1. Decoração
Meu cantinho
predileto
Entre e fique à vontade
nos recantos da casa de quatro
profissionais da arte de morar bem
Por Iara Zavar Fotos Cia de Foto
E les são especialistas na arte de desenvolver am-
bientes harmoniosos. São chamados por diferen-
tes tipos de clientes para decorar casas, escritórios,
restaurantes e para deixar nesses lugares um pou-
co de seu estilo. A Revista Rossi conversou com três
arquitetos e um decorador para descobrir como a pro-
fissão os influencia na hora de embelezar seus pró-
prios lares – e, principalmente, para conhecer o can-
to predileto da casa de cada um deles.
Fernanda Marques, Débora Aguiar, Marcio Curi
e Beto Galvez, profissionais que têm escritórios em
São Paulo, abriram gentilmente as portas de seus ni-
nhos para mostrar os ambientes em que mais gos-
tam de estar, seja para ler, ouvir música, estudar, ficar
com a família ou simplesmente relaxar.
Em seus cantinhos favoritos, os quatro mostra-
ram que nem sempre “em casa de ferreiro o espeto
é de pau”. Aliás, ficam bem longe disso. Nas pági- Da esquerda para a direita (a partir
da página anterior), detalhes da casa
nas a seguir, fique à vontade e conheça esses ver-
de Débora Aguiar, Fernanda Marques,
dadeiros recantos de bem-estar. Beto Galvez e Marcio Curi
22 23
2. Decoração
Arte em casa
Em sua casa de 750 metros quadrados, a arquiteta Fernanda Marques
gosta não só de poucos e grandes móveis, como também de valorizar
os espaços vazios – marcas sempre presentes em seu trabalho. No
canto predileto de sua casa, a sala de estar, não poderia ser diferente.
“Eu gosto da idéia do vazio, de poucos e fortes elementos. Me agrada Em sua sala
o fato de não precisar me desviar das coisas”, diz. de estar, Fernanda
Marques gosta
Nos dois sofás de 3,20 metros, que ficam no centro do ambiente, a de poucos e
família grande se espalha. Fernanda é mãe dos trigêmeos Victória, grandes móveis.
Isabella e Rafael, de 13 anos, e mora com o segundo marido, Gilberto, e No detalhe ao lado,
peça em cerâmica
dois dos três filhos dele, Bianca, 19, e Alice, 15. A mãezona adora ler trazida de Milão
nessa ampla sala com lareira, televisão de plasma com carcaça vintage –
que utiliza apenas para exibir vídeos de arte –, mesa de centro baixa de-
corada com flores, livros e objetos de arte, como o porquinho imantado
amarelo, de um ceramista holandês, comprado recentemente em Milão.
Por falar em obras de arte, elas cercam todo o espaço. Em um dos
cantos, vê-se uma escultura de bronze do artista Edgard de Souza.
Logo na entrada da sala, está uma instalação que contrapõe madeira e
mármore, de Elisa Bracher, e, envolto em moldura de acrílico, um de-
licado colar feito com bisturis, criado pela artista Nazareth Pacheco.
“Quando quero trocar a decoração, normalmente compro uma nova
obra”, conta a arquiteta.
Nos finais de semana, Fernanda gosta de ir com a família para outro
ambiente dessa mesma sala, onde fica um telão de 80 polegadas e, claro,
um sofá grande. “Eu adoro filmes!”, fala, rodeada pelos filhos. “O espaço
também serve como escritório. Adoro os cantos multifuncionais.”
22
3. Decoração
O arquiteto Beto Galvez no lugar em
que adora ouvir música e estar rodeado
por presentes. Abaixo, vaso e cabeça
de Buda que ganhou de amigos
Em seu “cantinho de luz”,
Recanto de luz Débora Aguiar dispõe
cachepôs de vime, castiçais
Fibra, vime, madeira de reflorestamento, cou- de prata e obras de arte
como a tela de Volpi (abaixo)
ro ecológico. A mistura desses materiais, as-
sociados a tons geralmente claros, é marca for-
te dos ambientes aconchegantes criados pe-
la arquiteta Débora Aguiar. Em seu apartamen-
to de 130 metros quadrados, ela segue a mes-
ma linha. “Os ambientes não devem ser só bo-
nitos. Eu acredito muito que a casa precisa ser
feita para as pessoas usarem de verdade”, diz.
