3. ANIMAIS PEÇONHENTOS
São animais que, por meio de um mecanismo de caça e defesa,
são capazes de injetar em suas presas uma substância tóxica
produzida em seus corpos, diretamente de glândulas
especializadas (dente, ferrão, aguilhão) por onde passa o
veneno. Esses animais agem por instinto de sobrevivência. Ao se
sentirem ameaçados, imobilizam o agressor e fogem para um
local seguro. Temidos pelo homem, os animais peçonhentos
estão presentes tanto em meios rurais, quanto urbanos. Eles são
responsáveis por provocarem inúmeros acidentes domésticos,
em variadas regiões brasileiras, com índices crescentes ano após
ano. Cobras, aranhas, escorpiões, lacraias, taturanas, vespas,
formigas, abelhas e marimbondos são exemplos dessa categoria.
Para que não se crie um medo inconsciente desses animais, é
necessário um maior conhecimento a respeito do assunto.
4. Outro detalhe importantíssimo de se
salientar: esses animais agem por
instinto de defesa. Geralmente, a
maior parte dos acidentes ocorre por
descuido ou imprudência humana.
Ao colocar o pé no sapato sem olhar
em seu interior, uma pessoa pode
comprimir um animal que estaria
alojado ali dentro, aumentando as
possibilidades de uma picada como
reação.
Quando não são prestados os
cuidados necessários em um
acidente causado por animal
peçonhento, a situação da vítima
pode se agravar. Crianças, idosos ou
pessoas com o organismo debilitado
estão mais propensas a esses casos.
5. Cobras
No Brasil as cobras de interesse
toxicológico pertencem a duas
famílias:
Viperidae e Elapidae.
A família Viperidae é representada
pelos gêneros Bothriopsis,
Bothrops, Bothrocophias,
Bothropoides, Rhinocerophis ,
Caudisona (cascavel) e Lachesis
(surucucu-pico-de-jaca). A família
Elapidae é representada pelo
gênero Micrurus (coral-
verdadeira).
6. Alguns critérios de identificação
permitem reconhecer a maioria das
serpentes peçonhentas brasileiras,
distinguindo-as das não peçonhentas:
7. Os sintomas por picadas de cobras
venenosas, dependem muito do
tamanho da cobra, da quantidade de
veneno injetado e da localização da
picada. Os sintomas mais comuns são:
- No local ocorre inchaço e rubor
(vermelhidão) imediato;
- Febre;
- Andar cambaleante;
- Fraqueza;
- Dificuldade respiratória;
- Após 3 a 6 horas poderá ocorrer
equimose (manchas vermelhas
espalhadas na pele);
- Poderá aparecer no local da picada,
bolha com sangue;
- Pode-se ocorrer hemorragias pelas
cavidades naturais ( principalmente
narinas);
- Presença de sangue na urina;
- Em dias posteriores, se não
tratados, ocorre destruição do tecido
no local ( necrose );
8. TRATAMENTO
A única terapia efetiva é o soro antiofídico. O soro deve
começar a ser aplicado, de preferência, na primeira meia hora
depois do acidente.
Existem vários tipos de soros antiofídicos, um para cada tipo de
cobra, mas se a cobra causadora do acidente não puder ser
identificada deve-se usar o soro polivalente. Em áreas em que
as cobras são comuns, deve-se ter sempre à mão o soro
polivalente, devido à sua maior aplicabilidade. Os soros
antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo Instituto
Butantan (São Paulo), Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais) e
Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é
comprada pelo Ministério da Saúde que distribui para todo o
país, por meio das Secretarias de Estado de Saúde. Assim, o
soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido
gratuitamente aos acidentados.
Tratamento de suporte ou sintomático também pode auxiliar,
dependendo do caso.
9. Aranhas
Acidentes causados por aranhas são
comuns, porém a maioria não
apresenta repercussão clínica. Os
gêneros de importância em saúde
pública no Brasil são:Loxosceles
(aranha-marrom), Phoneutria
(aranha armadeira ou macaca) e
Latrodectus (viúva-negra). Entre
essas, a maior causadora de
acidentes é a Loxosceles. Acidentes
causados por outras aranhas podem
ser comuns, porém sem relevância
em saúde pública, sendo que os
principais grupos pertencem,
principalmente, às aranhas que
vivem nas casas ou suas
proximidades, como caranguejeiras e
aranhas de grama ou jardim.
