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"Não há um só homem de coração bem formado que não se sinta confrangido ao contemplar o doloroso quadro oferecido pelas sociedades atuais com sua moral mercantil e egoísta" (Euclides da Cunha)
							CANUDOS 	CANGAÇO 				BORRACHA 									VACINA 						CHIBATA 	CAFÉ-COM LEITE 							PADRE CÍCERO 			IMIGRAÇÃO 	GREVE 				1ª GUERRA MUNDIAL PRÉ-MODERNISMO
	“Creio que se pode chamar pré-modernista (no sentido forte de premonição dos temas vivos em 22) tudo o que, nas primeiras décadas do século, problematiza a nossa realidade social e cultural.” (Alfredo Bosi – História Concisa da Literatura Brasileira)
Obras de referência Os Sertões – Euclides da Cunha Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto Canaã – Graça Aranha Urupês – Monteiro Lobato
“O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.” (Euclides da Cunha)
Asa BrancaLuiz Gonzaga / Humberto Teixeira Quando oiei a terra ardendoQual a fogueira de São JoãoEu preguntei a Deus do céu,aiPor que tamanha judiação Que braseiro, que fornaiaNem um pé de prantaçãoPor farta d'água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa brancaBateu asas do sertão"Intonce" eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas léguaNuma triste solidãoEspero a chuva cair de novoPra mim vortar pro meu sertão Quando o verde dos teus óioSe espaiá na prantaçãoEu te asseguro não chore não, viuQue eu vortarei, viuMeu coração
A volta da asa brancaLuíz Gonzaga Já faz três noites Que pro norte relampeia A asa branca Ouvindo o ronco do trovão Já bateu asas E voltou pro meu sertão Ai, ai eu vou me embora Vou cuidar da prantação A seca fez eu desertar da minha terra Mas felizmente Deus agora se alembrouDe mandar chuva Pr'esse sertão sofredor Sertão das muié séria Dos homes trabaiador Rios correndo As cachoeira tão zoando Terra moiadaMato verde, que riqueza E a asa branca Tarde canta, que beleza Ai, ai, o povo alegre Mais alegre a natureza  Sentindo a chuva Eu me arrescordo de Rosinha A linda flor Do meu sertão pernambucano E se a safra Não atrapaiá meus pranosQue que há, o seu vigário Vou casar no fim do ano.
Lima Barreto Vítima do Preconceito Racial Rejeição ao eruditismo da elite literária, à falsa ciência e à hipocrisia Dos pré-modernistas o mais próximo do modernismo respeita códigos literários antigos (principalmente o Naturalismo, conforme anteriormente apontado), mas já apresenta uma linguagem nova
O Autor Na sua obra, sempre explora temas ligados à sua própria vida, como o preconceito da sociedade para com os mestiços e pobres
O UNIVERSO SUBURBANO Ao oposto de Machado de Assis, que saído do Morro do Livramento procuraria os bairros da classe média e abastada, este homem, nascido nas Laranjeiras, que se distinguiu nos estudos de Humanidades e nos concursos, que um dia sonhou tornar-se engenheiro, que no fim da vida ainda se gabava de saber geometria contra os que o acusavam de não saber escrever bem, procurou deliberadamente a feiúra e a tristeza dos bairros pobres, o avesso das aparências brancas e burguesas, o avesso de Botafogo e de Petrópolis. 						Sérgio Buarque de Holanda
Triste fim de Policarpo Quaresma(Lima Barreto)
Major Quaresma NACIONALISMOexacerbado do e FRUSTRAÇÃOao conhecer a triste realidade brasileira Dom Quixote nacional, otimista incurável, visionário, paladino da justiça, expressando na sua ingenuidade a doçura e o calor humano do homem do povo.
