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Introdução


     Jesus subiu a um monte, e chamou os que ele quis, e vie-
     ram a ele. Nomeou doze para que estivessem com ele, e
     os mandasse a pregar, e tivessem o poder de expulsar
     demônios. São estes os doze que designou: Simão, a
     quem deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e
     João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boaner-
     ges, que significa filhos do trovão; André, Filipe, Barto-
     lomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu,
     Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, que o traiu.
     – Mc 3:13-19
     … É um dos doze… – Mc 14:20
     Muitas vezes me perguntei e coloquei a questão
nas aulas de Novo Testamento em que ministrei:
     Por que Jesus Cristo, o filho de Deus, escolheu
aqueles homens como seus discípulos? O que Ele viu
neles?
     Quais eram as suas qualificações para que mere-
cessem tal honra?

                                                             1.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


      O que Jesus viu neles para que os escolhesse para
serem os representantes do Seu Reino nos primeiros
dias daquilo, que mais tarde, veio a ser a Igreja?
      Se recebêssemos a tarefa de escolher entre as pes-
soas à nossa volta ou de nosso convívio relacional, doze
pessoas para exercerem a maior tarefa já estabelecida
nos céus e na terra, elaboraríamos um perfil que seria
preenchido por raríssimas pessoas.
      Ao olharmos, simplesmente, para o “currículo”
que a Bíblia nos apresenta destes homens, não encon-
tramos neles as qualificações de acordo com nossa pers-
pectiva de recursos humanos, para exercerem a
importante incumbência de apóstolos.
     Em leitura devocional, no livro de Marcos, depa-
rei-me com uma frase que me chocou. Aquela que,
parece que, nunca havia lido antes.
      No relato sobre a traição de Judas, Jesus anuncia,
respondendo aos questionamentos dos discípulos: é
um dos doze1! Um dos doze! Poderia ser qualquer um
deles!
    Percebi na leitura, que todos se entristeceram
com o anúncio da traição próxima. Qualquer um deles
1    Mc 14:20

2.
UM DOS DOZE


poderia ter traído Jesus! Todos tinham as “condições”
para isto! No fundo, no fundo, todos eram traidores.
Judas apenas foi o representante!
      Chocou-me profundamente esta perspectiva do
texto. Pior ainda, quando comecei a meditar e concluir
que como discípulo de Cristo, EU TAMBÉM
ESTAVA SENDO REPRESENTADO POR JUDAS!
Também sou um traidor em potencial!
     Foi tempo de meditação na minha vida sobre
meu real compromisso com o Reino. Algumas ques-
tões me vieram à mente e ao coração:
     Por que faço o que faço?
     A quem de fato sirvo?
     À Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador?
     Ou aos meus interesses pessoais?
     Passei a fazer uma leitura dos evangelhos para
buscar a forma de comportamento dos discípulos e
observei que estou representado em cada um deles.
     Cada um tem características diferentes e Jesus
Cristo os escolheu não por apresentarem as melhores
qualificações de representantes do Seu Reino, mas por

                                                       3.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


representarem o conjunto do comportamento huma-
no que encontramos hoje na Igreja!
      O caráter e personalidades demonstradas pelos
discípulos revelam o MEU comportamento. Jesus quer
me ensinar, através desta leitura dos Evangelhos, como
Ele me vê no Reino e deseja tratar comigo, como fez
com os Doze.
      O Senhor quer me levar a um lugar de abundân-
cia, mas há um caminho de “discipulado” a ser percor-
rido.
      Quero analisar o que a Bíblia relata sobre o com-
portamento dos discípulos e traçar uma analogia com a
realidade das pessoas que compõe nos nossos dias a
Igreja, a grande representante do Reino de Deus.
     Talvez algumas afirmações choquem pela hones-
tidade, por não desejarmos nos identificar desta maneira
com a Palavra de Deus, mas precisamos fazê-lo para que
a obra de Cristo na cruz se consuma em nós!
     Não quero escrever uma biografia dos discípulos,
mas sim, tratar do comportamento deles e de como nos
afetam em nossa caminhada cristã.



