IPC-IG Research Seminar Series. July, 2013
IPC Researcher Clarissa Guimarães presented her working paper about the expansion of the educational systens in Latin American countries. The study is authored by Clarissa Guimarães Rodrigues, Rachel Durham and Bilal Barakat
Análise da redução da desigualdade educacional na América Latina entre 1970-2000
1. Expansão da educação nos países
da América Latina:
uma análise da tendência da desigualdade
educacional entre 1970 e 2000
Clarissa Guimarães Rodrigues
Rachel Durham
Bilal Barakat
Seminário da Diretoria de Estudos Sociais do IPEA
Brasília, 25 de julho de 2013
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2. Breve histórico da expansão educacional na AL
• Início do século XIX: massificação da educação era vista como uma importante
questão política para a independência dos países.
• Período pós-colonial: não havia mais o interesse, por parte da classe
dominante, de massificar a educação. Ideologias aristocráticas consideravam a
educação como um privilégio dos ricos, e a pobreza era vista como um
resultado da inabilidade inata.
• Outros fatores como: instabilidade política, déficits orçamentários
crônicos, parca perspectiva de mobilidade social e elevadas taxas escolares
reduziam a percepção dos benefícios de longo prazo trazidos pela educação.
• No final do século XIX, movimentos em direção à escolarização em massa
aconteceram nos países latino americanos mais prósperos: Chile, Argentina e
Costa Rica.
• Apenas no final do século XX, a universalização da educação primária foi
alcançada em praticamente todos os países da região da AL. 2
4. • Ao longo do século XX, um conjunto de políticas e reformas educacionais
adotadas nos países latino americanos favoreceram a expansão do acesso à
educação:
Elevação da educação compulsória;
Aumento no número de vagas escolares;
Aumento no % do PIB gasto com educação;
Implementação de programas de transferência de renda condicionados na
frequência escolar.
• Como resultado, avanços foram notados em vários indicadores
educacionais, como a redução na taxa de analfabetismo, aumento nas
matrículas do ensino primário e secundário, redução do hiato entre homens e
mulheres no acesso ao sistema de ensino, aumento dos anos médios de
estudo, entre outros.
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Breve histórico da expansão educacional na AL
5. Expansão educacional versus desigualdade educacional
• Expansão das oportunidades escolares versus igualdade de acesso ⇨ a
expansão se dá via inclusão de crianças e adolescentes com piores condições
socioeconômicas no sistema de ensino. Logo, a expansão/massificação reduz
as desigualdades de acesso.
• Expansão das oportunidades escolares versus igualdade na distribuição da
escolaridade (distribuição da população em idade escolar de acordo com as
séries/níveis de ensino alcançados) ⇨ a igualdade na distribuição vai
depender da eficiência interna do sistema de ensino, motivação do
aluno, incentivos familiares, etc.. Logo, a expansão/massificação não
necessariamente reduz as desigualdades na distribuição.
• Pergunta:
• Em que medida a expansão das oportunidades escolares reduziu a
desigualdade na distribuição do alcance educacional da população em idade
escolar com distintos níveis socioeconômicos?
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6. Objetivo
• Calcular e analisar a desigualdade educacional entre grupos
para a população de 8 a 20 anos, em quinze países latino
americanos, ao longo de 1970 e 2000;
• Verificar o timing e o padrão da redução da desigualdade entre
os países da AL.
Contribuições:
• Os resultados podem nos mostrar como os diferentes grupos
populacionais foram capazes de aproveitar o crescimento das
oportunidades educacionais;
• Ao identificar o timing e padrão da tendência de redução da
desigualdade educacional, os resultados podem evidenciar os
efeitos de políticas que tiveram como objetivo aumentar a
escolaridade da população;
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7. Escopo
• Análise da tendência ao longo do tempo:1970 a 2000.
• População alvo: crianças e adolescentes com idade entre 8
e 20 anos.
• Desigualdade entre grupos definidos pela escolaridade
materna (proxy do nível socioeconômico).
• Fonte de dados: IPUMS.
• Países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Equador, El
Salvador, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto
Rico, Uruguai e Venezuela.