Momento Histórico Primeira República - governo de Floriano Peixoto (1891 - 1894) Revolta da Armada 		(1892)
Primeira parte   Retrata o burocrata exemplar, patriota e nacionalista extremado, interessado pelas coisas do Brasil: a música, o folclore e o tupi-guarani. Pede que o tupi-guarani torne-se a língua oficial brasileira. Vira chacota e é  internado num hospício
Segunda parte  	Quaresma, desiludido com as incompreensões, vai para o campo (sítio do Sossego) onde se empenha na reforma da agricultura brasileira Seu plano fracassa por três motivos: o clientelismo hipócrita dos políticos a deficiente estrutura agrária brasileira  a voracidade dos imbatíveis exércitos de saúvas
Terceira parte  Motivado pela Revolta da Armada, Quaresma apóia Floriano Peixoto e, aos poucos, percebe a tirania do "Marechal de Ferro". Enfim, a revolta é sufocada. Quaresma é transferido para a Ilha das Enxadas, como carcereiro Um juiz aparece por lá e distribui as condenações aleatoriamente. Chocado, escreve uma carta para o presidente, pedindo a reparação de tal erro. Foi mal interpretado, preso e condenado à morte por traição.
A IRONIA O único personagem que se preocupou com o seu país foi considerado traidor, enquanto outros, que se aproveitaram no conflito para conseguir vantagens políticas, como Armando Borges, Genelício e Bustamante, saíram-se vitoriosos. No final, tal qual Dom Quixote, Quaresma acorda, recobra a razão. Percebe que a pátria, por que sempre lutara, era uma ilusão, nunca existira. Num momento pungente, tocante, descobre que passara toda a sua vida numa inutilidade.
Clara dos Anjos 	Concluído em 1922, ano da morte de Lima Barreto, o romance Clara dos Anjos é uma denúncia áspera do preconceito racial e social, vivenciado por uma jovem mulher do subúrbio carioca.
Elemento Marginalizado Negros e Mulatos
O Preconceito Racial Principal alvo das ácidas críticas de Lima Barreto Personificado no sofrimento de Clara e sua família
	A carne mais barata do mercado é a carne negraQue vai de graça pro presídioE para debaixo do plásticoQue vai de graça pro subempregoE pros hospitais psiquiátricosA carne mais barata do mercado é a carne negraQue fez e faz história pra caralhoSegurando esse país no braço, meu irmão.O gado aqui não se sente revoltadoPorque o revólver já está 	engatilhadoE o vingador é lento,  	mas muito  	bem intencionadoEsse país vai deixando  	todo mundo pretoE o cabelo esticadoE mesmo assim, ainda  	guardo o direitoDe algum antepassado  	da corBrigar por justiça 	e por respeito A carne(Farofa Carioca) Literato Professor André Guerra
Cassi Jones 	Clara
Determinismo em Clara dos Anjos Influência do Realismo-Naturalismo Lima Barreto, em Clara dos Anjos defende a tese de que, haja vista o preconceito racial que sofrem, as mulheres mulatas estão condenadas à desonra.
Poesia Pré-Modernista Augusto dos Anjos
O pessimismo de Augusto dos Anjos Uniu poesia e ciência, usando um vocabulário cientificista Renovação da Poesia Tudo caminha para a morte, a destruição, a decomposição, o mal e o nada
Para Augusto dos Anjos... AMOR: união de células em volúpia SER HUMANO: Ceia final de vermes
	OS EXCLUÍDOS DA SOCIEDADE
Trechos de “Os Doentes” 	“A civilização entrou na taba Em que ele estava. O gênio de Colombo Manchou de opróbrios a alma do mazombo, Cuspiu na cova do morubixaba!” “E o índio, por fim, adstricto à étnica escória, Recebeu, tendo o horror no rosto impresso, Esse achincalhamento do progresso Que o anulava na crítica da História! ““E sentia-se pior que um vagabundo Microcéfalo vil que a espécie encerra Desterrado na sua própria terra, Diminuído na crônica do mundo!”