4.
A motivação


      Entendemos o que pode ter levado Jesus a esco-
lher dentre os seus inúmeros seguidores, os que esta-
riam mais próximos a Ele para receberem um
treinamento intensivo de liderança do Reino de Deus.
      Mas, o que de fato motivou os homens, que ao
primeiro contato com Jesus Cristo, a desistirem de suas
vidas privadas, seus negócios e ocupações ou profissões
e seguirem um homem que parecia ser o Messias enviado
por Deus?
     É certo que o cenário comum na Palestina do
Novo Testamento era de grande expectativa para a
vinda eminente do Messias. Já há anos que o domínio
do Império Romano privava os judeus da sua herança,
além de impingir uma carga tributária onerosa.
       É fácil imaginar o sentimento da população, por
ocasião das festas judaicas instituídas por Deus para tra-
zer à lembrança os grandes feitos de Deus no passado: a
libertação do Egito, a vida no deserto e o sustento diá-

                                                        5.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


rio, a grande conquista de Canaã como terra prome-
tida, em cumprimento às promessas de Deus aos
patriarcas.
      Em lugar de alegria, que era o sentimento orde-
nado por Deus para ocasião das festas, havia agora um
frustrante sentimento de fracasso. Viver num lugar,
numa terra que por direito de herança e aliança lhe per-
tence, mas, sem a liberdade de ir e vir, sem perspectiva
de futuro para as próximas gerações…
      Some-se a isto ainda, o peso das obrigações legais
impostas por uma liderança religiosa que, por imposi-
ção autoritária, submetia a população à tradição dos
antigos além do cumprimento dos mandamentos de
Deus.
     Por tradição dos antigos, expressão utilizada pelo
próprio Senhor Jesus, entendemos os acréscimos à lei
que surgiram durante o longo período de aproximada-
mente quatro séculos de absoluto silêncio da parte de
Deus.




6.
UM DOS DOZE


      Trata-se de interpretações da Lei de Deus que sur-
giram a partir do Exílio da Babilônia e que foi expresso
através da tradição oral e escrita2.
      Havia uma grande expectativa na população de
Israel para a vinda do Messias. Aquele que viria
libertá-los do peso dos altíssimos impostos e outras
obrigações legais impostas pelo Império Romano, bem
como do peso das obrigações religiosas impostas pela a
liderança religiosa elitizada denominada Sinédrio3. O
povo desejava e esperava o Messias para salvá-los desta
situação.
     Este fato é perceptível na oração de gratidão de
Zacarias pelo nascimento de seu filho, João:



2   Por tradição entenda-se aqui com relação ao ensino na elaboração
    e na explicação sobre o Antigo Testamento, surgido entre o
    período do Antigo Testamento e do Novo Testamento, que foi
    adicionado pelos rabinos judeus.
    Este ensino era transmitido de mestre para alunos e, pelos dias de
    Jesus, havia assumido posição equivalente às Escrituras quanto a
    importância. (Douglas, 1986)
3   O Sinédrio era mais alto tribunal religioso dos judeus, do qual
    faziam parte os sumos sacerdotes (o atual e os anteriores), chefes
    religiosos (anciãos) e professores da Lei. Era composto por 71
    membros, incluindo o presidente.

                                                                         7.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


        Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e
        redimiu o seu povo, e nos levantou uma poderosa salva-
        ção na casa de Davi, seu servo. Como falou pela boca
        dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo,
        para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os
        que nos odeiam. – Lc 1:68-71
      A esta altura Zacarias e Isabel, os pais de João, já
sabiam da gravidez de Maria e de seu casamento com
José, ambos da Casa de Davi, de onde, de acordo com as
profecias do Antigo Testamento, surgiria o Messias
redentor.
     Nas décadas seguintes surgiram diversos “movi-
mentos” e personagens que poderiam ser a manifesta-
ção do Messias e a grande salvação de Deus.
     Um destes personagens era João Batista. Através
da sua mensagem de arrependimento fez crescer no
coração do povo a expectativa do Messias:
        Estando o povo na expectativa, e pensando todos de
        João, em seus corações, se porventura seria o Cristo,
        – Lc 3:15
     A eminente vinda do Messias traria, segundo o
pensamento do povo, a libertação do domínio do

