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Nélson Ramalhoto – 27444
1º Ano do Mestrado em Educação Musical no Ensino Básico
Didática da música
DOCENTE: Professor António Pacheco
Abril de 2012




Raymond Murray Schaffer
Quem tem ouvidos, escute!




Raymond Murray Schaffer
Biografia de Murray Schaffer
• Nasce em 1933 em Sarnia, Ontário, Canadá
• Estuda no Conservatório Real de Toronto
• Destaca-se na década de 50 quando organiza no
 Conservatório um concerto com novas composições

1955
 ▫ Deixa os seus estudos
 ▫ começa a trabalhar como autodidata
 ▫ Interessa-se por línguas, literatura e filosofia
Biografia de Murray Schaffer
1956
 ▫ deixa o Canada com intenção de estudar música na Academia de Viena

1958
 ▫ Depois de dois anos em Viena dirige-se para Londres
 ▫ trabalha informalmente com o compositorPeter Racine Fricker
 ▫ Ganha a vida como jornalista, chegou a trabalhar para a BBC
 ▫ realiza uma série de entrevistas a compositores britânicos publicadas
   como British Composers in interview

1960
 ▫ Ainda em Inglaterra, casa com a sua 1ª esposa a mezzosoprano
   canadiana Phyllis Mailing
Biografia de Murray Schaffer
1962
  ▫ regressa ao Canadá
  ▫ participa ativamente na fundação dos Ten Centuries Concerts
1963
  ▫ Torna-se em artista residente na Newfoundlands Memorial
    University
A partir de 1965
  ▫ trabalha no Departamento de Estudos em Comunicação da
    Universidade Simon Fraser onde criou o The World Soundscape
    Project (WSP) - (Projeto Paisagem Sonora Mundial)
Biografia de Murray Schaffer
1972
  ▫ recebe da UNESCO e da Donner Foundation uma bolsa para investigar a ecologia
       acústica de todo o mundo.

1975
  ▫ estabelece-se numa quinta nos arredores de Bancroft (Ontario), mas permanece
       associado ao projeto
  ▫ Em setembro , casa com Jean Elliott, divorciando-se de seguida

1984
  ▫ deixa em a região de Maynooth para se estabelecer em Saint-Gall, Suiça

1987
  ▫ compra uma quinta numa aldeia perto de Peterborough (Ontario)
Biografia de Murray Schaffer
Dos anos 80 até hoje
 ▫ tenta uma espécie de integração total
   (música, teatro, ecologia)

 ▫ desenvolve projetos rituais ecológicos
   artísticos, ligados a aspetos simbólicos ancestrais
“Eis a nova orquestra, o universo sonoro”.
                                    (Schaffer 1977, 20)




Teórico
Pensamento de Murray Schaffer


“Fomos ensinados a interferir nos sons naturais em toda a

nossa educação, a moldá-los, e a transformá-los em algo

melhor. Mas talvez deveríamos deixá-los como são e

escutá-los como são”
Pensamento de Murray Schaffer


“A melhor forma de entender o que quero dizer
com projeto acústico é considerar a paisagem
sonora mundial como uma imensa composição
musical”.
                                 (Schaffer 1977, 161)
Projeto Paisagem Sonora Mundial
             The World Soundscape Project (WSP)

1) Estudo interdisciplinar dos ambientes acústicos
  (paisagem sonora) e seus efeitos sobre o homem;
2) Modificar e melhorar ambientes acústicos;
3) Educar estudantes, pesquisadores e público geral;
4) Publicar materiais que servissem de guia a estudos
  futuros.
1.   Estudo interdisciplinar dos ambientes
            acústicos (paisagem sonora) e seus efeitos
            sobre o homem;
“Uso a palavra soundscape para referir-me ao ambiente
acústico.   Parece-me   absolutamente    essencial         que
comecemos a ouvir mais cuidadosamente e criticamente a
nova paisagem sonora do mundo moderno”.
                                              (Schaffer 1977, 161)
“Todos os sons fazem parte de um campo
contínuo de possibilidades, que pertence ao
domínio compreensivo da música”.
                                   (Schaffer 1977, 20)
CLASSIFICAÇÃO DOS SONS
Sons principais: constituem a nota principal de uma paisagem
                 sonora, ainda que a perceção possa não ser
                 consciente;