A cachorrinha de Débora, Hope, circula
livremente por todos os cantos do apartamen-
to e adora se aboletar nos braços da dona
quando ela se estica na Poltrona Maggiolina,
da grife italiana Zanotta – peça adorada por
Débora e que está disposta entre dois am-
bientes da sala. É nela que a arquiteta mais
gosta de ficar quando consegue um tempi-
nho livre para curtir sua casa. De um lado da
poltrona há um cantinho para assistir à tele-
visão, com sofá e um pufe grande; do outro,
a sala de estar permeada por tons de bege
acolhe quem mora e quem visita. “Eu gosto
muito do jogo de luz e acho que as cores cla-
ras facilitam isso”, explica Débora.
Regalos em cena Nesse espaço, duas mesinhas de mármo-
O decorador paulista Beto Galvez conta que sempre teve jeito para decoração. Ali, uma parede negra destaca os objetos, entre eles cin- re baixas feitas sob medida são preenchidas por
harmonizar ambientes. Trabalhou em lojas especializadas em deco- co quadros (inclusive uma gravura de Di Cavalcanti). O móvel de cachepôs de vime, donzelas de vidro e casti-
ração, como a Armando Cerello, e logo começou a desenvolver pro- arestas cromadas em que estão os CDs, o som e a televisão foi de- çais de prata. Por todos os cantos, as plantas
jetos ao lado da amiga Nórea De Vitto. “No início, a gente fazia re- senhado por ele – como vários outros da casa. marcam presença, seja em pequenos vasos de
uniões onde dava, até dentro do carro”, conta ele. Seis meses depois Galvez também adora dispor os presentes que ganha dos amigos orquídeas ou na avantajada pata de elefante
de terem montado um escritório, no final dos anos 1980, a dupla foi nesse ambiente. “Esse tapete eu ganhei de um amigo; essa cabeça acomodada em um recipiente de vidro.
chamada para criar um ambiente para o badalado evento Casa Cor. de Buda, de outro. Esse vaso é da minha amiga artista plástica Patrícia Em uma das paredes, um quadro de Alfre-
E não pararam mais. Magano”, conta ele. Um pufe dourado vindo do Marrocos recente- do Volpi colore de leve o ambiente com suas
“Gosto de ambientes que não tenham cara de loja”, fala Galvez. mente, também de presente, veio para integrar o espaço. “Como gos- bandeirinhas em tons de azul e vermelho. “Eu
Na casa dele, não é diferente, tampouco no espaço contíguo ao living to muito de receber, adoro quando as pessoas sentam e começam a estava escolhendo um quadro para um clien-
em que adora ouvir música, relaxar e ler revistas e livros de moda e reparar em todos os detalhes”, finaliza. te e me apaixonei por este”, fala a arquiteta.
22 23
4. Decoração
Arquitetura da organização
O arquiteto Marcio Curi é um fã ardoroso de viagens, desses
que colecionam mapas, guias turísticos, reportagens sobre o
tema. Na última reforma que fez em seu apartamento de 240
metros quadrados, ele montou um escritório que logo virou
seu canto predileto da casa. Explica-se: além de instalar ali ou-
tra de suas paixões, a televisão (ele tem seis espalhadas pela
casa), destinou prateleiras inteiras para guardar suas pesqui-
sas turísticas, que estão sempre superorganizadas.
O escritório de Curi tem dois computadores – um dele e
outro da mulher, Lenita. Entre as duas mesas dispostas lado
a lado, o que há? Claro, uma TV. “Eu gosto de ficar com um
olho cá e outro lá”, diverte-se o arquiteto. Logo na entrada
do cômodo, outra paixão: uma coleção com mais de 700 pe-
quenas garrafas de bebida que comprou em viagens ou ga-
nhou de amigos, todas muito arrumadinhas dentro de uma
vitrine. Em um canto próximo à estante, uma poltrona em tons
de cinza é o abrigo ideal para planejar passeios e ler.
