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AULA DE LITERATURA
LIÇÃO 1
A IDADE MÉDIA
TROVADORISMO
MEDIEVALISMO
Lamia, John William Waterhouse, 1901
DEFINIÇÃO:
Medievalismo
Medievalismo é o sistema de crenças e
práticas características da Idade Média, ou
a devoção a elementos desse período, que
foi expressa em áreas como arquitetura,
literatura, música, arte, filosofia,
estudos acadêmicos e vários veículos
de cultura popular.
PERÍODO:
Abrange todas as obras produzidas no
período entre a queda do Império de Roma
e o Renascimento ocorrido no fim do
século XV.
EM PORTUGAL:
Corresponde ao período que vai de
1189/1198 A 1418/1434.
'La Belle Dame sans Merci ',
c.1893. John William Waterhouse
Trovadorismo – 1198/1418
Corresponde ao período da IDADE
MÉDIA e à 1ª fase da história de
Portugal. Está intimamente ligado à
formação do país como reino
independente e à origem da Língua
Portuguesa.
O conjunto de suas manifestações
literárias reúne os poemas feitos por
compositores nobres ou plebeus
para serem cantados em feiras,
festas e castelos nos últimos séculos
da Idade Média.
Trovadorismo ARTISTAS MEDIEVAIS:
Podem ser compreendidos em três
categorias, de acordo com suas origens e
classe:
- TROVADOR: nobre, letrado, escrevia
e cantava suas composições como
um hobbie.
- JOGRAL ou MENESTREL: plebeu,
não letrado, compunha oralmente
suas cantigas, sobrevivia dessa arte.
- SEGREL: plebeu, não letrado, divertia
a corte reproduzindo composições
alheias.
Estas cantigas foram reunidas mais tarde
e copiladas em livros conhecidos como
Cancioneiros.
Temos conhecimento de apenas três
Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da
Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e
“Cancioneiro da Vaticana”.
Origem
O Trovadorismo surgiu com o primeiro texto escrito em
português, a “Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga da
Garvaia”, atribuída a Paio Soares
De Taveirós no ano de 1189/1198.
Essa fase se estende até o início do HUMANISMO em
1418/1434.
Poesia trovadoresca: pode ser dividida em dois
gêneros: lírico e satírico.
O gênero lírico se subdivide em duas categorias
Cantigas de amigo e Cantigas de amor; e o satírico é
caracterizado pelas Cantigas de escárnio e Cantigas
de maldizer.
Os trovadores de maior destaque na lírica galego-
portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares
de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e
Meendinho.
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
mentre me for’ como me vai,
ca já moiro por vós – e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di’, ai!
me foi a mi muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
d’aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d’ua correa.
(Paio Soares de Taveirós)
VOCABULÁRIO
retraia: retrate
saia: roupa íntima
guarvaia: roupa luxuosa
parelha: semelhante
Cantiga da Ribeirinha
No mundo ninguém se assemelha a
mim
enquanto a minha vida continuar
como vai
porque morro por vós, e ai
minha senhora de pele alva e faces
rosadas,
quereis que vos descreva
quando vos eu vi sem manto
Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia (ou seja, a viu
mais bela)
E, minha senhora, desde aquele dia,
ai
tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece
de Ter eu por vós guarvaia
pois eu, minha senhora, como mimo
de vós nunca recebi
algo, mesmo que sem valor
Cantigas de
Amor
1 – EU MASCULINO: O trovador
assume um eu lírico masculino;
2 – IDEALIZAÇÃO DA MULHER:
Se dirige à mulher amada como
uma figura idealizada e distante,
trata-a por Senhora, Dona, santa,
anjo, etc;
3 – VASSALAGEM AMOROSA:
Ele se coloca na posição de fiel
vassalo, a serviço de sua
senhora - a dama da corte;
4 – IDEALIZAÇÃO DO AMOR:
Faz desse amor um objeto de
sonho, distante e impossível.
5 – COITA D’AMOR: O amor
impossível causa sofrimento
profundo, que só encontra alívio
na religiosidade ou na morte.
6- AMOR CORTÊS:
Amor ambientado na corte.
Nota geral:
Dirigindo-se a Deus, o trovador pede-lhe que
lhe permita ver a sua senhora ou então que
lhe dê a morte. Na última estrofe, o pedido
inclui a possibilidade de esse encontro ser
num lugar onde lhe possa falar.