Sinais sonoros: são sons que de repente ganham um primeiro plano (o
                 alarme de um carro, o apito de um polícia, o toque
                 da campainha);

Marcas sonoras: trata-se de um som único dum determinado
                 ambiente geográfico, confere identidade ao lugar (o
                 mar, um campo de aviação, um porto).
CLASSIFICAÇÃO DOS SONS
alta fidelidade (hi-fi): ricos em informação acústica e capazes de
                   serem interpretados com mestria pelos
                   povoadores;
baixa fidelidade (low-fi): o resultado do predomínio de sons
                   mais fortes que o ambiente, que mascaram
                   toda a variedade acústica local.
CLASSIFICAÇÃO DOS SONS
O ambiente silencioso da paisagem sonora hi-fi permite o ouvinte
escutar mais longe (...). A cidade abrevia essa habilidade para a
audição (e visão).
Notação dos sons
• Tentativa de substituir factos auditivos por sinais visuais;
• Dilema da notação convencional – já não está à altura de enfrentar o
  mundo da expressão musical e do ambiente acústico;
• Classificação dos objetos sonoros


            Perceção dos sons
 • Competência sonológica (descrição sonora de terramoto)
 • Competências musicais (música árabe vs ocidental)
 • Gesto e textura (ilusão auditiva)
• Em alguns aspetos desponta uma certa visão mística.
• Existe um desejo de restituir um instrumento e uma
 sonoridade que seja ordenado pela mão divina.
• “É preciso reencontrar o segredo dessa afinação”
 (Schafer 1977: 22).
• “Deus foi um engenheiro acústico de primeira classe”
 (Schafer 1977: 290).
“Hoje o ruído reina supremo
sobre a sensibilidade humana”.
                    (Schaffer 1977, 161)
• É significativo todo o seu esforço em alertar-nos
 para um facto que estarmos a perder, um modo
 de escuta em estado de extinção.
• Reivindica o direito a um estado de silêncio, de
 se isolar da máquina, do vizinho, do moozak, das
 buzinas, dos motores.
“O professor (…) é um rinoceronte na
           sala de aula.
           (Sem) couraça blindada (…), precisa
           permanecer uma
           criança, sensível, vulnerável, aberto a
           mudanças”
                                  (Schaffer 1986, 282)




Pedagogo
Schaffer, Pedagogo


• Desenvolveu sua própria teoria pedagógico-

 musical, a partir de experiências

• A sua proposta consiste numa investigação

 experimental, que gerou princípios que ele

 chamou de Educação Sonora.
Schaffer, Pedagogo
O seu enfoque inovador em educação musical constitui um dos aspetos mais
significativos da sua carreira.
          O compositor na sala de aula - 1967

          Quando as palavras cantam - 1970

          O rinoceronte na sala de aula – 1975

          A afinação do mundo - 1977

          O ouvido pensante – 1986

          A educação sonora: 100 exercícios de audição e produção sonora - 1992



Os seus exercícios ilustram as experiências com os seus estudantes e
enquadram-se nas primeiras tentativas de introduzir nas escolas os conceitos de
audição criativa e de consciência sensorial preconizadas por Cage.
Princípio básico: fomentar a
produção criativa das crianças
• Schafer não concebe o ensino da música enquanto

 aprendizagem dos sistemas de notação, biografias de

 autores ou peças clássicas

• “Só é possível estudar sons produzindo sons, só é

 possível estudar música fazendo música”.

