As palavras têm um grande poder e podem causar tanto o bem quanto o mal, afetando os relacionamentos. Devemos ter cuidado com o que dizemos e evitar a crítica e a maledicência, que tendem a destruir mais do que construir. A calúnia é particularmente prejudicial e difícil de reparar, assim como os julgamentos precipitados sobre os outros.
2. Um dos maiores e mais impressionante poder que a maioria de nós tem é a
palavra. Cada sílaba, cada som, é uma vibração que, ao falar, estamos
soltando no ar. A palavra que emitimos, é o reflexo dos nossos pensamentos
e sentimentos, e é capaz de causar o mal e o bem; agradar ou ferir as outras
pessoas. Na maioria das vezes, não medimos, realmente, o impacto que uma
palavra pode ter. Falamos coisas sem pensar, não percebendo o que dizemos
e, muito menos, as consequências geradas a partir de uma palavra ou de uma
expressão negativas proferidas. Logo, devemos tomar muito cuidado antes
de expressar nossos pensamentos com palavras. Esse conceito deve nortear
cada palavra que sai de nossa boca, para evitar ofensas aos outros, afetando,
assim, os relacionamentos, o bem-estar e a convivência. É uma forma de
energia fortíssima.
3. Infelizmente, o homem não aprendeu ainda a virtude do silêncio; e, o que é
pior, experimenta um prazer imenso em falar desnecessariamente e em
demasia. Existe um ditado que diz o seguinte: “Nós somos donos do
silêncio, mas, ao mesmo tempo, somos escravos da palavra. Por que isto? A
partir do momento em que nós emitimos a nossa palavra, ela vai com
endereço certo, com toda vibração, com toda a sua força, e pode causar
benefícios ou causar malefícios, e nós passamos a ser os responsáveis por
tudo aquilo que advier por conta dessa palavra emitida. Sendo assim,
precisamos ter muito cuidado com aquilo que vamos falar. A palavra pode
levantar ou derrubar; agradar ou desagradar; emocionar ou irritar; trazer
para perto ou afastar. Ela pode ser mel ou fel, tanto para quem ouve como
para quem fala;
4. num momento, ela exprime toda uma paixão, todo um amor, ternura,
admiração, respeito; e num outro, toda a raiva, rancor, ressentimento, inveja.
Ela pode estar respaldada na verdade ou esconder a mesma verdade. A
palavra nunca vem sozinha, ela não é independente; ela está sempre atrelada
ao tom da voz, à emoção colocada, ao ritmo que é dita, aos gestos. Às vezes,
nós elogiamos. Mas, o que normalmente acontece não é elogio, é a crítica,
principalmente para com os defeitos alheios. Tem gente que até se embasa
numa proposta de que a crítica constrói. Na realidade, ela mais destrói do
que constrói. E por que se faz tanto uso da palavra para apontar as falhas e
tão pouco para enaltecer as qualidades das pessoas?
Via de regra, é nos bastidores que normalmente acontece essa crítica.
5. Basta que duas ou mais pessoas, mal intencionadas, se reúnam em
conversação livre, para que, instantes depois, já estejam falando mal de
alguém. O curioso é que nenhuma delas divulga algo de bom. Às vezes, a
pessoa que está sendo maltratada tem tantas virtudes, faz tanta coisa boa,
porém, isso não é lembrado. Basta ela fazer uma pequena coisa mal feita,
para se levar aquilo adiante. E quando aquilo que é dito não é verdade, o que
é uma calúnia, pior ainda. A calúnia é a mais terrível e covarde arma de
destruição. A maledicência provém do mau hábito que a pessoa tem, de
intrometer-se na vida alheia. Não raro, aquilo que nos chega aos ouvidos são
meras conjeturas e suposições maldosas, às quais não deveríamos dar o
menor crédito. Levianamente, porém, não só transmitimos a outrem,
emprestando-lhes foros de veracidade, como até as exageramos,
6. Acrescentando-lhes detalhes fantasiosos, para melhor convencer os que nos
escutam. Um exemplo característico que demonstra o quanto as declarações
maledicentes podem ser altamente prejudiciais às pessoas que estejam
envolvidas: Conta a lenda que, certo dia, alguém resolveu caluniar, difamar,
injuriar, um de seus desafetos. Passou, então, a inventar situações, a expor a
sua versão para determinado fato, e traçando um desenho parcial da
personalidade analisada. Utilizou-se de páginas de jornais para divulgar, a
seu modo, determinada circunstância acontecida. Resultado, nunca mais o
“acusado” foi o mesmo. Sua imagem, sua reputação, sua honra restaram
definitivamente abaladas. Uma mentira, uma calúnia, é como se alguém
subisse num ponto mais alto da cidade, e desmanchasse um travesseiro de
penas, num dia de vento forte.
7. Por mais que nos esforcemos, nunca mais conseguiremos reaver todas as
penas saídas do travesseiro. Muitas, restarão perdidas para sempre.
Assim, ainda que se tenha tido a oportunidade de presenciar certas cenas
que nos pareçam comprometedoras, manda a prudência que nos
abstenhamos de comentá-las, porque cada um de nós é levado a julgar as
coisas que vê, segundo as inclinações de seu pensamento, e isto altera
fundamentalmente o verdadeiro sentido delas. Quando nós fazemos uma
referência menos elogiosa a uma criatura ausente, colocamos esta pessoa
numa situação embaraçosa. E se o nosso ouvinte acreditar em nós, e tomar
uma postura contrária à possível vítima, toda a responsabilidade será nossa.
8. Portanto, devemos ter um cuidado redobrado antes de divulgarmos uma
informação sobre alguém. Primeiro, ter absoluta certeza quanto àquilo que
pretendemos divulgar. Segundo, se o fato foi presenciado por alguém.
Terceiro, que é a grande chave da questão. O que vamos divulgar vai
contribuir para o bem de alguém? Caso contrário, devemos silenciar.
Portanto, devemos ter muito cuidado quando fizermos um julgamento em
relação a uma pessoa, colocando-a numa situação difícil, expondo-a ao
ridículo, fazendo com que alguém venha a tomar uma posição de conflito
contra ela. Para evitar que as palavras sejam armas destrutivas, é preciso
torná-las conscientes. Sem dúvida, haverá ocasiões em que, percebendo que
um irmão do caminho esteja procedendo erroneamente, de certa forma, nós
temos o dever de, muito em particular, fazê-lo convencer-se de tal situação;
entretanto, nunca alardeando com terceiros as fraquezas e deslizes dele.
9. Jesus nos questionou: Por que reparas o cisco no olho de teu irmão e não
notas a trave no teu olho? Assim procedem muitas pessoas. Reprovam os
defeitos dos outros e esquecem-se de olhar os seus. Criticam nos outros o
que costumam fazer habitualmente, sem se dar conta. O Cristo disse
também que, quem endereçar uma palavra injuriosa, denegrindo a imagem
de um semelhante, será condenado ao fogo do inferno. Por isso, quando
endereçarmos uma palavra de agressão a quem quer que seja, estaremos
condenados ao fogo do inferno. Mas não é esse fogo do inferno que as
religiões pregam, não é isso. Esse inferno não existe. O Mestre fala do fogo
da nossa consciência.
10. Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho
Segundo o Espiritismo.