8.
UM DOS DOZE


Império Romano e uma nova perspectiva de vida atra-
vés de um novo reino – o Reino de Deus, governado
pelo sucessor da casa de Davi, que traria de volta os
tempos de paz e prosperidade de outrora.
     O “mover” de João Batista aproximou ainda mais
a expectativa do povo da realidade. Havia suspeitas de
que o próprio João Batista seria o Messias anunciado.
E, questionado sobre as suas mensagens, declarou
muita personalidade e consciência da realidade do
Reino de Deus:
     Ele confessou e não negou, confessou: Eu não sou o
     Cristo. … Eu batizo com água, nas no meio de vós está
     alguém que não conheceis. Este é aquele que vem após
     mim, do qual não sou digno de desatar as correias das
     sandálias. – Jo 1:20, 26-27
     O Reino de Deus já estava lá!
     Seu Messias já estava no meio do povo!
     Finalmente a salvação de Deus seria manifesta!
     Finalmente Israel teria novamente um Rei digno
da grandeza e da importância da grande nação!



                                                         9.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


      Quando Jesus surgiu com seu ministério, dando
sinais de que Ele poderia ser o Messias, algumas pes-
soas o seguiram. Por exemplo, André...
      Bastaram algumas horas em companhia de Jesus
para que André4, até então discípulo de João Batista, se
tornasse seguidor do Messias, levando consigo ainda
seu irmão, Simão5.
     Quando Simão (ou posteriormente, Pedro) se
encontrou com Jesus, este lhe convidou para segui-Lo.
Então, eles, deixando as suas redes, o seguiram6.
         O que André e Pedro viram em Jesus?
     Que perspectiva ou expectativa o Senhor pôde
gerar em seus corações para que largassem simples-
mente os seus negócios e atividades e seguissem um
homem, cujo futuro, até então, era completamente
incerto?




4     Jo 1:35-42
5     Posteriormente recebendo o nome de Pedro!
6     Mc 1:18

10.
UM DOS DOZE


      Na sequência encontramos Tiago e João também
deixando seus afazeres e suas famílias para seguir
Jesus7.
      E desta maneira, muitos outros o seguiram, dei-
xando famílias, trabalho, afazeres e demais atividades
para trás.
      O que estas pessoas viram em Jesus?
      Será que a mensagem e a forma simples de ser do
Senhor Jesus convenceria um razoável grupo de pes-
soas a segui-Lo?
     Para nós talvez fosse simples. Mas precisamos
considerar que a população de Israel da época, mesmo
com toda a expectativa da eminente vinda do Messias,
ainda dependia de um sistema religioso que era extre-
mamente rígido e opressor, mas com um histórico de
14 séculos!
      Gosto de citar que para os judeus, estudar a histó-
ria do seu país e estudar a Palavra de Deus era a mesma
coisa! O livro de história dos alunos na escola em Israel
era o próprio Antigo Testamento! Nele estava relatado
todo o propósito de Deus para com seu povo, as pro-

7   Mc 1:19-20

                                                       11.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


messas do seu futuro, os princípios e mandamentos a
serem obedecidos.
      Além disso, a dura lição aprendida na época do
Exílio estava registrada, tanto nos livros como na
memória do povo. Nunca mais o povo queria ser aban-
donado pelo seu Deus, por seguirem outros deuses.
     Não seria tarefa simples convencer qualquer
judeu a abandonar suas convicções “religiosas” para
mudar a sua crença.
      Ainda na região da Galiléia, Filipe aceitou o con-
vite de seguir Jesus e a empolgação deste produziu mais
um seguidor: Natanael8. Este apesar de incrédulo no
início, rapidamente foi convencido pelo próprio
Senhor Jesus, de que se tratava de uma empreitada com
êxito garantido. Jesus estava começando a se manifestar
como o Profeta9 que haveria de vir.
    Mas longe do resplendor de um Rei, Jesus, como
o Messias se revelou de maneira simples e humilde,
como o realizar de grandes milagres que livravam o


8     Jo 1:43-51
9     De acordo com Dt 18:15, o Senhor Deus levantaria outro profeta
      à semelhança de Moisés, que deveria ser ouvido.

