SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  12
Gêneros literários
    Muitas teorias e discussões há em torno dos gêneros literários. Os
especialistas em teoria literária estão sempre à procura de soluções gerais,
nem sempre possíveis ou aceitáveis nos casos particulares.

    A palavra gênero, etimologicamente, significa família, raça ou conjunto
de seres dotados de características comuns.

     Portanto, que viria a ser gênero literário? De maneira muito
simplificada, diríamos que gênero literário é um conjunto de obras dotadas
de características comuns.

    Desde Platão, os três gêneros fundamentais estabelecidos dó: o lírico,
o dramático e o narrativo.

      Essa tripartição, com todos os matizes de que pode revestir-se, está
psicologicamente fundamentada nas três faculdades essenciais da alma
humana, fontes de toda mensagem verbal: a sensibilidade, a vontade e a
inteligência. Como decorrência surgem, espectivamen-te, as três funções
da linguagem, manifestadas em qualquer obra literária: a expressão ou
função expressiva (pela sensibilidade), o apelo ou função apelativa (pela
vontade) e a representação ou fun-ção informativa (pela inteligência).

     Entretanto, essa tripartição, perfeita e lógica na sua essência, pode
tornar--se discutível e até errônea na prática, quando aplicada rigidamente
a determinadas obras. É que na criação artística conflu-em as águas
dessas três fontes, interpenetrando-se as funções da linguagem. E em
certas obras predominará um gênero sobre o outro, mas nunca haverá a
expressão pura de um só gênero.

     Os modernos críticos, notadamente Todorov, ensinam que os gêneros
literários devem ser estudados indutivamente, a partir das características
da obra e não a partir de nomes classificatórios.

    Assim, fundindo a tripartição tradicional (lírico, épico e dramático),
com as diferenciações apontadas pelas modernas teorias literárias, temos
quatro gêneros básicos e suas respectivas formas:

    Gênero lírico

    Poemas de forma fixa: soneto, por exemplo.

    Gênero narrativo
Épico (epopéia)

    Ficção: romance, novela, conto, crônica.

    Gênero dramático: tragédia, comédia, tragicomédia, drama, auto.

    Gênero ensaístico: ensaio, artigo, análise de texto, oratória, carta.

    Gênero lírico

    O adjetivo lírico deriva de lira, instrumento de força expressiva já
empregado pelos gregos. Essa associação entre música e lirismo é feita
desde as primeiras épocas da cultura artística ocidental, chegando até
nossos dias.

    A subjetividade lírica é estruturada com idéias, sentimentos, emoções,
recordações, desejos, profundos estados de espírito que, em muitos casos,
roçam o indefinível, o inefável e que só podem ser expressos pela
musicalidade, pela metáfora e pela poesia. Por essa razão é que o lirismo
encontrou, durante a evolução histórica, a sua mais perfeita e generalizada
forma de expressão no verso, com seu ritmo e rima próprios.

      Se a prosa rejeita a rima, o verso a busca, exatamente como
instrumento de expressão das emoções, as quais se afirmam mais pela
repetição e pela simbologia do que pela descrição ou pelo recurso à
caracterização ambiental.

      Conseqüentemente, no poema lírico, não há protagonistas, como na
literatura de ficção, não há ambiente físico caracterizado, nem episódio,
nem enredo, nem temporalidade definida. As emoções profundas do poeta,
seu “euquot;, sua visão do mundo (e não o mundo) são o que vale.

    A linguagem poética é, assim, muito particular. Se quisermos entendê-
la, é preciso que nos familiarizemos com ela e isso só será possível
mediante uma leitura cuidadosa e freqüente de poemas.

    (in Estudo Dirigido de Português, vol. 1, J. Milton Benemann e
Luís Agostinho Cadore, 1984, Editora Ática)

    Atualmente, esse gênero está muito presente nas letras de músicas,
que são poemas cantados, voltando às origens

    .

    Um homem também chora
Gonzaguinha

Um homem também chora

Menina morena

Também deseja colo

palavras amenas

Precisa de carinho

Precisa de ternura

Precisa de um abraço

da própria candura

Guerreiros são pessoas

são fortes, são frágeis

Guerreiros são meninos

por dentro do peito

Precisam de um descanso

Precisam de um remanso

Precisam de um sonho

que os tornem perfeitos

É triste ver meu homem

guerreiro menino

com a barra do seu tempo

com o nosso ideal

São frases perdidas num mundo

por sobre seus ombros

Eu vejo que ele sangra
Eu vejo que ele berra

    a dor que tem no peito

    pois ama e ama

    Um homem se humilha

    se castram seus sonhos

    Seu sonho é sua vida

    e vida é trabalho

    E sem o seu trabalho

    o homem não tem honra

    E sem a sua honra

    se morre, se mata

    se morre

    se mata

    não dá pra ser feliz

    não dá pra ser feliz

    Gênero narrativo

     A palavra ficção vem do latim fictionem (fingere, fictum), ato de
modelar, criação, formação; ato ou efeito de fingir, inventar, simular;
suposição; coisa imaginária, criação da imaginação. Literatura de ficção é
aquela que contém uma história inventada ou fingida, fictícia, imagi-nada,
resultado de uma invenção imaginativa, com ou sem intenção de enganar.

     A ficção é um dos gêneros literários ou de imaginação criadora (ao
lado dos gêneros dramático, lírico, ensa-ístico). A literatura de imaginação
ou de criação é a interpretação da vida por um artista através da palavra.
No caso da ficção (romance; conto, novela), e da epopéia, essa
interpretação é expressa por uma história, que encor-pa a referida
interpretão. É, portanto, literatura narrativa.
A essência da ficção é, pois, a narrativa. Ë a sua espinha dorsal,
correspondendo ao velho instinto humano de contar e ouvir histórias, uma
das mais rudimentares e populares formas de entretenimento. Mas nem
todas as histórias são arte. Para que tenha o valor artístico, a ficção exige
uma técnica de arranjo e apresentação, que comunicará à narrativa beleza
de forma, estrutura e unidade de efeito. A ficção distingue-se da história e
da biografia, por estas serem narrativas de fatos reais. A ficção é produto
da imaginação criadora, embora, como toda a arte, suas raízes mergulhem
na experiência humana. Mas o que a distingue das outras formas de
narrativa é que ela é uma transfiguração ou transmutação da realidade. Ela
coloca a massa da experiência humana dentro de um molde, seleciona,
omite, arruma os dados da experiência de modo a fazer surgir um plano,
que se apresenta como uma entida-de, com vida própria, com um sentido
intrínseco, diferen-te da realidade. A ficção não pretende fornecer um
simples retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da realidade,
uma reinterpretação, uma revisão. Ë o espetáculo da vida por meio do
olhar interpretativo do artista, a interpretação artística da realidade.”’

