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Ao Chef José Avillez
Restaurante Belcanto
CANCELE A SUA PARTICIPAÇÃO NO ROUND TABLES TOUR
- TIRE O APARTHEID DO SEU MENU -
 
  
Nós, os grupos da sociedade civil signatários, escrevemos-lhe em relação à sua
participação no Round Tables Tour, evento de culinária que terá lugar em
Telavive de 8 a 26 de Novembro de 2016. Apelamos a que reconsidere a sua
participação nesta iniciativa que visa usar a haute cuisine para mascarar a
recusa por parte de Israel dos direitos básicos na Palestina.
 
Apenas há pouco mais de um ano atrás, tanques israelitas, caças e
embarcações armadas estavam a atacar a cercada Faixa de Gaza, matando
cerca de 2100 palestinianos, dos quais mais de 500 eram crianças, apenas no
último dos que tragicamente se têm tornado massacres rotineiros levados a
cabo pelas forças armadas israelitas. Assim como casas, hospitais, escolas e
fábricas, os ataques israelitas destruíram campos, estufas, poços de água,
pomares, colheitas e gado .1
 
Os snipers do exército israelita disparam periodicamente sobre os agricultores
palestinianos em Gaza e as incursões militares frequentes destroem as
colheitas.
 
O Centro Palestiniano pelos Direitos Humanos documentou 534 incursões
terrestres e casos de disparos entre 2006 e 2013, que mataram 176 civis e
feriram 751 . Documentos obtidos por litígio judicial mostram que Israel tem2
cinicamente usado cálculos de calorias para determinar o número de camiões
de carga que são autorizados a atravessar o bloqueio ilegal do enclave
costeiro, impondo aos palestinianos de Gaza uma dieta de fome .3
 
As autoridades israelitas proíbem a importação em Gaza de alimentos tão
inofensivos para a sua segurança como cominho, coentros, gengibre,
compotas, vinagre, chocolate, carne fresca, mas também os utensílios e
ferramentas que permitiriam aos palestinianos cercados produzir alimentos,
como canas e várias redes de pesca, peças para tractores, tubos de irrigação,
aquecimento e incubadoras para galinheiros. Nem sequer papel A4, cadernos
e canetas, que permitiriam o simples acto de anotar uma receita de cozinha,
podem entrar legalmente em Gaza.
 
http://reliefweb.int/report/occupied-palestinian-territory/agriculture-post-war-gaza-strip-18-09-20151
http://reliefweb.int/sites/reliefweb.int/files/resources/palestine-under-fire-report-en.pdf2
http://www.gisha.org/UserFiles/File/publications/redlines/redlines-position-paper-eng.pdf3
Na Cisjordânia ocupada, uma investigação feita pela organização israelita
Kerem Navot detalha como Israel tem usado a agricultura como um meio para
roubar em larga escala a terra palestiniana. Desde 1997 que a agricultura nos
colonatos ilegais israelitas aumentou nesta área em 35%, enquanto que a terra
agrícola cultivada em terras palestinianas caiu um terço .4
 
Não deveria por isso ser uma surpresa, que, de acordo com relatórios das
Nações Unidas, apenas 35% dos palestinianos a viver sob a ocupação israelita
tem segurança alimentar .5
 
Os cidadãos palestinianos de Israel, que perfazem 20% da população,
dificilmente estão melhor. As comunidades palestinianas são forçadas a sair
das suas terras como parte da actual limpeza étnica por Israel. Israel recusa
reconhecer as 176 aldeias e vilas palestinianas dentro das suas fronteiras
internacionalmente reconhecidas, muitas delas já existentes antes da criação
do Estado de Israel, negando-lhes os serviços mais básicos como água e
eletricidade. Os bulldozers israelitas demolem frequentemente vilas inteiras
deixando famílias sem tecto.
 
