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125
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas
Opiáceos, Opióides de ação analgésica e antagonistas
Opiate, Opioid analgesics and antagonists
Dalva Trevisan Ferreira1
;Milton Faccione1
Resumo
Opiáceos e opióides são importantes fármacos utilizados no tratamento da dor. Eles estão relacionados
à adicção e a depressão respiratória, efeitos colaterais que limitam o seu uso. Este trabalho descreve as
principais classes de fármacos agonistas e antagonistas aos receptores ( , , ). Os principais fármacos
são apresentados enfatizando-se relação versus atividade e reações de biotransformações.
Palavras-chave: Opiáceos. Opióides de ação analgésica. Relação estrutura. Atividade. Biotransformações.
Abstract
Opiate and opioid analgesics are important drugs in the treatment of pain. They are associated with
addiction and respiratory depression, side effects which limit their clinical usefulness. This paper describes
the main classes of agonists and antagonists to opioid receptors ( , , ). The main drugs will be
shown emphasizing the structure-activity relationship, as well as biotransformation reactions.
Key words: Opiate and opioid analgesics. Structure-activity relationship. Activity. Biotransformations.
1
Universidade Estadual de Londrina, Londrina- PR. CCE: Departamento de Química. Laboratório de Pesquisa em Moléculas Bioativas.
E-mail: dalva@uel.br.
126
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Ferreira, D. T.; Faccione, M.
Introdução
Os hipnoanalgésicos são fármacos que deprimem o
SistemaNervosoCentral(SNC)eliminandooureduzindo
a sensação de dor, sem causar a perda de consciência.
Eles agem complexando-se com múltiplos receptores
estereoespecíficos,emmuitoslocaisdoSNC,nosistema
nervoso periférico e no sistema nervoso entérico. A
morfina foi descoberta pelo farmacêutico alemão
Sertürner em 1803 e a definição de sua estrutura foi
realizada por Robinson. Os principais agentes
utilizados na terapia da dor são os opiáceos (derivados
do ópio) e os opióides derivados sintéticos com ação
semelhante à morfina (CHRISTOFFERS et al.,
2003) e (ALDRICH, 1996).
Receptores de Opióides e seus mecanismos
efetores
Com base no perfil farmacológico, o sistema
opióide foi caracterizado pela presença de três
principais receptores e subtipos acoplados à proteína
G:mu , MUR), capa (k, KOR) e delta ( , DOR).
Todos eles são bloqueados pela naloxona, um
antagonista de receptores de opióides. A morfina, a
cetociclazocina e a N-alilmetazocina representam os
ligantes protótipos dos receptores , e
respectivamente. A ativação dos receptores opióides
, , 1
, e 3
nos neurônios endógenos, apresenta
inúmeras conseqüências: a) a inibição da atividade
da adenilciclase levando a uma redução da
concentração intracelular de monofosfato cíclico de
adenosina (cAMP), b) a abertura dos canais de K+
,
causando a hiperpolarização do neurônio
nociresponsivo, com conseqüente redução da
excitabilidade e c) o bloqueio da abertura dos canais
de Ca++
voltagem – dependentes, inibindo a liberação
doglutamatoedasubstânciaPpelosterminaisaferentes
primários. Estes são os mecanismos que explicam o
bloqueio opióide da liberação de neurotransmissores e
da transmissão da dor em várias vias neuronais
(GUNION; MARCHIONNE; ANDERSON, 2004),
(BECKER et al., 2004), (CONTET; KIEFFER;
BEFORT, 2004), (SNYDER, 2004), (FRIES, 1995)
e (REISINE; PASTERNAK, 1996).
N CH3
OH
O
OH
morfina
1
2
3 4 5
6
7
8
910
11
12
13
14
15
16
17
OH
O N
cetociclazocina
N
OH
SKF 10.047 (N-alilmetazocina)
Hipnoanalgésicos
Estes fármacos podem ser classificados em
exógenos (Figura 1) e endógenos (Figura 2). Os
analgésicos exógenos apresentam em comum certas
características que são: a) um grupo amino terciário
Quadro 1
separado de um anel aromático por dois átomos. b)
um átomo de carbono quaternário e c) um anel fenílico
ou isóstero ligado ao átomo de carbono. O grupo
farmacofórico N-metil- -fenilpiperidina, estrutura (a),
Figura 2, é o responsável pela ação farmacológica
127
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas
desta família de substâncias. As encefalinas (opióides
endógenos) e certos hipnoanalgésicos não
apresentam o anel piperidínico, contudo, apresentam
um resíduo tiramínico, estrutura (b) Figura 2, também
presente nos opiáceos e em muitos de seus análogos
sintéticos (FRIES, 1995), (RESINE; PASTERNAK,
1996), (ZARRINDAST; REZAYOF, 2004),
(SOIGNIER et al., 2004), e (WILLET, 1998).
Figura 1. Estruturas gerais dos hipnoanalgésicos opióides exógenos.
Figura 2. Características estruturais comuns.
O
N CH3
ORRO
OCH3O
R
MeO
CH3N
CH3
CH3
OH
N
R
R
R
N
N
R
O
CH2-CH3
RO
N
OH
CH3
N
OH
R
metanobenzazocinas e
relacionados
difenilpropilamina e derivados
morfina e derivados derivados da oripavina
derivados do cicloexanolfenilpiperidinas
derivados do morfinano
14
NH2
O
GLY-GLY-PHE-LEU
OH
N
O
OH
OH
N
X
R
CH3
NH2
OH
-MET
(a) (b)Morfina Encefalinas
Morfina e derivados
A morfina é o principal alcalóide do ópio, o qual é
obtido das cápsulas das sementes da papoula,
Papaver somniferum, contendo mais de 50
alcalóides. Ela é o opióide protótipo e o de maior
utilização como analgésico para os receptores . A
molécula possui cinco centros assimétricos e uma
estereoquímica correspondente a 5R, 6S, 9R, 13S e
14R. O isômero natural da morfina é levorotatório (-).
