educação e a escola no olho do fura...A educação e a escola no olho do fura...
A educação e a escola no olho do fura...Sandra Guarnier
 
Disparador comissão educação elaopa 2013
Disparador comissão educação elaopa 2013Disparador comissão educação elaopa 2013
Disparador comissão educação elaopa 2013Eduarda Bonora Kern
 
A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...
A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...
A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...VIRGÍLIO ALBERTO S. PINTO
 
Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...
Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...
Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...ufrj
 
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...ProfessorPrincipiante
 
CONAPE 2018 - trabalhos aprovados
CONAPE 2018 - trabalhos aprovadosCONAPE 2018 - trabalhos aprovados
CONAPE 2018 - trabalhos aprovadosSINTE Regional
 

Tendances (20)

Didaticgeoaula4
Didaticgeoaula4Didaticgeoaula4
Didaticgeoaula4
 
Universidade e a formação profisisonal dos docentes novos questionamentos
Universidade e a formação profisisonal dos docentes   novos questionamentosUniversidade e a formação profisisonal dos docentes   novos questionamentos
Universidade e a formação profisisonal dos docentes novos questionamentos
 
Gestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearense
Gestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearenseGestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearense
Gestão, avaliação e sucesso escolar: recortes da trajetória cearense
 
Estados del arte 1
Estados del arte 1Estados del arte 1
Estados del arte 1
 
Educação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionais
Educação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionaisEducação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionais
Educação e desenvolvimento, estudo do CGEE sobre modelos educacionais
 
17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web
17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web
17 07-13 --reinventado_ensino_medio_web
 
Artigo Coloquio
Artigo ColoquioArtigo Coloquio
Artigo Coloquio
 
Desafios da educação brasileira
Desafios da educação brasileiraDesafios da educação brasileira
Desafios da educação brasileira
 
artigo educação
artigo educaçãoartigo educação
artigo educação
 
Desafios a edu sup
Desafios a edu supDesafios a edu sup
Desafios a edu sup
 
9 anos
9 anos9 anos
9 anos
 
Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...
Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...
Formacao de professores_no_brasil_diagnostico_agenda_de_politicas_e_estrategi...
 
A educação e a escola no olho do fura...
A educação e a escola no olho do fura...A educação e a escola no olho do fura...
A educação e a escola no olho do fura...
 
Disparador comissão educação elaopa 2013
Disparador comissão educação elaopa 2013Disparador comissão educação elaopa 2013
Disparador comissão educação elaopa 2013
 
A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...
A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...
A avaliação da_escola_pública_-_entre_qualidade_do_mercado_e_a_qualidade_soci...
 
Interlocução
Interlocução Interlocução
Interlocução
 
Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...
Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...
Os três “q´s” da formação universitária de jovens no Brasil: Para o quê? Quem...
 
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A FORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA PARA PROFESSO...
 
CONAPE 2018 - trabalhos aprovados
CONAPE 2018 - trabalhos aprovadosCONAPE 2018 - trabalhos aprovados
CONAPE 2018 - trabalhos aprovados
 
20161117_relatorio_NovaFormacaoContinuada_Alta
20161117_relatorio_NovaFormacaoContinuada_Alta20161117_relatorio_NovaFormacaoContinuada_Alta
20161117_relatorio_NovaFormacaoContinuada_Alta
 

En vedette

Meninos são Sapecas !!!
Meninos são Sapecas !!!Meninos são Sapecas !!!
Meninos são Sapecas !!!Giba Canto
 
Imagens inusitadas
Imagens inusitadasImagens inusitadas
Imagens inusitadasGiba Canto
 
Bitola (gauge)
Bitola (gauge)Bitola (gauge)
Bitola (gauge)Giba Canto
 
Anúncios do Varejo no Brasil
Anúncios do Varejo no BrasilAnúncios do Varejo no Brasil
Anúncios do Varejo no BrasilGiba Canto
 
GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...
GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...
GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...Patricia Fernanda
 
Coordenação pedagógica competencias e atribuições.
Coordenação pedagógica competencias e atribuições.Coordenação pedagógica competencias e atribuições.
Coordenação pedagógica competencias e atribuições.Elenize Lima
 

En vedette (6)

Meninos são Sapecas !!!
Meninos são Sapecas !!!Meninos são Sapecas !!!
Meninos são Sapecas !!!
 
Imagens inusitadas
Imagens inusitadasImagens inusitadas
Imagens inusitadas
 
Bitola (gauge)
Bitola (gauge)Bitola (gauge)
Bitola (gauge)
 
Anúncios do Varejo no Brasil
Anúncios do Varejo no BrasilAnúncios do Varejo no Brasil
Anúncios do Varejo no Brasil
 
GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...
GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...
GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DA ESCOLA: FORMAS DE PROVIMENTO ...
 