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco.   Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia, análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.   Já o verme – este operário das ruínas –  Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,   Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
O PulsoArnaldo Antunes 	Úlcera,  	tromboseCoqueluche,  	hipocondria 	Sífilis, ciúmesAsma,  	cleptomania 	E o corpo  	ainda é poucoReumatismo, raquitismoCistite, disritmiaHérnia, pediculoseTétano, hipocrisiaBrucelose, febre tifóideArteriosclerose, miopiaCatapora, culpa, cárieCâimba, lepra, afasia... 	O pulso ainda pulsaO pulso ainda pulsa... 	Peste bubônicaCâncer, pneumoniaRaiva, rubéolaTuberculose e anemiaRancor, cisticircoseCaxumba, difteriaEncefalite, faringiteGripe e leucemia... 	E o pulso ainda pulsaE o pulso ainda pulsa 	Hepatite, escarlatinaEstupidez, paralisiaToxoplasmose, sarampoEsquizofrenia
O poeta... Original Do mau gosto Dos vermes Da podridão
Versos íntimos
 Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera –  Foi sua companheira inseparável!   Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.   Se a alguém causa ainda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
Bichos EscrotosTitãs Bichos!Saiam dos lixosBaratas!Me deixem ver suas patasRatos!Entrem nos sapatosDo cidadão civilizado... Pulgas!Que habitam minhas rugasOnçinha pintadaZebrinha listradaCoelhinho peludoVão se fuder!Porque aquiNa face da terraSó bicho escrotoÉ que vai ter... Bichos EscrotosSaiam dos esgotosBichos EscrotosVenham enfeitarMeu lar!Meu jantar!Meu nobre paladar!...
Monteiro Lobato(1882-1948) Infância  Petróleo  Crítica  Literatura  Progresso
Principais Obras Cidades Mortas (crise no vale do Paraíba) Urupês (O problema do Caboclo) Negrinha (Racismo pós-abolição)
Os Problemas Sociais e  Os Marginalizados 	o trabalho do menor, o parasitismo da burocracia, a violência contra negros, imigrantes e mulheres, a empáfia dos que mandam, o crescimento desordenado das cidades, a degradação progressiva da vida interiorana; o surto de modernidade autofágicaque desemboca na crise de 30.
Linguagem Simples, arejada, moderna Antecipa o Modernismo, já que não apresenta o rebuscamento vigente Na descrição das personagens Lobato utiliza técnicas expressionistas que as deformam
URUPÊS1918 Denuncia os problemas do vale do Paraíba (São Paulo) após o declínio do café.  Retrata a vida da população miserável, que abandona as pequenas cidades em busca de alternativas
O Determinismo e o Jeca Tatu 	De acordo com Lobato, a mistura de raças gera um tipo fraco, indolente, preguiçoso, passivo:  Sua religião são primitivas formas de superstição e magia.  Sua medicina é rala. Sua política é inexistente. Não tem senso estético (até o homem das cavernas tinha)  Colhe o que a natureza oferece.  É o protótipo do que é atrasado no país.
Trechos para análise 	“Porque a verdade nua manda dizer que entre as raças de variado matiz, formadoras da nacionalidade e metidas entre o estrangeiro recente e o aborígene de tabuinha no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz de evolução, impenetrável ao progresso. Feia e sorna, nada a põe de pé.”
“Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!” “Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro.” Trechos para análise
Trechos para análise 	“No meio da natureza brasílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente (...); onde há abelhas de sol, esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, (...) o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas. 	Só ele não fala, não canta, não ri, não ama. 	Só ele, no meio da tanta vida, não vive…”
Em 1947, com Zé Brasil, re-encarnação politizada do velho Jeca Tatu, Lobato faz sua auto crítica : atribui aqui a precária situação do camponês brasileiro à estrutura econômica brasileira e não mais à preguiça ou falta de saúde. Esta obra, censurada e apreendida, assim que foi publicada, é documento sugestivo de um temporário alinhamento de Monteiro Lobato com o Partido Comunista Brasileiro.
Negrinha 		“Ótima, a dona Inácia. 		Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa: 		— Quem é a peste que está chorando aí? 		Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero. 		— Cale a boca, diabo!
		No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer... 		Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos.”
Lobato e as Crianças Produziu durante toda sua carreira literária 26 títulos destinados ao público infantil. É um dos mais importantes escritores da literatura infanto-juvenil da América Latina e também do mundo.