    • Elementos da narrativa

     O mundo da ficção desenvolve-se ao redor dos seguintes elementos
estruturais:

    1.Personagem

    É a pessoa (de persona) que atua na narrativa. Pode ser principal ou
secundária, típica ou caricatural.

    2.Enredo

    É a narrativa propriamente dita, que pode ser linear ou retrospectiva,
cuja trama mantém o interesse do leitor, que espera por um desfecho.
Chama-se também simples-mente de ação.

    3. Ambiente

    É o meio físico e social onde se desenvolve a ação das personagens.
Trata-se do pano de fundo ou do cenário da história, também designado
de paisagem.

    4.Tempo

     É o elemento fortemente ligado ao enredo numa seqüência linear ou
retrospectiva, ao passado, presente e futuro, com seus recuos e avanços.
Pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico, quando avança no
sentido do relógio; psicológico, quando é medido pela repercussão
emocional, estética e psicológica nas personagens.

    5.Ponto de vista

    Tecnicamente, podemos dizer. que se refere às diferentes maneiras de
narrar. Geralmente, se resumem em duas:

    a) narrador-onisciente: autor conta a história como observador que
sabe tudo. Usa a 3ª pessoa.

      b) narrador-personagem: autor conta, encarnando-se              numa
personagem, principal ou secundáría. Usa a lª pessoa.

    6. Discurso

    É o procedimento do narrador ao reproduzir as falas ou o pensamento
das personagens. Há três tipos de discurso:

     a) direto: neste caso, o narrador, após introduzir as personagens, faz
com que elas reproduzam a fala e o pensamento por si mesmas, de modo
direto, utilizando o diálogo. Exemplo:

    Baiano velho perguntou para o rapaz:

    —O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial

    b) indireto: neste tipo de discurso, não há diálogo; o narrador não põe
as personagens a falar e a pensar diretamente, mas ele faz-se o intérprete
delas, transmitindo o que disseram ou pensaram, sem reproduzir o
discurso que elas teriam empregado. Exemplo:

    Baiano velho perguntou para o rapaz se o jornal não tinha dado nada
sobre a sucessão presidencial.

     c) indireto livre: consiste na fusão entre narrador e personagem, isto
é, a fala da personagem insere-se no discurso do narrador, sem o emprego
dos verbos de elocução (como dizer, afirmar, perguntar, responder, pedir e
exclamar). Exemplo:

    Agora (Fabiano) queria entender-se com Sinhá Vitória a respeito da
educação dos pequenos. E eles estavam perguntadores, insuportáveis.

    Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber?

    Tinha? Não tinha.
7. Linguagem e estilo

    É a vestimenta com que o autor reveste seu discurso, nas falas, nas
descrições, nas narrações, nos diálogos, nas dissertações ou nos
monólogos.

    • Espécies narrativas

     Nem sempre é possível classificar um determinado texto ou obra
dentro de uma determinada modalidade narrativa. Didaticamente,
podemos caracterizar o romance, a nove-la, o conto, a crônica e a epopéia.

    1. Romance

    É a modalidade narrativa de maior vulto, onde a visão do mundo do
autor se manifesta pelo forte conflito das personagens. O romance aborda
os mais variados assuntos. Assim, podem ser históricos, psicológicos,
experimentais, científicos, policiais etc.

    São exemplos de romances: Iracema, de José de Alencar; Quincas
Borba, de Machado de Assis; O mulato, de Aluísio Azevedo; Corpo vivo, de
Adonías Filho etc.

     Há ainda romances que são classificados como verdadeiras epopéias
em prosa. Entre eles estão: O sertões, de Eudides da Cunha e Grande
sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

    2. Novela

     É a modalidade narrativa que se caracteriza pela sucessividade dos
episódios, muitas vezes das persona-gens e dos cenários. O tempo e o
espaço conjugam-se dentro dessa estrutura. Assim; a novela condensa os
ele-mentos do romance. Os diálogos são mais rápidos, as narrações são
diretas e sem circunlóquios, tudo favore-cendo a precipitação da história’
para o seu desfecho.

     Como exemplo de novelas, podemos citar: Noite, de Érico Veríssimo; A
vida real, de Fernando Sabino; Uma vida em segredo, de Autran Dourado;
A morte e a morte de Quíncas Berro d’Água, de Jorge Amado etc. A
televisão atual explora essa espécie de narrativa com muito sucesso.

    3. Conto
É a modalidade narrativa de maior brevidade. Se o romance é a vida, o
conto é o caso, a anedota. Com economia de cenários e personagens, a
solução do conflito é narrada perto do seu desenlace.

    Eis alguns exemplos de contos já clássicos: O alienista, de Machado de
Assis; Apólogo brasileiro sem véu de alegoría, de Antônio de Alcântara
Machado; O negrinho do pastoreio, de João Simões Lopes Neto; O peru de
Natal, de Mário de Andrade.

    4. Crônica

      É uma espécie de narrativa curta e condensada que capta um
flagrante da vida, pitoresco e atual, real ou imaginário, com uma ampla
variedade temática.

    5. Epopéia

     É uma criação literária, geralmente em verso, de fundo narrativo. (Do
grego epos = canto, narrativa). Des-de os tempos antigos, a epopéia tem
a finalidade de exaltar os heróis nacionais e cantar os grandes feitos dos
povos.

    Modernamente, certos padrões ou estilos de vida foram substituídos
por outros bastante diversos. Os gêneros também foram evoluindo. Assim,
o gênero narrativo em verso — a epopéia — cedeu lugar ao gênero
narrativo em prosa, designado simplesmente de narrativa ou ficção, nas
suas diversas modalidades.

    (in Estudo Dirigido de Português, vol. 1, J. Milton Benemann e
Luís Agostinho Cadore, 1984, Editora Ática)

    Veja o exemplo de um conto:

    O conto que segue pertence a um dos maiores contistas brasileiros da
atualidade, o curitibano Dalton Trevisan. O escritor notabilizou-se em
nossa literatura com o livro de contos O vampiro de Curitiba, seguido por
outros como A guerra conjugal e Desastres do amor. A síntese, um dos
traços do autor, é também uma das tendências do conto contemporâneo.

