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TEOLOGIA PÚBLICA: UMA APROXIMAÇÃO A PARTIR DO
CONFLITO ISRAEL-PALESTINO
Eduardo Sales de Lima*
**
Resumo: O objetivo desse artigo é propor uma aproximação à teologia pública a partir das
provocações do Pós-doutor Mitri Raheb. O contexto é a conflito Israel-palestino como se
apresenta, não apenas no contexto mundial, mas principalmente em Israel. Diante da
entrevista com Mitri Raheb concedida aos alunos da EST, em viagem de estudos culturais e
arqueológicos, percebe-se algumas aproximações sobre o debate Israel-palestino e teologia
pública. Em conclusão, a proposta do artigo é ampliar os horizontes do fazer teológico. Por
meio da teologia pública pretende-se conhecer o conflito Israel-palestino de uma perspectiva
mais justa, sem os extremismos religiosos e nacionalistas.
Palavras-chave: Conflito, Israel-Palestino, Teologia pública.
Considerações iniciais
Não há como estar em Israel sem perceber os impactos do conflito Israel-palestino. É
impressionante como vivemos a parte dessa realidade. Alienados. Será que em pleno século
XXI podemos viver isentos dessa realidade? Como a Igreja deve se posicionar diante desse
conflito? E a teologia? Será que a fé cristã acompanha os padrões de alienação seculares?
Apresento esse artigo como uma proposta de aproximação entre a teologia e o
conflito israel-palestino. Meu objetivo é superar a alienação e as lacunas produzidas pelas
diferenças culturais. Primeiro, essa tese apresenta um breve histórico para elucidação do
conflito israel-palestino. Em seguida são colocadas algumas provocações de Mitri Raheb. O
histórico e as provocações abrem a possibilidade de rever a forma de ver a bíblia, a fé e a
teologia cristãs apelando para a necessidade de construir uma interpretação pública da
teologia.
*
Eduardo Sales de Lima ... E-mail: cetad@pop.com.br.
**
Histórico do Conflito
As tensões entre judeus e árabes começaram a partir da década de 18901
. Com o inicio
do movimento sionista e com a migração de judeus da Europa para a Palestina. Para ter uma
idéia, no meio do século XIX, a Palestina era composta de aproximadamente 500 mil
habitantes, sendo que 350 mil eram árabes, 80 mil judeus, e outros grupos diversos2
. Em
1917, surge a declaração de Balfour, que encara o estabelecimento de judeus na palestina
como um lar nacional. Essa afirmação alarmou os árabes que, em 1918, foram confortados
com a promessa de não prejudicar os direitos civis e religiosos dos não-judeus. Em 1919 foi
assinado um acordo de cooperação árabe e judaica para o desenvolvimento da terra de Israel.
Mas como as promessas não foram cumpridas, iniciou em 1920 a oposição árabe e a
organização da defesa judaica. Começam vários atentados, 1920 Nebi Musa, 1921 Jaffa, um
dos mais marcantes foi o massacre de Hebron em 1929. Diversos outros atentados
percorreram os anos 30 e 40.
Em 29 de novembro de 1947 a recém-criada ONU, através da resolução 181, propõe a
divisão do pais em dois estados, um árabe e um judeu. A divisão passava aos judeus 55% do
território, sendo que 60% seria o deserto. Apenas os judeus aceitaram e em 14 de maio de
1948, declararam a independência do país de Israel. Esse fato marcou o inicio da guerra
árabe-israelense com a intenção de afirmar um estado palestino unido em oposição ao estão
duplo. Essa guerra árabe-israelense e a guerra dos seis dias culminaram na assinatura de um
acordo que formalizou o controle israelita inclusive da área alocada ao estado árabe3
.
A ONU estima que cerca de 711.000 árabes tornaram-se refugiados (principalmente
em Gaza) por causa do conflito4
. Como não foram aceitos por países árabes e nem puderam
retornar para suas casas, os árabes-palestinos se auto-constituíram povo e passaram a exigir o
seu retorno para suas antigas casas. Até o fim das guerras cerca de 700.000 judeus foram
expulsos dos países árabes e cerca de dois terços desse número se deslocaram para os campos
de refugiados de Israel.
De 1950-67 Israel foi atacado por militantes da faixa de Gaza e conflitos com Egito.
Após esse período começam ondas de ataques de grupos autônomos para libertar a palestina
(1960-70). Em 1973 começa a guerra de Yom Kippur e em 1977-1979 é assinado um tratado
de paz entre Israel e Egito5
. Em 1982 Israel invade o Libano e ataca Yasser Arafat, morrem
1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
4
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
5
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
20.000 libaneses. Em 1987 começa um levante Palestino de violência em todos os territórios
ocupados, mais de mil pessoas foram mortas.
