SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  23
Télécharger pour lire hors ligne
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RN
DIRETORIA EDUCACIONAL DE TECNOLOGIA DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO




             FERNANDO FERREIRA CARNEIRO FILHO
                  FERNANDO L. D. VARELLA
                 GILVAN FERREIRA DE SOUZA
               HENRIQUE EDUARDO DE OLIVEIRA
               JOÃO EUDES RODRIGUES DE LIMA




 ANÁLISE DA PRÁTICA DE GESTÃO EM REDES NO CAMPUS CENTRAL DO
 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO
                   GRANDE DO NORTE – IFRN.




                         NATAL/RN
                           2010
FERNANDO FERREIRA CARNEIRO FILHO
                  FERNANDO L. D. VARELLA
                 GILVAN FERREIRA DE SOUZA
               HENRIQUE EDUARDO DE OLIVEIRA
               JOÃO EUDES RODRIGUES DE LIMA




ANÁLISE DA PRÁTICA DE GESTÃO EM REDES NO CAMPUS CENTRAL DO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO
                  GRANDE DO NORTE – IFRN.




                             Trabalho apresentado ao Instituto Federal de Ciência,
                             Educação e Tecnologia do RN, como requisito parcial
                             para a obtenção da aprovação nas disciplinas do
                             segundo semestre, relacionadas aoProjeto Integrador.


                             Orientador: Thiago José de Azevedo Loureiro




                         Natal/RN
                          2010
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................         11
2 TURISMO: ORIGEM E PRINCIPAIS CONCEITOS ...................................................                                     15
2.1 AS PRIMEIRAS FORMAS DE TURISMO NO MUNDO ..........................................                                           16
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE TURISMO ..................................                                             17

2.3 O MERCADO TURÍSTICO versus SEGMENTAÇÃO TUÍSTICA ............................                                                 18

2.3.1 Principais características da oferta turística ...................................................                         20

2.3.2 Principais características da demanda turística .............................................                              21

2.4 A PRÁTICA DO TURISMO PEDAGÓGICO............................................................                                  22

2.5 A PRÁTICA DO TURISMO PEDAGÓGICO SEGUNDO AS AGÊNCIAS DE
VIAGENS.......................................................................................................................   23

2.6 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE TURISMO...................................                                                  25
                                                                                                                                 29
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................................
                                                                                                                                 29
3.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS...........................................................................
                                                                                                                                 33
3.2 LOCALIZAÇÃO DAS AGÊNCIASPESQUISADAS .................................................
                                                                                                                                 33
3.3 TEMPO DE ATUAÇÃO NO MERCADO DAS AGÊNCIAS PESQUISADAS ..........
                                                                                                                                 34
3.4 PRINCIPAL PÚBLICO-ALVO DAS AGÊNCIAS PESQUISADAS ...........................
                                                                                                                                 35
3.5 SEGMENTOS TURÍSTICOS TRABALHADOS PELAS AGÊNCIAS .......................
3.6 HÁ QUANTO TEMPO AS AGÊNCIAS TRABALHAM COM O TURISMO
                                                                                                                                 36
PEDAGÓGICO ..............................................................................................................
3.7 FREQUÊNCIA EM QUE AS AGÊNCIAS REALIZAM ROTEIROS PEDAGÓGICOS
                                                                                                                                 36
............................................................................................................
                                                                                                                                 38
3.8 ANÁLISE DO PERÍODO MAIOR DE FLUXO DE VIAGEM .....................................
3.9 ANÁLISE DO PRINCIPAL CLIENTE ATENDIDO ATRAVÉS DO TURISMO
                                                                                                                                 38
PEDAGÓGICO ..............................................................................................................
3.10 ANÁLISE DOS ROTEIROS MAIS PROCURADOS PARA A PRÁTICA DO
                                                                                                                                 39
TURSIMO PEDAGÓGICO ............................................................................................
                                                                                                                                 39
3.11 ANÁLISE DA ESCOLHA DOS ROTEIROS TURISTICOS ....................................                                             40
3.12 ANÃLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO TURISMO PEDAGÓGICO .........                                                            41
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................                   42
REFERÊNCIAS .............................................................................................................        45
APÊNDICE ....................................................................................................................
1 INTRODUÇÃO




        As grandes metrópoles têm aumentado a sua densidade demográfica nas últimas
décadas de uma forma acelerada, tanto horizontal como verticalmente e, diante disso, as suas
necessidades de consumo e de infra estrutura se modificaram a ponto de as organizações
sentirem a necessidade de investir em novas estratégias e tecnologias, independentemente do
segmento de mercado em que atuam. Nesse contexto, a Gestão em Redes surge como uma
estratégia para o alcance da excelência organizacional através do compartilhamento de
informações e recursos estratégicos, redução dos custos operacionais, desenvolvimento de
novas tecnologias, ganhos de produtividade, lucratividade e aumento da competitividade.
        No setor público, a Gestão em Redes serve como uma ferramenta relevante no que
tange à acessibilidade de informações para cidadãos e gestores, à eficácia na elaboração de
seus planejamentos estratégicos inter-setoriais e a uma maior qualidade nos serviços prestados
para a população. No entanto, torna-se necessário, grosso modo, avaliar as políticas
implantadas para tal fim, para que os objetivos supracitados sejam atendidos diante dos
anseios de seus usuários e, ao mesmo tempo, identificar se essas práticas condizem com o
verdadeiro sentido de Gestão em Redes discutido através do campo científico para tal fim.
        Observando-se a importância da Gestão em Redes dentro das organizações públicas e
privadas, de acordo com a natureza do seu empreendimento e das exigências do seu público
alvo, surge a necessidade de identificar no ambiente organizacional possíveis práticas ou
necessidades que possam provar a sua relevância no contexto atual.
        Dessa forma, esta pesquisa busca identificar e analisar se as estratégias
desenvolvidas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte (IFRN), o Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN) e a
Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte
(FUNCERN) caracterizam a gestão em redes.
        Para a realização desta pesquisa acadêmica, o seu ambiente ficou caracterizado
como: o campus central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN); o Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN);
e a Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do
Norte (FUNCERN). Neste ambiente, torna-se relevante conhecer dados históricos e
informações pertinentes a cada instituição envolvida neste trabalho, descritos nos próximos
parágrafos.
A história do Campus Central do Instituto Federal do RN, situado no bairro de Tirol,
se confunde com a própria história da Instituição. Suas origens remontam ao mês de março de
1967, quando a antiga Escola Industrial de Natal foi transferida do prédio histórico da
Avenida Rio Branco, centro da capital, para as atuais instalações. Vale salientar que, de lá
para cá, passados 40 anos, o prédio histórico da Avenida Rio Branco, que foi tomado da
Instituição à época da Ditadura Militar e posteriormente cedido à UFRN, foi devolvido ao
então CEFET-RN, através de um Contrato de Cessão de Uso, firmado em dezembro de 2007.
            Até 1994, quando foi inaugurada a primeira unidade de ensino descentralizada da
instituição, o Campus Natal-Central constituía a única sede deste Instituto. Atualmente, estão
vinculados a ele os Núcleos de Extensão de Nova Cruz e Parnamirim e o Centro Cultural e de
Formação Profissional, localizado no centro de Natal.
            A sua estrutura física compreende uma área de 90.000 m², cujo prédio principal foi
inaugurado em 1967. Em seu ambiente físico, são oferecidas as seguintes modalidades de
ensino: Cursos Técnicos Integrados, Cursos Técnicos Subsequentes, Cursos de Graduação e
Cursos de Pós-graduação.
            Em relação ao Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN1), a
sua existência foi oriunda de algumas variáveis ou episódios acontecidos ao passar do tempo.
A Federação Nacional das Associações de Servidores das Escolas Federais de 1º e 2º graus
(FENASEFE) foi transformada no SINASEFE em 11 de novembro de 1988, no ENCONTRO
NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE SERVIDORES DAS ESCOLAS FEDERAIS DE 1°
E 2° GRAUS, na Cidade de Salvador/BA, logo após a aprovação da constituição de 1988, que
entre outras coisas, previu o direito à sindicalização para os Servidores Públicos.
            Dez anos depois, no ano de 1998, num Congresso Nacional do Sindicato, realizado
na cidade de Manaus/AM, a Entidade passou a se chamar Sindicato Nacional dos Servidores
Federais da Educação Básica e Profissional, contemplando a todos os Trabalhadores e
Trabalhadoras da Rede Federal de Ensino, lotados nas Instituições de 1º e 2º graus, ampliando
a sua representação para além da área tecnológica.
            O SINASEFE está organizado em 67 Seções Sindicais e representa, hoje, cerca de
20.000 Trabalhadores Docentes e Técnico-Administrativos em Educação, num universo de 30
mil Trabalhadores e Trabalhadoras lotados nas Escolas Agrotécnicas, Escolas Técnicas,
CEFETs, Institutos Federais, Colégio Pedro II/RJ, Colégios Militares e ex-territórios federais.




1
    Disponível em: http://www.sinasefe.org.br/historia.htm Acesso em: 12 out. 2010.
As Seções Sindicais que integram o SINASEFE têm regimento próprio, autonomia
política, administrativa, econômica, financeira e patrimonial. Cada uma delas é constituída
por, no mínimo, 20 Servidores e possui sua Direção, eleita, com mandato de dois anos. Sua
área de representação se dá a partir de cada Instituição Federal da Educação Básica ou
Profissional, mas poderá ter abrangência da sua base territorial estendida para mais de uma
Unidade de Ensino caso não haja condições de determinada Unidade estabelecer e organizar a
sua própria Seção Sindical.
            Além das Seções Sindicais, existem alguns Sindicatos Locais filiados ao SINASEFE,
equiparados a estas Seções Sindicais, tanto quanto aos seus direitos como aos seus deveres.
Essa mudança de estrutura e sindicalização, ocorrida a partir de 1998, possibilitou a
ampliação do Sindicato Nacional e aglutinou em sua volta, muitos dos Servidores Federais da
Educação que estavam órfãos de uma representação nacional.
            O SINASEFE é um Sindicato Nacional que tem na sua autonomia financeira uma das
suas principais características, sendo os seus sindicalizados os únicos responsáveis pela
existência e pela manutenção da Entidade. Estes sindicalizados organizam-se por meio das
Seções Sindicais, que repassam à Direção Nacional do SINASEFE 20% do que é arrecadado
em cada Instituição Federal de Ensino ligada à Base do SINASEFE, com contribuição/filiação
voluntária.
            Além do movimento nacional, o SINASEFE tem filiação à CEA - Confederação dos
Educadores Americanos e CONLUTAS - Coordenação Nacional de Lutas e para a CNESF -
Coordenação Nacional de Entidades dos Servidores Federais. O seu principal objetivo é
construir a unidade da Classe Trabalhadora, além de uma Sociedade Socialista, assim como
prevê o seu estatuto, em busca de uma Educação Pública, Gratuita, Laica e de Qualidade
socialmente referenciada em todos os níveis.
            A Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande
do Norte (FUNCERN)2 também possui a sua própria história. A FUNCERN, regida pela Lei
8.958/94, é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, sediada em Natal, no Rio
Grande do Norte. É constituída por pessoas jurídicas, tendo sido fundada por oito instituidores
em 19 de novembro de 1998, com o objetivo de apoiar as ações de ensino, pesquisa, extensão
e desenvolvimento institucional do IFRN, contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento
educacional e tecnológico do RN.