Atualmente, Curi está longe das pranchetas, mas coorde-
na um escritório de arquitetura, com mais de 70 funcionários,
em que desenvolve projetos para o mercado imobiliário. Seu
apartamento, onde vive desde 1995, já passou por três gran-
des reformas. “Estou muito feliz com a minha casa”, fala ele,
explicando que a decoração ficou a cargo de sua prima e de
sua mulher. Segundo Curi, hoje a tendência no mercado é va-
lorizar dois ambientes principais em uma casa: a sala e a suí-
te do casal. “Mas é para cá que eu venho logo que chego em
casa”, diz ele, sorridente, em seu escritório.
No escritório de Marcio Curi, mapas, TV e computador
ajudam a planejar viagens. Acima, cantinho de leitura,
e, à direita, parte de sua coleção de garrafinhas
22
5. Gastronomia
1
A verdadeira massa
Cozinha Não é nas prateleiras dos supermercados que estão as
melhores massas. Para o chef Paulo Barros, do restau-
profissional
Chefs revelam seus endereços
rante italiano Due Cuochi Cucina, as cantinas é que guar-
dam o sabor e a qualidade da vera pasta. “Comprar mas-
sa pronta em supermercado não é legal. O melhor é pro-
curar as rotisserias dos restaurantes”, afirma.
Com uma farta produção de massas artesanais e rús-
ticas, a Cantina Roma, a Paola di Verona e o Jardim di
preferidos para compras Napoli, endereços tradicionais da gastronomia italiana
em São Paulo, estão entre os lugares que o chef indi-
Por Aline Alves ca. “O importante da massa é ser sempre fresca. Nesses
lugares, tudo o que se compra foi feito há pouco tem-
po”, diz. Na rotisseria da Cantina Roma, por exemplo,
Fotos: 1 - Cris Berger; 2, 3 e 4 - Cia de Foto
2
há grande variedade de produtos, entre massas frescas
e pré-cozidas, tradicionais ou mais sofisticadas.
Na hora de preparar essas delícias da culinária italia-
na, o chef recomenda que a massa seja cozida em água
fervendo e com sal grosso. “Não se deve colocar óleo na
água, ele não deixa a massa sugar o molho.” Quem pro-
cura praticidade, mas quer fugir de produtos industriali-
zados, pode encontrar o clássico molho de tomate na pa-
daria São Domingos, de acordo com Barros. Inaugurada
em 1913, a padaria também é autora de um dos melho-
U
res pães italianos da cidade. Perfeito para não deixar so-
ma banca de frutas na feira livre do bairro, a pada- brar nada no prato. Para finalizar qualquer boa pasta ita-
liana, o queijo ralado não pode faltar. “O melhor é um par-
ria da esquina ou o empório do outro lado da cida-
migiano comprado em triângulo e ralado na hora.” 1
de. Desde o cozinheiro de mão-cheia àqueles que só se
aventuram a fritar um ovo, todo o mundo tem seus en- 2
dereços preferidos para abastecer a cozinha e dar um to-
que pessoal às refeições. Os chefs também. À frente de
restaurantes premiados, eles revelam seus lugares favo-
3
ritos para compras. São descobertas conquistadas a par-
tir do conhecimento, da ousadia e do faro aguçado de
quem é profissional.
4
Para o chef
Paulo Barros,
do Due Cuochi,
massas frescas
produzidas por
rotisserias de
Fotos: 1 e 2 - Cia de Foto
Entre vinhos, pimentas, massas e restaurantes,
frutas, os chefs de cozinha não como a Cantina
poupam esforços para escolher Roma (foto),
os melhores ingredientes são sempre
disponíveis no mercado uma boa pedida
22 23
6. Gastronomia
A Casa Santa Luzia
é um dos endereços
prediletos da chef
Fotos: 1 e 2 - Cia de Foto
Renata Braune para
comprar queijos
e vinhos: variedade
e acondicionamento
1
na medida certa
Queijos e vinhos: 2
dupla perfeita
Produzir queijos e vinhos é uma arte. Em ambos, a escolha da matéria-prima
e o delicado processo de produção – a luz, o ar, bactérias e o tempo – deter-
minam o resultado final e a identidade única de cada pedaço de queijo ou gar-
rafa de vinho. Harmonizados, seus sabores marcantes são ressaltados e se com-
plementam. Há séculos, a combinação está presente no cotidiano dos france-
ses, que entendem de queijos e vinhos – e os produzem – como ninguém.