Coordenação pedagógica competencias e atribuições.
Coordenação pedagógica competencias e atribuições.Coordenação pedagógica competencias e atribuições.
Coordenação pedagógica competencias e atribuições.
 

Similaire à Qualidade do sistema de ensino e a autonomia da escola rose neubauer

Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)Edinho Silva
 
COMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdf
COMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdfCOMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdf
COMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdfFaga1939
 
Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...
Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...
Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...Priscilla Câmara
 
Freitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistema
Freitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistemaFreitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistema
Freitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistemaMariano Marchitiello
 
Por uma educação básica de qualidade
Por uma educação básica de qualidadePor uma educação básica de qualidade
Por uma educação básica de qualidadeGlauco Duarte
 
Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...
Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...
Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...Universidad de la Empresa UDE
 
O genero nas politicas de educação no brasil
O genero nas politicas de educação no brasilO genero nas politicas de educação no brasil
O genero nas politicas de educação no brasilMaria Eduarda Duda
 
Educação, trabalho e mercado de trab no Br - Fogaça
Educação, trabalho e mercado de trab no Br - FogaçaEducação, trabalho e mercado de trab no Br - Fogaça
Educação, trabalho e mercado de trab no Br - FogaçaCilmara Cristina Dos Santos
 
politicas-educacionais.pdf
politicas-educacionais.pdfpoliticas-educacionais.pdf
politicas-educacionais.pdfNlioCorreia
 
O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...
O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...
O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...Marga Fadanelli Simionato
 
Políticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de EducaçãoPolíticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de EducaçãoPetianos
 
2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-
2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-
2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-katiaaureliano
 
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...christianceapcursos
 
Andrada & souza 2012
Andrada & souza  2012Andrada & souza  2012
Andrada & souza 2012prosped
 
Proposta necad ultima
Proposta necad ultimaProposta necad ultima
Proposta necad ultimaJair Melo
 

Similaire à Qualidade do sistema de ensino e a autonomia da escola rose neubauer (20)

Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)
Balanço Final do Governo Lula - livro 3 (cap. 2)
 
Af pesquisa baixa
Af pesquisa baixaAf pesquisa baixa
Af pesquisa baixa
 
Pcns
PcnsPcns
Pcns
 
COMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdf
COMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdfCOMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdf
COMO PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA BAHIA 2.pdf
 
Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...
Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...
Programa nacional de integração da educação profissional com a educação básic...
 
A avaliação das instituições de ensino superior
A avaliação das instituições de ensino superiorA avaliação das instituições de ensino superior
A avaliação das instituições de ensino superior
 
Freitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistema
Freitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistemaFreitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistema
Freitas, luiz carlos. sobre avaliacao de sistema
 
Por uma educação básica de qualidade
Por uma educação básica de qualidadePor uma educação básica de qualidade
Por uma educação básica de qualidade
 
Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...
Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...
Avances de investigación: Políticas Educativas, Cultura y Tecnologías de la E...
 
O genero nas politicas de educação no brasil
O genero nas politicas de educação no brasilO genero nas politicas de educação no brasil
O genero nas politicas de educação no brasil
 
Educação, trabalho e mercado de trab no Br - Fogaça
Educação, trabalho e mercado de trab no Br - FogaçaEducação, trabalho e mercado de trab no Br - Fogaça
Educação, trabalho e mercado de trab no Br - Fogaça
 
PPP da EEEP MARIA CÉLIA
PPP da EEEP MARIA CÉLIAPPP da EEEP MARIA CÉLIA
PPP da EEEP MARIA CÉLIA
 
politicas-educacionais.pdf
politicas-educacionais.pdfpoliticas-educacionais.pdf
politicas-educacionais.pdf
 
O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...
O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...
O caso do ensino médio poloitécnico e a avaliação de sua implementação nas es...
 
Políticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de EducaçãoPolíticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de Educação
 
Simony
SimonySimony
Simony
 
2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-
2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-
2011 engrp os-desafios-do-ensino-superior-
 
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
 
Andrada & souza 2012
Andrada & souza  2012Andrada & souza  2012
Andrada & souza 2012
 
Proposta necad ultima
Proposta necad ultimaProposta necad ultima
Proposta necad ultima
 

Plus de Giba Canto

Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)
Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)
Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)Giba Canto
 
SHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdf
SHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdfSHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdf
SHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdfGiba Canto
 
Caso de marketing Glastron Giba Canto.pdf
Caso de marketing Glastron Giba Canto.pdfCaso de marketing Glastron Giba Canto.pdf
Caso de marketing Glastron Giba Canto.pdfGiba Canto
 
Fukuyama 20 anos depois (Almeida)
Fukuyama 20 anos depois (Almeida)Fukuyama 20 anos depois (Almeida)
Fukuyama 20 anos depois (Almeida)Giba Canto
 