A dona que eu am’e tenho por senhor
amostráde-mi-a Deus, se vos en prazer
for,se non, dáde-mi a morte.
A que tenh’eu por lume destes olhos meus
e por que choran sempr’, amostráde-mi-a,
Deus,se non, dáde-mi a morte.
Essa que vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, ai Deus!, fazéde-mi-a veer,
se non, dáde-mi a morte.
Ai Deus, que mi-a fezestes mais ca min
amar,mostráde-mi-a u possa con ela falar,
se non, dáde-mi a morte.
BERNALDO DE BONAVAL
Cantigas de
Amigo
1 – EU FEMININO:
O eu lírico da cantiga é feminino, uma
mulher que reclama da ausência do
namorado.
2 – PASTORELAS: origem popular,
ambientado no campo.
3 – MUSICALIDADE:
A cantiga é cheia de repetições,
reiterações, paralelismo, refrão e
estribilho. Recursos que facilitam a
memorização e execução das cantigas.
4- QUEIXA AMOROSA:
A camponesa se reclama do abandono
amoroso.
5 – AMOR REALIZADO:
O amor foi realizado e logo após a
camponesa foi abandonada pelo
‘amigo’.
6 – DIÁLOGOS COM A NATUREZA:
A camponesa conversa com a natureza
ou com o mar e faz perguntas sobre a
ausência e a não informação do amado.
“Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs
comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há
jurado!
ai Deus, e u é?"
(…)
D. Dinis
Cantigas de Amigo
Cantigas Satíricas
CANTIGA DE ESCÁRNIO: são
composições em que se critica
alguém através da zombaria do
sarcasmo e do duplo sentido com
instituições e classes, e não
pessoas.
Trazem sátiras indiretas para
encobrir a agressividade através do
equívoco e da ambiguidade.
CANTIGAS DE MALDIZER:
apresentam sátira direta, pessoal,
contundente e clara. Muitas vezes,
há trechos de baixo calão e a pessoa
alvo da cantiga tem o nome citado.
Rei queimado morreu con amor
Em seus cantares, por Santa Maria
por una dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lh'ela non quis [o] benfazer
fez-s'el en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Tradução:
Rei queimado morreu com amor.
Em seus cantares, por Santa Maria
por uma senhora a quen amava
e por aparecer um melhor trovador,
porque lhe ela não lhe quis bem-
fazer
fez-se ele em seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao terceiro dia!
...
Pero Garcia Burgalês
Dirigida indiretamente ao trovador Rui
Queimado, esta composição é uma das
mais célebres paródias ao cliché da
morte de amor, tão repetidamente jurada
nas cantigas de amor de todos os
trovadores galego-portugueses (Pero
Garcia Burgalês não sendo, aliás,
exceção). A sátira que aqui desenvolve
talvez tivesse sido propiciada por uma
particular cantiga de Rui Queimado, na
qual este trovador, por amor da sua
senhor, lhe diz que se arrepende da sua
anterior decisão de querer morrer,
cantiga esta que tem, aliás, também ela,
um tom semi-jocoso. Note-se, entretanto,
que esta paródia de Pero Garcia
Burgalês visa, ao mesmo tempo, e mais
especificamente, os dotes poéticos de
Rui Queimado, cujo problema, para Pero
Garcia, seria querer "meter-se" a fazer
aquilo que não sabe.
CANTIGA DE ESCÁRNIO MEDIEVAL
"Dom Bernaldo, pois trazeis
convosco uma tal mulher,
a pior que conheceis
que se o alguazil souber,
açoitá-la quererá.
A prostituta queixar-se-á
e vós, assanhar-vos-ei
Vós que tão bem entendeis
o que um bom jogral entende,
por que demônio viveis
com uma mulher que se vende ?
E depois, o que fareis
se alguém a El-rei contar
a mulher com quem viveis
e ele a quiser justiçar?
Se nem Deus lhe valerá,
muito vos molestará,
pois valer-lhe não podeis"
(Pero da Ponte)
Nesta cantiga, o trovador satiriza a
mulher que é trazida por “Dom
Bernaldo”, usando palavras
grosseiras como “prostituta” para
difamá-la. Ele não cita o nome da
pessoa, mas a crítica feita a ela, se
dá de forma explícita, pois ele a
ofende claramente. A apreciação
desfavorável se refere a
comportamentos sexuais, e hábitos
feios e imorais
Da mulher em questão. Diferente da
cantiga de escárnio, aqui não há
dupla interpretação, pois o autor é
objetivo e direto.
