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POR QUE O OLHAR?
• Olhar é um ato provocado por uma imagem que vem do
objeto até nós, sem que esta imagem seja a imagem
deste ou daquele objeto visível, sem que ela seja sequer a
imagem pregnante (força) deste ou daquele objeto visível.
• O olhar surge quando somos enceguecidos pelo
ofuscamento de um foco de luz proveniente da tela
refletora do Outro.
• É o Outro que me reflete as imagens. Um olhar do Outro
para mim tem valor porque nos olhos do Outro, reflete-se
a luz que vem até mim com um brilho que me captura.
Ficamos fascinados porque esse brilho, essa centelha de
uma luz lá fora nos olha em primeiro lugar e nos remete
ao que temos de mais próprio.
• A tela refletora do Outro pode ser o
texto bíblico que olha o leitor e o
captura para olhar o que ali não está
escrito, mas que ali está.
• Assim, a luz proveniente da Palavra
fascina o leitor porque ela o remete ao
que ele tem de mais próprio.
Marcos 5, 21-43
1° Capítulo
• “Olhar hermenêutico que ilumina” quer
expressar a interpretação do texto bíblico à luz
da teologia e tradição cristã que fundamentam a
veracidade dos escritos sagrados.
2° Capítulo
“Olhar psicanalítico que desvela” mostra a
função da psicanálise que é de tirar o “véu
que cobre”, encontrar a verdade de cada
indivíduo e de cada coisa que vem mascarada
na queixa, na demanda, no sintoma, no
desejo, no mecanismo usado para buscar o
que se quer, mas que não se sabe.
3° Capítulo
Este olhar enaltece o “logos”, a
palavra que faz narrar por onde
passa o rio da vida.
4° Capítulo
Transferência, “amor de escuta”,
aprofunda o conceito de transferência,
ponto central na práxis analítica.

(Estudo feito de Freud a Lacan)
Marcos 5, 21-43
 Jairo é o príncipe da sinagoga.
 Alguém importante na direção do serviço
religioso, na distribuição das funções, na
manutenção do edifício.
 Sua atitude é de súplica, de necessitado, de
experiência do próprio limite.
 Como a multidão, busca a Jesus, prostra-se a seus
pés, entrega-se ao poder libertador de sua
Palavra, seu pedido é urgente – a filha está às
portas da morte.
• Seu diagnóstico: hemorragia incurável, doze anos
de tratamento em vão, gastos sem resultados.
Ouviu falar de Jesus, seu encontro com ele seria o
último recurso a procurar. Trata-se de uma
mulher impura conforme o preceito da época em
Levítico 15,19-25:
– Discriminada por ser mulher; submissa ao ritual
religioso; marginalizada pelas leis e costumes sociais;
impedida de ser em sua própria identidade, feminina;
não podia tocar e nem ser tocada por ninguém;
proibida de relacionar-se sexualmente, impedida de
participar da comunidade...
É Desta posição de pobre, humilhada, frustrada,
intocável, objeto de esquiva, subjugada, vencida,
dominada... que clama o reconhecimento do
homem Jesus.
Oferecendo-lhe a mão revela-lhe
sua identidade de mulher, agora
desabrochará,
responderá por si mesma, poderá
desejar,
escolher, amar.
Como os autores da abordagem psicanalítica
vêem este texto
 Duas narrativas ligadas por um encadeamento inconsciente,
orgânico e espiritual; duas mulheres: uma que perde sangue e
outra que morre; uma objeto da lei da impureza, outra objeto
da relação narcísica, incestuosa do pai;
 Uma mulher com o desempenho feminino interrompido;
 Outra, filha submissa à pessoa do pai, a seu desejo, a seu amor;

 Há 12 anos, uma mulher atingida em sua feminilidade;
 Aos 12 anos (idade núbil) uma moça vê seu destino cortado;
 Mulher hemorrágica – sem nome – “aquela que perde
sangue”, identificada com sua doença, no lugar que a lei
cultural e religiosa lhe deram – marginalizada! Na posição
de objeto da lei da impureza.
 Seu sangue escoa; não produz vida.
 Sua sexualidade feminina desconectada do desejo e do amor,
flui e morre;

