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Uma Introdução à
     Filosofia
         Palavras-Chave: filosofia – metafísica – espanto – embaraço – problema

                              Recursos filosóficos | Dossier 2011
                              Uma introdução à filosofia – JORGE BARBOSA


Conceito      No seu significado moderno, a filosofia designa uma forma de
              abordagem intelectual distinta da ciência e da religião. Com efeito, a
              filosofia não é um conhecimento científico, nem é uma fé. A
              abordagem filosófica pode, todavia, apresentar alguma semelhança
              com a ciência, na medida em que é um conhecimento racional, e com
              a religião na sua ambição de apreender o real na sua totalidade. O
              que distingue mais claramente a filosofia é o seu carácter reflexivo.
              Reflectir é “debruçar-se sobre si mesmo”, “pensar-se a si mesmo”.
              Assim, por exemplo, resolver uma equação exige um trabalho
              matemático, mas questionar-se sobre o que são as matemáticas já é
              uma reflexão filosófica. Neste sentido, a filosofia não tem objecto
              próprio, pois tudo pode ser objecto de reflexão.
              A filosofia pode também ser definida pela sua história: a filosofia é,
              neste caso, a história da filosofia, a história do pensamento.


Referências   A tradição filosófica, a que nos referimos no ocidente, nasceu na
              Grécia (ou, para ser mais exacto, nas colónias gregas da Ásia menor),
              há mais de 25 séculos. Desde então, os filósofos distinguem-se pela
              sua maneira de ser e de pensar. Pitágoras foi o primeiro a utilizar o
              termo filósofo para designar aquele que se dedica à filosofia. Segundo
consta terá sido o fundador de uma espécie de seita no século VI
antes da nossa Era, e a sua filosofia não se distinguia facilmente da
religião. No entanto, as concepções religiosas dos pitagóricos
incorporavam características singulares: não tinham origem numa
tradição colectiva ou numa cultura; apoiavam-se, pelo contrário, numa
espécie de mística do número, prefigurando, assim, a importância do
logos, sem o qual as matemáticas não teriam nascido. Ser-se filósofo
é, com efeito, fazer uso da razão (em grego: logos), e não submeter-
se simplesmente a uma autoridade externa, a uma tradição, à opinião
dominante.
Esta má relação da filosofia com as ideias com origem na autoridade
ou nas crenças populares, e mais globalmente com as ideias pré-
fabricadas, adquire com Sócrates (falecido em -399) toda a sua
expresão. Na origem da filosofia, há, com efeito, uma insatisfação e,
podemos dizê-lo, uma contestação radical: a filosofia começa por ser
uma crítica das ideias vulgarizadas e da ordem estabelecida. Esta
função crítica da filosofia é uma constante na história do
pensamento no Ocidente. No entanto, a filosofia nunca se reduziu à
crítica: ela procura também a inteligibilidade. Ela é também uma
tentativa para pensar o mundo como um todo, um empreendimento de
totalização intelectual, tendo por objectivo compreender o mundo
numa ideia. Mas, poderemos questionarmo-nos, para que serve
pensar o mundo deste modo? A resposta a esta pergunta está, de
algum modo, contida na palavra filósofo: a sua etimologia esclarece
que filósofo é aquele que gosta de saber, é o “amigo da sabedoria”.
Assim, os 3 grande objectivos que perseguem aqueles que têm a
ambição de ser filósofos, são os seguintes:
   1. Pensar melhor, procedendo a uma análise reflexiva crítica;
   2. Compreender melhor, no sentido de constituir um saber
      unificado e coerente, e
   3. Agir melhor, comportando-se como sábios.
Referências   1. A filosofia como QUESTIONAMENTO CRÍTICO
=>
Contra a      Uma filosofia não é uma opinião, mas, pelo contrário, um pensamento
opinião
              que realizou uma superação da opinião.
              A opinião, com efeito, é tanto mais segura de si mesma quanto mais
              insegura for de facto: "Ter uma opinião, diz Adorno, é afirmar, mesmo
              que de forma sumária, a validade de uma consciência subjectiva
              limitada no seu conteúdo de verdade”.i Eliminando "de forma
              enganosa o fosso entre o sujeito que conhece e a realidade que lhe
              escapa”, “a opinião apropria-se daquilo que o conhecimento não
              consegue      alcançar,   tomando     o   seu   lugar”.   Ela    é,   portanto,
              essencialmente um facto subjectivo, uma verdadeira “profissão de
              fé”, e aquele que adere à opinião adere de facto a si mesmo (Alainii),
              sem preocupações de objectividade, podendo mesmo aderir a
              posições dogmáticas, ou até fanáticas. A opinião não é, portanto, um
              conhecimento, mas, pelo contrário, um desconhecimento e uma
              ignorância.
              A opinião é, portanto, falsa por natureza (e não por acidente), quanto
              mais não seja por se fundar no interesse e em critérios estranhos à
              preocupação com a verdade. Como diz Bachelardiii', “a opinião pensa
              mal;   ela    não   pensa:   traduz   necessidades        de    conhecimento.
              Designando os objectos pela sua utilidade, impede-se a si mesma de
              aceder a ele (conhecimento). Não podemos fundamentar nada na
              opinião: é preciso, primeiro, destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a
              superar”. “Tal como consideramos homem livre aquele que existe para
              si mesmo e não para outro, assim também esta ciência (a filosofia) é a
              única de todas as ciências que é livre, pois só ela é, para si mesma, a
              sua própria finalidade”. (Aristótelesiv) O pensamento livre, a filosofia
              deve, portanto proceder, antes de mais, a um questionamento que
              ponha em causa a opinião, ou, como sugere a língua grega, adoptar
              uma abordagem paradoxal. Como diz Hegelv “não há opiniões
filosóficas.”
Pensar por si   Mas, o que dizer das ciências? Não serão elas “a verdade”? Husserlvi ,
mesmo
                seguindo o método de Descartes como modelo, afirma que “quem
                quer que queira verdadeiramente tornar-se filósofo deverá, pelo menos
                uma vez na vida, debruçar-se sobre si mesmo e, dentro de si, tentar
                virar do avesso todas as ciências admitidas até aqui e tentar
                reconstruí-las”. Com efeito, os conhecimentos ditos científicos podem
                muito bem “ser certos”, mas a verdade é que eles só são conhecidos
                por nós de forma incerta: a não ser que tenhamos estudado
                verdadeiramente a questão, ainda que só sob o ângulo da história das
                ciências, é por ouvir dizer que sabemos que a terra é um planeta que
                se move em torno do Sol. O nosso saber, a respeito deste movimento,
                não difere, neste caso, da opinião. Esta é a razão pela qual todos os
                conhecimentos, mesmo os “que consideramos como os mais seguros”
                (Descartes), portanto, também os conhecimentos científicos, devem
                ser examninados de forma crítica: fazer filosofia é sempre esforçarmo-
                nos por pensar por nós próprios.
                A filosofia começa, então, com esta dúvida sobre o valor das opiniões,
                e com uma forte suspeita sobre o valor das nossas próprias opiniões.
                A filosofia tem a ambição de superar a opinião e a crença: “Pensar não
                é crer.” “Pensar é dizer não. (...) Quem se contenta com o seu
                pensamento já não pensa nada.” (Alain vii )
                Sejamos claros, isto não é o mesmo que um convite para que
                adoptemos a opinião dos outros. Em boa verdade, em certo sentido,
                as nossas opiniões nunca são verdadeiramente pessoais: Não
                sabendo como pensar com clareza, nem sabendo o que pensar, o
                homem da opinião consulta os mais experientes, os seus pares, os
                comunicadores, os meios de comunicação social, enfim, todas as
                autoridades que, obviamente, fazem o mesmo. Daqui resulta, como diz
                Alain, “os pensamentos (de opinião) decidem tudo, e ninguém
                pensa.”viii Segundo esta análise, podemos dizer que a opinião é
sempre impessoal.
O embaraço     Em qualquer caso, como poderíamos adoptar a opinião de outros? As
e o problema
               opiniões são múltiplas: alguns pensam de um modo, outros pensam de
               outro modo. Se uns têm “boas razões” para pensar o que pensam... os
               outros também têm as suas “boas razões”. Então, a que opinião
               devemos aliar-nos? Que devemos pensar? Quem tem razão? A este
               sentimento incómodo, os gregos chamaram embaraço, isto é, a
               tomada de consciência de um problema filosófico. Segundo Epictetoix:
               “este é o ponto de partida da filosofia: a consciência do conflito que
               coloca os homens em divergência uns com os outros, a busca da
               origem deste conflito, a condenação da simples opinião (...) uma
               espécie de crítica da opinião para determinar se temos razão em a
               manter.”


O espanto      Esta tomada de consciência da diversidade das opiniões é uma
               oportunidade que nos faz pensar que, de facto, não sabemos: o que
               considerávamos ser desde sempre “evidente”, afinal não o é. Ficamos
               então espantados. Através do espanto, tomamos consciência da
               insuficiência do nosso conhecimento: “aquele que se espanta pensa
               ignorar”, diz Aristóteles. Esta consciência da ignorância não é, ela
               própria, a ignorância: tomar consciência da sua ignorância é já um
               primeiro passo para sair da ignorância. A ignorância, propriamente
               dita, manifesta-se de duas formas: por um lado o ignorante não sabe,
               mas também não sabe que não sabe... de resto, é por isso mesmo
               que tem tanta confiança nas suas crenças. O espanto que o acorda
               do seu “sono dogmático”, para utilizar uma expressão de Kant, é um
               estado intelectual e não somente afectivo, como a surpresa.


"Conhece-te    Esta reorientação do pensamento faz com que o filósofo tenha de
a ti
mesmo"         atribuir a si mesmo a tarefa de se conhecer: “a atitude e a virtude da
               sabedoria, tal como o conhecimento de si mesmo, consistem em saber
o que se sabe e o que se não sabe.” x (Platão) Com efeito, o exercício

"Tem a          do pensar filosófico implica um trabalho de auto-crítica que supõe a
coragem de      adopção da célebre divisa de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
te servir do
teu próprio     Este é também o sentido que deve ser dado à reflexão: reflectir (como
entendimento”
                fazem os raios luminosos quando batem num espelho), é voltar-se
                para si. Reflectir não é tão natural ou espontâneo quanto se pensa
                vulgarmente, pois o pensamento conduz-nos sobretudo e antes de
                tudo o mais para o objecto, para as coisas exteriores, para o mundo.
                Sendo reflexiva, a abordagem filosófica implica, então, um esforço, “a
                coragem de se servir do seu próprio entendimento” (Kant) e uma
                espécie de “paciência intelectual”. A reflexão filosófica não é, então,
                “natural”, mas a razão, sim, é natural no Homem. Por outras palavras,
                embora a razão seja “natural” no ser humano, o seu uso
                manifestamente não o é. “Nascemos crianças antes de sermos
                homens”, lembra Descartes: se não quisermos viver e pensar como
                crianças, se não quisermos permanecer na “menoridade" (Kant)
                durante toda a nossa vida, então devermos fazer esse esforço, pois
                “viver sem filosofar é, em bom rigor, ter os olhos fechados, sem nunca
                nos preocuparmos em os abrir.” xi (Descartes)


A filosofia     Mas pode acontecer que não seja necessário depararmo-nos com
como
interrogação    esse conflito de opiniões para nos dedicarmos à filosofia, para nos
metafísica      espantarmos: talvez possamos dizer, como escreveu Schopenhauer,
                que, de algum modo, o homem é um animal metafísicoxii, isto é, um
                animal que se espanta com a sua própria existência. Segundo
                Schopenhauer, “a filosofia nasce do nosso espanto a respeito do
                mundo e da nossa própria existência, que se impõem à nossa
                inteligência como um enigma, cuja solução não deixou alguma vez de
                preocupar a humanidade.”


Dúvida ou       De qualquer modo, a filosofia é, como diz Platão, “filha do espanto”.
cepticismo?
Aquele que não se espanta com nada, não duvida de coisa nenhuma.
              A dúvida filosófica tem, no entanto, um significado crítico e não deve
              ser compreendida como uma simples “atitude”: a contestação do
              dogmatismo não implica de forma alguma a adopção do cepticismo.
              Não nos referimos aqui ao cepticismo filosófico, que se situa numa
              outra ordem de ideias, mas à atitude céptica, actualmente tão em
              voga. Esta atitude é a de um homem que renunciou à verdade. O
              homem céptico não atribui nenhum poder à razão, e o seu nihilismo
              condu-lo a negar a possibilidade dos valores: tudo é relativo, nada vale
              coisa alguma. A sabedoria de que o filósofo gosta (de que é amigo)
              supõe, pelo contrário, que ele tenha como objectivo o saber e o bem,
              através de um uso apropriado da razão: a dúvida filosófica é uma
              dúvida racional, fecunda, uma dúvida de luz, como diz Malebranche,
              porque tem origem na razão e procura a verdade.



Referências   A filosofia como ESFORÇO DE COMPREENSÃO
         =>

              A filosofia, no entanto, não poderia reduzir-se a uma actividade
              puramente crítica, negativa. A crítica, com efeito, não é um fim em si
              mesma: o objectivo da filosofia é compreender o mundo e a situação
              do homem no mundo.

O que é       Compreender é apreender o sentido. A filosofia apresenta-se,
compreender
?             portanto, como uma interpretação do mundo e do homem. Mas
              compreender significa também “apreender o conjunto”, abarcar a
              totalidade de um conjunto, através do pensamento: a filosofia vive
              assim animada pela preocupação de constituir uma visão de
              conjunto capaz de dar conta da totalidade do real. A este respeito,
              será oportuno notar que, se as ciências tendem a analisar a realidade,
              isto é, a dividi-la, isolando os fenómenos uns dos outros para os
              explicar, a filosofia, pelo contrário, esforça-se por operar uma síntese,
para compreender o mundo.

A razão       Deste ponto de vista, a filosofia pode parecer mais próxima da religião
              do que da ciência: como a religião, a filosofia pretende propor uma
              chave que nos permita apreender o real na sua totalidade. No entanto,
              a filosofia opõe a razão (em grego: logos) à fé, a racionalidade do
              discurso (logos) à narrativa mítica (mythos): assim, para aceder à
              ordem do mundo, os filósofos pré-socráticos (Tales, Anaximandro,
              Heraclito,        Empédocles...)    fazem   apelo   a   princípios   naturais
              elementares (o fogo, a terra, o ar, a água), e não às acções dos
              deuses. Para estes filósofos, deve ser possível compreender o real
              sem recorrer à mitologia religiosa. Esta representa os deuses como se
              fossem humanos.
              “Se os bois (e) os cavalos (...) também tivessem mãos, e se com
              essas mãos soubessem desenhar, e soubessem modelar as obras
              que, com arte, só os homens conseguem realizar, os cavalos forjariam
              deuses equinos, e os bois dariam aos deuses forma bovina.”
              (Xenófanes)


A filosofia   A filosofia é, então, uma síntese compreensiva racional. É preciso
como
sistema       compreender que esta ambição implica uma concepção unitária do
              real, baseada NUMA (uma única basta) ideia central. É esta exigência
              que identifica o carácter sistemático dos grandes filósofos: uma
              grande filosofia é, de uma forma ou de outra, um sistema conceptual
              que permite compreender o mundo.
              Todavia,alguns filósofos têm criticado esta ambição, considerando-a
              rígida e abstracta: não será o real, antes de tudo o mais, a vida,
              sempre em mudança (Bergson), e qualquer sistema que pretenda
              apreender a existência não será, ele próprio, o sistema de um
              existentexiii ?     (Kierkegaard)   O   “real   concreto”   seria,   segundo
              Kierkegaard, o ser singular, isto é, o sujeito: “a subjectividade é a
verdade.” (Kierkegaard)
              Podemos, então, dizer simplificadamente que há dois tipos de
              filosofia: as que inscrevem a verdade no universal, e que, por
              conseguinte, se constituem como sistemas; e aquelas que reivindicam
              um lugar para o individual, para a singularidade, nomeadamente a do
              sujeito existente. Por exemplo, Platão e Hegel são filósofos do
              universal: para Platão, as coisas singulares não são mais do que as
              imagens das essências – ou ideias – universais; Para Hegel, o real é a
              realização da Razão. Estes dois filósofos, com séculos de distância
              entre si, pretenderam fundamentar um saber absoluto. Pelo
              contrário, filósofos como Pascal, Kierkegaard ou Gasset, dão relevo
              ao individual, à experiência singular irredutível.
              De qualquer modo, mesmo quando um filósofo recusa “encerrar todo
              o real num sistema”, mesmo quando vê na exigência de inteligibilidade
              total uma negação da realidade existencial, sempre singular, ainda
              conserva a ambição de compreender de forma sintéctica a vida, a
              existência, a subjectividade.




Referências   A filosofia como ARTE DE VIVER
=>

              A etimologia assim o diz: o filósofo é o amigo da sabedoria, o que
              gosta     de   saber.   Com     efeito,   a   actividade   filosófica   não   é
              exclusivamente “abstracta” e “teórica”: em última análise, a filosofia
              tem uma finalidade prática, e filosofar é também esforçar-se por agir
              melhor.


A sabedoria   O homem, diz-se, é um animal dotado de razão. Mas será que dá
              sempre provas disso? Todos os homens desejam ser felizes: mas
              será que são mesmo? Dão-se a si mesmos realmente os meios
              necessários para serem felizes? Em suma, conduzem a sua vida com
razoabilidade, ou comportam-se como crianças?xiv Será que a maior
                                        parte dos homens já se perguntou a si mesmo o que é o bem? Muitos
                                        só conseguem ver o mundo e ver-se a si próprios sob o domínio da
                                        imaginação, “essa fantástica força inimiga da razão” "xv (Pascal). Ora,
                                        ser-se filósofo é precisamente colocar este tipo de questões, e
                                        empenhar-se em responder-lhes fazendo uso da razão afim de agir,
                                        tanto quanto possível, com sabedoria. Ser-se filósofo é, então,
                                        compreender que o bem não é nenhum bem em particular, e
                                        sobretudo não é um bem exterior a si (dinheiro, poder...): o bem é a
                                        própria sabedoria (sophia, em grego) – e a sabedoria é o saber que
                                        merece dominar todos os outros. xvi (Aristóteles).


A felicidade,                           Mas em que consiste a sabedoria? Seremos sábios, se não
o dever, a
liberdade                               soubermos o que fazer, ou como proceder? Claro, o sábio não sabe
                                        tudo, e é mesmo daqueles que confessam a sua ignorância, mas ser
                                        sábio, como diz Descartesxvii, é ter em vista, em todas as
                                        circunstâncias, o fazer bem: este é o sentido da generosidade. O
                                        homem sábio conhece-se a si mesmo como dotado de razão e de
                                        vontade, faculdades que dependem de nós, e que devemos atribuir a
                                        todos os outros.