Por isso, nada melhor que uma chef com formação na escola francesa Le
Cordon Bleu e à frente de um restaurante típico daquele país, o Le Chef Rouge,
para indicar onde comprar essas jóias da gastronomia. Renata Braune reco-
menda dois endereços para aqueles que começam a se interessar pelo mun-
do dos vinhos: Casa Santa Luzia e Casa Fasano. “Para quem não entende na-
da de vinhos, esses lugares têm um bom espaço. Na Casa Fasano, é possível
provar alguns vinhos em taças”, conta.
Duas grandes lojas estão entre as dicas da chef para os iniciados na eno-
logia, que já identificaram suas preferências e buscam os vinhos de acordo
com a procedência. “Há bons vinhos argentinos e chilenos na Grand Cru, pa-
ra todos os bolsos e gostos. Já a Mistral é a melhor sortida em quantidade e
qualidade de vinhos europeus”, afirma.
Para a hora de comprar os queijos, Renata dá uma dica de ouro: “Na ver-
dade, os queijos devem ser comprados em local onde fiquem refrigerados e
não em temperatura ambiente: essa é a regra de qualidade do produto. Evite
queijos que ficam ‘babando’ e suando de calor nas prateleiras sem refrigera-
ção”, diz. Mais uma vez, a chef recomenda a Casa Santa Luzia, pela varieda-
de e pelo acondicionamento correto dos queijos. Já a importadora Allfood, cu-
jos produtos estão em diversas lojas de São Paulo, de acordo com Renata, traz
para o Brasil queijos franceses, italianos e espanhóis de qualidade.
22
7. Gastronomia
O Nordeste é aqui 1
O chef Eduardo Sehn
encontra vegetais sempre
São Paulo é a cidade dos italianos, portugueses, japoneses, árabes, Andar por algumas ruas do bairro do Brás é como fresquinhos na banca da Iria
alemães... e dos nordestinos. Quase 20% da população da capital se transportar para Salvador, Recife ou João Pessoa: es- e adora os produtos orientais
paulista (mais de 2 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE) tão repletas de lojas especializadas nos mais variados de lojas como a Hikari
nasceu na região Nordeste do país. Entre as contribuições à cida- ingredientes típicos do Nordeste. São as Casas do
de, os nordestinos trouxeram suas tradições gastronômicas. “Os Norte, onde se encontram ervas, carnes, pimentas,
ingredientes principais para uma boa refeição nordestina são car- feijões, farinhas e até legumes vindos de todos os es-
ne-de-sol, carne-seca, farinha e feijão-de-corda”, diz Mara Salles, tados nordestinos. “Eu gosto muito da loja Chitão. O
chef do restaurante brasileiro Tordesilhas. Impossível não encon- atendimento é muito bom, é uma loja familiar e acabei
trar um paulistano que não tenha experimentado – e adorado – qual- me aproximando dos donos pela simpatia deles”, con-
quer uma dessas iguarias. ta Mara. Lá, a chef encontra iguarias como tapioca, je-
rimuns, diversos tipos de abóboras, azeites de dendê
e feijões – o fradinho e o verde, pouco consumidos no
Sudeste, são deliciosos.
Acompanhamento imprescindível, a farinha deve ser
escolhida com cuidado. “Quando se fala em farinha de
mandioca, há dois tipos: as extraordinárias e as ordi-
nárias”, diz. De acordo com Mara Salles, especialista
em culinária brasileira, as melhores farinhas de mandio-
ca são produzidas no sul da Bahia e no Recôncavo
2
Baiano. “São mais gostosas e artesanais”, afirma.