• Ainda que não se conte com os recursos necessários, é

 possível produzir sons
Schaffer, Pedagogo

• Desde o início, muito antes de qualquer instrução formal
 “tentei que a entusiasta descoberta da música preceda a
 habilidade de tocar um instrumento ou de ler notas”.
• O momento indicado para produzir as habilidades
 processuais é quando a criança pergunta por elas.
• Chama a atenção que esta maneira de proceder está no
 limiar do risco, trata-se de um método eminentemente
 experimental
Schaffer, Pedagogo

• Nas aulas de música está sempre presente o
 lúdico, tantas vezes esquecido em aulas de música.

• Fazer a própria música - que os participantes se
 expressem através do som, com liberdade e
 imaginação

• Destaca a importância da liberdade de improvisar e
 criar enquanto processo de descoberta.
Schaffer, Pedagogo

• A importância de ensinar música às crianças radica na
   possibilidade de formar uma geração que recupere uma
   capacidade inerente à sua natureza como é a de
   reconhecer e desfrutar os diversos sons do seu
   envolvimento.

• Mais do que isso, ser capaz de criar música com os sons
   e intervir até no desenho de uma paisagem acústica.
Schaffer, Pedagogo


“Os ouvidos de uma pessoa verdadeiramente
sensível estão sempre abertos. Não existem
pálpebras nos ouvidos”.
                              (Schafer 1986: 288)
Schaffer, Pedagogo

Limpeza de ouvidos
• Limpeza, no sentido de abrir os ouvidos para perceber os sons
• Rever e analisar conceitos
• Fazer a própria música
Exercícios:
• Turista na paisagem sonora (anotação de sons)
• Passeios sonoros – partitura, treino auditivo da altura, produção de sons
• Composições com um só som
  “As habilidades de improvisação e criatividades - atrofiadas por anos sem uso - são
  redescobertas e os alunos aprendem de modo prático temas como dimensão e
  formas musicais”.
Schaffer, Pedagogo

• Escola de audição
• Treinar a perceção auditiva e saber enfrentar o problema
 de um meio ambiente conformado por sons e ruídos não
 estruturados.
• O primeiro passo na aprendizagem da música consiste
 em descobrir tudo o que pudermos sobre os sons – sua
 física, sua psicologia, a emoção de o produzir ou
 encontrar
Schaffer, Pedagogo


“A música eleva-nos porque nos transporta de um
estado vegetativo para uma vida vibrante”.
                                    (Schafer 1986: 294)
Schaffer, Pedagogo
• Ponto de encontro de todas as artes
• Schafer não propõe o ensino da música como um caminho
  especializado e separado de toda a experiência humana
• Compartimentar o ensino das artes é uma fragmentação da
  experiência e pode converter-se numa experiência traumática.
• Educação artística integral e globalizante
• Genuína explosão criativa da sensorialidade (reviver os
  senso-recetores que se estão a atrofiar)
Schaffer, Pedagogo

Música é algo que soa, se não há som, não há
  música.
                                                  (Schafer 1986: 307)
• A notação musical é algo de complicado e para dominá-lo são
  necessários anos de treino.
• No início, cada aluno faz a sua notação, seja aprendida rapidamente
• Uma tarefa essencial dos educadores musicais deveria ser de
  inventar uma notação que possam ser dominadas rapidamente,
  para não retirar o prazer da criação musical.
Schaffer, Pedagogo

O papel do professor
• “O professor, por ser mais velho, mais experiente, é um
 rinoceronte na sala de aula.
• Precisa permanecer uma criança, sensível, vulnerável,
 aberto a mudanças”
• Proporcionar uma dinâmica de descoberta.
• Estar preparado para ceder protagonismo às crianças.
• “Planear a sua própria extinção”
10 máximas dos educadores
1.   O primeiro passo prático, em qualquer reforma educacional, é dar
     o primeiro passo prático.
2.   Na educação, fracassos são mais importantes que sucessos. Nada
     é mais triste que uma história de sucessos.
3.   Ensinar no limite do risco.
4.   Não há mais professores. Apenas uma comunidade de aprendizes.
5.   Não planeies uma filosofia de educação para os outros. Planeia
     uma para ti mesmo.
10 máximas dos educadores
6.    Para uma criança de cinco anos, arte é vida e vida é arte. Para uma de seis, arte é

      arte e vida é vida. O primeiro ano escolar é um divisor de águas na história da

      criança: um trauma.