2
    Disponível em: http://www.funcern.br/portal/institucional.html Acesso em: 21 out. 2010.
A FUNCERN presta apoio para atender a demandas resultantes do processo de
implantação dos novos campi do IFRN no interior do Rio Grande do Norte (Caicó, Apodi,
Macau, João Câmara, Pau dos Ferros, Santa Cruz e Ipanguaçu), além do auxílio dado às
unidades anteriormente implantadas (Mossoró, Currais Novos, Zona Norte de Natal e Natal-
Central).
            Além disso, a FUNCERN apoia financeiramente os diversos eventos promovidos
pelo IFRN, por meio de suas diretorias e departamentos, e as ações de modernização dos
laboratórios de análises químicas, sendo também responsável por incorporar ao patrimônio do
Instituto, por meio de Termo de Doação, equipamentos de informática, bibliográficos e
mobiliários, resultantes dos convênios de parceria, tudo à luz da legislação e normas
pertinentes ao assunto. A Fundação tem, ainda, consolidado medidas de apoio às demandas
relativas aos alunos carentes do IFRN, auxiliando no fornecimento mensal de vales-
transportes, material esportivo e cultural, medicamentos, consultas médicas, bolsas de
trabalho e refeições.
            Por fim, a FUNCERN é credenciada junto aos Ministérios da Educação (MEC) e da
Ciência e Tecnologia (MCT), ao Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições
Federais de Ensino Superior (CONFIES) e à Associação Brasileira de Instituições de
Pesquisas Tecnológicas (ABIPTI), sendo reconhecida como entidade de utilidade pública em
nível estadual e municipal.
            Diante do exposto, faz-se necessário discorrer a cerca dos principais conceitos,
definições e classificações dos principais roteiros de estudo utilizados nesta pesquisa
acadêmica, como argumento de autoridade sobre as análises dos dados coletados que serão
discutidos a posteriori pelos pesquisadores.


1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA


1.1.1 Objetivo Geral


            Identificar por meio de pesquisa bibliográfica e entrevistas com os gestores do IFRN,
SINASEFE-RN e FUNCERN a existência da prática de Gestão em Redes.




1.1.2 Objetivos Específicos
- Identificar, a partir da literatura organizacional, os principais conceitos e variáveis que
caracterizam a prática da Gestão em Redes, no ambiente das organizações;
- Analisar e compreender a relação existente entre o IFRN, SINASEFE-RN e FUNCERN
- Observar os objetivos organizacionais de cada instituição, inserida no contexto desta
pesquisa;
- Identificar as variáveis que caracterizam a prática de Gestão em Redes entre Campus Central
do IFRN, SINASEFE-RN e FUNCERN.


1.3 JUSTIFICATIVA


        Em um ambiente globalizado e competitivo, onde a cada dia surgem novas
oportunidades e incertezas decorrentes do avanço tecnológico e das constantes mudanças de
necessidades do mercado consumidor, a Gestão em Redes surge como uma alternativa eficaz
para as organizações sobreviverem e desenvolver suas atividades diante da presença de
grandes corporações nacionais e multinacionais, presentes neste contexto.
        Como a Gestão em Redes pode ser desenvolvida em organizações públicas e
privadas, de acordo com a natureza de seus empreendimentos, surge então a necessidade de
analisar a sua prática no ambiente organizacional do campus central do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, uma vez que esta Instituição
desenvolve atividades em conjunto com outras organizações.
        Esta pesquisa científica justifica-se pela relevante importância dentro do campo
tecnológico e de ensino em que se encontra a organização pesquisada, cujo valores
econômico-sócio-culturais poderão ser percebidos pari passu diante das observações
realizadas e conclusões apresentadas no propósito de fomentar uma política de Gestão em
Redes com mais eficácia dentro do campus pesquisado, entre os demais campi e a própria
sociedade como um todo, permitindo, dessa forma, ao mesmo tempo atingir seus principais
objetivos de educar e profissionalizar seus alunos de acordo com o interesse de cada unidade
de ensino e, garantir oportunidades de trabalho e de qualidade de vida para os seus usuários,
além de possibilitar a geração de amplos negócios por parte das empresas parceiras que
investem nas habilidades e competências dos novos profissionais formados por este Instituto.
        Sua viabilidade pode ser conferida por se tratar de um ambiente de fácil acesso às
informações necessárias e com um custo mínimo possível na obtenção dos dados, uma vez
que 80% dos integrantes desta pesquisa fazem parte do seu ambiente organizacional como
funcionários públicos, além da importância que o mesmo representa para os pesquisadores.
        Finalmente, do ponto de vista teórico, mais precisamente sobre a área de Gestão
Pública, esta pesquisa torna-se relevante para os pesquisadores nela envolvidos, devido ao
crescimento pessoal e profissional que este tipo de trabalho acadêmico lhes propõem, uma vez
que as informações adquiridas e os resultados alcançados poderão complementar seus
conhecimentos em relação a Gestão em Redes, praticadas nos ambientes públicos e privados.
2. REFERENCIAL TEÓRICO


         Este estudo procura se concentrar na área de Administração Pública, diante da nova
configuração de Estado delineado a partir das revoluções liberais oitocentistas pela separação
de funções estatais, pela adoção de constituições escritas garantidoras dos direitos
fundamentais e pela submissão balizada da própria administração pública ao direito, através
do surgimento do chamado Estado de Direito. No entanto, não é função deste trabalho
científico aprofundar-se no que tange aos atos da administração pública ou de alguma subárea
relacionada a Administração de Empresas como um todo, visto que a sua principal área de
concentração é a área de Gestão em Redes. No entanto, torna-se relevante discursar sobre
alguns conceitos relacionados a Administração Pública, como também, sobre a Gestão em
Redes.


2.1 ADMINISTRAÇÃO DO SETOR PÚBLICO


         A Administração Pública é basicamente constituída por atos jurídicos sob Regime de
Direito Público ou Privado. Como Ato da administração, entende-se o gênero dos atos
praticados pela administração, destacando-se destes os que pela sua essência e efeitos são
regrados pelo direito público e aqueles que, mesmo sendo emanados da administração, não se
revestem das características de atos regrados pelo direito público, tanto pela sua natureza
como pelo fato da legislação assim o determinar. Dessa forma, os contratos existentes de
Ordem Civil e Comercial, segundo Mello (1995, p. 348) pode ser definido da seguinte forma:


                       Tradicionalmente entende-se por contrato a relação jurídica formada por um acordo
                       de vontades, em que as partes obrigam-se reciprocamente a prestações concebidas
                       como contrapostas e de tal sorte que nenhum dos contratantes pode unilateralmente
                       alterar ou extinguir o que resulta da avença. Daí dizer-se que o contrato é uma forma
                       de composição pacífica de interesse e que faz lei entre as partes.


         Diante das palavras do autor supracitado, observa-se que os contratos caracterizam-
se pela bilateralidade e pelo acordo de vontades e, em sentido amplo, encontram-se incluídos
entre os atos da administração. A partir deste contexto, pode-se afirmar que a expressão
contratos da administração abrangente pode ser entendida como referindo-se àqueles
contratos celebrados pelo poder público sob regime privado, mesmo celebrados sob regime de
direito público. A Gestão Pública, segundo suas próprias características, pode ser denominada
como Gestão Social, como será abordado no próximo capítulo e que pode ser observada neste
estudo.


2.1.1 A Gestão Pública observada como Gestão Social


          No campo da Administração Pública, o termo gestão social pode ser observado
diante da identificação de diferentes práticas sociais, oriundas de organizações
governamentais e não governamentais, além de algumas iniciativas do setor privado, quando
estas últimas pautam suas ações nas noções de cidadania corporativa e de responsabilidade
social empresarial.
          Neste contexto, a gestão social pode ser conceituada como um processo gerencial
que tem como principal característica ser decisório e deliberativo, visando suprir demandas de
uma sociedade específica, no que tange à produção de bens e prestação de serviços. Seu
contexto difere da gestão empresarial propriamente dita, já que esta última mantém o seu foco
na competitividade, no lucro e na exclusão dos concorrentes, enquanto que a gestão social é
baseada na solidariedade, na cooperação e na inclusão de outros agentes. (TENÓRIO, 2004).
          Na realidade, todas as formas de gestão podem ser consideradas como gestão social,
porém no contexto aqui apresentado deve-se considerar dois níveis de análise da gestão
social: a que a identifica como um problemática da sociedade; e a que a relaciona com uma
forma particular de gestão, no nível organizacional propriamente dito.
          No primeiro nível, seu conceito poderá ser confundido com a própria ideia de gestão
pública, mesmo que as demandas sociais sejam geridas pela sociedade como um todo, a partir
de seus mecanismos de auto-organização. No segundo nível, a gestão social diz respeito a
uma forma de gestão organizacional, diferente da Gestão privada que atua no mercado e da
pública que atua nas instituições do Estado, visando diminuir a lógica instrumental e técnica,
buscando uma visão mais social, política, cultural e ecológica diante da sua gestão.
(FRANÇA FILHO, 2008).


2.2 GESTÁO INTEGRADA EM REDES


          A Gestão Integrada em Redes, ou simplesmente Gestão de Competências em Redes
possui caráter estratégico, visto que em qualquer relação entre organizações se observará dois
objetivos comuns principais: coordenação e salvaguarda. Estes objetivos surgem normalmente
a partir das condições criadas pelo comprometimento inter organizacional das empresas
envolvidas.
         Neste contexto, pode-se entender como salvaguarda, o conjunto das garantias que
cada parte individualmente tem contra a ocorrência de possíveis comportamentos oportunistas
de seus parceiros. A coordenação, por sua vez, diz respeito à organização, controle e à
orientação das ações e comunicações entre os participantes da organização, tendo como
principal finalidade a consecução de um determinado objetivo. (JONES; HESTERLY;
BORGATTI, 1997).
         A base da formação das redes se observa diante da necessidade de compartilhar seus
objetivos finais diante dos desafios encontrados no ambiente em que encontram-se inseridas
as organizações. Desenvolver uma gestão em redes proporciona grandes desafios pessoais e
profissionais, uma vez que a evolução no domínio das técnicas de comunicação, o manuseio
habilidoso e criativo das ferramentas tecnológicas necessárias, a revolução cultural e a
internalização dos fundamentos deixam de ser processos organizacionais individuais e passam
a ser coletivos. (AMARAL, 2002).


2.2.1Redes: principais conceitos e classificação


         O termo rede é muito antigo, e vários estudos apontam a sua origem como vinda da
prática dos tecelões e artesãos, surgindo dessa forma do latim retis, que tem como significado
o entrelaçamento de fios de forma regular, dando origem a uma espécie de tecido.
         Ao passar do tempo, diante da sua estrutura regular e padronizada, a palavra rede
passou a ser empregada em diferentes situações.
         Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que uma estrutura em rede significa que
seus integrantes encontram-se interligados horizontalmente a todos os demais, diretamente ou
através dos que os cercam. O conjunto resultante pode ser considerado como uma malha de
diversos fios que podem se espalhar em diversas direções sem que nenhum de seus nós possa
ser identificado como principal ou representante dos demais. Em outas palavras, em um
trabalho em rede não existem chefe e subordinados, e sim, uma equipe multiprofissional
trabalhando com uma vontade coletiva de alcançar determinado objetivo. (CASTELLS,
2001).
         Outro conceito interessante pode ser encontrado em Olivieri (2003, p. 1) quando o
mesmo conceitua que
redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de
                         forma democrática e participativa, em torno de causas afins. Estruturas flexíveis e
                         estabelecidas horizontalmente, as dinâmicas de trabalho das redes supõem atuações
                         colaborativas e se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes,
                         caracterizando-se como um significativo recurso organizacional para a estruturação
                         social.


