1. Uma Introdução à
Filosofia
Palavras-Chave: filosofia – metafísica – espanto – embaraço – problema
Recursos filosóficos | Dossier 2011
Uma introdução à filosofia – JORGE BARBOSA
Conceito No seu significado moderno, a filosofia designa uma forma de
abordagem intelectual distinta da ciência e da religião. Com efeito, a
filosofia não é um conhecimento científico, nem é uma fé. A
abordagem filosófica pode, todavia, apresentar alguma semelhança
com a ciência, na medida em que é um conhecimento racional, e com
a religião na sua ambição de apreender o real na sua totalidade. O
que distingue mais claramente a filosofia é o seu carácter reflexivo.
Reflectir é “debruçar-se sobre si mesmo”, “pensar-se a si mesmo”.
Assim, por exemplo, resolver uma equação exige um trabalho
matemático, mas questionar-se sobre o que são as matemáticas já é
uma reflexão filosófica. Neste sentido, a filosofia não tem objecto
próprio, pois tudo pode ser objecto de reflexão.
A filosofia pode também ser definida pela sua história: a filosofia é,
neste caso, a história da filosofia, a história do pensamento.
Referências A tradição filosófica, a que nos referimos no ocidente, nasceu na
Grécia (ou, para ser mais exacto, nas colónias gregas da Ásia menor),
há mais de 25 séculos. Desde então, os filósofos distinguem-se pela
sua maneira de ser e de pensar. Pitágoras foi o primeiro a utilizar o
termo filósofo para designar aquele que se dedica à filosofia. Segundo
2. consta terá sido o fundador de uma espécie de seita no século VI
antes da nossa Era, e a sua filosofia não se distinguia facilmente da
religião. No entanto, as concepções religiosas dos pitagóricos
incorporavam características singulares: não tinham origem numa
tradição colectiva ou numa cultura; apoiavam-se, pelo contrário, numa
espécie de mística do número, prefigurando, assim, a importância do
logos, sem o qual as matemáticas não teriam nascido. Ser-se filósofo
é, com efeito, fazer uso da razão (em grego: logos), e não submeter-
se simplesmente a uma autoridade externa, a uma tradição, à opinião
dominante.
Esta má relação da filosofia com as ideias com origem na autoridade
ou nas crenças populares, e mais globalmente com as ideias pré-
fabricadas, adquire com Sócrates (falecido em -399) toda a sua
expresão. Na origem da filosofia, há, com efeito, uma insatisfação e,
podemos dizê-lo, uma contestação radical: a filosofia começa por ser
uma crítica das ideias vulgarizadas e da ordem estabelecida. Esta
função crítica da filosofia é uma constante na história do
pensamento no Ocidente. No entanto, a filosofia nunca se reduziu à
crítica: ela procura também a inteligibilidade. Ela é também uma
tentativa para pensar o mundo como um todo, um empreendimento de
totalização intelectual, tendo por objectivo compreender o mundo
numa ideia. Mas, poderemos questionarmo-nos, para que serve
pensar o mundo deste modo? A resposta a esta pergunta está, de
algum modo, contida na palavra filósofo: a sua etimologia esclarece
que filósofo é aquele que gosta de saber, é o “amigo da sabedoria”.
Assim, os 3 grande objectivos que perseguem aqueles que têm a
ambição de ser filósofos, são os seguintes:
1. Pensar melhor, procedendo a uma análise reflexiva crítica;
2. Compreender melhor, no sentido de constituir um saber
unificado e coerente, e
3. Agir melhor, comportando-se como sábios.
3. Referências 1. A filosofia como QUESTIONAMENTO CRÍTICO
=>
Contra a Uma filosofia não é uma opinião, mas, pelo contrário, um pensamento
opinião
que realizou uma superação da opinião.
A opinião, com efeito, é tanto mais segura de si mesma quanto mais
insegura for de facto: "Ter uma opinião, diz Adorno, é afirmar, mesmo
que de forma sumária, a validade de uma consciência subjectiva
limitada no seu conteúdo de verdade”.i Eliminando "de forma
enganosa o fosso entre o sujeito que conhece e a realidade que lhe
escapa”, “a opinião apropria-se daquilo que o conhecimento não
consegue alcançar, tomando o seu lugar”. Ela é, portanto,
essencialmente um facto subjectivo, uma verdadeira “profissão de
fé”, e aquele que adere à opinião adere de facto a si mesmo (Alainii),
sem preocupações de objectividade, podendo mesmo aderir a
posições dogmáticas, ou até fanáticas. A opinião não é, portanto, um
conhecimento, mas, pelo contrário, um desconhecimento e uma
ignorância.
A opinião é, portanto, falsa por natureza (e não por acidente), quanto
mais não seja por se fundar no interesse e em critérios estranhos à
preocupação com a verdade. Como diz Bachelardiii', “a opinião pensa
mal; ela não pensa: traduz necessidades de conhecimento.
Designando os objectos pela sua utilidade, impede-se a si mesma de
aceder a ele (conhecimento). Não podemos fundamentar nada na
opinião: é preciso, primeiro, destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a
superar”. “Tal como consideramos homem livre aquele que existe para
si mesmo e não para outro, assim também esta ciência (a filosofia) é a
única de todas as ciências que é livre, pois só ela é, para si mesma, a
sua própria finalidade”. (Aristótelesiv) O pensamento livre, a filosofia
deve, portanto proceder, antes de mais, a um questionamento que
ponha em causa a opinião, ou, como sugere a língua grega, adoptar
uma abordagem paradoxal. Como diz Hegelv “não há opiniões
4. filosóficas.”