10. Entre os sintomas mais frequentes de uma picada de aranha estão: dor
intensa no local, salivação excessiva, tremores, náuseas, sudorese,
confusão mental, dores musculares, excitação, angústia, rigidez
muscular, ardência, coceira, vermelhidão, irritação na pele, agitação,
vômito, fraqueza, tontura, cefaleia, edema nas pálpebras, erupção
cutânea, pus, problemas na respiração, calafrios, fadiga, náuseas, mal
estar, urina escura, febre e se não tratado rapidamente com o soro, o
veneno pode se espalhar e formar edemas e a necrose do tecido. Na
Imagem acima picada por Aranha Marrom.
11. Primeiros socorros
Seja qual for à espécie de aranha envolvida na picada, é preciso seguir os
primeiros socorros como: não amarrar e apertar o local, manter a vítima
deitada e levá-la imediatamente ao hospital. Se possível, leve o animal que
causou a picada para dar o soro antiofídico correto.
Tratamento
No tratamento para as picadas de aranhas é feito a administração de um
antídoto fabricado a partir do veneno do animal, ou seja, um soro antiofídico
que serve para neutralizar os efeitos da toxina. Além disso, é feita a
hospitalização do indivíduo no caso de dificuldade para respirar, dor intensa
nos músculos e pressão alta. As picadas formam feridas difíceis de serem
tratadas, por isso, usa-se água oxigenada embebidas em algodão durante 3
vezes por dia para limpar a ferida e remover o tecido morto.
Muitos hospitais no Brasil possuem os soros antiofídicos de várias espécies de
animais peçonhentos em casos de picadas.
12. Escorpião
Classificados como aracnídeos, os escorpiões são
animais invertebrados artrópodes que
apresentam o corpo dividido em tronco e cauda.
Geralmente, são animais discretos que, durante
o dia, se alojam em esconderijos como tronco de
árvores, pilhas de madeira ou tijolos, cercas, sob
pedras, cupinzeiros, entulhos, mato, lixo, frestas
nas paredes, saídas de esgoto, ralos, caixas de
gordura, sapatos e tolhas, e durante a noite
saem para caçar. Seu ferrão chama-se aguilhão e
está localizado na ponta da cauda. Conseguem
sobreviver até dois anos sem se alimentar. Em
relação à alimentação, ingerem
preferencialmente grilos, baratas e moscas.
Segundo alguns estudos, os escorpiões foram os
primeiros artrópodes que dominaram o
ambiente terrestre e atualmente tem-se
conhecimento de aproximadamente 1600
espécies no mundo.
13. SINTOMAS
Dor intensa, sensação de ardência ou
agulhadas, inflamação no local são
os sintomas mais comuns da picada
de escorpião. Nos casos mais graves,
pode acarretar aumento da
frequência cardíaca, suores, enjoos,
dificuldade para respirar, queda de
pressão. Geralmente, as crianças
ficam inquietas .
TRATAMENTO
Na maioria dos casos, as picadas de
escorpião podem ser tratadas em casa.
São medidas importantes aplicar gelo no
local, proteger a pele com um pano
limpo, tomar analgésicos comuns para
alívio da dor e permanecer em repouso.
Alguns escorpiões, porém, possuem um
veneno muito tóxico. Se o quadro não
regredir e a pessoa (especialmente se for
criança) apresentar sonolência e pressão
baixa deve ser encaminhada
imediatamente para atendimento
médico, levando consigo, sempre que
possível, o animal que a atacou. Isso
ajuda a identificar com mais rapidez o
antídoto que deve ser administrado.
14. Lagartas
O veneno da lagarta está nos espinhos e atua no
sangue provocando falta de coagulação.
SINTOMAS:
Irritação do local atingido; dores de cabeça;
náuseas; sangramento através da pele, gengiva ,
urina, pequenos ferimentos e nariz. A vítima
pode ter hemorragias que podem levar a morte.
MEDIDAS PREVENTIVAS: Olhar atentamente
folhas e troncos de árvores, evitando o contato
com as taturanas e analisando se há presença de
folhas roídas, casulos ou fezes de lagarta
TRATAMENTO: Lavagem da região com água
corrente e compressas frias. Antihistamínico e
corticóide local se necessário
15. Lacraias
Usam o se veneno para paralisar
pequenas presas.
Alguns gêneros de lacraias costumam
ocasionar acidentes com maior
freqüência no homem. São as lacrais dos
gêneros Cryptops, Otostigmus e
Scolopendra.
Sintomas: dor localizada intensa e a
evolução da picada depende da
sensibilidade da vítima ao seu veneno.
São encontradas: normalmente em
jardins, sob matéria orgânica acumulada
(folhas, cascas de árvore), sempre em
locais úmidos. Ocasionalmente podem
ser encontradas dentro da residência.
16. Abelhas e Vespas
Como prevenir ataques:
Se descobrir colmeias chame um
profissional para removê-las. Não
faça você mesmo;
Antes de operar um equipamento
barulhento (cortadores de grama,
tratores, etc.), cheque a área para
verificar a presença de abelhas
voando. Não opere o
equipamento se houver abelhas
por perto;
Se você for atacado ou se
estiver sendo rodeado por
várias abelhas, corra
imediatamente. Cubra a boca e
o nariz com as mãos enquanto
estiver correndo;
17. SOROTERAPIA
Soroterapia é o tratamento indicado para a picada de grande parte dos animais peçonhentos,
senão todos. Esse método consiste na aplicação de um soro formado por um concentrado de
anticorpos (células que cumprem o papel de defesa do organismo) no paciente, com o objetivo
de combater um agente tóxico específico como venenos ou toxinas.
Com base em estudos científicos, para cada tipo de veneno existe um soro específico, preparado
com a mesma toxina do animal peçonhento que causou o acidente.
Para picada de Cobra:
Jararaca: Soro Antibotrópico ou Antibotrópico-laquético;
Cascavel: Soro Anticrotálico;
Surucucu: Soro Antilaquético ou Antibotrópico-laquético;
Coral: Soro Antilapídico.
Para picada de Aranha:
Armadeira e Marrom: Soro Antiaracnídico;
Caranguejeira: O soro antiofídico não é necessário.
Para picada de Escorpião:
Se necessário, tratamento com soro específico chamado Antiescorpiónico.
Para picada de Lacraia:
Aplicar compressas quentes no local, fazer uso de analgésicos e anestésicos sem adrenalina no
local.
Para picada da Taturana Lonomia:
Soro Anilonomia.
18. Os primeiros socorros visam auxiliar
no rápido atendimento e maior qualidade
na recuperação da vítima:
Não fazer sucção do veneno;
Não espremer o local da picada;
Não dar nada alcoólico, querosene ou fumo para o
acidentado;
Não fazer torniquete, impedindo a circulação do sangue: isso
pode causar gangrena ou necrose local;
Não cortar ou queimar o local da ferida;
Não fazer aplicação de folhas, pó de café ou terra sobre a
ferida, sob o risco de infecção;
Manter a pessoa em repouso, evitando o seu movimento para
que não favoreça a absorção do veneno;
19. Manter, se possível, a região picada erguida;
Localizar a marca da picada e limpar o local com água e sabão
ou soro fisiológico;
Cobrir o local com um pano limpo;
Remover anéis, pulseiras e outros objetos que possam
prender a circulação sanguínea, em caso de inchaço do
membro afetado;
Levar a pessoa imediatamente para o pronto-socorro mais
próximo ou ligar para o serviço de emergência;
Tentar identificar que tipo de animal atacou a vítima,
observando cor, tamanho e características dele;
Se possível, levar o animal causador do acidente para
identificação;
20. COMO EVITAR ACIDENTES
Não acumular entulho, lixo doméstico, ferro velho, telhas e tijolos, mantendo limpo quintais, jardins e terrenos baldios;
Andar sempre calçado;
Não usar inseticida contra o animal;
Jamais introduzir a mão em frestas ou buracos no chão, como tocas de tatus e cupinzeiros;
Olhar por onde caminha atenciosamente e em locais onde se deseja apanhar pequenos objetos ou animais;
Fazer a limpeza de locais com vasta folhagem, usando botas, luvas e calças compridas;
Os jardins devem ser limpos, a grama aparada e as plantas ornamentais e trepadeiras devem ser afastadas das casas e
podadas para que os galhos não toquem o chão;
Matagais e montes de folhas mais ou menos secas merecem atenção redobrada;
Muros e calçamentos devem ser cuidados para que não apresentem frestas onde a umidade se acumule e os animais
possam se esconder;
Por telas nas janelas, vedar ralos de pia, tanque, chão e soleiras de portas com saquinhos de areia ou frisos de borracha;
Combater a infestação de baratas e roedores;
Não tentar diferenciar cobras venenosas das não venenosas. Somente um especialista pode verificar a diferença entre as
duas;
Não manusear animais peçonhentos vivos ou mortos;
Evitar o amontoamento de sapatos, roupas e utensílios domésticos;
Manter berços e camas afastados da parede;
Evitar lençóis que toquem o chão;
Bater colchões antes de usá-los;
Limpar constantemente ralos de banheiros, cozinhas, caixas de gordura e esgoto, mantendo fechados quando não em uso;