         Dessa forma, o conceito de rede, segundo esses autores, transformou-se nas últimas
duas décadas em uma estrutura prática de organização, possibilitando processos que, grosso
modo, são capazes de responder às demandas de flexibilidade, conectividade e
descentralização das esferas de atuação e articulação social necessárias nos dias atuais. Jarillo
(1988, apud FERREIRA JÚNIOR, 2006, p. 3) afirma que redes pode ser conceituado como
“acordos de longo prazo, com propósitos claros, entre empresas distintas, mas relacionadas,
que permitem àquelas empresas estabelecer ou sustentar uma vantagem competitiva frente às
empresas presentes fora da rede. Em relação ao ambiente externo, as empresas procuram
trabalhar de forma conjunta ou agrupadas, procurando dessa forma reduzir as possíveis
ameaças deste ambiente, tais como incertezas e ameaças, buscando a sua sobrevivência no
mercado em que as mesmas atuam, de forma mais competitiva.
         Como o termo rede é utilizado nos mais diversos segmentos de estudos possíveis,
suas mais variadas tipologias chegam inclusive a provocarem ambiguidades sobre o
entendimento do seu significado. Pensando nisso, Balestrin (2005) apresenta quatro
classificações gerais de redes, como pode ser observado no quadro abaixo:


                               CLASSIFICAÇÕES GERAIS DE REDES
                                               Trata-se de redes derivadas das relações estabelecidas
                  Redes Formais                por intermédio de instrumentos contratuais, sendo,
                                               portanto, fortemente formalizadas.
                                               São redes constituídas sem o estabelecimento
                                               contratual, em que a interdependência entre os
                 Redes Informais
                                               participantes é estimulada por seus interesses comuns
                                               e a manutenção se dá pela confiança do grupo.
                                               São redes sustentadas por uma interdependência
                                               hierárquica entre os participantes, semelhante a uma
                                               relação entre matriz e filial, em que uma empresa
                 Redes Verticais
                                               busca coordenar e controlar os esforços das demais
                                               empresas existentes, nos diversos elos da cadeia
                                               produtiva do grupo.
                                               Tratam-se de redes compostas por empresas
                                               independentes de um mesmo elo da cadeia de
                Redes Horizontais              produção, atuando em conjunto sob a lógica da
                                               colaboração, sem a necessidade da coordenação de
                                               uma empresa líder.
Quadro 01: Classificações Gerais de Redes.
Fonte: Elaborado de Balestrin (2005).
Finalizando este tópico, Britto (2004, p. 347) conceitua rede como



                        Arranjos interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos – muitas vezes de
                        caráter cooperativo – entre empresas formalmente independentes, que dão origem a
                        uma forma particular de coordenação das atividades econôm icas.


         Dessa forma, pode-se afirmar que as redes de empresas consistem na união de
empresas que antes atuavam isoladamente e percebem que ao constituírem uma rede podem
complementar-se onde não conseguem atingir o sucesso desejado, sem o estabelecimento de
laços financeiros, umas com as outras. O formato de redes permite que as organizações
possam se beneficiar das vantagens da cooperação existente entre as mesmas, a partir da
obtenção de recursos e espaços de negociação e de barganha que não poderiam ter atuando
individualmente.



2.2.2 Redes de Cooperação ou Redes Horizontais


         Entre organizações que necessitam de alguma autonomia em suas tomadas de
decisões, as redes de cooperação surgem como uma significante alternativa de sistemas
organizacionais. Balestrin e Vargas (2004, p. 208) afirmam que as redes de cooperação são
constituídas por


                        empresas que guardam cada uma sua independência, mas que optam por coordenar
                        certas atividades específicas de forma conjunta, com os seguintes objetivos: criação
                        de novos mercados, suporte de custo e riscos em pesquisas e desenvolvimento de
                        novos produtos, gestão de informação e de tecnologias, definição de marcas de
                        qualidade, defesa de interesses, ações de marketing, entre outros.


         Esta alternativa, no entanto, torna-se mais vantajosa para pequenas empresas, por
ficar mais fácil de alcançar seus principais objetivos estratégicos e garantir a sua presença no
mercado em que atuam, de forma mais ativa e competitiva.
3 METODOLOGIA


3.1 FONTES UTILIZADAS


          Neste trabalho de pesquisa foram utilizadas fontes primárias na coleta de
informações através de uma entrevista com os gestores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), do Sindicato dos Servidores Federais
de Educação (SINASEFE-RN), e da Fundação de Apoio a Educação e ao Desenvolvimento
Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN), como também, fontes secundárias através
do referencial teórico anteriormente explanado e demais informações adicionais sobre o
ambiente da pesquisa e do tema estudado, considerados relevantes para a sua elaboração.


3.2 UNIVERSO E AMOSTRA


          O público alvo deste estudo foi formado pelos gestores das instituições supracitadas
no item anterior, ficando assim escolhido como universo físico responsável, no que tange a
análise da prática de Gestão em Redes no ambiente de pesquisa. Como amostra, foram
entrevistados os gestores das organizações envolvidas neste trabalho acadêmico, totalizando
três instituições neste contexto.


3.3 TIPO DE PESQUISA


          Quanto à técnica, foi realizado um estudo de caso, entre três organizações que
funcionam no campus central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN): O próprio IFRN, a Fundação de Apoio à Educação e ao
Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN) e o Sindicato Nacional
dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE/Seção
Natal).
          A escolha justifica-se por abranger o problema central da análise da prática de
gestão em redes. O referido estudo foi realizado, portanto, no ambiente interno do campus
central do IFRN.
A análise não teve a preocupação de realizar um estudo minucioso sobre todos os
pontos fortes e fracos, mas de identificar possíveis oportunidades e ameaças que venham a se
refletir tanto no ambiente interno quanto externo do IFRN.


3.4 TRATAMENTO DOS DADOS


        Os dados coletados foram tratados mediante uma análise qualitativa, através de um
estudo exploratório sobre a visão dos gestores entrevistados com relação à problemática deste
estudo e as demais informações obtidas pelos pesquisadores através da construção do
referencial teórico para tal fim e do conhecimento adquirido pari passu em sala de aula.
4 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS


       De acordo com as informações coletadas através da entrevista realizadas com os
gestores do IFRN, da FUNCERN e do SINASEFE-RN, foram observados vários aspectos
relacionados a este ambiente de pesquisa, os quais serão descritos e analisados a seguir.
       Segundo o gestor do IFRN, a relação desta instituição com as demais analisadas neste
contexto, é de muitas parcerias e muito profissionalismo. A FUNCERN, por exemplo, tem
apoiado muitos projetos da instituição, inclusive em parcerias importantes com a Petrobras, a
Companhia Vale do Rio Doce e outras empresas interessadas, em benefício da instituição.
Segundo as palavras do gestor, o IFRN no momento encontra-se confortável em termos de
orçamento. Porém, já houve época em que a FUNCERN chegou a dá apoio substancial para a
manutenção da instituição, compra de equipamentos e de material de consumo. Hoje o apoio
dado pela FUNCERN se relaciona principalmente em termos de desenvolvimento de projetos
científicos e tecnológicos, através da movimentação de bolsas que atendem a diversos
programa do IFRN, no apoio da pesquisa, da extensão e da própria qualidade de ensino. Em
outras palavras, trata-se de uma relação muito significante para o desenvolvimento do IFRN.
       A respeito do SINASEFE-RN, existe uma relação muito tranquila entre ambas as
instituições. Segundo o gestor do IFRN, as duas instituições possuem seus objetivos voltados
pela melhoria das condições de funcionamento da instituição e também pelo melhoramento
das condições de ensino, pesquisa e extensão, além da qualidade de vida dos servidores. Seu
relacionamento com o SINASEFE-RN, segundo as suas palavras, trata-se de “uma relação de
luta, de muita cooperação e de respeito, de acordo com cada instância.” Dessa forma, o IFRN
mantém uma relação muito forte com o SINASEFE-RN.
       No que tange às relações integradas, entre o IFRN e a FUNCERN existem vários
projetos que podem ser observados com tal propósito. A FUNCERN gerencia alguns projetos
da instituição, como também, projetos de captação de recursos externos através das agências
de fomento, tais como: FINEPE, PETROBRAS, UNP e o próprio CNPQ. Neste sentido,
existe uma ação integrada para que esses projetos continuem beneficiando, principalmente os
alunos do IFRN, em todos os níveis de educação oferecidos pela instituição.
       Com o SINASEFE-RN também existem ações integradas em diversos pontos. O
SINASEFE-RN, por exemplo, participa de diversas reuniões com o instituto, muitas vezes
demandando pauta para discussões, relacionadas a diversas reivindicações na defesa dos
trabalhadores, sejam eles professores ou servidores administrativos e o instituto, por sua vez,
procura atender a essas reivindicações.
O gestor do IFRN, quando questionado sobre a existência de interdependência entre as
organizações aqui representadas, afirmou que na realidade, não existe tal interdependência.
Cada instituição possui autonomia e um foco de discussão próprio, pois, assim como o IFRN
é uma autarquia, a FUNCERN é uma instituição de direito privado e o SINASEFE-RN, por se
tratar de um órgão sindical, possui toda a autonomia necessária para suas ações. Segundo as
suas palavras, o que realmente existe são parcerias.
       Como objetivo comum, o gestor enfatiza o crescimento do IFRN e o maior
fortalecimento do ensino, da pesquisa e da extensão, onde todas as organizações envolvidas
neste contexto trabalham unidas em busca de um mesmo objetivo.
       Em relação a FUNCERN, o seu gestor afirma durante a entrevista que a única relação
institucional estatutária e legal existente é com o IFRN. Com as demais organizações
supracitadas, o que realmente existe é uma relação de ordem amistosa, de possíveis parcerias
no sentido de fortalecer o apoio da FUNCERN e das demais organizações, junto ao IFRN.
       Quanto ao seu relacionamento com o SINASEFE-RN, o gestor afirma não existir uma
relação de forma definida, e sim, eventual e esporádica. Quando o SINASEFE-RN deseja
desenvolver alguma ação, tendo como foco o IFRN e busca o apoio da FUNCERN, esta por
sua vez, encontra-se sempre solidária para desenvolver este tipo de parceria. No entanto,
nenhuma dessas ações podem ser consideradas como uma integração do tipo permanente.
       Se não existisse a Lei 8.958 que rege as fundações de apoio, dando autonomia
administrativa e financeira, segundo seus estatutos, existiria sim, uma interdependência com o
IFRN pois a existência da FUNCERN depende ou foi motivada pela existência do instituto,
uma vez que a fundação surgiu no sentido de apoiá-lo. No entanto, a sua existência diz
respeito a questão de servir ao instituto na missão de apoiá-lo permanentemente.
       Em se tratando de objetivos comuns, a FUNCERN e o SINASEFE-RN possuem tais
objetivos apenas com o IFRN, no sentido do crescimento da própria instituição.
       Finalmente, ao ser entrevistado o gestor do SINASEFE-RN, o mesmo fez a seguinte
colocação: como o sindicato se trata de uma instituição que representa a categoria dos
sindicalizados, que são os servidores do IFRN, a relação existente é uma relação de cobrança
no sentido de atendimento às reivindicações junto ao IFRN. Portanto, não existe
interdependência entre estas duas organizações.
       Com relação a FUNCERN, o gestor do SINASEFE-RN afirmou que se trata de uma
estrutura a parte, sem existir uma relação direta. O que realmente existe neste caso são
acompanhamentos das ações desenvolvidas pela fundação e, quando observado algo que não
se encontra de acordo com a visão do movimento sindical, o sindicato, por sua vez,
encaminha questionamentos de cobrança.
        Sobre ao IFRN, o SINASEFE-RN possui uma relação voltada principalmente para a
questão de cobrança de acompanhamento de reivindicações, as vezes incentivando as
atividades de caráter cultural, educativo e pedagógico. Enquanto o SINASEFE-RN representa
o lado dos empregados, o IFRN nesta relação, representa o papel do empregador. Para este
gestor, como existe uma permanente busca no sentido de reivindicação e resgatamento de
melhores condições de trabalho, além de condições salariais mais digna, par esta razão, não
existe interdependência entre estas duas organizações. Outro ponto importante que caracteriza
a independência dessas duas organizações diz respeito à natureza jurídica de cada uma.
Enquanto o IFRN possui o papel de prover uma educação pública, gratuita, laica e de boa
qualidade, além de condições de trabalho para os seus servidores, o SINASEFE-RN por sua
vez, encontra-se na posição de cobrar as atribuições anteriormente citadas em relação ao
IFRN.
        Entre o SINASEFE-RN e a FUNCERN também não existe uma relação de
interdependência. Estas organizações são independentes entre si, visto que a FUNCERN,
segundo seus estatutos, é uma fundação de apoio ao ensino e o sindicato visa atender as
necessidades de seus sindicalizados.
        Em se tratando de objetivos comuns, o SINASEFE-RN presume que exista, pois, além
das cobranças e reivindicações de seus sindicalizados, o sindicato atua também no campo da
cobrança do ensino de boa qualidade, que deve ser o mesmo objetivo pautado pelo IFRN, que
por sua vez, trata-se de uma instituição de ensino de prestígio indiscutível para toda a
sociedade, possuindo um histórico extremamente positivo de inserção da educação, não só no
Estado do Rio Grande do Norte, e sim, em todo o Brasil, já que se trata de uma rede federal de
ensino. Neste sentido, existe um encontro de objetivos entre estas duas organizações.
        Sobre a FUNCERN, a posição do SINASEFE-RN é de que não exista um objetivo
claramente comum entre estas duas organizações, visto que a FUNCERN, além de ser uma
entidade de direito privado, a sua função é apoiar as ações do IFRN e, por esta razão,
encontram-se em áreas de atuação completamente diferentes. Neste sentido, também
prevalece entre estas duas organizações uma relação de cobrança por parte do SINASEFE-
RN, no sentido de que a FUNCERN possa continuar provendo, através de seus projetos, a
realização de bons cursos e de bons convênios que possam fortalecer cada vez mais a
qualidade do ensino, das bases de pesquisas e de extensão do IFRN.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS


       Diante dos dados analisados, observa-se que a relação existente entre o IFRN, a
FUNCERN e o SINANASEFE-RN é apenas uma relação de parceria, visto quo objetivo
comum dessas entidades é contribuir para um ensino de melhor qualidade e condições dignas
de trabalho de seus servidores, além da própria satisfação de seus alunos. Entre o SINASEFE-
RN e o IFRN, existe além dessa relação de parceria, uma relação de cobrança, por parte do
sindicato, para que as reivindicações de seus sindicalizados sejam atendidas, procurando
sempre prover condições de trabalho e de salários mais dignos para os servidores em geral.
       Sobre a questão da existência de gestão integrada, observa-se que existe parcialmente,
pois, quando se trata de melhorar a qualidade do ensino, da pesquisa e extensão, todas as
organizações envolvidas, segundo as suas atribuições legais, procuram dar o seu apoio, a sua
contribuição. No entanto, o papel principal de cada uma dessas entidades são completamente
diferentes. Enquanto o IFRN busca prover as ações de ensino, pesquisa e extensão, a
FUNCERN procura apoiar as ações do IFRN e o SINASEFE-RN por sua vez, possui uma
relação de cobrança para que todas as ações referentes ao IFRN sejam realizadas, com
eficiência e boa qualidade.
       Todas as organizações estudadas neste contexto são independentes diante das suas
ações, existindo apenas a relação de apoio ou de cobrança, com já foi discutido anteriormente,
porém, com total liberdade nas suas ações, uma das características necessárias para a
existência de gestão em redes neste ambiente pesquisado.
       Finalmente, o único objetivo comum de todas as organizações estudadas diz respeito a
garantia da qualidade de ensino, de extensão e pesquisa por parte do IFRN, sendo que o
verdadeiro responsável sobre o provimento destas ações é o próprio IFRN e as demais
entidades existem no sentido de garantir a boa qualidade do ensino, além da satisfação de seus
servidores e alunos neste contexto. Ao analisar a classificação de gestão em redes apresentada
por Balestrim (2005), observa-se que existem apenas indícios de gestão em redes informais e
horizontais, uma vez que, estatutariamente não existe nenhuma ação desta natureza, de forma
explícita em suas relações. Portanto, este trabalho chega ao seu final, atendendo ao principal
objetivo inicialmente exposto em observar a prática de gestão de redes entre as organizações
supracitadas, no campus central do IFRN, esperando que o mesmo possa servir como fonte de
estudos e pesquisas para todos os pesquisadores, profissionais e acadêmicos interessados
sobre este tema.
REFERÊNCIAS



AMARAL, Vivianne. Desafios do trabalho em rede. Rede de Informações para o Terceiro
Setor, dez. 2002.


BALESTRIN, Alsones. A Dinâmica da Complementaridade de Conhecimentos no
Contexto das Redes Interorganizacionais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Tese de Doutorado, 2005.


BRITTO, Jorge. Cooperação Interindustrial e Redes de Empresas. In: KUPFER, David;
HASENCLEVER, Lia (orgs.). Economia Industrial: Fundamentos teóricos e práticos no
Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2004.


CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. vol. 1-A,
Sociedade em Rede. 5.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.


FERREIRA JÚNIOR, Israel. Redes de Pequenas Empresas: Aplicação de uma tipologia em
uma rede de supermercados. ENANPAD 2006, 30º Encontro da ANPAD, 23 a 27 de
setembro. Salvador, 2006.


FRANÇA FILHO, G. C. Definindo Gestão Social. In: SILVA JÚNIOR, J. T.; MASIH, R. T.;
CANÇADO, A. C.; SCHOMMER, P. C. (Orgs.). Gestão Social: práticas em debate, teorias
em construção. Fortaleza: Imprensa Universitária UFC, 2008, v. 1. 248 p.


JONES, C.; HESTERLY, W. S.; BORGATTI, S. P.A General Theory of Network
Governance: Exchange Conditions and Social Mechanisms. Academy of Management
Journal, 1997.


MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros, 1995.


OLIVIERI, Laura. A importância histórico-social das redes: redes de informações para o
terceiro setor, jan/2003.


SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodología de la investigación.
México: McGraw-Hill, 1991.


TENÓRIO, F. G. Um espectro ronda o terceiro setor, o espectro do mercado: ensaios
sobre a gestão social. 2.ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2004.
ANEXOS
PROJETO INTEGRADOR: ENTREVISTA SOBRE A PRÁTICA DE GESTÃO EM
                       REDES NO IFRN – CAMPUS CENTRAL.


Prezados Senhores, esta entrevista tem como principal objetivo, coletar informações dos
gestores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
(IFRN), do Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN), e da Fundação
de Apoio a Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte
(FUNCERN), para subsidiar a conclusão do Trabalho Acadêmico, objeto desse estudo. Sendo
parte integrante do Projeto Integrador dos alunos do 2º período do curso superior de
Tecnologia em Gestão Pública dessa Instituição de Ensino.


   1) Qual a relação existente entre a instituição que o(a) Senhor(a) representa e as
       organizações citadas?




   2) Quais as ações de gestão integrada que são realizadas entre a sua instituição e as
       demais organizações supracitadas?




   3) Qual a relação de interdependência entre a sua instituição e as demais organizações
       supracitadas?




   4) Quais os objetivos comuns entre a sua instituição e as demais organizações deste
       contexto?




Obs.: as entrevistas serão realizadas através de gravação de áudio aos gestores das
organizações envolvidas neste contexto.

Contenu connexe

Tendances

Impacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pemba
Impacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pembaImpacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pemba
Impacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pembaUniversidade Pedagogica
 
Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13
Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13
Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13Jornal do Commercio
 
Pesquisa CNT sobre as rodovias brasileiras
Pesquisa CNT sobre as rodovias brasileirasPesquisa CNT sobre as rodovias brasileiras
Pesquisa CNT sobre as rodovias brasileirasMaria Santos
 
Manual De Recepção e Acessibilidade TuríSticos
Manual De Recepção e Acessibilidade TuríSticosManual De Recepção e Acessibilidade TuríSticos
Manual De Recepção e Acessibilidade TuríSticosScott Rains
 
Nivel de execução orçamental das despesas públicas
Nivel de execução orçamental das despesas públicasNivel de execução orçamental das despesas públicas
Nivel de execução orçamental das despesas públicasUniversidade Pedagogica
 
Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...
Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...
Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...Universidade Pedagogica
 
Manual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integralManual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integralclaricewilcackpires
 
Curso mat financeira
Curso mat financeiraCurso mat financeira
Curso mat financeiranarlacristina
 
O papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - Monografia
O papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - MonografiaO papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - Monografia
O papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - MonografiaUniversidade Pedagogica
 
Uff metodos numericos
Uff metodos numericosUff metodos numericos
Uff metodos numericosWalter Junior
 
O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia
O papel de recursos humanos na funcao publica - MonografiaO papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia
O papel de recursos humanos na funcao publica - MonografiaUniversidade Pedagogica
 

Tendances (20)

Salvador - Estudos de engenharia e afins
Salvador  - Estudos de engenharia e afinsSalvador  - Estudos de engenharia e afins
Salvador - Estudos de engenharia e afins
 
Porto Alegre - Relatório Econômico Financeiro
Porto Alegre  - Relatório Econômico FinanceiroPorto Alegre  - Relatório Econômico Financeiro
Porto Alegre - Relatório Econômico Financeiro
 
Salvador - Estudos Ambientais
Salvador - Estudos AmbientaisSalvador - Estudos Ambientais
Salvador - Estudos Ambientais
 
Impacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pemba
Impacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pembaImpacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pemba
Impacto do fecalismo a céu aberto no bairro de paquitequete da cidade de pemba
 
Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13
Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13
Pesquisa rodovias 2013_low_31.10.13
 
Pesquisa CNT sobre as rodovias brasileiras
Pesquisa CNT sobre as rodovias brasileirasPesquisa CNT sobre as rodovias brasileiras
Pesquisa CNT sobre as rodovias brasileiras
 
Salvador - Relatório econômico financeiro
Salvador - Relatório econômico financeiroSalvador - Relatório econômico financeiro
Salvador - Relatório econômico financeiro
 
Manual De Recepção e Acessibilidade TuríSticos
Manual De Recepção e Acessibilidade TuríSticosManual De Recepção e Acessibilidade TuríSticos
Manual De Recepção e Acessibilidade TuríSticos
 
Fortaleza - Estudos ambientais
Fortaleza  - Estudos ambientaisFortaleza  - Estudos ambientais
Fortaleza - Estudos ambientais
 
Nivel de execução orçamental das despesas públicas
Nivel de execução orçamental das despesas públicasNivel de execução orçamental das despesas públicas
Nivel de execução orçamental das despesas públicas
 
Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...
Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...
Importância da responsabilidade social como factor estratégico de diferenciaç...
 