Em 1993 um acordo de paz cria a Autoridade Palestina, sob comando de Yasser
Arafat, mas nunca foi cumprido por ambas as partes. Em 1999 Bill Clinton tentou
negociações com Yasser Arafat e Ehud Barak, mas fracassaram e iniciou nova onda de
atentados, estima-se o numero de mortos em 3.396 palestinos e 994 israelenses6
.
Em 2001 Ariel Sharon foi escolhido primeiro ministro de Israel. Iniciou plano de
retirada da Faixa de Gaza, liderou a construção da barreira israelense na Cisjordania e foi
rígido contra os ataques terroristas. Em 2004 morre Arafat, Israel evacuou os postos
avançados em Gaza e apesar da soberania os palestinos entraram em conflito e o Hamas
(grupo terrorista fundamentalista) tomou o poder na faixa de Gaza7
e paralisam as
negociações de paz.
Em 2006 o Hamas é eleito democraticamente e obtém a maioria no parlamento
palestino. No final de dezembro de 2008 o cessar fogo acabou após Israel ser atacados por
mísseis disparados de Gaza. Israel respondeu com intensos ataques aéreos. Em 3 de janeiro de
2009 Israel entra em Gaza por terra, mas o Hamas manteve o controle da região.
Em 2010, novos conflitos com o anuncio da construção de 1600 casas para judeus no
território reivindicado pelos palestinos como sua capital8
. Em 19 de maio de 2011, Barack
Obama pediu a israelenses e palestinos que fizessem concessões e criassem o Estado
Palestino. Em agosto de 2011 Israel dá aprovação final para construção das 1600 moradias na
Jerusalém Oriental.
O conflito não se resolve. Diversos atentados continuam acontecendo como o de 19 de
novembro de 2012, onde pelo menos 90 palestinos foram mortos e mais de 700 feridos. Os
ataques se intensificaram e duraram mais de uma semana. Foi estabelecida uma trégua, mas
os conflitos continuam, assim como as tentativas de negociações de paz9
.
Provocações
Em entrevista concedida em 28 de outubro, na cidade de Belém/Israel, ao grupo de
estudos arqueológicos da EST, por Mitri Raheb, presidente do Synod of the Evangelical
Lutheran Church in Jordan & The Holy Land, fundador e presidente do Dar al-Kalima
6
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
7
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
8
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/09/entenda-os-conflitos-entre-israel-e-palestina.html
9
http://exame.abril.com.br/tags/conflito-arabe-israelense?page=2
College, Pós-Doutor pelo Hartford Seminary e Doutor em Teologia pela Philipps University
Marburg/Alemanha. Pastor luterano, escritor de diversos artigos em que propõe aproximações
entre o povo e cultura palestina com a Bíblia, teologia e o mundo cristão. Nessa entrevista
após uma introdução sobre o conflito Israel-Palestino e sua experiência entre árabes e
palestinos, o entrevistado apresentou uma série de idéias e aproximações à teologia e
interpretação bíblicas. Suas provocações podem ser resumidas em duas questões:
1. Quem são os Palestinos? O entrevistado apresenta uma compreensão ampla do
povo palestino. Fez uma ligação dos palestinos com os excluídos da Bíblia.
Propôs um retorno a leitura bíblica e identificou os palestinos com os cananitas,
com os judeus e com a igreja. Para ele os evangelhos são relatos do povo palestino:
o povo que pergunta por Deus. As pessoas que Jesus atendeu eram palestinos, não
simplesmente judeus e gentios. Cananitas e Palestinos são os legítimos donos da
terra, por isso não é justo que sejam excluídos simplesmente por preceitos
religiosos. É um povo invadido, que ao longo de sua história foi subjugado e desde
então anseia por sua terra. Não são os Judeus, não são os Gentios, são os
Palestinos. Sua terra e sua história devem ser lidas como um quinto e sexto
evangelhos.
2. Como a teologia vê o conflito israel-palestino? Foi apresentada uma crítica a visão
teológica da Igreja na Europa e Américas. Nesses pólos foi desenvolvida uma
tendência, principalmente nos púlpitos pentecostais, de olhar apenas para Israel
como cidade santa e para o judeus como povo de Deus. Liga-se o Israel bíblico
com o estado de Israel atual, validando a promessa da terra, como se a palestina
fosse um local desabitado. Substituem os palestinos pelos judeus ao contar a
historia de apenas um povo. Essa é a visão imperialista: não vê pessoas, não vê os
simples, não vê os outros povos. É uma teologia a serviço do privado, a serviço do
imperialismo. O entrevistado vê o povo palestino como explorados e invadidos,
são as ovelhas, enquanto que Israel é o leão, por isso só haverá paz quando o leão
deitar-se com a ovelha e isso só vai acontecer se o leão virar vegetariano.