 Ela não pode se reconhecer ao olhar de um homem; mulher
não desabrochada; impura aos olhos dos homens.
 Filha de Jairo - mantida há 12 anos num estado de
objeto parcial de amor devorador, infantilizador;
 Precisava de realizar a “separação” em relação ao
pai para que pudesse fazer a passagem para a
cultura e abrir-se ao casamento;

 Menina em estado permanente de negação, de
perda de desejo, “vampirizada” pelo amor do pai;
 Criança entorpecida, petrificada por um homem
ainda não resolvido; que não pode suportar que a
filha cresça, que se torne núbil, mulher e mãe.
 A doença da menina está ligada à sua
feminilidade, 12 anos mantida na posição infantil
de dependência.
 Pai em estado de morte ameaçadora, está doente,
enfermo como a mulher hemorrágica;
 Pai fixado inconsciente e incestuosamente em “sua” filha,
um latente acoplado ao seio de sua mãe, representada
na filha;
 Um homem com o desempenho paterno alterado,
fragmentado, doente;
 Amor paterno estilo libidinal oral e anal, que faz da filha
sua prisioneira em gaiola de ouro;
 Mantém a filha “criança’, dependente do amor possessivo
de pai;
 Sufocava na filha todo o apelo, toda razão de viver; pede
para não perdê-la, pois, ela é seu sangue, sua vida.
 Não mencionava
inconscientemente;

sua

esposa,

faz

o

seu

papel

 Só considera seu próprio sentimento, a esposa não está
presente na sua palavra;
 Do lugar de sujeito dividido Jairo pede socorro a Jesus.
 Cristo percebe nele a desordem de seu amor, seu desvio; antes
de curar a filha precisava curar o pai, reconhecer a mãe.
• A filha de Jairo é, à imagem da criança imaginária passiva oral anal,
uma criança superprotegida, cujo desejo nunca foi podado:
– Nunca precisou pedir nada nem fazer nada; coisa alguma lhe foi
negada, era a alegria da família, falo fetiche de seu pai, mimada,
afagada, porém, esvaziada de seu próprio desejo.

A moça abandona a luta pela vida, morre do
medo de fazer morrer seu pai;

A menina ignorava seu desejo de se tornar
adulta, resta-lhe sonhar com esta ventura no
sono aparente da morte.
“É impossível não fazer uma nova leitura bíblica,
quando se percebe que, dentre outras, as leis do
inconsciente de Jesus, dos redatores, intérpretes e
ouvintes presidem a elaboração dos Evangelhos”.

(DOLTO 1979, p. 14)
O relato bíblico
contemplado sob o olhar
psicanalítico revela que a
psicanálise de fato,
“descentra de si mesmo o
homem de todos os tempos
e culturas; coloca-o em
contato com sua mais
profunda ferida, mostrando
que não é senhor nem

mesmo em sua própria
casa” (Freud), uma vez
que o inconsciente o
habita e o determina
sem conhecer como e
nem quando. Logo, o
homem retratado no
texto bíblico não seria
exceção ao dinamismo
psíquico universal.
O texto bíblico, olhado à
luz da psicanálise,
descentra o leitor de uma
interpretação
histórico-intelectualespiritualista para interagir
com a leitura e identificar
nos personagens
representações de sua
própria vida que podem
receber novos
significados.

No Evangelho Jesus trabalha
demandas de diferentes
pessoas, ligação de desejo,
transferências de amor,
função paterna/materna
fragmentada, reconhecimento
da feminilidade, identidade,
lugar de sujeito, sexualidade
interrompida, amor de
incesto, direção de cura. Ele é
a irrupção do real na vida das
pessoas, impossível de
controlar.
A psicanálise não tem
credo, não tem raça e
nem cor, não tem gênero
e nem pacto com o lugar
de poder ou
infalibilidade; não é de
seu domínio a dimensão
da espiritualidade, da
religião e do ateísmo,