12.
UM DOS DOZE


povo, não da opressão do Império Romano, mas das
garras de espíritos malignos e da escravidão do pecado.
     O Cristo se manifestou como um grande Mestre
da Palavra e não como um valente e guerreiro.
     A promessa que os primeiros discípulos recebe-
ram foi a de serem feitos pescadores de homens e que
seriam testemunhas da manifestação do Reino de
Deus. Nenhuma recompensa, nenhum ganho extra,
nada! Mas, um imenso privilégio – ser discípulo do
Mestre dos Mestres.
      Durante os primeiros meses do ministério de
Jesus e com o aumento da popularidade do Messias,
através dos inúmeros milagres, podemos imaginar que
o coração dos discípulos exultava com uma nova reali-
dade para suas vidas extensiva para a própria nação de
Israel.
       Ao serem enviados para pregar a mensagem do
Reino de Deus, eles mesmos puderam experimentar o
poder de Deus através das curas, libertações, milagres,
etc.10


10 Mc 6:7-13 – por exemplo.

                                                     13.
SÉRIE C ONHEÇA M AIS


      No coração de todos certamente reinava o senti-
mento de êxito ministerial constante, sem a possibili-
dade de derrota ou fracasso. Tudo indicava um
crescimento do Reino de Deus sem precedentes na his-
tória do povo judeu. E eles, os discípulos, homens sim-
ples e rudes, sem a formação que seria considerada
necessária para ocupar cargos importantes num reino,
eram personagens essenciais no processo de estabeleci-
mento do Reino de Deus.
      Quando tudo parecia, de fato, caminhar para o
sucesso absoluto e a vitória final sobre o domínio do
Império Romano e sobre a dominação do sistema reli-
gioso vigente, o Senhor Jesus, juntamente com seus dis-
cípulos retirou-se para um lugar distante do centro
ministerial.




14.

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Por que Jesus escolheu os doze discípulos