A JUVENTUDE FAZ
A JUVENTUDE FAZA JUVENTUDE FAZ
A JUVENTUDE FAZGiba Canto
 
Corruption - Walfrido Warde 2018
Corruption - Walfrido Warde 2018Corruption - Walfrido Warde 2018
Corruption - Walfrido Warde 2018Giba Canto
 
Meninos de Zinco
Meninos de ZincoMeninos de Zinco
Meninos de ZincoGiba Canto
 
10 atitudes para o sucesso
10 atitudes para o sucesso10 atitudes para o sucesso
10 atitudes para o sucessoGiba Canto
 
Quem eh a i gen
Quem eh a i genQuem eh a i gen
Quem eh a i genGiba Canto
 
Geracoes no ocidente
Geracoes no ocidenteGeracoes no ocidente
Geracoes no ocidenteGiba Canto
 
Cultivando discípulos do futuro
Cultivando discípulos do futuroCultivando discípulos do futuro
Cultivando discípulos do futuroGiba Canto
 
Jordan Peterson OUT 2021
Jordan Peterson OUT 2021Jordan Peterson OUT 2021
Jordan Peterson OUT 2021Giba Canto
 
Leituras Prof Giba Canto ABR 2021
Leituras Prof Giba Canto ABR 2021Leituras Prof Giba Canto ABR 2021
Leituras Prof Giba Canto ABR 2021Giba Canto
 
Camarotes degradam o espirito civico
Camarotes degradam o espirito civicoCamarotes degradam o espirito civico
Camarotes degradam o espirito civicoGiba Canto
 
Verdade (Rita Canto)
Verdade (Rita Canto)Verdade (Rita Canto)
Verdade (Rita Canto)Giba Canto
 
COLI by Michael J Sandel
COLI by Michael J SandelCOLI by Michael J Sandel
COLI by Michael J SandelGiba Canto
 
Aforismos Imorais (Pondé)
Aforismos Imorais (Pondé)Aforismos Imorais (Pondé)
Aforismos Imorais (Pondé)Giba Canto
 
O mundo narcisico
O mundo narcisicoO mundo narcisico
O mundo narcisicoGiba Canto
 
O silencio do mundo (Pondé)
O silencio do mundo (Pondé)O silencio do mundo (Pondé)
O silencio do mundo (Pondé)Giba Canto
 
Capital Civico (Zingales)
Capital Civico (Zingales)Capital Civico (Zingales)
Capital Civico (Zingales)Giba Canto
 

Plus de Giba Canto (20)

Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)
Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)
Casamento à prova de amantes (Cristina Chen)
 
SHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdf
SHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdfSHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdf
SHOCKLEY FATORES AO ESCREVER UM ARTIGO.pdf
 
Caso de marketing Glastron Giba Canto.pdf
Caso de marketing Glastron Giba Canto.pdfCaso de marketing Glastron Giba Canto.pdf
Caso de marketing Glastron Giba Canto.pdf
 
Fukuyama 20 anos depois (Almeida)
Fukuyama 20 anos depois (Almeida)Fukuyama 20 anos depois (Almeida)
Fukuyama 20 anos depois (Almeida)
 
A JUVENTUDE FAZ
A JUVENTUDE FAZA JUVENTUDE FAZ
A JUVENTUDE FAZ
 
Corruption - Walfrido Warde 2018
Corruption - Walfrido Warde 2018Corruption - Walfrido Warde 2018
Corruption - Walfrido Warde 2018
 
Meninos de Zinco
Meninos de ZincoMeninos de Zinco
Meninos de Zinco
 
10 atitudes para o sucesso
10 atitudes para o sucesso10 atitudes para o sucesso
10 atitudes para o sucesso
 
Quem eh a i gen
Quem eh a i genQuem eh a i gen
Quem eh a i gen
 
Geracoes no ocidente
Geracoes no ocidenteGeracoes no ocidente
Geracoes no ocidente
 
Cultivando discípulos do futuro
Cultivando discípulos do futuroCultivando discípulos do futuro
Cultivando discípulos do futuro
 
Jordan Peterson OUT 2021
Jordan Peterson OUT 2021Jordan Peterson OUT 2021
Jordan Peterson OUT 2021
 
Leituras Prof Giba Canto ABR 2021
Leituras Prof Giba Canto ABR 2021Leituras Prof Giba Canto ABR 2021
Leituras Prof Giba Canto ABR 2021
 
Camarotes degradam o espirito civico
Camarotes degradam o espirito civicoCamarotes degradam o espirito civico
Camarotes degradam o espirito civico
 
Verdade (Rita Canto)
Verdade (Rita Canto)Verdade (Rita Canto)
Verdade (Rita Canto)
 
COLI by Michael J Sandel
COLI by Michael J SandelCOLI by Michael J Sandel
COLI by Michael J Sandel
 
Aforismos Imorais (Pondé)
Aforismos Imorais (Pondé)Aforismos Imorais (Pondé)
Aforismos Imorais (Pondé)
 