3. O antigo testamento apresenta uma clara teologia de unificação, estratificação,
exclusão e separação. (Faz uma leitura desde Abel e Caim, sobre as hegemonias e
o povo até o novo testamento10
) No NT Jesus rompe com essa teologia. Rompe
com o nacionalismo. Inclui samaritanos, pecadores, cobradores de impostos,
publicanos, marginalizados, etc... Com essa inclusão, Jesus vincula diferentes
grupos à terra. Esse é o pré-requisito para a paz.
As provocações são muito relevantes, pois, propõe uma aproximação com a atual
discussão sobre teologia pública.
Teologia Pública
Em primeiro lugar é preciso situar o local e compreender o significado de teologia
publica. Sugere-se o início dessa teologia a partir do contexto norte-americano, mas,
independente das diferenças, entende-se que o conceito de esfera pública sempre esteve
presente na Igreja. Entretanto, em nossos dias a teologia desenvolveu uma grande
“dependência” das confissões de fé e das estruturas eclesiais. De forma simplória, pode-se
afirmar que esse movimento eclesiocêntrico abandonou a teologia pública e voltou-se para o
privado, para o particular. A reflexão concentrou-se em “produzir teologia para dentro da
comunidade de fé e nunca, com raras exceções, para fora.”11
“Pois a teologia é, normalmente, entendida como “coisa de igreja” e por isso privada,
ou seja, ela não é pública e se a teologia passa, ou pretende ser pública, então ela passa
a ser teologia política, religião pública ou mesmo religião civil e, neste caso, ela
estaria, aparentemente, contrariando sua função, a princípio única, a de servir à
igreja”12
.
A teologia pública não é um mistério para “poucos iniciados, ou restrita a pequenos
grupos ou classes sociais”13
. O cristianismo, embora possua características que reivindicam
publicidade, sempre se depara com duas alternativas: A primeira trata do ficar quieto e
10
http://www.mitriraheb.org/index.php?option=com_content&view=article&id=363:shaping-
communities-in-times-of-crises&catid=33:english&Itemid=20
11
GONÇALVES, Alonso. Teologia Pública: entre a construção e a possibilidade prática de um discurso.
Ciberteologia: revista de Teologia e Cultura, oline, n. 38, p. 63-76, 2012a. Disponível em:
<http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/downloads/2012/03/04-Teologia-
Publica.pdf>. Acesso em 9 abr. 2012.
12
CONGRESSO INTERNACIONAL DA FACULDADES EST, 1., 2012, São Leopoldo. Anais do Congresso
Internacional da Faculdades EST. São Leopoldo: EST, v. 1, 2012. | p.1521-1538
13
MAJEWSKI, Rodrigo Gonçalves. Assembleia de Deus e a teologia pública: O discurso pentecostal no
espaço público. São Leopoldo: EST/PPG, 2010. 97 fl. Dissertação (Mestrado em Teologia). Disponível em:
<http://tede.est.edu.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=253>. Acesso em: 21 ago. 2012. p. 12.
acomodar-se. Aliar-se ao poder, como ocorreu na era constantiniana14
. A segunda é a opção
de publicidade da mensagem. A postura dos mártires e testemunhos da igreja. Esta foi a
característica da atuação e fala de Jesus. “ [...] sempre falou com franqueza, em público, mas
nunca procurando o poder nem usando armas ou outra forma de coerção”15
. Por isso é preciso
entender que “toda teologia é teologia pública”16
.
Esse é o foco da igreja. A provocação de Mitri Raheb, mais que tratar a questão da
palestina, trata da igreja e de seu fazer teológico. É uma crítica inclusive à forma de ser igreja.
O conflito Israel-palestino e diversos outros problemas mundiais como a mortalidade no
trânsito ou como a dificuldade de erradicar a fome no mundo devem voltar á baila teológica,
devem tornar-se a razão do fazer teológico. Parafraseando Enio R. Muller, não da para fazer
teologia centrada em si mesma, sem pensar no outro. Não dá para fazer teologia sem
considerar o acontecido em Auschwitz.