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9. Metodologia
• Desigualdade entre grupos definidos pela escolaridade materna:
• Desigualdade medida na distribuição da educação, dada pelo grau escolar
alcançado:
1. Sem escolaridade;
2. Primário incompleto; (Brasil: 1º ciclo do EF incompleto)
3. Primário completo; (Brasil: 1º ciclo do EF completo)
4. Primeiro ciclo do ensino secundário completo; (Brasil: 2º ciclo do EF completo)
5. Segundo ciclo do ensino secundário completo ou mais. (Brasil: EM completo ou +)
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Grupo
(população com idade entre 8 e 20 anos)
Definição
R: Referência Mães com ensino secundário completo ou
mais
C1: Comparação 1 Órfãos ou mães ausentes no domicílio
C2: Comparação 2 Mães sem escolaridade ou ensino
fundamental incompleto
C3: Comparação 3 Mães com ensino fundamental completo
10. Defasagem idade-série por escolaridade materna
10
0
1
2
3
4
5
6
7
Órfãos e ausência da
mãe no domicílio
Mães com fundamental
incompleto
Mães com fundamental
completo
Mães com secundário
completo ou mais
Defasagemidade-sérieemanos
Argentina 70 Argentina 01 Chile 70 Chile 02
Venezuela 71 Venezuela 01 Brasil 70 Brasil 00
Fonte dos dados básicos: IPUMS.
23. Considerações finais
• Os resultados mostram uma tendência regional de redução da
desigualdade educacional ao longo dos últimos 40-50 anos;
• Tendência similar para meninos e meninas;
• Como esperado, o declínio foi mais acentuado nos grupos de
crianças com mães menos escolarizadas.
• Convergência dos índices de desigualdade na década de 2000.
• Resultados evidenciam um processo de mobilidade educacional
intergeracional: a distribuição da educação das crianças com
mães menos escolarizadas está se aproximando da distribuição
da educação das crianças com mães mais escolarizadas.
• Agenda: procurar fazer o link entre as políticas educacionais
implementadas no período e os resultados encontrados.
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34. 34
Distribuição da população com idade entre 8 e 20
anos, por nível educacional, 1970-2000
Fonte: Elaboração própria com
base nos dados do IPUMS, 1970-
2000.
ARGENTINA BRASIL CHILE
COLOMBIA VENEZUELA
36. Distribuição (%) das crianças de 8 a 20 anos de idade
por escolaridade materna
Source: IPUMS, 70s-00s.
36
BRASIL
Notes de l'éditeur
Bom,porquenósutilizamosestamedida de desigualdade?Resposta: Osprimeirosestudossobredesigualdadeeducacionalutilizaram o desvio-padrão dos anos de estudoparamedir a dispersao. No entanto, esta é umamedida de desigualdadeabsoluta.Emgeral, a literaturaque tem trabalhado com desigualdadenadistribuição do alcanceeducacional, utiliza a métrica do Gini. No entanto, o Giniseriainapropriadopara o nossoestudopor, pelomenos, duasrazões:Emprimeirolugar, comoestoutrabalhando com umapopulaçãoemidade escolar, osestudantes se encontramemdiferentespontosaolongo da trajetóriaeducacional. Nestecaso, nós, obviamente, nuncadeveríamosesperarquetodostenham o mesmoníveleducacional. Necessariamentevaihaveralgumadesigualdadenestadistribuição, pois as criançasmaisvelhasterãoalcançado, emmédia, níveismaiselevados de ensinocomparadosaosmaisnovos. No caso do Gini, a igualdadeseriaalcançadaapenas se todososindivíduostivessem um nível de escolaridadeque fosse igual à média.Emsegundolugar, KL é umamétrica superior quando o objetivo é obter a desigualdade entre gruposaoinvés da desigualdade intra-grupo. Porexemplo, se euquerocomparar a desigualdadeeducacional do grupo A (rico) com o grupo B (pobre), ambos podemter o mesmonível de desigualdade, porém o grupo A serianiveladoparacima e o grupo B niveladoparabaixo (exemploextremo: todososricos com o nívelmáximo de escolaridade e todosospobres com o nívelmínimo). Aoutilizar KL, teremosapenasumamedidasíntese da diferença entre ambas as distribuições, e estamedidasóseriaigual a 0 (perfeitaigualdade) se as duasdistribuiçõesfossemidênticas (sobreposiçãoperfeita). KL é maisflexívelporquepodemoscompararosgrupos de comparação com qualquerdistribuição de referência, semhavernecessidade de se compararapenas com a linhaigualitária. Implicitamente, a desigualdadecalculadaaquilevaemcontanaoapenas o acesso à escola, mas tambémosresultados do fluxo escolar. Entradatardia, repetenciaouabandono escolar estaorepresentadosnadistribuicao. Quantomaior a defasagem, mais a distribuiçãoestarádeslocadapara a esquerda, aumentando, assim, a desigualdadeeducacional.