E, ainda que você não tenha problema em viajar até Telavive, aos
aproximadamente 7 milhões de refugiados e deslocados palestinianos,
resultantes da decorrente limpeza étnica, é-lhes negado o regresso às suas
terras tal como está garantido pela lei internacional .6
 
Embora o evento das Round Tables seja apresentado como um “frutuoso
diálogo sobre cultura, economia e questões sociais”, ele está na verdade a
aproveitar-se da antiga tradição de partilhar experiências culinárias como
meio de encobrir a violação dos direitos palestinianos fundamentais, incluindo
o direito à comida.
 
De facto, entre os parceiros do evento patrocinado pela American-Express,
estão os ministros israelitas do Turismo e Negócios Estrangeiros e a Câmara
Municipal de Telavive. Ministros israelitas têm estado ao longo dos anos
envolvidos no projeto “Brand Israel”, que visa usar as artes e a cultura como
forma de desviar a atenção do mundo do terrível registo de violação dos
direitos humanos, criando uma imagem positiva de Israel .7
 
A própria cidade de Telavive, construída sobre as ruínas de quatro aldeias
palestinianas arrasadas pela limpeza étnica e da cidade histórica palestiniana
de Jaffa, é o centro do regime israelita de ocupação, de colonização e de
apartheid e é profundamente cúmplice do encobrimento das violações dos
direitos humanos e da lei internacional. E até o parceiro do evento Golan
http://972mag.com/resource-how-agriculture-is-used-to-take-over-west-bank-land/84993/4
http://www.unrwa.org/newsroom/press-releases/food-insecurity-palestine-remains-high5
http://www.badil.org/phocadownloadpap/Badil_docs/publications/Q&A-en.pdf6
https://electronicintifada.net/content/behind-brand-israel-israels-recent-propaganda-efforts/86947
Heights Winery opera num colonato israelita nos montes Golãs ocupados, em
direta violação do direito internacional .8
 
Em 2005, mais de 170 associações da sociedade civil palestiniana apelaram ao
boicote, desinvestimento e sanções (BDS) como meio de pressionar Israel até
que este acabe com as violações dos direitos humanos, que têm ocorrido sem
interrupção e em completa impunidade durante décadas . Como parte deste9
apelo, artistas internacionais, cantores, académicos e até chefs, foram
chamados a não ir a Israel. A lista dos seguidores do apelo continua a
crescer .10
 
Ao escolher cozinhar na bolha privilegiada de Telavive, rodeado de milhões de
palestinianos que vivem sob a opressão israelita, não estará só
conscientemente a desconsiderar o apelo do oprimido, estará também a ser
cúmplice da violação de direitos humanos por parte de Israel e da
perpetuação da ocupação, do apartheid e da colonização. 
 
Em relação ao apelo BDS palestiniano, ele é a melhor forma de assegurar aos
palestianianos – nas palavras do famoso lutador sul-africano contra o
apartheid e apoiante do BDS, o arcebispo Desmon Tutu – que eles não sejam
reduzidos a “apanhar migalhas de compaixão atiradas de cima da mesa de
alguém que se considera como (seu) dono” e que, pelo contrário, tenham o
“menu completo de direitos”.
 
Pedimos-lhe que não ponha os seus talentos culinários ao serviço de um
evento que mascara os crimes de Israel. Por favor, cancele a sua
participação no evento do Round Tables até que todos tenham lugar à
mesa.
Gostaríamos muito de ter a oportunidade de melhor lhe explicar a importância da
campanha BDS e das suas implicações, pelo que vimos solicitar uma reunião até ao
fim da próxima semana.
Com os melhores cumprimentos.
Lisboa, 11 de Outubro de 2016
SUBSCRITORES
Associação Abril, Colectivo Mumia Abu Jamal, Comité de Solidariedade com a
Palestina, Conselho Português para a Paz e Cooperação, Grupo Acção Palestina,
MPPM - Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio
Oriente, Panteras Rosa - Frente de Combate à Lesbigaytransfobia, SOS
Racismo.
http://www.whoprofits.org/sites/default/files/WhoProfits-IsraeliWines.pdf8
http://www.bdsmovement.net/call9
http://www.bdsmovement.net/activecamps/cultural-boycott10
http://www.bdsmovement.net/successes/

