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Magusto                                                                                       Anexas                                          Estágios
Há datas que são                                                                              Academia de Cultura                             Misericórdia de
incontornáveis e o São                                                                        é um espaço de                                  Montemor-o-Velho
Martinho é uma delas                                                                          valorização pessoal                             acolhe alunos
Reportagem         Págs. 18 e 19                                                              Em Foco       Pág. 15                           Em Acção        Págs. 8 e 9




VOZDAS                                                                                                                                                              União das Misericórdias
                                                                                                                                                                          Portuguesas




MISERICÓRDIAS
director: Paulo Moreira | ano: XXVI | novembro 2010 | publicação mensal




Provedores                                                                        Oliveira de Azeméis Rostos que se iluminam em sorrisos




reafirmam
autonomia
Provedores aprovaram por aclamação de pé
a moção que apela à defesa da autonomia
e independência das Misericórdias quanto
ao mérito dos seus actos de governo e de gestão
Reunidos em assembleia-geral, a 27     res das Misericórdias. Naquele docu-
de Novembro, os provedores aprova-     mento, os dirigentes das Santas Casas
ram uma moção que apela à defesa       apelaram ainda à formalização de
da autonomia e independência das       um documento de equivalente valor
Misericórdias quanto ao mérito dos     legislativo ao do decreto geral da Con-
seus actos de governo e de gestão.     ferência Episcopal Portuguesa, que,
A moção, apresentada por mais de       de forma inequívoca, produza efeitos
20 Santas Casas, foi aprovada por      em relação a terceiros, na ordem jurí-
maioria, com apenas uma abstenção,     dica canónica interna e internacional.
e por aclamação de pé pelos provedo-   Destaque, 4 a 7


 Drecreto Geral                        Pastoral da Saúde

 ‘Incerteza      Humanização
 jurídica deve   é chave para
 ser erradicada’ reconhecimento                                                       Projecto de apoio domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis visa estimu-
                                                                                 lar e divertir utentes, assim como prevenir situações de exclusão social. Além de actividades lúdicas,
 Entrevista, 16 e 17
                                       Saúde, 22                                 a instituição também assegura SAD nocturno, o único no distrito de Aveiro. Terceira Idade, 20 e 21
2    vm novembro 2010                                                                                                                                                  www.ump.pt

PAnORAMA

                                                                                       A FOTOGRAFIA
    ESPAço SénIoR

CRUzEIRo ENCANtA
AlUNoS DA UMP
S. Martinho da Academia de Cultura da UMP           A subir
costuma reunir os seus alunos num agradável         Violência
convívio, condimentando a degustação               doméstica
das castanhas e de outros pitéus, com a          está a diminuir
possibilidade de conhecer novos locais,
modos de vida e hábitos culturais diferentes    A violência doméstica
                                                  diminuiu na última




E
                                                    década, mas as
         stamos em pleno Outono e a                 participações às
         Direcção da Academia de Cultura          forças de segurança
                                                 aumentaram, referiu
         e Cooperação tem já planificado o          recentemente a
         habitual magusto de S. Martinho,      secretária de Estado para
         em que costuma reunir os               a Igualdade, Elza Pais.

seus alunos num agradável convívio,
condimentando a degustação das castanhas
e de outros pitéus com a possibilidade de
conhecer novos locais, modos de vida e
hábitos culturais diferentes… Foi também
esta a ideia que presidiu à viagem do                                      bArcelos o olhar da criança soBre os seus direitos
final do passado ano lectivo, que incluía                                  A Santa Casa de Barcelos promoveu uma exposição sobre “o olhar da Criança sobre os seus direitos”, no
um Cruzeiro, que iria tocar as costas da                                   âmbito do Dia Internacional dos Direitos das Crianças, celebrado a 20 de Novembro. Durante a inauguração,
Croácia, da Itália e da Grécia. A 30 de                                    os pequenos artistas deslocaram-se ao local da exposição onde admiraram as suas obras de arte. Com o apoio
Maio, a viagem iniciou-se, de avião, até                                   da equipa pedagógica, os pequenos artistas conseguiram dar forma e cor ao seu ver e sentir. Não só tomaram
Madrid, ficando a tarde livre para visitas                                 consciência dos seus direitos mas também dos seus deveres. localizada no átrio anexo à Igreja da Misericórdia,
opcionais, e continuou, no dia imediato,                                   a exposição pode ser vista até 3 de Dezembro.
para a ilha de Malta onde, após ter
percorrido La Valleta, a sua capital, se
deu o primeiro contacto com o Zenith,
                                                                                       O NúmeRO
navio em que se iria percorrer parte




                                                                           3
do Mediterrâneo. Com doze andares,
oferecia, aos mais de mil viajantes, lojas,        A Descer                            milhões de traBalhadores
                                                Portugueses são
bares, restaurantes, cinemas e salões onde                                             Segundo a CGtP e a UGt, a greve de 24 de Novembro foi
                                                os menos felizes
se realizariam espectáculos de variedades,           da ue                             a maior da história de Portugal, com três milhões de trabalhadores
bailes, concursos, etc.. Para outros tipos                                             a aderir à jornada. Para o Governo, “o país não parou”.
de actividade, ali estavam as piscinas,        s portugueses sentem-se
                                                menos felizes do que a
os ginásios, os recintos para a prática de      média dos cidadãos da
jogos, a biblioteca, etc. Tudo isto que,       União Europeia, segundo
                                                                                       O CAsO
por si só, já poderia proporcionar umas          um inquérito europeu
                                                recente. Para o estudo,
boas férias, tinha, apenas, o objectivo        foram realizadas mais de
de oferecer diversões durante as horas             2300 entrevistas.
                                                                           GAiA                                    agradeceu este apoio, uma vez que    tou em afirmar que “este apoio
de navegação – predominantemente                                                                                   o CAt da Misericórdia de Gaia é      da C&A Kids, bem como todos
nocturnas - e aos serões, visto os
                                                                           c&a oferece                             uma das unidades de exploração       os outros que possam surgir são
dias serem destinados às visitas em                 A FrAse                donatiVo ao centro                      que dá mais prejuízo à Misericór-    sempre bem-vindos”. “Este é um
terra. Destas, salientaremos, apenas, o                                    de acolhimento                          dia. Segundo aquele responsável,     excelente exemplo da passagem
percurso à linda cidade de Dubrovnik,                                                                              os custos com aquelas crianças são   da consciencialização à prática do
na Croácia; à belíssima Veneza, onde os                                    As crianças do Centro de Acolhi-        elevados e integralmente suporta-    papel social que a C&A, as grandes
típicos vapurettos levaram os visitantes                                   mento temporário Nossa Senhora          dos pela Misericórdia.               empresas e todos nós temos o de-
até aos pontos mais notáveis; a Pádua,                                     da Misericórdia, da Santa Casa de       Por isso, Joaquim Vaz não hesi-      ver de cumprir”.
cuja maravilhosa Basílica de António - o                                   Gaia, receberam, no passado dia
nosso Santo António de Lisboa - encantou                                   29 de outubro, um donativo de
o grupo e, já na Grécia, às cidades de               Bento XVi
                                                                           2500 euros do Grupo C&A, que
Olímpia e de Atenas, onde todos ficaram                PaPa                inaugurou uma nova loja C&A
maravilhados com as admiráveis ruínas                                      Kids no Arrábida Shopping. Hou-
da Acrópole. A organização da viagem e            “A realidade             ve ainda balões, palhaço e muitas
os serviços prestados pelos cerca de 700         mais eficiente,           prendinhas.
tripulantes, criaram um clima de boa           mais presente em            A C&A sempre que abre uma nova
                                               primeira linha na
disposição. O contacto dos portugueses                                     loja de roupa escolhe uma institui-
                                               luta contra a sida
com grupos de outras nacionalidades foi                                    ção de apoio a crianças para oferecer
                                                é precisamente
extraordinário e a sua participação            a Igreja Católica,          um donativo. Com a abertura da
e alegria – que muito se ficou a                  com os seus              nova loja da C&A Kids no Arrábida
dever à dinâmica imprimida pelo                  movimentos.”              Shopping, o grupo holandês esco-
Presidente da nossa Academia,                                              lheu o Centro de Acolhimento tem-
Eng. Luís Aires – levou a que fossem                                       porário Nossa Senhora da Misericór-
distinguidos com diplomas em                                               dia (CAt) para oferecer o donativo.
que foram considerados os mais                                             Além deste donativo, a C&A Kids
participativos e animados do                                               ofereceu ainda às crianças do CAt
Cruzeiro.                                                                  brinquedos, balões e uma tarde
                                                                           bastante animada com a partici-
Manuela Garcia                                                             pação de um palhaço.
Academia de Cultura e Cooperação da UMP                                    o provedor da Santa Casa da Mi-
academiadecultura@ump.pt
                                                                           sericórdia de Gaia, Joaquim Vaz,                Além do donativo, crianças tiveram direito à tarde diferente
www.ump.pt                                                                                                              novembro 2010 vm                3




                                                              RADAR
                                                                                ON-LINe
  oPInIão
                                                                     AnimAção
                                                                     idosos de murça
PARCERIAS qUE                                                        na discoteca
Dão FRUtoS                                                                Recentemente, a Santa Casa da Mi-
                                                                     sericórdia de Murça proporcionou uma
                                                                     tarde diferente, cheia de boa disposição e
A Misericórdia nem os seus técnicos
                                                                     muita animação, no âmbito do projecto.
superiores recebem dinheiro com estas
parcerias. Gasta algum. Não sendo                                    A discoteca “Donaporca” proporcionou
obrigada, colabora com a cedência das                                a cerca de 60 idosos a experiência de
refeições. Mas recebe coisas que o dinheiro                          irem à discoteca pela primeira vez. Com
nunca pagará                                                         jogos de luzes e ao som de música popu-      DeFiciênciA
                                                                     lar portuguesa, a pista de dança esteve      eXPosição fotográfica




A
          A Misericórdia de Montemor-o-Velho, que já celebrou        sempre cheia, num ritmo contagiante,            Para desmistificar
          os 500 anos em 1998, tem orgulho nas parcerias             onde a idade não impediu em nada a
          existentes ou celebradas. Algumas dessas parcerias         diversão.                                    o Grupo da Diferença – do qual faz parte
          vêm produzindo frutos magníficos, quer para as                                                          o Centro para Deficientes Profundos João
          Instituições, quer para as pessoas intervenientes, quer                                                 Paulo II e Escola de Educação Especial
para os membros das sociedades onde as instituições estão                                                         “os Moinhos”, entre outras entidades
inseridas ou onde os agentes desenvolvem a sua actividade                                                         – promove, até dia 3 de Dezembro, a
laboral remunerada ou voluntária.                                                                                 exposição “o Poder da Imagem”, que re-
São várias as Instituições com quem a Misericórdia desenvolve                                                     úne perto de uma centena de fotografias,
essas parcerias.                                                                                                  protagonizadas pelas pessoas apoiadas
-Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – Existe há vários                                                      pelas instituições de apoio à deficiên-
anos. Em cada ano curricular, fazem formação em exercício,                                                        cia da cidade de Fátima. o objectivo é
cerca de 50 alunos, com a orientação de um professor da Escola e                                                  despertar e desmistificar a temática da
acompanhamento da enfermeira e do médico que prestam serviço                                                      deficiência.
nos Lares da Misericórdia. A média é de 5 alunos por mês. Para
além dos trabalhos da especialidade, constituem equipas de           nAtAl                                        iniciAtivA
trabalho com as técnicas de serviço social e com as animadoras.      camPanha reúne                               i congresso Português
Participam em acções de formação e sessões de animação.              aki e misericórdias                          do Voluntariado
Para alguns alunos, o conhecimento do mundo dos idosos é uma
descoberta. no fim de cada estágio, Há sorrisos, mas também               À semelhança do passado ano, o          A Confederação Portuguesa do Volun-
lágrimas de satisfação e saudade.                                    AKI volta, em parceria com a União das       tariado, da qual a União das Misericór-
A Misericórdia regista, com agrado, o seu reconhecimento aos         Misericórdias Portuguesas, a realizar        dias é uma das entidades fundadoras,
professores orientadores da Escola Superior de Enfermagem,           uma campanha de solidariedade que            promove, nos próximos dias 4 e 5 de
principalmente à Prof.ª Dr.ª Margarida pela afabilidade, saber,      irá envolver todas as lojas da marca e       Dezembro, o I Congresso Português do
competência, colaboração e carinho por esta vetusta Instituição.     todas as Misericórdias do país. A cam-       Voluntariado. o evento vai ter lugar no
-Instituto Superior Miguel Torga - A parceria também tem vários      panha decorre entre 1 de Novembro e          Centro Ismaili, em lisboa. Um dos ob-
anos. Actualmente fazem estágio curricular quatro alunos do          20 de Dezembro e visa recolher mantas,       jectivos é lançar o Ano Europeu do Vo-
Mestrado em Psicologia, com sob a orientação da, Psicóloga na        cobertores, roupas quentes, almofadas,       luntariado 2011, assim como contribuir
Unidade de saúde da Misericórdia. O estágio é de um ano, com 3       entre outros, com o objectivo de pro-        para a capacitação de voluntários e suas
dias por semana. Também eles se integraram na equipa formada         porcionarem, aos mais carenciados, um        organizações. Saiba mais em: http://
pelo médico, enfermeira, técnicos do serviço social e animadoras.    Natal mais acolhedor.                        www.convoluntariado.pt.
Deu gosto vê-los, no dia do magusto, a fazer de tudo um pouco.
- Instituto Bissaya Barreto – neste momento não há acções
conjuntas. Mas existiram, também no âmbito de estágios                          sLIDesHOW
curriculares de técnicos de serviço social.
- Escola Secundária e Escolas Profissionais de Montemor-o-Velho
– Todos os anos, alguns alunos aqui fazem estágios profissionais,
nas especialidades de Informática, de Gestão e de Higiene
e Segurança no Trabalho, com o apoio da Técnica Superior
da Administração da Instituição e respectivos professores
orientadores das Escolas. - APPACDM e outras Instituições
Sociais – Pontualmente a Misericórdia colabora em processos de
formação ou cursos de aprendizagem com outras associações de
âmbito local ou formação em contexto de trabalho.
A nota fundamental deixada pelos alunos das citadas Instituições é
que lhes foi concedida a possibilidade de aprender e saber o que é
a humanização na prestação dos serviços nas futuras profissões.
A Misericórdia nem os seus técnicos superiores recebem
dinheiro com estas parcerias. Gasta algum. não sendo obrigada,
colabora com a cedência das refeições.
Mas recebe coisas que o dinheiro nunca pagará. O trabalho
desinteressado, o gosto da cooperação, o carinho dos que
aqui passam e nunca mais esquecem, a cultura da partilha de
saberes, a alegria de colaborar na construção de um mundo
melhor, com a prática das obras de misericórdia, sobretudo as
espirituais, menos visíveis e cada vez mais necessárias.             chAves são martinho intergeracional
                                                                     A Misericórdia de Chaves promoveu um lanche convívio de São Martinho que
                                                                     juntou crianças e encarregados de educação, idosos e familiares. Não faltaram
                                                                     castanhas, sardinhas, febras, broa, caldo verde, jeropiga, sobremesas e muita
                                                                     música. Diversas actividades lúdicas e pedagógicas animaram a iniciativa. outras
 Manuel Carraco Reis                                                 dezenas de Santas Casas também celebraram o S. Martinho. Alegria e muitas
 Provedor de Montemor-o-Velho
                                                                     castanhas são o denominador comum de tudo o que se fez pelo país durante
                                                                     Novembro. Ver páginas 18 e 19.
4   vm novembro 2010                                                                                                www.ump.pt