Sem a pimenta, uma refeição nordestina não está
completa. É no Mercado Municipal de São Paulo que a 3
chef compra suas preferidas. “Na Banca do Santo en-
contro as pimentas-de-cheiro do Pará”, conta. Além des-
tas, Mara também gosta de usar em seus pratos as pi-
mentas frescas de Goiás, do Amazonas e de Minas
Sempre fresquinhos
Gerais. Um passeio pelo mercado mais tradicional de As ervas e os ingredientes frescos são a alma da culiná-
São Paulo pode revelar outras preciosidades da culiná- ria tailandesa. Para fazer com que os 30 pratos do cardá-
ria brasileira. “O Brasil ainda tem muito o que apren- pio do restaurante Koh Pee Pee, de Porto Alegre, mante-
1 der sobre seus ingredientes”, diz. nham a vivacidade e o frescor típicos do país de origem,
o chef e proprietário Eduardo Sehn vai até a cidade de
2
Montenegro, a 100 quilômetros da capital gaúcha.
“Na chácara do Cirilo são produzidos diversos tipos
de manjericão tailandês, pimentas, cidró, coentro, folhas
de limão, hortelã, cebolinha verde, couve chinesa, bró-
colis, tomates-cereja e minimilho. São temperos e ervas
orgânicas cultivados sem agrotóxicos, mais saborosos e
saudáveis”, conta Sehn. O acesso a esses ingredientes
exclusivos contribuiu para que o Koh Pee Pee fosse re-
conhecido pela qualidade e autenticidade de sua culiná-
ria. Em maio de 2006, a casa recebeu o selo Thai Select,
um certificado concedido pelo governo da Tailândia aos
Para encontrar melhores restaurantes tailandeses do mundo.
produtos típicos Para quem quiser manter a cozinha abastecida de
do Nordeste, ingredientes vindos direto da horta, o chef recomenda
a especialista a Banca da Iria. É de lá que, diariamente, saem os ve-
Mara Salles não
getais que vão para as receitas do restaurante. ”É uma
dispensa uma boa
quitanda sortida, com legumes e verduras sempre fres-
Fotos: 1, 2 e 3 - Cris Berger
Casa do Norte
Fotos: 1 e 2 - Cia de Foto
e o tradicional cos, produzidos em São Paulo e no Rio Grande do Sul”,
Mercado diz Eduardo Sehn. Já aqueles ingredientes mais exóti-
Municipal de cos, que não são produzidos no Brasil, podem ser en-
São Paulo contrados nas lojas Hikari e Japan House: “Há ingredien-
tes, especiarias e utensílios da Ásia”.
22 23
8. Gastronomia
Indicações dos chefs
Due Cuochi Cucina Le Chef Rouge
Rua Manoel Guedes, 93 Rua Bela Cintra, 2.238
Itaim Bibi – São Paulo Consolação – São Paulo
Tel. 11 3078-8092 Tel. 11 3081-7539
Paola di Verona Chitão
(somente sob encomenda) Rua Joaquim Nabuco, 238
Tel. 11 3067-4455 Brooklin – São Paulo
Tel. 11 6692-8925
Jardim di Napoli
Rua Dr. Martinico Prado, 463 Banca do Santo
Higienópolis – São Paulo Rua da Cantareira, 306
Tel. 11 3666-3022 Boxes 50 e 51
Centro – São Paulo
Cantina Roma
Tel. 11 3326-5428
1 Rua Maranhão, 512
Higienópolis – São Paulo
Tordesilhas
Tel. 11 3825-1077
Rua Bela Cintra, 465
São Domingos Consolação – São Paulo
Rua São Domingos, 330 Tel. 11 3107-7444
Bela Vista – São Paulo
Koh Pee Pee
Tel. 11 3104-7600
Rua Schiller, 83
Casa Santa Luzia Rio Branco – Porto Alegre
Alameda Lorena, 1.471 Tel. 51 3333-5150
Jardim Paulista – São Paulo
Tel. 11 3897-5000 Hikari Produtos Orientais
Avenida Sertório, 6.121, loja 24
Casa Fasano Jardim Lindóia – Porto Alegre
Rua Amauri, 255 Tel. 51 3347-7125
Jardim Europa – São Paulo
Tel. 11 3168-1255 Cirilo
2
Tel. 51 9982-2096
Mistral
www.mistral.com.br Japan House
3
Rua General Vitorino, 172
Grand Cru Centro – Porto Alegre
www.grandcru.com.br Tel. 51 3228-4768
Rua Bela Cintra, 1.799
Consolação – São Paulo Banca da Iria
(presente também em Rua Barão de Tramandaí, 37
outros estados) Passo D’Areia – Porto Alegre
Tel. 11 3062-6388 Tel. 51 3342- 4450
4
Fotos: 1, 2 e 4 - Cia de Foto; 3 - Cris Berger
22
9. Viagem Maranhão
Dois olhares sobre o
Maranhão
São Luís e os Lençóis Maranhenses
revelam imagens distintas de um
estado cheio de histórias e
belezas naturais
Por João Correia Filho
2
S ão Luís do Maranhão nos inspira a prestar atenção
nos detalhes. Uma das capitais históricas mais
charmosas do país, a cidade é cheia de ruas e becos
que mesclam várias culturas, deixadas ao longo de uma
Para a felicidade de quem passeia por suas ruas cal-
mas e estreitas, a época de conquistas e guerras aca-
bou, mas deixou marcas bem impressas em seu casa-
rio. Não é por acaso que São Luís foi declarada Pa-
São Luís também
é conhecida
como Cidade
dos Azulejos.
história repleta de idas e vindas. Em 1550, foram os trimônio Histórico da Humanidade pela Unesco – além Acima, detalhe
da Rua Formosa.
portugueses que chegaram e ergueram a cidade de de um grande número de monumentos do século 17 e
Na página
Nazaré, mas resolveram abandonar o lugar devido ao 18, conta também com o maior número de construções
anterior, a bela
difícil acesso das embarcações e à resistência dos ín- do século 19 na América Latina, com mais de 5.500 edi- Igreja do Desterro
dios tupinambás, que já habitavam a costa. Em 1612, ficações, entre casarões e outros monumentos.
depois de se instalarem na região com a ajuda desses A capital maranhense é um deleite para os olhares
mesmos índios, os franceses fundaram sobre Nazaré mais curiosos, refletido em sua riqueza histórica e nos
a cidade de São Luís, ou melhor, Saint Louis. Em detalhes presentes em tudo: os azulejos portugueses co-
1615, os portugueses voltaram e expulsaram os fran- brem um grande número de casas, as eiras e beiras dos
Fotos: 1 e 2- João Correia Filho
ceses. Em 1641, foram os holandeses que tomaram a telhados demarcam a condição social, o traçado das ruas
cidade. Foram expulsos três anos depois, quando os faz o viajante perder-se deliciosamente. Uma passada
portugueses trouxeram o trabalho escravo e resolve- pela Fonte das Pedras, construída em 1643, revela car-
ram investir no tabaco, no cacau e na cana. Os produ- rancas esculpidas em pedra, em um lugar arborizado que
tos eram exportados para a metrópole e geraram a ri- foi ponto de parada de tropeiros. O caminho que leva à
1 queza que foi uma das características de São Luís. Fonte do Ribeirão revela a parte alta da cidade e pode
22 23
10. Viagem Maranhão
levar também ao Teatro Arthur Azevedo, na antiga Rua do
Sol. É o segundo mais antigo do país e foi construído em
1815, por comerciantes portugueses endinheirados. No
seu interior, detalhe interessante: com capacidade para 750
espectadores, tem formato de ferradura, típico dos teatros
de platéia italianos. Para quem quer conhecer um pouco
dos hábitos das famílias Maranhenses nos séculos 19 e
20, a Morada Histórica de São Luís, na Rua Afonso Pena,
é um passeio imprescindível. Durante a visita, é possível
admirar o acervo de mais de 590 peças, entre móveis, ob-
jetos de porcelana, cristais e pinturas. Outro atrativo do
museu é a própria construção, que mescla elementos art-
déco com traços da arquitetura portuguesa.
Outros caminhos levam às igrejas, minuciosa expres-
são da fé e da história da cidade. A Igreja da Sé, erguida
em 1629 e reconstruída várias vezes, ganhou somente em
Fotos: 1 - João Correia Filho ; 2 - Iara Zavar
1922 o estilo neoclássico que tem hoje. Imponente por
dentro e por fora, merece uma visita atenciosa.
Da praça que dá continuação a seu adro, vêem-se o
Palácio dos Leões, hoje sede do Governo do Estado, e o
Palácio de La Ravardière, sede do Município, que leva
esse nome pomposo em homenagem ao francês Daniel
de La Touche, fundador da cidade e conhecido como
1
Senhor de La Ravardière.
2 Acima, o belo
museu Morada
Histórica: acervo
de mais de 590
peças. À esquerda,
o Restaurante
Antigamente, um
dos charmosos
estabelecimentos
do centro da
capital maranhense
11. Da Igreja da Sé, tome fôlego, abra os olhos
e siga por toda a Rua da Palma até o Convento
das Mercês, fundado em 1654 e que abriga
hoje a Fundação da Memória Republicana.
Depois, não deixe de visitar a Igreja do Des-
terro, considerada o templo mais antigo do es-
tado, datado de 1614. Foi totalmente destruí-
do com a invasão holandesa e reconstruído pe-
la população anos mais tarde.
No retorno da Igreja do Desterro, pergun-
te pelo Solar dos Vasconcelos, uma espécie
de centro cultural onde estão expostas maque-
tes que ajudam a compreender a São Luís de
ontem e hoje, bem como o processo de res-
tauração que foi implantado na cidade na
década de 1980. Um destaque do Solar é a
sala dedicada ao Projeto Embarcações do
Maranhão, que recupera a tradição naval no
Estado. É também nessa sala que conhece-
mos Osmar Melo, um senhor de 64 anos que
se dedica a fazer miniaturas de embarcações
tipicamente maranhenses. Riqueza de deta-
lhes que impressiona. Inspiração para seguir
pela Rua do Comércio e ir até o porto. Apesar
de sua importância histórica menor, já que não
foi exatamente ali que os portugueses chega-
ram pela primeira vez (originalmente os navios
eram aportados mais próximos de onde é ho-
je o bairro do Desterro), a chegada e partida
de navios apinhados de gente ainda é uma
forte referência de como tudo começou. An-
de pela Avenida Beira Mar, vá e volte quan-
tas vezes quiser até o sol se pôr entre as ve-
las das jangadas. Assim, pouco a pouco, seus
olhos vão entrando no clima para o próximo
1
destino, os Lençóis Maranhenses.
Ruas estreitas 2
e ladeiras
permeiam o
centro da capital
maranhense.
À direita, o
artesão Osmar
Melo, que faz
miniaturas de
embarcações
Fotos: 1- Iara Zavar ; 2 - João Correia Filho
22
12. Viagem Maranhão
toda a área do parque, que fica salpicado de espelhos sempre acompanhado de um guia. Mesmo em cami-
de água em tons de azul e verde. Algumas lagoas, co- nhadas curtas, é fácil se perder, pois os ventos apagam
mo a Bonita e a de Santo Amaro, são perenes e cos- as pegadas em minutos, e o formato das dunas con-
tumam ser também as mais visitadas. Outras, como funde até o mais experiente dos aventureiros.
a Lagoa Azul e a da Boa Esperança, aparecem somen- Alguns optam por permanecer em uma única la-
te na época das chuvas. Elas trazem consigo mais um goa. Nas mais freqüentadas, como a Azul e a Bonita,
mistério vendido pelos guias: embora formadas pela há geralmente uma pequena estrutura que garante
chuva, são hábitat de várias espécies de peixes. A ca- sombras (de guarda-sóis) e até cervejinha gelada, re-
da ano, elas secam e só reaparecem na próxima es- frigerantes, algo para petiscar.
Na página
tação chuvosa (de abril a julho) – junto com elas vêm Quando o sol começa a baixar, é hora de sentar e
anterior, uma
os peixes, como se nunca tivessem saído dali. A fau- esperar. Se pôr-do-sol já é um espetáculo por si só, es-
das mais belas
na do parque é composta também por aves migrató- pere até assisti-lo tendo o horizonte dos Lençóis
riquezas do
rias, vindas da América do Norte, como o maçarico, Maranhenses como cenário. Como que ensaiado, as Maranhão: a
o trinta-réis-boreal e a marreca-de-asa-azul. pessoas vão se reunindo, os casais, juntando-se, e o si- paisagem dos
Para quem deseja conhecer o maior número de la- lêncio, dominando. Ouve-se o respirar profundo e até Lençóis
goas, o ideal é alugar um jipe. Óculos escuros é exigên- suspiros. Quando o sol se avermelha e parte, alguns ba- Maranhenses.