Uma arte de                             O filósofo não é, então, “somente” um pensador. Ele age e
viver
                                        compreende que as suas acções, como as de todos os outros,
                                        comprometem escolhas éticas.
                                        A filosofia é, portanto, também uma arte de viver, não simplesmente
                                        no sentido de uma arte de bem viver, mas no sentido de uma tentativa
                                        para viver bem, fazendo uso da razão.
	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
NOTAS	
  E	
  CITAÇÕES	
  COMPLEMENTARES:	
  
	
  
i	
   Avoir	
   une	
   opinion,	
   c'est	
   affirmer,	
   même	
   de	
   façon	
   sommaire,	
   la	
   validité	
   d'une	
   conscience	
  

subjective	
  limitée	
  dans	
  son	
  contenu	
  de	
  vérité.	
  La	
  manière	
  dont	
  se	
  présente	
  une	
  telle	
  opinion	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
peut	
  être	
  vraiment	
  anodine.	
  Lorsque	
  quelqu'un	
  dit	
  qu'à	
  son	
  avis,	
  le	
  nouveau	
  bâtiment	
  de	
  la	
  
faculté	
   a	
   sept	
   étages,	
   cela	
   peut	
   vouloir	
   dire	
   qu'il	
   a	
   appris	
   cela	
   d'un	
   tiers,	
   mais	
   qu'il	
   ne	
   le	
   sait	
  
pas	
   exactement.	
   Mais	
   le	
   sens	
   est	
   tout	
   différent	
   lorsque	
   quelqu'un	
   déclare	
   qu'il	
   est	
   d'avis	
  
quant	
   à	
   lui	
   que	
   les	
   Juifs	
   sont	
   une	
   race	
   inférieure	
   de	
   parasites,	
   comme	
   dans	
   l'exemple	
  
éclairant	
   cité	
   par	
   Sartre	
   de	
   l'oncle	
   Armand	
   qui	
   se	
   sent	
   quelqu'un	
   parce	
   qu'il	
   exècre	
   les	
  
Anglais.	
   Dans	
   ce	
   cas,	
   le	
   "je	
   suis	
   d'avis"	
   ne	
   restreint	
   pas	
   le	
   jugement	
   hypothétique,	
   mais	
   le	
  
souligne.	
   Lorsqu'un	
   tel	
   individu	
   proclame	
   comme	
   sienne	
   une	
   opinion	
   aussi	
   rapide,	
   sans	
  
pertinence,	
  que	
  n'étaye	
  aucune	
  expérience,	
  ni	
  aucune	
  réflexion,	
  il	
  lui	
  confère	
  -­‐	
  même	
  s'il	
  la	
  
limite	
  apparemment	
  -­‐	
  et	
  par	
  le	
  fait	
  qu'il	
  la	
  réfère	
  à	
  lui-­‐même	
  en	
  tant	
  que	
  sujet,	
  une	
  autorité	
  
qui	
   est	
   celle	
   de	
   la	
   profession	
   de	
   foi.	
  Et	
   ce	
   qui	
   transparaît,	
   c'est	
   qu'il	
   s'implique	
   corps	
   et	
   âme;	
  
il	
  aurait	
  donc	
  le	
  courage	
  de	
  ses	
  opinions,	
  le	
  courage	
  de	
  dire	
  des	
  choses	
  déplaisantes	
  qui	
  ne	
  
plaisent	
   en	
   vérité	
   que	
   trop.	
   Inversement,	
   quand	
   on	
   a	
   affaire	
   à	
   un	
   jugement	
   fondé	
   et	
  
pertinent	
   mais	
   qui	
   dérange,	
   et	
   qu'on	
   n'est	
   pas	
   en	
   mesure	
   de	
   réfuter,	
   la	
   tendance	
   est	
   tout	
  
aussi	
  répandue	
  à	
  le	
  discréditer	
  en	
  le	
  présentant	
  comme	
  une	
  simple	
  opinion.	
  [...]	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  L'opinion	
  s'approprie	
  ce	
  que	
  la	
  connaissance	
  ne	
  peut	
  atteindre	
  pour	
  s'y	
  substituer.	
  Elle	
  
élimine	
  de	
  façon	
  trompeuse	
  le	
  fossé	
  entre	
  le	
  sujet	
  connaissant	
  et	
  la	
  réalité	
  qui	
  lui	
  échappe.	
  
Et	
  l'aliénation	
  se	
  révèle	
  d'elle-­‐même	
  dans	
  cette	
  inadéquation	
  de	
  la	
  simple	
  opinion.	
  [...]	
  C'est	
  
pourquoi	
  il	
  ne	
  suffit	
  ni	
  à	
  la	
  connaissance	
  ni	
  à	
  une	
  pratique	
  visant	
  à	
  la	
  transformation	
  sociale	
  
de	
   souligner	
   le	
   non-­‐sens	
   d'opinions	
   d'une	
   banalité	
   indicible,	
   qui	
   font	
   que	
   les	
   hommes	
   se	
  
soumettent	
   à	
   des	
   études	
   caractérologiques	
   et	
   à	
   des	
   pronostics	
   qu'une	
   astrologie	
  
standardisée	
  et	
  commercialement	
  de	
  nouveau	
  rentable	
  rattache	
  aux	
  signes	
  du	
  zodiaque.	
  Les	
  
hommes	
  ne	
  se	
  ressentent	
  pas	
  Taureau	
  ou	
  Vierge	
  parce	
  qu'ils	
  sont	
  bêtes	
  au	
  point	
  d'obéir	
  aux	
  
injonctions	
  des	
  journaux	
  qui	
  sous-­‐entendent	
  qu'il	
  est	
  tout	
  naturel	
  que	
  cela	
  signifie	
  quelque	
  
chose,	
   mais	
   parce	
   que	
   ces	
   clichés	
   et	
   les	
   directives	
   stupides	
   pour	
   un	
   art	
   de	
   vivre	
   qui	
   se	
  
contentent	
  de	
  recommander	
  ce	
  qu'ils	
  doivent	
  faire	
  de	
  toute	
  façon,	
  leur	
  facilitent	
  -­‐	
  même	
  si	
  
ce	
   n'est	
   qu'une	
   apparence	
   -­‐	
   les	
   choix	
   à	
   faire	
   et	
   apaisent	
   momentanément	
   leur	
   sentiment	
  
d'être	
  étrangers	
  à	
  la	
  vie,	
  voire	
  étrangers	
  à	
  leur	
  propre	
  vie.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  La	
   force	
   de	
   résistance	
   de	
   l'opinion	
   pure	
   et	
   simple	
   s'explique	
   par	
   son	
   fonctionnement	
  
psychique.	
   Elle	
   offre	
   des	
   explications	
   grâce	
   auxquelles	
   on	
   peut	
   organiser	
   sans	
  
contradictions	
   la	
   réalité	
   contradictoire,	
   sans	
   faire	
   de	
   grands	
   efforts.	
   A	
   cela	
   s'ajoute	
   la	
  
satisfaction	
  narcissique	
  que	
  procure	
  l'opinion	
  passe-­‐partout,	
  en	
  renforçant	
  ses	
  adeptes	
  dans	
  
leur	
  sentiment	
  d'avoir	
  toujours	
  su	
  de	
  quoi	
  il	
  retourne	
  et	
  de	
  faire	
  partie	
  de	
  ceux	
  qui	
  savent.	
  
Theodor	
  W.	
  ADORNO	
  Modèles	
  critiques,	
  "Opinion,	
  illusion,	
  société"	
  tr.	
  fr.	
  M.	
  Jimenez	
  
&	
  E.	
  Kouflhoz,	
  éd.	
  Payot,	
  pp.	
  114-­‐119	
  
	
  
ii	
   Préjugé.	
   Ce	
   qui	
   est	
   jugé	
   d'avance,	
   c'est-­‐à-­‐dire	
   avant	
   qu'on	
   se	
   soit	
   instruit.	
   Le	
   préjugé	
   fait	
  

qu'on	
   s'instruit	
   mal.	
   Le	
   préjugé	
   peut	
   venir	
   des	
   passions	
   ;	
   la	
   haine	
   aime	
   à	
   préjuger	
   mal	
   ;	
   il	
  
peut	
  venir	
  de	
  l'orgueil,	
  qui	
  conseille	
  de	
  ne	
  point	
  changer	
  d'avis	
  ;	
  ou	
  bien	
  de	
  la	
  coutume	
  qui	
  
ramène	
  toujours	
  aux	
  anciennes	
  formules	
  ;	
  ou	
  bien	
  de	
  la	
  paresse,	
  qui	
  n'aime	
  point	
  chercher	
  
ni	
   examiner.	
   Mais	
   le	
   principal	
   appui	
   du	
   préjugé	
   est	
   l'idée	
   juste	
   d'après	
   laquelle	
   il	
   n'est	
   point	
  
de	
   vérité	
   qui	
   subsiste	
   sans	
   serment	
   à	
   soi	
   ;	
   d'où	
   l'on	
   vient	
   à	
   considérer	
   toute	
   opinion	
  
nouvelle	
   comme	
   une	
   manoeuvre	
   contre	
   l'esprit.	
   Le	
   préjugé	
   ainsi	
   appuyé	
   sur	
   de	
   nobles	
  
passions,	
  c'est	
  le	
  fanatisme.	
   ALAIN	
  Définitions	
  in	
   Les	
   Arts	
   et	
   les	
   Dieux,	
   éd.	
   de	
   la	
   Pléiade,	
  
p.	
  1081	
  
	
  
iii	
  La	
  science,	
  dans	
  son	
  besoin	
  d'achèvement	
  comme	
  dans	
  son	
  principe,	
  s'oppose	
  absolument	
  

à	
  l'opinion.	
  S'il	
  lui	
  arrive,	
  sur	
  un	
  point	
  particulier,	
  de	
  légitimer	
  l'opinion,	
  c'est	
  pour	
  d'autres	
  
raisons	
  que	
  celles	
  qui	
  fondent	
  l'opinion	
  ;	
  de	
  sorte	
  que	
  l'opinion	
  a,	
  en	
  droit,	
  toujours	
  tort.	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
L'opinion	
  pense	
  mal	
  ;	
  elle	
  ne	
  pense	
  pas	
  :	
  elle	
  traduit	
  des	
  besoins	
  en	
  connaissances.	
  En	
  
désignant	
  les	
  objets	
  par	
  leur	
  utilité,	
  elle	
  s'interdit	
  de	
  les	
  connaître.	
  On	
  ne	
  peut	
  rien	
  fonder	
  
sur	
  l'opinion	
  :	
  il	
  faut	
  d'abord	
  la	
  détruire.	
  Elle	
  est	
  le	
  premier	
  obstacle	
  à	
  surmonter.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  Il	
  ne	
  suffirait	
  pas,	
  par	
  exemple,	
  de	
  la	
  rectifier	
  sur	
  des	
  points	
  particuliers,	
  en	
  maintenant,	
  
comme	
  une	
  sorte	
  de	
  morale	
  provisoire	
  *	
  ,	
  une	
  connaissance	
  vulgaire	
  provisoire.	
  L'esprit	
  
scientifique	
  nous	
  interdit	
  d'avoir	
  une	
  opinion	
  sur	
  des	
  questions	
  que	
  nous	
  ne	
  comprenons	
  
pas,	
  sur	
  des	
  questions	
  que	
  nous	
  ne	
  savons	
  pas	
  formuler	
  clairement.	
  Avant	
  tout,	
  il	
  faut	
  savoir	
  
poser	
  des	
  problèmes.	
  Et	
  quoi	
  qu'on	
  dise,	
  dans	
  la	
  vie	
  scientifique,	
  les	
  problèmes	
  ne	
  se	
  posent	
  
pas	
  d'eux-­‐mêmes.	
  C'est	
  précisément	
  ce	
  sens	
  du	
  problème	
  qui	
  donne	
  la	
  marque	
  du	
  véritable	
  
esprit	
  scientifique.	
  Pour	
  un	
  esprit	
  scientifique,	
  toute	
  connaissance	
  est	
  une	
  réponse	
  à	
  une	
  
question.	
  S'il	
  n'y	
  a	
  pas	
  eu	
  de	
  question,	
  il	
  ne	
  peut	
  y	
  avoir	
  connaissance	
  scientifique.	
  Rien	
  ne	
  
va	
  de	
  soi.	
  Rien	
  n'est	
  donné.	
  Tout	
  est	
  construit.	
  BACHELARD	
  La	
  Formation	
  de	
  l'Esprit	
  
Scientifique,	
  Chap.	
  I,	
  §.	
  I,	
  éd.	
  Vrin,	
  p.	
  14	
  	
  
	
  
iv	
  
     Ce	
   fut	
   l'étonnement	
   qui	
   poussa,	
   comme	
   aujourd'hui,	
   les	
   premiers	
   penseurs	
   aux	
  
spéculations	
   philosophiques.	
   Au	
   début,	
   ce	
   furent	
   les	
   difficultés	
   les	
   plus	
   apparentes	
   qui	
   les	
  
frappèrent,	
  puis,	
  s'avançant	
  ainsi	
  peu	
  à	
  peu,	
  ils	
  cherchèrent	
  à	
  résoudre	
  des	
  problèmes	
  plus	
  
importants,	
  tels	
  les	
  phénomènes	
  de	
  la	
  Lune,	
  ceux	
  du	
  Soleil	
  et	
  des	
  Étoiles,	
  enfin	
  la	
  genèse	
  de	
  
l'univers.	
   Apercevoir	
   une	
   difficulté	
   et	
   s'étonner,	
   c'est	
   reconnaître	
   sa	
   propre	
   ignorance	
   (et	
  
c'est	
   pourquoi	
   aimer	
   les	
   mythes	
   est,	
   en	
   quelque	
   manière	
   se	
   montrer	
   philosophe,	
   car	
   le	
  
mythe	
  est	
  composé	
  de	
  merveilleux).	
  Ainsi	
  donc,	
  si	
  ce	
  fut	
  pour	
  échapper	
  à	
  l'ignorance	
  que	
  les	
  
premiers	
   philosophes	
   se	
   livrèrent	
   à	
   la	
   philosophie,	
   il	
   est	
   clair	
   qu'ils	
   poursuivaient	
   la	
   science	
  
en	
  vue	
  de	
  connaître	
  et	
  non	
  pour	
  une	
  fin	
  utilitaire.	
  Ce	
  qui	
  s'est	
  passé	
  en	
  réalité	
  en	
  fournit	
  la	
  
preuve	
  :	
  presque	
  tous	
  les	
  arts	
  qui	
  s'appliquent	
  aux	
  nécessités,	
  et	
  ceux	
  qui	
  s'intéressent	
  au	
  
bien-­‐être	
   et	
   à	
   l'agrément	
   de	
   la	
   vie,	
   étaient	
   déjà	
   connus,	
   quand	
   on	
   commença	
   à	
   rechercher	
  
une	
   discipline	
   de	
   ce	
   genre.	
   Il	
   est	
   donc	
   évident	
   que	
   nous	
   n'avons	
   en	
   vue,	
   dans	
   la	
   Philosophie,	
  
aucun	
  intérêt	
  étranger.	
  Mais,	
  de	
  même	
  que	
  nous	
  appelons	
  homme	
  libre	
  celui	
  qui	
  est	
  à	
  lui-­‐
même	
  sa	
  fin	
  et	
  n'existe	
  pas	
  pour	
  un	
  autre,	
  ainsi	
  cette	
  science	
  est	
  aussi	
  la	
  seule	
  de	
  toutes	
  les	
  
sciences	
   qui	
   soit	
   libre,	
   car	
   seule	
   elle	
   est	
   à	
   elle-­‐même	
   sa	
   propre	
   fin.	
  
ARISTOTE	
  Métaphysique,	
  A,	
  2,	
  982	
  b10-­‐25	
  
	
  
v	
  
    En	
   ce	
   qui	
   concerne	
   d'abord	
   cette	
   galerie	
   d'opinions	
   que	
   présenterait	
   l'histoire	
   de	
   la	
  
philosophie	
  -­‐	
  sur	
  Dieu,	
  sur	
  l'essence	
  des	
  objets	
  de	
  la	
  nature	
  et	
  de	
  l'esprit	
  -­‐	
  ce	
  serait,	
  si	
  elle	
  ne	
  
faisait	
   que	
   cela,	
   une	
   science	
   très	
   superflue	
   et	
   très	
   ennuyeuse,	
   alors	
   même	
   qu'on	
   invoquerait	
  
la	
  multiple	
  utilité	
  à	
  retirer	
  d'une	
  si	
  grande	
  animation	
  de	
  l'esprit	
  et	
  d'une	
  si	
  grande	
  érudition.	
  
