Apresentação para o 8o Interprogramas de Mestrado. Artigo aprovado: The Joneses, o consumo narrado: uma reflexão teórica sobre o filme. Em novembro de 2012, na Faculdade Cásper Líbero (SP)
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Consumo Narrado The Joneses Janaira Franca
1. Janaíra Dantas da Silva França
Mestre em Comunicação
Faculdade Cásper Líbero – São Paulo (SP)
Novembro - 2012
2. Este artigo tem a proposta de analisar o filme americano “The
Joneses”, que representa o clássico estilo norte americano de
vida perfeita, sobre os excessos do consumo insensato e a
estereotipia da Indústria Cultural, resgatando também os temas
que foram estudados segundo os autores Theodor Adorno e Max
Horkheimer, Jean Baudrillard e suas reflexões sobre Simulacros
e Simulações, Zygmunt Bauman e a sua descrição sobre a Vida
para Consumo e a Arte da Vida; revisita o conceito de Mitologias
proposto por Roland Barthes, assim como também a Sociedade
do Espetáculo de Guy Debord.
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3. O blockbuster de Derrick Borte (também responsável pela direção) foi
lançado nos Estados Unidos em dezembro de 2010 e ficou disponível
para o público brasileiro apenas no mês de março de 2011. O filme
retrata a típica família americana, cujos pais estão com idades entre
40 e 45 anos e os dois filhos, frequentam o último ano da escola
secundária. Até então, parecem ser uma família normal e assumem os
padrões de consumo típicos dos Estados Unidos. Porém, essa
“unidade familiar”, termo usado dentro da narrativa do filme, possui
uma particularidade: são atores contratados por uma grande empresa
multinacional que possuem uma atuação mercadológica específica.
http://www.youtube.com/watch?v=aUzUs2kxqDU
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4. São pessoas consideradas “desejáveis” pela cultura norte
americana, não possuem as mazelas físicas da população
comum. O “pai” é David Duchovny e a “mãe” a atriz “Demi
Moore”. Ambos são ícones de sedução, hedonismo e consumo.
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5. As relações humanas são transações comerciais, o ato de
consumir torna-se uma espécie de “afiliação social” e que
reafirma a capacidade de “vendabilidade” dos membros, em que
prevalece é o poder de persuasão e influência da família.
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7. “A Indústria Cultural pode se ufanar de ter levado a cabo com
energia e de ter erigido em princípio a transferência muitas
vezes desajeitada da arte para a esfera do consumo, de ter
despido a diversão de suas ingenuidades inoportunas e de ter
aperfeiçoado o feitio das mercadorias” (ADORNO e
HORKHEIMER, 1985, p.116).
Cada manifestação da Indústria Cultural reproduz as pessoas
tais como as modelou – consumidores passivos. As massas estão
muito mais propensas a se identificarem com um milionário na
tela, porque acreditam que a felicidade não é para todos e sim
para uma pequena parcela de favorecidos que possuem a sorte
grande.
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8. Bauman (2009) chama isso de “auto-sacrifício”, explorando mais
o termo, ele ocorre quando o espectador observa o quão
desejável é o que outro tem. O autor relata o caso vivido por
Abraham Maslow e seu filho, que adoravam morangos e mesmo
que a mulher oferecesse o mesmo fruto para ambos, a forma
como a criança consumia – impetuosa, impaciente, com rapidez,
sem capacidade de prolongar a experiência – tornava-o mais
atrativo para Maslow.
“um dos efeitos mais seminais de tornar a felicidade à compra
de mercadorias que se esperam que gerem necessidade é
afastar a probabilidade de que esta busca algum dia chegará ao
fim” (Bauman, 2009, p.16).
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9. O resultado é uma sociedade
alienada a si mesma, sem
racionalidade, apesar de toda
“racionalização” que se diz ter. Há um
esvaziamento dos sentidos pela não
produção de sentidos, conforme
estudado por Baudrillard (1991), em
que os agentes da Indústria Cultural
se empenham em manter o
“simulacro”, para que não
percebamos a brutal realidade da
perda de sentidos pela encenação e
pelo processo de simulação.
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10. O espectador não deve ter
necessidade de nenhum
pensamento próprio, o produto
prescreve toda a reação: não por sua
estrutura temática – que desmorona
na medida em que exige o
pensamento – mas através de sinais.
Toda a ligação lógica que
pressuponha um esforço intelectual
é escrupulosamente evitada
(ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.
128-129).
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11. Para Guy Debord (1997) em seu livro A Sociedade do Espetáculo:
“[Há] a perda da qualidade - tão evidente em todos os níveis da
linguagem especular – dos objetos que louva e das condutas que
regula”. Ou seja, uma constante busca pela padronização e
produção em série pela Indústria Cultural: de mercadorias, de
pessoas e de comportamentos “sem qualidade”. A mercadoria
está inserida de tal forma que se torna a base da nossa vida
social, chegando ao seu ápice quando a ocupa totalmente.
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12. Nossa vida é uma constante linha
do tempo de aquisição e descarte,
onde a felicidade está na busca
infindável por objetos que nos
completem. Por isso, o trabalho
está em ganhar mais para
acumular mais bens, transferimos
para as mercadorias a nossa
essência humana, totalmente
esvaziada de sentido.
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13. A nós, o que nos resta? Se entregar totalmente e aceitar as
verdades recriadas? Ou resistir conscientemente? Não se
consegue chegar a uma conclusão rápida, porque estamos tão
absorvidos pela Indústria Cultural e sua produção, que não é fácil
reconhecer onde estão os limites de sua atuação, se é que
existem, e como podemos dentro desta complexidade de
“simulacros” encontrar caminhos que nos permitam
movimentos de resistência, mesmo tendo a consciência que
esses nunca serão totalmente inocentes, faço aqui a mea culpa,
porque gostamos dos mitos que nos envolvem, gostamos da
felicidade possível, do consumo dar sentido a uma vida limitada
e caótica.
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14. Janaíra França
janaira.franca@terra.com.br
(11) 98596-9780
@JanairaFranca 14