Sítio do Pica-Pau AmareloGilberto Gil Marmelada de banana,  	bananada de goiabaGoiabada de marmeloSítio do Pica-Pau amareloSítio do Pica-Pau amarelo 	Boneca de pano é gente,  	sabugo de milho é genteO sol nascente é tão beloRios de prata, pirataVôo sideral na mata,  	universo paralelo 	No país da fantasia, num estado de euforiaCidade polichineloSítio do Pica-Pau amarelo
Graça Aranha “Se a academia não se renova, então morra a Academia” Fundador da ABL Diplomata, trouxe da Europa, inovações estéticas Fundamental para a semana de Arte Moderna
Canaã Imigrantes alemães no Espírito Santo,  Conflitos decorrentes desta colonização Correntes de pensamento sobre a colonização Teses racionalistas e descrições naturalistas

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  • 4. Obras de referência Os Sertões – Euclides da Cunha Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto Canaã – Graça Aranha Urupês – Monteiro Lobato
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  • 6. “O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.” (Euclides da Cunha)
  • 7.
  • 8. Asa BrancaLuiz Gonzaga / Humberto Teixeira Quando oiei a terra ardendoQual a fogueira de São JoãoEu preguntei a Deus do céu,aiPor que tamanha judiação Que braseiro, que fornaiaNem um pé de prantaçãoPor farta d'água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa brancaBateu asas do sertão"Intonce" eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas léguaNuma triste solidãoEspero a chuva cair de novoPra mim vortar pro meu sertão Quando o verde dos teus óioSe espaiá na prantaçãoEu te asseguro não chore não, viuQue eu vortarei, viuMeu coração
  • 9. A volta da asa brancaLuíz Gonzaga Já faz três noites Que pro norte relampeia A asa branca Ouvindo o ronco do trovão Já bateu asas E voltou pro meu sertão Ai, ai eu vou me embora Vou cuidar da prantação A seca fez eu desertar da minha terra Mas felizmente Deus agora se alembrouDe mandar chuva Pr'esse sertão sofredor Sertão das muié séria Dos homes trabaiador Rios correndo As cachoeira tão zoando Terra moiadaMato verde, que riqueza E a asa branca Tarde canta, que beleza Ai, ai, o povo alegre Mais alegre a natureza Sentindo a chuva Eu me arrescordo de Rosinha A linda flor Do meu sertão pernambucano E se a safra Não atrapaiá meus pranosQue que há, o seu vigário Vou casar no fim do ano.
  • 10. Lima Barreto Vítima do Preconceito Racial Rejeição ao eruditismo da elite literária, à falsa ciência e à hipocrisia Dos pré-modernistas o mais próximo do modernismo respeita códigos literários antigos (principalmente o Naturalismo, conforme anteriormente apontado), mas já apresenta uma linguagem nova
  • 11. O Autor Na sua obra, sempre explora temas ligados à sua própria vida, como o preconceito da sociedade para com os mestiços e pobres
  • 12. O UNIVERSO SUBURBANO Ao oposto de Machado de Assis, que saído do Morro do Livramento procuraria os bairros da classe média e abastada, este homem, nascido nas Laranjeiras, que se distinguiu nos estudos de Humanidades e nos concursos, que um dia sonhou tornar-se engenheiro, que no fim da vida ainda se gabava de saber geometria contra os que o acusavam de não saber escrever bem, procurou deliberadamente a feiúra e a tristeza dos bairros pobres, o avesso das aparências brancas e burguesas, o avesso de Botafogo e de Petrópolis. Sérgio Buarque de Holanda
  • 13. Triste fim de Policarpo Quaresma(Lima Barreto)
  • 14. Major Quaresma NACIONALISMOexacerbado do e FRUSTRAÇÃOao conhecer a triste realidade brasileira Dom Quixote nacional, otimista incurável, visionário, paladino da justiça, expressando na sua ingenuidade a doçura e o calor humano do homem do povo.
  • 15. Momento Histórico Primeira República - governo de Floriano Peixoto (1891 - 1894) Revolta da Armada (1892)
  • 16. Primeira parte Retrata o burocrata exemplar, patriota e nacionalista extremado, interessado pelas coisas do Brasil: a música, o folclore e o tupi-guarani. Pede que o tupi-guarani torne-se a língua oficial brasileira. Vira chacota e é internado num hospício
  • 17. Segunda parte Quaresma, desiludido com as incompreensões, vai para o campo (sítio do Sossego) onde se empenha na reforma da agricultura brasileira Seu plano fracassa por três motivos: o clientelismo hipócrita dos políticos a deficiente estrutura agrária brasileira a voracidade dos imbatíveis exércitos de saúvas
  • 18. Terceira parte Motivado pela Revolta da Armada, Quaresma apóia Floriano Peixoto e, aos poucos, percebe a tirania do "Marechal de Ferro". Enfim, a revolta é sufocada. Quaresma é transferido para a Ilha das Enxadas, como carcereiro Um juiz aparece por lá e distribui as condenações aleatoriamente. Chocado, escreve uma carta para o presidente, pedindo a reparação de tal erro. Foi mal interpretado, preso e condenado à morte por traição.