Manual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integralManual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integral
 
Fortaleza - Relatório econômico financeiro
Fortaleza  - Relatório econômico financeiroFortaleza  - Relatório econômico financeiro
Fortaleza - Relatório econômico financeiro
 
Fortaleza - Estudos de engenharia e afins
Fortaleza - Estudos de engenharia e afinsFortaleza - Estudos de engenharia e afins
Fortaleza - Estudos de engenharia e afins
 
Curso mat financeira
Curso mat financeiraCurso mat financeira
Curso mat financeira
 
O papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - Monografia
O papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - MonografiaO papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - Monografia
O papel da auditoria interna nas instituicoes publicas - Monografia
 
Florianópolis - Estudos de engenharia e afins
Florianópolis  - Estudos de engenharia e afinsFlorianópolis  - Estudos de engenharia e afins
Florianópolis - Estudos de engenharia e afins
 
Uff metodos numericos
Uff metodos numericosUff metodos numericos
Uff metodos numericos
 
Prodos 31 10
Prodos 31 10Prodos 31 10
Prodos 31 10
 
O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia
O papel de recursos humanos na funcao publica - MonografiaO papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia
O papel de recursos humanos na funcao publica - Monografia
 

Similaire à Análise da gestão em redes no IFRN

Apostila de sinalização rodoviaria
Apostila de sinalização rodoviariaApostila de sinalização rodoviaria
Apostila de sinalização rodoviariaFabio Ferreira
 
Modelo de avaliação da qualidade creche
Modelo de avaliação da qualidade   crecheModelo de avaliação da qualidade   creche
Modelo de avaliação da qualidade crechelaruzinha
 
Apostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocial
Apostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocialApostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocial
Apostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocialWillyane Ferreira Do Nascimento
 
Comandos _eletricos
Comandos   _eletricosComandos   _eletricos
Comandos _eletricosants3msn
 
FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...
FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...
FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...Alexandre Fernandes
 
Apostila de costura
Apostila de costuraApostila de costura
Apostila de costuraClaudia Luzz
 
Livro Ecofrota
Livro EcofrotaLivro Ecofrota
Livro Ecofrotatrans_smt
 
2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao
2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao
2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracaoWosley Arruda
 
Manual de auditoria do sih denasus
Manual de auditoria do sih denasusManual de auditoria do sih denasus
Manual de auditoria do sih denasusElisabete Teixeira
 
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_finalProduto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_finaleduardoengflorestal
 
Supervisorio scada
Supervisorio scadaSupervisorio scada
Supervisorio scadaRonnan Brito
 
Plano segurancasaude
Plano segurancasaudePlano segurancasaude
Plano segurancasaudeglauciaseg
 

Similaire à Análise da gestão em redes no IFRN (20)

Apostila de sinalização rodoviaria
Apostila de sinalização rodoviariaApostila de sinalização rodoviaria
Apostila de sinalização rodoviaria
 
Modelo de avaliação da qualidade creche
Modelo de avaliação da qualidade   crecheModelo de avaliação da qualidade   creche
Modelo de avaliação da qualidade creche
 
Indice Provisorio
Indice ProvisorioIndice Provisorio
Indice Provisorio
 
Apostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocial
Apostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocialApostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocial
Apostilacomplementar inss-2015-conformeedital-seguridadesocial
 
Comandos _eletricos
Comandos   _eletricosComandos   _eletricos
Comandos _eletricos
 
Pesquisa CNT de Rodovias 2012
Pesquisa CNT de Rodovias 2012Pesquisa CNT de Rodovias 2012
Pesquisa CNT de Rodovias 2012
 
FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...
FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...
FECHANDO O CICLO Os benefícios da economia circular para os países em desen...
 
317707833 manual
317707833 manual317707833 manual
317707833 manual
 
Boletim de servicos_3_quadrimestre_de_2012
Boletim de servicos_3_quadrimestre_de_2012Boletim de servicos_3_quadrimestre_de_2012
Boletim de servicos_3_quadrimestre_de_2012
 
Apostila de costura
Apostila de costuraApostila de costura
Apostila de costura
 
Apostila de costura
Apostila de costuraApostila de costura
Apostila de costura
 
CPA 20
CPA 20CPA 20
CPA 20
 
Livro Ecofrota
Livro EcofrotaLivro Ecofrota
Livro Ecofrota
 
2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao
2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao
2014 kira aplicacao_tecnicas_mineracao
 
Manual de auditoria do sih denasus
Manual de auditoria do sih denasusManual de auditoria do sih denasus
Manual de auditoria do sih denasus
 
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_finalProduto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
 
Lvfinal
LvfinalLvfinal
Lvfinal
 
Regimento escolar
Regimento escolarRegimento escolar
Regimento escolar
 
Supervisorio scada
Supervisorio scadaSupervisorio scada
Supervisorio scada
 
Plano segurancasaude
Plano segurancasaudePlano segurancasaude
Plano segurancasaude
 

Análise da gestão em redes no IFRN

  • 1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RN DIRETORIA EDUCACIONAL DE TECNOLOGIA DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO FERNANDO FERREIRA CARNEIRO FILHO FERNANDO L. D. VARELLA GILVAN FERREIRA DE SOUZA HENRIQUE EDUARDO DE OLIVEIRA JOÃO EUDES RODRIGUES DE LIMA ANÁLISE DA PRÁTICA DE GESTÃO EM REDES NO CAMPUS CENTRAL DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE – IFRN. NATAL/RN 2010
  • 2. FERNANDO FERREIRA CARNEIRO FILHO FERNANDO L. D. VARELLA GILVAN FERREIRA DE SOUZA HENRIQUE EDUARDO DE OLIVEIRA JOÃO EUDES RODRIGUES DE LIMA ANÁLISE DA PRÁTICA DE GESTÃO EM REDES NO CAMPUS CENTRAL DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE – IFRN. Trabalho apresentado ao Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do RN, como requisito parcial para a obtenção da aprovação nas disciplinas do segundo semestre, relacionadas aoProjeto Integrador. Orientador: Thiago José de Azevedo Loureiro Natal/RN 2010
  • 3. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 2 TURISMO: ORIGEM E PRINCIPAIS CONCEITOS ................................................... 15 2.1 AS PRIMEIRAS FORMAS DE TURISMO NO MUNDO .......................................... 16 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE TURISMO .................................. 17 2.3 O MERCADO TURÍSTICO versus SEGMENTAÇÃO TUÍSTICA ............................ 18 2.3.1 Principais características da oferta turística ................................................... 20 2.3.2 Principais características da demanda turística ............................................. 21 2.4 A PRÁTICA DO TURISMO PEDAGÓGICO............................................................ 22 2.5 A PRÁTICA DO TURISMO PEDAGÓGICO SEGUNDO AS AGÊNCIAS DE VIAGENS....................................................................................................................... 23 2.6 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE TURISMO................................... 25 29 3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................................ 29 3.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS........................................................................... 33 3.2 LOCALIZAÇÃO DAS AGÊNCIASPESQUISADAS ................................................. 33 3.3 TEMPO DE ATUAÇÃO NO MERCADO DAS AGÊNCIAS PESQUISADAS .......... 34 3.4 PRINCIPAL PÚBLICO-ALVO DAS AGÊNCIAS PESQUISADAS ........................... 35 3.5 SEGMENTOS TURÍSTICOS TRABALHADOS PELAS AGÊNCIAS ....................... 3.6 HÁ QUANTO TEMPO AS AGÊNCIAS TRABALHAM COM O TURISMO 36 PEDAGÓGICO .............................................................................................................. 3.7 FREQUÊNCIA EM QUE AS AGÊNCIAS REALIZAM ROTEIROS PEDAGÓGICOS 36 ............................................................................................................ 38 3.8 ANÁLISE DO PERÍODO MAIOR DE FLUXO DE VIAGEM ..................................... 3.9 ANÁLISE DO PRINCIPAL CLIENTE ATENDIDO ATRAVÉS DO TURISMO 38 PEDAGÓGICO .............................................................................................................. 3.10 ANÁLISE DOS ROTEIROS MAIS PROCURADOS PARA A PRÁTICA DO 39 TURSIMO PEDAGÓGICO ............................................................................................ 39 3.11 ANÁLISE DA ESCOLHA DOS ROTEIROS TURISTICOS .................................... 40 3.12 ANÃLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO TURISMO PEDAGÓGICO ......... 41 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 42 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 45 APÊNDICE ....................................................................................................................
  • 4. 1 INTRODUÇÃO As grandes metrópoles têm aumentado a sua densidade demográfica nas últimas décadas de uma forma acelerada, tanto horizontal como verticalmente e, diante disso, as suas necessidades de consumo e de infra estrutura se modificaram a ponto de as organizações sentirem a necessidade de investir em novas estratégias e tecnologias, independentemente do segmento de mercado em que atuam. Nesse contexto, a Gestão em Redes surge como uma estratégia para o alcance da excelência organizacional através do compartilhamento de informações e recursos estratégicos, redução dos custos operacionais, desenvolvimento de novas tecnologias, ganhos de produtividade, lucratividade e aumento da competitividade. No setor público, a Gestão em Redes serve como uma ferramenta relevante no que tange à acessibilidade de informações para cidadãos e gestores, à eficácia na elaboração de seus planejamentos estratégicos inter-setoriais e a uma maior qualidade nos serviços prestados para a população. No entanto, torna-se necessário, grosso modo, avaliar as políticas implantadas para tal fim, para que os objetivos supracitados sejam atendidos diante dos anseios de seus usuários e, ao mesmo tempo, identificar se essas práticas condizem com o verdadeiro sentido de Gestão em Redes discutido através do campo científico para tal fim. Observando-se a importância da Gestão em Redes dentro das organizações públicas e privadas, de acordo com a natureza do seu empreendimento e das exigências do seu público alvo, surge a necessidade de identificar no ambiente organizacional possíveis práticas ou necessidades que possam provar a sua relevância no contexto atual. Dessa forma, esta pesquisa busca identificar e analisar se as estratégias desenvolvidas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), o Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN) e a Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN) caracterizam a gestão em redes. Para a realização desta pesquisa acadêmica, o seu ambiente ficou caracterizado como: o campus central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN); o Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN); e a Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN). Neste ambiente, torna-se relevante conhecer dados históricos e informações pertinentes a cada instituição envolvida neste trabalho, descritos nos próximos parágrafos.
  • 5. A história do Campus Central do Instituto Federal do RN, situado no bairro de Tirol, se confunde com a própria história da Instituição. Suas origens remontam ao mês de março de 1967, quando a antiga Escola Industrial de Natal foi transferida do prédio histórico da Avenida Rio Branco, centro da capital, para as atuais instalações. Vale salientar que, de lá para cá, passados 40 anos, o prédio histórico da Avenida Rio Branco, que foi tomado da Instituição à época da Ditadura Militar e posteriormente cedido à UFRN, foi devolvido ao então CEFET-RN, através de um Contrato de Cessão de Uso, firmado em dezembro de 2007. Até 1994, quando foi inaugurada a primeira unidade de ensino descentralizada da instituição, o Campus Natal-Central constituía a única sede deste Instituto. Atualmente, estão vinculados a ele os Núcleos de Extensão de Nova Cruz e Parnamirim e o Centro Cultural e de Formação Profissional, localizado no centro de Natal. A sua estrutura física compreende uma área de 90.000 m², cujo prédio principal foi inaugurado em 1967. Em seu ambiente físico, são oferecidas as seguintes modalidades de ensino: Cursos Técnicos Integrados, Cursos Técnicos Subsequentes, Cursos de Graduação e Cursos de Pós-graduação. Em relação ao Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN1), a sua existência foi oriunda de algumas variáveis ou episódios acontecidos ao passar do tempo. A Federação Nacional das Associações de Servidores das Escolas Federais de 1º e 2º graus (FENASEFE) foi transformada no SINASEFE em 11 de novembro de 1988, no ENCONTRO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE SERVIDORES DAS ESCOLAS FEDERAIS DE 1° E 2° GRAUS, na Cidade de Salvador/BA, logo após a aprovação da constituição de 1988, que entre outras coisas, previu o direito à sindicalização para os Servidores Públicos. Dez anos depois, no ano de 1998, num Congresso Nacional do Sindicato, realizado na cidade de Manaus/AM, a Entidade passou a se chamar Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional, contemplando a todos os Trabalhadores e Trabalhadoras da Rede Federal de Ensino, lotados nas Instituições de 1º e 2º graus, ampliando a sua representação para além da área tecnológica. O SINASEFE está organizado em 67 Seções Sindicais e representa, hoje, cerca de 20.000 Trabalhadores Docentes e Técnico-Administrativos em Educação, num universo de 30 mil Trabalhadores e Trabalhadoras lotados nas Escolas Agrotécnicas, Escolas Técnicas, CEFETs, Institutos Federais, Colégio Pedro II/RJ, Colégios Militares e ex-territórios federais. 1 Disponível em: http://www.sinasefe.org.br/historia.htm Acesso em: 12 out. 2010.
  • 6. As Seções Sindicais que integram o SINASEFE têm regimento próprio, autonomia política, administrativa, econômica, financeira e patrimonial. Cada uma delas é constituída por, no mínimo, 20 Servidores e possui sua Direção, eleita, com mandato de dois anos. Sua área de representação se dá a partir de cada Instituição Federal da Educação Básica ou Profissional, mas poderá ter abrangência da sua base territorial estendida para mais de uma Unidade de Ensino caso não haja condições de determinada Unidade estabelecer e organizar a sua própria Seção Sindical. Além das Seções Sindicais, existem alguns Sindicatos Locais filiados ao SINASEFE, equiparados a estas Seções Sindicais, tanto quanto aos seus direitos como aos seus deveres. Essa mudança de estrutura e sindicalização, ocorrida a partir de 1998, possibilitou a ampliação do Sindicato Nacional e aglutinou em sua volta, muitos dos Servidores Federais da Educação que estavam órfãos de uma representação nacional. O SINASEFE é um Sindicato Nacional que tem na sua autonomia financeira uma das suas principais características, sendo os seus sindicalizados os únicos responsáveis pela existência e pela manutenção da Entidade. Estes sindicalizados organizam-se por meio das Seções Sindicais, que repassam à Direção Nacional do SINASEFE 20% do que é arrecadado em cada Instituição Federal de Ensino ligada à Base do SINASEFE, com contribuição/filiação voluntária. Além do movimento nacional, o SINASEFE tem filiação à CEA - Confederação dos Educadores Americanos e CONLUTAS - Coordenação Nacional de Lutas e para a CNESF - Coordenação Nacional de Entidades dos Servidores Federais. O seu principal objetivo é construir a unidade da Classe Trabalhadora, além de uma Sociedade Socialista, assim como prevê o seu estatuto, em busca de uma Educação Pública, Gratuita, Laica e de Qualidade socialmente referenciada em todos os níveis. A Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN)2 também possui a sua própria história. A FUNCERN, regida pela Lei 8.958/94, é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, sediada em Natal, no Rio Grande do Norte. É constituída por pessoas jurídicas, tendo sido fundada por oito instituidores em 19 de novembro de 1998, com o objetivo de apoiar as ações de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento institucional do IFRN, contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento educacional e tecnológico do RN. 2 Disponível em: http://www.funcern.br/portal/institucional.html Acesso em: 21 out. 2010.
  • 7. A FUNCERN presta apoio para atender a demandas resultantes do processo de implantação dos novos campi do IFRN no interior do Rio Grande do Norte (Caicó, Apodi, Macau, João Câmara, Pau dos Ferros, Santa Cruz e Ipanguaçu), além do auxílio dado às unidades anteriormente implantadas (Mossoró, Currais Novos, Zona Norte de Natal e Natal- Central). Além disso, a FUNCERN apoia financeiramente os diversos eventos promovidos pelo IFRN, por meio de suas diretorias e departamentos, e as ações de modernização dos laboratórios de análises químicas, sendo também responsável por incorporar ao patrimônio do Instituto, por meio de Termo de Doação, equipamentos de informática, bibliográficos e mobiliários, resultantes dos convênios de parceria, tudo à luz da legislação e normas pertinentes ao assunto. A Fundação tem, ainda, consolidado medidas de apoio às demandas relativas aos alunos carentes do IFRN, auxiliando no fornecimento mensal de vales- transportes, material esportivo e cultural, medicamentos, consultas médicas, bolsas de trabalho e refeições. Por fim, a FUNCERN é credenciada junto aos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência e Tecnologia (MCT), ao Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições Federais de Ensino Superior (CONFIES) e à Associação Brasileira de Instituições de Pesquisas Tecnológicas (ABIPTI), sendo reconhecida como entidade de utilidade pública em nível estadual e municipal. Diante do exposto, faz-se necessário discorrer a cerca dos principais conceitos, definições e classificações dos principais roteiros de estudo utilizados nesta pesquisa acadêmica, como argumento de autoridade sobre as análises dos dados coletados que serão discutidos a posteriori pelos pesquisadores. 1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.1.1 Objetivo Geral Identificar por meio de pesquisa bibliográfica e entrevistas com os gestores do IFRN, SINASEFE-RN e FUNCERN a existência da prática de Gestão em Redes. 1.1.2 Objetivos Específicos