O isômero dextrorotatório (+) já foi sintetizado, mas
é destituído de atividade analgésica. As principais
relações versus atividade analgésicae as reações de
biotransformações estão representadas nas Figuras
3 e 4 respectivamente.(ALDRICH, 1996),
(ANDERSEN et al., 2004), (EVANS; LENZ;
LESSOR, 1989), (CHRISTOFFERS et al.,2003).
N
128
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Ferreira, D. T.; Faccione, M.
Figura 3. Relação estrutura versus atividade analgésica da morfina.
Figura 4. Principais caminhos de biotransformações da morfina.
Derivados da Oripavina os endoderivados
O
OH
N
OH
} } aumento de potência
oxidação
eterificação
eterificação diminuição de potência
saturação aumento de potência
grupo volumoso antagonistas
demetilação diminuição da potência
OOH
N CH3
OH
O
N CH3
OOH
O
OH
OH
OH
OH
O
N CH3
OHCH3O
O
N CH3
OHO
S OO
OH
OCH3O
N
OH
H
OOH
N
OH
H
codeína morfina-6-glicuronídeo
derivado ativo
normorfina
decréscimo de atividadesulfato de morfinanorcodeína
morfina
Os representantes desta classe são conhecidos
como opiáceos-6,14-endoeteno ou adutos de Diels-
Alder, e apresentam alta potência analgésica, que
em alguns casos, chega a ser 1000 vezes maior do
que a da morfina. Exemplos de fármacos desta classe
são: a acetorfina, a aletorfina, a buprenorfina, a
diprenorfina e a etorfina. A buprenorfina é um opióide
de ação mista que tem alta afinidade pelos receptores
k e também funciona como antagonista nos
receptores k e a sua potência analgésica é de 25-40
vezes maior do que a da morfina. Ela tem a habilidade
em atenuar os efeitos fisiológicos e psicológicos de
outros opióides e o seu tempo de ação é prolongado,
pela lenta dissociação dos receptores e o uso de dose
diária menor. Os efeitos da retirada do fármaco, em
relação à síndrome de abstinência, são pequenos e,
dessa forma, ela torna-se um fármaco apropriado para
o tratamento de detoxificação em dependentes de
heroína.Elaagecomoindutordaapoptose,possuiação
citotóxica o que indica sua potencial ação na
quimioterapia do câncer (SOBEL et al., 2004),
(DAVIDS; GASTPAR, 2004), (SPORER, 2004),
(JAFFE; O’KEEFFE, 2003), (KUGAWA;
MATSUMOTO; AOKI, 2004) e (POIRIER et al.,
2004).
129
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas
Figura 5. Exemplo de derivados da oripavina.
OOH OMe
N CH3
OH
CH3
CH3
R= CH3 R=C(CH3)3
OOH OMe
N
CH3
OH
R
etorfina diprenorfina buprenorfina
Morfinanos E 2,6-Metano-3-Benzazocinas e
relacionados
Os morfinanos são opióides sintéticos derivados
do levorfanol ou do dextrorfano e a sua atividade
analgésica é encontrada exclusivamente nos isômeros
levo. Os principais representantes desta classe são
o levorfanol e o butorfanol. A ciprodima é um
antagonista puro nos receptores (ALDRICH, 1996;
WILLET, 1998). Os derivados de 2,6-metano-3-
benzazocinas (benzomorfanos) possuem ação
farmacológica mista, agonista-antagonista, porém,
somente as formas levo destes fármacos apresentam
atividade analgésica (ALDRICH, 1996; FRIES, 1995;
WILLET, 1998).
Figura 6. Exemplos de morfinanos
2
3 4 6
8
910
11
13
14
15
17
1
7
5
N R
OH
16
R = CH3
R = ciclopropilmetil
R = CH2-CH=CH2
1
2
45
N
OR
CH3
8
9 10
11
12
13
14
15
16
17
7
R = H
R = CH3
14
14
N
OOMe
OMe
N
OH
OH
levorfanol
levalorfano
dextrorfano
dextrometorfano
butorfanolciprodima
ciclorfano
12
6 3
Figura 7. Exemplos de 2,6-metanobenzazocinas (benzomorfanos) e derivados.
1 2
3
4
5
6
N
OH
R
78
9
10
11
R = CH3
R = CH2
C6
H5
R =
R = CH2CH=C(CH3)2
3
5
11
1
2
4
6
OH
NH2
8
9
10
13
dezocina
7
metazocina
fenazocina
pentazocina
ciclazocina
130
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Ferreira, D. T.; Faccione, M.
Fenilpiperidinas e relacionados
A petidina é o protótipo desta classe agindo
predominante nos receptores m agonistas. A sua
passagem no SNC é em torno de 600 vezes maior,
em concentração, do que a morfina. Ela exerce
efeitos farmacológicos diversos: hipnoanalgésico,
espasmolítico, anestésico geral e anti-histamínico
suave. A utilização deste fármaco tem diminuído em
razão dos efeitos tóxicos de um dos seus metabólitos
(nor-meperidina) e pela presença de um contaminante
gerado pela degradação hidrolítica da função éster
produzindo o N-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina
(MPTP). A nor-meperidina é hepatotóxica e irritante
do sistema nervoso central enquanto o MPTP causa
efeitos severos a este sistema, semelhantes aos
produzidos pelo mal de Parkinson (GERRA et al.,
2004; QUAGLIA et al., 2003; KESKIN et al., 2003;
PANDA et al., 2004).
Figura 8. Fenilpiperidinas, meperidina (petidina): produtos de metabolismo e de hidrólise.
