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O grande Léon Tolstoi, genial escritor russo, romancista notável, nos conta
que, numa cidadezinha do interior da Rússia, no século XVIII, morava um
sapateiro chamado Mikail Avdeievitch. Morava num porão cuja única janela
dava para a rua, na altura do chão. Embora visse apenas os pés de quem
passava pela rua, Mikail conhecia todas as pessoas pelos sapatos que usavam.
Como já era velho e competente em seu trabalho, era raro um par de botas
que não houvesse passado por suas mãos, fosse para um remendo, uma meia-
sola ou para colocar um novo cano. Assim, era comum ver passar pela janela
uma obra sua. Sempre fora um homem bom. Era muito feliz com a sua
família. A esposa e quatro filhos que faziam a sua alegria. Mas um belo dia,
por essas contingências próprias dos séculos passados, quando a medicina não
tinha o desenvolvimento atual, um filho ficou doente e morreu. Logo em
seguida, outro filho adoeceu e morreu também.
Mais um pouco e a esposa faleceu. Logo em seguida, faleceu o terceiro filho.
Mikail tinha agora apenas um filho adolescente, que passou a merecer todo o
seu cuidado. Mas ele também, em breve, adoeceu e morreu. Mikail que tinha
uma bela família, de repente, se viu lançado na mais profunda solidão.
Revoltou-se contra Deus. Abandonou a religião. Mergulhou num mutismo;
passava os dias atormentado. Sentia-se tão infeliz que implorava a Deus que
lhe tirasse também a vida. Deu-se ao hábito da bebida; a sua salvação era o
trabalho; passava os dias martelando o solado dos sapatos, mergulhado na sua
solidão; mal conversando com os fregueses. A sua vida estava muito difícil,
muito sofrimento. Um belo dia, um amigo que percorria o mundo como
peregrino, foi visitá-lo. Os dois conversaram durante muito tempo, e Mikail
se queixou amargamente da sua desgraça.
O visitante condoeu-se da condição do sapateiro. O que é isso, Mikail? Você
precisa mudar o seu comportamento.
Você não pode ficar mergulhado nessa tristeza. É preciso voltar a viver, meu
amigo! Você se desespera porque só quer viver para sua própria felicidade.
- E para que viver, se não para isso? Perguntou o sapateiro.
- É preciso viver para Deus. É Ele quem dá a vida e para Ele devemos viver.
Quando entender isso, seu sofrimento terminará e você suportará tudo com
paciência e resignação.
Mikail ficou calado por um momento, e disse: - E o que é viver para Deus?
- É cumprir os Seus desígnios, fazer aquilo que Ele espera de nós.
- Mas como é que eu vou saber qual é a vontade de Deus?
- Leia o Evangelho. No Evangelho você terá a orientação do que fazer para
cumprir a vontade de Deus.
E Mikail, que nada tinha a perder, já perdera tudo, até a vontade de viver,
resolveu fazer uma experiência. Comprou um novo exemplar do Novo
Testamento e pôs-se a ler todas as noites.
No primeiro dia em que abriu o Evangelho se surpreendeu, se maravilhou
com as lições de Jesus, Seus exemplos, as Suas parábolas. Ele não conhecia o
Evangelho.
Tudo que conhecia da religião era relacionado com o Natal e com a Semana
Santa. Ele começou a ler e a se encantar. Os textos lhe traziam tal consolo à
alma que, se entretinha de tal modo, que só deixava o livro quando o óleo da
lâmpada terminava. Agora tudo mudara. Sua vida transcorria em harmonia e
paz. Começou a perceber que não era vítima de um destino cruel. Então, no
fundo do poço das suas amarguras começou a se fazer uma luz. Punha-se a
trabalhar ao amanhecer e, terminado o dia, colocava a lâmpada sobre a mesa,
tirava o livro da prateleira e sentava-se para ler. Certa noite, ele leu aquela
passagem em que o evangelista conta que Jesus foi convidado à casa de um
fariseu que não o tratou com a devida consideração.
Mikail espantou-se. Como pode alguém convidar Jesus à sua casa e não O
tratar com a devida consideração? Ficou revoltado com o fariseu. Deixou os
óculos sobre o livro. E imerso em reflexão, começou a pensar como ele
receberia Jesus se o Mestre se dignasse visitá-lo. Jesus seria recebido no meu
lar com muito carinho, com muita alegria. Em dado momento, ele ouviu uma
voz a dizer: Mikail, prepara-te. Amanhã eu virei visitar-te. Mikail espantou-
se, não havia ninguém em casa. Correu para abrir a porta. Não havia
ninguém. Apagou a luz, deitou-se para dormir. Então ele ouviu nitidamente a
mesma voz: Mikail, prepara-te. Amanhã eu virei visitar-te. Mikail dormiu
embalado em doces sonhos de que no dia seguinte ele receberia a visita de
Jesus. No dia seguinte, levantou-se antes do amanhecer. Acendeu o fogo para
preparar a sopa de legumes, o chá fumegante e o mingau. Colocou o avental e
sentou-se para trabalhar.