Qu'y	
  a-­‐t-­‐il	
  de	
  plus	
  inutile,	
  de	
  plus	
  ennuyeux	
  qu'une	
  suite	
  de	
  simples	
  opinions	
  ?	
  On	
  n'a	
  qu'à	
  
considérer	
  des	
  écrits	
  qui	
  sont	
  des	
  histoires	
  de	
  la	
  philosophie,	
  en	
  ce	
  sens	
  qu'ils	
  présentent	
  et	
  
traitent	
  les	
  idées	
  philosophiques	
  comme	
  des	
  opinions,	
  pour	
  se	
  rendre	
  compte	
  à	
  quel	
  point	
  
tout	
   cela	
   est	
   sec,	
   ennuyeux	
   et	
   sans	
   intérêt.	
   Une	
   opinion	
   est	
   une	
   représentation	
   subjective,	
  
une	
   idée	
   quelconque,	
   fantaisiste,	
   que	
   je	
   conçois	
   ainsi	
   et	
   qu'un	
   autre	
   peut	
   concevoir	
  
autrement.	
   Une	
   opinion	
   est	
   mienne	
   ;	
   ce	
   n'est	
   pas	
   une	
   idée	
   en	
   soi	
   générale,	
   existant	
   en	
   soi	
   et	
  
pour	
   soi.	
   Or	
   la	
   philosophie	
   ne	
   renferme	
   pas	
   des	
   opinions	
   ;	
   il	
   n'existe	
   pas	
   d'opinions	
  
philosophiques.	
  HEGEL	
  
	
  
vi	
   Quiconque	
   veut	
   vraiment	
   devenir	
   philosophe	
   devra	
   "une	
   fois	
   dans	
   sa	
   vie"	
   se	
   replier	
   sur	
  

soi-­‐même	
  et,	
  au-­‐dedans	
  de	
  soi,	
  tenter	
  de	
  renverser	
  toutes	
  les	
  sciences	
  admises	
  jusqu'ici	
  et	
  
tenter	
   de	
   les	
   reconstruire.	
   La	
   philosophie	
   -­‐	
   la	
   sagesse	
   -­‐	
   est	
   en	
   quelque	
   sorte	
   une	
   affaire	
  
personnelle	
   du	
   philosophe.	
   Elle	
   doit	
   se	
   constituer	
   en	
   tant	
   que	
   sienne,	
   être	
   sa	
   sagesse,	
   son	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
savoir	
  qui,	
  bien	
  qu'il	
  tende	
  vers	
  l'universel,	
  soit	
  acquis	
  par	
  lui	
  et	
  qu'il	
  doit	
  pouvoir	
  justifier	
  
dès	
   l'origine	
   et	
   à	
   chacune	
   de	
   ses	
   étapes,	
   en	
   s'appuyant	
   sur	
   ses	
   intuitions	
   absolues.	
   Du	
  
moment	
  que	
  j'ai	
  pris	
  la	
  décision	
  de	
  tendre	
  vers	
  cette	
  fin,	
  décision	
  qui	
  seule	
  peut	
  m'amener	
  à	
  
la	
   vie	
   et	
   au	
   développement	
   philosophique,	
   j'ai	
   donc	
   par	
   là	
   même	
   fait	
   voeu	
   de	
   pauvreté	
   en	
  
matière	
   de	
   connaissance.	
   Dès	
   lors	
   il	
   est	
   manifeste	
   qu'il	
   faudra	
   alors	
   me	
   demander	
   comment	
  
je	
  pourrais	
  trouver	
  une	
  méthode	
  qui	
  me	
  donnerait	
  la	
  marche	
  à	
  suivre	
  pour	
  arriver	
  au	
  savoir	
  
véritable.	
   Les	
   Méditations	
   de	
   Descartes	
   ne	
   veulent	
   donc	
   pas	
   être	
   une	
   affaire	
   purement	
  
privée	
   du	
   seul	
   philosophe	
   Descartes,	
   encore	
   moins	
   une	
   simple	
   forme	
   littéraire	
   dont	
   il	
  
userait	
   pour	
   exposer	
   ses	
   vues	
   philosophiques.	
   Au	
   contraire,	
   ces	
   méditations	
   dessinent	
   le	
  
prototype	
  du	
  genre	
  de	
  méditations	
  nécessaires	
  à	
  tout	
  philosophe	
  qui	
  commence	
  son	
  oeuvre,	
  
méditations	
  qui	
  seules	
  peuvent	
  donner	
  naissance	
  à	
  une	
  philosophie.	
  HUSSERL	
  Méditations	
  
cartésiennes,	
  tr.	
  fr.	
  G.	
  Peiffer	
  et	
  E.	
  Lévinas,	
  éd.	
  Vrin,	
  p.15	
  
	
  
vii	
  Penser	
  n'est	
  pas	
  croire.	
  Peu	
  de	
  gens	
  comprennent	
  cela.	
  Presque	
  tous,	
  et	
  ceux-­‐là	
  même	
  qui	
  

semblent	
   débarrassés	
   de	
   toute	
   religion,	
   cherchent	
   dans	
   les	
   sciences	
   quelque	
   chose	
   qu'ils	
  
puissent	
  croire.	
  Ils	
  s'accrochent	
  aux	
  idées	
  avec	
  une	
  espèce	
  de	
  fureur	
  ;	
  et	
  si	
  quelqu'un	
  veut	
  
les	
  leur	
  enlever,	
  ils	
  sont	
  prêts	
  à	
  mordre.	
  [...]	
  Lorsque	
  l'on	
  croit,	
  l'estomac	
  s'en	
  mêle	
  et	
  tout	
  le	
  
corps	
   est	
   raidi.	
   Le	
   croyant	
   est	
   comme	
   le	
   lierre	
   sur	
   l'arbre.	
   Penser,	
   c'est	
   tout	
   à	
   fait	
   autre	
  
chose.	
  On	
  pourrait	
  dire	
  :	
  penser,	
  c'est	
  inventer	
  sans	
  croire.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Imaginez	
   un	
   noble	
   physicien,	
   qui	
   a	
   observé	
   longtemps	
   les	
   corps	
   gazeux,	
   les	
   a	
   chauffés,	
  
refroidis,	
   comprimés,	
   raréfiés.	
   Il	
   en	
   vient	
   à	
   concevoir	
   que	
   les	
   gaz	
   sont	
   faits	
   de	
   milliers	
   de	
  
projectiles	
   très	
   petits	
   qui	
   sont	
   lancés	
   vivement	
   dans	
   toutes	
   les	
   directions	
   et	
   viennent	
  
bombarder	
   les	
   parois	
   du	
   récipient.	
   Là-­‐dessus	
   le	
   voilà	
   qui	
   définit,	
   qui	
   calcule	
   ;	
   le	
   voilà	
   qui	
  
démonte	
   et	
   remonte	
   son	
   gaz	
   parfait,	
   comme	
   un	
   horloger	
   ferait	
   pour	
   une	
   montre.	
   Eh	
   bien,	
   je	
  
ne	
  crois	
  pas	
  du	
  tout	
  que	
  cet	
  homme	
  ressemble	
  un	
  chasseur	
  qui	
  guette	
  une	
  proie.	
  Je	
  le	
  vois	
  
souriant,	
   et	
   jouant	
   avec	
   sa	
   théorie	
   ;	
   je	
   le	
   vois	
   travaillant	
   sans	
   fièvre	
   et	
   recevant	
   les	
  
objections	
   comme	
   des	
   amies	
   ;	
   tout	
   prêt	
   à	
   changer	
   ses	
   définitions	
   si	
   l'expérience	
   ne	
   les	
  
vérifie	
  pas,	
  et	
  cela	
  très	
  simplement,	
  sans	
  gestes	
  de	
  mélodrame.	
  Si	
  vous	
  lui	
  demandez	
  Croyez-­
vous	
  que	
  les	
  gaz	
  soient	
  ainsi	
  ?	
  il	
  répondra	
  :	
  Je	
  ne	
  crois	
  pas	
  qu'ils	
  soient	
  ainsi	
  ;	
  je	
  pense	
  qu'ils	
  
sont	
  ainsi.	
  ALAIN	
  Propos	
  d'un	
  Normand,	
  15	
  janvier	
  1908	
  
	
  
viii	
   Chacun	
   a	
   pu	
   remarquer,	
   au	
   sujet	
   des	
   opinions	
   communes,	
   que	
   chacun	
   les	
   subit	
   et	
   que	
  

personne	
  ne	
  les	
  forme.	
  Un	
  citoyen,	
  même	
  avisé	
  et	
  énergique,	
  quand	
  il	
  n'a	
  à	
  conduire	
  que	
  son	
  
propre	
  destin,	
  en	
  vient	
  naturellement	
  et	
  par	
  une	
  espèce	
  de	
  sagesse	
  à	
  rechercher	
  quelle	
  est	
  
l'opinion	
  dominante	
  au	
  sujet	
  des	
  affaires	
  publiques.	
  [...]	
  Remarquez	
  que	
  tous	
  raisonnent	
  de	
  
même,	
   et	
   de	
   bonne	
   foi.	
   Chacun	
   a	
   bien	
   peut-­‐être	
   une	
   opinion	
   ;	
   mais	
   c'est	
   à	
   peine	
   s'il	
   se	
   la	
  
formule	
  à	
  lui-­‐même	
  ;	
  il	
  rougit	
  à	
  la	
  seule	
  pensée	
  qu'il	
  pourrait	
  être	
  seul	
  de	
  son	
  avis.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  Le	
   voilà	
   donc	
   qui	
   honnêtement	
   écoute	
   les	
   orateurs,	
   lit	
   les	
   journaux,	
   enfin	
   se	
   met	
   à	
   la	
  
recherche	
  de	
  cet	
  être	
  fantastique	
  que	
  l'on	
  appelle	
  l'opinion	
  publique.	
  "La	
  question	
  n'est	
  pas	
  
de	
   savoir	
   si	
   je	
   veux	
   ou	
   non	
   faire	
   la	
   guerre".	
   Il	
   interroge	
   donc	
   le	
   pays.	
   Et	
   tous	
   les	
   citoyens	
  
interrogent	
  le	
  pays,	
  au	
  lieu	
  de	
  s'interroger	
  eux-­‐mêmes.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  Les	
   gouvernants	
   font	
   de	
   même,	
   et	
   tout	
   aussi	
   naïvement.	
   Car,	
   sentant	
   qu'ils	
   ne	
   peuvent	
  
rien	
  tout	
  seuls,	
  ils	
  veulent	
  savoir	
  où	
  ce	
  grand	
  corps	
  va	
  les	
  mener.	
  Et	
  il	
  est	
  vrai	
  que	
  ce	
  grand	
  
corps	
  regarde	
  à	
  son	
  tour	
  vers	
  le	
  gouvernement,	
  afin	
  de	
  savoir	
  ce	
  qu'il	
  faut	
  penser	
  et	
  vouloir.	
  
Par	
  ce	
  jeu,	
  il	
  n'est	
  point	
  de	
  folle	
  conception	
  qui	
  ne	
  puisse	
  quelque	
  jour	
  s'imposer	
  à	
  tous,	
  sans	
  
que	
   personne	
   pourtant	
   l'ait	
   jamais	
   formée	
   de	
   lui-­‐même	
   et	
   par	
   libre	
   réflexion.	
   Bref,	
   les	
  
pensées	
   mènent	
   tout,	
   et	
   personne	
   ne	
   pense.	
   D'où	
   il	
   résulte	
   qu'un	
   Etat	
   formé	
   d'hommes	
  
raisonnables	
   peut	
   penser	
   et	
   agir	
   comme	
   un	
   fou.	
   Et	
   ce	
   mal	
   vient	
   originairement	
   de	
   ce	
   que	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
personne	
   n'ose	
   former	
   son	
   opinion	
   par	
   lui-­‐même	
   ni	
   la	
   maintenir	
   énergiquement,	
   en	
   lui	
  
d'abord,	
   et	
   devant	
   les	
   autres	
   aussi.	
   ALAIN	
  Mars	
   ou	
   la	
   guerre	
   jugée,	
   Chap.	
   LXIX,	
   in	
   Les	
  
Passions	
  et	
  la	
  Sagesse,	
  coll.	
  La	
  Pléiade,	
  p.	
  665	
  
	
  
ix	
   Voici	
  le	
  point	
  de	
  départ	
  de	
  la	
  philosophie	
  :	
  la	
  conscience	
  du	
  conflit	
  qui	
  met	
  aux	
  prises	
  les	
  

hommes	
   entre	
   eux,	
   la	
   recherche	
   de	
   l'origine	
   de	
   ce	
   conflit,	
   la	
   condamnation	
   de	
   la	
   simple	
  
opinion	
  *	
  et	
  la	
  défiance	
  *	
  à	
  son	
  égard,	
  une	
  sorte	
  de	
  critique	
  de	
  l'opinion	
  pour	
  déterminer	
  si	
  
on	
   a	
   raison	
   de	
   la	
   tenir,	
   l'invention	
   d'une	
   norme	
   *	
   ,	
   de	
   même	
   que	
   nous	
   avons	
   inventé	
   la	
  
balance	
  pour	
  la	
  détermination	
  du	
  poids,	
  ou	
  le	
  cordeau	
  pour	
  distinguer	
  ce	
  qui	
  est	
  droit	
  et	
  ce	
  
qui	
  est	
  tordu.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Est-­‐ce	
  là	
  le	
  point	
  de	
  départ	
  de	
  la	
  philosophie	
  :	
  est	
  juste	
  tout	
  ce	
  qui	
  paraît	
  tel	
  à	
  chacun	
  ?	
  Et	
  
comment	
   est-­‐il	
   possible	
   que	
   les	
   opinions	
   qui	
   se	
   contredisent	
   soient	
   justes	
   ?	
   Par	
   conséquent,	
  
non	
   pas	
   toutes.	
   Mais	
   celles	
   qui	
   nous	
   paraissent	
   à	
   nous	
   justes	
   ?	
   Pourquoi	
   à	
   nous	
   plutôt	
  
qu'aux	
  Syriens,	
  plutôt	
  qu'aux	
  Égyptiens	
  ?	
  Plutôt	
  que	
  celles	
  qui	
  paraissent	
  telles	
  à	
  moi	
  ou	
  à	
  
un	
  tel	
  ?	
  Pas	
  plus	
  les	
  unes	
  que	
  les	
  autres.	
  Donc	
  l'opinion	
  de	
  chacun	
  n'est	
  pas	
  suffisante	
  pour	
  
déterminer	
  la	
  vérité.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Nous	
   ne	
   nous	
   contentons	
   pas	
   non	
   pl,s	
   quand	
   il	
   s'agit	
   de	
   poids	
   ou	
   de	
   mesur,s	
   de	
   la	
   simple	
  
apparence,	
   mais	
   nous	
   avons	
   inventé	
   une	
   norme	
   pour	
   ces	
   différents	
   cas.	
   Et	
   dans	
   le	
   cas	
  
présent,	
   n'y	
   a-­‐t-­‐il	
   donc	
   aucune	
   norme	
   supérieure	
   à	
   l'opinion	
   ?	
   Et	
   comment	
   est-­‐il	
   possible	
  
qu'il	
  n'y	
  ait	
  aucun	
  moyen	
  de	
  déterminer	
  et	
  de	
  découvrir	
  ce	
  qu'il	
  y	
  a	
  pour	
  les	
  hommes	
  de	
  plus	
  
nécessaire	
  ?	
  Il	
  y	
  a	
  donc	
  une	
  norme.	
  Alors,	
  pourquoi	
  ne	
  pas	
  la	
  chercher	
  et	
  ne	
  pas	
  la	
  trouver,	
  
et	
   après	
   l'avoir	
   trouvée,	
   pourquoi	
   ne	
   pas	
   nous	
   en	
   servir	
   par	
   la	
   suite	
   rigoureusement,	
   sans	
  
nous	
  en	
  écarter	
  d'un	
  pouce	
  ?	
  Car	
  voilà,	
  à	
  mon	
  avis,	
  ce	
  qui,	
  une	
  fois	
  trouvé,	
  délivrera	
  de	
  leur	
  
folie	
   les	
   gens	
   qui	
   se	
   servent	
   en	
   tout	
   d'une	
   seule	
   mesure,	
   l'opinion,	
   et	
   nous	
   permettra,	
  
désormais,	
   partant	
   de	
   principes	
   connus	
   et	
   clairement	
   définis,	
   de	
   nous	
   servir,	
   pour	
   juger	
   des	
  
cas	
  particuliers,	
  d'un	
  système	
  de	
  prénotions.	
   EPICTETE	
  Entretiens,	
  II,	
  XI,	
  tr.	
  fr.	
  G.	
  Budé,	
  
Les	
  Belles	
  Lettres	
  
	
  
x	
   CRITIAS	
   -­‐	
   J'aurais	
   même	
   presque	
   envie	
   de	
   dire	
   que	
   se	
   connaître	
   soi-­‐même,	
   c'est	
   cela	
   la	
  

sagesse,	
   et	
   je	
   suis	
   d'accord	
   avec	
   l'auteur	
   de	
   l'inscription	
   de	
   Delphes.	
   [...]	
   Voilà	
   en	
   quels	
  
termes,	
  différents	
  de	
  ceux	
  des	
  hommes,	
  le	
  dieu	
  s'adresse	
  à	
  ceux	
  qui	
  entrent	
  dans	
  son	
  temple	
  
si	
  je	
  comprends	
  bien	
  l'intention	
  de	
  l'auteur	
  de	
  l'inscription.	
  A	
  chaque	
  visiteur,	
  il	
  ne	
  dit	
  rien	
  
d'autre,	
  en	
  vérité,	
  que	
  :	
  "Sois	
  sage	
  !"	
  Certes,	
  il	
  s'exprime	
  en	
  termes	
  un	
  peu	
  énigmatiques,	
  en	
  
sa	
   qualité	
   de	
   devin.	
   Donc,	
   selon	
   l'inscription	
   et	
   selon	
   moi,	
   "connais-­‐toi	
   toi-­‐même"	
   et	
   "sois	
  
sage",	
  c'est	
  la	
  même	
  chose	
  !	
  [...]	
  	
  	
  
SOCRATE	
  -­‐	
  Dis-­‐moi	
  donc	
  ce	
  que	
  tu	
  penses	
  de	
  la	
  sagesse.	
  	
  	
  
CRITIAS	
   -­‐	
   Je	
   pense	
   que	
   seule	
   entre	
   toutes	
   les	
   sciences,	
   la	
   sagesse	
   est	
   science	
   d'elle-­‐même	
   et	
  
des	
  autres	
  sciences.	
  	
  	
  
SOCRATE	
  -­‐	
  Donc	
  elle	
  sera	
  aussi	
  la	
  science	
  de	
  l'ignorance,	
  si	
  elle	
  l'est	
  de	
  la	
  science	
  ?	
  	
  	
  
CRITIAS	
  -­‐	
  Assurément.	
  	