7.    A proposta antiga: o professor tem a informação; o aluno tem a cabeça vazia.

      Objetivo do professor: empurrar a informação para dentro da cabeça vazia do

      aluno.

8.    Ao contrário, uma aula deve ser uma hora de mil descobertas. Para que isso

      aconteça, professor e aluno devem em primeiro lugar descobrir-se um ao outro.

9.    Por que são os professores os únicos que não se matriculam nos seus próprios

      cursos?

10.   Ensinar sempre provisoriamente: Deus sabe com certeza.
Schaffer, Pedagogo
Desafios político-educativos
• Proporcionar meios capazes de promover e sustentar esta
  transição de uma escola repetitiva para uma criativa
• Apesar das conferências internacionais, da Comissão Delors e
  da revolução cognitiva de Edgar Morin, a dimensão pessoal e
  afetiva dos alunos entrou nos currículos, mas não entrou nas
  salas de aulas
• O desenvolvimento do potencial criativo e do pensamento
  divergente também entrou nos currículos, mas não
  ultrapassou as paredes da escola.
Bibliografia

Obici, G. (2006). Condição da Escuta, mídias e territórios sonoras.
               Mestrado em Comunicação e Semiótica. São Paulo:
               PUC.
Schafer, R. M. (1977). A afinação do mundo. (M. T. Ponferrada, Trad.)
               São Paulo: Unesp.
Schafer, R. M. (1992). A sound of education, 100 exercices in
               Listening and Sound-Making. Indian River: Arcana
               Editions.
Schafer, R. M. (1987 (1991)). O ouvido pensante. (M. T. Ponferrada,
               M. G. Silva & M. L. Pascoal, Trads.) São Paulo: UNESP.