N
O
O
CH3
N
H
O
O N CH3metabolismo hidrólise
MPTP
nor-meperidina petidina
Fenilpropilaminas
Os representantes dessa classe são: a metadona
(6-dimetilamino-4,4-difenil-3-heptona) e o
dextropropoxifeno. A metadona é um opióide agonista
sintético importante em saúde pública, sendo
amplamente utilizado na prevenção da síndrome de
abstinência de opióides. Como analgésico, é
aproximadamente, duas vezes mais potente que a
morfina. A molécula da metadona é quiral. A R-(-)
metadona tem alta afinidade pelos receptores de
opióide. A metadona apresenta um tempo de
eliminação maior e a sua potência analgésica é 50
vezes maior do que a do isômero S-(+). Por outro
lado, o isômero S-(+) tem maior ação
imunossupressora. As biotransformações estão
representadas na Figura 9. O l- -acetilmetadol
(LAAM) foi aprovado para uso em programas de
manutenção do tratamento de adictos em heroína.
Ele atua convertendo-se em metabólitos ativos, o que
explicaria o início lento e a duração prolongada de
sua ação. O isômero d- -acetilmetadol é inativo
(WHITTINGTON; SHEFFELS; KHARASCH,
2004; HUTCHINSON; SOMOGYI, 2004;
NANOVSKAYA et al., 2004; FERRARI et al.,
2004).
131
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas
Figura 9. Metabolismo da metadona e do LAAM
N
O
H
N N
N
O
O
levo-alfa-acetilmetadol
LAAM
N
O
O
H
H
ativo
dinor-LAAM
N
O
O
H
ativo
nor-LAAM
N
O
N
OH
N
H
OH
ativo
N
H
H
OH
ativo
+
nor-metadona EDDP inativo EMDP inativo
metadona
-metadol
ativo
normetadol dinormatadol
Derivados do Ciclohexanol
O principal representante dessa classe é o (1RS,
2RS)-2-[(dimetilamino)-metil]-1-(3-metoxifenil)-
cicloexanol - (tramadol). Ele é utilizado no tratamento
de dores (moderadas a intensa). O isômero (+) é um
agonista seletivo para os receptores de opióides e
atua inibindo a reabsorção da serotonina aumentando
a sua concentração no cérebro. Já o isômero (-) inibe
a reabsorção da norepinefrina. O tramadol tem sido
estudado e apresentado resultados positivos para sua
utilização como antidepressivo. As biotransformações
estão representadas na Figura 10. Os principais
efeitos colaterais são a depressão respiratória e os
efeitos cardiovasculares. Os estudos atuais revelam
que mais de 26 casos de mortes estão associadas à
utilização deste fármaco em combinação com os
benzodiazepínicos (REITZ et al., 1995),
(KOWALUK; ARNERIC, 1998), (FARON-
GÓRECKA et al., 2004; CAMPANERO et al., 2004;
LEHTONEN et al., 2004; KOROLKOVAS, 1988;
CLAROT et al., 2004; PAIVA; LOBO; CHAINHO,
2003; CLAROT, 2003 ).
132
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Ferreira, D. T.; Faccione, M.
Figura 10. Estruturas do tramadol e de seus principais metabólitos.
H
N
HCH3
OH
O
CH3
M2
H
N
CH3
CH3
OH
O
H
H
N
HH
OH
O
CH3
M3
H
N
HCH3
OH
O
H
H
N
HH
OH
O
H
M1
M4 M5
H
N
CH3
CH3
OH
O
CH3
tramadol
O
COOH
OH
OH
OH
H
N
CH3
CH3
OH
O
ativo
beta-D-glicuronídeo
Efeitos adversos e colaterais e perspectivas
futuras
As múltiplas interações dos opióides com os
receptores ( , , e ) contribuem para o
aparecimento de efeitos colaterais associados ao
efeito analgésico. Estes efeitos incluem dependência
física e psíquica, tolerância, imunosupressão,
depressão respiratória, constipação, vômitos, náuseas,
distúrbios cardiovasculares, tonturas, alterações do
humor, retenção urinária, prurido, alterações da
memória e do aprendizado e alterações do apetite.
Eles podem causar a síndrome de abstinência,
característica de opióides. Apesar dos progressos
ocorridos no entendimento de como os opióides
interagem com os ligantes produzindo os efeitos
farmacológicos e as altas seletividades obtidas, a
obtenção de um analgésico com alta potência, similar
a morfina, e desprovido dos efeitos indesejáveis ainda
continua sendo um desafio (GUNION;
MARCHIONNE; ANDERSON, 2004; WOODY et
al., 2003; KOWALUK; LYNCH; JARVIS, 2000;
EMMERSON et al., 2004).
Antagonistas de Hipnoanalgésicos
Os antagonistas de opióides evitam, ou eliminam,
a depressão respiratória provocada pela
administração de analgésicos opióides. Alguns desses
fármacos podem ser usados em tratamentos de
indivíduos com intoxicação causada por opióides, em
testes de dependência narcótica e nos casos de
alcoolismo. A simples troca de um radical N-metil
por um radical N -alil, N-ciclopropilmetil (CMP) ou
N-ciclobutilmetil (CBM), pode alterar a ação agonista
potente para a ação antagonista potente. Estes
derivados induzem uma alteração conformacional no
receptor ou bloqueiam certas áreas essenciais do
receptor, impedindo a interação com o receptor
(ALDRICH, 1996; CRAFT; MCNIEL, 2003; CHEN
et al., 2004).
133
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas
Figura 11. Antagonistas puros de opióides.
Figura 12. Antagonistas mistos.
naloxona
OOH
N
OH
nalmefeno
OOH
N
OH
O
naltrexona
OOH
N
OH
O
butorfanol
N
OH
OH
pentazocina
ciclazocinaR =
5
N
R
OH
78
9
10 11
CH2-CH=C(CH3)2
R =
O
OH
N
OH
buprenorfina
O OMe
N
OH
OH
N
OHOH O
nalorfina nalbufina
134
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005
Ferreira, D. T.; Faccione, M.
Tabela 1. Seletividade dos Opióides nos receptores , , , 3
FÁRMACOS
- Analgesia,euforia,constipação
dependência física e pisíquica,
imunossupressão, depressão respiratória,
vômitos.
- Analgesia, imuno-
estimulação, depressão
respiratória.