    O ciclista

    Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na es-quina dá com o sinal
vermelho e não se perturba – levanta vôo bem na cara do guarda
crucificado. No labirinto ur-bano persegue a morte como trim-trim da
campainha: entrega sem derreter sorvete a domicílio.
É sua lâmpada de Aladino a bicicleta e, ao sentar-se no selim, liberta o
gênio acorrentado ao pedal. Indefeso homem, frágil máquina, arremete
impávido colosso, des-via de fininho o poste e o caminhão; o ciclista por
muito favor derrubou o boné.

     Atropela gentilmente e, vespa furiosa que morde, ei-lo defunto ao
perder o ferrão. Guerreiros inimigos tritu-ram com chio de pneus o seu
diáfono esqueleto. Se não se estrebucha ali mesmo, bate o pó da roupa e
– uma perna mais curta – foge por entre nuvens, a bicicleta no ombro.

    Opõe o peito magro ao pára-choque do ônibus. Salta a poça d´água
no asfalto. Nem só corpo, touro e toureiro, golpeia ferido o ar nos cornos
do guidão.

    Ao fim do dia, José guarda no canto da casa o pássaro de viagem.
Enfrenta o sono trim-trim a pé e, na primei-ra esquina, avança pelo céu na
contramão, trim-trim.

    Gênero dramático

     O gênero dramático, desde a antigüidade clássica, teve grande
importância, pois, tanto em suas origens gregas e latinas como medievais,
esteve sempre associado à problemática religiosa, transformando-se, não
raras vezes, em verdadeiro ritual.

     Atualmente, o gênero envolve dois aspectos: de um lado, como
fenômeno literário, temos o texto, a linguagem; de outro, as técnicas de
representação, o espetáculo. Ater-nos-emos, aqui, unicamente ao estudo
do primeiro aspecto.

      No drama, as personagens aparecem dotadas de características
marcantes, representando realidades humanas concretas. Contudo, a
caracterização será indireta, uma vez que se deve sugerir ao público os
traços peculiares das personalidades representadas, sendo que o autor não
pode imiscuir-se na ação. Assim, o teatro exige um esmerado juízo
seletivo, pois cada um dos fatos ocorrentes deve, pela concisão o e pela
síntese, ser capaz de despertar emoção. A obra dramática não apresenta
descrições nem dissertações, mas busca acentuar a ação. O texto é, então,
representativo, onde o diálogo é fundamental, em contraposição ao
romance, à novela, ao conto, cujos textos visam a apresentar, e onde o
diálogo, se houver, é bastante acessório.

    É importante observar ainda que, no teatro, o autor faz uma tentativa
de representar mais a língua falada do que a escrita. Daí os recursos
próprios para enfatizar a entonação, a voz, a mímica, os gestos etc.
Na Idade Média, o teatro tinha as modalidades de auto (milagre ou
mistério) e farsa. No Classicismo, predominaram a tragédia e a comédia,
de cuja fusão surge, no Romantismo, o drama.

     Hoje, o teatro assumiu uma posição crítica com relação aos problemas
político-sociais, o que mostra que ele não é apenas uma forma de
diversão, mas sim um poderoso meio de contestação da sociedade. Como
prova disso, leia o fragmento da peça O pagador de promessas, que foi
inclusive transposta para as telas, ganhando inúmeros prêmios
internacionais.

    Texto: Zé-do-Burro

    Zé — (Olhando a igreja.) É essa. Só pode ser essa. (Rosa pára
também, junto aos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever
uma revolta que se avoluma.)

    Rosa — E agora? Está fechada.

    Zé —É cedo ainda. Vamos esperar que abra.

    Rosa — Esperar? Aqui?

    Zé — Não tem outro jeito.

    Rosa — (Olha-o com raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o
sapato.) Estou com cada bolha d’água no pé que dá medo.

   Zé — Eu também. (Contorce-se num ríctus de dor. Despe uma das
mangas do paletó.) Acho que os meus ombros estio em carne viva.

    Rosa — Bem feito. Você não quis botar almofadinhas, como eu disse.

    Zé — (Convicto) Não era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei
em almofadinha.

     Rosa — Então: se você não falou, podia ter botado; a santa não ia
dizer nada.

    Zé — Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus.
E Jesus não usou almofadinhas.

    Rosa — Não usou porque não deixaram.

   Zé — Não, esse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente
embrulha o santo, perde o crédito. De outra vez o santo olha, consulta lá
os seus assentamentos e diz: — Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já
me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer
promessa pro diabo que o carregue, seu caloteiro duma figa! E tem mais:
santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.

    Rosa — Será que você ainda pretende fazer outra promessa depois
dessa? Já não chega? ...

     Zé — Sei não ... a gente nunca sabe se vai precisar. Por isso, é bom
ter sempre as contas em dia. (Ele sobe um ou dois degraus. Examina a
fachada da igreja à procura de uma inscrição.)

    Rosa — Que é que você está procurando?

     Zé — Qualquer coisa escrita, pra a gente saber se essa é mesmo a
igreja de Santa Bárbara.

    Rosa — E você já viu igreja com letreiro na porta, homem?

    Zé —É que pode não ser essa...

     Rosa — Claro que é essa. Não lembra o que o vigário disse? Uma
igreja pequena, numa praça, perto duma ladeira...

    Zé — (Corre os olhos em volta.) Se a gente pudesse perguntar a
alguém...

     Rosa — Essa hora está todo mundo dormindo. (Olha-o quase com
raiva.) Todo o mundo ... menos eu, que tive a infelicidade de me casar
com um pagador de promessas. (Levanta-se e procura convencê-lo.)
Escute, Zé... já que a igreja está fechada, a gente podia ir procurar um
lugar

    para dormir. Você já pensou que beleza agora uma cama? ...

    Zé — E a cruz?

    Rosa — Você deixava a cruz aí e amanha, de dia ...

    Zé — Podem roubar ...

    Rosa — Quem é que vai roubar uma cruz, homem de Deus? Pra que
serve uma cruz?

    Zé — Tem tanta maldade no mundo. Era correr um risco muito
grande, depois de ter quase cumprido a promessa. E você já pensou: se
me roubassem a cruz, eu ia ter que fazer outra e vir de novo com ela nas
costas da roça até aqui. Sete léguas.

    Rosa — Pra quê? Você explicava à santa que tinha sido roubado, ela
não ia fazer questão.

     GOMES, Dias. O pagador de promessas. São Paulo, Tecnoprint,
[s. d.1. p. 14-8].

    (in Estudo Dirigido de Português, vol. 1, J. Milton Benemann e
Luís Agostinho Cadore, 1984, Editora Ática)




http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=literatura/docs/generos

Contenu connexe

Tendances

Tendances (20)

Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Generos literarios 1
Generos literarios 1Generos literarios 1
Generos literarios 1
 
Gêneros Literários 2.0
Gêneros Literários 2.0Gêneros Literários 2.0
Gêneros Literários 2.0
 
Gêneros literários 3º ano
Gêneros literários  3º anoGêneros literários  3º ano
Gêneros literários 3º ano
 
Generos literarios-2
Generos literarios-2Generos literarios-2
Generos literarios-2
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Exercícios sobre espécies e gêneros literários
Exercícios sobre espécies e gêneros literáriosExercícios sobre espécies e gêneros literários
Exercícios sobre espécies e gêneros literários
 
Gêneros Literários - Professora Lizandra
Gêneros Literários - Professora LizandraGêneros Literários - Professora Lizandra
Gêneros Literários - Professora Lizandra
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Gêneros Literários
Gêneros LiteráriosGêneros Literários
Gêneros Literários
 
Os gêneros literários
Os gêneros literáriosOs gêneros literários
Os gêneros literários
 
Literatura - Gêneros Literários
Literatura - Gêneros LiteráriosLiteratura - Gêneros Literários
Literatura - Gêneros Literários
 
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
 
Gêneros Literários
Gêneros LiteráriosGêneros Literários
Gêneros Literários
 
Texto literário e não literário 2
Texto literário e não literário 2Texto literário e não literário 2
Texto literário e não literário 2
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Gêneros literários - 1º Ano do Ensino Médio
Gêneros literários - 1º Ano do Ensino MédioGêneros literários - 1º Ano do Ensino Médio
Gêneros literários - 1º Ano do Ensino Médio
 
Gêneros Literários
Gêneros Literários Gêneros Literários
Gêneros Literários
 
Slide generos literarios
Slide generos literariosSlide generos literarios
Slide generos literarios
 
Gênero épico
Gênero épicoGênero épico
Gênero épico
 

Similaire à Gêneros Literários: Conhecendo os Principais Estilos Narrativos

Resumão gêneros literários.pptx
Resumão gêneros literários.pptxResumão gêneros literários.pptx
Resumão gêneros literários.pptxssuser36fc8b
 
Introdução aos estudos literários
Introdução aos estudos literáriosIntrodução aos estudos literários
Introdução aos estudos literáriosElaine Teixeira
 
Elementos da narrativa
Elementos da narrativaElementos da narrativa
Elementos da narrativaCirlene Katia
 
1___Ano_Literatura___Introducao.pdf
1___Ano_Literatura___Introducao.pdf1___Ano_Literatura___Introducao.pdf
1___Ano_Literatura___Introducao.pdfPollyanaRibeiroFerra
 
Literatura e Movimentos Literários - uma introdução
Literatura e Movimentos Literários - uma introduçãoLiteratura e Movimentos Literários - uma introdução
Literatura e Movimentos Literários - uma introduçãoCarolina Matuck
 
21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo (1).pptCAMILADELMONDES3
 
Gêneros Literários Completo com exercícios
Gêneros Literários Completo com exercíciosGêneros Literários Completo com exercícios
Gêneros Literários Completo com exercíciosMaiteFerreira4
 
21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo.pptlluiscarlosdassilva
 
Relatã³rio da aula quatorze de marã§o
Relatã³rio da aula quatorze de marã§oRelatã³rio da aula quatorze de marã§o
Relatã³rio da aula quatorze de marã§oRaquelzinhadf
 
3° ano - Contos e crônicas
3° ano - Contos e crônicas3° ano - Contos e crônicas
3° ano - Contos e crônicasProfFernandaBraga
 
Noções básicas de linguagem cinematográfica
Noções básicas de linguagem cinematográficaNoções básicas de linguagem cinematográfica
Noções básicas de linguagem cinematográficadesignuna
 
Trabalho de literatura ! professora Rosana
Trabalho de literatura ! professora RosanaTrabalho de literatura ! professora Rosana
Trabalho de literatura ! professora RosanaRosana Faustino
 
Gêneros Literários
Gêneros LiteráriosGêneros Literários
Gêneros LiteráriosIvana Mayrink
 
Trabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º B
Trabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º BTrabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º B
Trabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º BVanda Crivillari
 

Similaire à Gêneros Literários: Conhecendo os Principais Estilos Narrativos (20)

Resumão gêneros literários.pptx
Resumão gêneros literários.pptxResumão gêneros literários.pptx
Resumão gêneros literários.pptx
 
Literatura
LiteraturaLiteratura
Literatura
 
Introdução aos estudos literários
Introdução aos estudos literáriosIntrodução aos estudos literários
Introdução aos estudos literários
 
Elementos da narrativa
Elementos da narrativaElementos da narrativa
Elementos da narrativa
 
Aula português 2
Aula português 2Aula português 2
Aula português 2
 
1___Ano_Literatura___Introducao.pdf
1___Ano_Literatura___Introducao.pdf1___Ano_Literatura___Introducao.pdf
1___Ano_Literatura___Introducao.pdf
 
generos.pptx
generos.pptxgeneros.pptx
generos.pptx
 
Literatura e Movimentos Literários - uma introdução
Literatura e Movimentos Literários - uma introduçãoLiteratura e Movimentos Literários - uma introdução
Literatura e Movimentos Literários - uma introdução
 
Trabalho novo diogo
Trabalho novo diogoTrabalho novo diogo
Trabalho novo diogo
 
21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo (1).ppt
 
Gêneros Literários Completo com exercícios
Gêneros Literários Completo com exercíciosGêneros Literários Completo com exercícios
Gêneros Literários Completo com exercícios
 
21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt
21032023085321Gêneros Literários Completo.ppt
 
Relatã³rio da aula quatorze de marã§o
Relatã³rio da aula quatorze de marã§oRelatã³rio da aula quatorze de marã§o
Relatã³rio da aula quatorze de marã§o
 
Ativ 2 8_rosanafaustino
Ativ 2 8_rosanafaustinoAtiv 2 8_rosanafaustino
Ativ 2 8_rosanafaustino
 
3° ano - Contos e crônicas
3° ano - Contos e crônicas3° ano - Contos e crônicas
3° ano - Contos e crônicas
 
Noções básicas de linguagem cinematográfica
Noções básicas de linguagem cinematográficaNoções básicas de linguagem cinematográfica
Noções básicas de linguagem cinematográfica
 
Teoria do texto literário
Teoria do texto literárioTeoria do texto literário
Teoria do texto literário
 
Trabalho de literatura ! professora Rosana
Trabalho de literatura ! professora RosanaTrabalho de literatura ! professora Rosana
Trabalho de literatura ! professora Rosana
 
Gêneros Literários
Gêneros LiteráriosGêneros Literários
Gêneros Literários
 
Trabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º B
Trabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º BTrabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º B
Trabalho da Daniela, Laís e Paula - 1º B
 

Plus de hsjval

Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3
Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3
Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3hsjval
 
Rodrigues Alves Revolta Da Vacina Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...
Rodrigues Alves   Revolta Da Vacina   Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...Rodrigues Alves   Revolta Da Vacina   Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...
Rodrigues Alves Revolta Da Vacina Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...hsjval
 
Rodrigues Alves RepúBlica Velha Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...
Rodrigues Alves   RepúBlica Velha   Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...Rodrigues Alves   RepúBlica Velha   Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...
Rodrigues Alves RepúBlica Velha Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...hsjval
 
Primeira Guerra Mundial 3 N2
Primeira Guerra Mundial   3 N2Primeira Guerra Mundial   3 N2
Primeira Guerra Mundial 3 N2hsjval
 
O Capitalismo 3 N1 Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice Equipe
O Capitalismo   3 N1   Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice   EquipeO Capitalismo   3 N1   Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice   Equipe
O Capitalismo 3 N1 Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice Equipehsjval
 
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...hsjval
 
A Segunda Guerra Mundial 3 N3
A Segunda Guerra Mundial 3 N3A Segunda Guerra Mundial 3 N3
A Segunda Guerra Mundial 3 N3hsjval
 
Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.
Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.
Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.hsjval
 
Tiago Melo. 1cv1
Tiago Melo. 1cv1Tiago Melo. 1cv1
Tiago Melo. 1cv1hsjval
 
Larisiana 1cv1
Larisiana 1cv1Larisiana 1cv1
Larisiana 1cv1hsjval
 
Josane 1 Cv1 2º Texto
Josane   1 Cv1   2º TextoJosane   1 Cv1   2º Texto
Josane 1 Cv1 2º Textohsjval
 
Yago 1º Cvi
Yago 1º CviYago 1º Cvi
Yago 1º Cvihsjval
 
Josane 1 Cv1
Josane   1 Cv1Josane   1 Cv1
Josane 1 Cv1hsjval
 
Ingrid Aragao E Taianne Soeiro 1cv1
Ingrid Aragao E Taianne Soeiro   1cv1Ingrid Aragao E Taianne Soeiro   1cv1
Ingrid Aragao E Taianne Soeiro 1cv1hsjval
 
Geovana Reis 1cv1
Geovana Reis 1cv1Geovana Reis 1cv1
Geovana Reis 1cv1hsjval
 
Ana Flavia E Maria Julia 1cv1
Ana Flavia E Maria Julia    1cv1Ana Flavia E Maria Julia    1cv1
Ana Flavia E Maria Julia 1cv1hsjval
 
Milena E Ingrid Souza 1cv01
Milena E Ingrid Souza 1cv01Milena E Ingrid Souza 1cv01
Milena E Ingrid Souza 1cv01hsjval
 
Adriano Oliveira 1°1cv1
Adriano Oliveira   1°1cv1Adriano Oliveira   1°1cv1
Adriano Oliveira 1°1cv1hsjval
 
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...hsjval
 
Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3
Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3
Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3hsjval
 

Plus de hsjval (20)

Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3
Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3
Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3
 
Rodrigues Alves Revolta Da Vacina Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...
Rodrigues Alves   Revolta Da Vacina   Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...Rodrigues Alves   Revolta Da Vacina   Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...
Rodrigues Alves Revolta Da Vacina Danilo, Tatiana,Cristiane , Virginia,Ja...
 
Rodrigues Alves RepúBlica Velha Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...
Rodrigues Alves   RepúBlica Velha   Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...Rodrigues Alves   RepúBlica Velha   Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...
Rodrigues Alves RepúBlica Velha Maria Jose, Ivaneide Lima, Carlos, Toledo...
 
Primeira Guerra Mundial 3 N2
Primeira Guerra Mundial   3 N2Primeira Guerra Mundial   3 N2
Primeira Guerra Mundial 3 N2
 
O Capitalismo 3 N1 Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice Equipe
O Capitalismo   3 N1   Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice   EquipeO Capitalismo   3 N1   Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice   Equipe
O Capitalismo 3 N1 Berenice, Adriana, Denise, Ailton, Valdelice Equipe
 
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
 
A Segunda Guerra Mundial 3 N3
A Segunda Guerra Mundial 3 N3A Segunda Guerra Mundial 3 N3
A Segunda Guerra Mundial 3 N3
 
Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.
Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.
Amanda E Quetiane 1° 1 Cv1.
 
Tiago Melo. 1cv1
Tiago Melo. 1cv1Tiago Melo. 1cv1
Tiago Melo. 1cv1
 
Larisiana 1cv1
Larisiana 1cv1Larisiana 1cv1
Larisiana 1cv1
 
Josane 1 Cv1 2º Texto
Josane   1 Cv1   2º TextoJosane   1 Cv1   2º Texto
Josane 1 Cv1 2º Texto
 
Yago 1º Cvi
Yago 1º CviYago 1º Cvi
Yago 1º Cvi
 
Josane 1 Cv1
Josane   1 Cv1Josane   1 Cv1
Josane 1 Cv1
 
Ingrid Aragao E Taianne Soeiro 1cv1
Ingrid Aragao E Taianne Soeiro   1cv1Ingrid Aragao E Taianne Soeiro   1cv1
Ingrid Aragao E Taianne Soeiro 1cv1
 
Geovana Reis 1cv1
Geovana Reis 1cv1Geovana Reis 1cv1
Geovana Reis 1cv1
 
Ana Flavia E Maria Julia 1cv1
Ana Flavia E Maria Julia    1cv1Ana Flavia E Maria Julia    1cv1
Ana Flavia E Maria Julia 1cv1
 
Milena E Ingrid Souza 1cv01
Milena E Ingrid Souza 1cv01Milena E Ingrid Souza 1cv01
Milena E Ingrid Souza 1cv01
 
Adriano Oliveira 1°1cv1
Adriano Oliveira   1°1cv1Adriano Oliveira   1°1cv1
Adriano Oliveira 1°1cv1
 
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...Semana Da Arte Moderna   Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
Semana Da Arte Moderna Leandro Silva Da Paz, Joseane Oiliveira, Lediane Dia...
 
Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3
Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3Segunda Guerra Mundial   Trabalho Da Turma   3 N3
Segunda Guerra Mundial Trabalho Da Turma 3 N3
 

Dernier

BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoBNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoGentil Eronides
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Maria Teresa Thomaz
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioDomingasMariaRomao
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 

Dernier (20)

BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoBNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 

Gêneros Literários: Conhecendo os Principais Estilos Narrativos

  • 1. Gêneros literários Muitas teorias e discussões há em torno dos gêneros literários. Os especialistas em teoria literária estão sempre à procura de soluções gerais, nem sempre possíveis ou aceitáveis nos casos particulares. A palavra gênero, etimologicamente, significa família, raça ou conjunto de seres dotados de características comuns. Portanto, que viria a ser gênero literário? De maneira muito simplificada, diríamos que gênero literário é um conjunto de obras dotadas de características comuns. Desde Platão, os três gêneros fundamentais estabelecidos dó: o lírico, o dramático e o narrativo. Essa tripartição, com todos os matizes de que pode revestir-se, está psicologicamente fundamentada nas três faculdades essenciais da alma humana, fontes de toda mensagem verbal: a sensibilidade, a vontade e a inteligência. Como decorrência surgem, espectivamen-te, as três funções da linguagem, manifestadas em qualquer obra literária: a expressão ou função expressiva (pela sensibilidade), o apelo ou função apelativa (pela vontade) e a representação ou fun-ção informativa (pela inteligência). Entretanto, essa tripartição, perfeita e lógica na sua essência, pode tornar--se discutível e até errônea na prática, quando aplicada rigidamente a determinadas obras. É que na criação artística conflu-em as águas dessas três fontes, interpenetrando-se as funções da linguagem. E em certas obras predominará um gênero sobre o outro, mas nunca haverá a expressão pura de um só gênero. Os modernos críticos, notadamente Todorov, ensinam que os gêneros literários devem ser estudados indutivamente, a partir das características da obra e não a partir de nomes classificatórios. Assim, fundindo a tripartição tradicional (lírico, épico e dramático), com as diferenciações apontadas pelas modernas teorias literárias, temos quatro gêneros básicos e suas respectivas formas: Gênero lírico Poemas de forma fixa: soneto, por exemplo. Gênero narrativo
  • 2. Épico (epopéia) Ficção: romance, novela, conto, crônica. Gênero dramático: tragédia, comédia, tragicomédia, drama, auto. Gênero ensaístico: ensaio, artigo, análise de texto, oratória, carta. Gênero lírico O adjetivo lírico deriva de lira, instrumento de força expressiva já empregado pelos gregos. Essa associação entre música e lirismo é feita desde as primeiras épocas da cultura artística ocidental, chegando até nossos dias. A subjetividade lírica é estruturada com idéias, sentimentos, emoções, recordações, desejos, profundos estados de espírito que, em muitos casos, roçam o indefinível, o inefável e que só podem ser expressos pela musicalidade, pela metáfora e pela poesia. Por essa razão é que o lirismo encontrou, durante a evolução histórica, a sua mais perfeita e generalizada forma de expressão no verso, com seu ritmo e rima próprios. Se a prosa rejeita a rima, o verso a busca, exatamente como instrumento de expressão das emoções, as quais se afirmam mais pela repetição e pela simbologia do que pela descrição ou pelo recurso à caracterização ambiental. Conseqüentemente, no poema lírico, não há protagonistas, como na literatura de ficção, não há ambiente físico caracterizado, nem episódio, nem enredo, nem temporalidade definida. As emoções profundas do poeta, seu “euquot;, sua visão do mundo (e não o mundo) são o que vale. A linguagem poética é, assim, muito particular. Se quisermos entendê- la, é preciso que nos familiarizemos com ela e isso só será possível mediante uma leitura cuidadosa e freqüente de poemas. (in Estudo Dirigido de Português, vol. 1, J. Milton Benemann e Luís Agostinho Cadore, 1984, Editora Ática) Atualmente, esse gênero está muito presente nas letras de músicas, que são poemas cantados, voltando às origens . Um homem também chora
  • 3. Gonzaguinha Um homem também chora Menina morena Também deseja colo palavras amenas Precisa de carinho Precisa de ternura Precisa de um abraço da própria candura Guerreiros são pessoas são fortes, são frágeis Guerreiros são meninos por dentro do peito Precisam de um descanso Precisam de um remanso Precisam de um sonho que os tornem perfeitos É triste ver meu homem guerreiro menino com a barra do seu tempo com o nosso ideal São frases perdidas num mundo por sobre seus ombros Eu vejo que ele sangra
  • 4. Eu vejo que ele berra a dor que tem no peito pois ama e ama Um homem se humilha se castram seus sonhos Seu sonho é sua vida e vida é trabalho E sem o seu trabalho o homem não tem honra E sem a sua honra se morre, se mata se morre se mata não dá pra ser feliz não dá pra ser feliz Gênero narrativo A palavra ficção vem do latim fictionem (fingere, fictum), ato de modelar, criação, formação; ato ou efeito de fingir, inventar, simular; suposição; coisa imaginária, criação da imaginação. Literatura de ficção é aquela que contém uma história inventada ou fingida, fictícia, imagi-nada, resultado de uma invenção imaginativa, com ou sem intenção de enganar. A ficção é um dos gêneros literários ou de imaginação criadora (ao lado dos gêneros dramático, lírico, ensa-ístico). A literatura de imaginação ou de criação é a interpretação da vida por um artista através da palavra. No caso da ficção (romance; conto, novela), e da epopéia, essa interpretação é expressa por uma história, que encor-pa a referida interpretão. É, portanto, literatura narrativa.