mas é de sua
competência conhecer
o processo psíquico do
homem, bem como
suas atitudes quando
ele crê ou não crê.
[...] cresci, sofri, fui analisada, tornei-me
médica e psicanalista.
A experiência, a clínica analítica, o decorrer
dos anos, a familiaridade com a teoria e
pesquisas de Freud, me fizeram reler os
Evangelhos e percebi que coisa alguma da
mensagem do Cristo estava em contradição
com as descobertas freudianas sobre o
inconsciente e os processos estruturantes do
ser humano.
Françoise Dolto
O que de melhor Jesus ofereceu a
todos foi o seu amor de escuta e de
entrega total de si, pois,
“escutar não é apenas ouvir o que a
pessoa tem a falar, mas escutar
aquilo que pode dar uma direção ao
tratamento” (WINTER, 2011).
REFERÊNCIAS
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BÍBLIA Sagrada. Livro de João. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Gênesis. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Levítico. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Zacarias. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Rute. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Salmo (45). Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Lucas. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA Sagrada. Livro de Marcos. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
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FABRIS, R.; MAGGIONI, B. Os evangelhos. Traduzido por Giovanni di Biasio e Johan Konings. Vol. II, São Paulo: Loyola, 1992.
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_____. (1893-1995). “Estudos sobre a Histeria”. In: ESB, vol. II, 1987.
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______.(1915 [1914]). “Observações sobre o amor transferencial”. In: ESB, vol. XII, 1987.
______. (1916-17). “Conferência XXVII: Transferência”. In: ESB, vol. XVI, 1987.
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internacional indexada ISSN 1679-9844. a. 3, n. 13 Maio/Junho – 2010 – Disponível em:
http://www.interscienceplace.org/interscienceplace/article/viewFile/210/157. acesso em 12/01/11.
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Traduzida por Maria do Carmo Dias Batista. Disponível em <http://www.allandeaguiar.com/2009/10/o-amor-e-oimpossivel.html>. Acesso em 28 jan 2011.
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Shirley Sesarino, Curso de Graduação em Psicologia, Universidade Católica do Paraná.
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sintoma na contemporaneidade. Doutor Marcelo F. Veras, Curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - abordagem
psicanalítica, Universidade Católica do Paraná.
WINTER, C. Psicanálise em extensão. Curitiba, 2011. Notas de aula do módulo: Psicanálise em extensão, professora Célia
Winter, Curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - abordagem psicanalítica, Universidade Católica do Paraná.
O olhar psicanalítico que revela

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O olhar psicanalítico que revela