Ele trabalhando e olhando lá fora, sempre à espera do momento em que Jesus
chegaria. E quando passavam botas desconhecidas, levantava-se para ver
quem era. Em dado momento, ele percebeu que alguém parara em frente à sua
porta. Seria Jesus? Correu para ver. Não era Jesus. Tratava-se de Nicolau, um
velho soldado, reformado, pobre, que morava de favor no cômodo vizinho. E
quando nevava muito, para compensar o proprietário, fazia a limpeza da rua.
Idoso e cansado, ele sentara-se ali junto à porta de Mikail. O sapateiro abriu a
porta e mandou Nicolau entrar para aquecer-se. Serviu-lhe um chá e
conversaram durante algum tempo. O velho soldado voltou para o seu
trabalho, o mesmo acontecendo com Mikail. Na parte da tarde, ele percebeu
um movimento junto à porta. Não era Jesus. Era uma jovem que trazia
aconchegado ao peito um menino, pequeno ainda.
Mikail estranhou, porque a jovem estava com roupas leves, não obstante o
frio que fazia lá fora. A criança chorava, provavelmente com frio e com fome.
O sapateiro fez com que ela entrasse em sua casa e, imediatamente, atendeu a
criança. Deu-lhe o mingau. Providenciou a sopa para a mãe da criança.
Depois conversaram durante algum tempo. Ela lhe disse que estava
atravessando uma situação muito difícil. O marido, soldado, estava longe a
quatro meses, e ela não estava recebendo o soldo dele. Começara a passar por
privações. Jovem ainda, mas com uma criança pequena, ninguém lhe dava
emprego, e ela viu-se na contingência de vender a roupa pesada para atender
as suas necessidades de alimentação. Mas a comida acabara, e agora ela
estava sem comida e sem agasalho. Mikail condoeu-se da jovem. Foi até a
despensa e preparou um farnel com vários alimentos. Também colocou
roupas grossas. E a Jovem partiu feliz.
Mikail voltou ao trabalho. Já no final da tarde o sapateiro, na expectativa da
chegada de Jesus, percebeu um movimento junto à porta, e se apressou em
ver o que estava acontecendo. Também não era Jesus. Era uma vendedora de
maçãs que trazia um cesto com algumas maçãs seguro por uma das mãos, e
com o outro braço, equilibrava precariamente um saco de gravetos que, com
dificuldade, parou junto à porta de Mikail, e para ajeitar os gravetos colocou o
cesto de maçãs ali no chão. O sapateiro, observando pela janela, viu um
menino apoderar-se rapidamente de uma maçã. A senhora foi mais rápida que
ele e agarrou-o pelo braço. O menino se debatia. Mikail, que observava tudo
pela janela, saiu de casa e separou os dois.
Segurou a mão do garoto e disse para a senhora: perdoe o menino!
- Perdoar? Vou levá-lo à polícia agora mesmo! Ladrão!
Foi então que o sapateiro fez valer o conhecimento adquirido com a leitura do
Evangelho.
Ora, minha senhora, nós como cristãos não somos capazes de perdoar uma
criança que roubou uma maçã, como é que nós vamos querer que Deus
perdoe os nossos pecados. Relutantemente, ela perdoou o menino. A senhora
estava prestes a pôr o saco de gravetos no ombro quando o garoto disse:
- Deixe-me levar o saco.
Mikail ficou olhando os dois se afastarem. Entrou em casa; quase não havia
luz para trabalhar. Guardou as ferramentas, varreu a oficina e colocou a
lâmpada na mesa. Sem mesmo saber explicar porquê, estava muito feliz.
Parecia estar rodeado por entidades angelicais. Tomou a última refeição e
pôs-se a fazer aquilo que mais o agradava, ler o Evangelho. Pretendia
continuar de onde tinha parado na véspera, mas naquele dia, sem entender a
razão, decidiu abri-lo ao acaso, que é o nome que damos para Deus quando
não identificamos a Sua presença, abriu e leu.
“Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; careci de
teto e me hospedastes. Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a
um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim mesmo que o
fizestes”.
Então Mikail compreendeu que Jesus não falhara em Sua promessa. Na
verdade, ele fora visitado três vezes pelo Cristo naquele dia em seu lar,
representado pelos Seus pequeninos. Mikail nunca mais experimentou a
solidão. E naquele dia maravilhoso entendeu que: jamais alguém será solitário
enquanto for solidário.