  	
  
SOCRATE	
  -­‐	
  En	
  ce	
  cas,	
  le	
  sage	
  seul	
  se	
  connaîtra	
  lui-­‐même	
  et	
  sera	
  capable	
  de	
  discerner	
  ce	
  qu'il	
  
sait	
   et	
   ce	
   qu'il	
   ne	
   sait	
   pas	
   ;	
   et	
   de	
   même	
   pour	
   les	
   autres,	
   il	
   aura	
   le	
   pouvoir	
   d'examiner	
   ce	
   que	
  
chacun	
  sait	
  et	
  a	
  conscience	
  à	
  juste	
  titre	
  de	
  savoir,	
  mais	
  aussi	
  ce	
  qu'il	
  croit	
  à	
  tort	
  savoir.	
  De	
  
cela,	
  aucun	
  autre	
  homme	
  n'est	
  capable.	
  Finalement,	
  l'attitude	
  (sôphronein	
  =	
  être	
  sage)	
  et	
  la	
  
vertu	
   (sôphrosunè)	
   de	
   sagesse,	
   de	
   même	
   que	
   la	
   connaissance	
   de	
   soi-­‐même	
   consistent	
   à	
  
savoir	
  ce	
  qu'on	
  sait	
  et	
  ce	
  qu'on	
  ne	
  sait	
  pas.	
  Est-­‐ce	
  bien	
  là	
  ta	
  pensée	
  ?	
  PLATON	
  Charmide,	
  
164d-­‐167a	
  
	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
xi	
   J'aurais	
   ensuite	
   fait	
   considérer	
   l'utilité	
   de	
   cette	
   philosophie,	
   et	
   montré	
   que,	
   puisqu'elle	
  

s'étend	
   à	
   tout	
   ce	
   que	
   l'esprit	
   humain	
   peut	
   savoir,	
   on	
   doit	
   croire	
   que	
   c'est	
   elle	
   seule	
   qui	
   nous	
  
distingue	
  des	
  plus	
  sauvages	
  et	
  barbares,	
  et	
  que	
  chaque	
  nation	
  est	
  d'autant	
  plus	
  civilisée	
  et	
  
polie	
   que	
   les	
   hommes	
   y	
   philosophent	
   mieux	
   ;	
   et	
   ainsi	
   que	
   c'est	
   le	
   plus	
   grand	
   bien	
   qui	
   puisse	
  
être	
  dans	
  un	
  Etat	
  que	
  d'avoir	
  de	
  vrais	
  philosophes.	
  Et	
  outre	
  cela	
  que,	
  pour	
  chaque	
  homme	
  
en	
  particulier,	
  il	
  n'est	
  pas	
  seulement	
  utile	
  de	
  vivre	
  avec	
  ceux	
  qui	
  s'appliquent	
  à	
  cette	
  étude,	
  
mais	
  qu'il	
  est	
  incomparablement	
  meilleur	
  de	
  s'y	
  appliquer	
  soi-­‐même	
  ;	
  comme	
  sans	
  doute	
  il	
  
vaut	
   beaucoup	
   mieux	
   se	
   servir	
   de	
   ses	
   propres	
   yeux	
   pour	
   se	
   conduire,	
   et	
   jouir	
   par	
   même	
  
moyen	
  de	
  la	
  beauté	
  des	
  couleurs	
  et	
  de	
  la	
  lumière,	
  que	
  non	
  pas	
  de	
  les	
  avoir	
  fermés	
  et	
  suivre	
  
la	
   conduite	
   d'un	
   autre	
   ;	
   mais	
   ce	
   dernier	
   est	
   encore	
   meilleur	
   que	
   de	
   les	
   tenir	
   fermés	
   et	
  
n'avoir	
   que	
   soi	
   pour	
   se	
   conduire.	
   Or,	
   c'est	
   proprement	
   avoir	
   les	
   yeux	
   fermés,	
   sans	
   tâcher	
  
jamais	
   de	
   les	
   ouvrir,	
   que	
   de	
   vivre	
   sans	
   philosopher	
   ;	
   et	
   le	
   plaisir	
   de	
   voir	
   toutes	
   les	
   choses	
  
que	
  notre	
  vue	
  découvre	
  n'est	
  point	
  comparable	
  à	
  la	
  satisfaction	
  que	
  donne	
  la	
  connaissance	
  
de	
   celles	
   qu'on	
   trouve	
   par	
   la	
   philosophie	
   ;	
   et,	
   enfin,	
   cette	
   étude	
   est	
   plus	
   nécessaire	
   pour	
  
régler	
  nos	
  moeurs	
  et	
  nous	
  conduire	
  en	
  cette	
  vie,	
  que	
  n'est	
  l'usage	
  de	
  nos	
  yeux	
  pour	
  guider	
  
nos	
  pas.	
  Les	
  bêtes	
  brutes,	
  qui	
  n'ont	
  que	
  leur	
  corps	
  à	
  conserver,	
  s'occupent	
  continuellement	
  
à	
   chercher	
   de	
   quoi	
   le	
   nourrir	
   ;	
   mais	
   les	
   hommes,	
   dont	
   la	
   principale	
   partie	
   est	
   l'esprit,	
  
devraient	
   employer	
   leurs	
   principaux	
   soins	
   à	
   la	
   recherche	
  de	
  la	
  sagesse,	
  qui	
  en	
  est	
  la	
  vraie	
  
nourriture	
  ;	
  et	
  je	
  m'assure	
  aussi	
  qu'il	
  y	
  en	
  a	
  plusieurs	
  qui	
  n'y	
  manqueraient	
  pas,	
  s'ils	
  avaient	
  
espérance	
  d'y	
  réussir,	
  et	
  qu'ils	
  sussent	
  combien	
  ils	
  en	
  sont	
  capables.	
  Il	
  n'y	
  a	
  point	
  d'âme	
  tant	
  
soit	
   peu	
   noble	
   qui	
   demeure	
   si	
   fort	
   attachée	
   aux	
   objets	
   des	
   sens	
   qu'elle	
   ne	
   s'en	
   détourne	
  
quelquefois	
   pour	
   souhaiter	
   quelque	
   autre	
   plus	
   grand	
   bien,	
   nonobstant	
   qu'elle	
   ignore	
   *	
  
souvent	
   en	
   quoi	
   il	
   consiste.	
   Ceux	
   que	
   la	
   fortune	
   *	
   favorise	
   le	
   plus,	
   qui	
   ont	
   abondance	
   de	
  
santé,	
   d'honneurs,	
   de	
   richesses,	
   ne	
   sont	
   pas	
   plus	
   exempts	
   de	
   ce	
   désir	
   que	
   les	
   autres	
   ;	
   au	
  
contraire,	
  je	
  me	
  persuade	
  que	
  ce	
  sont	
  eux	
  qui	
  soupirent	
  avec	
  le	
  plus	
  d'ardeur	
  après	
  un	
  autre	
  
bien,	
   plus	
   souverain	
   que	
   tous	
   ceux	
   qu'ils	
   possèdent.	
   Or,	
   ce	
   souverain	
   bien	
   *	
   considéré	
   par	
   la	
  
raison	
  naturelle	
  sans	
  la	
  lumière	
  de	
  la	
  foi,	
  n'est	
  autre	
  chose	
  que	
  la	
  connaissance	
  de	
  la	
  vérité	
  
par	
   ses	
   premières	
   causes,	
   c'est-­‐à-­‐dire	
   la	
   sagesse,	
   dont	
   la	
   philosophie	
   est	
   l'étude.	
   Et,	
   parce	
  
que	
  toutes	
  ces	
  choses	
  sont	
  entièrement	
  vraies,	
  elles	
  ne	
  seraient	
  pas	
  difficiles	
  à	
  persuader	
  si	
  
elles	
  étaient	
  bien	
  déduites.	
  DESCARTES	
  	
  Principes	
  de	
  la	
  philosophie,	
  lettre-­‐préface	
  
	
  
xii	
   Excepté	
   l'homme,	
   aucun	
   être	
   ne	
   s'étonne	
   de	
   sa	
   propre	
   existence	
   ;	
   c'est	
   pour	
   tous	
   une	
  

chose	
   si	
   naturelle,	
   qu'ils	
   ne	
   la	
   remarquent	
   même	
   pas.	
   [...]	
   L'homme	
   est	
   un	
   animal	
  
métaphysique.	
  Sans	
  doute,	
  quand	
  sa	
  conscience	
  ne	
  fait	
  encore	
  que	
  s'éveiller,	
  il	
  se	
  figure	
  être	
  
intelligible	
   sans	
   effort	
   ;	
   mais	
   cela	
   ne	
   dure	
   pas	
   longtemps	
   :	
   avec	
   la	
   première	
   réflexion,	
   se	
  
produit	
  déjà	
  cet	
  étonnement,	
  qui	
  fut	
  pour	
  ainsi	
  dire	
  le	
  père	
  de	
  la	
  métaphysique.	
  C'est	
  en	
  ce	
  
sens	
  qu'Aristote	
  a	
  dit	
  aussi	
  au	
  début	
  de	
  sa	
  Métaphysique	
  :	
  «	
  Propter	
  admirationem	
  enim	
  et	
  
nunc	
  et	
  primo	
  inceperunt	
  homines	
  philosophari	
  »	
   *	
  .	
  De	
  même,	
  avoir	
  l'esprit	
  philosophique,	
  
c'est	
  être	
  capable	
  de	
  s'étonner	
  des	
  événements	
  habituels	
  et	
  des	
  choses	
  de	
  tous	
  les	
  jours,	
  de	
  
se	
  poser	
  comme	
  sujet	
  d'étude	
  ce	
  qu'il	
  y	
  a	
  de	
  plus	
  général	
  et	
  de	
  plus	
  ordinaire	
  ;	
  tandis	
  que	
  
l'étonnement	
   du	
   savant	
   ne	
   se	
   produit	
   qu'à	
   propos	
   de	
   phénomènes	
   rares	
   et	
   choisis,	
   et	
   que	
  
tout	
   son	
   problème	
   se	
   réduit	
   à	
   ramener	
   ce	
   phénomène	
   à	
   un	
   autre	
   plus	
   connu.	
   Plus	
   un	
  
homme	
  est	
  inférieur	
  par	
  l'intelligence,	
  moins	
  l'existence	
  a	
  pour	
  lui	
  de	
  mystères.	
  Toute	
  chose	
  
lui	
  paraît	
  porter	
  en	
  elle-­‐même	
  l'explication	
  de	
  son	
  comment	
  et	
  de	
  son	
  pourquoi.	
  Cela	
  vient	
  
de	
   ce	
   que	
   son	
   intellect	
   est	
   encore	
   resté	
   fidèle	
   à	
   sa	
   destination	
   originelle,	
   et	
   qu'il	
   est	
  
simplement	
  le	
  réservoir	
  des	
  motifs	
  à	
  la	
  disposition	
  de	
  la	
  volonté	
  ;	
  aussi,	
  étroitement	
  uni	
  au	
  
monde	
  et	
  à	
  la	
  nature,	
  comme	
  partie	
  intégrante	
  d'eux-­‐mêmes,	
  est-­‐il	
  loin	
  de	
  s'abstraire	
  pour	
  
ainsi	
  dire	
  de	
  l'ensemble	
  des	
  choses,	
  pour	
  se	
  poser	
  ensuite	
  en	
  face	
  du	
  monde	
  et	
  l'envisager	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
objectivement,	
   comme	
   si	
   lui-­‐même,	
   pour	
   un	
   moment	
   du	
   moins,	
   existait	
   en	
   soi	
   et	
   pour	
   soi.	
  
Au	
   contraire,	
   l'étonnement	
   philosophique,	
   qui	
   résulte	
   du	
   sentiment	
   de	
   cette	
   dualité,	
  
suppose	
  dans	
  l'individu	
  un	
  degré	
  supérieur	
  d'intelligence,	
  quoique	
  pourtant	
  ce	
  n'en	
  soit	
  pas	
  
là	
  l'unique	
  condition	
  :	
  car,	
  sans	
  aucun	
  doute,	
  c'est	
  la	
  connaissance	
  des	
  choses	
  de	
  la	
  mort	
  et	
  la	
  
considération	
   de	
   la	
   douleur	
   et	
   de	
   la	
   misère	
   de	
   la	
   vie	
   qui	
   donnent	
   la	
   plus	
   forte	
   impulsion	
   à	
   la	
  
pensée	
  philosophique	
  et	
  à	
  l'explication	
  métaphysique	
  du	
  monde.	
  Si	
  notre	
  vie	
  était	
  infinie	
  et	
  
sans	
   douleur,	
   il	
   n'arriverait	
   à	
   personne	
   de	
   se	
   demander	
   pourquoi	
   le	
   monde	
   existe,	
   et	
  
pourquoi	
  il	
  a	
  précisément	
  telle	
  nature	
  particulière	
  ;	
  mais	
  toutes	
  choses	
  se	
  comprendraient	
  
d'elles-­‐mêmes.	
  [...]	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Suivant	
   moi,	
   la	
   philosophie	
   naît	
   de	
   notre	
   étonnement	
   au	
   sujet	
   du	
   monde	
   et	
   de	
   notre	
  
propre	
   existence,	
   qui	
   s'imposent	
   à	
   notre	
   intellect	
   comme	
   une	
   énigme	
   dont	
   la	
   solution	
   ne	
  
cesse	
  dès	
  lors	
  de	
  préoccuper	
  l'humanité.	
   SCHOPENHAUER	
  Le	
  Monde	
  comme	
  Volonté	
  et	
  
comme	
  Représentation	
  Seconde	
  partie,	
  chap.	
  XVII,	
  tr.	
  fr.	
  A.	
  Burdeau	
  éd.	
  Alcan,	
  tome	
  2,	
  
pp.	
  294-­‐295	
  &	
  304	
  
	
  
xiii	
   Pour	
   l'existant,	
   le	
   suprême	
   intérêt,	
   c'est	
   d'exister,	
   et	
   l'intérêt	
   à	
   l'existence	
   est	
   la	
   réalité.	
  

C'est	
  que	
  la	
  réalité	
  ne	
  se	
  laisse	
  pas	
  exprimer	
  dans	
  le	
  langage	
  de	
  l'abstraction.	
  La	
  réalité	
  est	
  
un	
  inter-­esse	
  entre	
  l'unité	
  abstraite	
  hypothétique	
  de	
  la	
  pensée	
  et	
  l'être.	
  L'abstraction	
  traite	
  
de	
   la	
   possibilité	
   et	
   de	
   la	
   réalité,	
   mais	
   sa	
   conception	
   de	
   la	
   réalité	
   est	
   une	
   fausse	
  
interprétation,	
   car	
   le	
   plan	
   sur	
   lequel	
   nous	
   sommes	
   n'est	
   pas	
   celui	
   de	
   la	
   réalité,	
   mais	
   celui	
   de	
  
la	
   possibilité.	
   L'abstraction	
   ne	
   peut	
   se	
   rendre	
   maîtresse	
   de	
   la	
   réalité	
   qu'en	
   l'abolissant,	
   mais	
  
l'abolir	
   signifie	
   justement	
   la	
   transformer	
   en	
   possibilité.	
   Tout	
   ce	
   qui	
   est	
   dit	
   de	
   la	
   réalité	
   dans	
  
le	
   langage	
   de	
   l'abstraction	
   se	
   rapporte	
   en	
   effet	
   comme	
   une	
   possibilité	
   à	
   la	
   réalité	
   et	
   non	
   à	
  
une	
   réalité	
   qui	
   se	
   trouverait	
   à	
   l'intérieur	
   de	
   l'abstraction	
   et	
   de	
   la	
   possibilité.	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  La	
   réalité,	
  
l'existence,	
  est	
  le	
  moment	
  dialectique	
  dans	
  une	
  trilogie	
  dont	
  le	
  commencement	
  et	
  la	
  fin	
  ne	
  
sont	
   pas	
   là	
   pour	
   un	
   homme	
   existant	
   qui,	
   en	
   tant	
   qu'existant,	
   se	
   trouve	
   dans	
   le	
   moment	
  
dialectique.	
  L'abstraction	
  ferme	
  la	
  trilogie.	
  Parfait.	
  Mais	
  comment	
  le	
  fait-­‐elle	
  ?	
  L'abstraction	
  
est-­‐elle	
   donc	
   quelque	
   chose,	
   ou	
   bien	
   plutôt	
   n'est-­‐elle	
   pas	
   un	
   acte	
   de	
   celui	
   qui	
   abstrait	
   ?	
   Mais	
  
celui	
   qui	
   abstrait	
   est	
   bel	
   et	
   bien	
   un	
   être	
   existant	
   et	
   donc,	
   en	
   tant	
   qu'existant,	
   il	
   se	
   trouve	
  
dans	
  le	
  moment	
  dialectique	
  qu'il	
  ne	
  peut	
  réduire	
  ou	
  clore,	
  et	
  encore	
  moins	
  clore	
  d'une	
  façon	
  
absolue	
  aussi	
  longtemps	
  qu'il	
  existe.	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  Quand	
  donc	
  il	
  le	
  fait,	
  il	
  faut	
  que	
  cela	
  se	
  rapporte	
  à	
  
l'existence,	
   dans	
   laquelle	
   il	
   est	
   lui-­‐même,	
   comme	
   une	
   possibilité	
   à	
   la	
   réalité.	
   Il	
   faut	
   qu'il	
  
explique	
   comment	
   il	
   se	
   comporte	
   en	
   l'occurrence,	
   c'est-­‐à-­‐dire	
   comment	
   il	
   se	
   comporte	
   en	
  
tant	
   qu'existant,	
   ou	
   s'il	
   cesse	
   d'exister,	
   et	
   si	
   cela	
   est	
   permis	
   à	
   un	
   homme	
   existant.	
   A	
   l'instant	
  
même	
   où	
   nous	
   commençons	
   à	
   questionner	
   ainsi,	
   nous	
   sommes	
   sur	
   le	
   plan	
   de	
   l'éthique	
   et	
  
nous	
   faisons	
   valoir	
   auprès	
   de	
   l'homme	
   existant	
   l'exigence	
   de	
   l'éthique	
   qui	
   ne	
   peut	
   consister	
  
à	
   faire	
   abstraction	
   de	
   l'existence,	
   mais	
   au	
   contraire	
   à	
   devoir	
   exister,	
   ce	
   qui	
   est	
   aussi	
   le	
  
suprême	
   intérêt	
   de	
   celui	
   qui	
   existe.	
   KIERKEGAARD	
  Post-­scriptum	
   aux	
   miettes	
  
philosophiques,	
  éd.	
  Gallimard,	
  p.	
  220	
  
	
  
xiv	
  Les	
  enfants	
  [...]	
  ne	
  sont	
  doués	
  d'aucune	
  raison	
  avant	
  d'avoir	
  acquis	
  l'usage	
  de	
  la	
  parole	
  ;	
  mais	
  on	
  

les	
  appelle	
  des	
  créatures	
  raisonnables	
  à	
  cause	
  de	
  la	
  possibilité	
  qui	
  apparaît	
  chez	
  eux	
  d'avoir	
  usage	
  
de	
   la	
   raison	
   dans	
   l'avenir.	
   Et	
   la	
   plupart	
   des	
   hommes,	
   encore	
   qu'ils	
   aient	
   assez	
   d'usage	
   du	
  
raisonnement	
  pour	
  faire	
  quelque	
  pas	
  dans	
  ce	
  domaine	
  (pour	
  ce	
  qui	
  est,	
  par	
  exemple,	
  de	
  manier	
  les	
  
nombres	
  jusqu'à	
  un	
  certain	
  point)	
  n'en	
  font	
  guère	
  d'usage	
  dans	
  la	
  vie	
  courante	
  :	
  dans	
  celle-­‐ci,	
  en	
  
effet,	
   ils	
   se	
   gouvernent	
   les	
   uns	
   mieux,	
   les	
   autres	
   plus	
   mal,	
   selon	
   la	
   différence	
   de	
   leurs	
   expériences,	
  
la	
  promptitude	
  de	
  leur	
  mémoire,	
  et	
  la	
  façon	
  dont	
  ils	
  se	
  sont	
  inclinés	
  vers	
  des	
  buts	
  différents	
  ;	
  mais	
  
surtout	
  selon	
  leur	
  bonne	
  ou	
  mauvaise	
  fortune,	
  et	
  les	
  uns	
  d'après	
  les	
  erreurs	
  des	
  autres.	
  Car	
  pour	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
ce	
  qui	
  est	
  de	
  la	
  science,	
  et	
  de	
  règles	
  de	
  conduite	
  certaines,	
  ils	
  en	
  sont	
  éloignés	
  au	
  point	
  de	
  ne	
  pas	
  
savoir	
  ce	
  que	
  c'est.	
  La	
  géométrie,	
  ils	
  l'ont	
  prise	
  pour	
  de	
  la	
  magie.	
  Et	
  pour	
  les	
  autres	
  sciences,	
  ceux	
  à	
  
qui	
   on	
   n'en	
   a	
   pas	
   enseigné	
   les	
   commencements,	
   et	
   qu'on	
   n'y	
   a	
   pas	
   fait	
   progresser	
   dans	
   une	
  
certaine	
   mesure,	
   de	
   telle	
   sorte	
   qu'ils	
   puissent	
   voir	
   comment	
   elles	
   sont	
   acquises	
   et	
   engendrées,	
  
sont	
   sur	
   ce	
   point	
   comme	
   les	
   enfants	
   qui	
   n'ont	
   aucune	
   idée	
   de	
   la	
   génération,	
   et	
   auxquels	
   les	
  
femmes	
  font	
  croire	
  que	
  leurs	
  frères	
  et	
  soeurs	
  n'ont	
  pas	
  été	
  enfantés,	
  mais	
  trouvés	
  dans	
  le	
  jardin.	
  
