1. Governo do Estado do Pará
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
O comportamento do emprego
formal na Região de Integração
do Xingu (2009 a 2011):
O impacto da construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte sobre o
mercado de trabalho na região
2. Governo do Estado do Pará
Simão Robison Oliveira Jatene
Governador
Helenilson Cunha Pontes
Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão – Seges
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Maria Adelina Guglioti Braglia
Presidente
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Sérgio Castro Gomes
Diretor de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Andréa Coelho
Diretora de Pesquisas e Estudos Ambientais (em exercício)
Gracyette Silva
Diretora de Planejamento, Administração e Finanças
3. O comportamento do emprego formal entre 200 e 2011
2009
De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais ( (RAIS), o
número de trabalhadores com vínculos formais ativos no estado do Pará alcançou, em
res
2011, o total de 1.037.089. Esse número, quando comparado ao existente em primeiro
de janeiro de 2009, correspondeu a um aumento de 19,09%, equivalendo à criação de
166.220 novos vínculos. Analisando o comportamento do estoque de empregos segundo
as doze Regiões de Integração (RI) que compõem o Estado observa-se que apesar de
se,
um quadro de expansão generalizada no período em estudo, as regiões Carajás e Xingu
se destacaram por apresentarem taxas de crescimento bastante superiores às demais
Regiões: 82,25% e 56,07% respectivamente. Além destas, as de Tocantins, Rio Capim e
Guamá, muito embora registrando taxas bem inferiores a Carajás e Xingu, cresceram
acima da média estadual, conforme pode ser verificado no gráfico 1 a seguir.
Gráfico 1
Crescimento relativo do emprego formal segundo Regiões de Integração – 20
2009/2011
90 82,25
80
70
56,07
60
50
40
27,92
30 22,18
19,52 19,09
17,55 16,37
20 14,84 14,27 13,93
11,53 6,79
10
0
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
A expansão significativa do emprego na Região do Xingu, foco desta análise, se
dá mais intensamente a partir de 2011 decorrendo, sobretudo, em função d construção
da
da hidrelétrica de Belo Monte iniciada em meados de 2010. Segundo estimativas da
o
Eletrobrás, esse empreendimento deve propiciar a criação de 42 mil empregos dos
e empregos,
quais 20 mil em 2013 quando, de acordo com as previsões, se dará o pico das obras.
Ao analisar os dados ano a ano, verifica se que já em 2010, com o início das
verifica-se
atividades de implantação dessa hidrelétrica, a geração de empregos formais cresceu em
6,92% na Região, em relação a 2009, enquanto em 2011 comparativamente a 2010 esse
,
crescimento alcançou significativos 45,97%. Verifica-se ainda, que esse crescimento no
se
emprego formal, vem impactando de forma diferenciada os municípios que compõem a
RI Xingu, conforme se visualiza na tabela 1 a seguir.
4. TABELA 1: Comportamento do estoque de empregos formais por municípios da RI Xingu – 2009/2011
Variação 2011/2009 Participação na Região
Municípios 2009 2010 2011 (%)
Absoluta Relativa 2009 2010 2011
Altamira 9.246 10.178 17.293 8.047 87,03 47,44 48,84 56,85
Anapu 929 1.025 1.432 503 54,14 4,77 4,92 4,71
Brasil Novo 718 691 891 173 24,09 3,68 3,32 2,93
Medicilândia 1.020 1.181 1.311 291 28,53 5,23 5,67 4,31
Pacajá 1.614 1.650 1.886 272 16,85 8,28 7,92 6,20
Placas 1.061 965 935 -126 -11,88 5,44 4,63 3,07
Porto de Moz 1.257 1.115 1.744 487 38,74 6,45 5,35 5,73
Senador José Porfírio 553 593 648 95 17,18 2,84 2,85 2,13
Uruará 2.932 2.941 3.564 632 21,56 15,04 14,11 11,72
Vitória do Xingu 160 500 714 554 346,25 0,82 2,40 2,35
Total da RI Xingu 19.490 20.839 30.418 10.928 56,07 100,00 100,00 100,00
Total do Estado 870.869 951.235 1.037.089 166.220 19,09 - - -
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
De acordo com os dados apresentados observa-se, no período analisado:
• Dos dez municípios que formam a RI Xingu, Placas foi o único que registrou
perdas sucessivas acumulando, entre 2009 e 2011, uma redução de 11,88% no emprego
formal, correspondendo ao fechamento de 126 postos;
• Em termos relativos, Vitória do Xingu foi o município que apresentou o maior
dinamismo, com uma taxa de crescimento do emprego formal da ordem de 346,25%.