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Apelo ao Chef José Avillez para cancelar participação em evento em Israel

  • 1. Ao Chef José Avillez Restaurante Belcanto CANCELE A SUA PARTICIPAÇÃO NO ROUND TABLES TOUR - TIRE O APARTHEID DO SEU MENU -      Nós, os grupos da sociedade civil signatários, escrevemos-lhe em relação à sua participação no Round Tables Tour, evento de culinária que terá lugar em Telavive de 8 a 26 de Novembro de 2016. Apelamos a que reconsidere a sua participação nesta iniciativa que visa usar a haute cuisine para mascarar a recusa por parte de Israel dos direitos básicos na Palestina.   Apenas há pouco mais de um ano atrás, tanques israelitas, caças e embarcações armadas estavam a atacar a cercada Faixa de Gaza, matando cerca de 2100 palestinianos, dos quais mais de 500 eram crianças, apenas no último dos que tragicamente se têm tornado massacres rotineiros levados a cabo pelas forças armadas israelitas. Assim como casas, hospitais, escolas e fábricas, os ataques israelitas destruíram campos, estufas, poços de água, pomares, colheitas e gado .1   Os snipers do exército israelita disparam periodicamente sobre os agricultores palestinianos em Gaza e as incursões militares frequentes destroem as colheitas.   O Centro Palestiniano pelos Direitos Humanos documentou 534 incursões terrestres e casos de disparos entre 2006 e 2013, que mataram 176 civis e feriram 751 . Documentos obtidos por litígio judicial mostram que Israel tem2 cinicamente usado cálculos de calorias para determinar o número de camiões de carga que são autorizados a atravessar o bloqueio ilegal do enclave costeiro, impondo aos palestinianos de Gaza uma dieta de fome .3   As autoridades israelitas proíbem a importação em Gaza de alimentos tão inofensivos para a sua segurança como cominho, coentros, gengibre, compotas, vinagre, chocolate, carne fresca, mas também os utensílios e ferramentas que permitiriam aos palestinianos cercados produzir alimentos, como canas e várias redes de pesca, peças para tractores, tubos de irrigação, aquecimento e incubadoras para galinheiros. Nem sequer papel A4, cadernos e canetas, que permitiriam o simples acto de anotar uma receita de cozinha, podem entrar legalmente em Gaza.   http://reliefweb.int/report/occupied-palestinian-territory/agriculture-post-war-gaza-strip-18-09-20151 http://reliefweb.int/sites/reliefweb.int/files/resources/palestine-under-fire-report-en.pdf2 http://www.gisha.org/UserFiles/File/publications/redlines/redlines-position-paper-eng.pdf3
  • 2. Na Cisjordânia ocupada, uma investigação feita pela organização israelita Kerem Navot detalha como Israel tem usado a agricultura como um meio para roubar em larga escala a terra palestiniana. Desde 1997 que a agricultura nos colonatos ilegais israelitas aumentou nesta área em 35%, enquanto que a terra agrícola cultivada em terras palestinianas caiu um terço .4   Não deveria por isso ser uma surpresa, que, de acordo com relatórios das Nações Unidas, apenas 35% dos palestinianos a viver sob a ocupação israelita tem segurança alimentar .5   Os cidadãos palestinianos de Israel, que perfazem 20% da população, dificilmente estão melhor. As comunidades palestinianas são forçadas a sair das suas terras como parte da actual limpeza étnica por Israel. Israel recusa reconhecer as 176 aldeias e vilas palestinianas dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, muitas delas já existentes antes da criação do Estado de Israel, negando-lhes os serviços mais básicos como água e eletricidade. Os bulldozers israelitas demolem frequentemente vilas inteiras deixando famílias sem tecto.   