  • 1. Introdução Jesus subiu a um monte, e chamou os que ele quis, e vie- ram a ele. Nomeou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar, e tivessem o poder de expulsar demônios. São estes os doze que designou: Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boaner- ges, que significa filhos do trovão; André, Filipe, Barto- lomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, que o traiu. – Mc 3:13-19 … É um dos doze… – Mc 14:20 Muitas vezes me perguntei e coloquei a questão nas aulas de Novo Testamento em que ministrei: Por que Jesus Cristo, o filho de Deus, escolheu aqueles homens como seus discípulos? O que Ele viu neles? Quais eram as suas qualificações para que mere- cessem tal honra? 1.
  • 2. SÉRIE C ONHEÇA M AIS O que Jesus viu neles para que os escolhesse para serem os representantes do Seu Reino nos primeiros dias daquilo, que mais tarde, veio a ser a Igreja? Se recebêssemos a tarefa de escolher entre as pes- soas à nossa volta ou de nosso convívio relacional, doze pessoas para exercerem a maior tarefa já estabelecida nos céus e na terra, elaboraríamos um perfil que seria preenchido por raríssimas pessoas. Ao olharmos, simplesmente, para o “currículo” que a Bíblia nos apresenta destes homens, não encon- tramos neles as qualificações de acordo com nossa pers- pectiva de recursos humanos, para exercerem a importante incumbência de apóstolos. Em leitura devocional, no livro de Marcos, depa- rei-me com uma frase que me chocou. Aquela que, parece que, nunca havia lido antes. No relato sobre a traição de Judas, Jesus anuncia, respondendo aos questionamentos dos discípulos: é um dos doze1! Um dos doze! Poderia ser qualquer um deles! Percebi na leitura, que todos se entristeceram com o anúncio da traição próxima. Qualquer um deles 1 Mc 14:20 2.
  • 3. UM DOS DOZE poderia ter traído Jesus! Todos tinham as “condições” para isto! No fundo, no fundo, todos eram traidores. Judas apenas foi o representante! Chocou-me profundamente esta perspectiva do texto. Pior ainda, quando comecei a meditar e concluir que como discípulo de Cristo, EU TAMBÉM ESTAVA SENDO REPRESENTADO POR JUDAS! Também sou um traidor em potencial! Foi tempo de meditação na minha vida sobre meu real compromisso com o Reino. Algumas ques- tões me vieram à mente e ao coração: Por que faço o que faço? A quem de fato sirvo? À Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador? Ou aos meus interesses pessoais? Passei a fazer uma leitura dos evangelhos para buscar a forma de comportamento dos discípulos e observei que estou representado em cada um deles. Cada um tem características diferentes e Jesus Cristo os escolheu não por apresentarem as melhores qualificações de representantes do Seu Reino, mas por 3.
  • 4. SÉRIE C ONHEÇA M AIS representarem o conjunto do comportamento huma- no que encontramos hoje na Igreja! O caráter e personalidades demonstradas pelos discípulos revelam o MEU comportamento. Jesus quer me ensinar, através desta leitura dos Evangelhos, como Ele me vê no Reino e deseja tratar comigo, como fez com os Doze. O Senhor quer me levar a um lugar de abundân- cia, mas há um caminho de “discipulado” a ser percor- rido. Quero analisar o que a Bíblia relata sobre o com- portamento dos discípulos e traçar uma analogia com a realidade das pessoas que compõe nos nossos dias a Igreja, a grande representante do Reino de Deus. Talvez algumas afirmações choquem pela hones- tidade, por não desejarmos nos identificar desta maneira com a Palavra de Deus, mas precisamos fazê-lo para que a obra de Cristo na cruz se consuma em nós! Não quero escrever uma biografia dos discípulos, mas sim, tratar do comportamento deles e de como nos afetam em nossa caminhada cristã. 4.
  • 5. A motivação Entendemos o que pode ter levado Jesus a esco- lher dentre os seus inúmeros seguidores, os que esta- riam mais próximos a Ele para receberem um treinamento intensivo de liderança do Reino de Deus. Mas, o que de fato motivou os homens, que ao primeiro contato com Jesus Cristo, a desistirem de suas vidas privadas, seus negócios e ocupações ou profissões e seguirem um homem que parecia ser o Messias enviado por Deus? É certo que o cenário comum na Palestina do Novo Testamento era de grande expectativa para a vinda eminente do Messias. Já há anos que o domínio do Império Romano privava os judeus da sua herança, além de impingir uma carga tributária onerosa. É fácil imaginar o sentimento da população, por ocasião das festas judaicas instituídas por Deus para tra- zer à lembrança os grandes feitos de Deus no passado: a libertação do Egito, a vida no deserto e o sustento diá- 5.