As provocações de Mitri Raheb diante da teologia pública revelam como o
pensamento torna-se cativo de cadeias institucionais. Como facilmente a interpretação é
conduzida pela parcialidade, pelas instituições, pelo privado esquecendo-se do público. Como
diante do conflito facilmente somos conduzidos a orar por Israel e esquecer dos palestinos.
Em seu discurso, Mitri Raheb, afirmou que os palestinos tem tanta legitimação quanto os
judeus. Ele identificou, muito acertadamente, o povo palestino com o contexto bíblico de
ocupação. Foi para esse povo que Jesus e os evangelhos se dirigiram. Mas porque nossas
leituras enxergam apenas os judeus e os gentios? Segundo o entrevistado isso é o resultado de
uma ideologia imperialista, senhora dos meios de comunicação, que não dita apenas os
padrões mundiais, mas também os olhares da igreja, tanto na Europa quanto na América.
Outro resultado das provocações de Mitri Raheb foi a identificação dos palestinos com
o povo a quem Jesus e os evangelhos foram dirigidos. Ele interpretou estes como um
desenvolvimento do povo bíblico. Na entrevista era visível seu esforço para legitimar a
sacralidade do povo palestino como a sacralidade do povo judeu. Assim, mais que
argumentos para vincular os palestinos ao povo bíblico, ficou clara a necessidade de uma
teologia pública, que não vincule apenas os judeus como povo de Deus, como herdeiros da
terra, mas que, as pisadas do evangelho de Lucas17
vincule todos como filhos de Deus. O
14
SINNER, Rudolf von. Apresentação. In: CAVALCANTE, Ronaldo. A cidade e o gueto: Introdução a uma
Teologia Pública protestante. São Paulo: Fonte Editorial, 2010. p.13-14.
15
SINNER, Rudolf von. Apresentação. In: CAVALCANTE, Ronaldo. A cidade e o gueto: Introdução a uma
Teologia Pública protestante. São Paulo: Fonte Editorial, 2010. p.13-14.
16
TRACY, David. A imaginação analógica: A teologia cristã e a cultura do pluralismo. São Leopoldo:
Unisinos, 2006, p.19.
17
Na genealogia de Jesus todos foram feitos filhos de Adão e filhos de Deus Lc 3:23-38
discurso imperialista parece ver apenas os de nobre nascimento. Esse discurso em que apenas
os judeus são considerados filhos de Deus é oposto ao que os evangelhos revelam ao narrar
Jesus em um nascimento humilde. O discurso elitizado e exclusivista está principalmente em
círculos pentecostais e de escatologia dispensacionalista, muito embora Mitri Raheb tenha
afirmado que até os liberais e histórico-criticos façam essa leitura unilateral, ou seja, privada.
Por isso, diante do conflito israel-palestino, surge a necessidade de pensar teologia
fora de parâmetros privados. Mais que uma crise política-religiosa é crise de interpretações
privadas e absolutistas. O discurso de Mitri Raheb é uma apelo aos teólogos para fazer
teologia relevante, que tenha no outro o centro de seu discurso. Teologia livre das amarras
imperialistas, classicistas e exclusivistas. Teologia capaz de aproximar o discurso bíblico da
realidade, capaz de interferir e construir políticas públicas condizentes com a fé cristã. Por
isso, não é mais possível pensar teologia em esfera privada, egoísta e alienada. A teologia
para cumprir os propósitos bíblicos deve ser pública.
Considerações finais
Primeiro, as provocações de Mitri Raheb são um apelo contra a teologia privada e um
desafio a teologia pública. A teologia pública representa a libertação do pensar teológico das
cadeias dogmáticas e doutrinárias das denominações e suas preocupações privadas. É a
oportunidade de diálogo e construção a partir da interação com a sociedade. Em vista desse
desafio, o conflito Israel-palestino tem um alcance muito maior, o da interpretação da vida.
Em segundo lugar as palavras de Raheb revelam que não há solução objetiva como
uma receita de bolo, principalmente e um mundo dominado pelas estruturas imperialistas. Por
isso tornam-se um apelo contra a alienação. Não há solução enquanto o mundo,
principalmente enquanto os pregadores da paz pensarem apenas em seus próprios problemas e
sua realidade. Assim, as plavras de Mitri Raheb, são um apelo para entender que não existe
teologia inocente, mas que o forte e o fraco estão por trás de todo discurso. São uma
provocação para que os cristãos e o mundo parem de construir muros de separação e exclusão
e comecem a perceber e interceder pela necessidade dos fracos.
Em terceiro lugar as provocações de Raheb são um apelo para que a igreja pare de
fazer teologia para dentro, pare de viver apenas em função de si mesma e assuma o chamado
de Jesus de ser para o outro. Como bem afirmou Dietrich Bonhoeffer, a igreja só é igreja
quando é para o outro!