  • 1.
  • 2. POR QUE O OLHAR? • Olhar é um ato provocado por uma imagem que vem do objeto até nós, sem que esta imagem seja a imagem deste ou daquele objeto visível, sem que ela seja sequer a imagem pregnante (força) deste ou daquele objeto visível. • O olhar surge quando somos enceguecidos pelo ofuscamento de um foco de luz proveniente da tela refletora do Outro. • É o Outro que me reflete as imagens. Um olhar do Outro para mim tem valor porque nos olhos do Outro, reflete-se a luz que vem até mim com um brilho que me captura.
  • 3. Ficamos fascinados porque esse brilho, essa centelha de uma luz lá fora nos olha em primeiro lugar e nos remete ao que temos de mais próprio.
  • 4. • A tela refletora do Outro pode ser o texto bíblico que olha o leitor e o captura para olhar o que ali não está escrito, mas que ali está. • Assim, a luz proveniente da Palavra fascina o leitor porque ela o remete ao que ele tem de mais próprio.
  • 7. • “Olhar hermenêutico que ilumina” quer expressar a interpretação do texto bíblico à luz da teologia e tradição cristã que fundamentam a veracidade dos escritos sagrados.
  • 9. “Olhar psicanalítico que desvela” mostra a função da psicanálise que é de tirar o “véu que cobre”, encontrar a verdade de cada indivíduo e de cada coisa que vem mascarada na queixa, na demanda, no sintoma, no desejo, no mecanismo usado para buscar o que se quer, mas que não se sabe.
  • 11. Este olhar enaltece o “logos”, a palavra que faz narrar por onde passa o rio da vida.
  • 13. Transferência, “amor de escuta”, aprofunda o conceito de transferência, ponto central na práxis analítica. (Estudo feito de Freud a Lacan)
  • 15.  Jairo é o príncipe da sinagoga.  Alguém importante na direção do serviço religioso, na distribuição das funções, na manutenção do edifício.  Sua atitude é de súplica, de necessitado, de experiência do próprio limite.  Como a multidão, busca a Jesus, prostra-se a seus pés, entrega-se ao poder libertador de sua Palavra, seu pedido é urgente – a filha está às portas da morte.
  • 16.
  • 17. • Seu diagnóstico: hemorragia incurável, doze anos de tratamento em vão, gastos sem resultados. Ouviu falar de Jesus, seu encontro com ele seria o último recurso a procurar. Trata-se de uma mulher impura conforme o preceito da época em Levítico 15,19-25: – Discriminada por ser mulher; submissa ao ritual religioso; marginalizada pelas leis e costumes sociais; impedida de ser em sua própria identidade, feminina; não podia tocar e nem ser tocada por ninguém; proibida de relacionar-se sexualmente, impedida de participar da comunidade...
  • 18. É Desta posição de pobre, humilhada, frustrada, intocável, objeto de esquiva, subjugada, vencida, dominada... que clama o reconhecimento do homem Jesus.
  • 19.
  • 20. Oferecendo-lhe a mão revela-lhe sua identidade de mulher, agora desabrochará, responderá por si mesma, poderá desejar, escolher, amar.
  • 21. Como os autores da abordagem psicanalítica vêem este texto  Duas narrativas ligadas por um encadeamento inconsciente, orgânico e espiritual; duas mulheres: uma que perde sangue e outra que morre; uma objeto da lei da impureza, outra objeto da relação narcísica, incestuosa do pai;  Uma mulher com o desempenho feminino interrompido;  Outra, filha submissa à pessoa do pai, a seu desejo, a seu amor;  Há 12 anos, uma mulher atingida em sua feminilidade;  Aos 12 anos (idade núbil) uma moça vê seu destino cortado;
  • 22.  Mulher hemorrágica – sem nome – “aquela que perde sangue”, identificada com sua doença, no lugar que a lei cultural e religiosa lhe deram – marginalizada! Na posição de objeto da lei da impureza.  Seu sangue escoa; não produz vida.  Sua sexualidade feminina desconectada do desejo e do amor, flui e morre;  Ela não pode se reconhecer ao olhar de um homem; mulher não desabrochada; impura aos olhos dos homens.
  • 23.  Filha de Jairo - mantida há 12 anos num estado de objeto parcial de amor devorador, infantilizador;  Precisava de realizar a “separação” em relação ao pai para que pudesse fazer a passagem para a cultura e abrir-se ao casamento;  Menina em estado permanente de negação, de perda de desejo, “vampirizada” pelo amor do pai;  Criança entorpecida, petrificada por um homem ainda não resolvido; que não pode suportar que a filha cresça, que se torne núbil, mulher e mãe.  A doença da menina está ligada à sua feminilidade, 12 anos mantida na posição infantil de dependência.