O mundo narcisico
O mundo narcisicoO mundo narcisico
O mundo narcisico
 
O silencio do mundo (Pondé)
O silencio do mundo (Pondé)O silencio do mundo (Pondé)
O silencio do mundo (Pondé)
 
Capital Civico (Zingales)
Capital Civico (Zingales)Capital Civico (Zingales)
Capital Civico (Zingales)
 

Dernier

Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaaulasgege
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxBiancaNogueira42
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfmirandadudu08
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfPastor Robson Colaço
 

Dernier (20)

Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdf
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
 

Qualidade do sistema de ensino e a autonomia da escola rose neubauer

  • 1. A Qualidade do Sistema de Ensino e a Autonomia da Escola1 Rose Neubauer da Silva2 Grande atenção vem sendo atribuída à Educação no mundo todo pelos mais diversos setores da sociedade. Tanto os países desenvolvidos como os que se encontram nas diferentes etapas de desenvolvimento colocam a Educação no foco central de suas políticas públicas. Este fenômeno ocorre basicamente em razão de dois fatores. O primeiro refere-se a uma mudança profunda nas demandas que a sociedade vem fazendo aos sistemas de ensino, devido ao avanço tecnológico dos anos 80, ao impacto da informatização, à mundializaçâo da economia e aos novos modelos de organização do trabalho. O segundo diz respeito ao esgotamento do modelo econômico sustentado por mão-de-obra barata e abundância de matéria-prima, que aponta a necessidade de redirecionar as prioridades de investimento - antes se privilegiavam os componentes da infra- estrutura - para fatores do desenvolvimento humano: inteligência, conhecimento, criatividade, capacidade de solução de problemas, adaptação às mudanças do processo produtivo e, sobretudo, capacidade de produzir, selecionar e interpretar informação passam a ser altamente valorizados. A Educação, conseqüentemente, passa a ocupar papel central na pauta das políticas governamentais, sendo entendida termo uma necessidade estratégica dos países na promoção do desempenho social e econômico de sua população, condição indispensável para obter sucesso na nova ordem internacional, marcada por grande competitividade entre os países. Estas novas demandas da Educação reforçam a defesa que se faz da Escola, desde o final dos anos 70, como instituição destinada prioritariamente à transmissão/apropriação do conhecimento sistematizado, que adquire agora um perfil bem mais nítido e pode ser traduzido como domínio de contextos, desenvolvimento de habilidades cognitivas e de capacidades sociais. Conseqüentemente, a característica marcante das políticas educativas atuais é a busca de uma nova qualidade apontada como necessária e desejável. É importante ressaltar que essas políticas não só estabelecem a melhoria qualitativa do ensino como seu objetivo central, mas, mais que isso, transformam a busca de qualidade no fator ordenador de sua formulação e condução. Esse tipo de preocupação redundará num questionamento do perfil dos diferentes sistemas de ensino que começam mundialmente a ser revistos e a ter seus padrões de gestão profundamente questionados. Presenciam-se, conseqüentemente, mudanças bastante interessantes no quadro da Educação internacional. De um lado, assistimos a países de Educação tradicionalmente centralizada, como o Chile, propondo programas ousados e até mesmo questionáveis de desconcentração de poder e de delegação de responsabilidade; de outro, países com sistemas educacionais descentralizados, como os EUA e a Inglaterra, buscando acionar mecanismos de controle para garantir maior eqüidade e integração das ações educativas. Em todas essas ações nota-se, porém, uma preocupação clara das políticas educacionais em: fortalecer as unidades escolares de maneira a minimizar a intervenção das burocracias centralizadas no cotidiano das escolas; responsabilizar as diferentes instâncias do sistema pelos resultados obtidos, através do desenvolvimento de processos de avaliação cada vez mais criteriosos e cuidadosos. Ou seja, presencia-se um processo de dar ou reforçar à instituição escolar autonomia com responsabilidade. Para entender as dificuldades e os problemas que deverão ser enfrentados pelas políticas educativas que enfatizam a autonomia da gestão da Escola e de suas equipes, é importante entender e justificar por que estas políticas para os anos 90 estão ou deverão estar centralizadas na busca de melhor qualidade e na superação das dificuldades para alcançar esta meta. Isto, porém, requer uma análise das décadas de 70 e 80, nas quais o fator ordenador das decisões educacionais foi a expansão quantitativa da oferta de ensino. Anos 70 e 80 - Expansão Desqualificada Nesse período, os sistemas educativos esforçaram-se, basicamente, por garantir o princípio de eqüidade ou igualdade de oportunidades de acesso à Educação formal. Isto se justificava não só pelas baixas taxas de escolaridade existentes, provocadas pela falta de vagas, como também pelo pressuposto de que o ingresso na Escola poderia garantir a inserção dos educandos nos processos sociais que caracterizam o crescimento econômico. 1 Palestra baseada no artigo "A Gestão e a Autonomia da Escola nas Novas Políticas Educativas para a América Latina" em co-autoria com Guiomar Nervo de MELLO, publicado em Estudos Avançados, n. 5, USP. 1991. 2 Pesquisadora da Fundação CarIos Chagas e Professora da Faculdade Educação da Universidade de São Paulo- FEUSP. 1