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas
virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os Seus ensinos, Ele
aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade.
Muita Paz!
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A visita de Jesus ao sapateiro Mikail

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  • 2. O grande Léon Tolstoi, genial escritor russo, romancista notável, nos conta que, numa cidadezinha do interior da Rússia, no século XVIII, morava um sapateiro chamado Mikail Avdeievitch. Morava num porão cuja única janela dava para a rua, na altura do chão. Embora visse apenas os pés de quem passava pela rua, Mikail conhecia todas as pessoas pelos sapatos que usavam. Como já era velho e competente em seu trabalho, era raro um par de botas que não houvesse passado por suas mãos, fosse para um remendo, uma meia- sola ou para colocar um novo cano. Assim, era comum ver passar pela janela uma obra sua. Sempre fora um homem bom. Era muito feliz com a sua família. A esposa e quatro filhos que faziam a sua alegria. Mas um belo dia, por essas contingências próprias dos séculos passados, quando a medicina não tinha o desenvolvimento atual, um filho ficou doente e morreu. Logo em seguida, outro filho adoeceu e morreu também.
  • 3. Mais um pouco e a esposa faleceu. Logo em seguida, faleceu o terceiro filho. Mikail tinha agora apenas um filho adolescente, que passou a merecer todo o seu cuidado. Mas ele também, em breve, adoeceu e morreu. Mikail que tinha uma bela família, de repente, se viu lançado na mais profunda solidão. Revoltou-se contra Deus. Abandonou a religião. Mergulhou num mutismo; passava os dias atormentado. Sentia-se tão infeliz que implorava a Deus que lhe tirasse também a vida. Deu-se ao hábito da bebida; a sua salvação era o trabalho; passava os dias martelando o solado dos sapatos, mergulhado na sua solidão; mal conversando com os fregueses. A sua vida estava muito difícil, muito sofrimento. Um belo dia, um amigo que percorria o mundo como peregrino, foi visitá-lo. Os dois conversaram durante muito tempo, e Mikail se queixou amargamente da sua desgraça.
  • 4. O visitante condoeu-se da condição do sapateiro. O que é isso, Mikail? Você precisa mudar o seu comportamento. Você não pode ficar mergulhado nessa tristeza. É preciso voltar a viver, meu amigo! Você se desespera porque só quer viver para sua própria felicidade. - E para que viver, se não para isso? Perguntou o sapateiro. - É preciso viver para Deus. É Ele quem dá a vida e para Ele devemos viver. Quando entender isso, seu sofrimento terminará e você suportará tudo com paciência e resignação.
  • 5. Mikail ficou calado por um momento, e disse: - E o que é viver para Deus? - É cumprir os Seus desígnios, fazer aquilo que Ele espera de nós. - Mas como é que eu vou saber qual é a vontade de Deus? - Leia o Evangelho. No Evangelho você terá a orientação do que fazer para cumprir a vontade de Deus. E Mikail, que nada tinha a perder, já perdera tudo, até a vontade de viver, resolveu fazer uma experiência. Comprou um novo exemplar do Novo Testamento e pôs-se a ler todas as noites. No primeiro dia em que abriu o Evangelho se surpreendeu, se maravilhou com as lições de Jesus, Seus exemplos, as Suas parábolas. Ele não conhecia o Evangelho.
  • 6. Tudo que conhecia da religião era relacionado com o Natal e com a Semana Santa. Ele começou a ler e a se encantar. Os textos lhe traziam tal consolo à alma que, se entretinha de tal modo, que só deixava o livro quando o óleo da lâmpada terminava. Agora tudo mudara. Sua vida transcorria em harmonia e paz. Começou a perceber que não era vítima de um destino cruel. Então, no fundo do poço das suas amarguras começou a se fazer uma luz. Punha-se a trabalhar ao amanhecer e, terminado o dia, colocava a lâmpada sobre a mesa, tirava o livro da prateleira e sentava-se para ler. Certa noite, ele leu aquela passagem em que o evangelista conta que Jesus foi convidado à casa de um fariseu que não o tratou com a devida consideração.
  • 7. Mikail espantou-se. Como pode alguém convidar Jesus à sua casa e não O tratar com a devida consideração? Ficou revoltado com o fariseu. Deixou os óculos sobre o livro. E imerso em reflexão, começou a pensar como ele receberia Jesus se o Mestre se dignasse visitá-lo. Jesus seria recebido no meu lar com muito carinho, com muita alegria. Em dado momento, ele ouviu uma voz a dizer: Mikail, prepara-te. Amanhã eu virei visitar-te. Mikail espantou- se, não havia ninguém em casa. Correu para abrir a porta. Não havia ninguém. Apagou a luz, deitou-se para dormir. Então ele ouviu nitidamente a mesma voz: Mikail, prepara-te. Amanhã eu virei visitar-te. Mikail dormiu embalado em doces sonhos de que no dia seguinte ele receberia a visita de Jesus. No dia seguinte, levantou-se antes do amanhecer. Acendeu o fogo para preparar a sopa de legumes, o chá fumegante e o mingau. Colocou o avental e sentou-se para trabalhar.