  • 24.  Pai em estado de morte ameaçadora, está doente, enfermo como a mulher hemorrágica;  Pai fixado inconsciente e incestuosamente em “sua” filha, um latente acoplado ao seio de sua mãe, representada na filha;  Um homem com o desempenho paterno alterado, fragmentado, doente;  Amor paterno estilo libidinal oral e anal, que faz da filha sua prisioneira em gaiola de ouro;  Mantém a filha “criança’, dependente do amor possessivo de pai;
  • 25.  Sufocava na filha todo o apelo, toda razão de viver; pede para não perdê-la, pois, ela é seu sangue, sua vida.  Não mencionava inconscientemente; sua esposa, faz o seu papel  Só considera seu próprio sentimento, a esposa não está presente na sua palavra;  Do lugar de sujeito dividido Jairo pede socorro a Jesus.  Cristo percebe nele a desordem de seu amor, seu desvio; antes de curar a filha precisava curar o pai, reconhecer a mãe.
  • 26. • A filha de Jairo é, à imagem da criança imaginária passiva oral anal, uma criança superprotegida, cujo desejo nunca foi podado: – Nunca precisou pedir nada nem fazer nada; coisa alguma lhe foi negada, era a alegria da família, falo fetiche de seu pai, mimada, afagada, porém, esvaziada de seu próprio desejo. A moça abandona a luta pela vida, morre do medo de fazer morrer seu pai; A menina ignorava seu desejo de se tornar adulta, resta-lhe sonhar com esta ventura no sono aparente da morte.
  • 27.
  • 28.
  • 29. “É impossível não fazer uma nova leitura bíblica, quando se percebe que, dentre outras, as leis do inconsciente de Jesus, dos redatores, intérpretes e ouvintes presidem a elaboração dos Evangelhos”. (DOLTO 1979, p. 14)
  • 30. O relato bíblico contemplado sob o olhar psicanalítico revela que a psicanálise de fato, “descentra de si mesmo o homem de todos os tempos e culturas; coloca-o em contato com sua mais profunda ferida, mostrando que não é senhor nem mesmo em sua própria casa” (Freud), uma vez que o inconsciente o habita e o determina sem conhecer como e nem quando. Logo, o homem retratado no texto bíblico não seria exceção ao dinamismo psíquico universal.
  • 31. O texto bíblico, olhado à luz da psicanálise, descentra o leitor de uma interpretação histórico-intelectualespiritualista para interagir com a leitura e identificar nos personagens representações de sua própria vida que podem receber novos significados. No Evangelho Jesus trabalha demandas de diferentes pessoas, ligação de desejo, transferências de amor, função paterna/materna fragmentada, reconhecimento da feminilidade, identidade, lugar de sujeito, sexualidade interrompida, amor de incesto, direção de cura. Ele é a irrupção do real na vida das pessoas, impossível de controlar.
  • 32. A psicanálise não tem credo, não tem raça e nem cor, não tem gênero e nem pacto com o lugar de poder ou infalibilidade; não é de seu domínio a dimensão da espiritualidade, da religião e do ateísmo, mas é de sua competência conhecer o processo psíquico do homem, bem como suas atitudes quando ele crê ou não crê.
  • 33. [...] cresci, sofri, fui analisada, tornei-me médica e psicanalista. A experiência, a clínica analítica, o decorrer dos anos, a familiaridade com a teoria e pesquisas de Freud, me fizeram reler os Evangelhos e percebi que coisa alguma da mensagem do Cristo estava em contradição com as descobertas freudianas sobre o inconsciente e os processos estruturantes do ser humano. Françoise Dolto
  • 34. O que de melhor Jesus ofereceu a todos foi o seu amor de escuta e de entrega total de si, pois, “escutar não é apenas ouvir o que a pessoa tem a falar, mas escutar aquilo que pode dar uma direção ao tratamento” (WINTER, 2011).
  • 35.