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Trabalho final

  • 1. Nélson Ramalhoto – 27444 1º Ano do Mestrado em Educação Musical no Ensino Básico Didática da música DOCENTE: Professor António Pacheco Abril de 2012 Raymond Murray Schaffer
  • 2. Quem tem ouvidos, escute! Raymond Murray Schaffer
  • 3. Biografia de Murray Schaffer • Nasce em 1933 em Sarnia, Ontário, Canadá • Estuda no Conservatório Real de Toronto • Destaca-se na década de 50 quando organiza no Conservatório um concerto com novas composições 1955 ▫ Deixa os seus estudos ▫ começa a trabalhar como autodidata ▫ Interessa-se por línguas, literatura e filosofia
  • 4. Biografia de Murray Schaffer 1956 ▫ deixa o Canada com intenção de estudar música na Academia de Viena 1958 ▫ Depois de dois anos em Viena dirige-se para Londres ▫ trabalha informalmente com o compositorPeter Racine Fricker ▫ Ganha a vida como jornalista, chegou a trabalhar para a BBC ▫ realiza uma série de entrevistas a compositores britânicos publicadas como British Composers in interview 1960 ▫ Ainda em Inglaterra, casa com a sua 1ª esposa a mezzosoprano canadiana Phyllis Mailing
  • 5. Biografia de Murray Schaffer 1962 ▫ regressa ao Canadá ▫ participa ativamente na fundação dos Ten Centuries Concerts 1963 ▫ Torna-se em artista residente na Newfoundlands Memorial University A partir de 1965 ▫ trabalha no Departamento de Estudos em Comunicação da Universidade Simon Fraser onde criou o The World Soundscape Project (WSP) - (Projeto Paisagem Sonora Mundial)
  • 6. Biografia de Murray Schaffer 1972 ▫ recebe da UNESCO e da Donner Foundation uma bolsa para investigar a ecologia acústica de todo o mundo. 1975 ▫ estabelece-se numa quinta nos arredores de Bancroft (Ontario), mas permanece associado ao projeto ▫ Em setembro , casa com Jean Elliott, divorciando-se de seguida 1984 ▫ deixa em a região de Maynooth para se estabelecer em Saint-Gall, Suiça 1987 ▫ compra uma quinta numa aldeia perto de Peterborough (Ontario)
  • 7. Biografia de Murray Schaffer Dos anos 80 até hoje ▫ tenta uma espécie de integração total (música, teatro, ecologia) ▫ desenvolve projetos rituais ecológicos artísticos, ligados a aspetos simbólicos ancestrais
  • 8. “Eis a nova orquestra, o universo sonoro”. (Schaffer 1977, 20) Teórico
  • 9. Pensamento de Murray Schaffer “Fomos ensinados a interferir nos sons naturais em toda a nossa educação, a moldá-los, e a transformá-los em algo melhor. Mas talvez deveríamos deixá-los como são e escutá-los como são”
  • 10. Pensamento de Murray Schaffer “A melhor forma de entender o que quero dizer com projeto acústico é considerar a paisagem sonora mundial como uma imensa composição musical”. (Schaffer 1977, 161)
  • 11. Projeto Paisagem Sonora Mundial The World Soundscape Project (WSP) 1) Estudo interdisciplinar dos ambientes acústicos (paisagem sonora) e seus efeitos sobre o homem; 2) Modificar e melhorar ambientes acústicos; 3) Educar estudantes, pesquisadores e público geral; 4) Publicar materiais que servissem de guia a estudos futuros.
  • 12. 1. Estudo interdisciplinar dos ambientes acústicos (paisagem sonora) e seus efeitos sobre o homem; “Uso a palavra soundscape para referir-me ao ambiente acústico. Parece-me absolutamente essencial que comecemos a ouvir mais cuidadosamente e criticamente a nova paisagem sonora do mundo moderno”. (Schaffer 1977, 161)
  • 13. “Todos os sons fazem parte de um campo contínuo de possibilidades, que pertence ao domínio compreensivo da música”. (Schaffer 1977, 20)
  • 14. CLASSIFICAÇÃO DOS SONS Sons principais: constituem a nota principal de uma paisagem sonora, ainda que a perceção possa não ser consciente; Sinais sonoros: são sons que de repente ganham um primeiro plano (o alarme de um carro, o apito de um polícia, o toque da campainha); Marcas sonoras: trata-se de um som único dum determinado ambiente geográfico, confere identidade ao lugar (o mar, um campo de aviação, um porto).
  • 15. CLASSIFICAÇÃO DOS SONS alta fidelidade (hi-fi): ricos em informação acústica e capazes de serem interpretados com mestria pelos povoadores; baixa fidelidade (low-fi): o resultado do predomínio de sons mais fortes que o ambiente, que mascaram toda a variedade acústica local.