DESTAQUE




Provedores
                                                          Bethania Pagin                          ao arrepio da história penta-secular
                                                                                                  das Misericórdias, da sua tradicional
                                                          Reunidos em assembleia-geral, a 27      autonomia e independência em rela-
                                                          de Novembro, os provedores aprova-      ção ao poder eclesiástico e ao poder
                                                          ram uma moção que apela à defesa        civil e dos seus direitos consolidados
                                                          da autonomia e independência das        ao longo do tempo, mas hão-de antes
                                                          Misericórdias quanto ao mérito dos      buscar-se num clima de diálogo, de




reafirmam
                                                          seus actos de governo e de gestão. A    boa fé e de espírito de colaboração,
                                                          moção, apresentada por mais de 20       que respeite o papel essencial que os
                                                          Santas Casas, foi aprovada por maio-    leigos nelas sempre desempenharam,
                                                          ria, com apenas uma abstenção, e por    no exercício da assistência e da cari-
                                                          aclamação de pé pelos provedores        dade cristã, em sistema de verdadeiro
                                                          das Misericórdias. Aqueles dirigentes   autogoverno”.
                                                          manifestaram ainda o seu desagrado          A decisão dos provedores pre-




autonomia
                                                          pelo facto das Santas Casas não terem   sentes em Fátima prende-se ainda
                                                          sido consideradas ou ouvidas aquan-     com o facto de que “que a reafir-
                                                          do da publicação do decreto geral da    mação e o reforço da eclesialidade
                                                          Conferência Episcopal Portuguesa.       das Misericórdias portuguesas e a
                                                          Por isso, apelam à formalização de      disponibilidade destas para colabo-
                                                          um documento de equivalente valor       rarem numa nova ordem da Pastoral
                                                          legislativo que, de forma inequívoca,   da Igreja pressupõe o respeito do seu
                                                          produza efeitos em relação a tercei-    carácter laical e da autonomia da sua
                                                          ros, na ordem jurídica canónica in-     forma de governo”.
                                                          terna e internacional. Naquele dia,         Assim, a Assembleia Geral deli-
                                                          os dirigentes também aprovaram o        berou manifestar ao presidente do
                                                          plano de actividades e orçamento        Secretariado Nacional da UMP “a sua
                                                          União das Misericórdias Portuguesas     total confiança e apoio nas diligên-
                                                          (UMP) para 2011.                        cias que foi incumbido de proceder

Provedores aprovaram por aclamação a moção que apela           Na moção aprovada, os dirigentes
                                                          das Santas Casas definiram que “as
                                                                                                  no sentido de defender a autonomia
                                                                                                  e independência das Misericórdias
à defesa da autonomia e independência das misericórdias   bases para um entendimento entre as
                                                          duas instituições não podem assentar
                                                                                                  Portuguesas quanto ao mérito dos
                                                                                                  seus actos de governo e de gestão,
quanto ao mérito dos seus actos de governo e de gestão    num diploma ditado unilateralmente,     reconhecendo à autoridade eclesiás-
www.ump.pt                                                                                                                                                         novembro 2010 vm                5

                                                                                           PRoDuToS ARTESAnAIS DE VAlPAçoS
                                                                                           A Misericórdia de Valpaços aproveitou a Assembleia-geral para dar




                                                                                                                                 “
                                                                                           a conhecer e comercializar os produtos da sua empresa de inserção.
                                                                                           Ninguém ficou indiferente aos aromas e sabores de trás-os-Montes.




                                          NÚMERoS                                      ponder. “Este problema [do decreto
                                                                                       geral] não deveria existir”, desabafou                                   É urgente
                                                                                       aquele responsável.
                                                                                           Neste momento, a União das                                           uma lei da
                                                                                                                                                                economia
                                          6
                                                                                       Misericórdias Portuguesas e a Con-
                                                                                       ferência Episcopal Portuguesa estão
                                                                                                                                 Assembleia Geral
                                                                                                                                 manifestou ao Secre-
                                                                                                                                                                social
                                                                                       a negociar as bases de um compro-
                                                                                       misso que viabilize um acordo que         tariado Nacional a
                                          Por cento de IVA                             esclareça qual é a natureza jurídica      sua total confiança
                                          em relação ao ivA, uma das possibilida-      das Santas Casas.
                                          des a partir de 2012 poderá ser o paga-          os bispos já se pronunciaram so-
                                                                                                                                 nas diligências para           especificidade da economia
                                          mento equivalente ao das autarquias, que     bre as bases deste compromisso. o         defender a autonomia           social foi decisiva entre os
                                          é de seis por cento.                         documento já foi aprovado pela Con-       e independência das            partidos no parlamento


                                          500
                                                                                       ferência Episcopal a 11 de Novembro,      Misericórdias                  quando estava em causa
                                                                                       durante a 176ª Assembleia Plenária da                                    a devolução do IVA pelo
                                                                                       CEP. Naquele documento, os bispos                                        terceiro sector
                                                                                       referem que “tendo em conta a grave       Dirigentes das San-
                                          Milhões de Euros em obras                    crise em que se encontra o nosso País,    tas Casas entendem             Bethania Pagin
                                          o presidente da umP acredita que neste       as organizações com espírito eclesial     que as bases para um
                                          momento estão contratualizados cerca         sentem a necessidade de reforçar os                                      Um dos temas que marcou a As-
                                          de 500 milhões de euros em obras das         laços de cooperação, para melhor
                                                                                                                                 entendimento entre as          sembleia-geral de 27 de Novembro
                                          santas casas.                                responder aos urgentes desafios da        duas instituições não          foi a possibilidade das Misericórdias
                                                                                                                                 podem assentar num

                                          2
                                                                                       presente situação. É de realçar o be-                                    perderem o direito à devolução do
                                                                                       nemérito serviço oferecido à sociedade    diploma ditado unila-          IVA, segundo proposta, entretanto
                                                                                       portuguesa, desde há cinco séculos,                                      retirada, do orçamento de Estado
                                                                                       pelas Santas Casas de Misericórdia,
                                                                                                                                 teralmente                     para 2011. De acordo com a presi-
                                          Congressos em 2011                           que actualmente são cerca de 400 em                                      dente da Assembleia Geral da UMP,
                                          Além do congresso nacional, a realizar-      Portugal. No âmbito do diálogo que        Estabelecimento das            Maria de Belém Roseira, houve gran-
                                          se no distrito de coimbra, estão previstas   tem mantido com a UMP, a CEP apro-        bases de qualquer              de entendimento entre os diversos
                                          jornadas sobre cuidados continuados de       vou por unanimidade, nesta Assem-                                        partidos sobre o tema.
                                          saúde, em Portimão.                          bleia, as Bases de um Compromisso”.
                                                                                                                                 acordo com a CEP                    Segundo aquela responsável, a
                                                                                                                                 deve ser formalizado

                                          2
                                                                                           o documento aprovado pelos                                           especificidade da economia social e
                                                                                       bispos “tem como fundamento incre-        por um novo Decre-             o agravar da situação social do país
                                                                                       mentar um maior espírito de unidade       to Geral ou diploma            foram factores decisivos. “Ao con-
                                                                                       e cooperação eclesial em tempos con-                                     trário da economia comercial, não
                                          Assembleias                                  turbados da sociedade portuguesa.
                                                                                                                                 de equivalente valor           podemos repercutir os aumentos
                                          os provedores já se tinham pronuncia-        o serviço aos pobres e necessitados       legislativo                    nas pessoas que servimos”, disse.
                                          do duas vezes, em assembleias-gerais,        exige uma união efectiva na vivência                                     Para Manuel de lemos, o recuo do
            Provedores aclamaram
             de pé a moção sobre o
                                          sobre o seu estatuto de associações pri-     das catorze obras de misericórdia. o      Compromisso entre
                                          vadas de fiéis.                              espírito de diálogo e de colaboração                                     Devolução do IVA não é um
                                                                                                                                 CEP e UMP tem como
              decreto geral da CEP




tica a tutela da legalidade canónica”.
Mais, os provedores deliberaram re-
comendar àquele responsável que
“o estabelecimento das bases de
                                          14
                                          Milhões de euros
                                          o total de proveitos orçamentados da
                                          união das misericórdias Portuguesas
                                          para o ano de 2011 é de cerca de 14
                                          milhões de euros.
                                                                                       continuará, de modo permanente e es-
                                                                                       tável, entre a CEP, com os seus órgãos,
                                                                                       e a União das Misericórdias, para a
                                                                                       realização deste compromisso e possí-
                                                                                       veis dúvidas que surjam, em avaliação
                                                                                       anual. o mesmo espírito existirá entre
                                                                                       os bispos das dioceses e os provedores
                                                                                       das Misericórdias aí sediados”.
                                                                                                                                 fundamento incre-
                                                                                                                                 mentar um maior
                                                                                                                                 espírito de unidade e
                                                                                                                                 cooperação eclesial
                                                                                                                                 em tempos contur-
                                                                                                                                 bados da sociedade
                                                                                                                                 portuguesa
                                                                                                                                                       “        benefício, mas uma questão
                                                                                                                                                                de equidade fiscal, disse o
                                                                                                                                                                presidente do Secretariado
                                                                                                                                                                nacional da uMP

                                                                                                                                                                governo não representa “um bene-
                                                                                                                                                                fício, mas uma questão de equida-
                                                                                                                                                                de fiscal”. Contudo, uma vez que a
                                                                                                                                                                situação financeira do país deverá




                                          39%
qualquer acordo com a CEP deve ser                                                          Plano e orçamento                                                   manter-se débil durante alguns anos,
condicionado e formalizado por um                                                           Naquela assembleia, os provedores                                   o presidente da UMP afirmou esperar
novo Decreto Geral ou diploma de                                                       também aprovaram, por maioria com                                        que em 2012 as Santas Casas passem
equivalente valor legislativo que, de                                                  uma abstenção, o plano de actividades                                    a pagar o IVA das empreitadas, em-
forma inequívoca, produza efeitos ca-     Em recursos humanos                          e o orçamento da UMP para 2011. Sobre                                    bora com uma taxa equivalente à das
nónicos em relação a terceiros, na or-    Foram estimados para o ano de 2011           as contas, o Conselho Fiscal apelou                                      autarquias, que é de 6%.
dem jurídica interna e internacional”.    cerca de cinco milhões para custos com       às Misericórdias que se unam em tro-                                          outros assuntos marcaram a
     Recorde-se que o decreto geral       o pessoal, o que representa 39% na es-       no da sua União para levar adiante as                                    assembleia. Entre eles, o protocolo
da CEP sobre as Misericórdias Por-        trutura dos custos.                          medidas necessárias para melhorar o                                      anual com o Ministério do trabalho




