Esta crônica descreve as "profissões exóticas" exercidas pelos mais pobres no Rio de Janeiro no início do século XX para sobreviver, incluindo os tatuadores. Ela explica como a tatuagem era usada para registrar histórias, crenças e paixões das pessoas e como diferentes grupos tinham estilos de tatuagem distintos. A crônica também descreve a hierarquia entre os tatuadores e como a dor da remoção de uma tatuagem pode aliviar outra dor.
1. A alma encantadora das ruas.Autor: João do Rio Goiânia, 08 de Junho de 2011 Alunas: Ingrid Cristina e Maite Barra. Professora: Malu
2. Crônica escolhida: “Pequenas Profissões”. Foi primeiramente publicada em 1904, no jornal A Gazeta de Notícias, sob o título de Profissões Exóticas. Essa crônica pretende figurativizar como as relações de poder ocorrem com as pessoas das ruas do Rio de Janeiro.
3. Para tal, o autor aborda as profissões (exóticas ou subempregos) que podiam ser encontrados na cidade, ou seja, são mostradas as estratégias (financeiras, econômicas) empregadas pelas pessoas mais pobres a fim de sobreviverem naquele local, num regime capitalista.
4. Para atingir seu objetivo, o cronista mostra como no cenário maravilhoso, natural e rico do Rio de Janeiro convivem pessoas de todas as espécies, que lutam pela sobrevivência exercendo atividades não reconhecidas, desvalorizadas e que, muitas vezes, nem são percebidas pelos mais abastados.
5. Crônica escolhida: “Os Tatuadores” E dentre as várias formas de constituir discursos tendo como veículo, suporte e texto o corpo, destaca-se, em João do Rio, a tatuagem. Pois, nas palavras do próprio cronista, a “tatuagem é a inviolabilidade do corpo e a história das paixões” . Dessa forma, o cronista reconstitui por meio da leitura destes corpos inviolados o registro de paixões, preferências religiosas e governamentais.
6. O narrador, de início, já se coloca como um observador da vida cotidiana em especial, nessa crônica, da ação dos tatuadores. Após narrar a abordagem começa a refletir sobre a tatuagem. Nessa parte a crônica é altamente lingüística. A tatuagem como registro: história, amor, crenças, alegrias, ódio etc. Ela é a exteriorização daquilo que a alma carrega.“As meretrizes e os criminosos nesse meio de becos e de facadas têm indeléveis idéias de perversidade e de amor. Um corpo desses nu, é um estudo social.”
7. O narrador divide as tatuagens do Rio de Janeiro em três tipos: Dos negros – crença religiosa e servilismo Dos turcos – ícones representativos da cultura e da crença Da classe baixa – como é grupo numeroso e bem diverso as tatuagens também diversificam bastante.
8. Com o aumento da clientela, a arte da tatuagem transformou-se em uma indústria com certa hierarquia. Exemplo o Madruga – chefe dos marcadores ambulantes. O seu próprio corpo é emblemático. Domina a técnica para apagar a tatuagem, muito útil na troca de amores. A dor do processo apaga a outra dor. Cada tipo de tatuagem tem sua significação, o que de uma forma ou de outra acaba criando os grupos – o que hoje modernamente chamamos de tribos.
9. Ao final o narrador, dialogando com o pequeno marcador do início da crônica, surpreende-se sobre o montante conseguido com o seu trabalho. Uma observação importante nessa crônica é o multifacetamento da cidade – a cidade de todos que vai perdendo a identidade, ou criando uma nova.