  • 6. SÉRIE C ONHEÇA M AIS rio, a grande conquista de Canaã como terra prome- tida, em cumprimento às promessas de Deus aos patriarcas. Em lugar de alegria, que era o sentimento orde- nado por Deus para ocasião das festas, havia agora um frustrante sentimento de fracasso. Viver num lugar, numa terra que por direito de herança e aliança lhe per- tence, mas, sem a liberdade de ir e vir, sem perspectiva de futuro para as próximas gerações… Some-se a isto ainda, o peso das obrigações legais impostas por uma liderança religiosa que, por imposi- ção autoritária, submetia a população à tradição dos antigos além do cumprimento dos mandamentos de Deus. Por tradição dos antigos, expressão utilizada pelo próprio Senhor Jesus, entendemos os acréscimos à lei que surgiram durante o longo período de aproximada- mente quatro séculos de absoluto silêncio da parte de Deus. 6.
  • 7. UM DOS DOZE Trata-se de interpretações da Lei de Deus que sur- giram a partir do Exílio da Babilônia e que foi expresso através da tradição oral e escrita2. Havia uma grande expectativa na população de Israel para a vinda do Messias. Aquele que viria libertá-los do peso dos altíssimos impostos e outras obrigações legais impostas pelo Império Romano, bem como do peso das obrigações religiosas impostas pela a liderança religiosa elitizada denominada Sinédrio3. O povo desejava e esperava o Messias para salvá-los desta situação. Este fato é perceptível na oração de gratidão de Zacarias pelo nascimento de seu filho, João: 2 Por tradição entenda-se aqui com relação ao ensino na elaboração e na explicação sobre o Antigo Testamento, surgido entre o período do Antigo Testamento e do Novo Testamento, que foi adicionado pelos rabinos judeus. Este ensino era transmitido de mestre para alunos e, pelos dias de Jesus, havia assumido posição equivalente às Escrituras quanto a importância. (Douglas, 1986) 3 O Sinédrio era mais alto tribunal religioso dos judeus, do qual faziam parte os sumos sacerdotes (o atual e os anteriores), chefes religiosos (anciãos) e professores da Lei. Era composto por 71 membros, incluindo o presidente. 7.
  • 8. SÉRIE C ONHEÇA M AIS Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos levantou uma poderosa salva- ção na casa de Davi, seu servo. Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo, para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam. – Lc 1:68-71 A esta altura Zacarias e Isabel, os pais de João, já sabiam da gravidez de Maria e de seu casamento com José, ambos da Casa de Davi, de onde, de acordo com as profecias do Antigo Testamento, surgiria o Messias redentor. Nas décadas seguintes surgiram diversos “movi- mentos” e personagens que poderiam ser a manifesta- ção do Messias e a grande salvação de Deus. Um destes personagens era João Batista. Através da sua mensagem de arrependimento fez crescer no coração do povo a expectativa do Messias: Estando o povo na expectativa, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo, – Lc 3:15 A eminente vinda do Messias traria, segundo o pensamento do povo, a libertação do domínio do 8.
  • 9. UM DOS DOZE Império Romano e uma nova perspectiva de vida atra- vés de um novo reino – o Reino de Deus, governado pelo sucessor da casa de Davi, que traria de volta os tempos de paz e prosperidade de outrora. O “mover” de João Batista aproximou ainda mais a expectativa do povo da realidade. Havia suspeitas de que o próprio João Batista seria o Messias anunciado. E, questionado sobre as suas mensagens, declarou muita personalidade e consciência da realidade do Reino de Deus: Ele confessou e não negou, confessou: Eu não sou o Cristo. … Eu batizo com água, nas no meio de vós está alguém que não conheceis. Este é aquele que vem após mim, do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias. – Jo 1:20, 26-27 O Reino de Deus já estava lá! Seu Messias já estava no meio do povo! Finalmente a salvação de Deus seria manifesta! Finalmente Israel teria novamente um Rei digno da grandeza e da importância da grande nação! 9.