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Teologia pública uma aproximação a aprtir da crise judeu-palestina

  • 1. TEOLOGIA PÚBLICA: UMA APROXIMAÇÃO A PARTIR DO CONFLITO ISRAEL-PALESTINO Eduardo Sales de Lima* ** Resumo: O objetivo desse artigo é propor uma aproximação à teologia pública a partir das provocações do Pós-doutor Mitri Raheb. O contexto é a conflito Israel-palestino como se apresenta, não apenas no contexto mundial, mas principalmente em Israel. Diante da entrevista com Mitri Raheb concedida aos alunos da EST, em viagem de estudos culturais e arqueológicos, percebe-se algumas aproximações sobre o debate Israel-palestino e teologia pública. Em conclusão, a proposta do artigo é ampliar os horizontes do fazer teológico. Por meio da teologia pública pretende-se conhecer o conflito Israel-palestino de uma perspectiva mais justa, sem os extremismos religiosos e nacionalistas. Palavras-chave: Conflito, Israel-Palestino, Teologia pública. Considerações iniciais Não há como estar em Israel sem perceber os impactos do conflito Israel-palestino. É impressionante como vivemos a parte dessa realidade. Alienados. Será que em pleno século XXI podemos viver isentos dessa realidade? Como a Igreja deve se posicionar diante desse conflito? E a teologia? Será que a fé cristã acompanha os padrões de alienação seculares? Apresento esse artigo como uma proposta de aproximação entre a teologia e o conflito israel-palestino. Meu objetivo é superar a alienação e as lacunas produzidas pelas diferenças culturais. Primeiro, essa tese apresenta um breve histórico para elucidação do conflito israel-palestino. Em seguida são colocadas algumas provocações de Mitri Raheb. O histórico e as provocações abrem a possibilidade de rever a forma de ver a bíblia, a fé e a teologia cristãs apelando para a necessidade de construir uma interpretação pública da teologia. * Eduardo Sales de Lima ... E-mail: cetad@pop.com.br. **
  • 2. Histórico do Conflito As tensões entre judeus e árabes começaram a partir da década de 18901 . Com o inicio do movimento sionista e com a migração de judeus da Europa para a Palestina. Para ter uma idéia, no meio do século XIX, a Palestina era composta de aproximadamente 500 mil habitantes, sendo que 350 mil eram árabes, 80 mil judeus, e outros grupos diversos2 . Em 1917, surge a declaração de Balfour, que encara o estabelecimento de judeus na palestina como um lar nacional. Essa afirmação alarmou os árabes que, em 1918, foram confortados com a promessa de não prejudicar os direitos civis e religiosos dos não-judeus. Em 1919 foi assinado um acordo de cooperação árabe e judaica para o desenvolvimento da terra de Israel. Mas como as promessas não foram cumpridas, iniciou em 1920 a oposição árabe e a organização da defesa judaica. Começam vários atentados, 1920 Nebi Musa, 1921 Jaffa, um dos mais marcantes foi o massacre de Hebron em 1929. Diversos outros atentados percorreram os anos 30 e 40. Em 29 de novembro de 1947 a recém-criada ONU, através da resolução 181, propõe a divisão do pais em dois estados, um árabe e um judeu. A divisão passava aos judeus 55% do território, sendo que 60% seria o deserto. Apenas os judeus aceitaram e em 14 de maio de 1948, declararam a independência do país de Israel. Esse fato marcou o inicio da guerra árabe-israelense com a intenção de afirmar um estado palestino unido em oposição ao estão duplo. Essa guerra árabe-israelense e a guerra dos seis dias culminaram na assinatura de um acordo que formalizou o controle israelita inclusive da área alocada ao estado árabe3 . A ONU estima que cerca de 711.000 árabes tornaram-se refugiados (principalmente em Gaza) por causa do conflito4 . Como não foram aceitos por países árabes e nem puderam retornar para suas casas, os árabes-palestinos se auto-constituíram povo e passaram a exigir o seu retorno para suas antigas casas. Até o fim das guerras cerca de 700.000 judeus foram expulsos dos países árabes e cerca de dois terços desse número se deslocaram para os campos de refugiados de Israel. De 1950-67 Israel foi atacado por militantes da faixa de Gaza e conflitos com Egito. Após esse período começam ondas de ataques de grupos autônomos para libertar a palestina (1960-70). Em 1973 começa a guerra de Yom Kippur e em 1977-1979 é assinado um tratado de paz entre Israel e Egito5 . Em 1982 Israel invade o Libano e ataca Yasser Arafat, morrem 1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino 2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino 3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino 4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino 5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino
  • 3. 20.000 libaneses. Em 1987 começa um levante Palestino de violência em todos os territórios ocupados, mais de mil pessoas foram mortas. Em 1993 um acordo de paz cria a Autoridade Palestina, sob comando de Yasser Arafat, mas nunca foi cumprido por ambas as partes. Em 1999 Bill Clinton tentou negociações com Yasser Arafat e Ehud Barak, mas fracassaram e iniciou nova onda de atentados, estima-se o numero de mortos em 3.396 palestinos e 994 israelenses6 . Em 2001 Ariel Sharon foi escolhido primeiro ministro de Israel. Iniciou plano de retirada da Faixa de Gaza, liderou a construção da barreira israelense na Cisjordania e foi rígido contra os ataques terroristas. Em 2004 morre Arafat, Israel evacuou os postos avançados em Gaza e apesar da soberania os palestinos entraram em conflito e o Hamas (grupo terrorista fundamentalista) tomou o poder na faixa de Gaza7 e paralisam as negociações de paz. Em 2006 o Hamas é eleito democraticamente e obtém a maioria no parlamento palestino. No final de dezembro de 2008 o cessar fogo acabou após Israel ser atacados por mísseis disparados de Gaza. Israel respondeu com intensos ataques aéreos. Em 3 de janeiro de 2009 Israel entra em Gaza por terra, mas o Hamas manteve o controle da região. Em 2010, novos conflitos com o anuncio da construção de 1600 casas para judeus no território reivindicado pelos palestinos como sua capital8 . Em 19 de maio de 2011, Barack Obama pediu a israelenses e palestinos que fizessem concessões e criassem o Estado Palestino. Em agosto de 2011 Israel dá aprovação final para construção das 1600 moradias na Jerusalém Oriental. O conflito não se resolve. Diversos atentados continuam acontecendo como o de 19 de novembro de 2012, onde pelo menos 90 palestinos foram mortos e mais de 700 feridos. Os ataques se intensificaram e duraram mais de uma semana. Foi estabelecida uma trégua, mas os conflitos continuam, assim como as tentativas de negociações de paz9 . Provocações Em entrevista concedida em 28 de outubro, na cidade de Belém/Israel, ao grupo de estudos arqueológicos da EST, por Mitri Raheb, presidente do Synod of the Evangelical Lutheran Church in Jordan & The Holy Land, fundador e presidente do Dar al-Kalima 6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino 7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_israelo-palestino 8 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/09/entenda-os-conflitos-entre-israel-e-palestina.html 9 http://exame.abril.com.br/tags/conflito-arabe-israelense?page=2
  • 4. College, Pós-Doutor pelo Hartford Seminary e Doutor em Teologia pela Philipps University Marburg/Alemanha. Pastor luterano, escritor de diversos artigos em que propõe aproximações entre o povo e cultura palestina com a Bíblia, teologia e o mundo cristão. Nessa entrevista após uma introdução sobre o conflito Israel-Palestino e sua experiência entre árabes e palestinos, o entrevistado apresentou uma série de idéias e aproximações à teologia e interpretação bíblicas. Suas provocações podem ser resumidas em duas questões: 1. Quem são os Palestinos? O entrevistado apresenta uma compreensão ampla do povo palestino. Fez uma ligação dos palestinos com os excluídos da Bíblia. Propôs um retorno a leitura bíblica e identificou os palestinos com os cananitas, com os judeus e com a igreja. Para ele os evangelhos são relatos do povo palestino: o povo que pergunta por Deus. As pessoas que Jesus atendeu eram palestinos, não simplesmente judeus e gentios. Cananitas e Palestinos são os legítimos donos da terra, por isso não é justo que sejam excluídos simplesmente por preceitos religiosos. É um povo invadido, que ao longo de sua história foi subjugado e desde então anseia por sua terra. Não são os Judeus, não são os Gentios, são os Palestinos. Sua terra e sua história devem ser lidas como um quinto e sexto evangelhos. 