cia que não permite negligência, a menos que você quei- tem palmas, outros se beijam, a maioria fixa os olhos Abaixo, jipe para
ra ver a paisagem com os olhos miúdos, apertados. De no infinito. Não importa. Diante de tamanha beleza, aventuras no
qualquer forma, para explorar o lugar é preciso estar tudo passa a ser um mero detalhe. Parque Nacional
2
1
Olhar ao longe
O caminho até nosso próximo destino começa geralmente com ser um oásis. Não é. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhen-
um carro 4x4 partindo de Barreirinhas, uma pequena e movimen- ses compreende 155 mil hectares de beleza moldada por um fe-
tada cidade a 270 quilômetros de São Luís. É também a porta de nômeno único, formado há milhares de anos pela caprichosa e ir-
entrada para uma das mais espetaculares paisagens do planeta, reverente natureza. Sua área equivale aproximadamente à ocupa-
sem nenhum exagero. da pela cidade de São Paulo, embora a frenética capital paulista
Enquanto atravessa grandes poças de lama em uma rudimen- seja a última coisa de que você vai se lembrar por aqui. Setenta
tar estrada de terra que liga a cidade aos Lençóis Maranhenses, quilômetros de costa atlântica avançam terra adentro, formando
os olhos vão se acostumando com o horizonte amplo, de plan- dunas, rios, lagoas e manguezais que dão a cada visitante uma
tações de arroz e vegetação nativa. Ao desembarcar, automati- nova paisagem. Nos Lençóis Maranhenses, é o vento que manda
camente o olhar é levado a se fixar ao longe, na grandiosa pai- na paisagem, como se de tempos em tempos sacudisse um gran-
sagem composta por dunas brancas, onduladas, que descansam de lençol que seca no quintal – vem daí a analogia que dá nome
no infinito. Não é necessário pressa para se chegar a lugar algum, ao lugar. Lagoas se formam em locais diferentes a cada ano e a
Fotos: 1e 2 - Cia de Foto
pois tudo é espetáculo a quilômetros de distância. É só olhar. “morraria”, como os nativos chamam as dunas, vai se movimen-
Alguns passos adiante você vai se deparar com as primeiras tando lentamente. Algumas atingem até 40 metros de altura.
lagoas, que mais parecem uma miragem desértica, típica de fil- As chuvas completam o cenário “surreal”, como definem alguns.
mes em que o mocinho se decepciona ao chegar ao que julgou As águas pluviais formam lagoas que se espalham praticamente por
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13. Viagem Maranhão
Serviço
Fonte das Pedras
Rua 7 de Setembro, s/nº, Centro – São Luís
Teatro Arthur Azevedo
Rua do Sol, 180, Centro – São Luís
Tel. 98 3218-9900
Igreja da Sé
Avenida D. Pedro II, Centro – São Luís
Tel. 98 3222-7380
Palácio dos Leões
Avenida D. Pedro II, Centro – São Luís
Tel. 98 2108-9000
Convento das Mercês
Rua da Palma, s/nº, Centro – São Luís
Tel. 98 3221-7239
Igreja do Desterro
Largo do Desterro, s/nº, Desterro – São Luís
Tel. 98 3211-0302
Memorial do Centro Histórico Solar
dos Vasconcelos
Rua da Estrela, s/nº, Centro – São Luís
Tel. 98 3221-2760
Restaurante Antigamente
Casarão restaurado no centro histórico,
com música ao vivo toda noite.
Rua da Estrela, 220, Centro – São Luís
Tel. 98 3221-7072
Restaurante Escola do Senac
Especializado em carnes, frangos
e frutos do mar.
Rua de Nazaré, 242, Centro – São Luís
Tel. 98 3232-6236
Mais informações:
www.turismo.ma.gov.br
Foto: Cia de Foto
À esquerda, o cenário emblemático dos
Lençóis: miragem sem fronteiras
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