                                          1
tuguesas determina que as Miseri-                                                      funcionamento da UMP.                                                    e da Solidariedade Social, que ainda
córdias são associações públicas de                                                         Entre outras iniciativas que mar-                                   não foi assinado. Segundo Manuel de
fiéis, com os benefícios e exigências                                                  carão 2011, o presidente da UMP                                          lemos, a UMP está a negociar aspec-
que lhes advêm do regime do Código                                                     destacou o congresso nacional que                                        tos que, não sendo de natureza eco-
de Direito Canónico (ver entrevista       Abstenção                                    irá decorrer em Coimbra, com ses-                                        nómica, poderão trazer repercussões
nas páginas 16 e 17).                     o plano de actividades e o orçamento da      são de encerramento em Arganil. o                                        financeiras para as Misericórdias.
     Segundo o presidente do Secreta-     umP para 2011 foram aprovados por            evento será organizado pela UMP                                               “É urgentíssima a criação de uma
riado da UMP, apesar do decreto geral     maioria, com apenas uma abstenção.           em estreita parceria com o Secreta-                                      lei da economia social”. Para aque-
não ser retroactivo, não podendo ser                                                   riado Regional daquele distrito. Além                                    le responsável, não é aceitável que
aplicado, portanto, às Santas Casas                                                    disso, Portimão irá ser a Santa Casa                                     as organizações de economia social
existentes, não há conhecimento de                                                     anfitriã das jornadas de cuidados                                        tenham de “andar á procura de alte-
nenhum exemplo de Misericórdia que                                                     continuados das Misericórdias.                                           rações nos orçamentos de Estado”,
tenha sido erigida por iniciativa canó-                                                     outros temas, como a possibilida-                                   especialmente numa altura de crise
nica. Para Manuel de lemos, o decre-                                                   de de devolução do IVA por parte das                                     em que essas entidades serão cha-
to geral gera confusão “em relação ao                                                  organizações sem fins lucrativos mar-                                    madas a trabalhar ainda mais.
qual manifestamos o nosso repúdio”,                                                    caram igualmente o debate naquela                                             “Se o Estado não tem dinheiro
especialmente por causa dos proble-                                                    assembleia-geral (ver texto ao lado).                                    para os acordos, temos de rever as
mas que a sociedade portuguesa vai                                                                                                                              exigências que nos fazem e que se
enfrentar no próximo ano e aos quais                                                        Ver também as páginas 6, 7 e a                                      alteram quase todos os dias”, con-
as Santas Casas serão chamadas a res-                                                        entrevista nas páginas 16 e 17                                     cluiu aquele responsável.
6     vm novembro 2010                                                                                                                                                                     www.ump.pt
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                                                                                        oPInIão


                        Moção                                                                                                 Em primeiro lugar gostaria de co-
                                                                                                                              meçar por, agradecer as centenas
                                                                                                                                                                        ma, para cujo regime expressamente
                                                                                                                                                                        remete em caso de lacuna legislativa,
                                                                                                                              de manifestações de apoio e de re-        num capítulo que respeita às activi-
                                                                                                                              conhecimento pela parte já publica-       dades das Instituições de Solidarie-

    1   considerando que a posição assumida pelo conselho nacional da união
        das misericórdias Portuguesas (umP) relativamente ao Decreto Geral so-
    bre as misericórdias, produzido pela conferência episcopal Portuguesa (ceP),
                                                                                        Manuel de lemos
                                                                                        Presidente da UMP
                                                                                                                              da deste artigo que justamente me
                                                                                                                              encoraja a continuar.
                                                                                                                                   Conforme prometido, proponho-
                                                                                                                                                                        dade social, claramente distingue as
                                                                                                                                                                        Misericórdias das actividades das
                                                                                                                                                                        instituições pertencentes a organiza-
    corresponde ao sentir da esmagadora maioria das misericórdias do país, como                                               me nesta segunda parte abordar al-        ções religiosas, em geral, e da Igreja
    resulta dos votos de confiança e moções de apoio que tem vindo a ser aprova-
    das pelos vários secretariados regionais da umP;
                                                                                        o DEVER                               guns aspectos fulcrais da relação do
                                                                                                                              Estado com as Misericórdias à luz
                                                                                                                                                                        Católica, em particular.
                                                                                                                                                                             o segundo aspecto é que para o
                                                                                        DA VERDADE 2                          do Decreto-lei nº 119/83 de 25 de         Estado Português as Misericórdias

    2    considerando que as bases para um entendimento entre as duas institui-
         ções nacionais não podem assentar num diploma ditado unilateralmente,
    ao arrepio da história penta secular das misericórdias, da sua tradicional auto-    Conforme prometido, proponho-
                                                                                                                              Fevereiro, isto é, o diploma legal que
                                                                                                                              regula as actividades das Instituições
                                                                                                                              Particulares de Solidariedade Social
                                                                                                                                                                        não são Instituições canonicamente
                                                                                                                                                                        erectas. Na verdade e de acordo com
                                                                                                                                                                        o que tem sido sempre a posição da
    nomia e independência em relação ao poder eclesiástico e ao poder civil e dos       me nesta segunda parte abordar        e especificamente das Misericórdias       União das Misericórdias Portuguesas,
                                                                                        alguns aspectos fulcrais da relação
    seus direitos consolidados ao longo do tempo, mas hão-de antes buscar-se            do Estado com as Misericórdias à      Portuguesas                               o legislador vai mais longe, porque
    num clima de diálogo, de boa fé e de espírito de colaboração, que respeite o        luz do Decreto-Lei nº 119/83 de 25         E a respeito do olhar do Estado      distingue as Instituições canonica-
    papel essencial que os leigos nelas sempre desempenharam, no exercício da           de Fevereiro                          sobre as Misericórdias, gostaria de       mente erectas das Instituições consti-
    assistência e da caridade cristã, em sistema de verdadeiro autogoverno;                                                   salientar dois aspectos: o primeiro       tuídas na ordem Jurídica Canónica. E
                                                                                                                              neste diploma fundamental para a          esta diferença, a meu ver, é estrutural.

    3   considerando terem sido retomadas pela ceP e pela umP negociações
        com vista a alcançar um entendimento que consagre, definitivamente, a
    matriz e a idiossincrasia singulares das misericórdias no espaço social da nação
                                                                                                                              matéria é que inequivocamente o
                                                                                                                              Estado Português não trata as Mise-
                                                                                                                              ricórdias como organizações da Igre-
                                                                                                                                                                        Porque como referi no artigo anterior,
                                                                                                                                                                        uma coisa é a erecção canónica, que
                                                                                                                                                                        nas Misericórdias nunca aconteceu, e
    portuguesa;                                                                                                               ja Católica, mas como Instituições        outra é o Decreto formal de integração
                                                                                                                              Portuguesas com vinculo á Igreja          da ordem Jurídica Canónica, através

    4    considerando que as bases de qualquer acordo têm de ser consagradas
         num diploma canónico que, de forma expressa ou tácita, revogue ou subs-
    titua o referido Decreto Geral e produza inequívocos efeitos jurídicos perante
                                                                                                                              Católica. Sucede que o Decreto-lei
                                                                                                                              nº 119/83, no seu Capitulo II, regu-
                                                                                                                              la as actividades de solidariedade
                                                                                                                                                                        do reconhecimento ou concessão de
                                                                                                                                                                        personalidade jurídica canónica, o
                                                                                                                                                                        que as Misericórdias efectivamente
    as partes e perante terceiros; e, finalmente,                                                                             social das organizações religiosas,       obtiveram, na sua maioria esma-
                                                                                                                              sob o título “Das actividades de          gadora, nos anos 70 e 80 do século
                                                                                                                              solidariedade social das organiza-        passado.

    5   considerando que a reafirmação e reforço da eclesialidade das misericór-
        dias Portuguesas e a disponibilidade destas para colaborarem numa nova
    ordem da Pastoral da igreja pressupõe o respeito do seu carácter laical e da
                                                                                                                              ções religiosas” e, neste capítulo, na
                                                                                                                              Secção II regula as actividades das
                                                                                                                              Instituições da Igreja Católica, sob
                                                                                                                                                                            Com efeito, no Artigo 45º do
                                                                                                                                                                        Decreto-lei nº119/83, (uma das tais
                                                                                                                                                                        disposições especiais para as institui-
    autonomia da sua forma de governo,                                                                                        o título “Disposições especiais para      ções da Igreja Católica), o legislador
                                                                                                                              as instituições da igreja católica” (do   identifica como Instituições da Igreja
                A Assembleia Geral da umP, reunida em Fátima, no centro João                                                  Artigo 44º ao Artigo 51º). E cabe         Católica as que são canonicamente
                Paulo ii, em sessão ordinária, deliberou ratificar a posição assumida                                         salientar que em todo este capítulo,      erectas, ao passo que, no Artigo 68º,
                pelo conselho nacional da umP e manifestar ao sr. Presidente                                                  e nomeadamente nesta secção, não          (um dos artigos especificamente de-
                do secretariado nacional da mesma união a sua total confiança                                                 existe uma única referência às Mi-        dicado às Misericórdias), o legislador
                e apoio nas diligências que foi incumbido de proceder no senti-                                               sericórdias.                              define as Irmandades de Misericór-
                do de defender a autonomia e independência das misericórdias                                                       Só noutro Capítulo, o III, legis-    dias como associações constituídas
                Portuguesas quanto ao mérito dos seus actos de governo e de                                                   lativamente bem diverso, sob o títu-      na ordem Jurídica Canónica; o que,
                gestão, reconhecendo à autoridade eclesiástica a tutela da lega-                                              lo “Das instituições particulares de      no sentido do legislador indicia uma
                lidade canónica.                                                                                              solidariedade social em especial”,        diferença essencial. Porque se fosse
                          mais deliberou recomendar ao sr. Presidente do secre-                                               encontramos uma secção, a Secção          a mesma coisa, ser canonicamente
                tariado nacional da umP que o estabelecimento das bases de                                                    II, também ela claramente autónoma        erecto ou ser constituído na ordem
                qualquer acordo com a ceP deve ser condicionado à revogação,                                                  e específica, cujo título é “Das irman-   jurídica canónica, o legislador teria
                expressa ou tácita, do aludido Decreto Geral, e formalizado por                                               dades da Misericórdia” (do Artigo         utilizado uma mesma e única ex-
                um novo Decreto Geral ou diploma de equivalente valor legislativo                                             68º ao Artigo 71º), onde justamente       pressão; e se o não faz no mesmo
                que, de forma inequívoca, produza efeitos canónicos em relação a                                              são tratadas de forma especial as         diploma legal, é porque entende que
                terceiros, na ordem jurídica interna e internacional.                                                         Misericórdias.                            não são exactamente a mesma coisa.
                                                                                                                                   Decorre desta circunstância que,         E já agora salientar que só para
                                                Fátima, 27 de Novembro de 2010                                                não só, o legislador português não        aquelas Instituições enquanto or-
                                                                                                                              considera a nossa actividade como         ganizações da Igreja Católica o
                                                                                                                              actividade de uma organização re-         reconhecimento da personalidade
                                                                                                                              ligiosa, (porque se o fizesse então       jurídica civil resulta da simples par-
                                                                                                                              teria colocado as disposições que         ticipação escrita feita pelo Bispo da
                                                                                                                              regulam as Misericórdias no Capítulo      Diocese, aos serviços competentes
                                                                                                                              II, numa hipotética secção própria)       para a tutela das mesmas institui-
                                                                                                                              como também muito menos, con-             ções; e que os estatutos destas Insti-
                                                                                                                              sidera as Misericórdias como insti-       tuições e respectivas alterações não
                                                                                                                              tuições da Igreja Católica (porque,       carecem de escritura pública, mas
                                                                                                                              se assim o entendesse, colocaria as       devem ser aprovados e autenticados
                                                                                                                              disposições especiais para as Mise-       pela autoridade eclesiástica compe-
                                                                                                                              ricórdias na secção que regula as         tente (artigos 45 e 46 nº1). ora, nos
                                                                                                                              disposições especiais para as insti-      artigos 68º a 71º (que são os que
                                                                                                                              tuições da Igreja Católica e em caso      regulam as Misericórdias) não se en-
                                                                                                                              de remissão seria para eles que o         contra qualquer remissão para aque-
                                                                                                                              faria, o que nunca sucede ao longo        les artigos. Pelo contrário, o art.69
                                                                                                                              do diploma)                               nº2 é claro ao prescrever que “em
                                                                                                                                   ora, o legislador não faz nada       tudo o que não se encontre estabele-
                                                                                                                              disso. Pelo contrário, ao colocar as      cido na presente secção, as Irmanda-
                                                                                                                              Misericórdias numa secção autóno-         des da Misericórdia regulam-se pelas
www.ump.pt                                                                                                                                                          novembro 2010 vm       7

                                                                                 456 MIl CERTIFICAçõES
                                                                                 A ministra da Educação, Isabel Alçada, disse recentemente
                                                                                 que o programa Novas oportunidades registou já adesão
                                                                                 de 1,489 milhões de portugueses, tendo feito 456 mil certificações.