2. Como a teologia vê o conflito israel-palestino? Foi apresentada uma crítica a visão teológica da Igreja na Europa e Américas. Nesses pólos foi desenvolvida uma tendência, principalmente nos púlpitos pentecostais, de olhar apenas para Israel como cidade santa e para o judeus como povo de Deus. Liga-se o Israel bíblico com o estado de Israel atual, validando a promessa da terra, como se a palestina fosse um local desabitado. Substituem os palestinos pelos judeus ao contar a historia de apenas um povo. Essa é a visão imperialista: não vê pessoas, não vê os simples, não vê os outros povos. É uma teologia a serviço do privado, a serviço do imperialismo. O entrevistado vê o povo palestino como explorados e invadidos, são as ovelhas, enquanto que Israel é o leão, por isso só haverá paz quando o leão deitar-se com a ovelha e isso só vai acontecer se o leão virar vegetariano. 3. O antigo testamento apresenta uma clara teologia de unificação, estratificação, exclusão e separação. (Faz uma leitura desde Abel e Caim, sobre as hegemonias e
  • 5. o povo até o novo testamento10 ) No NT Jesus rompe com essa teologia. Rompe com o nacionalismo. Inclui samaritanos, pecadores, cobradores de impostos, publicanos, marginalizados, etc... Com essa inclusão, Jesus vincula diferentes grupos à terra. Esse é o pré-requisito para a paz. As provocações são muito relevantes, pois, propõe uma aproximação com a atual discussão sobre teologia pública. Teologia Pública Em primeiro lugar é preciso situar o local e compreender o significado de teologia publica. Sugere-se o início dessa teologia a partir do contexto norte-americano, mas, independente das diferenças, entende-se que o conceito de esfera pública sempre esteve presente na Igreja. Entretanto, em nossos dias a teologia desenvolveu uma grande “dependência” das confissões de fé e das estruturas eclesiais. De forma simplória, pode-se afirmar que esse movimento eclesiocêntrico abandonou a teologia pública e voltou-se para o privado, para o particular. A reflexão concentrou-se em “produzir teologia para dentro da comunidade de fé e nunca, com raras exceções, para fora.”11 “Pois a teologia é, normalmente, entendida como “coisa de igreja” e por isso privada, ou seja, ela não é pública e se a teologia passa, ou pretende ser pública, então ela passa a ser teologia política, religião pública ou mesmo religião civil e, neste caso, ela estaria, aparentemente, contrariando sua função, a princípio única, a de servir à igreja”12 . A teologia pública não é um mistério para “poucos iniciados, ou restrita a pequenos grupos ou classes sociais”13 . O cristianismo, embora possua características que reivindicam publicidade, sempre se depara com duas alternativas: A primeira trata do ficar quieto e 10 http://www.mitriraheb.org/index.php?option=com_content&view=article&id=363:shaping- communities-in-times-of-crises&catid=33:english&Itemid=20 11 GONÇALVES, Alonso. Teologia Pública: entre a construção e a possibilidade prática de um discurso. Ciberteologia: revista de Teologia e Cultura, oline, n. 38, p. 63-76, 2012a. Disponível em: <http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/downloads/2012/03/04-Teologia- Publica.pdf>. Acesso em 9 abr. 2012. 12 CONGRESSO INTERNACIONAL DA FACULDADES EST, 1., 2012, São Leopoldo. Anais do Congresso Internacional da Faculdades EST. São Leopoldo: EST, v. 1, 2012. | p.1521-1538 13 MAJEWSKI, Rodrigo Gonçalves. Assembleia de Deus e a teologia pública: O discurso pentecostal no espaço público. São Leopoldo: EST/PPG, 2010. 97 fl. Dissertação (Mestrado em Teologia). Disponível em: <http://tede.est.edu.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=253>. Acesso em: 21 ago. 2012. p. 12.