- Analgesia, sedação,
miose, diurese, disforia.
morfina +++
metadona +++
etorfina +++ +++ +++
levorfanol +++ NA
butorfanol AP NA +++
buprenorfina AP NA
naloxona
naltrexona
diprenorfina
nalorfina +
pentazocina AP ++
nalbufina ++
etilcetociclazocina AP + +++
Peptídeos Endogenos
metilencefalina ++ +++
leu-encefalina ++ +++
-endorfina +++ +++
dinorfina A ++ +++
dinorfina B + +++
-neoendorina + +++
endomorfina-1 +++ *
endomorfina-2 +++ *
(+) = Agonista; (-) = Antagonista; (AP) = agonista parcial; (NA) = Não avaliado ou inadequado;
(*) Baixa afinidade e concentração. Dados adaptados (GUNION,2004; FRIES ,
1995; REISINE, T.; PASTERNAK,1996
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  • 1. 125 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas Opiáceos, Opióides de ação analgésica e antagonistas Opiate, Opioid analgesics and antagonists Dalva Trevisan Ferreira1 ;Milton Faccione1 Resumo Opiáceos e opióides são importantes fármacos utilizados no tratamento da dor. Eles estão relacionados à adicção e a depressão respiratória, efeitos colaterais que limitam o seu uso. Este trabalho descreve as principais classes de fármacos agonistas e antagonistas aos receptores ( , , ). Os principais fármacos são apresentados enfatizando-se relação versus atividade e reações de biotransformações. Palavras-chave: Opiáceos. Opióides de ação analgésica. Relação estrutura. Atividade. Biotransformações. Abstract Opiate and opioid analgesics are important drugs in the treatment of pain. They are associated with addiction and respiratory depression, side effects which limit their clinical usefulness. This paper describes the main classes of agonists and antagonists to opioid receptors ( , , ). The main drugs will be shown emphasizing the structure-activity relationship, as well as biotransformation reactions. Key words: Opiate and opioid analgesics. Structure-activity relationship. Activity. Biotransformations. 1 Universidade Estadual de Londrina, Londrina- PR. CCE: Departamento de Química. Laboratório de Pesquisa em Moléculas Bioativas. E-mail: dalva@uel.br.
  • 2. 126 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Ferreira, D. T.; Faccione, M. Introdução Os hipnoanalgésicos são fármacos que deprimem o SistemaNervosoCentral(SNC)eliminandooureduzindo a sensação de dor, sem causar a perda de consciência. Eles agem complexando-se com múltiplos receptores estereoespecíficos,emmuitoslocaisdoSNC,nosistema nervoso periférico e no sistema nervoso entérico. A morfina foi descoberta pelo farmacêutico alemão Sertürner em 1803 e a definição de sua estrutura foi realizada por Robinson. Os principais agentes utilizados na terapia da dor são os opiáceos (derivados do ópio) e os opióides derivados sintéticos com ação semelhante à morfina (CHRISTOFFERS et al., 2003) e (ALDRICH, 1996). Receptores de Opióides e seus mecanismos efetores Com base no perfil farmacológico, o sistema opióide foi caracterizado pela presença de três principais receptores e subtipos acoplados à proteína G:mu , MUR), capa (k, KOR) e delta ( , DOR). Todos eles são bloqueados pela naloxona, um antagonista de receptores de opióides. A morfina, a cetociclazocina e a N-alilmetazocina representam os ligantes protótipos dos receptores , e respectivamente. A ativação dos receptores opióides , , 1 , e 3 nos neurônios endógenos, apresenta inúmeras conseqüências: a) a inibição da atividade da adenilciclase levando a uma redução da concentração intracelular de monofosfato cíclico de adenosina (cAMP), b) a abertura dos canais de K+ , causando a hiperpolarização do neurônio nociresponsivo, com conseqüente redução da excitabilidade e c) o bloqueio da abertura dos canais de Ca++ voltagem – dependentes, inibindo a liberação doglutamatoedasubstânciaPpelosterminaisaferentes primários. Estes são os mecanismos que explicam o bloqueio opióide da liberação de neurotransmissores e da transmissão da dor em várias vias neuronais (GUNION; MARCHIONNE; ANDERSON, 2004), (BECKER et al., 2004), (CONTET; KIEFFER; BEFORT, 2004), (SNYDER, 2004), (FRIES, 1995) e (REISINE; PASTERNAK, 1996). N CH3 OH O OH morfina 1 2 3 4 5 6 7 8 910 11 12 13 14 15 16 17 OH O N cetociclazocina N OH SKF 10.047 (N-alilmetazocina) Hipnoanalgésicos Estes fármacos podem ser classificados em exógenos (Figura 1) e endógenos (Figura 2). Os analgésicos exógenos apresentam em comum certas características que são: a) um grupo amino terciário Quadro 1 separado de um anel aromático por dois átomos. b) um átomo de carbono quaternário e c) um anel fenílico ou isóstero ligado ao átomo de carbono. O grupo farmacofórico N-metil- -fenilpiperidina, estrutura (a), Figura 2, é o responsável pela ação farmacológica
  • 3. 127 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas desta família de substâncias. As encefalinas (opióides endógenos) e certos hipnoanalgésicos não apresentam o anel piperidínico, contudo, apresentam um resíduo tiramínico, estrutura (b) Figura 2, também presente nos opiáceos e em muitos de seus análogos sintéticos (FRIES, 1995), (RESINE; PASTERNAK, 1996), (ZARRINDAST; REZAYOF, 2004), (SOIGNIER et al., 2004), e (WILLET, 1998). Figura 1. Estruturas gerais dos hipnoanalgésicos opióides exógenos. Figura 2. Características estruturais comuns. O N CH3 ORRO OCH3O R MeO CH3N CH3 CH3 OH N R R R N N R O CH2-CH3 RO N OH CH3 N OH R metanobenzazocinas e relacionados difenilpropilamina e derivados morfina e derivados derivados da oripavina derivados do cicloexanolfenilpiperidinas derivados do morfinano 14 NH2 O GLY-GLY-PHE-LEU OH N O OH OH N X R CH3 NH2 OH -MET (a) (b)Morfina Encefalinas Morfina e derivados A morfina é o principal alcalóide do ópio, o qual é obtido das cápsulas das sementes da papoula, Papaver somniferum, contendo mais de 50 alcalóides. Ela é o opióide protótipo e o de maior utilização como analgésico para os receptores . A molécula possui cinco centros assimétricos e uma estereoquímica correspondente a 5R, 6S, 9R, 13S e 14R. O isômero natural da morfina é levorotatório (-). O isômero dextrorotatório (+) já foi sintetizado, mas é destituído de atividade analgésica. As principais relações versus atividade analgésicae as reações de biotransformações estão representadas nas Figuras 3 e 4 respectivamente.(ALDRICH, 1996), (ANDERSEN et al., 2004), (EVANS; LENZ; LESSOR, 1989), (CHRISTOFFERS et al.,2003). N