  • 8. Ele trabalhando e olhando lá fora, sempre à espera do momento em que Jesus chegaria. E quando passavam botas desconhecidas, levantava-se para ver quem era. Em dado momento, ele percebeu que alguém parara em frente à sua porta. Seria Jesus? Correu para ver. Não era Jesus. Tratava-se de Nicolau, um velho soldado, reformado, pobre, que morava de favor no cômodo vizinho. E quando nevava muito, para compensar o proprietário, fazia a limpeza da rua. Idoso e cansado, ele sentara-se ali junto à porta de Mikail. O sapateiro abriu a porta e mandou Nicolau entrar para aquecer-se. Serviu-lhe um chá e conversaram durante algum tempo. O velho soldado voltou para o seu trabalho, o mesmo acontecendo com Mikail. Na parte da tarde, ele percebeu um movimento junto à porta. Não era Jesus. Era uma jovem que trazia aconchegado ao peito um menino, pequeno ainda.
  • 9. Mikail estranhou, porque a jovem estava com roupas leves, não obstante o frio que fazia lá fora. A criança chorava, provavelmente com frio e com fome. O sapateiro fez com que ela entrasse em sua casa e, imediatamente, atendeu a criança. Deu-lhe o mingau. Providenciou a sopa para a mãe da criança. Depois conversaram durante algum tempo. Ela lhe disse que estava atravessando uma situação muito difícil. O marido, soldado, estava longe a quatro meses, e ela não estava recebendo o soldo dele. Começara a passar por privações. Jovem ainda, mas com uma criança pequena, ninguém lhe dava emprego, e ela viu-se na contingência de vender a roupa pesada para atender as suas necessidades de alimentação. Mas a comida acabara, e agora ela estava sem comida e sem agasalho. Mikail condoeu-se da jovem. Foi até a despensa e preparou um farnel com vários alimentos. Também colocou roupas grossas. E a Jovem partiu feliz.
  • 10. Mikail voltou ao trabalho. Já no final da tarde o sapateiro, na expectativa da chegada de Jesus, percebeu um movimento junto à porta, e se apressou em ver o que estava acontecendo. Também não era Jesus. Era uma vendedora de maçãs que trazia um cesto com algumas maçãs seguro por uma das mãos, e com o outro braço, equilibrava precariamente um saco de gravetos que, com dificuldade, parou junto à porta de Mikail, e para ajeitar os gravetos colocou o cesto de maçãs ali no chão. O sapateiro, observando pela janela, viu um menino apoderar-se rapidamente de uma maçã. A senhora foi mais rápida que ele e agarrou-o pelo braço. O menino se debatia. Mikail, que observava tudo pela janela, saiu de casa e separou os dois.
  • 11. Segurou a mão do garoto e disse para a senhora: perdoe o menino! - Perdoar? Vou levá-lo à polícia agora mesmo! Ladrão! Foi então que o sapateiro fez valer o conhecimento adquirido com a leitura do Evangelho. Ora, minha senhora, nós como cristãos não somos capazes de perdoar uma criança que roubou uma maçã, como é que nós vamos querer que Deus perdoe os nossos pecados. Relutantemente, ela perdoou o menino. A senhora estava prestes a pôr o saco de gravetos no ombro quando o garoto disse: - Deixe-me levar o saco.
  • 12. Mikail ficou olhando os dois se afastarem. Entrou em casa; quase não havia luz para trabalhar. Guardou as ferramentas, varreu a oficina e colocou a lâmpada na mesa. Sem mesmo saber explicar porquê, estava muito feliz. Parecia estar rodeado por entidades angelicais. Tomou a última refeição e pôs-se a fazer aquilo que mais o agradava, ler o Evangelho. Pretendia continuar de onde tinha parado na véspera, mas naquele dia, sem entender a razão, decidiu abri-lo ao acaso, que é o nome que damos para Deus quando não identificamos a Sua presença, abriu e leu. “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; careci de teto e me hospedastes. Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes”.
  • 13. Então Mikail compreendeu que Jesus não falhara em Sua promessa. Na verdade, ele fora visitado três vezes pelo Cristo naquele dia em seu lar, representado pelos Seus pequeninos. Mikail nunca mais experimentou a solidão. E naquele dia maravilhoso entendeu que: jamais alguém será solitário enquanto for solidário. Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os Seus ensinos, Ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br