HOBBES	
  Léviathan,	
  I,	
  chap.5,	
  éd.	
  Folio,	
  p.119	
  (éd.	
  Sirey,	
  p.	
  43)	
  
	
  
xv	
   C'est	
  cette	
  partie	
  dominante	
  dans	
  l'homme,	
  cette	
  maîtresse	
  d'erreur	
  et	
  de	
  fausseté,	
  et	
  d'autant	
  

plus	
   fourbe	
   qu'elle	
   ne	
   l'est	
   pas	
   toujours,	
   car	
   elle	
   serait	
   règle	
   infaillible	
   de	
   vérité,	
   si	
   elle	
   l'était	
  
infaillible	
   du	
   mensonge.	
   Mais,	
   étant	
   le	
   plus	
   souvent	
   fausse,	
   elle	
   ne	
   donne	
   aucune	
   marque	
   de	
   sa	
  
qualité	
  marquant	
  du	
  même	
  caractère	
  le	
  vrai	
  et	
  le	
  faux.	
  Je	
  ne	
  parle	
  pas	
  des	
  fous,	
  je	
  parle	
  des	
  plus	
  
sages,	
  et	
  c'est	
  parmi	
  eux	
  que	
  l'imagination	
  a	
  le	
  grand	
  droit	
  de	
  persuader	
  les	
  hommes.	
  La	
  raison	
  a	
  
beau	
  crier,	
  elle	
  ne	
  peut	
  mettre	
  le	
  prix	
  aux	
  choses.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Cette	
  superbe	
  puissance	
  ennemie	
  de	
  la	
  raison,	
  qui	
  se	
  plaît	
  à	
  la	
  contrôler	
  et	
  à	
  la	
  dominer,	
  pour	
  
montrer	
   combien	
   elle	
   peut	
   en	
   toutes	
   choses,	
   a	
   établi	
   dans	
   l'homme	
   une	
   seconde	
   nature.	
   Elle	
   a	
   ses	
  
heureux,	
   ses	
   malheureux,	
   ses	
   sains,	
   ses	
   malades,	
   ses	
   riches,	
   ses	
   pauvres.	
   Elle	
   fait	
   croire,	
   douter,	
  
nier	
  la	
  raison.	
  Elle	
  suspend	
  les	
  sens,	
  elle	
  les	
  fait	
  sentir.	
  [...]	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Qui	
  dispense	
  la	
  réputation,	
  qui	
  donne	
  le	
  respect	
  et	
  la	
  vénération	
  aux	
  personnes,	
  aux	
  ouvrages,	
  
aux	
   lois,	
   aux	
   grands,	
   sinon	
   cette	
   faculté	
   imaginante?	
   Toutes	
   les	
   richesses	
   de	
   la	
   terre	
   [sont]	
  
insuffisantes	
   sans	
   son	
   consentement.	
   Ne	
   diriez-­‐vous	
   pas	
   que	
   ce	
   magistrat	
   dont	
   la	
   vieillesse	
  
vénérable	
  impose	
  le	
  respect	
  à	
  tout	
  un	
  peuple	
  se	
  gouverne	
  par	
  une	
  raison	
  pure	
  et	
  sublime	
  et	
  qu'il	
  
juge	
   des	
   choses	
   par	
   leur	
   nature	
   sans	
   s'arrêter	
   à	
   ces	
   vaines	
   circonstances	
   qui	
   ne	
   blessent	
   que	
  
l'imagination	
   des	
   faibles	
   ?	
   Voyez-­‐le	
   entrer	
   dans	
   un	
   sermon	
   où	
   il	
   apporte	
   un	
   zèle	
   tout	
   dévot	
  
renforçant	
  la	
  solidité	
  de	
  sa	
  raison	
  par	
  l'ardeur	
  de	
  sa	
  charité	
  ;	
  le	
  voilà	
  prêt	
  à	
  l'ouïr	
  avec	
  un	
  respect	
  
exemplaire.	
  Que	
  le	
  prédicateur	
  vienne	
  à	
  paraître,	
  si	
  la	
  nature	
  lui	
  a	
  donné	
  une	
  voix	
  enrouée	
  et	
  un	
  
tour	
   de	
   visage	
   bizarre,	
   que	
   son	
   barbier	
   l'ait	
   mal	
   rasé,	
   si	
   le	
   hasard	
   l'a	
   encore	
   barbouillé	
   de	
   surcroît,	
  
quelque	
  grandes	
  vérités	
  qu'il	
  annonce,	
  je	
  parie	
  la	
  perte	
  de	
  la	
  gravité	
  de	
  notre	
  sénateur.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Le	
   plus	
   grand	
   philosophe	
   du	
   monde	
   sur	
   une	
   planche	
   plus	
   large	
   qu'il	
   ne	
   faut,	
   s'il	
   y	
   a	
   au-­‐dessous	
  
un	
  précipice,	
  quoique	
  sa	
  raison	
  le	
  convainque	
  de	
  sa	
  sûreté,	
  son	
  imagination	
  prévaudra.	
  Plusieurs	
  
n'en	
  sauraient	
  soutenir	
  la	
  pensée	
  sans	
  pâlir	
  et	
  suer.	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  Je	
  ne	
  veux	
  pas	
  rapporter	
  tous	
  ses	
  effets	
  ;	
  qui	
  ne	
  sait	
  que	
  la	
  vue	
  des	
  chats,	
  des	
  rats,	
  l'écrasement	
  
d'un	
   charbon,	
   etc,	
   emportent	
   la	
   raison	
   hors	
   des	
   gonds.	
   Le	
   ton	
   de	
   voix	
   impose	
   aux	
   plus	
   sages	
   et	
  
change	
  un	
  discours	
  et	
  un	
  poème	
  de	
  force.	
  [...]	
  Je	
  voudrais	
  de	
  bon	
  coeur	
  voir	
  le	
  livre	
  italien	
  dont	
  je	
  
ne	
   connais	
   que	
   le	
   titre,	
   qui	
   vaut	
   lui	
   seul	
   bien	
   des	
   livres,	
   Dell'opinione	
   regina	
   del	
   mondo	
   *	
   .	
   J'y	
  
souscris	
   sans	
   le	
   connaître,	
   sauf	
   le	
   mal	
   s'il	
   y	
   en	
   a.	
   PASCAL Pensées, Brunschvicg 82
/ Lafuma 44	
  
	
  
xvi	
  Nous	
   concevons	
   d'abord	
   le	
   sage	
   comme	
   possédant	
   la	
   connaissance	
   de	
   toutes	
  les	
  choses,	
  dans	
  la	
  

mesure	
   où	
   cela	
   est	
   possible,	
   c'est-­‐à-­‐dire	
   sans	
   avoir	
   la	
   science	
   de	
   chacune	
   d'elles	
   en	
   particulier.	
  
Ensuite,	
   celui	
   qui	
   est	
   capable	
   de	
   connaître	
   les	
   choses	
   difficiles	
   et	
   malaisément	
   accessibles	
   à	
   la	
  
connaissance	
   humaine,	
   on	
   admet	
   que	
   celui-­‐là	
   est	
   un	
   sage	
   (car	
   la	
   connaissance	
   sensible	
   étant	
  
commune	
   à	
   tous	
   les	
   hommes,	
   est	
   facile,	
   et	
   n'a	
   rien	
   à	
   voir	
   avec	
   la	
   Sagesse).	
   En	
   outre,	
   celui	
   qui	
  
connaît	
  les	
  causes	
  avec	
  plus	
  d'exactitude,	
  et	
  celui	
  qui	
  est	
  plus	
  capable	
  de	
  les	
  enseigner	
  sont,	
  dans	
  
toute	
   espèce	
   de	
   science,	
   plus	
   sages.	
   De	
   plus,	
   parmi	
   les	
   sciences,	
   celle	
   que	
   l'on	
   choisit	
   pour	
   elle-­‐
même	
   et	
   à	
   seule	
   fin	
   de	
   savoir,	
   est	
   considérée	
   comme	
   étant	
   plus	
   vraiment	
   Sagesse	
   que	
   celle	
   qui	
   est	
  
choisie	
  en	
  vue	
  de	
  ses	
  résultats.	
  Enfin	
  une	
  science	
  dominatrice	
  est,	
  à	
  nos	
  yeux,	
  plus	
  une	
  sagesse	
  que	
  
la	
  science	
  qui	
  lui	
  est	
  subordonnée	
  :	
  ce	
  n'est	
  pas,	
  en	
  effet,	
  au	
  sage	
  à	
  recevoir	
  des	
  lois,	
  c'est	
  à	
  lui	
   d'en	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
donner	
   ;	
   ce	
   n'est	
   pas	
   lui	
   qui	
   doit	
   obéir	
   à	
   autrui,	
   c'est	
   à	
   lui,	
   au	
   contraire,	
   que	
   doit	
   obéir	
   celui	
   qui	
   est	
  
moins	
  sage. ARISTÓTELES
	
  
xvii	
  153.                                                   En quoi consiste la générosité.
Ainsi	
   je	
   crois	
   que	
   la	
   vraie	
   générosité,	
   qui	
   fait	
   qu'un	
   homme	
   s'estime	
   au	
   plus	
   haut	
   point	
   qu'il	
   se	
  
peut	
   légitimement	
   estimer,	
   consiste	
   seulement	
   partie	
   en	
   ce	
   qu'il	
   connaît	
   qu'il	
   n'y	
   a	
   rien	
   qui	
  
véritablement	
  lui	
  appartienne	
  que	
  cette	
  libre	
  disposition	
  de	
  ses	
  volontés,	
  ni	
  pourquoi	
  il	
  doive	
  être	
  
loué	
  ou	
  blâmé	
  sinon	
  pour	
  ce	
  qu'il	
  en	
  use	
  bien	
  ou	
  mal,	
  et	
  partie	
  en	
  ce	
  qu'il	
  sent	
  en	
  soi-­‐même	
  une	
  
ferme	
  et	
  constante	
  résolution	
  d'en	
  bien	
  user,	
  c'est-­‐à-­‐dire	
  de	
  ne	
  manquer	
  jamais	
  de	
  volonté	
  pour	
  
entreprendre	
   et	
   exécuter	
   toutes	
   les	
   choses	
   qu'il	
   jugera	
   être	
   les	
   meilleures	
   ;	
   ce	
   qui	
   est	
   suivre	
  
parfaitement	
  la	
  vertu.	
  
       154. Qu'elle empêche qu'on ne méprise les autres.
Ceux	
  qui	
  ont	
  cette	
  connaissance	
  et	
  sentiment	
  d'eux-­‐mêmes	
  se	
  persuadent	
  facilement	
  que	
  chacun	
  
des	
  autres	
  hommes	
  les	
  peut	
  aussi	
  avoir	
  de	
  soi,	
  parce	
  qu'il	
  n'y	
  a	
  rien	
  en	
  cela	
  qui	
  dépende	
  d'autrui.	
  
C'est	
   pourquoi	
   ils	
   ne	
   méprisent	
   jamais	
   personne	
   ;	
   et,	
   bien	
   qu'ils	
   voient	
   souvent	
   que	
   les	
   autres	
  
commettent	
  des	
  fautes	
  qui	
  font	
  paraître	
  leur	
  faiblesse,	
  ils	
  sont	
  toutefois	
  plus	
  enclins	
  à	
  les	
  excuser	
  
qu'à	
  les	
  blâmer,	
  et	
  à	
  croire	
  que	
  c'est	
  plutôt	
  par	
  manque	
  de	
  connaissance	
  que	
  par	
  manque	
  de	
  bonne	
  
volonté	
  qu'ils	
  les	
  commettent	
  ;	
  et	
  comme	
  ils	
  ne	
  pensent	
  point	
  être	
  de	
  beaucoup	
  inférieurs	
  à	
  ceux	
  
qui	
  ont	
  plus	
  de	
  bien	
  ou	
  d'honneurs,	
  ou	
  même	
  qui	
  ont	
  plus	
  d'esprit,	
  plus	
  de	
  savoir,	
  plus	
  de	
  beauté,	
  
ou	
   généralement	
   qui	
  les	
   surpassent	
   en	
   quelques	
   autres	
   perfections,	
   aussi	
   ne	
   s'estiment-­‐ils	
  point	
  
beaucoup	
   au-­‐dessus	
   de	
   ceux	
   qu'ils	
   surpassent,	
   à	
   cause	
   que	
   toutes	
   ces	
   choses	
   leur	
   semblent	
   être	
  
fort	
   peu	
   considérables,	
   à	
   comparaison	
   de	
   la	
   bonne	
   volonté,	
   pour	
   laquelle	
   seule	
   ils	
   s'estiment,	
   et	
  
laquelle	
   ils	
   supposent	
   aussi	
   être	
   ou	
   du	
   moins	
   pouvoir	
   être	
   en	
   chacun	
   des	
   autres	
   hommes.	
  
DESCARTES Les Passions de l'âme, articles 153 & 154	
  
	
  