  • 8. - Identificar, a partir da literatura organizacional, os principais conceitos e variáveis que caracterizam a prática da Gestão em Redes, no ambiente das organizações; - Analisar e compreender a relação existente entre o IFRN, SINASEFE-RN e FUNCERN - Observar os objetivos organizacionais de cada instituição, inserida no contexto desta pesquisa; - Identificar as variáveis que caracterizam a prática de Gestão em Redes entre Campus Central do IFRN, SINASEFE-RN e FUNCERN. 1.3 JUSTIFICATIVA Em um ambiente globalizado e competitivo, onde a cada dia surgem novas oportunidades e incertezas decorrentes do avanço tecnológico e das constantes mudanças de necessidades do mercado consumidor, a Gestão em Redes surge como uma alternativa eficaz para as organizações sobreviverem e desenvolver suas atividades diante da presença de grandes corporações nacionais e multinacionais, presentes neste contexto. Como a Gestão em Redes pode ser desenvolvida em organizações públicas e privadas, de acordo com a natureza de seus empreendimentos, surge então a necessidade de analisar a sua prática no ambiente organizacional do campus central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, uma vez que esta Instituição desenvolve atividades em conjunto com outras organizações. Esta pesquisa científica justifica-se pela relevante importância dentro do campo tecnológico e de ensino em que se encontra a organização pesquisada, cujo valores econômico-sócio-culturais poderão ser percebidos pari passu diante das observações realizadas e conclusões apresentadas no propósito de fomentar uma política de Gestão em Redes com mais eficácia dentro do campus pesquisado, entre os demais campi e a própria sociedade como um todo, permitindo, dessa forma, ao mesmo tempo atingir seus principais objetivos de educar e profissionalizar seus alunos de acordo com o interesse de cada unidade de ensino e, garantir oportunidades de trabalho e de qualidade de vida para os seus usuários, além de possibilitar a geração de amplos negócios por parte das empresas parceiras que investem nas habilidades e competências dos novos profissionais formados por este Instituto. Sua viabilidade pode ser conferida por se tratar de um ambiente de fácil acesso às informações necessárias e com um custo mínimo possível na obtenção dos dados, uma vez
  • 9. que 80% dos integrantes desta pesquisa fazem parte do seu ambiente organizacional como funcionários públicos, além da importância que o mesmo representa para os pesquisadores. Finalmente, do ponto de vista teórico, mais precisamente sobre a área de Gestão Pública, esta pesquisa torna-se relevante para os pesquisadores nela envolvidos, devido ao crescimento pessoal e profissional que este tipo de trabalho acadêmico lhes propõem, uma vez que as informações adquiridas e os resultados alcançados poderão complementar seus conhecimentos em relação a Gestão em Redes, praticadas nos ambientes públicos e privados.
  • 10. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Este estudo procura se concentrar na área de Administração Pública, diante da nova configuração de Estado delineado a partir das revoluções liberais oitocentistas pela separação de funções estatais, pela adoção de constituições escritas garantidoras dos direitos fundamentais e pela submissão balizada da própria administração pública ao direito, através do surgimento do chamado Estado de Direito. No entanto, não é função deste trabalho científico aprofundar-se no que tange aos atos da administração pública ou de alguma subárea relacionada a Administração de Empresas como um todo, visto que a sua principal área de concentração é a área de Gestão em Redes. No entanto, torna-se relevante discursar sobre alguns conceitos relacionados a Administração Pública, como também, sobre a Gestão em Redes. 2.1 ADMINISTRAÇÃO DO SETOR PÚBLICO A Administração Pública é basicamente constituída por atos jurídicos sob Regime de Direito Público ou Privado. Como Ato da administração, entende-se o gênero dos atos praticados pela administração, destacando-se destes os que pela sua essência e efeitos são regrados pelo direito público e aqueles que, mesmo sendo emanados da administração, não se revestem das características de atos regrados pelo direito público, tanto pela sua natureza como pelo fato da legislação assim o determinar. Dessa forma, os contratos existentes de Ordem Civil e Comercial, segundo Mello (1995, p. 348) pode ser definido da seguinte forma: Tradicionalmente entende-se por contrato a relação jurídica formada por um acordo de vontades, em que as partes obrigam-se reciprocamente a prestações concebidas como contrapostas e de tal sorte que nenhum dos contratantes pode unilateralmente alterar ou extinguir o que resulta da avença. Daí dizer-se que o contrato é uma forma de composição pacífica de interesse e que faz lei entre as partes. Diante das palavras do autor supracitado, observa-se que os contratos caracterizam- se pela bilateralidade e pelo acordo de vontades e, em sentido amplo, encontram-se incluídos entre os atos da administração. A partir deste contexto, pode-se afirmar que a expressão contratos da administração abrangente pode ser entendida como referindo-se àqueles contratos celebrados pelo poder público sob regime privado, mesmo celebrados sob regime de direito público. A Gestão Pública, segundo suas próprias características, pode ser denominada
  • 11. como Gestão Social, como será abordado no próximo capítulo e que pode ser observada neste estudo. 2.1.1 A Gestão Pública observada como Gestão Social No campo da Administração Pública, o termo gestão social pode ser observado diante da identificação de diferentes práticas sociais, oriundas de organizações governamentais e não governamentais, além de algumas iniciativas do setor privado, quando estas últimas pautam suas ações nas noções de cidadania corporativa e de responsabilidade social empresarial. Neste contexto, a gestão social pode ser conceituada como um processo gerencial que tem como principal característica ser decisório e deliberativo, visando suprir demandas de uma sociedade específica, no que tange à produção de bens e prestação de serviços. Seu contexto difere da gestão empresarial propriamente dita, já que esta última mantém o seu foco na competitividade, no lucro e na exclusão dos concorrentes, enquanto que a gestão social é baseada na solidariedade, na cooperação e na inclusão de outros agentes. (TENÓRIO, 2004). Na realidade, todas as formas de gestão podem ser consideradas como gestão social, porém no contexto aqui apresentado deve-se considerar dois níveis de análise da gestão social: a que a identifica como um problemática da sociedade; e a que a relaciona com uma forma particular de gestão, no nível organizacional propriamente dito. No primeiro nível, seu conceito poderá ser confundido com a própria ideia de gestão pública, mesmo que as demandas sociais sejam geridas pela sociedade como um todo, a partir de seus mecanismos de auto-organização. No segundo nível, a gestão social diz respeito a uma forma de gestão organizacional, diferente da Gestão privada que atua no mercado e da pública que atua nas instituições do Estado, visando diminuir a lógica instrumental e técnica, buscando uma visão mais social, política, cultural e ecológica diante da sua gestão. (FRANÇA FILHO, 2008). 2.2 GESTÁO INTEGRADA EM REDES A Gestão Integrada em Redes, ou simplesmente Gestão de Competências em Redes possui caráter estratégico, visto que em qualquer relação entre organizações se observará dois objetivos comuns principais: coordenação e salvaguarda. Estes objetivos surgem normalmente
  • 12. a partir das condições criadas pelo comprometimento inter organizacional das empresas envolvidas. Neste contexto, pode-se entender como salvaguarda, o conjunto das garantias que cada parte individualmente tem contra a ocorrência de possíveis comportamentos oportunistas de seus parceiros. A coordenação, por sua vez, diz respeito à organização, controle e à orientação das ações e comunicações entre os participantes da organização, tendo como principal finalidade a consecução de um determinado objetivo. (JONES; HESTERLY; BORGATTI, 1997). A base da formação das redes se observa diante da necessidade de compartilhar seus objetivos finais diante dos desafios encontrados no ambiente em que encontram-se inseridas as organizações. Desenvolver uma gestão em redes proporciona grandes desafios pessoais e profissionais, uma vez que a evolução no domínio das técnicas de comunicação, o manuseio habilidoso e criativo das ferramentas tecnológicas necessárias, a revolução cultural e a internalização dos fundamentos deixam de ser processos organizacionais individuais e passam a ser coletivos. (AMARAL, 2002). 2.2.1Redes: principais conceitos e classificação O termo rede é muito antigo, e vários estudos apontam a sua origem como vinda da prática dos tecelões e artesãos, surgindo dessa forma do latim retis, que tem como significado o entrelaçamento de fios de forma regular, dando origem a uma espécie de tecido. Ao passar do tempo, diante da sua estrutura regular e padronizada, a palavra rede passou a ser empregada em diferentes situações. Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que uma estrutura em rede significa que seus integrantes encontram-se interligados horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante pode ser considerado como uma malha de diversos fios que podem se espalhar em diversas direções sem que nenhum de seus nós possa ser identificado como principal ou representante dos demais. Em outas palavras, em um trabalho em rede não existem chefe e subordinados, e sim, uma equipe multiprofissional trabalhando com uma vontade coletiva de alcançar determinado objetivo. (CASTELLS, 2001). Outro conceito interessante pode ser encontrado em Olivieri (2003, p. 1) quando o mesmo conceitua que
  • 13. redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e participativa, em torno de causas afins. Estruturas flexíveis e estabelecidas horizontalmente, as dinâmicas de trabalho das redes supõem atuações colaborativas e se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, caracterizando-se como um significativo recurso organizacional para a estruturação social. Dessa forma, o conceito de rede, segundo esses autores, transformou-se nas últimas duas décadas em uma estrutura prática de organização, possibilitando processos que, grosso modo, são capazes de responder às demandas de flexibilidade, conectividade e descentralização das esferas de atuação e articulação social necessárias nos dias atuais. Jarillo (1988, apud FERREIRA JÚNIOR, 2006, p. 3) afirma que redes pode ser conceituado como “acordos de longo prazo, com propósitos claros, entre empresas distintas, mas relacionadas, que permitem àquelas empresas estabelecer ou sustentar uma vantagem competitiva frente às empresas presentes fora da rede. Em relação ao ambiente externo, as empresas procuram trabalhar de forma conjunta ou agrupadas, procurando dessa forma reduzir as possíveis ameaças deste ambiente, tais como incertezas e ameaças, buscando a sua sobrevivência no mercado em que as mesmas atuam, de forma mais competitiva. Como o termo rede é utilizado nos mais diversos segmentos de estudos possíveis, suas mais variadas tipologias chegam inclusive a provocarem ambiguidades sobre o entendimento do seu significado. Pensando nisso, Balestrin (2005) apresenta quatro classificações gerais de redes, como pode ser observado no quadro abaixo: CLASSIFICAÇÕES GERAIS DE REDES Trata-se de redes derivadas das relações estabelecidas Redes Formais por intermédio de instrumentos contratuais, sendo, portanto, fortemente formalizadas. São redes constituídas sem o estabelecimento contratual, em que a interdependência entre os Redes Informais participantes é estimulada por seus interesses comuns e a manutenção se dá pela confiança do grupo. São redes sustentadas por uma interdependência hierárquica entre os participantes, semelhante a uma relação entre matriz e filial, em que uma empresa Redes Verticais busca coordenar e controlar os esforços das demais empresas existentes, nos diversos elos da cadeia produtiva do grupo. Tratam-se de redes compostas por empresas independentes de um mesmo elo da cadeia de Redes Horizontais produção, atuando em conjunto sob a lógica da colaboração, sem a necessidade da coordenação de uma empresa líder. Quadro 01: Classificações Gerais de Redes. Fonte: Elaborado de Balestrin (2005).
  • 14. Finalizando este tópico, Britto (2004, p. 347) conceitua rede como Arranjos interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos – muitas vezes de caráter cooperativo – entre empresas formalmente independentes, que dão origem a uma forma particular de coordenação das atividades econôm icas. Dessa forma, pode-se afirmar que as redes de empresas consistem na união de empresas que antes atuavam isoladamente e percebem que ao constituírem uma rede podem complementar-se onde não conseguem atingir o sucesso desejado, sem o estabelecimento de laços financeiros, umas com as outras. O formato de redes permite que as organizações possam se beneficiar das vantagens da cooperação existente entre as mesmas, a partir da obtenção de recursos e espaços de negociação e de barganha que não poderiam ter atuando individualmente. 2.2.2 Redes de Cooperação ou Redes Horizontais Entre organizações que necessitam de alguma autonomia em suas tomadas de decisões, as redes de cooperação surgem como uma significante alternativa de sistemas organizacionais. Balestrin e Vargas (2004, p. 208) afirmam que as redes de cooperação são constituídas por empresas que guardam cada uma sua independência, mas que optam por coordenar certas atividades específicas de forma conjunta, com os seguintes objetivos: criação de novos mercados, suporte de custo e riscos em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, gestão de informação e de tecnologias, definição de marcas de qualidade, defesa de interesses, ações de marketing, entre outros. Esta alternativa, no entanto, torna-se mais vantajosa para pequenas empresas, por ficar mais fácil de alcançar seus principais objetivos estratégicos e garantir a sua presença no mercado em que atuam, de forma mais ativa e competitiva.
  • 15. 3 METODOLOGIA 3.1 FONTES UTILIZADAS Neste trabalho de pesquisa foram utilizadas fontes primárias na coleta de informações através de uma entrevista com os gestores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), do Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN), e da Fundação de Apoio a Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN), como também, fontes secundárias através do referencial teórico anteriormente explanado e demais informações adicionais sobre o ambiente da pesquisa e do tema estudado, considerados relevantes para a sua elaboração. 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA O público alvo deste estudo foi formado pelos gestores das instituições supracitadas no item anterior, ficando assim escolhido como universo físico responsável, no que tange a análise da prática de Gestão em Redes no ambiente de pesquisa. Como amostra, foram entrevistados os gestores das organizações envolvidas neste trabalho acadêmico, totalizando três instituições neste contexto. 3.3 TIPO DE PESQUISA Quanto à técnica, foi realizado um estudo de caso, entre três organizações que funcionam no campus central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN): O próprio IFRN, a Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE/Seção Natal). A escolha justifica-se por abranger o problema central da análise da prática de gestão em redes. O referido estudo foi realizado, portanto, no ambiente interno do campus central do IFRN.