  • 36. REFERÊNCIAS • • • • • • • • • • • • • BARBAGLIO, G.; FABRIS, R.; MAGGIONI, B. Os evangelhos. Tradução de Jaldemir Vitorio e Giovanni di Biasio. Vol. I, São Paulo: Loyola, 1990. BEIVIDAS, W. Pesquisa e transferência em Psicanálise. Lugar sem Excessos . Psicologia. Reflexão e crítica. Rio Grande do Sul: UFRGS, vol. 12, n. 3, p. 789-796, 1999. BERNARDES, A. C. Tratar o impossível: a função da fala na psicanálise. Rio de Janeiro: Garamond, 2003. Disponível em <http://books.google.com.br/books?id=ADYDrVhLrDkC&pg=PP4&dq=BERNARDES,+2003&hl=ptbr&ei=7blaTajrNoGglAeXtYmWDQ&sa=X&oi=book_result&ct=bookthumbnail&resnum=2&ved=0CCwQ6wEwAQ#v=onepage&q=BERNARDES%2C%202003&f=false>. Acesso em 25 jan 2011. BISSOLI, S. S. P. O conceito de transferência nos “estudos sobre histeria” (Breuer & Freud, 1895). In: FASU/Associação Cultural e Educacional de Garça, 2006. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v16n33/04.pdf>. Acesso em 23 jan 2011. psicanalítica, Universidade Católica do Paraná. BÍBLIA Sagrada. Livro de João. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Gênesis. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Levítico. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Zacarias. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Rute. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Salmo (45). Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Lucas. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BÍBLIA Sagrada. Livro de Marcos. Tradução Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  • 37. • • • • • • • • • • • • CARNEIRO, N. G. A construção do caso clínico. Curitiba, 2011. Notas de aula do módulo: a construção do caso clínico, professora Nancy Greca Carneiro, Curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - abordagem psicanalítica, Universidade Católica do Paraná. CASTRO, J. C. L. O inconsciente como linguagem: de Freud a Lacan. Cadernos de Semiótica Aplicada. Vol. 7.n.1, julho de 2009. CESAROTTO, O. (Org). Idéias de Lacan. São Paulo: Iluminuras, 2001. CHAMPLIN, R. N. O novo testamento interpretado. 4. ed. São Paulo: Milenium Dist. Cultural, 1983. CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Tradução Vera da Costa e Silva; Raul de Sá Barbosa et al. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2002. COIMBRA, Maria Lúcia Salvo de. O retorno a Freud de Lacan. Reverso. Belo Horizonte, v. 29, n. 54, 2007. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952007000100005&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 25 jan 2011. DOLTO, F. (1908-1988). A fé à luz da psicanálise. Francoise Dolto [entrevistada por] Gérard Sévérin; tradução de Marisa Rossetto. Campinas, São Paulo: Verus, 2010. DOLTO, F. O evangelho à luz da psicanálise. [Entrevistada por] Gérard Sévérin; Tradução: Isis Maria Borges Vincent e Anamaria Skinger. Rio de Janeiro: Imago, 1979. DORGEUILLE, C.; CASTEL, P. H.; MELMAN, C. et al. Dicionário de psicanálise: Freud & Lacan. 2. ed. vol. 1. Salvador/BA: Ágalma, 1997. DUIDO, D. Psicanálise dos milagres de Cristo. Tradução de Maria Alice Araripe de Sampaio Dorival. Osasco/São Paulo: Novo Século, 2006. FABRIS, R.; MAGGIONI, B. Os evangelhos. Traduzido por Giovanni di Biasio e Johan Konings. Vol. II, São Paulo: Loyola, 1992. FONTE, M. L. A. Amor, transferência e desejo (1997). II Jornada Freud-lacaniana. Recife, 1998. Disponível em <http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:QYnmqe8VLicJ:www.interseccaopsicanalitica.com.br/int-participantes/liafonte/lfonte_Amor-transferencia-desejo.doc+estudos+sobre+histeria+vol+II+Freud+%2B+transfer%C3%AAncia&hl=ptbr&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESitOZ5_xR02Im2maqGjB-CimlfD4d2n480NMMlBxP6NwO2i2mTr3Ni6ikIDDZov2ZnO9S1JssbSGdo2kwitW9_WJ_Tk1_kmGfMAqP6k9AINIjJXFG-RQnTVASfbFHDNGM12kc&sig=AHIEtbQhqb2hAa3Tud_SoLOK9vuJtQq3PA Acesso em 20 jan 2011.
  • 38. • • • • • • • • • • • • • • • • • FREUD, S. O valor da vida (1926). Psychoanalysis and the Fut do Journal of Psychology, Nova Iorque, 1957. Entrevista concedida a George Sylvester Viereck. Disponivel em <http://www.allandeaguiar.com/2009/09/o-valor-da-vida_07.html>. Acesso em 28 jan 2011. FREUD, Sigmund. (1856-1939) Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1987. _____. (1888) “Histeria”. In: ESB, vol. I, 1987. _____. (1891) “Hipnose”. In: ESB, vol. I, 1987. _____. (1891). “Hipnose”. In: ESB, vol. I, 1990. _____. (1893-1995). “Estudos sobre a Histeria”. In: ESB, vol. II, 1987. _____. (1893-1995). “A Psicoterapia da Histeria”. In: ESB, vol. II, 1987. _____. (1912). “A dinâmica da Transferência”. In: ESB, vol. XII, 1987. ______.