  • 4. 128 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Ferreira, D. T.; Faccione, M. Figura 3. Relação estrutura versus atividade analgésica da morfina. Figura 4. Principais caminhos de biotransformações da morfina. Derivados da Oripavina os endoderivados O OH N OH } } aumento de potência oxidação eterificação eterificação diminuição de potência saturação aumento de potência grupo volumoso antagonistas demetilação diminuição da potência OOH N CH3 OH O N CH3 OOH O OH OH OH OH O N CH3 OHCH3O O N CH3 OHO S OO OH OCH3O N OH H OOH N OH H codeína morfina-6-glicuronídeo derivado ativo normorfina decréscimo de atividadesulfato de morfinanorcodeína morfina Os representantes desta classe são conhecidos como opiáceos-6,14-endoeteno ou adutos de Diels- Alder, e apresentam alta potência analgésica, que em alguns casos, chega a ser 1000 vezes maior do que a da morfina. Exemplos de fármacos desta classe são: a acetorfina, a aletorfina, a buprenorfina, a diprenorfina e a etorfina. A buprenorfina é um opióide de ação mista que tem alta afinidade pelos receptores k e também funciona como antagonista nos receptores k e a sua potência analgésica é de 25-40 vezes maior do que a da morfina. Ela tem a habilidade em atenuar os efeitos fisiológicos e psicológicos de outros opióides e o seu tempo de ação é prolongado, pela lenta dissociação dos receptores e o uso de dose diária menor. Os efeitos da retirada do fármaco, em relação à síndrome de abstinência, são pequenos e, dessa forma, ela torna-se um fármaco apropriado para o tratamento de detoxificação em dependentes de heroína.Elaagecomoindutordaapoptose,possuiação citotóxica o que indica sua potencial ação na quimioterapia do câncer (SOBEL et al., 2004), (DAVIDS; GASTPAR, 2004), (SPORER, 2004), (JAFFE; O’KEEFFE, 2003), (KUGAWA; MATSUMOTO; AOKI, 2004) e (POIRIER et al., 2004).
  • 5. 129 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas Figura 5. Exemplo de derivados da oripavina. OOH OMe N CH3 OH CH3 CH3 R= CH3 R=C(CH3)3 OOH OMe N CH3 OH R etorfina diprenorfina buprenorfina Morfinanos E 2,6-Metano-3-Benzazocinas e relacionados Os morfinanos são opióides sintéticos derivados do levorfanol ou do dextrorfano e a sua atividade analgésica é encontrada exclusivamente nos isômeros levo. Os principais representantes desta classe são o levorfanol e o butorfanol. A ciprodima é um antagonista puro nos receptores (ALDRICH, 1996; WILLET, 1998). Os derivados de 2,6-metano-3- benzazocinas (benzomorfanos) possuem ação farmacológica mista, agonista-antagonista, porém, somente as formas levo destes fármacos apresentam atividade analgésica (ALDRICH, 1996; FRIES, 1995; WILLET, 1998). Figura 6. Exemplos de morfinanos 2 3 4 6 8 910 11 13 14 15 17 1 7 5 N R OH 16 R = CH3 R = ciclopropilmetil R = CH2-CH=CH2 1 2 45 N OR CH3 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 7 R = H R = CH3 14 14 N OOMe OMe N OH OH levorfanol levalorfano dextrorfano dextrometorfano butorfanolciprodima ciclorfano 12 6 3 Figura 7. Exemplos de 2,6-metanobenzazocinas (benzomorfanos) e derivados. 1 2 3 4 5 6 N OH R 78 9 10 11 R = CH3 R = CH2 C6 H5 R = R = CH2CH=C(CH3)2 3 5 11 1 2 4 6 OH NH2 8 9 10 13 dezocina 7 metazocina fenazocina pentazocina ciclazocina
  • 6. 130 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Ferreira, D. T.; Faccione, M. Fenilpiperidinas e relacionados A petidina é o protótipo desta classe agindo predominante nos receptores m agonistas. A sua passagem no SNC é em torno de 600 vezes maior, em concentração, do que a morfina. Ela exerce efeitos farmacológicos diversos: hipnoanalgésico, espasmolítico, anestésico geral e anti-histamínico suave. A utilização deste fármaco tem diminuído em razão dos efeitos tóxicos de um dos seus metabólitos (nor-meperidina) e pela presença de um contaminante gerado pela degradação hidrolítica da função éster produzindo o N-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina (MPTP). A nor-meperidina é hepatotóxica e irritante do sistema nervoso central enquanto o MPTP causa efeitos severos a este sistema, semelhantes aos produzidos pelo mal de Parkinson (GERRA et al., 2004; QUAGLIA et al., 2003; KESKIN et al., 2003; PANDA et al., 2004). Figura 8. Fenilpiperidinas, meperidina (petidina): produtos de metabolismo e de hidrólise. N O O CH3 N H O O N CH3metabolismo hidrólise MPTP nor-meperidina petidina Fenilpropilaminas Os representantes dessa classe são: a metadona (6-dimetilamino-4,4-difenil-3-heptona) e o dextropropoxifeno. A metadona é um opióide agonista sintético importante em saúde pública, sendo amplamente utilizado na prevenção da síndrome de abstinência de opióides. Como analgésico, é aproximadamente, duas vezes mais potente que a morfina. A molécula da metadona é quiral. A R-(-) metadona tem alta afinidade pelos receptores de opióide. A metadona apresenta um tempo de eliminação maior e a sua potência analgésica é 50 vezes maior do que a do isômero S-(+). Por outro lado, o isômero S-(+) tem maior ação imunossupressora. As biotransformações estão representadas na Figura 9. O l- -acetilmetadol (LAAM) foi aprovado para uso em programas de manutenção do tratamento de adictos em heroína. Ele atua convertendo-se em metabólitos ativos, o que explicaria o início lento e a duração prolongada de sua ação. O isômero d- -acetilmetadol é inativo (WHITTINGTON; SHEFFELS; KHARASCH, 2004; HUTCHINSON; SOMOGYI, 2004; NANOVSKAYA et al., 2004; FERRARI et al., 2004).