  • 2. Entretanto, o modelo de crescimento econômico brasileiro prescindiu de um efetivo aperfeiçoamento do nível de escolarização da população. Ainda que tenha conseguido até o final dos anos 70 aumentar significativamente seu Produto Interno Bruto - PIB e ampliar o acesso à Escola de 1,1 e 211 Graus, o Brasil não alcançou, até hoje, um aumento correspondente na proporção dos que chegam a completar a escolarização obrigatória. Durante os anos 80, tal proporção elevou-se de 25% para 35% - muito longe do México, por exemplo, que chegou aos 60% (RIBEIRO, 1990). Tais dados, associados a elevadas taxas de reprovação, custo/aluno irrisório, presença de professores leigos, condições precárias das instalações escolares, baixos salários recebidos pelos docentes, permitem deduzir que o enfoque da eqüidade provocou uma expansão das instalações físicas e do número de docentes, sem garantir as condições mínimas indispensáveis a um ensino eficaz. A conclusão mais importante que estes dados revelam é que aumentar o número de escolas e vagas sem resolver os problemas de qualidade representa um desperdício inaceitável de recursos humanos e materiais. Vale a pena destacar aqui os principais fatores que determinaram a manutenção dessa política quantitativa em detrimento da qualidade do ensino. O primeiro deles foi o próprio modelo de desenvolvimento, que se baseou na mão-de-obra desqualificada e barata, no ingresso massivo de capitais externos, na abundância de matérias-primas. Esse modelo acabou por determinar, de um lado, a formação mínima e pouco qualificada aos segmentos majoritários da população, para que pudessem inserir-se num processo pouco exigente da produtividade e da competitividade e, de outro lado a formação de uma elite reduzida de tecnocratas, para dar sustentação ao processo de importação de tecnologia. Outro fator responsável pela política quantitativa foi a transferência, pelo governo federal, dos custos da expansão dos sistemas educativos para os governos estaduais e municipais, ao mesmo tempo em que desencadeava um processo de concentração tributária no âmbito federal. Finalmente, interferiu a favor do crescimento desqualificado a associação forte, complexa e contraditória de interesses corporativos no interior do aparato do Estado. Essa associação envolveu: as empresas prestadoras de serviços de alimentação e de construções escolares; a classe política e sua clientela, que sempre pressionam no sentido de obter a sua Escola, seja ela necessária ou não; a classe média, que teve acesso à formação superior privada e buscou, em sua maioria os cursos de formação de professores, pressionando, posteriormente, por postos de emprego no sistema de ensino público; os setores do ensino privado, que tiveram nos futuros profissionais da Escola Pública clientes cativos e pouco críticos3 Dois conjuntos de problemas, resultantes da expansão quantitativa dos anos 70 e 80, merecem ser aqui analisados devido às marcas profundas que deixaram em nossos sistemas educativos atuais e à necessidade de superá-los. O primeiro diz respeito à política de formação de recursos humanos e à concepção do processo pedagógico ao nível da Unidade Escolar. O segundo refere-se à organização institucional do Sistema e da Escola. Recursos Humanos e Equipes Escolares A política de formação dos recursos humanos para a Educação, que afeta diretamente as equipes escolares, seguiu também um modelo de expansão sem planejamento, em que a quantidade foi a meta prioritária. Nesse modelo houve um protagonista de extrema importância na formação em massa de professores: a Escola particular de nível médio e, especialmente, a de nível superior. Sem qualquer controle de desempenho, o Estado delegou ao ensino privado a responsabilidade pela formação de professores, ao mesmo tempo em que investia no crescimento quantitativo do Sistema Público de ensino fundamental, de modo que todo e qualquer professor fosse, em princípio, absorvido por esse mercado de trabalho. Além disso, uma concepção fragmentada e distorcida da função da Escola e do processo pedagógico ao nível da gestão da Escola ou do Sistema gerou uma grande e diversificada demanda por profissionais, fossem eles especialistas em áreas curriculares, orientadores pedagógicos, psicólogos escolares, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais etc. Esta parece ter sido uma das razões pelas quais, durante as décadas de 70 e 80, embora a expansão do ensino fundamental continuasse como meta importante, a oferta de ensino superior privado, no mesmo período, tenha crescido, proporcionalmente, muito mais. Uma boa parte desses egressos das escolas superiores particulares teve na Escola de 1º Grau ou no sistema educativo, se não a única, a mais segura e estável oportunidade de emprego. 3 Para análise mais circunstanciada das características da política educacional das duas últimas décadas e conseqüências atuais, ver: Guiomar Namo de MELLO 8 Rose NEUBAUER, Política educacional para os anos 90 - Textos para discussão. São Paulo: IESP/FUNDAP, 1992. 2
