1. O SENTIDO DA MORTE
NUMA PERSPECTIVA DO
EXISTENCIALISMO
CRISTÃO.
2.
3. Este trabalho foi desenvolvido em
três capítulos, a saber:
* O fenômeno da morte e do morrer.
* O sentido da morte refletida nos 5
estágios para a morte.
* E por fim, a morte refletida nos
existencialistas: Marcel e Jasper.
4. * O fenômeno da morte e do morrer.
Embora todos temos a consciência de que
vamos morrer, alimentamos no mais íntimo
de nós mesmos o medo da morte.
Existencialistas como: Karl Jasper e Gabriel
Marcel, reconhecem que não é possível
analisar o sentido da vida sem se deparar
com o problema do sentido da morte.
5. “A morte constitui ainda um acontecimento
espantoso, pavoroso, um medo universal,
mesmo sabendo que podemos dominá-lo
em vários níveis”. (KÜBLER-ROSS, 1969, p.17). No
entanto, o modo como conviver e lidar com
a morte e o morrer têm por vezes ficado
ofuscado pelas ocupações diárias, com a
negação da dor de quem saiu perdedor
diante da morte.
6. A ciência nos permite um certo grau de
emancipação, proporcionando ao homem
melhores meios de preparar-se bem com sua
família para o momento inevitável da morte.
KÜBLER-ROSS afirma: “Ao contrário, já vão
longe os dias em que era permitido a um
homem morrer em paz e dignamente em seu
próprio lar”. Morrer se torna um ato solitário e
impessoal. O moribundo é doravante um
paciente entre inúmeros outros pacientes, não
mais o pai agonizante ou o vizinho a falecer.
7.
8. * O sentido da morte refletida nos 5
estágios para a morte.
Primeiro estágio: Negação e isolamento.
Segundo estágio: A raiva.
Terceiro estágio: Barganha.
Quarto estágio: Depressão.
Quinto estágio: Aceitação.
9. Primeiro estágio: Negação e isolamento.
Não, eu não, não pode ser verdade.
Alguns pacientes tentam driblar os
resultados e falam com os médicos e
familiares convictos de que exames e
resultados foram trocados, pois eles estão
bem, e aquela dor logo passará.
Outra forma de negação assumida, é a de
que os pacientes se apeguem as próprias
crenças, dispensando o uso da medicina e
seus recursos.
10. Segundo estágio: A raiva.
Um certo estado de raiva é percebido em
um paciente, já nas primeiras reações.
Expressada por palavras ou por gestos.
No estágio da raiva torna-se difícil a relação
com o paciente, tanto na família quanto no
âmbito hospitalar. Quando um paciente é
respeitado e compreendido em seu estado
de raiva, logo sua tendência é tornar-se
dócil.
11. Terceiro estágio: Barganha.
Este estágio é o menos conhecido, porém muito
útil ao paciente. A maioria das barganhas são
feitas com Deus, são mantidas geralmente em
segredo. Sendo assim, a barganha não recebida,
pode ser revogada a promessa e realizada outra
forma de barganha. Pois, este estágio acontece
na maioria das vezes de forma subjetiva e o
paciente não expressa nem mesmo aos
familiares suas negociações para com Deus
diante da enfermidade.
12. Quarto estágio: Depressão.
Ante o quadro agravante de uma
enfermidade terminal, quando o paciente já
não consegue mais negar, revoltar-se ou
barganhar a situação perante a gravidade
da enfermidade, resta-lhe o silêncio e nasce
um sentimento de perda com facetas
variadas. Muitas vezes a ausência vem
marcada pela perda da própria imagem, do
seu ser pessoa, de suas próprias
características.
13. Quinto estágio: Aceitação.
Os pacientes que recebem algum tipo de ajuda
para superar os diferentes estágios não
sentirão depressão e raiva diante de seu
destino, pois, externaram seus
sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios e
sua raiva por aqueles que não são obrigados a
enfrentar a morte tão cedo. (...) O paciente
sentirá necessidade de dormir, cochilar... O
sono já não é mais fuga, mas volta a ser uma
necessidade pura e simplesmente biológica.