  • 5. A essência da ficção é, pois, a narrativa. Ë a sua espinha dorsal, correspondendo ao velho instinto humano de contar e ouvir histórias, uma das mais rudimentares e populares formas de entretenimento. Mas nem todas as histórias são arte. Para que tenha o valor artístico, a ficção exige uma técnica de arranjo e apresentação, que comunicará à narrativa beleza de forma, estrutura e unidade de efeito. A ficção distingue-se da história e da biografia, por estas serem narrativas de fatos reais. A ficção é produto da imaginação criadora, embora, como toda a arte, suas raízes mergulhem na experiência humana. Mas o que a distingue das outras formas de narrativa é que ela é uma transfiguração ou transmutação da realidade. Ela coloca a massa da experiência humana dentro de um molde, seleciona, omite, arruma os dados da experiência de modo a fazer surgir um plano, que se apresenta como uma entida-de, com vida própria, com um sentido intrínseco, diferen-te da realidade. A ficção não pretende fornecer um simples retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da realidade, uma reinterpretação, uma revisão. Ë o espetáculo da vida por meio do olhar interpretativo do artista, a interpretação artística da realidade.”’ • Elementos da narrativa O mundo da ficção desenvolve-se ao redor dos seguintes elementos estruturais: 1.Personagem É a pessoa (de persona) que atua na narrativa. Pode ser principal ou secundária, típica ou caricatural. 2.Enredo É a narrativa propriamente dita, que pode ser linear ou retrospectiva, cuja trama mantém o interesse do leitor, que espera por um desfecho. Chama-se também simples-mente de ação. 3. Ambiente É o meio físico e social onde se desenvolve a ação das personagens. Trata-se do pano de fundo ou do cenário da história, também designado de paisagem. 4.Tempo É o elemento fortemente ligado ao enredo numa seqüência linear ou retrospectiva, ao passado, presente e futuro, com seus recuos e avanços. Pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico, quando avança no
  • 6. sentido do relógio; psicológico, quando é medido pela repercussão emocional, estética e psicológica nas personagens. 5.Ponto de vista Tecnicamente, podemos dizer. que se refere às diferentes maneiras de narrar. Geralmente, se resumem em duas: a) narrador-onisciente: autor conta a história como observador que sabe tudo. Usa a 3ª pessoa. b) narrador-personagem: autor conta, encarnando-se numa personagem, principal ou secundáría. Usa a lª pessoa. 6. Discurso É o procedimento do narrador ao reproduzir as falas ou o pensamento das personagens. Há três tipos de discurso: a) direto: neste caso, o narrador, após introduzir as personagens, faz com que elas reproduzam a fala e o pensamento por si mesmas, de modo direto, utilizando o diálogo. Exemplo: Baiano velho perguntou para o rapaz: —O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial b) indireto: neste tipo de discurso, não há diálogo; o narrador não põe as personagens a falar e a pensar diretamente, mas ele faz-se o intérprete delas, transmitindo o que disseram ou pensaram, sem reproduzir o discurso que elas teriam empregado. Exemplo: Baiano velho perguntou para o rapaz se o jornal não tinha dado nada sobre a sucessão presidencial. c) indireto livre: consiste na fusão entre narrador e personagem, isto é, a fala da personagem insere-se no discurso do narrador, sem o emprego dos verbos de elocução (como dizer, afirmar, perguntar, responder, pedir e exclamar). Exemplo: Agora (Fabiano) queria entender-se com Sinhá Vitória a respeito da educação dos pequenos. E eles estavam perguntadores, insuportáveis. Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha.
  • 7. 7. Linguagem e estilo É a vestimenta com que o autor reveste seu discurso, nas falas, nas descrições, nas narrações, nos diálogos, nas dissertações ou nos monólogos. • Espécies narrativas Nem sempre é possível classificar um determinado texto ou obra dentro de uma determinada modalidade narrativa. Didaticamente, podemos caracterizar o romance, a nove-la, o conto, a crônica e a epopéia. 1. Romance É a modalidade narrativa de maior vulto, onde a visão do mundo do autor se manifesta pelo forte conflito das personagens. O romance aborda os mais variados assuntos. Assim, podem ser históricos, psicológicos, experimentais, científicos, policiais etc. São exemplos de romances: Iracema, de José de Alencar; Quincas Borba, de Machado de Assis; O mulato, de Aluísio Azevedo; Corpo vivo, de Adonías Filho etc. Há ainda romances que são classificados como verdadeiras epopéias em prosa. Entre eles estão: O sertões, de Eudides da Cunha e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. 2. Novela É a modalidade narrativa que se caracteriza pela sucessividade dos episódios, muitas vezes das persona-gens e dos cenários. O tempo e o espaço conjugam-se dentro dessa estrutura. Assim; a novela condensa os ele-mentos do romance. Os diálogos são mais rápidos, as narrações são diretas e sem circunlóquios, tudo favore-cendo a precipitação da história’ para o seu desfecho. Como exemplo de novelas, podemos citar: Noite, de Érico Veríssimo; A vida real, de Fernando Sabino; Uma vida em segredo, de Autran Dourado; A morte e a morte de Quíncas Berro d’Água, de Jorge Amado etc. A televisão atual explora essa espécie de narrativa com muito sucesso. 3. Conto
  • 8. É a modalidade narrativa de maior brevidade. Se o romance é a vida, o conto é o caso, a anedota. Com economia de cenários e personagens, a solução do conflito é narrada perto do seu desenlace. Eis alguns exemplos de contos já clássicos: O alienista, de Machado de Assis; Apólogo brasileiro sem véu de alegoría, de Antônio de Alcântara Machado; O negrinho do pastoreio, de João Simões Lopes Neto; O peru de Natal, de Mário de Andrade. 4. Crônica É uma espécie de narrativa curta e condensada que capta um flagrante da vida, pitoresco e atual, real ou imaginário, com uma ampla variedade temática. 5. Epopéia É uma criação literária, geralmente em verso, de fundo narrativo. (Do grego epos = canto, narrativa). Des-de os tempos antigos, a epopéia tem a finalidade de exaltar os heróis nacionais e cantar os grandes feitos dos povos. Modernamente, certos padrões ou estilos de vida foram substituídos por outros bastante diversos. Os gêneros também foram evoluindo. Assim, o gênero narrativo em verso — a epopéia — cedeu lugar ao gênero narrativo em prosa, designado simplesmente de narrativa ou ficção, nas suas diversas modalidades. (in Estudo Dirigido de Português, vol. 1, J. Milton Benemann e Luís Agostinho Cadore, 1984, Editora Ática) Veja o exemplo de um conto: O conto que segue pertence a um dos maiores contistas brasileiros da atualidade, o curitibano Dalton Trevisan. O escritor notabilizou-se em nossa literatura com o livro de contos O vampiro de Curitiba, seguido por outros como A guerra conjugal e Desastres do amor. A síntese, um dos traços do autor, é também uma das tendências do conto contemporâneo. O ciclista Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na es-quina dá com o sinal vermelho e não se perturba – levanta vôo bem na cara do guarda crucificado. No labirinto ur-bano persegue a morte como trim-trim da campainha: entrega sem derreter sorvete a domicílio.