  • 3. A Escola foi, dessa forma, transformando-se em um espaço de disputa por emprego para um variado conjunto de profissionais que levaram para as unidades escolares ou órgãos centrais suas contribuições específicas e suas concepções particulares do processo educativo. A diversidade de especialização, a fragmentação do currículo e as licenciaturas curtas atenderam aos interesses das escolas privadas superiores, que recorreram a incontáveis estratégias para oferecer habilitações a custos reduzidos, sem necessidade de prestar contas a ninguém sobre a qualidade da formação oferecida aos futuros professores e especialistas. Por fim, é necessário acrescentar que as negociações diretas entre as entidades de classe dos professores e a Administração Central do Sistema de Ensino levaram ao estabelecimento de jornadas semanais de trabalho correspondentes a cargos nas unidades escolares e garantiram a seus componentes estabilidade e efetivação, sem considerar as reais necessidades da organização do trabalho da Escola. Há equipes escolares superdimensionadas e subdimensionadas; neste último caso, freqüente nas escolas da periferia urbana, há falta ou grande rotatividade de professores. Todas essas considerações levam-nos a concluir que, embora a política de recursos humanos que sustentou o crescimento quantitativo do ensino público tenha ocorrido de acordo com um modelo caótico do ponto de vista da gestão da Escola, ela possuía sua própria lógica da perspectiva política, contemplando os diversos interesses em jogo. Organização Institucional do Sistema e da Escola A expansão dos aparatos públicos na área da Educação deu-se por multiplicação e fortalecimento das estruturas centrais e intermediárias do Sistema de Ensino, enquanto as escolas se enfraqueciam, demonstrando crescente falta de autonomia. A fragmentação do processo pedagógico que separou o planejamento da execução; a introdução de técnicas de supervisão para controlar aspectos formais, retirando da Escola a responsabilidade de prestar contas sobre o que é substantivo; a ausência de avaliação de resultados - tudo isso imprimiu à gestão escolar um caráter ritualístico e burocrático. Além disso, a política centralizada de alocação de recursos humanos e a efetividade no emprego em cargo na Escola impediram que esta pudesse selecionar sua equipe e exercer a autonomia de manter os profissionais, dispensá-los ou, pelo menos, colocá-los em disponibilidade para a Administração Central, de acordo com as necessidades de sua própria proposta pedagógica. As decisões sobre áreas de currículo, duração de jornada, desdobramento de turnos, regime de trabalho docente, requisitos exigidos para o exercício profissional foram tomadas de forma centralizada, sob pressão dos interesses das entidades sindicais ou das instituições que formavam os profissionais da Educação. O espaço que restou para decisão ao nível da Escola tornou-se cada vez menor. Acrescente-se que a deterioração dos cursos de formação docente contribuiu para restringir ainda mais este exercício de autonomia, gerando ausência de capacitação de gestão, falta de domínio dos conteúdos escolares e dos processos de aprendizagem e sua influência sobre as condições de organização do ensino. Em artigo sobre as possibilidades e limites da autonomia da Escola, MELLO4 afirma que no final dos anos 80 começam a surgir estudos ou ensaios sobre a descentralização, que, levando em conta o fracasso dessa política para promover a qualidade do ensino com eqüidade, levantam hipóteses sobre a importância de considerar a dimensão local e, em especial, as unidades escolares como locas privilegiado de atuação. A falta de iniciativa e autonomia no âmbito em que a relação pedagógica efetivamente acontece, a dificuldade em fazer chegar realmente às escolas os recursos consumidos pelas máquinas burocráticas e a duvidosa eficácia dos "pacotes prontos", dos ordenamentos externos, da visão homogênea de realidades locais e escolares muito díspares surgem como possíveis explicações para estratégias descentralizadas que produziram efeitos contrários aos previstos - reconcentração de poder, localismo e regionalismo estreitos, aumento da desigualdade, no interior do Sistema de Ensino. A autora destaca que começa a surgir na bibliografia latino-americana e de outros países um conceito novo, ainda a ser trabalhado. Trata-se do padrão de gestão da Escola, abarcando suas formas de organização administrativa e pedagógica, o modo de atuação e as relações entre os agentes, com destaque para a figura do diretor, as formas de interação com o meio social e o grau em que alunos e comunidade efetivamente se apropriam da Escola como recurso para seu desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida. Finalmente, afirma ela, os autores tentam indicar alguns fatores que determinam a existência de uma "boa escola", dentre os quais destaca: escolas como o centro das decisões; 4 Guiomar Namo de MELLO. Autonomia de escola: possibilidades, limitas e condições. Seminário sobre Qualidade, Eficiência e Equidade na Educação Básica Brasília IEPA, 1991. 3