Em seguida estão Altamira (87,03%), Anapu (54,14%) e Porto de Moz (38,74%);
• Em termos absolutos, Altamira foi o que gerou o maior número de empregos
(8.407), seguido por Uruará (632), Vitória do Xingu (554), Anapu (503) e Porto de Moz
(487);
• O município de Altamira que em 2009 já concentrava 47,44% do emprego
formal existente na RI, aumentou ainda mais a sua participação alcançando, em 2011,
um percentual de 56,85%. Em decorrência dessa maior concentração em Altamira
observa-se, entre 2009 e 2011, uma queda nas taxas de participação dos demais
municípios, à exceção de Vitória do Xingu cuja taxa passou de 0,82% em 2009 para
2,35% em 2011;
• Convém ressaltar que os melhores desempenhos de Altamira e de Vitória do
Xingu, frente aos demais, podem ser explicados pela maior proximidade física desses
municípios com o projeto em execução e, no caso de Altamira, pelo fato de possuir a
melhor infraestrutura física e social da RI Xingu.
Quando o recorte da análise passa a ser a geração de empregos formais por
grandes setores econômicos, confirma-se a importância da construção da hidrelétrica de
Belo Monte na RI Xingu, principalmente pelo expressivo crescimento das contratações
no setor da Construção Civil, conforme se verifica na tabela 2.
5. TABELA 2: Comportamento do estoque de empregos formais por Setores Econômicos – 2009/2011
Variação 2011/2009 Participação na Região (%)
Setores Econômicos 2009 2010 2011
Absoluta Relativa 2009 2010 2011
Extrativa Mineral 21 64 133 112 533,33 0,11 0,31 0,44
Indúst. de 1.613 1.924 2.003 390 24,18 8,28 9,23 6,58
Transform.
Serv. Ind. de Util. 135 108 264 129 95,56 0,69 0,52 0,87
Púb.
Construção Civil 270 987 5.972 5.702 2.111,85 1,39 4,74 19,63
Comércio 3.966 4.337 5.179 1.213 30,58 20,35 20,81 17,03
Serviços 2.237 2.545 3.150 913 40,81 11,48 12,21 10,36
Administração 9.958 9.528 12.380 2.422 24,32 51,09 45,72 40,70
Pública
Agrop. Ext. Veg, etc. 1.290 1.346 1.337 47 3,64 6,62 6,46 4,40
Total da RI Xingu 19.490 20.839 30.418 10.928 56,07 100,00 100,00 100,00
Total do Estado 870.869 951.235 1.037.089 166.220 19,09 - - -
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Pelas informações disponíveis observa-se que, tanto em termos absoluto quanto
relativo, todos os setores registraram dados positivos e, à exceção da Agropecuária e
extrativismo vegetal, as taxas de crescimento relativo estiveram acima da média
estadual (19,09%).
Em números absolutos, o predomínio é da Administração Pública, com 12.380
vínculos em 2011, correspondendo a 40,70% dos empregos formais gerados na RI
Xingu. Contudo, este setor vem diminuindo a sua importância relativa (em 2009 era de
51,09%), em função da grande expansão que vem ocorrendo na Construção Civil, cuja
participação no estoque de empregos formais da RI Xingu, cresceu de 1,39% em 2009
para 19,63% em 2011.
Esse dinamismo, registrado não só na Construção Civil que, no período 2009 a
2011 cresceu expressivos 2.111,85% assim como nos setores de Extrativa Mineral e nos
Serviços Industriais e de Utilidade Pública, com expansões de 533,33% e 95,56%
respectivamente, ratificam a grande influência da obra de Belo Monte na criação de
empregos diretos. Indiretamente, a obra impacta também os setores do Comércio, dos
Serviços e da Indústria de Transformação na medida em que, além do aumento da
massa salarial, uma obra desse porte ocasiona um forte fluxo migratório para a Região,
pressionando a demanda por bens e serviços. Nesse sentido, quando se analisa o
comportamento do estoque de empregos por sub setores econômicos, observa-se um
maior crescimento em atividades ligadas ao Comércio varejista, à Indústria da madeira e
do mobiliário, a Serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção, ao
Comércio e administração de imóveis, e às atividades de Transportes e Comunicação.
6. TABELA 3: Estoque de empregos formais na RI Xingu, por Sub Setores Econômicos – 2009/2011
Sub Setores Econômicos 2009 2010 2011
Extrativa mineral 21 64 133
Indústria de produtos minerais não metálicos 110 123 210
Indústria metalúrgica 13 14 32
Indústria mecânica 1 1 11
Indústria do material elétrico e de comunicação 0 0 0
Indústria do material de transporte 28 8 22
Indústria da madeira e do mobiliário 1.180 1.253 1.392
Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 27 32 45
Indústria da borracha, fumo, couros, peles, similares etc. 7 23 26
Indústria química, de prod. farmacêut., veterinários, 2 1 0
perfumarias
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 6 9 25
Indústria de calçados 0 0 0
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 239 460 240
Serviços industriais e de utilidade pública 135 108 264
Construção civil 270 987 5.972
Comércio varejista 3.579 3.890 4.590
Comércio atacadista 387 447 589
Instituição de crédito, seguros, capitalização 150 159 199
Comércio e administração de imóv., valores imobil., serviço. Téc. 247 385 703
Transportes e comunicação 406 552 530
Serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção 1.018 1.016 1.184
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 186 191 210
Ensino 230 242 324
Administração pública direta e autárquica 9.958 9.528 12.380
Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrativismo veg. 1.290 1.346 1.337
Total 19.490 20.839 30.418
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Outro aspecto da influência da construção da UH de Belo Monte no dinamismo
do mercado formal de trabalho da RI Xingu pode ser mensurado na observação dos
dados segundo o tipo de vínculo dos trabalhadores. Em 2009 e 2010, o número de
estatutários, vínculo exclusivo das contratações no setor público1, excedia ao total de
celetistas, enquanto em 2011 esse quadro se inverte, denotando a impulsão do setor
privado da Região à medida que as obras avançam.