  • 7. 131 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas Figura 9. Metabolismo da metadona e do LAAM N O H N N N O O levo-alfa-acetilmetadol LAAM N O O H H ativo dinor-LAAM N O O H ativo nor-LAAM N O N OH N H OH ativo N H H OH ativo + nor-metadona EDDP inativo EMDP inativo metadona -metadol ativo normetadol dinormatadol Derivados do Ciclohexanol O principal representante dessa classe é o (1RS, 2RS)-2-[(dimetilamino)-metil]-1-(3-metoxifenil)- cicloexanol - (tramadol). Ele é utilizado no tratamento de dores (moderadas a intensa). O isômero (+) é um agonista seletivo para os receptores de opióides e atua inibindo a reabsorção da serotonina aumentando a sua concentração no cérebro. Já o isômero (-) inibe a reabsorção da norepinefrina. O tramadol tem sido estudado e apresentado resultados positivos para sua utilização como antidepressivo. As biotransformações estão representadas na Figura 10. Os principais efeitos colaterais são a depressão respiratória e os efeitos cardiovasculares. Os estudos atuais revelam que mais de 26 casos de mortes estão associadas à utilização deste fármaco em combinação com os benzodiazepínicos (REITZ et al., 1995), (KOWALUK; ARNERIC, 1998), (FARON- GÓRECKA et al., 2004; CAMPANERO et al., 2004; LEHTONEN et al., 2004; KOROLKOVAS, 1988; CLAROT et al., 2004; PAIVA; LOBO; CHAINHO, 2003; CLAROT, 2003 ).
  • 8. 132 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Ferreira, D. T.; Faccione, M. Figura 10. Estruturas do tramadol e de seus principais metabólitos. H N HCH3 OH O CH3 M2 H N CH3 CH3 OH O H H N HH OH O CH3 M3 H N HCH3 OH O H H N HH OH O H M1 M4 M5 H N CH3 CH3 OH O CH3 tramadol O COOH OH OH OH H N CH3 CH3 OH O ativo beta-D-glicuronídeo Efeitos adversos e colaterais e perspectivas futuras As múltiplas interações dos opióides com os receptores ( , , e ) contribuem para o aparecimento de efeitos colaterais associados ao efeito analgésico. Estes efeitos incluem dependência física e psíquica, tolerância, imunosupressão, depressão respiratória, constipação, vômitos, náuseas, distúrbios cardiovasculares, tonturas, alterações do humor, retenção urinária, prurido, alterações da memória e do aprendizado e alterações do apetite. Eles podem causar a síndrome de abstinência, característica de opióides. Apesar dos progressos ocorridos no entendimento de como os opióides interagem com os ligantes produzindo os efeitos farmacológicos e as altas seletividades obtidas, a obtenção de um analgésico com alta potência, similar a morfina, e desprovido dos efeitos indesejáveis ainda continua sendo um desafio (GUNION; MARCHIONNE; ANDERSON, 2004; WOODY et al., 2003; KOWALUK; LYNCH; JARVIS, 2000; EMMERSON et al., 2004). Antagonistas de Hipnoanalgésicos Os antagonistas de opióides evitam, ou eliminam, a depressão respiratória provocada pela administração de analgésicos opióides. Alguns desses fármacos podem ser usados em tratamentos de indivíduos com intoxicação causada por opióides, em testes de dependência narcótica e nos casos de alcoolismo. A simples troca de um radical N-metil por um radical N -alil, N-ciclopropilmetil (CMP) ou N-ciclobutilmetil (CBM), pode alterar a ação agonista potente para a ação antagonista potente. Estes derivados induzem uma alteração conformacional no receptor ou bloqueiam certas áreas essenciais do receptor, impedindo a interação com o receptor (ALDRICH, 1996; CRAFT; MCNIEL, 2003; CHEN et al., 2004).
  • 9. 133 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas Figura 11. Antagonistas puros de opióides. Figura 12. Antagonistas mistos. naloxona OOH N OH nalmefeno OOH N OH O naltrexona OOH N OH O butorfanol N OH OH pentazocina ciclazocinaR = 5 N R OH 78 9 10 11 CH2-CH=C(CH3)2 R = O OH N OH buprenorfina O OMe N OH OH N OHOH O nalorfina nalbufina
  • 10. 134 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Ferreira, D. T.; Faccione, M. Tabela 1. Seletividade dos Opióides nos receptores , , , 3 FÁRMACOS - Analgesia,euforia,constipação dependência física e pisíquica, imunossupressão, depressão respiratória, vômitos. - Analgesia, imuno- estimulação, depressão respiratória. - Analgesia, sedação, miose, diurese, disforia. morfina +++ metadona +++ etorfina +++ +++ +++ levorfanol +++ NA butorfanol AP NA +++ buprenorfina AP NA naloxona naltrexona diprenorfina nalorfina + pentazocina AP ++ nalbufina ++ etilcetociclazocina AP + +++ Peptídeos Endogenos metilencefalina ++ +++ leu-encefalina ++ +++ -endorfina +++ +++ dinorfina A ++ +++ dinorfina B + +++ -neoendorina + +++ endomorfina-1 +++ * endomorfina-2 +++ * (+) = Agonista; (-) = Antagonista; (AP) = agonista parcial; (NA) = Não avaliado ou inadequado; (*) Baixa afinidade e concentração. Dados adaptados (GUNION,2004; FRIES , 1995; REISINE, T.; PASTERNAK,1996 Referências ALDRICH,J.V.Analgesics.In:ABRAHAM,D.J.Burger’s Medicinal Chemistry and Drug Discovery. 5.ed. New York: John Willey and Sons, 1996. v.3, p.321-441. ANDERSEN,G.;SJOGREN,P.;HANSEN,S.H.;JENSEN, N. H.; CHRISTRUP, L. Pharmacological consequences of long-term morphine treatment in patients with cancer and chronic non-malignant pain. European Journal of Pain, Heidelberg, v.8, n.3, p.263-271, 2004. BECKER, J.; SCHMIDT ,P.; MUSSHOFF, F.; FITZENREITER, M.; MADEA, B. MOR 1 receptor expression in human brains of drug-related fatalities-a real- time PCR quantification. Forensic Science International, Lausanne, v.140, n.1, p.13-20, 2004. CAMPANERO, M. A.; GARCIA-QUETGLAS, E.; SADABA, B.; AZANZA, J. R. Simultaneous stereoselective analysis of tramadol and its primary phase I metabolites in plasma by liquid chromatography application to a pharmacokinetic study in humans. Journal of Chromatography A, Amsterdam, v.1031, n.1/2, p.219- 228,2004. CHEN,T.J.H.;BLUM,K.;PAYTE,J.T.;SCHOOLFIELD,J.; HOPPER,D.;STANFORD,M.;BRAVERMAN,E.R.Narcotic antagonists in drug dependence: pilot study showing enhancement of compliance with SYN-10, amino-acid precursors and enkephalinase inhibition therapy. Medical Hypotheses, Livingstone, v. 63, n.3, p.538-548, 2004. CHRISTOFFERS, K. H.; LI, H.; KEENAN, S. M.; HOWELLS, R. D. Purification and mass spectrometric analysis of the ¼ opioid receptor. Molecular Brain Research, Amsterdam, v.118, n.1/2, p.119-131, 2003. CLAROT, F.; GOULLE, J. P; VAZ, E.; PROUST, B. Fatal overdoses of tramadol: is benzodiazepine a risk factor of lethality ? Forensic Science International, Lausanne, v.134,n.1,p.57-61,2003. CLAROT,F.PIERRE,G.J.;VAZ,E.;PROUST,B.Tramadol- benzodiazepines and buprenophine-benzodiazepines: two potential fatal cocktails? Journal of Clinical Forensic Medicine, London, v. 10, p.125-128, 2003. CONTET, C.; KIEFFER, B. L. BEFORT, K. Mu opioid
  • 11. 135 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas receptor: a gateway to drug addiction .Current Opinion in Neurobiology, London, v.14, n.3, p.370-378, 2004. CRAFT, R. M.; MCNIEL, D. M. Agonist/antagonist properties of nalbuphine, butorphanol and (-)-pentazocine in male vs. female rats. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, Fayetteville, v.75, n.1, p.235-245, 2003. DAVIDS,E.;GASTPAR,M.Buprenorphineinthetreatment of opioid dependence. European Neuropsychopharmacology, Amsterdam, v.14, n.3, p.209- 216.2004. EMMERSON, P. J.; MCKINZIE, J. H; SURFACE, P. L; SUTER, T. M; MITCH, C. H.; STATNICK, M. A. Na + modulation, inverse agonism, and anoretic potency of 4- phenylpiperidine opioid antagonists. European Journal ofPharmacology,Amsterdam,v.494,n.2/3,p.121-130,2004. EVANS, S. M.; LENZ, G. R.; LESSOR, R. A. Analgesics. Annual Reports in Medicinal Chemistry, San Diego, v.25, p.11-19,1989. FARON-GÓRECKA, A.; . KUSMIDER, M.; INAN, S. Y.; SIWANOWICZ, J.; DZIEDZICKA-WASYLEWSKA, M. Effects of tramadol on ±2 -adrenergic receptors in the rat brain. Brain Research, Amsterdam, v.1016, n.2, p.263-267, 2004. FERRARI, A.; COCCIA, C. P. R.; BERTOLINI, A.; STERNIERI, E. Methadone-metabolism, pharmacokinetics and interactions. Pharmacological Research, London, v.50,n.6,p.551-559,2004. FRIES, D.S. Analgesics. In: FOYE,W.O.; LEMKE, L.T.; WILLIAMS, D.A Principles of medicinal chemistry. 4. ed. New York: Williams & Wilkins, Media, 1995. Cap. 14 GERRA, G.; BORELLA, F.; ZAIMOVIC, A.; MOI, G.; BUSSANDRI, M.; BUBICI, C.; BERTACCA, S. Buprenorphine versus methadone for opioid dependence: predictor variables for treatment outcome. Drug and Alcohol Dependence, Limerick, v.75, n. 1, p.37-45, 2004. GUNION,M.W.;MARCHIONNE,A.M.;ANDERSON,C. T. M. Use of the mixed agonist- antagonist nalbuphine in opioid based analgesia. Acute Pain, London, v.6, p.29-39, 2004. HUTCHINSON,M.R.;SOMOGYI,A.A.