  • 10. SÉRIE C ONHEÇA M AIS Quando Jesus surgiu com seu ministério, dando sinais de que Ele poderia ser o Messias, algumas pes- soas o seguiram. Por exemplo, André... Bastaram algumas horas em companhia de Jesus para que André4, até então discípulo de João Batista, se tornasse seguidor do Messias, levando consigo ainda seu irmão, Simão5. Quando Simão (ou posteriormente, Pedro) se encontrou com Jesus, este lhe convidou para segui-Lo. Então, eles, deixando as suas redes, o seguiram6. O que André e Pedro viram em Jesus? Que perspectiva ou expectativa o Senhor pôde gerar em seus corações para que largassem simples- mente os seus negócios e atividades e seguissem um homem, cujo futuro, até então, era completamente incerto? 4 Jo 1:35-42 5 Posteriormente recebendo o nome de Pedro! 6 Mc 1:18 10.
  • 11. UM DOS DOZE Na sequência encontramos Tiago e João também deixando seus afazeres e suas famílias para seguir Jesus7. E desta maneira, muitos outros o seguiram, dei- xando famílias, trabalho, afazeres e demais atividades para trás. O que estas pessoas viram em Jesus? Será que a mensagem e a forma simples de ser do Senhor Jesus convenceria um razoável grupo de pes- soas a segui-Lo? Para nós talvez fosse simples. Mas precisamos considerar que a população de Israel da época, mesmo com toda a expectativa da eminente vinda do Messias, ainda dependia de um sistema religioso que era extre- mamente rígido e opressor, mas com um histórico de 14 séculos! Gosto de citar que para os judeus, estudar a histó- ria do seu país e estudar a Palavra de Deus era a mesma coisa! O livro de história dos alunos na escola em Israel era o próprio Antigo Testamento! Nele estava relatado todo o propósito de Deus para com seu povo, as pro- 7 Mc 1:19-20 11.
  • 12. SÉRIE C ONHEÇA M AIS messas do seu futuro, os princípios e mandamentos a serem obedecidos. Além disso, a dura lição aprendida na época do Exílio estava registrada, tanto nos livros como na memória do povo. Nunca mais o povo queria ser aban- donado pelo seu Deus, por seguirem outros deuses. Não seria tarefa simples convencer qualquer judeu a abandonar suas convicções “religiosas” para mudar a sua crença. Ainda na região da Galiléia, Filipe aceitou o con- vite de seguir Jesus e a empolgação deste produziu mais um seguidor: Natanael8. Este apesar de incrédulo no início, rapidamente foi convencido pelo próprio Senhor Jesus, de que se tratava de uma empreitada com êxito garantido. Jesus estava começando a se manifestar como o Profeta9 que haveria de vir. Mas longe do resplendor de um Rei, Jesus, como o Messias se revelou de maneira simples e humilde, como o realizar de grandes milagres que livravam o 8 Jo 1:43-51 9 De acordo com Dt 18:15, o Senhor Deus levantaria outro profeta à semelhança de Moisés, que deveria ser ouvido. 12.
  • 13. UM DOS DOZE povo, não da opressão do Império Romano, mas das garras de espíritos malignos e da escravidão do pecado. O Cristo se manifestou como um grande Mestre da Palavra e não como um valente e guerreiro. A promessa que os primeiros discípulos recebe- ram foi a de serem feitos pescadores de homens e que seriam testemunhas da manifestação do Reino de Deus. Nenhuma recompensa, nenhum ganho extra, nada! Mas, um imenso privilégio – ser discípulo do Mestre dos Mestres. Durante os primeiros meses do ministério de Jesus e com o aumento da popularidade do Messias, através dos inúmeros milagres, podemos imaginar que o coração dos discípulos exultava com uma nova reali- dade para suas vidas extensiva para a própria nação de Israel. Ao serem enviados para pregar a mensagem do Reino de Deus, eles mesmos puderam experimentar o poder de Deus através das curas, libertações, milagres, etc.10 10 Mc 6:7-13 – por exemplo. 13.
  • 14. SÉRIE C ONHEÇA M AIS No coração de todos certamente reinava o senti- mento de êxito ministerial constante, sem a possibili- dade de derrota ou fracasso. Tudo indicava um crescimento do Reino de Deus sem precedentes na his- tória do povo judeu. E eles, os discípulos, homens sim- ples e rudes, sem a formação que seria considerada necessária para ocupar cargos importantes num reino, eram personagens essenciais no processo de estabeleci- mento do Reino de Deus. Quando tudo parecia, de fato, caminhar para o sucesso absoluto e a vitória final sobre o domínio do Império Romano e sobre a dominação do sistema reli- gioso vigente, o Senhor Jesus, juntamente com seus dis- cípulos retirou-se para um lugar distante do centro ministerial. 14.