1
A administração pública direta e autárquica possui vínculos estatutários e celetistas.
7. Gráfico 2
Composição do emprego formal segundo tipo de vínculo – 2009/2011
20.000
18.000
16.000
Número de vínculos
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
2009 2010 2011
Celetista 8.762 8.383 18.796
Estatutário 10.728 12.456 11.622
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Complementando a caracterização do emprego formal na RI Xingu, buscou buscou-se
conhecer minimamente o perfil dos trabalhadores ocupados no mercado formal da
Região em análise, utilizando
utilizando-se variáveis básicas, tais como: gênero, faixa etária e
escolaridade, a partir das informações disponíveis na RAIS.
,
No que se refere ao gênero, o estoque de trabalhadores homens cresceu o dobro
do observado entre as mulheres o que pode ser explicado em parte, pela geração de
mulheres,
novos empregos ter se dado mais intensamente em atividades vinculadas à construção
civil, setor tradicionalmente demandante de mão de obra masculina.
,
TABELA 4: Comportamento do estoque de empregos formais por gênero – 2009/2011
Variação 2011/2009 Participação na Região (%)
Setores Econômicos 2009 2010 2011
Absoluta Relativa 2009 2010 2011
Masculino 10.078 11.346 17.444 7.366 73,09 51,71 54,44 57,35
Feminino 9.412 9.493 12.974 3.562 37,85 48,29 45,56 42,65
Total 19.490 20.839 30.418 10.928 56,07 100,00 100,00 100,00
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Quanto à variável faixa etária dos ocupados em empregos formais, os dados
mostram similaridades entre a RI Xingu e o Estado do Pará, com a maioria dos
entre
trabalhadores concentrando na faixa etária de 30 a 39 anos, conforme tabela 6 Ainda
concentrando-se , 6.
assim, convém ressaltar algumas diferenças observadas na comparação dos resultados.
Uma delas é a de que a RI Xingu apresenta maiores participações nas quatro primeiras
faixas etárias (até 39 anos), invertendo se a situação a partir dos 40 anos. Mais uma vez
invertendo-se
pode-se especular uma estreita relação com os empregos gerados pela construção civil,
se
ao qual estão vinculadas várias atividades que exigem maior esforço físico por parte do
várias
trabalhador.
8. TABELA 6: Distribuição do estoque de empregos por faixa etária – 2009/2011
2009 2010 2011
Faixa Etária
RI Xingu Pará RI Xingu Pará RI Xingu Pará
Até 17 anos 0,42 0,28 0,36 0,31 0,41 0,28
18 a 24 anos 17,66 14,76 17,16 14,61 18,22 14,51
25 a 29 anos 20,84 19,20 20,27 19,00 20,11 18,48
30 a 39 anos 33,79 32,38 33,92 32,45 33,44 32,95
40 a 49 anos 18,24 20,59 18,86 20,42 17,90 20,39
50 a 64 anos 8,50 12,09 8,94 12,43 9,40 12,58
65 ou mais 0,55 0,71 0,49 0,78 0,52 0,82
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Da mesma forma que a variável anterior, quando se analisam os dados relativos
à escolaridade dos trabalhadores, verifica-se similaridade no comportamento da RI
Xingu com o total do Estado. De acordo com a tabela 7 verifica-se uma maior
concentração de trabalhadores com escolaridade relativa ao ensino médio completo,
embora na RI Xingu a participação daquelas com menor grau de escolaridade seja mais
significativa do que o total do Estado, invertendo-se quanto aos graus mais elevados.
TABELA 7: Comportamento do estoque de empregos por nível de escolaridade – 2009/2011
2009 2010 2011
Nível de Escolaridade RI Pará RI Pará RI Pará
Xingu Xingu Xingu
Até 5ª série 15,20 10,74 15,74 10,18 14,54 9,21
Ens. Fundamental Completo 26,34 22,89 25,46 22,00 26,09 20,70
Ensino Médio Completo 46,92 49,93 47,58 51,31 48,30 52,78
Mais que Ens. Médio Completo 11,53 16,44 11,22 16,51 11,07 17,30
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – RAIS 2009, 2010 e 2011.
Elaboração: IDESP/Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural