SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  17
Interdisciplinarizando com o Cordel na
sala de aula
Diretoria Regional de Ensino de Gurupi
Professores:
Claudilene dos S. Almeida
Jeremias Raimundo Leal.
 
“A Cultura Popular é um magnífico
tesouro que enobrece a alma do nosso
país, encantando e dando lenitivo aos
nossos corações. Ela abrange um
elenco de manifestações que fazem
parte do cotidiano do povo; um
relicário de valores expressivos que
vão se perpetuando através das
gerações, e alimentando a memória
viva da nação”. (Rubenio Marcelo)
Literatura de Cordel
É assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos,
dependurados em barbantes (cordões), nas feiras, mercados,
praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do
interior e nos subúrbios das grandes cidades.
O povo se refere à Literatura de Cordel apenas como Folheto. A
tradição dessas publicações veio da Europa no séc. XVIII, já era
comum entre os portugueses a expressão Literatura de cego,
por causa da Lei promulgada por Dom João V, em 1789,
permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar
com esse tipo de publicação. Chegou ao Brasil através dos
portugueses na metade do séc. XIX.
O Cordel está presente também em outros países como a Itália,
Espanha, México e Portugal.
Recorde de vendas do Cordel
- Na década de 50 em razão da morte de Getúlio Vargas,
foram impressos e vendidos mais de dois milhões de Folhetos, num
total de 60 títulos.
- Hoje mesmo com os constantes progressos tecnológicos e de
comunicação o Cordel continua presente não só na Região Nordeste,
como também de Norte a Sul do nosso País. Conquistando a
admiração e respeito do público em geral.
- É estudado e pesquisado nos meios acadêmicos, ciclos literários e
até em conferências mundiais.
Temáticas do Cordel
Envolvendo realidade e ficção os temas abordados pelos
cordelistas são diversos:
Política, corrupção, problemas sociais, romance,heroísmo,
valores, biografias, histórias fantásticas, costumes e outros.
Cordelistas de ontem e hoje
Agostino Nunes, Ugolino de Sabugi, Silvino Piruá, José
Duda, Francisco das Chagas, João Martins de Athaíde,
Leandro Gomes e Antônio Gonçalves da Silva, o “Patativa
do Assaré” e outros.
Hoje temos vários cordelistas renomados como Gustavo
Dourado, Sézar Obeid, Arievaldo Viana( recentemente
lançou a obra Acorda Cordel na Sala de Aula)e tantos
outros.
As capas do Cordel
As capas dos Folhetos eram ilustradas com gravuras e
títulos chamativos, somente no processo artesanal da
Xilogravura – resultado da impressão feita com uma
espécie de carimbo talhado numa matriz de madeira –
hoje encontramos também desenhadas ou até mesmo
impressas no computador.
Por que trabalhar o Cordel em sala de aula?
A Literatura de Cordel é uma excelente forma de levar a poesia para a
sala de aula, ela universaliza as informações, pois trabalha com temas
diversificados e transversais; é interdisciplinar por natureza:
-Facilita a leitura e compreensão de textos;
-Desenvolve o senso crítico e a análise reflexiva do aluno;
-Permite uma melhor expressão verbal e escrita;
-Mostra o outro lado da História não contada nos Livros Didáticos;
-Facilita o contato do aluno com a rima e o ritmo poético;
-Leva novas informações para quem não tem acesso direto a meios de
comunicação mais independentes e alternativos;
-Desperta no aluno a criatividade poética e um contato direto com uma
poesia de origem milenar e que se mantém ao longo do tempo, apesar
de todas as intempéries sistemáticas. (Gustavo Dourado)
Base para a elaboração do Cordel
A métrica e a rima
Métrica - Arte Poética que ensina os elementos
necessários à leitura de versos medidos.
Sistema de versificação particular a um poeta.
Contagem das sílabas de um verso.
Verso é a linguagem medida e para medir devemos
juntar as palavras em número prefixado de pés.
Chama-se de pés uma sílaba métrica. O verso
português pode ter de duas a doze sílabas, sendo os
mais comuns de seis, sete, dez e doze sílabas; já na
Literatura de Cordel o número de sílabas mais utilizado
é de sete a nove sílabas.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)
Eis como se contam as sílabas:
Mi / nha / ter / ra / tem / pal / mei / ras
1 2 3 4 5 6 7
Não conta à sílaba final “ras” porque o verso acaba
na última sílaba tônica.
As / a / ves / que a / qui / gor / jei / am
1 2 3 4 5 6 7
Não / gor / jei / am / co / mo / lá.
1 2 3 4 5 6
Observação: Vale lembrar que quando a palavra
seguinte de um verso inicia com vogal, dependendo do
caso, pode haver a junção da primeira sílaba com a
segunda.
Rimas consoantes - as sílabas que se conformam inteiramente
no som desde a vogal ou ditongo da sílaba tônica até a última
letra ou fonema; ou melhor, consideramos as palavras que
rimam entre si, as que têm o mesmo som na sua terminação:
Coração e paixão – rima em “ão”;
Casado e coitado – rima em “ado”;
Corte e forte – rima em “orte”.
Observação: Toda rima começa na vogal da sílaba tônica da
palavra e vai até o final.
Rimas toantes - aquelas em que só há identidade de sons nas
vogais. Exemplos:
Fuso – veludo; cálida – lágrima.
No caso do Cordel, faz parte da tradição do gênero o uso de
rimas consoantes.
A forma das estrofes do Cordel
Estrofe - conjunto de versos separados por uma linha
(espaço) em branco.
Quadras – estrofes de quatro versos de sete a nove sílabas,
sendo que o segundo verso rima com o quarto (indicada para
ser trabalhada nas séries iniciais ou com iniciantes no Cordel).
“Não tenho medo do homem
Nem do ronco que ele tem A
Um besouro também ronca
Vou olhar não é ninguém”. A
(Gonçalo Ferreira da Silva)
Sextilhas – estrofes de seis versos, sendo que cada verso
tem de sete a nove sílabas, o segundo verso, o quarto e
sexto rimam entre si; deixando órfãos o primeiro, terceiro e
quinto versos. Exemplo:SOS Brasil, poeta residente em
Aliança.
“O pobre vive sujeito
A muita imposição, A
Sem direito à liberdade,
Morando numa invasão A
Uma vida sem sossego
Chorando a falta do pão”. A
(Chico Poeta)
Setilha– estrofe com sete versos de sete a nove sílabas. O
segundo verso, o quarto e sétimo rimam entre si, e o quinto
verso rima com o sexto. Os outros são livres. Exemplo: O mau
humor do seu Lunga no tempo que era bicheiro.
Vou escrever de seu Lunga
Um fato que se passou A
Que antes ninguém sabia
Mas que alguém me contou A
Que para ganhar dinheiro B
Até mesmo de bicheiro B
Seu Lunga trabalhou. A
(Jotabê)
Oito pés de quadrão ou oitavas – são estrofes de oito versos de
sete sílabas.
Os três primeiros versos rimam entre si; o quarto verso, o quinto e
oitavo rimam entre si, e o sexto verso rima com o sétimo.
(AAABBCCB).
“Eu canto com Zé Limeira A
Rei dos vates do Teixeira A
Nesta noite prazenteira A
Da lua sob o clarão B
Sentindo no coração B
A alegria deste canto C
Por isso é que eu canto tanto C
NOS OITO PÉS A QUADRÃO” B
(José Gonçalves)
As décimas- dez versos de sete sílabas, as mais usadas pelos
repentistas. Excelente para glosar notas, e a modalidade só perde para
as sextilhas; adequadas para narrativas de longo fôlego.
O primeiro verso rima com o quarto e o quinto; o segundo com o
terceiro; o sexto com o sétimo e o décimo e o oitavo com o nono
(ABBAACCDDC).
“As obras da natureza A
são de tanta perfeição, B
que a nossa imaginação B
não pinta tanta grandeza A
para imitar tanta beleza. A
Das nuvens com suas cores, C
Se desmanchando em louvores C
De um manto adamascado, D
O artista, com cuidado, D
Da arte, aplica os primores”. C
(Ugolino do Sabugi)
“Poesia é dom Divino
E ninguém pode tirar
Que o poeta canta o mar
Que a poesia é um hino
Todos têm o seu destino
Desta musa divagar
Pra corrente não parar
Diga o pensamento meu
Quem foi poeta não morre
E quem não é, já morreu”.
(A. P.)

Contenu connexe

Tendances

A MÚSICA NA SALA DE AULA
A MÚSICA NA SALA DE AULAA MÚSICA NA SALA DE AULA
A MÚSICA NA SALA DE AULAamiltonp
 
Genero Textual Poesia
Genero Textual PoesiaGenero Textual Poesia
Genero Textual PoesiaJomari
 
Análise do poema os sapos, de manuel bandeira
Análise do poema os sapos, de manuel bandeiraAnálise do poema os sapos, de manuel bandeira
Análise do poema os sapos, de manuel bandeirama.no.el.ne.ves
 
Apostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentl
Apostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentlApostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentl
Apostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentlPartitura de Banda
 
Poesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileiraPoesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileiraAndrea Nascimento
 
Dígrafo e encontro consonantal
Dígrafo e encontro consonantalDígrafo e encontro consonantal
Dígrafo e encontro consonantalRosana Mayer
 
História de uma vida: Patativa do Assaré
História de uma vida: Patativa do AssaréHistória de uma vida: Patativa do Assaré
História de uma vida: Patativa do AssaréKaren Santos
 
CILP - Sintaxe - 100 questões com gabarito
CILP - Sintaxe - 100 questões com gabaritoCILP - Sintaxe - 100 questões com gabarito
CILP - Sintaxe - 100 questões com gabaritojasonrplima
 
Estrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason Lima
Estrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason LimaEstrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason Lima
Estrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason Limajasonrplima
 

Tendances (20)

Folclore 9º ano
Folclore 9º anoFolclore 9º ano
Folclore 9º ano
 
Fonética & fonologia
Fonética & fonologiaFonética & fonologia
Fonética & fonologia
 
1.3 ortografia
1.3   ortografia1.3   ortografia
1.3 ortografia
 
Literatura de Cordel
Literatura de Cordel Literatura de Cordel
Literatura de Cordel
 
A MÚSICA NA SALA DE AULA
A MÚSICA NA SALA DE AULAA MÚSICA NA SALA DE AULA
A MÚSICA NA SALA DE AULA
 
Genero Textual Poesia
Genero Textual PoesiaGenero Textual Poesia
Genero Textual Poesia
 
Análise do poema os sapos, de manuel bandeira
Análise do poema os sapos, de manuel bandeiraAnálise do poema os sapos, de manuel bandeira
Análise do poema os sapos, de manuel bandeira
 
Apostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentl
Apostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentlApostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentl
Apostila de educação musical - 6º ano ensino fundamentl
 
Avaliacao 8-ano-arte
Avaliacao 8-ano-arteAvaliacao 8-ano-arte
Avaliacao 8-ano-arte
 
Cordel
CordelCordel
Cordel
 
A Literatura de Cordel em Sala (Projeto Pibid 2013)
A Literatura de Cordel em Sala (Projeto Pibid 2013)A Literatura de Cordel em Sala (Projeto Pibid 2013)
A Literatura de Cordel em Sala (Projeto Pibid 2013)
 
SLIDES – PARÓDIA.
SLIDES – PARÓDIA.SLIDES – PARÓDIA.
SLIDES – PARÓDIA.
 
Poesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileiraPoesia de cordel e cultura popular brasileira
Poesia de cordel e cultura popular brasileira
 
Dígrafo e encontro consonantal
Dígrafo e encontro consonantalDígrafo e encontro consonantal
Dígrafo e encontro consonantal
 
História de uma vida: Patativa do Assaré
História de uma vida: Patativa do AssaréHistória de uma vida: Patativa do Assaré
História de uma vida: Patativa do Assaré
 
CILP - Sintaxe - 100 questões com gabarito
CILP - Sintaxe - 100 questões com gabaritoCILP - Sintaxe - 100 questões com gabarito
CILP - Sintaxe - 100 questões com gabarito
 
Lingua e-linguagem2
Lingua e-linguagem2Lingua e-linguagem2
Lingua e-linguagem2
 
Estrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason Lima
Estrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason LimaEstrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason Lima
Estrutura verbal - exercícios com gabarito - Tales - Professor Jason Lima
 
Funções da linguagem
Funções da linguagemFunções da linguagem
Funções da linguagem
 
Sarau cultural (1)
Sarau cultural (1)Sarau cultural (1)
Sarau cultural (1)
 

En vedette

En vedette (6)

Oficina de cordel - 6º ano - Escola Municipal Promorar
Oficina de cordel  - 6º ano - Escola Municipal PromorarOficina de cordel  - 6º ano - Escola Municipal Promorar
Oficina de cordel - 6º ano - Escola Municipal Promorar
 
Projeto literatura de cordel
Projeto literatura de cordelProjeto literatura de cordel
Projeto literatura de cordel
 
Cartilha cordel completa
Cartilha cordel completaCartilha cordel completa
Cartilha cordel completa
 
Oficina cantoria, cordel e cult. popular
Oficina   cantoria, cordel e cult. popularOficina   cantoria, cordel e cult. popular
Oficina cantoria, cordel e cult. popular
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Literatura de cordel 4º ano
Literatura de cordel 4º anoLiteratura de cordel 4º ano
Literatura de cordel 4º ano
 

Similaire à Interdisciplinarizando o Cordel na sala de aula

Literaturadecordel lyedja
Literaturadecordel lyedjaLiteraturadecordel lyedja
Literaturadecordel lyedjaLyedja Barros
 
Literatura de Cordel.ppt
Literatura de Cordel.pptLiteratura de Cordel.ppt
Literatura de Cordel.pptGustavo Paz
 
literaturadecordel-120108180748-phpapp01.pdf
literaturadecordel-120108180748-phpapp01.pdfliteraturadecordel-120108180748-phpapp01.pdf
literaturadecordel-120108180748-phpapp01.pdfIsabiliSantos
 
Ativ 2 juares
Ativ 2 juaresAtiv 2 juares
Ativ 2 juaresJuarês
 
Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...
Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...
Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...Glauber Pinheiro
 
Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesiasklauddia
 
Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesiasklauddia
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poemaionasilva
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poemaionasilva
 
Literatura_de_Cordel.pptx
Literatura_de_Cordel.pptxLiteratura_de_Cordel.pptx
Literatura_de_Cordel.pptxssuser9ba5e9
 
P.point texto poético
P.point texto poéticoP.point texto poético
P.point texto poéticoCarlos Dias
 
Gênero lírico - Profª Vivian Trombini
Gênero lírico - Profª Vivian TrombiniGênero lírico - Profª Vivian Trombini
Gênero lírico - Profª Vivian TrombiniVIVIAN TROMBINI
 
Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)
Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)
Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)Cristina Ramos
 
Tipos de poesias
Tipos de poesiasTipos de poesias
Tipos de poesiasklauddia
 

Similaire à Interdisciplinarizando o Cordel na sala de aula (20)

Literaturadecordel lyedja
Literaturadecordel lyedjaLiteraturadecordel lyedja
Literaturadecordel lyedja
 
Literatura de Cordel.ppt
Literatura de Cordel.pptLiteratura de Cordel.ppt
Literatura de Cordel.ppt
 
literaturadecordel-120108180748-phpapp01.pdf
literaturadecordel-120108180748-phpapp01.pdfliteraturadecordel-120108180748-phpapp01.pdf
literaturadecordel-120108180748-phpapp01.pdf
 
Nota iii escansão poemas
Nota iii escansão poemasNota iii escansão poemas
Nota iii escansão poemas
 
Ativ 2 juares
Ativ 2 juaresAtiv 2 juares
Ativ 2 juares
 
Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...
Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...
Elementos constituintes do cordel verso, estrofe, figuras de linguagem, rima,...
 
Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesias
 
Tipos De Poesias
Tipos De PoesiasTipos De Poesias
Tipos De Poesias
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poema
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poema
 
Literatura_de_Cordel.pptx
Literatura_de_Cordel.pptxLiteratura_de_Cordel.pptx
Literatura_de_Cordel.pptx
 
A métrica e a rima
A métrica e a rimaA métrica e a rima
A métrica e a rima
 
P.point texto poético
P.point texto poéticoP.point texto poético
P.point texto poético
 
Gênero lírico - Profª Vivian Trombini
Gênero lírico - Profª Vivian TrombiniGênero lírico - Profª Vivian Trombini
Gênero lírico - Profª Vivian Trombini
 
Letria
LetriaLetria
Letria
 
Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)
Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)
Versos e seus recursos musicais (1º ano do Ensino Médio)
 
Teoria-da-literatura (4).pptx
Teoria-da-literatura (4).pptxTeoria-da-literatura (4).pptx
Teoria-da-literatura (4).pptx
 
Tipos de poesias
Tipos de poesiasTipos de poesias
Tipos de poesias
 
Construção de poemas
Construção de poemasConstrução de poemas
Construção de poemas
 
De tarde - Cesário Verde
De tarde - Cesário VerdeDe tarde - Cesário Verde
De tarde - Cesário Verde
 

Plus de japquimica

Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11
Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11
Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11japquimica
 
Memorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereiraMemorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereirajapquimica
 
Memorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereiraMemorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereirajapquimica
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antoniojapquimica
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antoniojapquimica
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antoniojapquimica
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antoniojapquimica
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antoniojapquimica
 
Quadro de distribuição de conteúdos da eja química
Quadro de distribuição de conteúdos da eja   químicaQuadro de distribuição de conteúdos da eja   química
Quadro de distribuição de conteúdos da eja químicajapquimica
 
Eletroquímica ii
Eletroquímica iiEletroquímica ii
Eletroquímica iijapquimica
 
Lista de química organica isomeria - josé antônio
Lista de química organica   isomeria - josé antônioLista de química organica   isomeria - josé antônio
Lista de química organica isomeria - josé antôniojapquimica
 
Estrutura isomerica
Estrutura isomericaEstrutura isomerica
Estrutura isomericajapquimica
 
Plano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiaPlano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiajapquimica
 
Plano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escolaPlano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escolajapquimica
 
Plano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escolaPlano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escolajapquimica
 
Plano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiaPlano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiajapquimica
 
Plano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiaPlano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiajapquimica
 
Equilibrio quimico equação
Equilibrio quimico   equaçãoEquilibrio quimico   equação
Equilibrio quimico equaçãojapquimica
 
As comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papelAs comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papeljapquimica
 
As comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papelAs comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papeljapquimica
 

Plus de japquimica (20)

Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11
Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11
Prova do vestibular de química da uft comentada do dia 13 11-11
 
Memorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereiraMemorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereira
 
Memorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereiraMemorial profissional do josé antônio pereira
Memorial profissional do josé antônio pereira
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonio
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonio
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonio
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonio
 
Memorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonioMemorial profissional do josé antonio
Memorial profissional do josé antonio
 
Quadro de distribuição de conteúdos da eja química
Quadro de distribuição de conteúdos da eja   químicaQuadro de distribuição de conteúdos da eja   química
Quadro de distribuição de conteúdos da eja química
 
Eletroquímica ii
Eletroquímica iiEletroquímica ii
Eletroquímica ii
 
Lista de química organica isomeria - josé antônio
Lista de química organica   isomeria - josé antônioLista de química organica   isomeria - josé antônio
Lista de química organica isomeria - josé antônio
 
Estrutura isomerica
Estrutura isomericaEstrutura isomerica
Estrutura isomerica
 
Plano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiaPlano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídia
 
Plano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escolaPlano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escola
 
Plano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escolaPlano de aula utilizando recurso da tv escola
Plano de aula utilizando recurso da tv escola
 
Plano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiaPlano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídia
 
Plano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídiaPlano de aula com objeto hipermídia
Plano de aula com objeto hipermídia
 
Equilibrio quimico equação
Equilibrio quimico   equaçãoEquilibrio quimico   equação
Equilibrio quimico equação
 
As comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papelAs comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papel
 
As comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papelAs comunidades de aprendizagens e o novo papel
As comunidades de aprendizagens e o novo papel
 

Interdisciplinarizando o Cordel na sala de aula

  • 1. Interdisciplinarizando com o Cordel na sala de aula Diretoria Regional de Ensino de Gurupi Professores: Claudilene dos S. Almeida Jeremias Raimundo Leal.  
  • 2. “A Cultura Popular é um magnífico tesouro que enobrece a alma do nosso país, encantando e dando lenitivo aos nossos corações. Ela abrange um elenco de manifestações que fazem parte do cotidiano do povo; um relicário de valores expressivos que vão se perpetuando através das gerações, e alimentando a memória viva da nação”. (Rubenio Marcelo)
  • 3. Literatura de Cordel É assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos, dependurados em barbantes (cordões), nas feiras, mercados, praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. O povo se refere à Literatura de Cordel apenas como Folheto. A tradição dessas publicações veio da Europa no séc. XVIII, já era comum entre os portugueses a expressão Literatura de cego, por causa da Lei promulgada por Dom João V, em 1789, permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação. Chegou ao Brasil através dos portugueses na metade do séc. XIX. O Cordel está presente também em outros países como a Itália, Espanha, México e Portugal.
  • 4. Recorde de vendas do Cordel - Na década de 50 em razão da morte de Getúlio Vargas, foram impressos e vendidos mais de dois milhões de Folhetos, num total de 60 títulos. - Hoje mesmo com os constantes progressos tecnológicos e de comunicação o Cordel continua presente não só na Região Nordeste, como também de Norte a Sul do nosso País. Conquistando a admiração e respeito do público em geral. - É estudado e pesquisado nos meios acadêmicos, ciclos literários e até em conferências mundiais.
  • 5. Temáticas do Cordel Envolvendo realidade e ficção os temas abordados pelos cordelistas são diversos: Política, corrupção, problemas sociais, romance,heroísmo, valores, biografias, histórias fantásticas, costumes e outros. Cordelistas de ontem e hoje Agostino Nunes, Ugolino de Sabugi, Silvino Piruá, José Duda, Francisco das Chagas, João Martins de Athaíde, Leandro Gomes e Antônio Gonçalves da Silva, o “Patativa do Assaré” e outros. Hoje temos vários cordelistas renomados como Gustavo Dourado, Sézar Obeid, Arievaldo Viana( recentemente lançou a obra Acorda Cordel na Sala de Aula)e tantos outros.
  • 6. As capas do Cordel As capas dos Folhetos eram ilustradas com gravuras e títulos chamativos, somente no processo artesanal da Xilogravura – resultado da impressão feita com uma espécie de carimbo talhado numa matriz de madeira – hoje encontramos também desenhadas ou até mesmo impressas no computador.
  • 7. Por que trabalhar o Cordel em sala de aula? A Literatura de Cordel é uma excelente forma de levar a poesia para a sala de aula, ela universaliza as informações, pois trabalha com temas diversificados e transversais; é interdisciplinar por natureza: -Facilita a leitura e compreensão de textos; -Desenvolve o senso crítico e a análise reflexiva do aluno; -Permite uma melhor expressão verbal e escrita; -Mostra o outro lado da História não contada nos Livros Didáticos; -Facilita o contato do aluno com a rima e o ritmo poético; -Leva novas informações para quem não tem acesso direto a meios de comunicação mais independentes e alternativos; -Desperta no aluno a criatividade poética e um contato direto com uma poesia de origem milenar e que se mantém ao longo do tempo, apesar de todas as intempéries sistemáticas. (Gustavo Dourado)
  • 8. Base para a elaboração do Cordel A métrica e a rima Métrica - Arte Poética que ensina os elementos necessários à leitura de versos medidos. Sistema de versificação particular a um poeta. Contagem das sílabas de um verso. Verso é a linguagem medida e para medir devemos juntar as palavras em número prefixado de pés. Chama-se de pés uma sílaba métrica. O verso português pode ter de duas a doze sílabas, sendo os mais comuns de seis, sete, dez e doze sílabas; já na Literatura de Cordel o número de sílabas mais utilizado é de sete a nove sílabas.
  • 9. Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias) Eis como se contam as sílabas: Mi / nha / ter / ra / tem / pal / mei / ras 1 2 3 4 5 6 7 Não conta à sílaba final “ras” porque o verso acaba na última sílaba tônica.
  • 10. As / a / ves / que a / qui / gor / jei / am 1 2 3 4 5 6 7 Não / gor / jei / am / co / mo / lá. 1 2 3 4 5 6 Observação: Vale lembrar que quando a palavra seguinte de um verso inicia com vogal, dependendo do caso, pode haver a junção da primeira sílaba com a segunda.
  • 11. Rimas consoantes - as sílabas que se conformam inteiramente no som desde a vogal ou ditongo da sílaba tônica até a última letra ou fonema; ou melhor, consideramos as palavras que rimam entre si, as que têm o mesmo som na sua terminação: Coração e paixão – rima em “ão”; Casado e coitado – rima em “ado”; Corte e forte – rima em “orte”. Observação: Toda rima começa na vogal da sílaba tônica da palavra e vai até o final. Rimas toantes - aquelas em que só há identidade de sons nas vogais. Exemplos: Fuso – veludo; cálida – lágrima. No caso do Cordel, faz parte da tradição do gênero o uso de rimas consoantes.
  • 12. A forma das estrofes do Cordel Estrofe - conjunto de versos separados por uma linha (espaço) em branco. Quadras – estrofes de quatro versos de sete a nove sílabas, sendo que o segundo verso rima com o quarto (indicada para ser trabalhada nas séries iniciais ou com iniciantes no Cordel). “Não tenho medo do homem Nem do ronco que ele tem A Um besouro também ronca Vou olhar não é ninguém”. A (Gonçalo Ferreira da Silva)
  • 13. Sextilhas – estrofes de seis versos, sendo que cada verso tem de sete a nove sílabas, o segundo verso, o quarto e sexto rimam entre si; deixando órfãos o primeiro, terceiro e quinto versos. Exemplo:SOS Brasil, poeta residente em Aliança. “O pobre vive sujeito A muita imposição, A Sem direito à liberdade, Morando numa invasão A Uma vida sem sossego Chorando a falta do pão”. A (Chico Poeta)
  • 14. Setilha– estrofe com sete versos de sete a nove sílabas. O segundo verso, o quarto e sétimo rimam entre si, e o quinto verso rima com o sexto. Os outros são livres. Exemplo: O mau humor do seu Lunga no tempo que era bicheiro. Vou escrever de seu Lunga Um fato que se passou A Que antes ninguém sabia Mas que alguém me contou A Que para ganhar dinheiro B Até mesmo de bicheiro B Seu Lunga trabalhou. A (Jotabê)
  • 15. Oito pés de quadrão ou oitavas – são estrofes de oito versos de sete sílabas. Os três primeiros versos rimam entre si; o quarto verso, o quinto e oitavo rimam entre si, e o sexto verso rima com o sétimo. (AAABBCCB). “Eu canto com Zé Limeira A Rei dos vates do Teixeira A Nesta noite prazenteira A Da lua sob o clarão B Sentindo no coração B A alegria deste canto C Por isso é que eu canto tanto C NOS OITO PÉS A QUADRÃO” B (José Gonçalves)
  • 16. As décimas- dez versos de sete sílabas, as mais usadas pelos repentistas. Excelente para glosar notas, e a modalidade só perde para as sextilhas; adequadas para narrativas de longo fôlego. O primeiro verso rima com o quarto e o quinto; o segundo com o terceiro; o sexto com o sétimo e o décimo e o oitavo com o nono (ABBAACCDDC). “As obras da natureza A são de tanta perfeição, B que a nossa imaginação B não pinta tanta grandeza A para imitar tanta beleza. A Das nuvens com suas cores, C Se desmanchando em louvores C De um manto adamascado, D O artista, com cuidado, D Da arte, aplica os primores”. C (Ugolino do Sabugi)
  • 17. “Poesia é dom Divino E ninguém pode tirar Que o poeta canta o mar Que a poesia é um hino Todos têm o seu destino Desta musa divagar Pra corrente não parar Diga o pensamento meu Quem foi poeta não morre E quem não é, já morreu”. (A. P.)