  • 6. acomodar-se. Aliar-se ao poder, como ocorreu na era constantiniana14 . A segunda é a opção de publicidade da mensagem. A postura dos mártires e testemunhos da igreja. Esta foi a característica da atuação e fala de Jesus. “ [...] sempre falou com franqueza, em público, mas nunca procurando o poder nem usando armas ou outra forma de coerção”15 . Por isso é preciso entender que “toda teologia é teologia pública”16 . Esse é o foco da igreja. A provocação de Mitri Raheb, mais que tratar a questão da palestina, trata da igreja e de seu fazer teológico. É uma crítica inclusive à forma de ser igreja. O conflito Israel-palestino e diversos outros problemas mundiais como a mortalidade no trânsito ou como a dificuldade de erradicar a fome no mundo devem voltar á baila teológica, devem tornar-se a razão do fazer teológico. Parafraseando Enio R. Muller, não da para fazer teologia centrada em si mesma, sem pensar no outro. Não dá para fazer teologia sem considerar o acontecido em Auschwitz. As provocações de Mitri Raheb diante da teologia pública revelam como o pensamento torna-se cativo de cadeias institucionais. Como facilmente a interpretação é conduzida pela parcialidade, pelas instituições, pelo privado esquecendo-se do público. Como diante do conflito facilmente somos conduzidos a orar por Israel e esquecer dos palestinos. Em seu discurso, Mitri Raheb, afirmou que os palestinos tem tanta legitimação quanto os judeus. Ele identificou, muito acertadamente, o povo palestino com o contexto bíblico de ocupação. Foi para esse povo que Jesus e os evangelhos se dirigiram. Mas porque nossas leituras enxergam apenas os judeus e os gentios? Segundo o entrevistado isso é o resultado de uma ideologia imperialista, senhora dos meios de comunicação, que não dita apenas os padrões mundiais, mas também os olhares da igreja, tanto na Europa quanto na América. Outro resultado das provocações de Mitri Raheb foi a identificação dos palestinos com o povo a quem Jesus e os evangelhos foram dirigidos. Ele interpretou estes como um desenvolvimento do povo bíblico. Na entrevista era visível seu esforço para legitimar a sacralidade do povo palestino como a sacralidade do povo judeu. Assim, mais que argumentos para vincular os palestinos ao povo bíblico, ficou clara a necessidade de uma teologia pública, que não vincule apenas os judeus como povo de Deus, como herdeiros da terra, mas que, as pisadas do evangelho de Lucas17 vincule todos como filhos de Deus. O 14 SINNER, Rudolf von. Apresentação. In: CAVALCANTE, Ronaldo. A cidade e o gueto: Introdução a uma Teologia Pública protestante. São Paulo: Fonte Editorial, 2010. p.13-14. 15 SINNER, Rudolf von. Apresentação. In: CAVALCANTE, Ronaldo. A cidade e o gueto: Introdução a uma Teologia Pública protestante. São Paulo: Fonte Editorial, 2010. p.13-14. 16 TRACY, David. A imaginação analógica: A teologia cristã e a cultura do pluralismo. São Leopoldo: Unisinos, 2006, p.19. 17 Na genealogia de Jesus todos foram feitos filhos de Adão e filhos de Deus Lc 3:23-38
  • 7. discurso imperialista parece ver apenas os de nobre nascimento. Esse discurso em que apenas os judeus são considerados filhos de Deus é oposto ao que os evangelhos revelam ao narrar Jesus em um nascimento humilde. O discurso elitizado e exclusivista está principalmente em círculos pentecostais e de escatologia dispensacionalista, muito embora Mitri Raheb tenha afirmado que até os liberais e histórico-criticos façam essa leitura unilateral, ou seja, privada. Por isso, diante do conflito israel-palestino, surge a necessidade de pensar teologia fora de parâmetros privados. Mais que uma crise política-religiosa é crise de interpretações privadas e absolutistas. O discurso de Mitri Raheb é uma apelo aos teólogos para fazer teologia relevante, que tenha no outro o centro de seu discurso. Teologia livre das amarras imperialistas, classicistas e exclusivistas. Teologia capaz de aproximar o discurso bíblico da realidade, capaz de interferir e construir políticas públicas condizentes com a fé cristã. Por isso, não é mais possível pensar teologia em esfera privada, egoísta e alienada. A teologia para cumprir os propósitos bíblicos deve ser pública. Considerações finais Primeiro, as provocações de Mitri Raheb são um apelo contra a teologia privada e um desafio a teologia pública. A teologia pública representa a libertação do pensar teológico das cadeias dogmáticas e doutrinárias das denominações e suas preocupações privadas. É a oportunidade de diálogo e construção a partir da interação com a sociedade. Em vista desse desafio, o conflito Israel-palestino tem um alcance muito maior, o da interpretação da vida. Em segundo lugar as palavras de Raheb revelam que não há solução objetiva como uma receita de bolo, principalmente e um mundo dominado pelas estruturas imperialistas. Por isso tornam-se um apelo contra a alienação. Não há solução enquanto o mundo, principalmente enquanto os pregadores da paz pensarem apenas em seus próprios problemas e sua realidade. Assim, as plavras de Mitri Raheb, são um apelo para entender que não existe teologia inocente, mas que o forte e o fraco estão por trás de todo discurso. São uma provocação para que os cristãos e o mundo parem de construir muros de separação e exclusão e comecem a perceber e interceder pela necessidade dos fracos. Em terceiro lugar as provocações de Raheb são um apelo para que a igreja pare de fazer teologia para dentro, pare de viver apenas em função de si mesma e assuma o chamado de Jesus de ser para o outro. Como bem afirmou Dietrich Bonhoeffer, a igreja só é igreja quando é para o outro!