14. O estágio da aceitação não pode ser
confundido com a felicidade. Pois, neste
estágio, não se trata de afirmar que o paciente
não sente mais dor e não tem mais
sentimentos. Tudo permanece como antes. O
que muda é a forma como o paciente enfrenta
e vivencia este momento com as pessoas que o
cercam.
15. A morte está intimamente ligada e faz paralelo
com o ato de nascer. “Morrer é parte
integrante da vida, tão natural e previsível
quanto o nascer. Mas, enquanto o nascimento
é motivo de comemoração, a morte
transforma-se em terrível e inexprimível
assunto, a ser evitado de todas as maneiras na
sociedade moderna”. (KÜBLER-ROSS, 1969, p. 30).
16. É possível afirmar que não há experiência da
morte, pois, “Jamais nos encontraremos frente a
frente com a nossa própria morte, visto que
enquanto nós estivermos presentes ela estará
ausente e quando ela estiver presente, então
seremos nós que estaremos ausentes.” Epicuro (270 a.C.)
Portanto, podemos falar da experiência com a
morte e o luto de outrem, mas não da nossa
experiência pessoal com a morte.
17. * E por fim, a morte refletida nos
existencialistas: Marcel e Jasper.
O pensamento cristão encontra sentido
quando está apoiado na afirmativa do Deus
criador, que dá a vida, como descreve
Marcel; “O Deus que dá a vida ao ser
humano e, para o qual, aliar-se a ele
sempre tem este significado: optar pela
vida, e não pela morte”. (BLANK, 2000, p.49).
18. A esperança vem marcada pela ressurreição
de Jesus e, é apresentada pela manifestação
de que Deus não é o Deus dos mortos, mas
sim o Deus dos vivos. Essa premisa sustenta
uma visão otimista do cristão diante da
morte. Portanto, o autor da vida não tolera
a morte.
19. Quando falamos de filosofia da existência,
Partimos de uma interrogação da existência,
entendendo por existência o homem em
sua vida, atuação e decisões concretas”.
Portanto, para os filósofos existencialistas
há necessidade de um elemento ontológico
que assegure a existência concreta do ser.
20. Tememos a morte porque desconhecemos
o que está por detrás da morte, como a
angústia que ela gera em nós o desespero
por caminhar rumo à morte, “O temor da
agonia é o temor do sofrimento físico. A
agonia não se confunde com a morte. (...)
Todo sofrimento é experimentado por
alguém que está vivo”. (JASPER, 1996, p.128).
Portanto, temer a morte está na essência do
homem, por ser o homem o único ser que
sabe que vai morrer.
21. Temer a morte é temer o nada. É dar-se
conta do nunca mais ver a pessoa que
morreu e, portanto, como num passe de
mágica a morte toma de assalto a
consciência da presença do ente querido
que com sua morte, não mais podemos
conviver. A distância que separa o começo
do fim pode ser longa ou breve, porém deve
fazer sentido o existir.
22. Somos mortais enquanto simples
existentes, e imortais quando aparecemos
no tempo como o que é eterno. Somos
mortais no desamor, imortais no amor.
Somos mortais na indecisão, imortais na
decisão. Somos mortais enquanto natureza,
imortais enquanto dados a nós mesmos em
nossa liberdade. (JASPER, 1996, p.133).
23. Em sentido material, a morte deixou de ser
um momento melancólico. A dor da
separação, a certeza do adeus para sempre,
vividos durante o velório da pessoa querida,
passou a ser marcado pela beleza material
das flores, da música, dos perfumes e até
mesmo da transformação do próprio
falecido onde o mesmo deixa de ter as
características próprias dos sem vida.
24. É possível perceber através da reflexão dos
existencialistas cristãos que a morte tem e
faz sentido ao ser humano. Ancorados na
convicção de que o homem é o único ser
vivo que tem consciência que vai morrer,
também é o único que, pela vivência do
cristianismo, toma consciência da
ressurreição e da vida eterna. O morrer faz
sentido para o cristão.