o legislador português     disposições aplicáveis às associações          nomeadamente perante terceiros, e            a efeito, que o concorrente preterido      um Compromisso
não considera a nossa      de solidariedade social”. É que as             colocar as Misericórdias e a própria         o venha impugnar com o argumento           poderia esclarecer, de
actividade como            ”sujeições canónicas” de que fala o            Conferência Episcopal Portuguesa em          de que não houve intervenção do            vez, o que deveriam ser
actividade de uma          art. 69 nº1 são que decorrem da sua            situação delicada.                           ordinário. E isso, além de contrariar      as nossas relações com
organização religiosa,     natureza de associações de fieis e                 logo, como temos referido (e             frontalmente toda a História, nature-      a CEP E, dessa forma,
                                                                                                                                                                        .
como também muito          essas ninguém contesta.                        curiosamente também o fizeram os             za e autonomia das Misericórdias é         todos prestarmos
menos, considera as             Infelizmente, porém, esta cir-            porta vozes da Conferência Epis-             impraticável, da mesma forma que           um melhor serviço
Misericórdias como         cunstância não foi devidamente                 copal) o único caminho aceitável é           tornaria impraticável o funciona-          aos valores em que
instituições da Igreja     avaliada, nem pelos juristas das               manter os procedimentos habituais,           mento da própria Diocese. A menos          acreditamos e à nossa
Católica                   Misericórdias, nem pelos juristas              não lhes introduzindo qualquer al-           que todos “fizessem de conta”, como        Missão de ajudar os que
                           da segurança social que, a meu ver,            teração e assim ignorando o decreto          infelizmente muitas vezes parece           mais precisam
Para além do decreto       erradamente, passaram a exigir às              geral e deixando-o cair em desuso.           que o fazem nos Centros Paroquiais;
geral não se aplicar       Misericórdias a aprovação do ordi-                 É neste contexto global que sem-         mas se o alegado objectivo do decre-       Além de contrariar
às cerca de 400            nário, por exemplo na revisão dos              pre sustentei a necessidade de um            to foi clarificar as relações, então não   frontalmente toda
Misericórdias já           estatutos. ora, para serem conse-              Compromisso com a Conferência                faz sentido nenhum, a seguir, “fazer       a História, natureza
existentes, para o         quentes, essa exigência só devia               Episcopal Portuguesa. tudo porque            de conta”.                                 e autonomia das
futuro, ele colide com o   ocorrer quando as alterações esta-             constatei que, de facto, reina a maior           Como disse na primeira parte           Misericórdias, [o
Decreto-lei nº 119/83,     tutárias incidissem sobre matéria              confusão e até, em alguns casos, ig-         deste artigo, repito mais uma vez,         decreto] é impraticável,
motivo pelo qual me        religiosa, que essa sim compete ao             norância, sobre como proceder. E             que não está em causa, nem nunca           da mesma forma que
parece importante          ordinário (art.69,nº3), e não sobre            porque entendo que no que respeita           esteve, a muita estima e considera-        tornaria impraticável
e urgente uma              matéria civil, porque essa compe-              á sua dimensão eclesial as Miseri-           ção que todos temos pela maioria           o funcionamento da
intervenção do Estado      tência cabe ao Estado. Por exemplo,            córdias são Associações Privadas             esmagadora dos Senhores Bispos. Da         própria Diocese
Português                  quando em Portel, o Centro Distrital           de Fiéis, então devem comportar-             mesma forma que não está em causa
                           de Segurança Social de Évora exige             se como tal, perante as autoridades          o respeito pelo cumprimento da lei         o que está em causa é
um eventual mau            da Misericórdia a sua adequação ao             eclesiásticas. E também reconhecer           do Estado Português com quem as            a defesa intransigente
entendimento pode          Decreto-lei nº 119/83, essa adequa-            que, por vezes, algumas Misericór-           Misericórdias cooperam activamen-          da nossa natureza,
produzir efeitos,          ção é da competência exclusiva da              dias, embora se definam como As-             te. Mas, quer num caso, quer nou-          da nossa identidade
nomeadamente perante       Assembleia-Geral e da Segurança                sociações de Fiéis, na prática não se        tro, o que está em causa é a defesa        e da nossa Missão.
terceiros, e colocar       Social e não do ordinário, que ape-            comportam como tal, o que, tam-              intransigente da nossa natureza, da        num quadro jurídico
as Misericórdias e a       nas deve tomar conhecimento das                bém, não é correcto.                         nossa identidade e da nossa Missão.        complexo mas, ainda
própria Conferência        alterações e não, aprová-las ou não.               Acredito, assim, que um Com-             Num quadro jurídico complexo mas,          assim, perceptível
Episcopal Portuguesa       E muito menos, introduzir alterações           promisso poderia esclarecer, de              ainda assim, perceptível. E a minha
em situação delicada       não votadas em Assembleia Geral,               vez, o que deveriam ser as nossas            função e a função da União a que me
                           como até já aconteceu!                         relações com a CEP. E, dessa forma,          honro presidir é, precisamente, o de
                                É também por este conjunto de             todos prestarmos um melhor serviço           esclarecer e apoiar as Santas Casas
                           razões que entendo que, para além              aos valores em que acreditamos e à           de Misericórdia de Portugal nesse
                           do decreto geral não se aplicar às cer-        nossa Missão de ajudar os que mais           caminho magnífico mas difícil, de
                           ca de 400 Misericórdias já existentes          precisam.                                    ajudar os mais desfavorecidos, man-
                           (insisto, o Decreto não é retroacti-               o recente decreto geral da CEP           tendo sempre a nossa independência
                           vo), para o futuro, ele colide com o           comprometeu esse caminho e, é                e a directa ligação às comunidades
                           Decreto-lei nº 119/83, motivo pelo             por isso que, na tentativa de o ul-              Creiam-me Senhores Provedores
                           qual me parece importante e urgente            trapassar, tenho sustentado que a            e todos os Órgãos Sociais das Miseri-
                           uma intervenção do Estado Português            celebração de um Compromisso não             córdias Portuguesas, que tenho a cer-
                           no sentido de tornar claro e transpa-          pode deixar de ter também a forma            teza que esse caminho é possível e
                           rente o sentido da lei e a sua correcta        e força de decreto geral. De outra           que só a desunião das Misericórdias
                           aplicação pelos serviços competentes.          forma, por exemplo, será sempre              pode fazer perigar esse percurso.
                           Porque, de facto, um eventual mau              possível a, num qualquer concurso                Mas voltarei a esta matéria no
                           entendimento pode produzir efeitos,            que uma qualquer Misericórdia leve           próximo jornal.




                            VOZDAS
                            MISERICÓRDIAS



                           Correio do VM
                           Caros leitores,
                           o Voz das Misericórdias tem uma nova rubrica: Correio do VM. Por isso, convidamos todos os interessados a parti-
                           cipar nesta iniciativa enviando-nos os vossos textos para publicação. As cartas devem ser identificadas com morada
                           e número de telefone e os textos deverão tratar temáticas relacionadas com a actividade das Santas Casas. o Voz das
                           Misericórdias reserva-se o direito de seleccionar as cartas a publicar, assim como partes do seu conteúdo.




                           os textos poderão ser enviados por carta, correio electrónico ou fax, através dos seguintes contactos:

                           Morada: Rua de Entrecampos, 9 - 1000-151 lisboa
                           Fax: 218110545 | Correio electrónico: jornal@ump.pt
8    vm novembro 2010                                                              www.ump.pt


EM ACçãO
Montemor-
o-Velho
ao serviço
da educação
A santa casa                              soas que requerem muita atenção,
                                          muita disponibilidade, muito tem-
da misericórdia                           po e com estes estágios acabam por

de montemor-                              se sentir mais protegidos por haver
                                          mais gente em redor que os pode
o-velho acolhe                            auxiliar”, explica Emília Moreira,
                                          directora técnica.
desde 2004                                    os estágios de enfermagem de-

alunos de vários                          correm durante todo o ano lectivo e
                                          os alunos vão chegando sucessiva-
estabelecimentos                          mente à Santa Casa, em pequenos
                                          grupos, permanecendo durante cin-
de ensino do                              co semanas. Aqui são orientados e

distrito de Coimbra                       avaliados pela enfermeira Catarina
                                          Valentim que em coordenação com
                                          a professora da própria escola auxi-
                                          liam os alunos no dia-a-dia.
Sónia Morgado
                                              Com largos anos de experiência
A Santa Casa da Misericórdia de           na orientação de estágios, em am-
Montemor-o-Velho é, há vários, anos       biente hospitalar e no lar de idosos
referência para as escolas profissio-     da Misericórdia de Montemor-o-Ve-
nais e estabelecimentos de ensino         lho, a enfermeira Catarina vê nestes
superior do distrito de Coimbra no        estágios uma forma dos alunos de-
que respeito diz à sua abertura à         senvolverem a vertente relacional e
recepção de estagiários. Para o efeito,   humana, que em ambiente hospita-
tem estabelecido protocolos com as        lar é muito difícil de conseguir, dada
entidades de ensino que vêem aqui         a existência de rotinas diferenciadas
uma oportunidade para os seus alu-        a que têm de obedecer.
nos terem contacto com o mundo
do trabalho.                              nestes estágios orientados
    Ao longo do tempo várias têm          para o idoso, o aluno é mais
sido as áreas de intervenção: for-        autónomo e tem tempo
mação em contexto de trabalho             de planear objectivos
(animação e geriatria) e estágios         e actividades
curriculares em psicologia, serviço
social e enfermagem. Actualmen-               Nestes estágios, orientados para
te, encontram-se em curso quatro          o idoso, o aluno é mais autónomo e
estágios curriculares de psicologia,      tem tempo de “planear objectivos,
do Instituto Superior Miguel torga        actividades, de estar com o idoso,
de Coimbra, sete de enfermagem            de conversar, explorando as expe-
da Escola Superior de Enfermagem          riências dos próprios utentes, de-
de Coimbra, e uma formação em             senvolvendo assim a criatividade.
contexto de trabalho (área da lavan-      É uma oportunidade que eles não
daria) resultante de um protocolo de      têm em mais lado nenhum”, conta
colaboração com a APPACDM local.          a orientadora.
    Dedicada à população mais ido-            Para que o trabalho seja rentá-
sa, esta casa reconhece os benefícios     vel, cada aluno fica responsável por
de tais parcerias, não só para os pró-    dois idosos, escolhidos pela enfer-
prios estabelecimentos de ensino,         meira responsável. “tenho sempre
que conseguem assim proporcionar          em linha de conta as pessoas que
estágios curriculares aos seus alu-       têm menos autonomia, que não
nos, mas sobretudo para os uten-          têm tantas visitas, que não são tão
tes desta Misericórdia. É na área da      predispostas a conversar, as que no
enfermagem que os benefícios são          fundo são mais esquecidas”, admite
mais visíveis. “lidamos com pes-          Catarina Valentim. A presença dos
www.ump.pt                                                                                                                        novembro 2010 vm                 9

                                               PRoVEDoR HoMEnAGEADo
                                               o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento,




             “
                                               Manuel Fanha Vieira, foi escolhido como Profissional do Ano
                                               pelo Rotary Clube. A homenagem teve lugar a 20 de outubro.




                                                                                     Justiça na
                                           estagiários no desenvolvimento das
                                           várias actividades físicas, motoras e
                                           lúdicas “acaba com uma rotina que



                                                                                     saúde deve
                                           para eles é vazia”.
                                                Na sua opinião a terceira idade é
             “lidamos com pes-             uma área da saúde que se encontra
             soas que requerem             um pouco esquecida e por isso é po-



                                                                                     ser uma
             muita atenção, muita          sitivo que o trabalho aqui desenvol-
                                           vido mexa com os alunos que ficam
             disponibilidade, muito        sensibilizados quando, por exemplo,
             tempo e com estes es-

                                                                                     prioridade
                                           vêem um idoso que só recebe visita
             tágios acabam por se          dos familiares uma vez por ano. “É
             sentir mais protegidos        bom sentir que tudo isto mexe com
                                           eles pois acabam por se entregar
             por haver mais gente          mais ao trabalho que estão a desen-
             em redor que os pode          volver”, assevera. tratando-se de um
             auxiliar”                     estágio em lar de idosos, os alunos                                                 ticular no que diz respeito à saúde”.
                                           chegam a esta casa com “expectati-        o alerta foi dado pelo Papa                   Na sua mensagem aos cerca de
             Emília Moreira                vas baixas, porque há a ideia de que      bento Xvi, numa mensagem                  600 especialistas, Bento XVI insis-
             Directora técnica
                                           não há nada para fazer, mas acabam        à 25ª Conferência                         tiu na íntima ligação entre justiça e
                                           por sair com uma perspectiva com-         Internacional do Conselho                 caridade, na perspectiva cristã. “A
                                           pletamente diferente, acabando por        Pontifício da Pastoral                    justiça não é alheia à caridade, não
             “Nos estágios, é possí-       estar sempre envolvidos em alguma         da Saúde                                  é uma via alternativa ou paralela
                                           coisa”, explica.                                                                    à caridade. Mais ainda: a justiça é
             vel planear objectivos             E de facto assim é. Soraia Amado                                               inseparável da caridade, é intrínseca
             e actividades, explo-         e Nuno oliveira são dois dos sete alu-    Numa mensagem à Conferência In-           a ela, é a primeira via da caridade”.
             rando as experiências         nos da Escola Superior de Enferma-        ternacional da Pastoral da Saúde, que         “Não podemos excluir ninguém
             dos próprios utentes,         gem actualmente em estágio. Depois        decorreu entre 18 e 20 de Novembro,       da saúde ou prestar-lhe cuidados in-
                                           de já terem passado por outros locais,    Bento XVI pediu para que a justiça        feriores. As actuais desigualdades na
             desenvolvendo assim           estes alunos encontraram aqui uma         no campo da saúde seja uma prio-          assistência sanitária exigem que se
             a criatividade. É uma         forma diferente de trabalhar com os       ridade dos governos. “A justiça da        empreenda uma acção corajosa”, dis-
             oportunidade que eles         utentes. “Está a ser uma experiência      saúde deve ser uma das prioridades        se na conferência de imprensa para
             não têm em mais lado          muito gratificante. É uma realidade       na agenda dos governos e das institui-    anunciar o encontro, o presidente do
                                           um pouco diferente da que estáva-         ções internacionais”, sublinha.           CPPS, arcebispo zygmunt zimowski.
             nenhum”                       mos habituados, porque estamos                “o mundo da saúde não se pode             A XXV Conferência Internacional
             Catarina Valentim             com o idoso de uma forma que não          subtrair as regras morais que o devem     do Conselho Pontifício para a Pastoral
             orientadora de estágios       é possível em ambiente hospitalar e       governar para que não se torne desuma-    da Saúde decorreu no Vaticano, tendo
                                           assim conseguimos aplicar mais a          no”. Nesse sentido, escreve a Agência     como tema “Caritas in Veritate. Para
                                           fundo os cuidados de enfermagem”,         Ecclesia, é importante instaurar uma      um cuidado equitativo e humano da
                                           declaram os alunos.                       verdadeira justiça distributiva que ga-   saúde”. Entre os diversos oradores
             “É uma realidade um                Desta experiência levam sobre-       ranta a todos tratamentos adequados.      esteve presente o presidente da União
             pouco diferente da            tudo o desenvolvimento da relação             A saúde é um “bem precioso            das Misericórdias Portuguesas. Ma-
             que estávamos habi-           com o outro. os idosos agradecem.         para a pessoa e para a colectividade,     nuel de lemos falou sobre o papel dos
                                           “Como somos jovens, e somos caras         bem a promover, conservar e tutelar,      voluntários nos cuidados de saúde.
             tuados, porque esta-          novas para eles, denotam que lhes         com os meios, recursos e energias             Para o presidente da UMP, nos cui-
             mos com o idoso de            damos atenção e acabam mesmo por          necessários para que mais pessoas         dados continuados é possível ver me-
             uma forma que não é           a pedir, porque sabem que por vezes       dela possam usufruir”.                    lhor a contribuição do voluntariado.
             possível em ambiente          é difícil pedir a atenção aos próprios        Infelizmente, acentua Bento XVI,      Além disso, Manuel de lemos acredita
                                           familiares. Eles gostam de interagir      “ainda hoje permanece o problema          que a humanização dos cuidados é
             hospitalar e conse-           e comunicar connosco”, concluem.          de muitas populações do mundo que         uma das chaves para o reconhecimen-
             guimos aplicar mais a
             fundo os cuidados de
             enfermagem”
             Soraia Amado
             e nuno oliveira
             estagiários
                                       “        No final, fica a saudade dos uten-
                                           tes pelos cuidados de determinado
                                           grupo que acaba as suas cinco sema-
                                           nas de estágio, para logo chegarem
                                           novos rostos, novos cuidados no
                                           grupo que se segue.
                                                É objectivo da Misericórdia de
                                           Montemor-o-Velho continuar com
                                                                                     não têm acesso aos recursos neces-
                                                                                     sários para satisfazerem as necessi-
                                                                                     dades fundamentais, de modo par-




                                                                                     Mesão Frio
                                                                                                                               to do trabalho das Misericórdias.

                                                                                                                                                      Ver página 23




                                           os protocolos estabelecidos e se
                                           possível alargar pois “temos tido         celebra 450 anos
                                           pessoas muito profissionais a tra-
                                           balhar connosco e acabamos todos                                                    entregue em reunião ordinária da
                                           por aprender uns com os outros”,          A misericórdia de mesão                   Assembleia Geral da instituição.
                                           conclui Emília Moreira.                   Frio assinalou, a 13 de                       Fundada em 1560, a Santa Casa
                                                Recorde-se que no que refere a       novembro, 450 anos de                     da Misericórdia de Mesão Frio vem
                                           parcerias entre Santas Casas e esta-      existência. A data ficou                  desempenhando desde aí um im-
                                           belecimentos de ensino, a Escola Su-      marcada pela homenagem                    portante papel social naquela loca-
                                           perior de Enfermagem São Francis-         a cinquenta irmãos                        lidade. Actualmente, é responsável
                                           co das Misericórdias (ESESFM) está                                                  por diversos tipos de equipamentos,
                                           disponível para colaborar. Na última                                                como centro de dia, lar residencial,
                                           edição do VM, o director da ESESFM,       A Misericórdia de Mesão Frio assina-      apoio domiciliário integrado, apoio
                                           João Paulo Nunes, recordou que a          lou, a 13 de Novembro, 450 anos de        domiciliário, unidade de apoio inte-
                                           “escola é das Misericórdias”, pelo        existência. A data ficou marcada pela     grado, creche e ateliê de tempos li-
                                           que provedores podem contar com           homenagem a cinquenta irmãos com          vres, com cerca de trezentos utentes.
                                           ela para fazer face a desafios como       mais de 20 anos de ligação à institui-        É também, nos dias de hoje, uma
                                           o do envelhecimento da população.         ção e pela inauguração do arquivo,        das maiores entidades empregadoras
                                                                                     que ficará disponível para consulta       do concelho, dando trabalho a cerca
                                               Ver texto de opinião na página 3      na Internet. A medalha de prata foi       de cem funcionários.
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  • 1. Magusto Anexas Estágios Há datas que são Academia de Cultura Misericórdia de incontornáveis e o São é um espaço de Montemor-o-Velho Martinho é uma delas valorização pessoal acolhe alunos Reportagem Págs. 18 e 19 Em Foco Pág. 15 Em Acção Págs. 8 e 9 VOZDAS União das Misericórdias Portuguesas MISERICÓRDIAS director: Paulo Moreira | ano: XXVI | novembro 2010 | publicação mensal Provedores Oliveira de Azeméis Rostos que se iluminam em sorrisos reafirmam autonomia Provedores aprovaram por aclamação de pé a moção que apela à defesa da autonomia e independência das Misericórdias quanto ao mérito dos seus actos de governo e de gestão Reunidos em assembleia-geral, a 27 res das Misericórdias. Naquele docu- de Novembro, os provedores aprova- mento, os dirigentes das Santas Casas ram uma moção que apela à defesa apelaram ainda à formalização de da autonomia e independência das um documento de equivalente valor Misericórdias quanto ao mérito dos legislativo ao do decreto geral da Con- seus actos de governo e de gestão. ferência Episcopal Portuguesa, que, A moção, apresentada por mais de de forma inequívoca, produza efeitos 20 Santas Casas, foi aprovada por em relação a terceiros, na ordem jurí- maioria, com apenas uma abstenção, dica canónica interna e internacional. e por aclamação de pé pelos provedo- Destaque, 4 a 7 Drecreto Geral Pastoral da Saúde ‘Incerteza Humanização jurídica deve é chave para ser erradicada’ reconhecimento Projecto de apoio domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis visa estimu- lar e divertir utentes, assim como prevenir situações de exclusão social. Além de actividades lúdicas, Entrevista, 16 e 17 Saúde, 22 a instituição também assegura SAD nocturno, o único no distrito de Aveiro. Terceira Idade, 20 e 21
  • 2. 2 vm novembro 2010 www.ump.pt PAnORAMA A FOTOGRAFIA ESPAço SénIoR CRUzEIRo ENCANtA AlUNoS DA UMP S. Martinho da Academia de Cultura da UMP A subir costuma reunir os seus alunos num agradável Violência convívio, condimentando a degustação doméstica das castanhas e de outros pitéus, com a está a diminuir possibilidade de conhecer novos locais, modos de vida e hábitos culturais diferentes A violência doméstica diminuiu na última E década, mas as stamos em pleno Outono e a participações às Direcção da Academia de Cultura forças de segurança aumentaram, referiu e Cooperação tem já planificado o recentemente a habitual magusto de S. Martinho, secretária de Estado para em que costuma reunir os a Igualdade, Elza Pais. seus alunos num agradável convívio, condimentando a degustação das castanhas e de outros pitéus com a possibilidade de conhecer novos locais, modos de vida e hábitos culturais diferentes… Foi também esta a ideia que presidiu à viagem do bArcelos o olhar da criança soBre os seus direitos final do passado ano lectivo, que incluía A Santa Casa de Barcelos promoveu uma exposição sobre “o olhar da Criança sobre os seus direitos”, no um Cruzeiro, que iria tocar as costas da âmbito do Dia Internacional dos Direitos das Crianças, celebrado a 20 de Novembro. Durante a inauguração, Croácia, da Itália e da Grécia. A 30 de os pequenos artistas deslocaram-se ao local da exposição onde admiraram as suas obras de arte. Com o apoio Maio, a viagem iniciou-se, de avião, até da equipa pedagógica, os pequenos artistas conseguiram dar forma e cor ao seu ver e sentir. Não só tomaram Madrid, ficando a tarde livre para visitas consciência dos seus direitos mas também dos seus deveres. localizada no átrio anexo à Igreja da Misericórdia, opcionais, e continuou, no dia imediato, a exposição pode ser vista até 3 de Dezembro. para a ilha de Malta onde, após ter percorrido La Valleta, a sua capital, se deu o primeiro contacto com o Zenith, O NúmeRO navio em que se iria percorrer parte 3 do Mediterrâneo. Com doze andares, oferecia, aos mais de mil viajantes, lojas, A Descer milhões de traBalhadores Portugueses são bares, restaurantes, cinemas e salões onde Segundo a CGtP e a UGt, a greve de 24 de Novembro foi os menos felizes se realizariam espectáculos de variedades, da ue a maior da história de Portugal, com três milhões de trabalhadores bailes, concursos, etc.. Para outros tipos a aderir à jornada. Para o Governo, “o país não parou”. de actividade, ali estavam as piscinas, s portugueses sentem-se menos felizes do que a os ginásios, os recintos para a prática de média dos cidadãos da jogos, a biblioteca, etc. Tudo isto que, União Europeia, segundo O CAsO por si só, já poderia proporcionar umas um inquérito europeu recente. Para o estudo, boas férias, tinha, apenas, o objectivo foram realizadas mais de de oferecer diversões durante as horas 2300 entrevistas. GAiA agradeceu este apoio, uma vez que tou em afirmar que “este apoio de navegação – predominantemente o CAt da Misericórdia de Gaia é da C&A Kids, bem como todos nocturnas - e aos serões, visto os c&a oferece uma das unidades de exploração os outros que possam surgir são dias serem destinados às visitas em A FrAse donatiVo ao centro que dá mais prejuízo à Misericór- sempre bem-vindos”. “Este é um terra. Destas, salientaremos, apenas, o de acolhimento dia. Segundo aquele responsável, excelente exemplo da passagem percurso à linda cidade de Dubrovnik, os custos com aquelas crianças são da consciencialização à prática do na Croácia; à belíssima Veneza, onde os As crianças do Centro de Acolhi- elevados e integralmente suporta- papel social que a C&A, as grandes típicos vapurettos levaram os visitantes mento temporário Nossa Senhora dos pela Misericórdia. empresas e todos nós temos o de- até aos pontos mais notáveis; a Pádua, da Misericórdia, da Santa Casa de Por isso, Joaquim Vaz não hesi- ver de cumprir”. cuja maravilhosa Basílica de António - o Gaia, receberam, no passado dia nosso Santo António de Lisboa - encantou 29 de outubro, um donativo de o grupo e, já na Grécia, às cidades de Bento XVi 2500 euros do Grupo C&A, que Olímpia e de Atenas, onde todos ficaram PaPa inaugurou uma nova loja C&A maravilhados com as admiráveis ruínas Kids no Arrábida Shopping. Hou- da Acrópole. A organização da viagem e “A realidade ve ainda balões, palhaço e muitas os serviços prestados pelos cerca de 700 mais eficiente, prendinhas. tripulantes, criaram um clima de boa mais presente em A C&A sempre que abre uma nova primeira linha na disposição. O contacto dos portugueses loja de roupa escolhe uma institui- luta contra a sida com grupos de outras nacionalidades foi ção de apoio a crianças para oferecer é precisamente extraordinário e a sua participação a Igreja Católica, um donativo. Com a abertura da e alegria – que muito se ficou a com os seus nova loja da C&A Kids no Arrábida dever à dinâmica imprimida pelo movimentos.” Shopping, o grupo holandês esco- Presidente da nossa Academia, lheu o Centro de Acolhimento tem- Eng. Luís Aires – levou a que fossem porário Nossa Senhora da Misericór- distinguidos com diplomas em dia (CAt) para oferecer o donativo. que foram considerados os mais Além deste donativo, a C&A Kids participativos e animados do ofereceu ainda às crianças do CAt Cruzeiro. brinquedos, balões e uma tarde bastante animada com a partici- Manuela Garcia pação de um palhaço. Academia de Cultura e Cooperação da UMP o provedor da Santa Casa da Mi- academiadecultura@ump.pt sericórdia de Gaia, Joaquim Vaz, Além do donativo, crianças tiveram direito à tarde diferente
  • 3. www.ump.pt novembro 2010 vm 3 RADAR ON-LINe oPInIão AnimAção idosos de murça PARCERIAS qUE na discoteca Dão FRUtoS Recentemente, a Santa Casa da Mi- sericórdia de Murça proporcionou uma tarde diferente, cheia de boa disposição e A Misericórdia nem os seus técnicos muita animação, no âmbito do projecto. superiores recebem dinheiro com estas parcerias. Gasta algum. Não sendo A discoteca “Donaporca” proporcionou obrigada, colabora com a cedência das a cerca de 60 idosos a experiência de refeições. Mas recebe coisas que o dinheiro irem à discoteca pela primeira vez. Com nunca pagará jogos de luzes e ao som de música popu- DeFiciênciA lar portuguesa, a pista de dança esteve eXPosição fotográfica A A Misericórdia de Montemor-o-Velho, que já celebrou sempre cheia, num ritmo contagiante, Para desmistificar os 500 anos em 1998, tem orgulho nas parcerias onde a idade não impediu em nada a existentes ou celebradas. Algumas dessas parcerias diversão. o Grupo da Diferença – do qual faz parte vêm produzindo frutos magníficos, quer para as o Centro para Deficientes Profundos João Instituições, quer para as pessoas intervenientes, quer Paulo II e Escola de Educação Especial para os membros das sociedades onde as instituições estão “os Moinhos”, entre outras entidades inseridas ou onde os agentes desenvolvem a sua actividade – promove, até dia 3 de Dezembro, a laboral remunerada ou voluntária. exposição “o Poder da Imagem”, que re- São várias as Instituições com quem a Misericórdia desenvolve úne perto de uma centena de fotografias, essas parcerias. protagonizadas pelas pessoas apoiadas -Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – Existe há vários pelas instituições de apoio à deficiên- anos. Em cada ano curricular, fazem formação em exercício, cia da cidade de Fátima. o objectivo é cerca de 50 alunos, com a orientação de um professor da Escola e despertar e desmistificar a temática da acompanhamento da enfermeira e do médico que prestam serviço deficiência. nos Lares da Misericórdia. A média é de 5 alunos por mês. Para além dos trabalhos da especialidade, constituem equipas de nAtAl iniciAtivA trabalho com as técnicas de serviço social e com as animadoras. camPanha reúne i congresso Português Participam em acções de formação e sessões de animação. aki e misericórdias do Voluntariado Para alguns alunos, o conhecimento do mundo dos idosos é uma descoberta. no fim de cada estágio, Há sorrisos, mas também À semelhança do passado ano, o A Confederação Portuguesa do Volun- lágrimas de satisfação e saudade. AKI volta, em parceria com a União das tariado, da qual a União das Misericór- A Misericórdia regista, com agrado, o seu reconhecimento aos Misericórdias Portuguesas, a realizar dias é uma das entidades fundadoras, professores orientadores da Escola Superior de Enfermagem, uma campanha de solidariedade que promove, nos próximos dias 4 e 5 de principalmente à Prof.ª Dr.ª Margarida pela afabilidade, saber, irá envolver todas as lojas da marca e Dezembro, o I Congresso Português do competência, colaboração e carinho por esta vetusta Instituição. todas as Misericórdias do país. A cam- Voluntariado. o evento vai ter lugar no -Instituto Superior Miguel Torga - A parceria também tem vários panha decorre entre 1 de Novembro e Centro Ismaili, em lisboa. Um dos ob- anos. Actualmente fazem estágio curricular quatro alunos do 20 de Dezembro e visa recolher mantas, jectivos é lançar o Ano Europeu do Vo- Mestrado em Psicologia, com sob a orientação da, Psicóloga na cobertores, roupas quentes, almofadas, luntariado 2011, assim como contribuir Unidade de saúde da Misericórdia. O estágio é de um ano, com 3 entre outros, com o objectivo de pro- para a capacitação de voluntários e suas dias por semana. Também eles se integraram na equipa formada porcionarem, aos mais carenciados, um organizações. Saiba mais em: http:// pelo médico, enfermeira, técnicos do serviço social e animadoras. Natal mais acolhedor. www.convoluntariado.pt. Deu gosto vê-los, no dia do magusto, a fazer de tudo um pouco. - Instituto Bissaya Barreto – neste momento não há acções conjuntas. Mas existiram, também no âmbito de estágios sLIDesHOW curriculares de técnicos de serviço social. - Escola Secundária e Escolas Profissionais de Montemor-o-Velho – Todos os anos, alguns alunos aqui fazem estágios profissionais, nas especialidades de Informática, de Gestão e de Higiene e Segurança no Trabalho, com o apoio da Técnica Superior da Administração da Instituição e respectivos professores orientadores das Escolas. - APPACDM e outras Instituições Sociais – Pontualmente a Misericórdia colabora em processos de formação ou cursos de aprendizagem com outras associações de âmbito local ou formação em contexto de trabalho. A nota fundamental deixada pelos alunos das citadas Instituições é que lhes foi concedida a possibilidade de aprender e saber o que é a humanização na prestação dos serviços nas futuras profissões. A Misericórdia nem os seus técnicos superiores recebem dinheiro com estas parcerias. Gasta algum. não sendo obrigada, colabora com a cedência das refeições. Mas recebe coisas que o dinheiro nunca pagará. O trabalho desinteressado, o gosto da cooperação, o carinho dos que aqui passam e nunca mais esquecem, a cultura da partilha de saberes, a alegria de colaborar na construção de um mundo melhor, com a prática das obras de misericórdia, sobretudo as espirituais, menos visíveis e cada vez mais necessárias. chAves são martinho intergeracional A Misericórdia de Chaves promoveu um lanche convívio de São Martinho que juntou crianças e encarregados de educação, idosos e familiares. Não faltaram castanhas, sardinhas, febras, broa, caldo verde, jeropiga, sobremesas e muita música. Diversas actividades lúdicas e pedagógicas animaram a iniciativa. outras Manuel Carraco Reis dezenas de Santas Casas também celebraram o S. Martinho. Alegria e muitas Provedor de Montemor-o-Velho castanhas são o denominador comum de tudo o que se fez pelo país durante Novembro. Ver páginas 18 e 19.
  • 4. 4 vm novembro 2010 www.ump.pt DESTAQUE Provedores Bethania Pagin ao arrepio da história penta-secular das Misericórdias, da sua tradicional Reunidos em assembleia-geral, a 27 autonomia e independência em rela- de Novembro, os provedores aprova- ção ao poder eclesiástico e ao poder ram uma moção que apela à defesa civil e dos seus direitos consolidados da autonomia e independência das ao longo do tempo, mas hão-de antes Misericórdias quanto ao mérito dos buscar-se num clima de diálogo, de reafirmam seus actos de governo e de gestão. A boa fé e de espírito de colaboração, moção, apresentada por mais de 20 que respeite o papel essencial que os Santas Casas, foi aprovada por maio- leigos nelas sempre desempenharam, ria, com apenas uma abstenção, e por no exercício da assistência e da cari- aclamação de pé pelos provedores dade cristã, em sistema de verdadeiro das Misericórdias. Aqueles dirigentes autogoverno”. manifestaram ainda o seu desagrado A decisão dos provedores pre- autonomia pelo facto das Santas Casas não terem sentes em Fátima prende-se ainda sido consideradas ou ouvidas aquan- com o facto de que “que a reafir- do da publicação do decreto geral da mação e o reforço da eclesialidade Conferência Episcopal Portuguesa. das Misericórdias portuguesas e a Por isso, apelam à formalização de disponibilidade destas para colabo- um documento de equivalente valor rarem numa nova ordem da Pastoral legislativo que, de forma inequívoca, da Igreja pressupõe o respeito do seu produza efeitos em relação a tercei- carácter laical e da autonomia da sua ros, na ordem jurídica canónica in- forma de governo”. terna e internacional. Naquele dia, Assim, a Assembleia Geral deli- os dirigentes também aprovaram o berou manifestar ao presidente do plano de actividades e orçamento Secretariado Nacional da UMP “a sua União das Misericórdias Portuguesas total confiança e apoio nas diligên- (UMP) para 2011. cias que foi incumbido de proceder Provedores aprovaram por aclamação a moção que apela Na moção aprovada, os dirigentes das Santas Casas definiram que “as no sentido de defender a autonomia e independência das Misericórdias à defesa da autonomia e independência das misericórdias bases para um entendimento entre as duas instituições não podem assentar Portuguesas quanto ao mérito dos seus actos de governo e de gestão, quanto ao mérito dos seus actos de governo e de gestão num diploma ditado unilateralmente, reconhecendo à autoridade eclesiás-
  • 5. www.ump.pt novembro 2010 vm 5 PRoDuToS ARTESAnAIS DE VAlPAçoS A Misericórdia de Valpaços aproveitou a Assembleia-geral para dar “ a conhecer e comercializar os produtos da sua empresa de inserção. Ninguém ficou indiferente aos aromas e sabores de trás-os-Montes. NÚMERoS ponder. “Este problema [do decreto geral] não deveria existir”, desabafou É urgente aquele responsável. Neste momento, a União das uma lei da economia 6 Misericórdias Portuguesas e a Con- ferência Episcopal Portuguesa estão Assembleia Geral manifestou ao Secre- social a negociar as bases de um compro- misso que viabilize um acordo que tariado Nacional a Por cento de IVA esclareça qual é a natureza jurídica sua total confiança em relação ao ivA, uma das possibilida- das Santas Casas. des a partir de 2012 poderá ser o paga- os bispos já se pronunciaram so- nas diligências para especificidade da economia mento equivalente ao das autarquias, que bre as bases deste compromisso. o defender a autonomia social foi decisiva entre os é de seis por cento. documento já foi aprovado pela Con- e independência das partidos no parlamento 500 ferência Episcopal a 11 de Novembro, Misericórdias quando estava em causa durante a 176ª Assembleia Plenária da a devolução do IVA pelo CEP. Naquele documento, os bispos terceiro sector referem que “tendo em conta a grave Dirigentes das San- Milhões de Euros em obras crise em que se encontra o nosso País, tas Casas entendem Bethania Pagin o presidente da umP acredita que neste as organizações com espírito eclesial que as bases para um momento estão contratualizados cerca sentem a necessidade de reforçar os Um dos temas que marcou a As- de 500 milhões de euros em obras das laços de cooperação, para melhor entendimento entre as sembleia-geral de 27 de Novembro santas casas. responder aos urgentes desafios da duas instituições não foi a possibilidade das Misericórdias podem assentar num 2 presente situação. É de realçar o be- perderem o direito à devolução do nemérito serviço oferecido à sociedade diploma ditado unila- IVA, segundo proposta, entretanto portuguesa, desde há cinco séculos, retirada, do orçamento de Estado pelas Santas Casas de Misericórdia, teralmente para 2011. De acordo com a presi- Congressos em 2011 que actualmente são cerca de 400 em dente da Assembleia Geral da UMP, Além do congresso nacional, a realizar- Portugal. No âmbito do diálogo que Estabelecimento das Maria de Belém Roseira, houve gran- se no distrito de coimbra, estão previstas tem mantido com a UMP, a CEP apro- bases de qualquer de entendimento entre os diversos jornadas sobre cuidados continuados de vou por unanimidade, nesta Assem- partidos sobre o tema. saúde, em Portimão. bleia, as Bases de um Compromisso”. acordo com a CEP Segundo aquela responsável, a deve ser formalizado 2 o documento aprovado pelos especificidade da economia social e bispos “tem como fundamento incre- por um novo Decre- o agravar da situação social do país mentar um maior espírito de unidade to Geral ou diploma foram factores decisivos. “Ao con- e cooperação eclesial em tempos con- trário da economia comercial, não Assembleias turbados da sociedade portuguesa. de equivalente valor podemos repercutir os aumentos os provedores já se tinham pronuncia- o serviço aos pobres e necessitados legislativo nas pessoas que servimos”, disse. do duas vezes, em assembleias-gerais, exige uma união efectiva na vivência Para Manuel de lemos, o recuo do Provedores aclamaram de pé a moção sobre o sobre o seu estatuto de associações pri- das catorze obras de misericórdia. o Compromisso entre vadas de fiéis. espírito de diálogo e de colaboração Devolução do IVA não é um CEP e UMP tem como decreto geral da CEP tica a tutela da legalidade canónica”. Mais, os provedores deliberaram re- comendar àquele responsável que “o estabelecimento das bases de 14 Milhões de euros o total de proveitos orçamentados da união das misericórdias Portuguesas para o ano de 2011 é de cerca de 14 milhões de euros. continuará, de modo permanente e es- tável, entre a CEP, com os seus órgãos, e a União das Misericórdias, para a realização deste compromisso e possí- veis dúvidas que surjam, em avaliação anual. o mesmo espírito existirá entre os bispos das dioceses e os provedores das Misericórdias aí sediados”. fundamento incre- mentar um maior espírito de unidade e cooperação eclesial em tempos contur- bados da sociedade portuguesa “ benefício, mas uma questão de equidade fiscal, disse o presidente do Secretariado nacional da uMP governo não representa “um bene- fício, mas uma questão de equida- de fiscal”. Contudo, uma vez que a situação financeira do país deverá 39% qualquer acordo com a CEP deve ser Plano e orçamento manter-se débil durante alguns anos, condicionado e formalizado por um Naquela assembleia, os provedores o presidente da UMP afirmou esperar novo Decreto Geral ou diploma de também aprovaram, por maioria com que em 2012 as Santas Casas passem equivalente valor legislativo que, de uma abstenção, o plano de actividades a pagar o IVA das empreitadas, em- forma inequívoca, produza efeitos ca- Em recursos humanos e o orçamento da UMP para 2011. Sobre bora com uma taxa equivalente à das nónicos em relação a terceiros, na or- Foram estimados para o ano de 2011 as contas, o Conselho Fiscal apelou autarquias, que é de 6%. dem jurídica interna e internacional”. cerca de cinco milhões para custos com às Misericórdias que se unam em tro- outros assuntos marcaram a Recorde-se que o decreto geral o pessoal, o que representa 39% na es- no da sua União para levar adiante as assembleia. Entre eles, o protocolo da CEP sobre as Misericórdias Por- trutura dos custos. medidas necessárias para melhorar o anual com o Ministério do trabalho 1 tuguesas determina que as Miseri- funcionamento da UMP. e da Solidariedade Social, que ainda córdias são associações públicas de Entre outras iniciativas que mar- não foi assinado. Segundo Manuel de fiéis, com os benefícios e exigências carão 2011, o presidente da UMP lemos, a UMP está a negociar aspec- que lhes advêm do regime do Código destacou o congresso nacional que tos que, não sendo de natureza eco- de Direito Canónico (ver entrevista Abstenção irá decorrer em Coimbra, com ses- nómica, poderão trazer repercussões nas páginas 16 e 17). o plano de actividades e o orçamento da são de encerramento em Arganil. o financeiras para as Misericórdias. Segundo o presidente do Secreta- umP para 2011 foram aprovados por evento será organizado pela UMP “É urgentíssima a criação de uma riado da UMP, apesar do decreto geral maioria, com apenas uma abstenção. em estreita parceria com o Secreta- lei da economia social”. Para aque- não ser retroactivo, não podendo ser riado Regional daquele distrito. Além le responsável, não é aceitável que aplicado, portanto, às Santas Casas disso, Portimão irá ser a Santa Casa as organizações de economia social existentes, não há conhecimento de anfitriã das jornadas de cuidados tenham de “andar á procura de alte- nenhum exemplo de Misericórdia que continuados das Misericórdias. rações nos orçamentos de Estado”, tenha sido erigida por iniciativa canó- outros temas, como a possibilida- especialmente numa altura de crise nica. Para Manuel de lemos, o decre- de de devolução do IVA por parte das em que essas entidades serão cha- to geral gera confusão “em relação ao organizações sem fins lucrativos mar- madas a trabalhar ainda mais. qual manifestamos o nosso repúdio”, caram igualmente o debate naquela “Se o Estado não tem dinheiro especialmente por causa dos proble- assembleia-geral (ver texto ao lado). para os acordos, temos de rever as mas que a sociedade portuguesa vai exigências que nos fazem e que se enfrentar no próximo ano e aos quais Ver também as páginas 6, 7 e a alteram quase todos os dias”, con- as Santas Casas serão chamadas a res- entrevista nas páginas 16 e 17 cluiu aquele responsável.
  • 6. 6 vm novembro 2010 www.ump.pt DESTAQUE oPInIão Moção Em primeiro lugar gostaria de co- meçar por, agradecer as centenas ma, para cujo regime expressamente remete em caso de lacuna legislativa, de manifestações de apoio e de re- num capítulo que respeita às activi- conhecimento pela parte já publica- dades das Instituições de Solidarie- 1 considerando que a posição assumida pelo conselho nacional da união das misericórdias Portuguesas (umP) relativamente ao Decreto Geral so- bre as misericórdias, produzido pela conferência episcopal Portuguesa (ceP), Manuel de lemos Presidente da UMP da deste artigo que justamente me encoraja a continuar. Conforme prometido, proponho- dade social, claramente distingue as Misericórdias das actividades das instituições pertencentes a organiza- corresponde ao sentir da esmagadora maioria das misericórdias do país, como me nesta segunda parte abordar al- ções religiosas, em geral, e da Igreja resulta dos votos de confiança e moções de apoio que tem vindo a ser aprova- das pelos vários secretariados regionais da umP; o DEVER guns aspectos fulcrais da relação do Estado com as Misericórdias à luz Católica, em particular. o segundo aspecto é que para o DA VERDADE 2 do Decreto-lei nº 119/83 de 25 de Estado Português as Misericórdias 2 considerando que as bases para um entendimento entre as duas institui- ções nacionais não podem assentar num diploma ditado unilateralmente, ao arrepio da história penta secular das misericórdias, da sua tradicional auto- Conforme prometido, proponho- Fevereiro, isto é, o diploma legal que regula as actividades das Instituições Particulares de Solidariedade Social não são Instituições canonicamente erectas. Na verdade e de acordo com o que tem sido sempre a posição da nomia e independência em relação ao poder eclesiástico e ao poder civil e dos me nesta segunda parte abordar e especificamente das Misericórdias União das Misericórdias Portuguesas, alguns aspectos fulcrais da relação seus direitos consolidados ao longo do tempo, mas hão-de antes buscar-se do Estado com as Misericórdias à Portuguesas o legislador vai mais longe, porque num clima de diálogo, de boa fé e de espírito de colaboração, que respeite o luz do Decreto-Lei nº 119/83 de 25 E a respeito do olhar do Estado distingue as Instituições canonica- papel essencial que os leigos nelas sempre desempenharam, no exercício da de Fevereiro sobre as Misericórdias, gostaria de mente erectas das Instituições consti- assistência e da caridade cristã, em sistema de verdadeiro autogoverno; salientar dois aspectos: o primeiro tuídas na ordem Jurídica Canónica. E neste diploma fundamental para a esta diferença, a meu ver, é estrutural. 3 considerando terem sido retomadas pela ceP e pela umP negociações com vista a alcançar um entendimento que consagre, definitivamente, a matriz e a idiossincrasia singulares das misericórdias no espaço social da nação matéria é que inequivocamente o Estado Português não trata as Mise- ricórdias como organizações da Igre- Porque como referi no artigo anterior, uma coisa é a erecção canónica, que nas Misericórdias nunca aconteceu, e portuguesa; ja Católica, mas como Instituições outra é o Decreto formal de integração Portuguesas com vinculo á Igreja da ordem Jurídica Canónica, através 4 considerando que as bases de qualquer acordo têm de ser consagradas num diploma canónico que, de forma expressa ou tácita, revogue ou subs- titua o referido Decreto Geral e produza inequívocos efeitos jurídicos perante Católica. Sucede que o Decreto-lei nº 119/83, no seu Capitulo II, regu- la as actividades de solidariedade do reconhecimento ou concessão de personalidade jurídica canónica, o que as Misericórdias efectivamente as partes e perante terceiros; e, finalmente, social das organizações religiosas, obtiveram, na sua maioria esma- sob o título “Das actividades de gadora, nos anos 70 e 80 do século solidariedade social das organiza- passado. 5 considerando que a reafirmação e reforço da eclesialidade das misericór- dias Portuguesas e a disponibilidade destas para colaborarem numa nova ordem da Pastoral da igreja pressupõe o respeito do seu carácter laical e da ções religiosas” e, neste capítulo, na Secção II regula as actividades das Instituições da Igreja Católica, sob Com efeito, no Artigo 45º do Decreto-lei nº119/83, (uma das tais disposições especiais para as institui- autonomia da sua forma de governo, o título “Disposições especiais para ções da Igreja Católica), o legislador as instituições da igreja católica” (do identifica como Instituições da Igreja A Assembleia Geral da umP, reunida em Fátima, no centro João Artigo 44º ao Artigo 51º). E cabe Católica as que são canonicamente Paulo ii, em sessão ordinária, deliberou ratificar a posição assumida salientar que em todo este capítulo, erectas, ao passo que, no Artigo 68º, pelo conselho nacional da umP e manifestar ao sr. Presidente e nomeadamente nesta secção, não (um dos artigos especificamente de- do secretariado nacional da mesma união a sua total confiança existe uma única referência às Mi- dicado às Misericórdias), o legislador e apoio nas diligências que foi incumbido de proceder no senti- sericórdias. define as Irmandades de Misericór- do de defender a autonomia e independência das misericórdias Só noutro Capítulo, o III, legis- dias como associações constituídas Portuguesas quanto ao mérito dos seus actos de governo e de lativamente bem diverso, sob o títu- na ordem Jurídica Canónica; o que, gestão, reconhecendo à autoridade eclesiástica a tutela da lega- lo “Das instituições particulares de no sentido do legislador indicia uma lidade canónica. solidariedade social em especial”, diferença essencial. Porque se fosse mais deliberou recomendar ao sr. Presidente do secre- encontramos uma secção, a Secção a mesma coisa, ser canonicamente tariado nacional da umP que o estabelecimento das bases de II, também ela claramente autónoma erecto ou ser constituído na ordem qualquer acordo com a ceP deve ser condicionado à revogação, e específica, cujo título é “Das irman- jurídica canónica, o legislador teria expressa ou tácita, do aludido Decreto Geral, e formalizado por dades da Misericórdia” (do Artigo utilizado uma mesma e única ex- um novo Decreto Geral ou diploma de equivalente valor legislativo 68º ao Artigo 71º), onde justamente pressão; e se o não faz no mesmo que, de forma inequívoca, produza efeitos canónicos em relação a são tratadas de forma especial as diploma legal, é porque entende que terceiros, na ordem jurídica interna e internacional. Misericórdias. não são exactamente a mesma coisa. Decorre desta circunstância que, E já agora salientar que só para Fátima, 27 de Novembro de 2010 não só, o legislador português não aquelas Instituições enquanto or- considera a nossa actividade como ganizações da Igreja Católica o actividade de uma organização re- reconhecimento da personalidade ligiosa, (porque se o fizesse então jurídica civil resulta da simples par- teria colocado as disposições que ticipação escrita feita pelo Bispo da regulam as Misericórdias no Capítulo Diocese, aos serviços competentes II, numa hipotética secção própria) para a tutela das mesmas institui- como também muito menos, con- ções; e que os estatutos destas Insti- sidera as Misericórdias como insti- tuições e respectivas alterações não tuições da Igreja Católica (porque, carecem de escritura pública, mas se assim o entendesse, colocaria as devem ser aprovados e autenticados disposições especiais para as Mise- pela autoridade eclesiástica compe- ricórdias na secção que regula as tente (artigos 45 e 46 nº1). ora, nos disposições especiais para as insti- artigos 68º a 71º (que são os que tuições da Igreja Católica e em caso regulam as Misericórdias) não se en- de remissão seria para eles que o contra qualquer remissão para aque- faria, o que nunca sucede ao longo les artigos. Pelo contrário, o art.69 do diploma) nº2 é claro ao prescrever que “em ora, o legislador não faz nada tudo o que não se encontre estabele- disso. Pelo contrário, ao colocar as cido na presente secção, as Irmanda- Misericórdias numa secção autóno- des da Misericórdia regulam-se pelas
  • 7. www.ump.pt novembro 2010 vm 7 456 MIl CERTIFICAçõES A ministra da Educação, Isabel Alçada, disse recentemente que o programa Novas oportunidades registou já adesão de 1,489 milhões de portugueses, tendo feito 456 mil certificações. o legislador português disposições aplicáveis às associações nomeadamente perante terceiros, e a efeito, que o concorrente preterido um Compromisso não considera a nossa de solidariedade social”. É que as colocar as Misericórdias e a própria o venha impugnar com o argumento poderia esclarecer, de actividade como ”sujeições canónicas” de que fala o Conferência Episcopal Portuguesa em de que não houve intervenção do vez, o que deveriam ser actividade de uma art. 69 nº1 são que decorrem da sua situação delicada. ordinário. E isso, além de contrariar as nossas relações com organização religiosa, natureza de associações de fieis e logo, como temos referido (e frontalmente toda a História, nature- a CEP E, dessa forma, . como também muito essas ninguém contesta. curiosamente também o fizeram os za e autonomia das Misericórdias é todos prestarmos menos, considera as Infelizmente, porém, esta cir- porta vozes da Conferência Epis- impraticável, da mesma forma que um melhor serviço Misericórdias como cunstância não foi devidamente copal) o único caminho aceitável é tornaria impraticável o funciona- aos valores em que instituições da Igreja avaliada, nem pelos juristas das manter os procedimentos habituais, mento da própria Diocese. A menos acreditamos e à nossa Católica Misericórdias, nem pelos juristas não lhes introduzindo qualquer al- que todos “fizessem de conta”, como Missão de ajudar os que da segurança social que, a meu ver, teração e assim ignorando o decreto infelizmente muitas vezes parece mais precisam Para além do decreto erradamente, passaram a exigir às geral e deixando-o cair em desuso. que o fazem nos Centros Paroquiais; geral não se aplicar Misericórdias a aprovação do ordi- É neste contexto global que sem- mas se o alegado objectivo do decre- Além de contrariar às cerca de 400 nário, por exemplo na revisão dos pre sustentei a necessidade de um to foi clarificar as relações, então não frontalmente toda Misericórdias já estatutos. ora, para serem conse- Compromisso com a Conferência faz sentido nenhum, a seguir, “fazer a História, natureza existentes, para o quentes, essa exigência só devia Episcopal Portuguesa. tudo porque de conta”. e autonomia das futuro, ele colide com o ocorrer quando as alterações esta- constatei que, de facto, reina a maior Como disse na primeira parte Misericórdias, [o Decreto-lei nº 119/83, tutárias incidissem sobre matéria confusão e até, em alguns casos, ig- deste artigo, repito mais uma vez, decreto] é impraticável, motivo pelo qual me religiosa, que essa sim compete ao norância, sobre como proceder. E que não está em causa, nem nunca da mesma forma que parece importante ordinário (art.69,nº3), e não sobre porque entendo que no que respeita esteve, a muita estima e considera- tornaria impraticável e urgente uma matéria civil, porque essa compe- á sua dimensão eclesial as Miseri- ção que todos temos pela maioria o funcionamento da intervenção do Estado tência cabe ao Estado. Por exemplo, córdias são Associações Privadas esmagadora dos Senhores Bispos. Da própria Diocese Português quando em Portel, o Centro Distrital de Fiéis, então devem comportar- mesma forma que não está em causa de Segurança Social de Évora exige se como tal, perante as autoridades o respeito pelo cumprimento da lei o que está em causa é um eventual mau da Misericórdia a sua adequação ao eclesiásticas. E também reconhecer do Estado Português com quem as a defesa intransigente entendimento pode Decreto-lei nº 119/83, essa adequa- que, por vezes, algumas Misericór- Misericórdias cooperam activamen- da nossa natureza, produzir efeitos, ção é da competência exclusiva da dias, embora se definam como As- te. Mas, quer num caso, quer nou- da nossa identidade nomeadamente perante Assembleia-Geral e da Segurança sociações de Fiéis, na