  • 4. recursos e poder alocados no nível da Escola; responsabilidade e prestação de contas para a direção; salários competitivos que possam atrair melhores professores; mecanismos de controle e avaliação; pais e mantenedores que se preocupam e controlam a qualidade do serviço educacional. A seguir, MELLO conclui que: "esse conceito de padrão de gestão tem implicações muito mais amplas e profundas do que parece à primeira vista, e pelo menos três delas devem, desde logo, ser destacadas. Em primeiro lugar, reverte a dinâmica do funcionamento do sistema - o que implica redefinir os papéis do Estado e de suas instâncias de poder central. Como conseqüência, implica, em segundo lugar, numa reorientação dos padrões de financiamento e alocação de recursos, o que, por sua vez, exige, como pré-requisito, um conhecimento adequado da estrutura de custos para orientar ações de incremento de recursos e equalização de gastos, estas últimas visando compensar desigualdades sociais ou regionais. Em terceiro lugar, acarreta efeitos na forma como vêm sendo estruturadas e regulamentadas as carreiras dos profissionais da educação". Anos 90 - Os Desafios da Qualidade e da Autonomia da Escola O sucesso desses novos enfoques para as políticas educativas, na década que estamos iniciando em 1991, parece depender do equilíbrio que se consiga alcançar entre os dois eixos da reorganização institucional dos sistemas educativos: a descentralização e a integração. No eixo da descentralização, situam-se as ações e os programas destinados a racionalizar a máquina burocrática dos sistemas educativos, com o objetivo de fazer chegar de fato à Escola os recursos materiais e o apoio técnico necessário a uma eficiente organização do ensino. O grau e o conteúdo de autonomia das unidades escolares devem permitir sua interação mais efetiva com o meio social, de modo que a proposta pedagógica da Escola e seu plano de desenvolvimento institucional reflitam a diversidade cultural, as demandas e aspirações da população usuária. Neste sentido, as políticas educativas deveriam prever estratégias de formação, recrutamento e seleção de recursos humanos as mais flexíveis e menos regulamentadas possíveis em seus aspectos formais, associadas a uma permanente avaliação de resultados, seja nos níveis de formação, seja nos de desempenho de docentes e de pessoal técnico. Os planos de carreira do pessoal da área de Educação estabeleceriam diretrizes gerais mínimas quanto a regimes de trabalho e remuneração, delegando às escolas a gestão suplementar do tempo de trabalho docente e até de suplementação de pagamentos, vinculada à avaliação de resultados no nível do sistema e da própria Escola. Em um cenário favorável, esta instituição deveria proceder até mesmo à admissão ou dispensa de pessoal, observados os direitos trabalhistas dos profissionais. Neste sentido, seria muito desejável que a garantia de estabilidade no emprego não correspondesse a um posto fixo de trabalho na Escola e, sim, no Sistema. Um esforço sistemático para aperfeiçoar a qualidade técnica das equipes traduzir-se-ia em programas flexíveis, com desenhos institucionais diversificados de capacitação em serviço, produção local ou regional de materiais combinados com materiais produzidos para todo o Estado, que deveriam estar à disposição das equipes escolares. Estas escolheriam os programas e formatos institucionais mais adequados às suas necessidades. Neste sentido, as ações ou programas gerais de capacitação de âmbito nacional ou estadual seriam reservados para temas ou áreas curriculares comuns e, mesmo nestes casos, tais programas teriam sua execução descentralizada por regiões ou por municípios. Associados a uma ágil difusão do conhecimento, seriam estruturados sistemas descentralizados de assistência pedagógica por áreas de currículo, deslocando para as escolas especialistas qualificados que, em muitos casos, permanecem nas instâncias centrais da administração ou nos limites da vida acadêmica universitária. O traço comum a todas essas estratégias consistiria em não serem obrigatórias, tendo a Unidade Escolar autonomia para escolher as que melhor se adequassem à sua proposta de trabalho e para administrar a equipe, determinando: a organização do ano escolar e da jornada de trabalho, o ordenamento dos conteúdos, a seleção dos materiais didáticos, as formas de integração do currículo, enfim, todos os elementos que constituem sua gestão pedagógica. Contudo, a Escola também seria responsável pelos resultados alcançados por seus alunos, aferidos por um sistema de avaliação externa. A autonomia da Escola não dispensa a atuação do Estado nem das instâncias centrais da administração, mas requer uma profunda revisão e o fortalecimento de suas novas funções e papéis. Mais do que um executor, tais instâncias terão um papel privilegiadamente integrador. No eixo da integração, as políticas educativas deveriam considerar, dentre outros aspectos, os relativos a: 4