CANTIGA DE MALDIZER MEDIEVAL
- O Rei Arthur e os cavaleiros
da Távola Redonda
-Amadis de Gaula
- A Demanda do santo Graal
- Tristão e Isolda
1. (Mackenzie - SP) Sobre a poesia trovadoresca em
Portugal, é incorreto afirmar que:
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo
teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.
b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a
ser representada por setores mais baixos da sociedade.
c) pode ser dividida em lírica e satírica.
d) em boa parte de sua realização, teve influência
provençal.
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores,
expressam o eu-lírico feminino.
TROVADORISMO NO VESTIBULAR
3. (UEL - PR) Sobre a cultura medieval ocidental,
considere as seguintes afirmativas:
I - A maioria dos "não-romanos" desconhecia a escrita e
utilizava-se da oralidade para orientar a vida social.
II - No campo da Filosofia, verificou-se a influência do
pensamento escolástico, que retomou o debate entre fé e
razão.
III - A arquitetura medieval caracterizou-se pela presença
de grandes construções inspiradas em motivos religiosos,
como mosteiros e igrejas.
IV - O heroísmo da cavalaria e o amor, temas
característicos da poesia trovadoresca, tornaram-se
comuns na literatura medieval.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas III e IV são verdadeiras.
b) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
(Mackenzie – SP)
2. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo
em Portugal.
a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia
e a música.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou
coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento
entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e
extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do
ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas
cantigas de amor galego-portuguesas
(Mackenzie - 2005)
4. Assinale a afirmativa correta com relação ao
Trovadorismo.
Texto I
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Texto II
1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa
ser dita ao
2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a
admirável forma lírica da
3. canção paralelística (...).
4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos
cancioneiros.
5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas
cantigas, que fiquei
6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e
“nula ren”;
7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com
romarias a San Servando.
8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma
cantiga.
Manuel Bandeira
a) Um dos temas mais explorados por esse
estilo de época é a exaltação do amor
sensual entre nobres e mulheres
camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século
XV e refletiu a transição da cultura
teocêntrica para a cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve
durante toda a Idade Média, foi recuperado
pelos poetas da Renascença, época em que
alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram
não apenas a função de produzir efeito
musical, como também a função de facilitar a
memorização, já que as composições eram
transmitidas oralmente.
e) Tanto no plano temático como no plano
expressivo, esse estilo de época absorveu a
influência dos padrões estéticos greco-
romanos

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Trovadorismo

  • 1. AULA DE LITERATURA LIÇÃO 1 A IDADE MÉDIA TROVADORISMO MEDIEVALISMO Lamia, John William Waterhouse, 1901
  • 2. DEFINIÇÃO: Medievalismo Medievalismo é o sistema de crenças e práticas características da Idade Média, ou a devoção a elementos desse período, que foi expressa em áreas como arquitetura, literatura, música, arte, filosofia, estudos acadêmicos e vários veículos de cultura popular. PERÍODO: Abrange todas as obras produzidas no período entre a queda do Império de Roma e o Renascimento ocorrido no fim do século XV. EM PORTUGAL: Corresponde ao período que vai de 1189/1198 A 1418/1434. 'La Belle Dame sans Merci ', c.1893. John William Waterhouse
  • 3. Trovadorismo – 1198/1418 Corresponde ao período da IDADE MÉDIA e à 1ª fase da história de Portugal. Está intimamente ligado à formação do país como reino independente e à origem da Língua Portuguesa. O conjunto de suas manifestações literárias reúne os poemas feitos por compositores nobres ou plebeus para serem cantados em feiras, festas e castelos nos últimos séculos da Idade Média.
  • 4. Trovadorismo ARTISTAS MEDIEVAIS: Podem ser compreendidos em três categorias, de acordo com suas origens e classe: - TROVADOR: nobre, letrado, escrevia e cantava suas composições como um hobbie. - JOGRAL ou MENESTREL: plebeu, não letrado, compunha oralmente suas cantigas, sobrevivia dessa arte. - SEGREL: plebeu, não letrado, divertia a corte reproduzindo composições alheias. Estas cantigas foram reunidas mais tarde e copiladas em livros conhecidos como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.