  • 19. A IRONIA O único personagem que se preocupou com o seu país foi considerado traidor, enquanto outros, que se aproveitaram no conflito para conseguir vantagens políticas, como Armando Borges, Genelício e Bustamante, saíram-se vitoriosos. No final, tal qual Dom Quixote, Quaresma acorda, recobra a razão. Percebe que a pátria, por que sempre lutara, era uma ilusão, nunca existira. Num momento pungente, tocante, descobre que passara toda a sua vida numa inutilidade.
  • 20. Clara dos Anjos Concluído em 1922, ano da morte de Lima Barreto, o romance Clara dos Anjos é uma denúncia áspera do preconceito racial e social, vivenciado por uma jovem mulher do subúrbio carioca.
  • 22. O Preconceito Racial Principal alvo das ácidas críticas de Lima Barreto Personificado no sofrimento de Clara e sua família
  • 23. A carne mais barata do mercado é a carne negraQue vai de graça pro presídioE para debaixo do plásticoQue vai de graça pro subempregoE pros hospitais psiquiátricosA carne mais barata do mercado é a carne negraQue fez e faz história pra caralhoSegurando esse país no braço, meu irmão.O gado aqui não se sente revoltadoPorque o revólver já está engatilhadoE o vingador é lento, mas muito bem intencionadoEsse país vai deixando todo mundo pretoE o cabelo esticadoE mesmo assim, ainda guardo o direitoDe algum antepassado da corBrigar por justiça e por respeito A carne(Farofa Carioca) Literato Professor André Guerra
  • 25. Determinismo em Clara dos Anjos Influência do Realismo-Naturalismo Lima Barreto, em Clara dos Anjos defende a tese de que, haja vista o preconceito racial que sofrem, as mulheres mulatas estão condenadas à desonra.
  • 27. O pessimismo de Augusto dos Anjos Uniu poesia e ciência, usando um vocabulário cientificista Renovação da Poesia Tudo caminha para a morte, a destruição, a decomposição, o mal e o nada
  • 28. Para Augusto dos Anjos... AMOR: união de células em volúpia SER HUMANO: Ceia final de vermes
  • 29. OS EXCLUÍDOS DA SOCIEDADE
  • 30. Trechos de “Os Doentes” “A civilização entrou na taba Em que ele estava. O gênio de Colombo Manchou de opróbrios a alma do mazombo, Cuspiu na cova do morubixaba!” “E o índio, por fim, adstricto à étnica escória, Recebeu, tendo o horror no rosto impresso, Esse achincalhamento do progresso Que o anulava na crítica da História! ““E sentia-se pior que um vagabundo Microcéfalo vil que a espécie encerra Desterrado na sua própria terra, Diminuído na crônica do mundo!”
  • 31. Psicologia de um vencido
  • 32. Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco.   Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia, análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.   Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,   Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
  • 33. O PulsoArnaldo Antunes Úlcera, tromboseCoqueluche, hipocondria Sífilis, ciúmesAsma, cleptomania E o corpo ainda é poucoReumatismo, raquitismoCistite, disritmiaHérnia, pediculoseTétano, hipocrisiaBrucelose, febre tifóideArteriosclerose, miopiaCatapora, culpa, cárieCâimba, lepra, afasia... O pulso ainda pulsaO pulso ainda pulsa... Peste bubônicaCâncer, pneumoniaRaiva, rubéolaTuberculose e anemiaRancor, cisticircoseCaxumba, difteriaEncefalite, faringiteGripe e leucemia... E o pulso ainda pulsaE o pulso ainda pulsa Hepatite, escarlatinaEstupidez, paralisiaToxoplasmose, sarampoEsquizofrenia
  • 34. O poeta... Original Do mau gosto Dos vermes Da podridão
  • 36.  Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi sua companheira inseparável!   Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.   Se a alguém causa ainda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
  • 37. Bichos EscrotosTitãs Bichos!Saiam dos lixosBaratas!Me deixem ver suas patasRatos!Entrem nos sapatosDo cidadão civilizado... Pulgas!Que habitam minhas rugasOnçinha pintadaZebrinha listradaCoelhinho peludoVão se fuder!Porque aquiNa face da terraSó bicho escrotoÉ que vai ter... Bichos EscrotosSaiam dos esgotosBichos EscrotosVenham enfeitarMeu lar!Meu jantar!Meu nobre paladar!...