prática não se tro, o que está em causa é a defesa e da nossa Missão. terceiros, e colocar Social e não do ordinário, que ape- comportam como tal, o que, tam- intransigente da nossa natureza, da num quadro jurídico as Misericórdias e a nas deve tomar conhecimento das bém, não é correcto. nossa identidade e da nossa Missão. complexo mas, ainda própria Conferência alterações e não, aprová-las ou não. Acredito, assim, que um Com- Num quadro jurídico complexo mas, assim, perceptível Episcopal Portuguesa E muito menos, introduzir alterações promisso poderia esclarecer, de ainda assim, perceptível. E a minha em situação delicada não votadas em Assembleia Geral, vez, o que deveriam ser as nossas função e a função da União a que me como até já aconteceu! relações com a CEP. E, dessa forma, honro presidir é, precisamente, o de É também por este conjunto de todos prestarmos um melhor serviço esclarecer e apoiar as Santas Casas razões que entendo que, para além aos valores em que acreditamos e à de Misericórdia de Portugal nesse do decreto geral não se aplicar às cer- nossa Missão de ajudar os que mais caminho magnífico mas difícil, de ca de 400 Misericórdias já existentes precisam. ajudar os mais desfavorecidos, man- (insisto, o Decreto não é retroacti- o recente decreto geral da CEP tendo sempre a nossa independência vo), para o futuro, ele colide com o comprometeu esse caminho e, é e a directa ligação às comunidades Decreto-lei nº 119/83, motivo pelo por isso que, na tentativa de o ul- Creiam-me Senhores Provedores qual me parece importante e urgente trapassar, tenho sustentado que a e todos os Órgãos Sociais das Miseri- uma intervenção do Estado Português celebração de um Compromisso não córdias Portuguesas, que tenho a cer- no sentido de tornar claro e transpa- pode deixar de ter também a forma teza que esse caminho é possível e rente o sentido da lei e a sua correcta e força de decreto geral. De outra que só a desunião das Misericórdias aplicação pelos serviços competentes. forma, por exemplo, será sempre pode fazer perigar esse percurso. Porque, de facto, um eventual mau possível a, num qualquer concurso Mas voltarei a esta matéria no entendimento pode produzir efeitos, que uma qualquer Misericórdia leve próximo jornal. VOZDAS MISERICÓRDIAS Correio do VM Caros leitores, o Voz das Misericórdias tem uma nova rubrica: Correio do VM. Por isso, convidamos todos os interessados a parti- cipar nesta iniciativa enviando-nos os vossos textos para publicação. As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone e os textos deverão tratar temáticas relacionadas com a actividade das Santas Casas. o Voz das Misericórdias reserva-se o direito de seleccionar as cartas a publicar, assim como partes do seu conteúdo. os textos poderão ser enviados por carta, correio electrónico ou fax, através dos seguintes contactos: Morada: Rua de Entrecampos, 9 - 1000-151 lisboa Fax: 218110545 | Correio electrónico: jornal@ump.pt
  • 8. 8 vm novembro 2010 www.ump.pt EM ACçãO Montemor- o-Velho ao serviço da educação A santa casa soas que requerem muita atenção, muita disponibilidade, muito tem- da misericórdia po e com estes estágios acabam por de montemor- se sentir mais protegidos por haver mais gente em redor que os pode o-velho acolhe auxiliar”, explica Emília Moreira, directora técnica. desde 2004 os estágios de enfermagem de- alunos de vários correm durante todo o ano lectivo e os alunos vão chegando sucessiva- estabelecimentos mente à Santa Casa, em pequenos grupos, permanecendo durante cin- de ensino do co semanas. Aqui são orientados e distrito de Coimbra avaliados pela enfermeira Catarina Valentim que em coordenação com a professora da própria escola auxi- liam os alunos no dia-a-dia. Sónia Morgado Com largos anos de experiência A Santa Casa da Misericórdia de na orientação de estágios, em am- Montemor-o-Velho é, há vários, anos biente hospitalar e no lar de idosos referência para as escolas profissio- da Misericórdia de Montemor-o-Ve- nais e estabelecimentos de ensino lho, a enfermeira Catarina vê nestes superior do distrito de Coimbra no estágios uma forma dos alunos de- que respeito diz à sua abertura à senvolverem a vertente relacional e recepção de estagiários. Para o efeito, humana, que em ambiente hospita- tem estabelecido protocolos com as lar é muito difícil de conseguir, dada entidades de ensino que vêem aqui a existência de rotinas diferenciadas uma oportunidade para os seus alu- a que têm de obedecer. nos terem contacto com o mundo do trabalho. nestes estágios orientados Ao longo do tempo várias têm para o idoso, o aluno é mais sido as áreas de intervenção: for- autónomo e tem tempo mação em contexto de trabalho de planear objectivos (animação e geriatria) e estágios e actividades curriculares em psicologia, serviço social e enfermagem. Actualmen- Nestes estágios, orientados para te, encontram-se em curso quatro o idoso, o aluno é mais autónomo e estágios curriculares de psicologia, tem tempo de “planear objectivos, do Instituto Superior Miguel torga actividades, de estar com o idoso, de Coimbra, sete de enfermagem de conversar, explorando as expe- da Escola Superior de Enfermagem riências dos próprios utentes, de- de Coimbra, e uma formação em senvolvendo assim a criatividade. contexto de trabalho (área da lavan- É uma oportunidade que eles não daria) resultante de um protocolo de têm em mais lado nenhum”, conta colaboração com a APPACDM local. a orientadora. Dedicada à população mais ido- Para que o trabalho seja rentá- sa, esta casa reconhece os benefícios vel, cada aluno fica responsável por de tais parcerias, não só para os pró- dois idosos, escolhidos pela enfer- prios estabelecimentos de ensino, meira responsável. “tenho sempre que conseguem assim proporcionar em linha de conta as pessoas que estágios curriculares aos seus alu- têm menos autonomia, que não nos, mas sobretudo para os uten- têm tantas visitas, que não são tão tes desta Misericórdia. É na área da predispostas a conversar, as que no enfermagem que os benefícios são fundo são mais esquecidas”, admite mais visíveis. “lidamos com pes- Catarina Valentim. A presença dos
  • 9. www.ump.pt novembro 2010 vm 9 PRoVEDoR HoMEnAGEADo o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento, “ Manuel Fanha Vieira, foi escolhido como Profissional do Ano pelo Rotary Clube. A homenagem teve lugar a 20 de outubro. Justiça na estagiários no desenvolvimento das várias actividades físicas, motoras e lúdicas “acaba com uma rotina que saúde deve para eles é vazia”. Na sua opinião a terceira idade é “lidamos com pes- uma área da saúde que se encontra soas que requerem um pouco esquecida e por isso é po- ser uma muita atenção, muita sitivo que o trabalho aqui desenvol- vido mexa com os alunos que ficam disponibilidade, muito sensibilizados quando, por exemplo, tempo e com estes es- prioridade vêem um idoso que só recebe visita tágios acabam por se dos familiares uma vez por ano. “É sentir mais protegidos bom sentir que tudo isto mexe com eles pois acabam por se entregar por haver mais gente mais ao trabalho que estão a desen- em redor que os pode volver”, assevera. tratando-se de um auxiliar” estágio em lar de idosos, os alunos ticular no que diz respeito à saúde”. chegam a esta casa com “expectati- o alerta foi dado pelo Papa Na sua mensagem aos cerca de Emília Moreira vas baixas, porque há a ideia de que bento Xvi, numa mensagem 600 especialistas, Bento XVI insis- Directora técnica não há nada para fazer, mas acabam à 25ª Conferência tiu na íntima ligação entre justiça e por sair com uma perspectiva com- Internacional do Conselho caridade, na perspectiva cristã. “A pletamente diferente, acabando por Pontifício da Pastoral justiça não é alheia à caridade, não “Nos estágios, é possí- estar sempre envolvidos em alguma da Saúde é uma via alternativa ou paralela coisa”, explica. à caridade. Mais ainda: a justiça é vel planear objectivos E de facto assim é. Soraia Amado inseparável da caridade, é intrínseca e actividades, explo- e Nuno oliveira são dois dos sete alu- Numa mensagem à Conferência In- a ela, é a primeira via da caridade”. rando as experiências nos da Escola Superior de Enferma- ternacional da Pastoral da Saúde, que “Não podemos excluir ninguém dos próprios utentes, gem actualmente em estágio. Depois decorreu entre 18 e 20 de Novembro, da saúde ou prestar-lhe cuidados in- de já terem passado por outros locais, Bento XVI pediu para que a justiça feriores. As actuais desigualdades na desenvolvendo assim estes alunos encontraram aqui uma no campo da saúde seja uma prio- assistência sanitária exigem que se a criatividade. É uma forma diferente de trabalhar com os ridade dos governos. “A justiça da empreenda uma acção corajosa”, dis- oportunidade que eles utentes. “Está a ser uma experiência saúde deve ser uma das prioridades se na conferência de imprensa para não têm em mais lado muito gratificante. É uma realidade na agenda dos governos e das institui- anunciar o encontro, o presidente do um pouco diferente da que estáva- ções internacionais”, sublinha. CPPS, arcebispo zygmunt zimowski. nenhum” mos habituados, porque estamos “o mundo da saúde não se pode A XXV Conferência Internacional Catarina Valentim com o idoso de uma forma que não subtrair as regras morais que o devem do Conselho Pontifício para a Pastoral orientadora de estágios é possível em ambiente hospitalar e governar para que não se torne desuma- da Saúde decorreu no Vaticano, tendo assim conseguimos aplicar mais a no”. Nesse sentido, escreve a Agência como tema “Caritas in Veritate. Para fundo os cuidados de enfermagem”, Ecclesia, é importante instaurar uma um cuidado equitativo e humano da declaram os alunos. verdadeira justiça distributiva que ga- saúde”. Entre os diversos oradores “É uma realidade um Desta experiência levam sobre- ranta a todos tratamentos adequados. esteve presente o presidente da União pouco diferente da tudo o desenvolvimento da relação A saúde é um “bem precioso das Misericórdias Portuguesas. Ma- que estávamos habi- com o outro. os idosos agradecem. para a pessoa e para a colectividade, nuel de lemos falou sobre o papel dos “Como somos jovens, e somos caras bem a promover, conservar e tutelar, voluntários nos cuidados de saúde. tuados, porque esta- novas para eles, denotam que lhes com os meios, recursos e energias Para o presidente da UMP, nos cui- mos com o idoso de damos atenção e acabam mesmo por necessários para que mais pessoas dados continuados é possível ver me- uma forma que não é a pedir, porque sabem que por vezes dela possam usufruir”. lhor a contribuição do voluntariado. possível em ambiente é difícil pedir a atenção aos próprios Infelizmente, acentua Bento XVI, Além disso, Manuel de lemos acredita familiares. Eles gostam de interagir “ainda hoje permanece o problema que a humanização dos cuidados é hospitalar e conse- e comunicar connosco”, concluem. de muitas populações do mundo que uma das chaves para o reconhecimen- guimos aplicar mais a fundo os cuidados de enfermagem” Soraia Amado e nuno oliveira estagiários “ No final, fica a saudade dos uten- tes pelos cuidados de determinado grupo que acaba as suas cinco sema- nas de estágio, para logo chegarem novos rostos, novos cuidados no grupo que se segue. É objectivo da Misericórdia de Montemor-o-Velho continuar com não têm acesso aos recursos neces- sários para satisfazerem as necessi- dades fundamentais, de modo par- Mesão Frio to do trabalho das Misericórdias. Ver página 23 os protocolos estabelecidos e se possível alargar pois “temos tido celebra 450 anos pessoas muito profissionais a tra- balhar connosco e acabamos todos entregue em reunião ordinária da por aprender uns com os outros”, A misericórdia de mesão Assembleia Geral da instituição. conclui Emília Moreira. Frio assinalou, a 13 de Fundada em 1560, a Santa Casa Recorde-se que no que refere a novembro, 450 anos de da Misericórdia de Mesão Frio vem parcerias entre Santas Casas e esta- existência. A data ficou desempenhando desde aí um im- belecimentos de ensino, a Escola Su- marcada pela homenagem portante papel social naquela loca- perior de Enfermagem São Francis- a cinquenta irmãos lidade. Actualmente, é responsável co das Misericórdias (ESESFM) está por diversos tipos de equipamentos, disponível para colaborar. Na última como centro de dia, lar residencial, edição do VM, o director da ESESFM, A Misericórdia de Mesão Frio assina- apoio domiciliário integrado, apoio João Paulo Nunes, recordou que a lou, a 13 de Novembro, 450 anos de domiciliário, unidade de apoio inte- “escola é das Misericórdias”, pelo existência. A data ficou marcada pela grado, creche e ateliê de tempos li- que provedores podem contar com homenagem a cinquenta irmãos com vres, com cerca de trezentos utentes. ela para fazer face a desafios como mais de 20 anos de ligação à institui- É também, nos dias de hoje, uma o do envelhecimento da população. ção e pela inauguração do arquivo, das maiores entidades empregadoras que ficará disponível para consulta do concelho, dando trabalho a cerca Ver texto de opinião na página 3 na Internet. A medalha de prata foi de cem funcionários.