  • 5. Origem O Trovadorismo surgiu com o primeiro texto escrito em português, a “Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga da Garvaia”, atribuída a Paio Soares De Taveirós no ano de 1189/1198. Essa fase se estende até o início do HUMANISMO em 1418/1434. Poesia trovadoresca: pode ser dividida em dois gêneros: lírico e satírico. O gênero lírico se subdivide em duas categorias Cantigas de amigo e Cantigas de amor; e o satírico é caracterizado pelas Cantigas de escárnio e Cantigas de maldizer. Os trovadores de maior destaque na lírica galego- portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.
  • 6. Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei parelha, mentre me for’ como me vai, ca já moiro por vós – e ai! mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi en saia! Mau dia me levantei, que vos enton non vi fea! E, mia senhor, des aquel di’, ai! me foi a mi muin mal, e vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha d’aver eu por vós guarvaia, pois eu, mia senhor, d’alfaia nunca de vós ouve nem ei valia d’ua correa. (Paio Soares de Taveirós) VOCABULÁRIO retraia: retrate saia: roupa íntima guarvaia: roupa luxuosa parelha: semelhante Cantiga da Ribeirinha No mundo ninguém se assemelha a mim enquanto a minha vida continuar como vai porque morro por vós, e ai minha senhora de pele alva e faces rosadas, quereis que vos descreva quando vos eu vi sem manto Maldito dia! me levantei que não vos vi feia (ou seja, a viu mais bela) E, minha senhora, desde aquele dia, ai tudo me foi muito mal e vós, filha de don Pai Moniz, e bem vos parece de Ter eu por vós guarvaia pois eu, minha senhora, como mimo de vós nunca recebi algo, mesmo que sem valor
  • 7. Cantigas de Amor 1 – EU MASCULINO: O trovador assume um eu lírico masculino; 2 – IDEALIZAÇÃO DA MULHER: Se dirige à mulher amada como uma figura idealizada e distante, trata-a por Senhora, Dona, santa, anjo, etc; 3 – VASSALAGEM AMOROSA: Ele se coloca na posição de fiel vassalo, a serviço de sua senhora - a dama da corte; 4 – IDEALIZAÇÃO DO AMOR: Faz desse amor um objeto de sonho, distante e impossível. 5 – COITA D’AMOR: O amor impossível causa sofrimento profundo, que só encontra alívio na religiosidade ou na morte. 6- AMOR CORTÊS: Amor ambientado na corte.
  • 8. Nota geral: Dirigindo-se a Deus, o trovador pede-lhe que lhe permita ver a sua senhora ou então que lhe dê a morte. Na última estrofe, o pedido inclui a possibilidade de esse encontro ser num lugar onde lhe possa falar. A dona que eu am’e tenho por senhor amostráde-mi-a Deus, se vos en prazer for,se non, dáde-mi a morte. A que tenh’eu por lume destes olhos meus e por que choran sempr’, amostráde-mi-a, Deus,se non, dáde-mi a morte. Essa que vós fezestes melhor parecer de quantas sei, ai Deus!, fazéde-mi-a veer, se non, dáde-mi a morte. Ai Deus, que mi-a fezestes mais ca min amar,mostráde-mi-a u possa con ela falar, se non, dáde-mi a morte. BERNALDO DE BONAVAL
  • 9. Cantigas de Amigo 1 – EU FEMININO: O eu lírico da cantiga é feminino, uma mulher que reclama da ausência do namorado. 2 – PASTORELAS: origem popular, ambientado no campo. 3 – MUSICALIDADE: A cantiga é cheia de repetições, reiterações, paralelismo, refrão e estribilho. Recursos que facilitam a memorização e execução das cantigas. 4- QUEIXA AMOROSA: A camponesa se reclama do abandono amoroso. 5 – AMOR REALIZADO: O amor foi realizado e logo após a camponesa foi abandonada pelo ‘amigo’. 6 – DIÁLOGOS COM A NATUREZA: A camponesa conversa com a natureza ou com o mar e faz perguntas sobre a ausência e a não informação do amado.
  • 10. “Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é?" (…) D. Dinis Cantigas de Amigo
  • 11. Cantigas Satíricas CANTIGA DE ESCÁRNIO: são composições em que se critica alguém através da zombaria do sarcasmo e do duplo sentido com instituições e classes, e não pessoas. Trazem sátiras indiretas para encobrir a agressividade através do equívoco e da ambiguidade. CANTIGAS DE MALDIZER: apresentam sátira direta, pessoal, contundente e clara. Muitas vezes, há trechos de baixo calão e a pessoa alvo da cantiga tem o nome citado.
