3. O amor na arte O amor é um elemento tão determinante da vida humana que foi e continua a ser tema de inúmeras obras de arte e produções culturais. A humanidade sente necessidade de exprimir esta dimensão através da beleza e da sabedoria que essas produções transmitem. Tanto na poesia e na literatura, em geral, como na pintura, escultura, arquitectura ou música, o amor é tema recorrente. Os amantes, por Pablo Picasso
4. Pablo Picasso nasceu em Málaga, na Espanha, a 25 de Outubro de 1881 e faleceu em Mougins a 8 de Abril de 1973. Foi pintor, escultor e ceramista. Também conhecido como co-fundador do Cubismo, é considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo.
5. O amor na arte DOC 2 A minha história A minha história é simples A tua, meu Amor, É bem mais simples ainda: «Era uma vez uma flor. Nasceu à beira de um Poeta…» Vês como é simples e linda? (O resto conto depois; Mas tão a sós, tão de manso, Que só escutemos os dois.) Sebastião da Gama, Cabo da Boa Esperança Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu em Vila Nogueira de Azeitão, a 10 de Abril de 1924 e faleceu em Lisboa, a 7 de Fevereiro de 1952. Foi poeta e pedagogo. Da sua experiência de professor, deixou escrito: «O que eu quero principalmente é que [os alunos] vivam felizes. Tens muito que fazer? Não. Tenho muito que amar.» Das colectâneas de poesia que nos deixou salientam-se: Serra-mãe, Pelo sonho é que vamos e O segredo é amar. Mas o seu livro mais conhecido é o Diário. Nesta obra magnífica, onde narrou a sua vida de professor estagiário de Português, deixa lições geniais.
6. O amor na arte O Beijo, 1907-1908 [GustavKlimt, 1862-1918] GustavKlimt, nasceu em Baumgarten, na Áustria, a 14 de Julho de 1862 e morreu em Viena a 6 de Fevereiro de 1918. Foi um dos maiores expoentes do movimento simbolista austríaco.
8. TajMahal é o nome do monumento construído entre 1631 e 1653, em Agra, na Índia. Neste monumento, a alvura de cada pedra, grande ou minúscula, faz parte de um todo arquitectonicamente perfeito, donde lhe vem uma imponente força artística que a todos encanta e interroga. O que terá motivado a construção de tão imponente e sumptuosa obra? A resposta a esta questão relaciona-se com o tema desta unidade — o amor. A beleza exterior deste monumento é reflexo de uma beleza interior e misteriosa, mas real: a relação amorosa entre um homem e uma mulher — ShahJahan e MumtazMahal. Conta a história que o príncipe Kurram se encontrou ocasionalmente com a princesa AryumandBanuBegam. Ele contava 14 anos e ela 15 anos de idade. Deste encontro nasceu um amor que mudou por completo a vida destes dois adolescentes. Após cinco anos sem se verem, chegou o dia em que se casaram, em 1612. Aryumandpassou, então, a ser chamada por MumtazMahal, nomes que traduziam o amor que a ligava ao príncipe: «eleita do palácio». Em 1628, o príncipe foi coroado imperador com o nome de ShahJahan, «o rei do mundo». Passaram-se os anos e o amor destesjovens foi vivido num ambiente de felicidade e prosperidade, sendo um amor particularmente fecundo, pois dele nasceram 14 filhos. Foi, no entanto, ao dar à luz o 14.º filho que MumtazMahal morreu, com 39 anos de idade. O sofrimento do imperador foi tão profundo quanto o seu amor pela sua amada. ShahJahan ordenou, então, que fosse construído um monumento em memória de tão grande amor para que jamais fosse esquecido. Nasce assim o TajMahal, que significa «Coroa do lugar» e cujo nome é uma referência ao nome da amada MumtazMahal. TajMahalpassou a ser visto como uma das mais nobres provas de amor, considerado pelos indianos um poema de amor em pedra. Por tudo isto, o TajMahal tem inspirado poetas, pintores e músicos. Em 1993 foi considerado património da humanidade.
9. O amor na arte De entre 21 monumentos, o TajMahal ficou em sétimo lugar num concurso organizado por uma fundação suíça (NewOpenWorldCorporation), no qual participaram cerca de 100 milhões de pessoas, através de telefone e Internet. Os resultados foram apresentados a 7 de Julho de 2007, numa cerimónia realizada no Estádio da Luz, em Lisboa. O TajMahal foi considerado a sétima maravilha do mundo moderno.
10. Segunda Carta a Clara Meu amor. — Ainda há poucos instantes (dez instantes, dez minutos), eu sentia o rumor do teu coração junto ao meu, sem que nada os separasse — e já estou tentando recontinuar ansiosamente, por meio deste papel inerte, esse inefável estar contigo que é hoje todo o fim da minha vida. É que, longe da tua presença, cesso de viver. Antes de te amar, que era eu, na verdade? Uma sombra flutuando entre sombras. Mas tu vieste, doce adorada, para me fazer sentir a minha realidade, e me permitir que eu bradasse também triunfalmente o meu — «amo, logo existo!» Quando há dias, ao anoitecer, te queixavas que eu contemplasse as estrelas estando tão perto dos teus olhos, e espreitasse o adormecer das colinas junto ao calor dos teus ombros — não sabias que essa contemplação era ainda um modo novo de te adorar, porque realmente estava admirando, nas coisas, a beleza inesperada que tu sobre elas derramas e que antes de viver a teu lado, nunca eu lhes percebera, como se não percebe a vermelhidão das rosas ou o verde tenro das relvas antes de nascer o sol! Foste tu, minha bem-amada, que me alumiaste o mundo. E acresce ainda, para meu martírio e glória, que tu és tão sumptuosamente bela, de uma beleza feita de Céu e de Terra, beleza completa e só tua — que nunca julgara realizável. Eras a encarnação do meu sonho, ou antes de um sonho que deve ser universal — mas só eu te descobri, ou, tão feliz fui, que só por mim quiseste ser descoberta! Vê, pois, se jamais te deixarei escapar dos meus braços! Não penses que estou compondo cânticos em teu louvor. É em plena simplicidade que deixo escapar o que me está borbulhando na alma… Ao contrário! Toda a Poesia de todas as idades seria impotente para exprimir o meu êxtase. E nesta desoladora insuficiência do Verbo humano, é como o mais inculto e o mais iletrado que ajoelho ante ti, e levanto as mãos, e te asseguro a única verdade, melhor que todas as verdades — que te amo, e te amo, e te amo, e te amo!… Fradique. Excertos de «Segunda Carta a Clara», in Eça de Queirós. Correspondência de Fradique Mendes Eça de Queirós, considerado por muitos como o melhor escritor realista português, nasceu na Póvoa de Varzim a 25 de Novembro de 1845 e faleceu em Paris a 16 de Agosto de 1900. Entre muitos outros romances de importância reconhecida, deixou-nos O Primo Basílio e Os Maias.
11. Também a sabedoria popular expressa, através de provérbios, as lições sobre o amor que a experiência lhe foi ditando. Provérbios • O amor não envelhece, morre criança. • O amor é um passarinho que não aceita gaiola. • O amor é como a Lua, quando não cresce, mingua. • Onde manda o amor, não há outro senhor. • As ausências curtas, acirram o amor; as longas, fazem-no morrer. • O amor dos asnos entra aos coices e sai aos bocados. • Quando o amor nos visita, a amizade se despede. • O amor novo vai e vem, mas o velho se mantém. • O amor olha de tal maneira que o cobre lhe parece ouro.