E, ainda que você não tenha problema em viajar até Telavive, aos aproximadamente 7 milhões de refugiados e deslocados palestinianos, resultantes da decorrente limpeza étnica, é-lhes negado o regresso às suas terras tal como está garantido pela lei internacional .6   Embora o evento das Round Tables seja apresentado como um “frutuoso diálogo sobre cultura, economia e questões sociais”, ele está na verdade a aproveitar-se da antiga tradição de partilhar experiências culinárias como meio de encobrir a violação dos direitos palestinianos fundamentais, incluindo o direito à comida.   De facto, entre os parceiros do evento patrocinado pela American-Express, estão os ministros israelitas do Turismo e Negócios Estrangeiros e a Câmara Municipal de Telavive. Ministros israelitas têm estado ao longo dos anos envolvidos no projeto “Brand Israel”, que visa usar as artes e a cultura como forma de desviar a atenção do mundo do terrível registo de violação dos direitos humanos, criando uma imagem positiva de Israel .7   A própria cidade de Telavive, construída sobre as ruínas de quatro aldeias palestinianas arrasadas pela limpeza étnica e da cidade histórica palestiniana de Jaffa, é o centro do regime israelita de ocupação, de colonização e de apartheid e é profundamente cúmplice do encobrimento das violações dos direitos humanos e da lei internacional. E até o parceiro do evento Golan http://972mag.com/resource-how-agriculture-is-used-to-take-over-west-bank-land/84993/4 http://www.unrwa.org/newsroom/press-releases/food-insecurity-palestine-remains-high5 http://www.badil.org/phocadownloadpap/Badil_docs/publications/Q&A-en.pdf6 https://electronicintifada.net/content/behind-brand-israel-israels-recent-propaganda-efforts/86947
  • 3. Heights Winery opera num colonato israelita nos montes Golãs ocupados, em direta violação do direito internacional .8   Em 2005, mais de 170 associações da sociedade civil palestiniana apelaram ao boicote, desinvestimento e sanções (BDS) como meio de pressionar Israel até que este acabe com as violações dos direitos humanos, que têm ocorrido sem interrupção e em completa impunidade durante décadas . Como parte deste9 apelo, artistas internacionais, cantores, académicos e até chefs, foram chamados a não ir a Israel. A lista dos seguidores do apelo continua a crescer .10   Ao escolher cozinhar na bolha privilegiada de Telavive, rodeado de milhões de palestinianos que vivem sob a opressão israelita, não estará só conscientemente a desconsiderar o apelo do oprimido, estará também a ser cúmplice da violação de direitos humanos por parte de Israel e da perpetuação da ocupação, do apartheid e da colonização.    Em relação ao apelo BDS palestiniano, ele é a melhor forma de assegurar aos palestianianos – nas palavras do famoso lutador sul-africano contra o apartheid e apoiante do BDS, o arcebispo Desmon Tutu – que eles não sejam reduzidos a “apanhar migalhas de compaixão atiradas de cima da mesa de alguém que se considera como (seu) dono” e que, pelo contrário, tenham o “menu completo de direitos”.   Pedimos-lhe que não ponha os seus talentos culinários ao serviço de um evento que mascara os crimes de Israel. Por favor, cancele a sua participação no evento do Round Tables até que todos tenham lugar à mesa. Gostaríamos muito de ter a oportunidade de melhor lhe explicar a importância da campanha BDS e das suas implicações, pelo que vimos solicitar uma reunião até ao fim da próxima semana. Com os melhores cumprimentos. Lisboa, 11 de Outubro de 2016 SUBSCRITORES Associação Abril, Colectivo Mumia Abu Jamal, Comité de Solidariedade com a Palestina, Conselho Português para a Paz e Cooperação, Grupo Acção Palestina, MPPM - Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, Panteras Rosa - Frente de Combate à Lesbigaytransfobia, SOS Racismo. http://www.whoprofits.org/sites/default/files/WhoProfits-IsraeliWines.pdf8 http://www.bdsmovement.net/call9 http://www.bdsmovement.net/activecamps/cultural-boycott10 http://www.bdsmovement.net/successes/