  • 12. Rei queimado morreu con amor Em seus cantares, por Santa Maria por una dona que gran bem queria e por se meter por mais trovador porque lh'ela non quis [o] benfazer fez-s'el en seus cantares morrer mas ressurgiu depois ao tercer dia!... Tradução: Rei queimado morreu com amor. Em seus cantares, por Santa Maria por uma senhora a quen amava e por aparecer um melhor trovador, porque lhe ela não lhe quis bem- fazer fez-se ele em seus cantares morrer mas ressurgiu depois ao terceiro dia! ... Pero Garcia Burgalês Dirigida indiretamente ao trovador Rui Queimado, esta composição é uma das mais célebres paródias ao cliché da morte de amor, tão repetidamente jurada nas cantigas de amor de todos os trovadores galego-portugueses (Pero Garcia Burgalês não sendo, aliás, exceção). A sátira que aqui desenvolve talvez tivesse sido propiciada por uma particular cantiga de Rui Queimado, na qual este trovador, por amor da sua senhor, lhe diz que se arrepende da sua anterior decisão de querer morrer, cantiga esta que tem, aliás, também ela, um tom semi-jocoso. Note-se, entretanto, que esta paródia de Pero Garcia Burgalês visa, ao mesmo tempo, e mais especificamente, os dotes poéticos de Rui Queimado, cujo problema, para Pero Garcia, seria querer "meter-se" a fazer aquilo que não sabe. CANTIGA DE ESCÁRNIO MEDIEVAL
  • 13. "Dom Bernaldo, pois trazeis convosco uma tal mulher, a pior que conheceis que se o alguazil souber, açoitá-la quererá. A prostituta queixar-se-á e vós, assanhar-vos-ei Vós que tão bem entendeis o que um bom jogral entende, por que demônio viveis com uma mulher que se vende ? E depois, o que fareis se alguém a El-rei contar a mulher com quem viveis e ele a quiser justiçar? Se nem Deus lhe valerá, muito vos molestará, pois valer-lhe não podeis" (Pero da Ponte) Nesta cantiga, o trovador satiriza a mulher que é trazida por “Dom Bernaldo”, usando palavras grosseiras como “prostituta” para difamá-la. Ele não cita o nome da pessoa, mas a crítica feita a ela, se dá de forma explícita, pois ele a ofende claramente. A apreciação desfavorável se refere a comportamentos sexuais, e hábitos feios e imorais Da mulher em questão. Diferente da cantiga de escárnio, aqui não há dupla interpretação, pois o autor é objetivo e direto. CANTIGA DE MALDIZER MEDIEVAL
  • 14.
  • 15. - O Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda -Amadis de Gaula - A Demanda do santo Graal - Tristão e Isolda
  • 16. 1. (Mackenzie - SP) Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto afirmar que: a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas. b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade. c) pode ser dividida em lírica e satírica. d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal. e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o eu-lírico feminino. TROVADORISMO NO VESTIBULAR 3. (UEL - PR) Sobre a cultura medieval ocidental, considere as seguintes afirmativas: I - A maioria dos "não-romanos" desconhecia a escrita e utilizava-se da oralidade para orientar a vida social. II - No campo da Filosofia, verificou-se a influência do pensamento escolástico, que retomou o debate entre fé e razão. III - A arquitetura medieval caracterizou-se pela presença de grandes construções inspiradas em motivos religiosos, como mosteiros e igrejas. IV - O heroísmo da cavalaria e o amor, temas característicos da poesia trovadoresca, tornaram-se comuns na literatura medieval. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas III e IV são verdadeiras. b) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. c) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras. d) Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. (Mackenzie – SP) 2. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal. a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música. b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros. c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão. d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino. e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas
  • 17. (Mackenzie - 2005) 4. Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo. Texto I Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo! Martim Codax Texto II 1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao 2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da 3. canção paralelística (...). 4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros. 5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei 6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”; 7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando. 8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga. Manuel Bandeira a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas. b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura antropocêntrica. c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis. d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente. e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões estéticos greco- romanos

Notas do Editor

  1. A IDADE MÉDIA
  2. EM PORTUGAL: 1189/1198 A 1418/1434
  3. Pero Garcia Burgalês
  4. TROVADORISMO NO VESTIBULAR