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Uma Introdução à Filosofia

  • 1. Uma Introdução à Filosofia Palavras-Chave: filosofia – metafísica – espanto – embaraço – problema Recursos filosóficos | Dossier 2011 Uma introdução à filosofia – JORGE BARBOSA Conceito No seu significado moderno, a filosofia designa uma forma de abordagem intelectual distinta da ciência e da religião. Com efeito, a filosofia não é um conhecimento científico, nem é uma fé. A abordagem filosófica pode, todavia, apresentar alguma semelhança com a ciência, na medida em que é um conhecimento racional, e com a religião na sua ambição de apreender o real na sua totalidade. O que distingue mais claramente a filosofia é o seu carácter reflexivo. Reflectir é “debruçar-se sobre si mesmo”, “pensar-se a si mesmo”. Assim, por exemplo, resolver uma equação exige um trabalho matemático, mas questionar-se sobre o que são as matemáticas já é uma reflexão filosófica. Neste sentido, a filosofia não tem objecto próprio, pois tudo pode ser objecto de reflexão. A filosofia pode também ser definida pela sua história: a filosofia é, neste caso, a história da filosofia, a história do pensamento. Referências A tradição filosófica, a que nos referimos no ocidente, nasceu na Grécia (ou, para ser mais exacto, nas colónias gregas da Ásia menor), há mais de 25 séculos. Desde então, os filósofos distinguem-se pela sua maneira de ser e de pensar. Pitágoras foi o primeiro a utilizar o termo filósofo para designar aquele que se dedica à filosofia. Segundo
  • 2. consta terá sido o fundador de uma espécie de seita no século VI antes da nossa Era, e a sua filosofia não se distinguia facilmente da religião. No entanto, as concepções religiosas dos pitagóricos incorporavam características singulares: não tinham origem numa tradição colectiva ou numa cultura; apoiavam-se, pelo contrário, numa espécie de mística do número, prefigurando, assim, a importância do logos, sem o qual as matemáticas não teriam nascido. Ser-se filósofo é, com efeito, fazer uso da razão (em grego: logos), e não submeter- se simplesmente a uma autoridade externa, a uma tradição, à opinião dominante. Esta má relação da filosofia com as ideias com origem na autoridade ou nas crenças populares, e mais globalmente com as ideias pré- fabricadas, adquire com Sócrates (falecido em -399) toda a sua expresão. Na origem da filosofia, há, com efeito, uma insatisfação e, podemos dizê-lo, uma contestação radical: a filosofia começa por ser uma crítica das ideias vulgarizadas e da ordem estabelecida. Esta função crítica da filosofia é uma constante na história do pensamento no Ocidente. No entanto, a filosofia nunca se reduziu à crítica: ela procura também a inteligibilidade. Ela é também uma tentativa para pensar o mundo como um todo, um empreendimento de totalização intelectual, tendo por objectivo compreender o mundo numa ideia. Mas, poderemos questionarmo-nos, para que serve pensar o mundo deste modo? A resposta a esta pergunta está, de algum modo, contida na palavra filósofo: a sua etimologia esclarece que filósofo é aquele que gosta de saber, é o “amigo da sabedoria”. Assim, os 3 grande objectivos que perseguem aqueles que têm a ambição de ser filósofos, são os seguintes: 1. Pensar melhor, procedendo a uma análise reflexiva crítica; 2. Compreender melhor, no sentido de constituir um saber unificado e coerente, e 3. Agir melhor, comportando-se como sábios.
  • 3. Referências 1. A filosofia como QUESTIONAMENTO CRÍTICO => Contra a Uma filosofia não é uma opinião, mas, pelo contrário, um pensamento opinião que realizou uma superação da opinião. A opinião, com efeito, é tanto mais segura de si mesma quanto mais insegura for de facto: "Ter uma opinião, diz Adorno, é afirmar, mesmo que de forma sumária, a validade de uma consciência subjectiva limitada no seu conteúdo de verdade”.i Eliminando "de forma enganosa o fosso entre o sujeito que conhece e a realidade que lhe escapa”, “a opinião apropria-se daquilo que o conhecimento não consegue alcançar, tomando o seu lugar”. Ela é, portanto, essencialmente um facto subjectivo, uma verdadeira “profissão de fé”, e aquele que adere à opinião adere de facto a si mesmo (Alainii), sem preocupações de objectividade, podendo mesmo aderir a posições dogmáticas, ou até fanáticas. A opinião não é, portanto, um conhecimento, mas, pelo contrário, um desconhecimento e uma ignorância. A opinião é, portanto, falsa por natureza (e não por acidente), quanto mais não seja por se fundar no interesse e em critérios estranhos à preocupação com a verdade. Como diz Bachelardiii', “a opinião pensa mal; ela não pensa: traduz necessidades de conhecimento. Designando os objectos pela sua utilidade, impede-se a si mesma de aceder a ele (conhecimento). Não podemos fundamentar nada na opinião: é preciso, primeiro, destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a superar”. “Tal como consideramos homem livre aquele que existe para si mesmo e não para outro, assim também esta ciência (a filosofia) é a única de todas as ciências que é livre, pois só ela é, para si mesma, a sua própria finalidade”. (Aristótelesiv) O pensamento livre, a filosofia deve, portanto proceder, antes de mais, a um questionamento que ponha em causa a opinião, ou, como sugere a língua grega, adoptar uma abordagem paradoxal. Como diz Hegelv “não há opiniões
  • 4. filosóficas.” Pensar por si Mas, o que dizer das ciências? Não serão elas “a verdade”? Husserlvi , mesmo seguindo o método de Descartes como modelo, afirma que “quem quer que queira verdadeiramente tornar-se filósofo deverá, pelo menos uma vez na vida, debruçar-se sobre si mesmo e, dentro de si, tentar virar do avesso todas as ciências admitidas até aqui e tentar reconstruí-las”. Com efeito, os conhecimentos ditos científicos podem muito bem “ser certos”, mas a verdade é que eles só são conhecidos por nós de forma incerta: a não ser que tenhamos estudado verdadeiramente a questão, ainda que só sob o ângulo da história das ciências, é por ouvir dizer que sabemos que a terra é um planeta que se move em torno do Sol. O nosso saber, a respeito deste movimento, não difere, neste caso, da opinião. Esta é a razão pela qual todos os conhecimentos, mesmo os “que consideramos como os mais seguros” (Descartes), portanto, também os conhecimentos científicos, devem ser examninados de forma crítica: fazer filosofia é sempre esforçarmo- nos por pensar por nós próprios. A filosofia começa, então, com esta dúvida sobre o valor das opiniões, e com uma forte suspeita sobre o valor das nossas próprias opiniões. A filosofia tem a ambição de superar a opinião e a crença: “Pensar não é crer.” “Pensar é dizer não. (...) Quem se contenta com o seu pensamento já não pensa nada.” (Alain vii ) Sejamos claros, isto não é o mesmo que um convite para que adoptemos a opinião dos outros. Em boa verdade, em certo sentido, as nossas opiniões nunca são verdadeiramente pessoais: Não sabendo como pensar com clareza, nem sabendo o que pensar, o homem da opinião consulta os mais experientes, os seus pares, os comunicadores, os meios de comunicação social, enfim, todas as autoridades que, obviamente, fazem o mesmo. Daqui resulta, como diz Alain, “os pensamentos (de opinião) decidem tudo, e ninguém pensa.”viii Segundo esta análise, podemos dizer que a opinião é
  • 5. sempre impessoal. O embaraço Em qualquer caso, como poderíamos adoptar a opinião de outros? As e o problema opiniões são múltiplas: alguns pensam de um modo, outros pensam de outro modo. Se uns têm “boas razões” para pensar o que pensam... os outros também têm as suas “boas razões”. Então, a que opinião devemos aliar-nos? Que devemos pensar? Quem tem razão? A este sentimento incómodo, os gregos chamaram embaraço, isto é, a tomada de consciência de um problema filosófico. Segundo Epictetoix: “este é o ponto de partida da filosofia: a consciência do conflito que coloca os homens em divergência uns com os outros, a busca da origem deste conflito, a condenação da simples opinião (...) uma espécie de crítica da opinião para determinar se temos razão em a manter.” O espanto Esta tomada de consciência da diversidade das opiniões é uma oportunidade que nos faz pensar que, de facto, não sabemos: o que considerávamos ser desde sempre “evidente”, afinal não o é. Ficamos então espantados. Através do espanto, tomamos consciência da insuficiência do nosso conhecimento: “aquele que se espanta pensa ignorar”, diz Aristóteles. Esta consciência da ignorância não é, ela própria, a ignorância: tomar consciência da sua ignorância é já um primeiro passo para sair da ignorância. A ignorância, propriamente dita, manifesta-se de duas formas: por um lado o ignorante não sabe, mas também não sabe que não sabe... de resto, é por isso mesmo que tem tanta confiança nas suas crenças. O espanto que o acorda do seu “sono dogmático”, para utilizar uma expressão de Kant, é um estado intelectual e não somente afectivo, como a surpresa. "Conhece-te Esta reorientação do pensamento faz com que o filósofo tenha de a ti mesmo" atribuir a si mesmo a tarefa de se conhecer: “a atitude e a virtude da sabedoria, tal como o conhecimento de si mesmo, consistem em saber
  • 6. o que se sabe e o que se não sabe.” x (Platão) Com efeito, o exercício "Tem a do pensar filosófico implica um trabalho de auto-crítica que supõe a coragem de adopção da célebre divisa de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. te servir do teu próprio Este é também o sentido que deve ser dado à reflexão: reflectir (como entendimento” fazem os raios luminosos quando batem num espelho), é voltar-se para si. Reflectir não é tão natural ou espontâneo quanto se pensa vulgarmente, pois o pensamento conduz-nos sobretudo e antes de tudo o mais para o objecto, para as coisas exteriores, para o mundo. Sendo reflexiva, a abordagem filosófica implica, então, um esforço, “a coragem de se servir do seu próprio entendimento” (Kant) e uma espécie de “paciência intelectual”. A reflexão filosófica não é, então, “natural”, mas a razão, sim, é natural no Homem. Por outras palavras, embora a razão seja “natural” no ser humano, o seu uso manifestamente não o é. “Nascemos crianças antes de sermos homens”, lembra Descartes: se não quisermos viver e pensar como crianças, se não quisermos permanecer na “menoridade" (Kant) durante toda a nossa vida, então devermos fazer esse esforço, pois “viver sem filosofar é, em bom rigor, ter os olhos fechados, sem nunca nos preocuparmos em os abrir.” xi (Descartes) A filosofia Mas pode acontecer que não seja necessário depararmo-nos com como interrogação esse conflito de opiniões para nos dedicarmos à filosofia, para nos metafísica espantarmos: talvez possamos dizer, como escreveu Schopenhauer, que, de algum modo, o homem é um animal metafísicoxii, isto é, um animal que se espanta com a sua própria existência. Segundo Schopenhauer, “a filosofia nasce do nosso espanto a respeito do mundo e da nossa própria existência, que se impõem à nossa inteligência como um enigma, cuja solução não deixou alguma vez de preocupar a humanidade.” Dúvida ou De qualquer modo, a filosofia é, como diz Platão, “filha do espanto”. cepticismo?
  • 7. Aquele que não se espanta com nada, não duvida de coisa nenhuma. A dúvida filosófica tem, no entanto, um significado crítico e não deve ser compreendida como uma simples “atitude”: a contestação do dogmatismo não implica de forma alguma a adopção do cepticismo. Não nos referimos aqui ao cepticismo filosófico, que se situa numa outra ordem de ideias, mas à atitude céptica, actualmente tão em voga. Esta atitude é a de um homem que renunciou à verdade. O homem céptico não atribui nenhum poder à razão, e o seu nihilismo condu-lo a negar a possibilidade dos valores: tudo é relativo, nada vale coisa alguma. A sabedoria de que o filósofo gosta (de que é amigo) supõe, pelo contrário, que ele tenha como objectivo o saber e o bem, através de um uso apropriado da razão: a dúvida filosófica é uma dúvida racional, fecunda, uma dúvida de luz, como diz Malebranche, porque tem origem na razão e procura a verdade. Referências A filosofia como ESFORÇO DE COMPREENSÃO => A filosofia, no entanto, não poderia reduzir-se a uma actividade puramente crítica, negativa. A crítica, com efeito, não é um fim em si mesma: o objectivo da filosofia é compreender o mundo e a situação do homem no mundo. O que é Compreender é apreender o sentido. A filosofia apresenta-se, compreender ? portanto, como uma interpretação do mundo e do homem. Mas compreender significa também “apreender o conjunto”, abarcar a totalidade de um conjunto, através do pensamento: a filosofia vive assim animada pela preocupação de constituir uma visão de conjunto capaz de dar conta da totalidade do real. A este respeito, será oportuno notar que, se as ciências tendem a analisar a realidade, isto é, a dividi-la, isolando os fenómenos uns dos outros para os explicar, a filosofia, pelo contrário, esforça-se por operar uma síntese,
  • 8. para compreender o mundo. A razão Deste ponto de vista, a filosofia pode parecer mais próxima da religião do que da ciência: como a religião, a filosofia pretende propor uma chave que nos permita apreender o real na sua totalidade. No entanto, a filosofia opõe a razão (em grego: logos) à fé, a racionalidade do discurso (logos) à narrativa mítica (mythos): assim, para aceder à ordem do mundo, os filósofos pré-socráticos (Tales, Anaximandro, Heraclito, Empédocles...) fazem apelo a princípios naturais elementares (o fogo, a terra, o ar, a água), e não às acções dos deuses. Para estes filósofos, deve ser possível compreender o real sem recorrer à mitologia religiosa. Esta representa os deuses como se fossem humanos. “Se os bois (e) os cavalos (...) também tivessem mãos, e se com essas mãos soubessem desenhar, e soubessem modelar as obras que, com arte, só os homens conseguem realizar, os cavalos forjariam deuses equinos, e os bois dariam aos deuses forma bovina.” (Xenófanes) A filosofia A filosofia é, então, uma síntese compreensiva racional. É preciso como sistema compreender que esta ambição implica uma concepção unitária do real, baseada NUMA (uma única basta) ideia central. É esta exigência que identifica o carácter sistemático dos grandes filósofos: uma grande filosofia é, de uma forma ou de outra, um sistema conceptual que permite compreender o mundo. Todavia,alguns filósofos têm criticado esta ambição, considerando-a rígida e abstracta: não será o real, antes de tudo o mais, a vida, sempre em mudança (Bergson), e qualquer sistema que pretenda apreender a existência não será, ele próprio, o sistema de um existentexiii ? (Kierkegaard) O “real concreto” seria, segundo Kierkegaard, o ser singular, isto é, o sujeito: “a subjectividade é a
  • 9. verdade.” (Kierkegaard) Podemos, então, dizer simplificadamente que há dois tipos de filosofia: as que inscrevem a verdade no universal, e que, por conseguinte, se constituem como sistemas; e aquelas que reivindicam um lugar para o individual, para a singularidade, nomeadamente a do sujeito existente. Por exemplo, Platão e Hegel são filósofos do universal: para Platão, as coisas singulares não são mais do que as imagens das essências – ou ideias – universais; Para Hegel, o real é a realização da Razão. Estes dois filósofos, com séculos de distância entre si, pretenderam fundamentar um saber absoluto. Pelo contrário, filósofos como Pascal, Kierkegaard ou Gasset, dão relevo ao individual, à experiência singular irredutível. De qualquer modo, mesmo quando um filósofo recusa “encerrar todo o real num sistema”, mesmo quando vê na exigência de inteligibilidade total uma negação da realidade existencial, sempre singular, ainda conserva a ambição de compreender de forma sintéctica a vida, a existência, a subjectividade. Referências A filosofia como ARTE DE VIVER => A etimologia assim o diz: o filósofo é o amigo da sabedoria, o que gosta de saber. Com efeito, a actividade filosófica não é exclusivamente “abstracta” e “teórica”: em última análise, a filosofia tem uma finalidade prática, e filosofar é também esforçar-se por agir melhor. A sabedoria O homem, diz-se, é um animal dotado de razão. Mas será que dá sempre provas disso? Todos os homens desejam ser felizes: mas será que são mesmo? Dão-se a si mesmos realmente os meios necessários para serem felizes? Em suma, conduzem a sua vida com
  • 10. razoabilidade, ou comportam-se como crianças?xiv Será que a maior parte dos homens já se perguntou a si mesmo o que é o bem? Muitos só conseguem ver o mundo e ver-se a si próprios sob o domínio da imaginação, “essa fantástica força inimiga da razão” "xv (Pascal). Ora, ser-se filósofo é precisamente colocar este tipo de questões, e empenhar-se em responder-lhes fazendo uso da razão afim de agir, tanto quanto possível, com sabedoria. Ser-se filósofo é, então, compreender que o bem não é nenhum bem em particular, e sobretudo não é um bem exterior a si (dinheiro, poder...): o bem é a própria sabedoria (sophia, em grego) – e a sabedoria é o saber que merece dominar todos os outros. xvi (Aristóteles). A felicidade, Mas em que consiste a sabedoria? Seremos sábios, se não o dever, a liberdade soubermos o que fazer, ou como proceder? Claro, o sábio não sabe tudo, e é mesmo daqueles que confessam a sua ignorância, mas ser sábio, como diz Descartesxvii, é ter em vista, em todas as circunstâncias, o fazer bem: este é o sentido da generosidade. O homem sábio conhece-se a si mesmo como dotado de razão e de vontade, faculdades que dependem de nós, e que devemos atribuir a todos os outros. Uma arte de O filósofo não é, então, “somente” um pensador. Ele age e viver compreende que as suas acções, como as de todos os outros, comprometem escolhas éticas. A filosofia é, portanto, também uma arte de viver, não simplesmente no sentido de uma arte de bem viver, mas no sentido de uma tentativa para viver bem, fazendo uso da razão.                                                                                                                   NOTAS  E  CITAÇÕES  COMPLEMENTARES:     i   Avoir   une   opinion,   c'est   affirmer,   même   de   façon   sommaire,   la   validité   d'une   conscience   subjective  limitée  dans  son  contenu  de  vérité.  La  manière  dont  se  présente  une  telle  opinion  
  • 11.                                                                                                                 peut  être  vraiment  anodine.  Lorsque  quelqu'un  dit  qu'à  son  avis,  le  nouveau  bâtiment  de  la   faculté   a   sept   étages,   cela   peut   vouloir   dire   qu'il   a   appris   cela   d'un   tiers,   mais   qu'il   ne   le   sait   pas   exactement.   Mais   le   sens   est   tout   différent   lorsque   quelqu'un   déclare   qu'il   est   d'avis   quant   à   lui   que   les   Juifs   sont   une   race   inférieure   de   parasites,   comme   dans   l'exemple   éclairant   cité   par   Sartre   de   l'oncle   Armand   qui   se   sent   quelqu'un   parce   qu'il   exècre   les   Anglais.   Dans   ce   cas,   le   "je   suis   d'avis"   ne   restreint   pas   le   jugement   hypothétique,   mais   le   souligne.   Lorsqu'un   tel   individu   proclame   comme   sienne   une   opinion   aussi   rapide,   sans   pertinence,  que  n'étaye  aucune  expérience,  ni  aucune  réflexion,  il  lui  confère  -­‐  même  s'il  la   limite  apparemment  -­‐  et  par  le  fait  qu'il  la  réfère  à  lui-­‐même  en  tant  que  sujet,  une  autorité   qui   est   celle   de   la   profession   de   foi.  Et   ce   qui   transparaît,   c'est   qu'il   s'implique   corps   et   âme;   il  aurait  donc  le  courage  de  ses  opinions,  le  courage  de  dire  des  choses  déplaisantes  qui  ne   plaisent   en   vérité   que   trop.   Inversement,   quand   on   a   affaire   à   un   jugement   fondé   et   pertinent   mais   qui   dérange,   et   qu'on   n'est   pas   en   mesure   de   réfuter,   la   tendance   est   tout   aussi  répandue  à  le  discréditer  en  le  présentant  comme  une  simple  opinion.  [...]              L'opinion  s'approprie  ce  que  la  connaissance  ne  peut  atteindre  pour  s'y  substituer.  Elle   élimine  de  façon  trompeuse  le  fossé  entre  le  sujet  connaissant  et  la  réalité  qui  lui  échappe.   Et  l'aliénation  se  révèle  d'elle-­‐même  dans  cette  inadéquation  de  la  simple  opinion.  [...]  C'est   pourquoi  il  ne  suffit  ni  à  la  connaissance  ni  à  une  pratique  visant  à  la  transformation  sociale   de   souligner   le   non-­‐sens   d'opinions   d'une   banalité   indicible,   qui   font   que   les   hommes   se   soumettent   à   des   études   caractérologiques   et   à   des   pronostics   qu'une   astrologie   standardisée  et  commercialement  de  nouveau  rentable  rattache  aux  signes  du  zodiaque.  Les   hommes  ne  se  ressentent  pas  Taureau  ou  Vierge  parce  qu'ils  sont  bêtes  au  point  d'obéir  aux   injonctions  des  journaux  qui  sous-­‐entendent  qu'il  est  tout  naturel  que  cela  signifie  quelque   chose,   mais   parce   que   ces   clichés   et   les   directives   stupides   pour   un   art   de   vivre   qui   se   contentent  de  recommander  ce  qu'ils  doivent  faire  de  toute  façon,  leur  facilitent  -­‐  même  si   ce   n'est   qu'une   apparence   -­‐   les   choix   à   faire   et   apaisent   momentanément   leur   sentiment   d'être  étrangers  à  la  vie,  voire  étrangers  à  leur  propre  vie.              La   force   de   résistance   de   l'opinion   pure   et   simple   s'explique   par   son   fonctionnement   psychique.   Elle   offre   des   explications   grâce   auxquelles   on   peut   organiser   sans   contradictions   la   réalité   contradictoire,   sans   faire   de   grands   efforts.   A   cela   s'ajoute   la   satisfaction  narcissique  que  procure  l'opinion  passe-­‐partout,  en  renforçant  ses  adeptes  dans   leur  sentiment  d'avoir  toujours  su  de  quoi  il  retourne  et  de  faire  partie  de  ceux  qui  savent.   Theodor  W.  ADORNO  Modèles  critiques,  "Opinion,  illusion,  société"  tr.  fr.  M.  Jimenez   &  E.  Kouflhoz,  éd.  Payot,  pp.  114-­‐119     ii   Préjugé.   Ce   qui   est   jugé   d'avance,   c'est-­‐à-­‐dire   avant   qu'on   se   soit   instruit.   Le   préjugé   fait   qu'on   s'instruit   mal.   Le   préjugé   peut   venir   des   passions   ;   la   haine   aime   à   préjuger   mal   ;   il   peut  venir  de  l'orgueil,  qui  conseille  de  ne  point  changer  d'avis  ;  ou  bien  de  la  coutume  qui   ramène  toujours  aux  anciennes  formules  ;  ou  bien  de  la  paresse,  qui  n'aime  point  chercher   ni   examiner.   Mais   le   principal   appui   du   préjugé   est   l'idée   juste   d'après   laquelle   il   n'est   point   de   vérité   qui   subsiste   sans   serment   à   soi   ;   d'où   l'on   vient   à   considérer   toute   opinion   nouvelle   comme   une   manoeuvre   contre   l'esprit.   Le   préjugé   ainsi   appuyé   sur   de   nobles   passions,  c'est  le  fanatisme.   ALAIN  Définitions  in   Les   Arts   et   les   Dieux,   éd.   de   la   Pléiade,   p.  1081     iii  La  science,  dans  son  besoin  d'achèvement  comme  dans  son  principe,  s'oppose  absolument   à  l'opinion.  S'il  lui  arrive,  sur  un  point  particulier,  de  légitimer  l'opinion,  c'est  pour  d'autres   raisons  que  celles  qui  fondent  l'opinion  ;  de  sorte  que  l'opinion  a,  en  droit,  toujours  tort.  
  • 12.                                                                                                                 L'opinion  pense  mal  ;  elle  ne  pense  pas  :  elle  traduit  des  besoins  en  connaissances.  En   désignant  les  objets  par  leur  utilité,  elle  s'interdit  de  les  connaître.  On  ne  peut  rien  fonder   sur  l'opinion  :  il  faut  d'abord  la  détruire.  Elle  est  le  premier  obstacle  à  surmonter.            Il  ne  suffirait  pas,  par  exemple,  de  la  rectifier  sur  des  points  particuliers,  en  maintenant,   comme  une  sorte  de  morale  provisoire  *  ,  une  connaissance  vulgaire  provisoire.  L'esprit   scientifique  nous  interdit  d'avoir  une  opinion  sur  des  questions  que  nous  ne  comprenons   pas,  sur  des  questions  que  nous  ne  savons  pas  formuler  clairement.  Avant  tout,  il  faut  savoir   poser  des  problèmes.  Et  quoi  qu'on  dise,  dans  la  vie  scientifique,  les  problèmes  ne  se  posent   pas  d'eux-­‐mêmes.  C'est  précisément  ce  sens  du  problème  qui  donne  la  marque  du  véritable   esprit  scientifique.  Pour  un  esprit  scientifique,  toute  connaissance  est  une  réponse  à  une   question.  S'il  n'y  a  pas  eu  de  question,  il  ne  peut  y  avoir  connaissance  scientifique.  Rien  ne   va  de  soi.  Rien  n'est  donné.  Tout  est  construit.  BACHELARD  La  Formation  de  l'Esprit   Scientifique,  Chap.  I,  §.  I,  éd.  Vrin,  p.  14       iv   Ce   fut   l'étonnement   qui   poussa,   comme   aujourd'hui,   les   premiers   penseurs   aux   spéculations   philosophiques.   Au   début,   ce   furent   les   difficultés   les   plus   apparentes   qui   les   frappèrent,  puis,  s'avançant  ainsi  peu  à  peu,  ils  cherchèrent  à  résoudre  des  problèmes  plus   importants,  tels  les  phénomènes  de  la  Lune,  ceux  du  Soleil  et  des  Étoiles,  enfin  la  genèse  de   l'univers.   Apercevoir   une   difficulté   et   s'étonner,   c'est   reconnaître   sa   propre   ignorance   (et   c'est   pourquoi   aimer   les   mythes   est,   en   quelque   manière   se   montrer   philosophe,   car   le   mythe  est  composé  de  merveilleux).  Ainsi  donc,  si  ce  fut  pour  échapper  à  l'ignorance  que  les   premiers   philosophes   se   livrèrent   à   la   philosophie,   il   est   clair   qu'ils   poursuivaient   la   science   en  vue  de  connaître  et  non  pour  une  fin  utilitaire.  Ce  qui  s'est  passé  en  réalité  en  fournit  la   preuve  :  presque  tous  les  arts  qui  s'appliquent  aux  nécessités,  et  ceux  qui  s'intéressent  au   bien-­‐être   et   à   l'agrément   de   la   vie,   étaient   déjà   connus,   quand   on   commença   à   rechercher   une   discipline   de   ce   genre.   Il   est   donc   évident   que   nous   n'avons   en   vue,   dans   la   Philosophie,   aucun  intérêt  étranger.  Mais,  de  même  que  nous  appelons  homme  libre  celui  qui  est  à  lui-­‐ même  sa  fin  et  n'existe  pas  pour  un  autre,  ainsi  cette  science  est  aussi  la  seule  de  toutes  les   sciences   qui   soit   libre,   car   seule   elle   est   à   elle-­‐même   sa   propre   fin.   ARISTOTE  Métaphysique,  A,  2,  982  b10-­‐25     v   En   ce   qui   concerne   d'abord   cette   galerie   d'opinions   que   présenterait   l'histoire   de   la   philosophie  -­‐  sur  Dieu,  sur  l'essence  des  objets  de  la  nature  et  de  l'esprit  -­‐  ce  serait,  si  elle  ne   faisait   que   cela,   une   science   très   superflue   et   très   ennuyeuse,   alors   même   qu'on   invoquerait   la  multiple  utilité  à  retirer  d'une  si  grande  animation  de  l'esprit  et  d'une  si  grande  érudition.   Qu'y  a-­‐t-­‐il  de  plus  inutile,  de  plus  ennuyeux  qu'une  suite  de  simples  opinions  ?  On  n'a  qu'à   considérer  des  écrits  qui  sont  des  histoires  de  la  philosophie,  en  ce  sens  qu'ils  présentent  et   traitent  les  idées  philosophiques  comme  des  opinions,  pour  se  rendre  compte  à  quel  point   tout   cela   est   sec,   ennuyeux   et   sans   intérêt.   Une   opinion   est   une   représentation   subjective,   une   idée   quelconque,   fantaisiste,   que   je   conçois   ainsi   et   qu'un   autre   peut   concevoir   autrement.   Une   opinion   est   mienne   ;   ce   n'est   pas   une   idée   en   soi   générale,   existant   en   soi   et   pour   soi.   Or   la   philosophie   ne   renferme   pas   des   opinions   ;   il   n'existe   pas   d'opinions   philosophiques.  HEGEL     vi   Quiconque   veut   vraiment   devenir   philosophe   devra   "une   fois   dans   sa   vie"   se   replier   sur   soi-­‐même  et,  au-­‐dedans  de  soi,  tenter  de  renverser  toutes  les  sciences  admises  jusqu'ici  et   tenter   de   les   reconstruire.   La   philosophie   -­‐   la   sagesse   -­‐   est   en   quelque   sorte   une   affaire   personnelle   du   philosophe.   Elle   doit   se   constituer   en   tant   que   sienne,   être   sa   sagesse,   son  
  • 13.                                                                                                                 savoir  qui,  bien  qu'il  tende  vers  l'universel,  soit  acquis  par  lui  et  qu'il  doit  pouvoir  justifier   dès   l'origine   et   à   chacune   de   ses   étapes,   en   s'appuyant   sur   ses   intuitions   absolues.   Du   moment  que  j'ai  pris  la  décision  de  tendre  vers  cette  fin,  décision  qui  seule  peut  m'amener  à   la   vie   et   au   développement   philosophique,   j'ai   donc   par   là   même   fait   voeu   de   pauvreté   en   matière   de   connaissance.   Dès   lors   il   est   manifeste   qu'il   faudra   alors   me   demander   comment   je  pourrais  trouver  une  méthode  qui  me  donnerait  la  marche  à  suivre  pour  arriver  au  savoir   véritable.   Les   Méditations   de   Descartes   ne   veulent   donc   pas   être   une   affaire   purement   privée   du   seul   philosophe   Descartes,   encore   moins   une   simple   forme   littéraire   dont   il   userait   pour   exposer   ses   vues   philosophiques.   Au   contraire,   ces   méditations   dessinent   le   prototype  du  genre  de  méditations  nécessaires  à  tout  philosophe  qui  commence  son  oeuvre,   méditations  qui  seules  peuvent  donner  naissance  à  une  philosophie.  HUSSERL  Méditations   cartésiennes,  tr.  fr.  G.  Peiffer  et  E.  Lévinas,  éd.  Vrin,  p.15     vii  Penser  n'est  pas  croire.  Peu  de  gens  comprennent  cela.  Presque  tous,  et  ceux-­‐là  même  qui   semblent   débarrassés   de   toute   religion,   cherchent   dans   les   sciences   quelque   chose   qu'ils   puissent  croire.  Ils  s'accrochent  aux  idées  avec  une  espèce  de  fureur  ;  et  si  quelqu'un  veut   les  leur  enlever,  ils  sont  prêts  à  mordre.  [...]  Lorsque  l'on  croit,  l'estomac  s'en  mêle  et  tout  le   corps   est   raidi.   Le   croyant   est   comme   le   lierre   sur   l'arbre.   Penser,   c'est   tout   à   fait   autre   chose.  On  pourrait  dire  :  penser,  c'est  inventer  sans  croire.              Imaginez   un   noble   physicien,   qui   a   observé   longtemps   les   corps   gazeux,   les   a   chauffés,   refroidis,   comprimés,   raréfiés.   Il   en   vient   à   concevoir   que   les   gaz   sont   faits   de   milliers   de   projectiles   très   petits   qui   sont   lancés   vivement   dans   toutes   les   directions   et   viennent   bombarder   les   parois   du   récipient.   Là-­‐dessus   le   voilà   qui   définit,   qui   calcule   ;   le   voilà   qui   démonte   et   remonte   son   gaz   parfait,   comme   un   horloger   ferait   pour   une   montre.   Eh   bien,   je   ne  crois  pas  du  tout  que  cet  homme  ressemble  un  chasseur  qui  guette  une  proie.  Je  le  vois   souriant,   et   jouant   avec   sa   théorie   ;   je   le   vois   travaillant   sans   fièvre   et   recevant   les   objections   comme   des   amies   ;   tout   prêt   à   changer   ses   définitions   si   l'expérience   ne   les   vérifie  pas,  et  cela  très  simplement,  sans  gestes  de  mélodrame.  Si  vous  lui  demandez  Croyez-­ vous  que  les  gaz  soient  ainsi  ?  il  répondra  :  Je  ne  crois  pas  qu'ils  soient  ainsi  ;  je  pense  qu'ils   sont  ainsi.  ALAIN  Propos  d'un  Normand,  15  janvier  1908     viii   Chacun   a   pu   remarquer,   au   sujet   des   opinions   communes,   que   chacun   les   subit   et   que   personne  ne  les  forme.  Un  citoyen,  même  avisé  et  énergique,  quand  il  n'a  à  conduire  que  son   propre  destin,  en  vient  naturellement  et  par  une  espèce  de  sagesse  à  rechercher  quelle  est   l'opinion  dominante  au  sujet  des  affaires  publiques.  [...]  Remarquez  que  tous  raisonnent  de   même,   et   de   bonne   foi.   Chacun   a   bien   peut-­‐être   une   opinion   ;   mais   c'est   à   peine   s'il   se   la   formule  à  lui-­‐même  ;  il  rougit  à  la  seule  pensée  qu'il  pourrait  être  seul  de  son  avis.            Le   voilà   donc   qui   honnêtement   écoute   les   orateurs,   lit   les   journaux,   enfin   se   met   à   la   recherche  de  cet  être  fantastique  que  l'on  appelle  l'opinion  publique.  "La  question  n'est  pas   de   savoir   si   je   veux   ou   non   faire   la   guerre".   Il   interroge   donc   le   pays.   Et   tous   les   citoyens   interrogent  le  pays,  au  lieu  de  s'interroger  eux-­‐mêmes.            Les   gouvernants   font   de   même,   et   tout   aussi   naïvement.   Car,   sentant   qu'ils   ne   peuvent   rien  tout  seuls,  ils  veulent  savoir  où  ce  grand  corps  va  les  mener.  Et  il  est  vrai  que  ce  grand   corps  regarde  à  son  tour  vers  le  gouvernement,  afin  de  savoir  ce  qu'il  faut  penser  et  vouloir.   Par  ce  jeu,  il  n'est  point  de  folle  conception  qui  ne  puisse  quelque  jour  s'imposer  à  tous,  sans   que   personne   pourtant   l'ait   jamais   formée   de   lui-­‐même   et   par   libre   réflexion.   Bref,   les   pensées   mènent   tout,   et   personne   ne   pense.   D'où   il   résulte   qu'un   Etat   formé   d'hommes   raisonnables   peut   penser   et   agir   comme   un   fou.   Et   ce   mal   vient   originairement   de   ce   que  
  • 14.                                                                                                                 personne   n'ose   former   son   opinion   par   lui-­‐même   ni   la   maintenir   énergiquement,   en   lui   d'abord,   et   devant   les   autres   aussi.   ALAIN  Mars   ou   la   guerre   jugée,   Chap.   LXIX,   in   Les   Passions  et  la  Sagesse,  coll.  La  Pléiade,  p.  665     ix   Voici  le  point  de  départ  de  la  philosophie  :  la  conscience  du  conflit  qui  met  aux  prises  les   hommes   entre   eux,   la   recherche   de   l'origine   de   ce   conflit,   la   condamnation   de   la   simple   opinion  *  et  la  défiance  *  à  son  égard,  une  sorte  de  critique  de  l'opinion  pour  déterminer  si   on   a   raison   de   la   tenir,   l'invention   d'une   norme   *   ,   de   même   que   nous   avons   inventé   la   balance  pour  la  détermination  du  poids,  ou  le  cordeau  pour  distinguer  ce  qui  est  droit  et  ce   qui  est  tordu.              Est-­‐ce  là  le  point  de  départ  de  la  philosophie  :  est  juste  tout  ce  qui  paraît  tel  à  chacun  ?  Et   comment   est-­‐il   possible   que   les   opinions   qui   se   contredisent   soient   justes   ?   Par   conséquent,   non   pas   toutes.   Mais   celles   qui   nous   paraissent   à   nous   justes   ?   Pourquoi   à   nous   plutôt   qu'aux  Syriens,  plutôt  qu'aux  Égyptiens  ?  Plutôt  que  celles  qui  paraissent  telles  à  moi  ou  à   un  tel  ?  Pas  plus  les  unes  que  les  autres.  Donc  l'opinion  de  chacun  n'est  pas  suffisante  pour   déterminer  la  vérité.              Nous   ne   nous   contentons   pas   non   pl,s   quand   il   s'agit   de   poids   ou   de   mesur,s   de   la   simple   apparence,   mais   nous   avons   inventé   une   norme   pour   ces   différents   cas.   Et   dans   le   cas   présent,   n'y   a-­‐t-­‐il   donc   aucune   norme   supérieure   à   l'opinion   ?   Et   comment   est-­‐il   possible   qu'il  n'y  ait  aucun  moyen  de  déterminer  et  de  découvrir  ce  qu'il  y  a  pour  les  hommes  de  plus   nécessaire  ?  Il  y  a  donc  une  norme.  Alors,  pourquoi  ne  pas  la  chercher  et  ne  pas  la  trouver,   et   après   l'avoir   trouvée,   pourquoi   ne   pas   nous   en   servir   par   la   suite   rigoureusement,   sans   nous  en  écarter  d'un  pouce  ?  Car  voilà,  à  mon  avis,  ce  qui,  une  fois  trouvé,  délivrera  de  leur   folie   les   gens   qui   se   servent   en   tout   d'une   seule   mesure,   l'opinion,   et   nous   permettra,   désormais,   partant   de   principes   connus   et   clairement   définis,   de   nous   servir,   pour   juger   des   cas  particuliers,  d'un  système  de  prénotions.   EPICTETE  Entretiens,  II,  XI,  tr.  fr.  G.  Budé,   Les  Belles  Lettres     x   CRITIAS   -­‐   J'aurais   même   presque   envie   de   dire   que   se   connaître   soi-­‐même,   c'est   cela   la   sagesse,   et   je   suis   d'accord   avec   l'auteur   de   l'inscription   de   Delphes.   [...]   Voilà   en   quels   termes,  différents  de  ceux  des  hommes,  le  dieu  s'adresse  à  ceux  qui  entrent  dans  son  temple   si  je  comprends  bien  l'intention  de  l'auteur  de  l'inscription.  A  chaque  visiteur,  il  ne  dit  rien   d'autre,  en  vérité,  que  :  "Sois  sage  !"  Certes,  il  s'exprime  en  termes  un  peu  énigmatiques,  en   sa   qualité   de   devin.   Donc,   selon   l'inscription   et   selon   moi,   "connais-­‐toi   toi-­‐même"   et   "sois   sage",  c'est  la  même  chose  !  [...]       SOCRATE  -­‐  Dis-­‐moi  donc  ce  que  tu  penses  de  la  sagesse.       CRITIAS   -­‐   Je   pense   que   seule   entre   toutes   les   sciences,   la   sagesse   est   science   d'elle-­‐même   et   des  autres  sciences.       SOCRATE  -­‐  Donc  elle  sera  aussi  la  science  de  l'ignorance,  si  elle  l'est  de  la  science  ?       CRITIAS  -­‐  Assurément.       SOCRATE  -­‐  En  ce  cas,  le  sage  seul  se  connaîtra  lui-­‐même  et  sera  capable  de  discerner  ce  qu'il   sait   et   ce   qu'il   ne   sait   pas   ;   et   de   même   pour   les   autres,   il   aura   le   pouvoir   d'examiner   ce   que   chacun  sait  et  a  conscience  à  juste  titre  de  savoir,  mais  aussi  ce  qu'il  croit  à  tort  savoir.  De   cela,  aucun  autre  homme  n'est  capable.  Finalement,  l'attitude  (sôphronein  =  être  sage)  et  la   vertu   (sôphrosunè)   de   sagesse,   de   même   que   la   connaissance   de   soi-­‐même   consistent   à   savoir  ce  qu'on  sait  et  ce  qu'on  ne  sait  pas.  Est-­‐ce  bien  là  ta  pensée  ?  PLATON  Charmide,   164d-­‐167a    