  • 16. A análise não teve a preocupação de realizar um estudo minucioso sobre todos os pontos fortes e fracos, mas de identificar possíveis oportunidades e ameaças que venham a se refletir tanto no ambiente interno quanto externo do IFRN. 3.4 TRATAMENTO DOS DADOS Os dados coletados foram tratados mediante uma análise qualitativa, através de um estudo exploratório sobre a visão dos gestores entrevistados com relação à problemática deste estudo e as demais informações obtidas pelos pesquisadores através da construção do referencial teórico para tal fim e do conhecimento adquirido pari passu em sala de aula.
  • 17. 4 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS De acordo com as informações coletadas através da entrevista realizadas com os gestores do IFRN, da FUNCERN e do SINASEFE-RN, foram observados vários aspectos relacionados a este ambiente de pesquisa, os quais serão descritos e analisados a seguir. Segundo o gestor do IFRN, a relação desta instituição com as demais analisadas neste contexto, é de muitas parcerias e muito profissionalismo. A FUNCERN, por exemplo, tem apoiado muitos projetos da instituição, inclusive em parcerias importantes com a Petrobras, a Companhia Vale do Rio Doce e outras empresas interessadas, em benefício da instituição. Segundo as palavras do gestor, o IFRN no momento encontra-se confortável em termos de orçamento. Porém, já houve época em que a FUNCERN chegou a dá apoio substancial para a manutenção da instituição, compra de equipamentos e de material de consumo. Hoje o apoio dado pela FUNCERN se relaciona principalmente em termos de desenvolvimento de projetos científicos e tecnológicos, através da movimentação de bolsas que atendem a diversos programa do IFRN, no apoio da pesquisa, da extensão e da própria qualidade de ensino. Em outras palavras, trata-se de uma relação muito significante para o desenvolvimento do IFRN. A respeito do SINASEFE-RN, existe uma relação muito tranquila entre ambas as instituições. Segundo o gestor do IFRN, as duas instituições possuem seus objetivos voltados pela melhoria das condições de funcionamento da instituição e também pelo melhoramento das condições de ensino, pesquisa e extensão, além da qualidade de vida dos servidores. Seu relacionamento com o SINASEFE-RN, segundo as suas palavras, trata-se de “uma relação de luta, de muita cooperação e de respeito, de acordo com cada instância.” Dessa forma, o IFRN mantém uma relação muito forte com o SINASEFE-RN. No que tange às relações integradas, entre o IFRN e a FUNCERN existem vários projetos que podem ser observados com tal propósito. A FUNCERN gerencia alguns projetos da instituição, como também, projetos de captação de recursos externos através das agências de fomento, tais como: FINEPE, PETROBRAS, UNP e o próprio CNPQ. Neste sentido, existe uma ação integrada para que esses projetos continuem beneficiando, principalmente os alunos do IFRN, em todos os níveis de educação oferecidos pela instituição. Com o SINASEFE-RN também existem ações integradas em diversos pontos. O SINASEFE-RN, por exemplo, participa de diversas reuniões com o instituto, muitas vezes demandando pauta para discussões, relacionadas a diversas reivindicações na defesa dos trabalhadores, sejam eles professores ou servidores administrativos e o instituto, por sua vez, procura atender a essas reivindicações.
  • 18. O gestor do IFRN, quando questionado sobre a existência de interdependência entre as organizações aqui representadas, afirmou que na realidade, não existe tal interdependência. Cada instituição possui autonomia e um foco de discussão próprio, pois, assim como o IFRN é uma autarquia, a FUNCERN é uma instituição de direito privado e o SINASEFE-RN, por se tratar de um órgão sindical, possui toda a autonomia necessária para suas ações. Segundo as suas palavras, o que realmente existe são parcerias. Como objetivo comum, o gestor enfatiza o crescimento do IFRN e o maior fortalecimento do ensino, da pesquisa e da extensão, onde todas as organizações envolvidas neste contexto trabalham unidas em busca de um mesmo objetivo. Em relação a FUNCERN, o seu gestor afirma durante a entrevista que a única relação institucional estatutária e legal existente é com o IFRN. Com as demais organizações supracitadas, o que realmente existe é uma relação de ordem amistosa, de possíveis parcerias no sentido de fortalecer o apoio da FUNCERN e das demais organizações, junto ao IFRN. Quanto ao seu relacionamento com o SINASEFE-RN, o gestor afirma não existir uma relação de forma definida, e sim, eventual e esporádica. Quando o SINASEFE-RN deseja desenvolver alguma ação, tendo como foco o IFRN e busca o apoio da FUNCERN, esta por sua vez, encontra-se sempre solidária para desenvolver este tipo de parceria. No entanto, nenhuma dessas ações podem ser consideradas como uma integração do tipo permanente. Se não existisse a Lei 8.958 que rege as fundações de apoio, dando autonomia administrativa e financeira, segundo seus estatutos, existiria sim, uma interdependência com o IFRN pois a existência da FUNCERN depende ou foi motivada pela existência do instituto, uma vez que a fundação surgiu no sentido de apoiá-lo. No entanto, a sua existência diz respeito a questão de servir ao instituto na missão de apoiá-lo permanentemente. Em se tratando de objetivos comuns, a FUNCERN e o SINASEFE-RN possuem tais objetivos apenas com o IFRN, no sentido do crescimento da própria instituição. Finalmente, ao ser entrevistado o gestor do SINASEFE-RN, o mesmo fez a seguinte colocação: como o sindicato se trata de uma instituição que representa a categoria dos sindicalizados, que são os servidores do IFRN, a relação existente é uma relação de cobrança no sentido de atendimento às reivindicações junto ao IFRN. Portanto, não existe interdependência entre estas duas organizações. Com relação a FUNCERN, o gestor do SINASEFE-RN afirmou que se trata de uma estrutura a parte, sem existir uma relação direta. O que realmente existe neste caso são acompanhamentos das ações desenvolvidas pela fundação e, quando observado algo que não
  • 19. se encontra de acordo com a visão do movimento sindical, o sindicato, por sua vez, encaminha questionamentos de cobrança. Sobre ao IFRN, o SINASEFE-RN possui uma relação voltada principalmente para a questão de cobrança de acompanhamento de reivindicações, as vezes incentivando as atividades de caráter cultural, educativo e pedagógico. Enquanto o SINASEFE-RN representa o lado dos empregados, o IFRN nesta relação, representa o papel do empregador. Para este gestor, como existe uma permanente busca no sentido de reivindicação e resgatamento de melhores condições de trabalho, além de condições salariais mais digna, par esta razão, não existe interdependência entre estas duas organizações. Outro ponto importante que caracteriza a independência dessas duas organizações diz respeito à natureza jurídica de cada uma. Enquanto o IFRN possui o papel de prover uma educação pública, gratuita, laica e de boa qualidade, além de condições de trabalho para os seus servidores, o SINASEFE-RN por sua vez, encontra-se na posição de cobrar as atribuições anteriormente citadas em relação ao IFRN. Entre o SINASEFE-RN e a FUNCERN também não existe uma relação de interdependência. Estas organizações são independentes entre si, visto que a FUNCERN, segundo seus estatutos, é uma fundação de apoio ao ensino e o sindicato visa atender as necessidades de seus sindicalizados. Em se tratando de objetivos comuns, o SINASEFE-RN presume que exista, pois, além das cobranças e reivindicações de seus sindicalizados, o sindicato atua também no campo da cobrança do ensino de boa qualidade, que deve ser o mesmo objetivo pautado pelo IFRN, que por sua vez, trata-se de uma instituição de ensino de prestígio indiscutível para toda a sociedade, possuindo um histórico extremamente positivo de inserção da educação, não só no Estado do Rio Grande do Norte, e sim, em todo o Brasil, já que se trata de uma rede federal de ensino. Neste sentido, existe um encontro de objetivos entre estas duas organizações. Sobre a FUNCERN, a posição do SINASEFE-RN é de que não exista um objetivo claramente comum entre estas duas organizações, visto que a FUNCERN, além de ser uma entidade de direito privado, a sua função é apoiar as ações do IFRN e, por esta razão, encontram-se em áreas de atuação completamente diferentes. Neste sentido, também prevalece entre estas duas organizações uma relação de cobrança por parte do SINASEFE- RN, no sentido de que a FUNCERN possa continuar provendo, através de seus projetos, a realização de bons cursos e de bons convênios que possam fortalecer cada vez mais a qualidade do ensino, das bases de pesquisas e de extensão do IFRN.
  • 20. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos dados analisados, observa-se que a relação existente entre o IFRN, a FUNCERN e o SINANASEFE-RN é apenas uma relação de parceria, visto quo objetivo comum dessas entidades é contribuir para um ensino de melhor qualidade e condições dignas de trabalho de seus servidores, além da própria satisfação de seus alunos. Entre o SINASEFE- RN e o IFRN, existe além dessa relação de parceria, uma relação de cobrança, por parte do sindicato, para que as reivindicações de seus sindicalizados sejam atendidas, procurando sempre prover condições de trabalho e de salários mais dignos para os servidores em geral. Sobre a questão da existência de gestão integrada, observa-se que existe parcialmente, pois, quando se trata de melhorar a qualidade do ensino, da pesquisa e extensão, todas as organizações envolvidas, segundo as suas atribuições legais, procuram dar o seu apoio, a sua contribuição. No entanto, o papel principal de cada uma dessas entidades são completamente diferentes. Enquanto o IFRN busca prover as ações de ensino, pesquisa e extensão, a FUNCERN procura apoiar as ações do IFRN e o SINASEFE-RN por sua vez, possui uma relação de cobrança para que todas as ações referentes ao IFRN sejam realizadas, com eficiência e boa qualidade. Todas as organizações estudadas neste contexto são independentes diante das suas ações, existindo apenas a relação de apoio ou de cobrança, com já foi discutido anteriormente, porém, com total liberdade nas suas ações, uma das características necessárias para a existência de gestão em redes neste ambiente pesquisado. Finalmente, o único objetivo comum de todas as organizações estudadas diz respeito a garantia da qualidade de ensino, de extensão e pesquisa por parte do IFRN, sendo que o verdadeiro responsável sobre o provimento destas ações é o próprio IFRN e as demais entidades existem no sentido de garantir a boa qualidade do ensino, além da satisfação de seus servidores e alunos neste contexto. Ao analisar a classificação de gestão em redes apresentada por Balestrim (2005), observa-se que existem apenas indícios de gestão em redes informais e horizontais, uma vez que, estatutariamente não existe nenhuma ação desta natureza, de forma explícita em suas relações. Portanto, este trabalho chega ao seu final, atendendo ao principal objetivo inicialmente exposto em observar a prática de gestão de redes entre as organizações supracitadas, no campus central do IFRN, esperando que o mesmo possa servir como fonte de estudos e pesquisas para todos os pesquisadores, profissionais e acadêmicos interessados sobre este tema.
  • 21. REFERÊNCIAS AMARAL, Vivianne. Desafios do trabalho em rede. Rede de Informações para o Terceiro Setor, dez. 2002. BALESTRIN, Alsones. A Dinâmica da Complementaridade de Conhecimentos no Contexto das Redes Interorganizacionais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado, 2005. BRITTO, Jorge. Cooperação Interindustrial e Redes de Empresas. In: KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia (orgs.). Economia Industrial: Fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2004. CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. vol. 1-A, Sociedade em Rede. 5.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. FERREIRA JÚNIOR, Israel. Redes de Pequenas Empresas: Aplicação de uma tipologia em uma rede de supermercados. ENANPAD 2006, 30º Encontro da ANPAD, 23 a 27 de setembro. Salvador, 2006. FRANÇA FILHO, G. C. Definindo Gestão Social. In: SILVA JÚNIOR, J. T.; MASIH, R. T.; CANÇADO, A. C.; SCHOMMER, P. C. (Orgs.). Gestão Social: práticas em debate, teorias em construção. Fortaleza: Imprensa Universitária UFC, 2008, v. 1. 248 p. JONES, C.; HESTERLY, W. S.; BORGATTI, S. P.A General Theory of Network Governance: Exchange Conditions and Social Mechanisms. Academy of Management Journal, 1997. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 1995. OLIVIERI, Laura. A importância histórico-social das redes: redes de informações para o terceiro setor, jan/2003. SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodología de la investigación. México: McGraw-Hill, 1991. TENÓRIO, F. G. Um espectro ronda o terceiro setor, o espectro do mercado: ensaios sobre a gestão social. 2.ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2004.
  • 23. PROJETO INTEGRADOR: ENTREVISTA SOBRE A PRÁTICA DE GESTÃO EM REDES NO IFRN – CAMPUS CENTRAL. Prezados Senhores, esta entrevista tem como principal objetivo, coletar informações dos gestores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), do Sindicato dos Servidores Federais de Educação (SINASEFE-RN), e da Fundação de Apoio a Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN), para subsidiar a conclusão do Trabalho Acadêmico, objeto desse estudo. Sendo parte integrante do Projeto Integrador dos alunos do 2º período do curso superior de Tecnologia em Gestão Pública dessa Instituição de Ensino. 1) Qual a relação existente entre a instituição que o(a) Senhor(a) representa e as organizações citadas? 2) Quais as ações de gestão integrada que são realizadas entre a sua instituição e as demais organizações supracitadas? 3) Qual a relação de interdependência entre a sua instituição e as demais organizações supracitadas? 4) Quais os objetivos comuns entre a sua instituição e as demais organizações deste contexto? Obs.: as entrevistas serão realizadas através de gravação de áudio aos gestores das organizações envolvidas neste contexto.