(1915 [1914]). “Observações sobre o amor transferencial”. In: ESB, vol. XII, 1987. ______. (1916-17). “Conferência XXVII: Transferência”. In: ESB, vol. XVI, 1987. ______. (1937). “Análise terminável e interminável”. In: ESB, vol. XXIII, 1987. GREENSON, R. R. A técnica e a prática da psicanálise. Tradução de Marina Camargo Celidonio. Rio de Janeiro: Imago, 1981. GUEGUEM, P. G. A transferência como logro. In: FELDSTEIN, R.; FINK, B.; JAANUS, M. (Orgs). Para Ler o Seminário 11 de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. Disponível em <http://books.google.com.br/books?id=vz9D7F09Q1MC&printsec=frontcover&dq=Para+Ler+o+Semin%C3%A1rio+11+de+La can&hl=pt-br&ei=yrdaTZu8IoTGlQeax5GeDQ&sa=X&oi=book_result&ct=bookthumbnail&resnum=1&ved=0CDoQ6wEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em 25 jan 2011. GUTIÉRREZ, B. I. B. Compulsão à repetição: uma abordagem do conceito na sua relação com a transferência. 2006. 84f. Dissertação (Mestrado em teoria Psicanalítica), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006. Disponível em <http://www.psicologia.ufrj.br/teoriapsicanalitica/pdfs/dissert_brendaibeth.pdf>. Acesso em 15 jun 2011. JORGE, M. A. C. Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan: as bases conceituais. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar. 2008.
  • 39. • • • • • • • • • • • • • LACAN, J. Seminário da quarta-feira de 2 de julho de 1958. Disponível em <http://www.traco-freudiano.org/tra-lacan/formacoes-inconsciente/sem-29-2julho1958.pdf>. Acesso em 9 fev 2011. LELOUP, Jean-Yves. O evangelho de João. Tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. LIMA, Laís. Transferência: Freud a Lacan. Palavra / Escuta. São Paulo, 2007. Disponível em <http://www.palavraescuta.com.br/textos/transferencia-freud-a-lacan>. Acesso em 20 jun 2011. LINDEN, P. V. Marcos. In: BERGANT, D.; KARRIS, R. J. (Orgs). Comentário bíblico. Traduzido por Barbara Theoto Lambert. 4ª ed. São Paulo: Loyola, vol. III. 1999. p. 45-46. MELLO, D. R. B. A psicanálise e seu encontro com a linguagem na obra de Freud. Inter Science Place, Revista científica internacional indexada ISSN 1679-9844. a. 3, n. 13 Maio/Junho – 2010 – Disponível em: http://www.interscienceplace.org/interscienceplace/article/viewFile/210/157. acesso em 12/01/11. MILLER, J. A. Matemas I. Tradução de Sérgio Laia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. Disponível em <http://books.google.com.br/books?id=qllnsWcUKYYC&printsec=frontcover&dq=Matemas+I&hl=ptbr&ei=ybhaTZ25OIT7lwftrJi8DQ&sa=X&oi=book_result&ct=bookthumbnail&resnum=1&ved=0CC0Q6wEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em 25 jan 2011. MILLER, J. O amor e o impossível. Entrevista concedida a Hanna Waar. Psychologies Magazine, outubro 2008, n. 278. Traduzida por Maria do Carmo Dias Batista. Disponível em <http://www.allandeaguiar.com/2009/10/o-amor-e-oimpossivel.html>. Acesso em 28 jan 2011. MORANO, C. D. Crer depois de Freud. Tradução de Eduardo Dias Gontijo. São Paulo: Loyola, 2003. NASIO, J. D. O olhar em psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. PIKAZA, X. Para viver o evangelho: Leitura de Marcos. Tradução de Idalino Simões. Coimbra: Verbo Divino, 1996. SESARINO, S. Supervisão de estágio. Curitiba, 2011. Notas de aula do estágio supervisionado em psicoterapia, professora Shirley Sesarino, Curso de Graduação em Psicologia, Universidade Católica do Paraná. SOARES, S. A. G. Evangelho de Marcos: refazer a casa. Vol. I, Petrópolis/RJ: Vozes, 2002.
  • 40. • • • • • SOLER, C. O que Lacan dizia das mulheres. Tradução por Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Disponível em <http://books.google.com.br/books?id=GdILwfEbPVAC&printsec=frontcover&dq=O+que+Lacan+dizia+das+mulheres&hl=ptr&ei=m7ZaTdurE4KdlgfBvoD8DA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false >. Acesso em 18 jul 2011. TOMASELLI, T. As transferências (2010). Disponível em <http://www.redepsi.com.br/portal/modules/soapbox/article.php?articleID=622>. Acesso em 24 jan 2011. VALDIVIA, O. B. A linguagem interminável dos amores. Jornal do Federal, n. 34, 1993. VERAS, M. Novas formas do sintoma na contemporaneidade. Curitiba, 2011. Notas de aula do módulo: novas formas do sintoma na contemporaneidade. Doutor Marcelo F. Veras, Curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - abordagem psicanalítica, Universidade Católica do Paraná. WINTER, C. Psicanálise em extensão. Curitiba, 2011. Notas de aula do módulo: Psicanálise em extensão, professora Célia Winter, Curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - abordagem psicanalítica, Universidade Católica do Paraná.