  • 15.                                                                                                                 xi   J'aurais   ensuite   fait   considérer   l'utilité   de   cette   philosophie,   et   montré   que,   puisqu'elle   s'étend   à   tout   ce   que   l'esprit   humain   peut   savoir,   on   doit   croire   que   c'est   elle   seule   qui   nous   distingue  des  plus  sauvages  et  barbares,  et  que  chaque  nation  est  d'autant  plus  civilisée  et   polie   que   les   hommes   y   philosophent   mieux   ;   et   ainsi   que   c'est   le   plus   grand   bien   qui   puisse   être  dans  un  Etat  que  d'avoir  de  vrais  philosophes.  Et  outre  cela  que,  pour  chaque  homme   en  particulier,  il  n'est  pas  seulement  utile  de  vivre  avec  ceux  qui  s'appliquent  à  cette  étude,   mais  qu'il  est  incomparablement  meilleur  de  s'y  appliquer  soi-­‐même  ;  comme  sans  doute  il   vaut   beaucoup   mieux   se   servir   de   ses   propres   yeux   pour   se   conduire,   et   jouir   par   même   moyen  de  la  beauté  des  couleurs  et  de  la  lumière,  que  non  pas  de  les  avoir  fermés  et  suivre   la   conduite   d'un   autre   ;   mais   ce   dernier   est   encore   meilleur   que   de   les   tenir   fermés   et   n'avoir   que   soi   pour   se   conduire.   Or,   c'est   proprement   avoir   les   yeux   fermés,   sans   tâcher   jamais   de   les   ouvrir,   que   de   vivre   sans   philosopher   ;   et   le   plaisir   de   voir   toutes   les   choses   que  notre  vue  découvre  n'est  point  comparable  à  la  satisfaction  que  donne  la  connaissance   de   celles   qu'on   trouve   par   la   philosophie   ;   et,   enfin,   cette   étude   est   plus   nécessaire   pour   régler  nos  moeurs  et  nous  conduire  en  cette  vie,  que  n'est  l'usage  de  nos  yeux  pour  guider   nos  pas.  Les  bêtes  brutes,  qui  n'ont  que  leur  corps  à  conserver,  s'occupent  continuellement   à   chercher   de   quoi   le   nourrir   ;   mais   les   hommes,   dont   la   principale   partie   est   l'esprit,   devraient   employer   leurs   principaux   soins   à   la   recherche  de  la  sagesse,  qui  en  est  la  vraie   nourriture  ;  et  je  m'assure  aussi  qu'il  y  en  a  plusieurs  qui  n'y  manqueraient  pas,  s'ils  avaient   espérance  d'y  réussir,  et  qu'ils  sussent  combien  ils  en  sont  capables.  Il  n'y  a  point  d'âme  tant   soit   peu   noble   qui   demeure   si   fort   attachée   aux   objets   des   sens   qu'elle   ne   s'en   détourne   quelquefois   pour   souhaiter   quelque   autre   plus   grand   bien,   nonobstant   qu'elle   ignore   *   souvent   en   quoi   il   consiste.   Ceux   que   la   fortune   *   favorise   le   plus,   qui   ont   abondance   de   santé,   d'honneurs,   de   richesses,   ne   sont   pas   plus   exempts   de   ce   désir   que   les   autres   ;   au   contraire,  je  me  persuade  que  ce  sont  eux  qui  soupirent  avec  le  plus  d'ardeur  après  un  autre   bien,   plus   souverain   que   tous   ceux   qu'ils   possèdent.   Or,   ce   souverain   bien   *   considéré   par   la   raison  naturelle  sans  la  lumière  de  la  foi,  n'est  autre  chose  que  la  connaissance  de  la  vérité   par   ses   premières   causes,   c'est-­‐à-­‐dire   la   sagesse,   dont   la   philosophie   est   l'étude.   Et,   parce   que  toutes  ces  choses  sont  entièrement  vraies,  elles  ne  seraient  pas  difficiles  à  persuader  si   elles  étaient  bien  déduites.  DESCARTES    Principes  de  la  philosophie,  lettre-­‐préface     xii   Excepté   l'homme,   aucun   être   ne   s'étonne   de   sa   propre   existence   ;   c'est   pour   tous   une   chose   si   naturelle,   qu'ils   ne   la   remarquent   même   pas.   [...]   L'homme   est   un   animal   métaphysique.  Sans  doute,  quand  sa  conscience  ne  fait  encore  que  s'éveiller,  il  se  figure  être   intelligible   sans   effort   ;   mais   cela   ne   dure   pas   longtemps   :   avec   la   première   réflexion,   se   produit  déjà  cet  étonnement,  qui  fut  pour  ainsi  dire  le  père  de  la  métaphysique.  C'est  en  ce   sens  qu'Aristote  a  dit  aussi  au  début  de  sa  Métaphysique  :  «  Propter  admirationem  enim  et   nunc  et  primo  inceperunt  homines  philosophari  »   *  .  De  même,  avoir  l'esprit  philosophique,   c'est  être  capable  de  s'étonner  des  événements  habituels  et  des  choses  de  tous  les  jours,  de   se  poser  comme  sujet  d'étude  ce  qu'il  y  a  de  plus  général  et  de  plus  ordinaire  ;  tandis  que   l'étonnement   du   savant   ne   se   produit   qu'à   propos   de   phénomènes   rares   et   choisis,   et   que   tout   son   problème   se   réduit   à   ramener   ce   phénomène   à   un   autre   plus   connu.   Plus   un   homme  est  inférieur  par  l'intelligence,  moins  l'existence  a  pour  lui  de  mystères.  Toute  chose   lui  paraît  porter  en  elle-­‐même  l'explication  de  son  comment  et  de  son  pourquoi.  Cela  vient   de   ce   que   son   intellect   est   encore   resté   fidèle   à   sa   destination   originelle,   et   qu'il   est   simplement  le  réservoir  des  motifs  à  la  disposition  de  la  volonté  ;  aussi,  étroitement  uni  au   monde  et  à  la  nature,  comme  partie  intégrante  d'eux-­‐mêmes,  est-­‐il  loin  de  s'abstraire  pour   ainsi  dire  de  l'ensemble  des  choses,  pour  se  poser  ensuite  en  face  du  monde  et  l'envisager  
  • 16.                                                                                                                 objectivement,   comme   si   lui-­‐même,   pour   un   moment   du   moins,   existait   en   soi   et   pour   soi.   Au   contraire,   l'étonnement   philosophique,   qui   résulte   du   sentiment   de   cette   dualité,   suppose  dans  l'individu  un  degré  supérieur  d'intelligence,  quoique  pourtant  ce  n'en  soit  pas   là  l'unique  condition  :  car,  sans  aucun  doute,  c'est  la  connaissance  des  choses  de  la  mort  et  la   considération   de   la   douleur   et   de   la   misère   de   la   vie   qui   donnent   la   plus   forte   impulsion   à   la   pensée  philosophique  et  à  l'explication  métaphysique  du  monde.  Si  notre  vie  était  infinie  et   sans   douleur,   il   n'arriverait   à   personne   de   se   demander   pourquoi   le   monde   existe,   et   pourquoi  il  a  précisément  telle  nature  particulière  ;  mais  toutes  choses  se  comprendraient   d'elles-­‐mêmes.  [...]              Suivant   moi,   la   philosophie   naît   de   notre   étonnement   au   sujet   du   monde   et   de   notre   propre   existence,   qui   s'imposent   à   notre   intellect   comme   une   énigme   dont   la   solution   ne   cesse  dès  lors  de  préoccuper  l'humanité.   SCHOPENHAUER  Le  Monde  comme  Volonté  et   comme  Représentation  Seconde  partie,  chap.  XVII,  tr.  fr.  A.  Burdeau  éd.  Alcan,  tome  2,   pp.  294-­‐295  &  304     xiii   Pour   l'existant,   le   suprême   intérêt,   c'est   d'exister,   et   l'intérêt   à   l'existence   est   la   réalité.   C'est  que  la  réalité  ne  se  laisse  pas  exprimer  dans  le  langage  de  l'abstraction.  La  réalité  est   un  inter-­esse  entre  l'unité  abstraite  hypothétique  de  la  pensée  et  l'être.  L'abstraction  traite   de   la   possibilité   et   de   la   réalité,   mais   sa   conception   de   la   réalité   est   une   fausse   interprétation,   car   le   plan   sur   lequel   nous   sommes   n'est   pas   celui   de   la   réalité,   mais   celui   de   la   possibilité.   L'abstraction   ne   peut   se   rendre   maîtresse   de   la   réalité   qu'en   l'abolissant,   mais   l'abolir   signifie   justement   la   transformer   en   possibilité.   Tout   ce   qui   est   dit   de   la   réalité   dans   le   langage   de   l'abstraction   se   rapporte   en   effet   comme   une   possibilité   à   la   réalité   et   non   à   une   réalité   qui   se   trouverait   à   l'intérieur   de   l'abstraction   et   de   la   possibilité.              La   réalité,   l'existence,  est  le  moment  dialectique  dans  une  trilogie  dont  le  commencement  et  la  fin  ne   sont   pas   là   pour   un   homme   existant   qui,   en   tant   qu'existant,   se   trouve   dans   le   moment   dialectique.  L'abstraction  ferme  la  trilogie.  Parfait.  Mais  comment  le  fait-­‐elle  ?  L'abstraction   est-­‐elle   donc   quelque   chose,   ou   bien   plutôt   n'est-­‐elle   pas   un   acte   de   celui   qui   abstrait   ?   Mais   celui   qui   abstrait   est   bel   et   bien   un   être   existant   et   donc,   en   tant   qu'existant,   il   se   trouve   dans  le  moment  dialectique  qu'il  ne  peut  réduire  ou  clore,  et  encore  moins  clore  d'une  façon   absolue  aussi  longtemps  qu'il  existe.              Quand  donc  il  le  fait,  il  faut  que  cela  se  rapporte  à   l'existence,   dans   laquelle   il   est   lui-­‐même,   comme   une   possibilité   à   la   réalité.   Il   faut   qu'il   explique   comment   il   se   comporte   en   l'occurrence,   c'est-­‐à-­‐dire   comment   il   se   comporte   en   tant   qu'existant,   ou   s'il   cesse   d'exister,   et   si   cela   est   permis   à   un   homme   existant.   A   l'instant   même   où   nous   commençons   à   questionner   ainsi,   nous   sommes   sur   le   plan   de   l'éthique   et   nous   faisons   valoir   auprès   de   l'homme   existant   l'exigence   de   l'éthique   qui   ne   peut   consister   à   faire   abstraction   de   l'existence,   mais   au   contraire   à   devoir   exister,   ce   qui   est   aussi   le   suprême   intérêt   de   celui   qui   existe.   KIERKEGAARD  Post-­scriptum   aux   miettes   philosophiques,  éd.  Gallimard,  p.  220     xiv  Les  enfants  [...]  ne  sont  doués  d'aucune  raison  avant  d'avoir  acquis  l'usage  de  la  parole  ;  mais  on   les  appelle  des  créatures  raisonnables  à  cause  de  la  possibilité  qui  apparaît  chez  eux  d'avoir  usage   de   la   raison   dans   l'avenir.   Et   la   plupart   des   hommes,   encore   qu'ils   aient   assez   d'usage   du   raisonnement  pour  faire  quelque  pas  dans  ce  domaine  (pour  ce  qui  est,  par  exemple,  de  manier  les   nombres  jusqu'à  un  certain  point)  n'en  font  guère  d'usage  dans  la  vie  courante  :  dans  celle-­‐ci,  en   effet,   ils   se   gouvernent   les   uns   mieux,   les   autres   plus   mal,   selon   la   différence   de   leurs   expériences,   la  promptitude  de  leur  mémoire,  et  la  façon  dont  ils  se  sont  inclinés  vers  des  buts  différents  ;  mais   surtout  selon  leur  bonne  ou  mauvaise  fortune,  et  les  uns  d'après  les  erreurs  des  autres.  Car  pour  
  • 17.                                                                                                                 ce  qui  est  de  la  science,  et  de  règles  de  conduite  certaines,  ils  en  sont  éloignés  au  point  de  ne  pas   savoir  ce  que  c'est.  La  géométrie,  ils  l'ont  prise  pour  de  la  magie.  Et  pour  les  autres  sciences,  ceux  à   qui   on   n'en   a   pas   enseigné   les   commencements,   et   qu'on   n'y   a   pas   fait   progresser   dans   une   certaine   mesure,   de   telle   sorte   qu'ils   puissent   voir   comment   elles   sont   acquises   et   engendrées,   sont   sur   ce   point   comme   les   enfants   qui   n'ont   aucune   idée   de   la   génération,   et   auxquels   les   femmes  font  croire  que  leurs  frères  et  soeurs  n'ont  pas  été  enfantés,  mais  trouvés  dans  le  jardin.   HOBBES  Léviathan,  I,  chap.5,  éd.  Folio,  p.119  (éd.  Sirey,  p.  43)     xv   C'est  cette  partie  dominante  dans  l'homme,  cette  maîtresse  d'erreur  et  de  fausseté,  et  d'autant   plus   fourbe   qu'elle   ne   l'est   pas   toujours,   car   elle   serait   règle   infaillible   de   vérité,   si   elle   l'était   infaillible   du   mensonge.   Mais,   étant   le   plus   souvent   fausse,   elle   ne   donne   aucune   marque   de   sa   qualité  marquant  du  même  caractère  le  vrai  et  le  faux.  Je  ne  parle  pas  des  fous,  je  parle  des  plus   sages,  et  c'est  parmi  eux  que  l'imagination  a  le  grand  droit  de  persuader  les  hommes.  La  raison  a   beau  crier,  elle  ne  peut  mettre  le  prix  aux  choses.              Cette  superbe  puissance  ennemie  de  la  raison,  qui  se  plaît  à  la  contrôler  et  à  la  dominer,  pour   montrer   combien   elle   peut   en   toutes   choses,   a   établi   dans   l'homme   une   seconde   nature.   Elle   a   ses   heureux,   ses   malheureux,   ses   sains,   ses   malades,   ses   riches,   ses   pauvres.   Elle   fait   croire,   douter,   nier  la  raison.  Elle  suspend  les  sens,  elle  les  fait  sentir.  [...]              Qui  dispense  la  réputation,  qui  donne  le  respect  et  la  vénération  aux  personnes,  aux  ouvrages,   aux   lois,   aux   grands,   sinon   cette   faculté   imaginante?   Toutes   les   richesses   de   la   terre   [sont]   insuffisantes   sans   son   consentement.   Ne   diriez-­‐vous   pas   que   ce   magistrat   dont   la   vieillesse   vénérable  impose  le  respect  à  tout  un  peuple  se  gouverne  par  une  raison  pure  et  sublime  et  qu'il   juge   des   choses   par   leur   nature   sans   s'arrêter   à   ces   vaines   circonstances   qui   ne   blessent   que   l'imagination   des   faibles   ?   Voyez-­‐le   entrer   dans   un   sermon   où   il   apporte   un   zèle   tout   dévot   renforçant  la  solidité  de  sa  raison  par  l'ardeur  de  sa  charité  ;  le  voilà  prêt  à  l'ouïr  avec  un  respect   exemplaire.  Que  le  prédicateur  vienne  à  paraître,  si  la  nature  lui  a  donné  une  voix  enrouée  et  un   tour   de   visage   bizarre,   que   son   barbier   l'ait   mal   rasé,   si   le   hasard   l'a   encore   barbouillé   de   surcroît,   quelque  grandes  vérités  qu'il  annonce,  je  parie  la  perte  de  la  gravité  de  notre  sénateur.              Le   plus   grand   philosophe   du   monde   sur   une   planche   plus   large   qu'il   ne   faut,   s'il   y   a   au-­‐dessous   un  précipice,  quoique  sa  raison  le  convainque  de  sa  sûreté,  son  imagination  prévaudra.  Plusieurs   n'en  sauraient  soutenir  la  pensée  sans  pâlir  et  suer.              Je  ne  veux  pas  rapporter  tous  ses  effets  ;  qui  ne  sait  que  la  vue  des  chats,  des  rats,  l'écrasement   d'un   charbon,   etc,   emportent   la   raison   hors   des   gonds.   Le   ton   de   voix   impose   aux   plus   sages   et   change  un  discours  et  un  poème  de  force.  [...]  Je  voudrais  de  bon  coeur  voir  le  livre  italien  dont  je   ne   connais   que   le   titre,   qui   vaut   lui   seul   bien   des   livres,   Dell'opinione   regina   del   mondo   *   .   J'y   souscris   sans   le   connaître,   sauf   le   mal   s'il   y   en   a.   PASCAL Pensées, Brunschvicg 82 / Lafuma 44     xvi  Nous   concevons   d'abord   le   sage   comme   possédant   la   connaissance   de   toutes  les  choses,  dans  la   mesure   où   cela   est   possible,   c'est-­‐à-­‐dire   sans   avoir   la   science   de   chacune   d'elles   en   particulier.   Ensuite,   celui   qui   est   capable   de   connaître   les   choses   difficiles   et   malaisément   accessibles   à   la   connaissance   humaine,   on   admet   que   celui-­‐là   est   un   sage   (car   la   connaissance   sensible   étant   commune   à   tous   les   hommes,   est   facile,   et   n'a   rien   à   voir   avec   la   Sagesse).   En   outre,   celui   qui   connaît  les  causes  avec  plus  d'exactitude,  et  celui  qui  est  plus  capable  de  les  enseigner  sont,  dans   toute   espèce   de   science,   plus   sages.   De   plus,   parmi   les   sciences,   celle   que   l'on   choisit   pour   elle-­‐ même   et   à   seule   fin   de   savoir,   est   considérée   comme   étant   plus   vraiment   Sagesse   que   celle   qui   est   choisie  en  vue  de  ses  résultats.  Enfin  une  science  dominatrice  est,  à  nos  yeux,  plus  une  sagesse  que   la  science  qui  lui  est  subordonnée  :  ce  n'est  pas,  en  effet,  au  sage  à  recevoir  des  lois,  c'est  à  lui   d'en  
  • 18.                                                                                                                 donner   ;   ce   n'est   pas   lui   qui   doit   obéir   à   autrui,   c'est   à   lui,   au   contraire,   que   doit   obéir   celui   qui   est   moins  sage. ARISTÓTELES   xvii  153. En quoi consiste la générosité. Ainsi   je   crois   que   la   vraie   générosité,   qui   fait   qu'un   homme   s'estime   au   plus   haut   point   qu'il   se   peut   légitimement   estimer,   consiste   seulement   partie   en   ce   qu'il   connaît   qu'il   n'y   a   rien   qui   véritablement  lui  appartienne  que  cette  libre  disposition  de  ses  volontés,  ni  pourquoi  il  doive  être   loué  ou  blâmé  sinon  pour  ce  qu'il  en  use  bien  ou  mal,  et  partie  en  ce  qu'il  sent  en  soi-­‐même  une   ferme  et  constante  résolution  d'en  bien  user,  c'est-­‐à-­‐dire  de  ne  manquer  jamais  de  volonté  pour   entreprendre   et   exécuter   toutes   les   choses   qu'il   jugera   être   les   meilleures   ;   ce   qui   est   suivre   parfaitement  la  vertu.   154. Qu'elle empêche qu'on ne méprise les autres. Ceux  qui  ont  cette  connaissance  et  sentiment  d'eux-­‐mêmes  se  persuadent  facilement  que  chacun   des  autres  hommes  les  peut  aussi  avoir  de  soi,  parce  qu'il  n'y  a  rien  en  cela  qui  dépende  d'autrui.   C'est   pourquoi   ils   ne   méprisent   jamais   personne   ;   et,   bien   qu'ils   voient   souvent   que   les   autres   commettent  des  fautes  qui  font  paraître  leur  faiblesse,  ils  sont  toutefois  plus  enclins  à  les  excuser   qu'à  les  blâmer,  et  à  croire  que  c'est  plutôt  par  manque  de  connaissance  que  par  manque  de  bonne   volonté  qu'ils  les  commettent  ;  et  comme  ils  ne  pensent  point  être  de  beaucoup  inférieurs  à  ceux   qui  ont  plus  de  bien  ou  d'honneurs,  ou  même  qui  ont  plus  d'esprit,  plus  de  savoir,  plus  de  beauté,   ou   généralement   qui  les   surpassent   en   quelques   autres   perfections,   aussi   ne   s'estiment-­‐ils  point   beaucoup   au-­‐dessus   de   ceux   qu'ils   surpassent,   à   cause   que   toutes   ces   choses   leur   semblent   être   fort   peu   considérables,   à   comparaison   de   la   bonne   volonté,   pour   laquelle   seule   ils   s'estiment,   et   laquelle   ils   supposent   aussi   être   ou   du   moins   pouvoir   être   en   chacun   des   autres   hommes.   DESCARTES Les Passions de l'âme, articles 153 & 154