  • 16. CLASSIFICAÇÃO DOS SONS O ambiente silencioso da paisagem sonora hi-fi permite o ouvinte escutar mais longe (...). A cidade abrevia essa habilidade para a audição (e visão).
  • 17. Notação dos sons • Tentativa de substituir factos auditivos por sinais visuais; • Dilema da notação convencional – já não está à altura de enfrentar o mundo da expressão musical e do ambiente acústico; • Classificação dos objetos sonoros Perceção dos sons • Competência sonológica (descrição sonora de terramoto) • Competências musicais (música árabe vs ocidental) • Gesto e textura (ilusão auditiva)
  • 18. • Em alguns aspetos desponta uma certa visão mística. • Existe um desejo de restituir um instrumento e uma sonoridade que seja ordenado pela mão divina. • “É preciso reencontrar o segredo dessa afinação” (Schafer 1977: 22). • “Deus foi um engenheiro acústico de primeira classe” (Schafer 1977: 290).
  • 19. “Hoje o ruído reina supremo sobre a sensibilidade humana”. (Schaffer 1977, 161)
  • 20. • É significativo todo o seu esforço em alertar-nos para um facto que estarmos a perder, um modo de escuta em estado de extinção. • Reivindica o direito a um estado de silêncio, de se isolar da máquina, do vizinho, do moozak, das buzinas, dos motores.
  • 21. “O professor (…) é um rinoceronte na sala de aula. (Sem) couraça blindada (…), precisa permanecer uma criança, sensível, vulnerável, aberto a mudanças” (Schaffer 1986, 282) Pedagogo
  • 22. Schaffer, Pedagogo • Desenvolveu sua própria teoria pedagógico- musical, a partir de experiências • A sua proposta consiste numa investigação experimental, que gerou princípios que ele chamou de Educação Sonora.
  • 23. Schaffer, Pedagogo O seu enfoque inovador em educação musical constitui um dos aspetos mais significativos da sua carreira.  O compositor na sala de aula - 1967  Quando as palavras cantam - 1970  O rinoceronte na sala de aula – 1975  A afinação do mundo - 1977  O ouvido pensante – 1986  A educação sonora: 100 exercícios de audição e produção sonora - 1992 Os seus exercícios ilustram as experiências com os seus estudantes e enquadram-se nas primeiras tentativas de introduzir nas escolas os conceitos de audição criativa e de consciência sensorial preconizadas por Cage.
  • 24. Princípio básico: fomentar a produção criativa das crianças • Schafer não concebe o ensino da música enquanto aprendizagem dos sistemas de notação, biografias de autores ou peças clássicas • “Só é possível estudar sons produzindo sons, só é possível estudar música fazendo música”. • Ainda que não se conte com os recursos necessários, é possível produzir sons
  • 25. Schaffer, Pedagogo • Desde o início, muito antes de qualquer instrução formal “tentei que a entusiasta descoberta da música preceda a habilidade de tocar um instrumento ou de ler notas”. • O momento indicado para produzir as habilidades processuais é quando a criança pergunta por elas. • Chama a atenção que esta maneira de proceder está no limiar do risco, trata-se de um método eminentemente experimental
  • 26. Schaffer, Pedagogo • Nas aulas de música está sempre presente o lúdico, tantas vezes esquecido em aulas de música. • Fazer a própria música - que os participantes se expressem através do som, com liberdade e imaginação • Destaca a importância da liberdade de improvisar e criar enquanto processo de descoberta.
  • 27. Schaffer, Pedagogo • A importância de ensinar música às crianças radica na possibilidade de formar uma geração que recupere uma capacidade inerente à sua natureza como é a de reconhecer e desfrutar os diversos sons do seu envolvimento. • Mais do que isso, ser capaz de criar música com os sons e intervir até no desenho de uma paisagem acústica.
  • 28. Schaffer, Pedagogo “Os ouvidos de uma pessoa verdadeiramente sensível estão sempre abertos. Não existem pálpebras nos ouvidos”. (Schafer 1986: 288)