(S)-(+)-methadone is more immunosuppressive than the potent analgesic (R)- (-)-methadone. International Immunopharmacology, Amsterdam, v. 4, n.12, p.1525, 2004. JAFFE, J. H.; O’KEEFFE, C. From morphine clinics to buprenorphine: regulating opioid agonist treatment of addiction in the United States. Drug and Alcohol Dependence, Limerick, v. 70, p.S3-S11, 2003. Suppl. KESKIN,H.L.;KESKIN,E.A;AVSAR,A.E;TABUK,M.; CAGLAR, G. S. Pethidine versus tramadol for pain relisf during labor. International Journal of Gynecology & Obstetrics, Amsterdam, v.82, n.1, p.11-16, 2003. KOROLKOVAS, A. Dicionário terapêutico Guanabara. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1988. KOROLKOVAS, A.; BURKHALTER, J. H. Química farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. KOWALUK, E. A.; ARNERIC, S. P. Novel Molecular Approaches to Analgesics. Annual Reports in Medicinal Chemistry, San Diego, v.33, p.11-20, 1998. KOWALUK, E. A.; LYNCH, K. J.; JARVIS, M. F. Recent advances in development of novel analgesics. In: BRISTOL, J. A. Annual Reports in Medicinal Chemistry, San Diego, v.35, p.21-30, 2000. KUGAWA, F.; MATSUMOTO, K.; AOKI, M. Apoptosis- like cell death of human breast cancer line MCF-7 induced by buprenophine hydrochloride. Life Sciences, Elmsford, v.75,n.3,p.287-299,2004. LEHTONEN,P.;SIREN,H.;OJANPERA,I.;KOSTIAINEN, R. Migration behaviour and separation of tramadol metabolites and diastereomeric separation of tramadol glucuronides by capillary eletrophoresis. Journal of Chromatography A, Amsterdam, v.1041, n.1/2, p.227-234, 2004. NANOVSKAYA,T.N.;DESHMUKH,S.V.;NEKHAYEVA, I. A.; ZHARIKOVA, O. L; HANKINS, G. D.; AHMED, M. S. Methadone metabolism by human placenta. Biochemical Pharmacology, New York, v.68, n.3, p.583- 591,2004. PAIVA, A.; LOBO, M.; CHAINHO, J. Dependence on tramadol – a cases. European Neuropsychopharmacology, Amsterdam, v.13, Suppl.4, p.S421-S422,2003. PANDA, M.; DESBIENS, N.; DOSHI, N.; SHELDON, S. Determinants of prescribing meperidine compared to morphine in hospital patients. Pain, Amsterdam, v.110, n.1/2,p.337-342,2004. POIRIER,M.F.;LAQUEILLE,X.;JALFRE,V.;WILLARD, D.;BOURDEL,M.C.;FERMANIAN,J.;OLIE,J.P.Clinical profile of responders to buprenorphine as a substitution treatment in heroin addicts: results of a multicenter study of 73 patients. Progress in Neuro-Psychopharmacology &BiologicalPsychiatry, Oxford,v.28,n.2,p.267-272,2004. QUAGLIA,M.G.;FARINA,A.;DONATI,E.;COTECHINI, V.; BOSSU, E. Determination of MPTP, a toxic impurity of pethidine. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, Amsterdam, v.33, n.1, p.1-6, 2003,. REISINE, T.; PASTERNAK, G. Opioid analgesics and
  • 12. 136 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 26, n. 2, p. 125-136, jul./dez. 2005 Ferreira, D. T.; Faccione, M. antagonists. In: GOODMAN; GILMAN’ S. The pharmacological basis of therapeutics. 9.ed. New York: Mc-Graw-Hill,1996. Cap.23. REITZ,A.B.;JETTER,M.C.;WILD,K.D.;RAFFA,R.B. Centrally Acting Analgesics. Annual Reports in Medicinal Chemistry, San Diego, v.30, p.11-20, 1995. SNYDER, S. H. Opiate receptors and beyond: 30 years of neural signaling research. Neuropharmacology, New York, v.47, p.274-285, 2004. Suppl. SOBEL,B.F.X.;SIGMON,S.C.;WALSH,S.L.;JOHNSON, R.E.;LIEBSON,I.A.;NUWAYSER,E.S.;KERRIGAN,J. H.; BIGELOW, G. E. Open-label trial of an injection depot formulation of buprenorphine in opioid detoxification. Drug and Alcohol Dependence, Limerick, v.73, n.1, p.11- 22,2004. SOIGNIER, R. D.; VACCARINO, A. L.; FANTI, K. A; WILSON, A. M.; ZADINA, J. E. Analgesic tolerance and cross-tolerance to i. c .v. endomorphin-1 endomorphin-2, and morphine in mice. Neuroscience Letters, Limerick, v.366,n.2,p.211-214,2004. SPORER, K. A. Buprenorphine: A primer for emergency physicians. Annals of Emergency Medicine, Lansing, v.43, n.5,p.580-583,2004. WHITTINGTON, D.; SHEFFELS, P.; KHARASCH, E. D. Stereoselective determination of methadone and the primary metabolite EDDP in human plasma by automated on-line extraction and liquid chromatography mass spectrometry. Journal of Chromatography B, Analytical Technologies in the Biomedical and Life Sciences, Amsterdam, v.809, n.2, p. 13-321, 2004. WILLETTE,R.E.AnalgesicAgents.In:BLOCK,J.;BEALE JR., J. M. Wilson & gisvold’s textbook of organic medicinal and pharmaceutical chemistry. 10. ed. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1998. Cap.22 WOODY,G.E.;SENAY,E.C.;GELLER,A.;ADAMS,E.H.; INCIARDI,J.A.;SCHNOLL,S.;MUNOZ,A.;CICERO,T. J. An independent assessment of MEDWatch reporting for abuse/dependence and withdrawal from Ultram (tramadol hydrochloride). Drug and Alcohol Dependence, Limerick, v.72, n.2, p.163-168, 2003. ZARRINDAST, M. R.; REZAYOF, A. Morphine state- dependent learning: sensitization and interations with dopamine receptors. European Journal of Pharmacology, Amsterdam, v.497, n.2, p.197-204, 2004.