  • 9. É sua lâmpada de Aladino a bicicleta e, ao sentar-se no selim, liberta o gênio acorrentado ao pedal. Indefeso homem, frágil máquina, arremete impávido colosso, des-via de fininho o poste e o caminhão; o ciclista por muito favor derrubou o boné. Atropela gentilmente e, vespa furiosa que morde, ei-lo defunto ao perder o ferrão. Guerreiros inimigos tritu-ram com chio de pneus o seu diáfono esqueleto. Se não se estrebucha ali mesmo, bate o pó da roupa e – uma perna mais curta – foge por entre nuvens, a bicicleta no ombro. Opõe o peito magro ao pára-choque do ônibus. Salta a poça d´água no asfalto. Nem só corpo, touro e toureiro, golpeia ferido o ar nos cornos do guidão. Ao fim do dia, José guarda no canto da casa o pássaro de viagem. Enfrenta o sono trim-trim a pé e, na primei-ra esquina, avança pelo céu na contramão, trim-trim. Gênero dramático O gênero dramático, desde a antigüidade clássica, teve grande importância, pois, tanto em suas origens gregas e latinas como medievais, esteve sempre associado à problemática religiosa, transformando-se, não raras vezes, em verdadeiro ritual. Atualmente, o gênero envolve dois aspectos: de um lado, como fenômeno literário, temos o texto, a linguagem; de outro, as técnicas de representação, o espetáculo. Ater-nos-emos, aqui, unicamente ao estudo do primeiro aspecto. No drama, as personagens aparecem dotadas de características marcantes, representando realidades humanas concretas. Contudo, a caracterização será indireta, uma vez que se deve sugerir ao público os traços peculiares das personalidades representadas, sendo que o autor não pode imiscuir-se na ação. Assim, o teatro exige um esmerado juízo seletivo, pois cada um dos fatos ocorrentes deve, pela concisão o e pela síntese, ser capaz de despertar emoção. A obra dramática não apresenta descrições nem dissertações, mas busca acentuar a ação. O texto é, então, representativo, onde o diálogo é fundamental, em contraposição ao romance, à novela, ao conto, cujos textos visam a apresentar, e onde o diálogo, se houver, é bastante acessório. É importante observar ainda que, no teatro, o autor faz uma tentativa de representar mais a língua falada do que a escrita. Daí os recursos próprios para enfatizar a entonação, a voz, a mímica, os gestos etc.
  • 10. Na Idade Média, o teatro tinha as modalidades de auto (milagre ou mistério) e farsa. No Classicismo, predominaram a tragédia e a comédia, de cuja fusão surge, no Romantismo, o drama. Hoje, o teatro assumiu uma posição crítica com relação aos problemas político-sociais, o que mostra que ele não é apenas uma forma de diversão, mas sim um poderoso meio de contestação da sociedade. Como prova disso, leia o fragmento da peça O pagador de promessas, que foi inclusive transposta para as telas, ganhando inúmeros prêmios internacionais. Texto: Zé-do-Burro Zé — (Olhando a igreja.) É essa. Só pode ser essa. (Rosa pára também, junto aos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever uma revolta que se avoluma.) Rosa — E agora? Está fechada. Zé —É cedo ainda. Vamos esperar que abra. Rosa — Esperar? Aqui? Zé — Não tem outro jeito. Rosa — (Olha-o com raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato.) Estou com cada bolha d’água no pé que dá medo. Zé — Eu também. (Contorce-se num ríctus de dor. Despe uma das mangas do paletó.) Acho que os meus ombros estio em carne viva. Rosa — Bem feito. Você não quis botar almofadinhas, como eu disse. Zé — (Convicto) Não era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei em almofadinha. Rosa — Então: se você não falou, podia ter botado; a santa não ia dizer nada. Zé — Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não usou almofadinhas. Rosa — Não usou porque não deixaram. Zé — Não, esse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde o crédito. De outra vez o santo olha, consulta lá
  • 11. os seus assentamentos e diz: — Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue, seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo. Rosa — Será que você ainda pretende fazer outra promessa depois dessa? Já não chega? ... Zé — Sei não ... a gente nunca sabe se vai precisar. Por isso, é bom ter sempre as contas em dia. (Ele sobe um ou dois degraus. Examina a fachada da igreja à procura de uma inscrição.) Rosa — Que é que você está procurando? Zé — Qualquer coisa escrita, pra a gente saber se essa é mesmo a igreja de Santa Bárbara. Rosa — E você já viu igreja com letreiro na porta, homem? Zé —É que pode não ser essa... Rosa — Claro que é essa. Não lembra o que o vigário disse? Uma igreja pequena, numa praça, perto duma ladeira... Zé — (Corre os olhos em volta.) Se a gente pudesse perguntar a alguém... Rosa — Essa hora está todo mundo dormindo. (Olha-o quase com raiva.) Todo o mundo ... menos eu, que tive a infelicidade de me casar com um pagador de promessas. (Levanta-se e procura convencê-lo.) Escute, Zé... já que a igreja está fechada, a gente podia ir procurar um lugar para dormir. Você já pensou que beleza agora uma cama? ... Zé — E a cruz? Rosa — Você deixava a cruz aí e amanha, de dia ... Zé — Podem roubar ... Rosa — Quem é que vai roubar uma cruz, homem de Deus? Pra que serve uma cruz? Zé — Tem tanta maldade no mundo. Era correr um risco muito grande, depois de ter quase cumprido a promessa. E você já pensou: se
  • 12. me roubassem a cruz, eu ia ter que fazer outra e vir de novo com ela nas costas da roça até aqui. Sete léguas. Rosa — Pra quê? Você explicava à santa que tinha sido roubado, ela não ia fazer questão. GOMES, Dias. O pagador de promessas. São Paulo, Tecnoprint, [s. d.1. p. 14-8]. (in Estudo Dirigido de Português, vol. 1, J. Milton Benemann e Luís Agostinho Cadore, 1984, Editora Ática) http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=literatura/docs/generos