  • 38. Monteiro Lobato(1882-1948) Infância Petróleo Crítica Literatura Progresso
  • 39. Principais Obras Cidades Mortas (crise no vale do Paraíba) Urupês (O problema do Caboclo) Negrinha (Racismo pós-abolição)
  • 40. Os Problemas Sociais e Os Marginalizados o trabalho do menor, o parasitismo da burocracia, a violência contra negros, imigrantes e mulheres, a empáfia dos que mandam, o crescimento desordenado das cidades, a degradação progressiva da vida interiorana; o surto de modernidade autofágicaque desemboca na crise de 30.
  • 41. Linguagem Simples, arejada, moderna Antecipa o Modernismo, já que não apresenta o rebuscamento vigente Na descrição das personagens Lobato utiliza técnicas expressionistas que as deformam
  • 42. URUPÊS1918 Denuncia os problemas do vale do Paraíba (São Paulo) após o declínio do café. Retrata a vida da população miserável, que abandona as pequenas cidades em busca de alternativas
  • 43. O Determinismo e o Jeca Tatu De acordo com Lobato, a mistura de raças gera um tipo fraco, indolente, preguiçoso, passivo: Sua religião são primitivas formas de superstição e magia. Sua medicina é rala. Sua política é inexistente. Não tem senso estético (até o homem das cavernas tinha) Colhe o que a natureza oferece. É o protótipo do que é atrasado no país.
  • 44. Trechos para análise “Porque a verdade nua manda dizer que entre as raças de variado matiz, formadoras da nacionalidade e metidas entre o estrangeiro recente e o aborígene de tabuinha no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz de evolução, impenetrável ao progresso. Feia e sorna, nada a põe de pé.”
  • 45. “Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!” “Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro.” Trechos para análise
  • 46. Trechos para análise “No meio da natureza brasílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente (...); onde há abelhas de sol, esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, (...) o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas. Só ele não fala, não canta, não ri, não ama. Só ele, no meio da tanta vida, não vive…”
  • 47. Em 1947, com Zé Brasil, re-encarnação politizada do velho Jeca Tatu, Lobato faz sua auto crítica : atribui aqui a precária situação do camponês brasileiro à estrutura econômica brasileira e não mais à preguiça ou falta de saúde. Esta obra, censurada e apreendida, assim que foi publicada, é documento sugestivo de um temporário alinhamento de Monteiro Lobato com o Partido Comunista Brasileiro.
  • 48. Negrinha “Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa: — Quem é a peste que está chorando aí? Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero. — Cale a boca, diabo!
  • 49. No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer... Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos.”
  • 50. Lobato e as Crianças Produziu durante toda sua carreira literária 26 títulos destinados ao público infantil. É um dos mais importantes escritores da literatura infanto-juvenil da América Latina e também do mundo.
  • 51. Sítio do Pica-Pau AmareloGilberto Gil Marmelada de banana, bananada de goiabaGoiabada de marmeloSítio do Pica-Pau amareloSítio do Pica-Pau amarelo Boneca de pano é gente, sabugo de milho é genteO sol nascente é tão beloRios de prata, pirataVôo sideral na mata, universo paralelo No país da fantasia, num estado de euforiaCidade polichineloSítio do Pica-Pau amarelo
  • 52. Graça Aranha “Se a academia não se renova, então morra a Academia” Fundador da ABL Diplomata, trouxe da Europa, inovações estéticas Fundamental para a semana de Arte Moderna
  • 53. Canaã Imigrantes alemães no Espírito Santo, Conflitos decorrentes desta colonização Correntes de pensamento sobre a colonização Teses racionalistas e descrições naturalistas