  • 5. avaliação do resultado e responsabilidades das escolas, criando mecanismos de prestação de contas e de informação à população, instrumentalizando-a para a fiscalização e o controle da qualidade de ensino; descentralização de recursos para as escolas exercerem o máximo de autonomia financeira na sua própria manutenção, aquisição de materiais e aplicação em ações inovadoras; definição de diretrizes e requisitos mínimos que garantam unidade, seja quanto ao núcleo curricular comum, seja quanto à formação e capacitação docente, seja quanto aos níveis mínimos de domínio de conhecimento, a serem apresentados por todas as crianças ao saírem do Sistema escolar; compensação das desigualdades regionais ou locais, por uma adequada redistribuição de recursos e apoio técnico, que estabeleçam uma discriminação positiva de áreas, localidades ou escolas que necessitam de apoio e de programas de fortalecimento; estabelecimento de critérios básicos para o uso mais racional dos recursos humanos, com o objetivo de evitar a ociosidade e incentivar a produtividade vinculada a estímulos salariais, buscando um equilíbrio entre a autonomia da Escola e a utilização, sem desperdício, dos recursos humanos e materiais; fortalecimento de requisitos qualitativos para materiais didáticos, associando flexibilidade na Escola com a qualidade necessária; diminuição e racionalização do aparato técnico-administrativo centralizado, ao mesmo tempo em que se desenvolve um sistema de informações para subsidiar a gestão estratégica do Sistema educativo e informar à sociedade ou aos usuários diretamente interessados sobre o desempenho das escolas e os recursos aplicados; delineamento de estratégias para desenvolver a capacidade de gestão do nível da Escola e do Sistema que tenham por finalidade não apenas a maior densidade técnico-administrativa, mas, também, a difícil, porém necessária, preparação para conviver com os conflitos, atuar na construção do consenso, incorporar a diversidade e compartilhar a responsabilidade de prestar contas sobre os resultados alcançados. O Difícil Equilíbrio Entre a Descentralização e a Integração O equilíbrio entre descentralização e integração apresenta dificuldades de diversas naturezas. A primeira, e talvez a mais importante, consiste em não repetir o erro de supervalorizar os meios - a descentralização e a autonomia -, considerando-os como fins em si mesmos sem entendê-los como recursos para promover a qualidade, portanto subordinados a este objetivo. A gestão política do processo é outro tema delicado, uma vez que em cada caso há que se buscarem instâncias de consenso que permitam a participação da Escola e da comunidade, sem perder de vista os interesses da maioria. Todo processo de desconcentração do poder de decisão corre o risco de gerar instâncias de reconcentração desse mesmo poder, mesmo no nível da Escola. A atuação dos grupos corporativos ou minoritários e a manipulação político- partidária não devem ser subestimadas. Os interesses minoritários sempre encontram formas de se recompor, quando o locus de decisão se desloca do nível central para as instâncias intermediárias ou para as unidades que prestam diretamente o serviço educativo. A gestão da Escola pode, por este motivo, tornar-se vulnerável aos ajustes e aos interesses pessoais dos que aí atuam, debilitando sua proposta pedagógica e seu desenvolvimento institucional. A participação da comunidade, nesse sentido, teria um poder compensatório, desde que não sujeita a mecanismos de manipulação e cooptação. Assim, por exemplo, a organização do tempo de trabalho deverá responder às necessidades do plano mais geral, e não visar a acertos individuais. Da mesma forma, a distribuição dos alunos pelas salas de aula e o número de turnos por séries podem levar em conta o melhor aproveitamento da equipe disponível, e não apenas a necessidade de emprego dos docentes. As decisões sobre duração do período escolar e uso do espaço físico, dar-se-ão tendo em vista atender ao maior número possível de alunos, observados os requisitos de qualidade, sem criar, na Escola, mecanismos de preservação de privilégios ou de seleção dos alunos de melhor condição social. Cabe ao nível estratégico central de formulação e condução das políticas educativas estabelecer critérios e criar mecanismos de controle que dificultem a reconcentração do poder de decisão, promovendo uma permanente atualização de informações que indiquem se tal reconcentração está ocorrendo, além de implantar a já mencionada avaliação de resultados. Só assim a autonomia da Escola será uma estratégia de aperfeiçoamento da qualidade. Neste sentido, espera- se uma tensão aceitável, mas permanente, entre os objetivos da descentralização e a atuação dos organismos centralizados do Sistema educativo, que devem atuar no sentido da integração. É preciso reconhecer que ainda não existe clareza sobre como resolver, na prática, uma série de questões que foram aqui colocadas. Porém, o que temos claro é que é preciso mudar radicalmente a política educacional dos anos 90, a fim de que se possam obter eficácia e governabilidade da máquina administrativa, racionalização no uso dos recursos e fomento de uma cultura que valorize a avaliação, bem como a transparência de seus resultados aos usuários da Escola. Este é um enorme desafio que vale a pena enfrentar na busca da melhoria da qualidade da Educação brasileira. 5