  • 29. Schaffer, Pedagogo Limpeza de ouvidos • Limpeza, no sentido de abrir os ouvidos para perceber os sons • Rever e analisar conceitos • Fazer a própria música Exercícios: • Turista na paisagem sonora (anotação de sons) • Passeios sonoros – partitura, treino auditivo da altura, produção de sons • Composições com um só som “As habilidades de improvisação e criatividades - atrofiadas por anos sem uso - são redescobertas e os alunos aprendem de modo prático temas como dimensão e formas musicais”.
  • 30. Schaffer, Pedagogo • Escola de audição • Treinar a perceção auditiva e saber enfrentar o problema de um meio ambiente conformado por sons e ruídos não estruturados. • O primeiro passo na aprendizagem da música consiste em descobrir tudo o que pudermos sobre os sons – sua física, sua psicologia, a emoção de o produzir ou encontrar
  • 31. Schaffer, Pedagogo “A música eleva-nos porque nos transporta de um estado vegetativo para uma vida vibrante”. (Schafer 1986: 294)
  • 32. Schaffer, Pedagogo • Ponto de encontro de todas as artes • Schafer não propõe o ensino da música como um caminho especializado e separado de toda a experiência humana • Compartimentar o ensino das artes é uma fragmentação da experiência e pode converter-se numa experiência traumática. • Educação artística integral e globalizante • Genuína explosão criativa da sensorialidade (reviver os senso-recetores que se estão a atrofiar)
  • 33. Schaffer, Pedagogo Música é algo que soa, se não há som, não há música. (Schafer 1986: 307) • A notação musical é algo de complicado e para dominá-lo são necessários anos de treino. • No início, cada aluno faz a sua notação, seja aprendida rapidamente • Uma tarefa essencial dos educadores musicais deveria ser de inventar uma notação que possam ser dominadas rapidamente, para não retirar o prazer da criação musical.
  • 34. Schaffer, Pedagogo O papel do professor • “O professor, por ser mais velho, mais experiente, é um rinoceronte na sala de aula. • Precisa permanecer uma criança, sensível, vulnerável, aberto a mudanças” • Proporcionar uma dinâmica de descoberta. • Estar preparado para ceder protagonismo às crianças. • “Planear a sua própria extinção”
  • 35. 10 máximas dos educadores 1. O primeiro passo prático, em qualquer reforma educacional, é dar o primeiro passo prático. 2. Na educação, fracassos são mais importantes que sucessos. Nada é mais triste que uma história de sucessos. 3. Ensinar no limite do risco. 4. Não há mais professores. Apenas uma comunidade de aprendizes. 5. Não planeies uma filosofia de educação para os outros. Planeia uma para ti mesmo.
  • 36. 10 máximas dos educadores 6. Para uma criança de cinco anos, arte é vida e vida é arte. Para uma de seis, arte é arte e vida é vida. O primeiro ano escolar é um divisor de águas na história da criança: um trauma. 7. A proposta antiga: o professor tem a informação; o aluno tem a cabeça vazia. Objetivo do professor: empurrar a informação para dentro da cabeça vazia do aluno. 8. Ao contrário, uma aula deve ser uma hora de mil descobertas. Para que isso aconteça, professor e aluno devem em primeiro lugar descobrir-se um ao outro. 9. Por que são os professores os únicos que não se matriculam nos seus próprios cursos? 10. Ensinar sempre provisoriamente: Deus sabe com certeza.
  • 37. Schaffer, Pedagogo Desafios político-educativos • Proporcionar meios capazes de promover e sustentar esta transição de uma escola repetitiva para uma criativa • Apesar das conferências internacionais, da Comissão Delors e da revolução cognitiva de Edgar Morin, a dimensão pessoal e afetiva dos alunos entrou nos currículos, mas não entrou nas salas de aulas • O desenvolvimento do potencial criativo e do pensamento divergente também entrou nos currículos, mas não ultrapassou as paredes da escola.
  • 38. Bibliografia Obici, G. (2006). Condição da Escuta, mídias e territórios sonoras. Mestrado em Comunicação e Semiótica. São Paulo: PUC. Schafer, R. M. (1977). A afinação do mundo. (M. T. Ponferrada, Trad.) São Paulo: Unesp. Schafer, R. M. (1992). A sound of education, 100 exercices in Listening and Sound-Making. Indian River: Arcana Editions. Schafer, R. M. (1987 (1991)). O ouvido pensante. (M. T. Ponferrada, M. G. Silva & M. L. Pascoal, Trads.) São Paulo: UNESP.