Pensar por si Mas, o que dizer das ciências? Não serão elas “a verdade”? Husserlvi ,
mesmo
seguindo o método de Descartes como modelo, afirma que “quem
quer que queira verdadeiramente tornar-se filósofo deverá, pelo menos
uma vez na vida, debruçar-se sobre si mesmo e, dentro de si, tentar
virar do avesso todas as ciências admitidas até aqui e tentar
reconstruí-las”. Com efeito, os conhecimentos ditos científicos podem
muito bem “ser certos”, mas a verdade é que eles só são conhecidos
por nós de forma incerta: a não ser que tenhamos estudado
verdadeiramente a questão, ainda que só sob o ângulo da história das
ciências, é por ouvir dizer que sabemos que a terra é um planeta que
se move em torno do Sol. O nosso saber, a respeito deste movimento,
não difere, neste caso, da opinião. Esta é a razão pela qual todos os
conhecimentos, mesmo os “que consideramos como os mais seguros”
(Descartes), portanto, também os conhecimentos científicos, devem
ser examninados de forma crítica: fazer filosofia é sempre esforçarmo-
nos por pensar por nós próprios.
A filosofia começa, então, com esta dúvida sobre o valor das opiniões,
e com uma forte suspeita sobre o valor das nossas próprias opiniões.
A filosofia tem a ambição de superar a opinião e a crença: “Pensar não
é crer.” “Pensar é dizer não. (...) Quem se contenta com o seu
pensamento já não pensa nada.” (Alain vii )
Sejamos claros, isto não é o mesmo que um convite para que
adoptemos a opinião dos outros. Em boa verdade, em certo sentido,
as nossas opiniões nunca são verdadeiramente pessoais: Não
sabendo como pensar com clareza, nem sabendo o que pensar, o
homem da opinião consulta os mais experientes, os seus pares, os
comunicadores, os meios de comunicação social, enfim, todas as
autoridades que, obviamente, fazem o mesmo. Daqui resulta, como diz
Alain, “os pensamentos (de opinião) decidem tudo, e ninguém
pensa.”viii Segundo esta análise, podemos dizer que a opinião é
5. sempre impessoal.
O embaraço Em qualquer caso, como poderíamos adoptar a opinião de outros? As
e o problema
opiniões são múltiplas: alguns pensam de um modo, outros pensam de
outro modo. Se uns têm “boas razões” para pensar o que pensam... os
outros também têm as suas “boas razões”. Então, a que opinião
devemos aliar-nos? Que devemos pensar? Quem tem razão? A este
sentimento incómodo, os gregos chamaram embaraço, isto é, a
tomada de consciência de um problema filosófico. Segundo Epictetoix:
“este é o ponto de partida da filosofia: a consciência do conflito que
coloca os homens em divergência uns com os outros, a busca da
origem deste conflito, a condenação da simples opinião (...) uma
espécie de crítica da opinião para determinar se temos razão em a
manter.”
O espanto Esta tomada de consciência da diversidade das opiniões é uma
oportunidade que nos faz pensar que, de facto, não sabemos: o que
considerávamos ser desde sempre “evidente”, afinal não o é. Ficamos
então espantados. Através do espanto, tomamos consciência da
insuficiência do nosso conhecimento: “aquele que se espanta pensa
ignorar”, diz Aristóteles. Esta consciência da ignorância não é, ela
própria, a ignorância: tomar consciência da sua ignorância é já um
primeiro passo para sair da ignorância. A ignorância, propriamente
dita, manifesta-se de duas formas: por um lado o ignorante não sabe,
mas também não sabe que não sabe... de resto, é por isso mesmo
que tem tanta confiança nas suas crenças. O espanto que o acorda
do seu “sono dogmático”, para utilizar uma expressão de Kant, é um
estado intelectual e não somente afectivo, como a surpresa.
"Conhece-te Esta reorientação do pensamento faz com que o filósofo tenha de
a ti
mesmo" atribuir a si mesmo a tarefa de se conhecer: “a atitude e a virtude da
sabedoria, tal como o conhecimento de si mesmo, consistem em saber
6. o que se sabe e o que se não sabe.” x (Platão) Com efeito, o exercício
"Tem a do pensar filosófico implica um trabalho de auto-crítica que supõe a
coragem de adopção da célebre divisa de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
te servir do
teu próprio Este é também o sentido que deve ser dado à reflexão: reflectir (como
entendimento”
fazem os raios luminosos quando batem num espelho), é voltar-se
para si. Reflectir não é tão natural ou espontâneo quanto se pensa
vulgarmente, pois o pensamento conduz-nos sobretudo e antes de
tudo o mais para o objecto, para as coisas exteriores, para o mundo.
Sendo reflexiva, a abordagem filosófica implica, então, um esforço, “a
coragem de se servir do seu próprio entendimento” (Kant) e uma
espécie de “paciência intelectual”. A reflexão filosófica não é, então,
“natural”, mas a razão, sim, é natural no Homem. Por outras palavras,
embora a razão seja “natural” no ser humano, o seu uso
manifestamente não o é. “Nascemos crianças antes de sermos
homens”, lembra Descartes: se não quisermos viver e pensar como
crianças, se não quisermos permanecer na “menoridade" (Kant)
durante toda a nossa vida, então devermos fazer esse esforço, pois
“viver sem filosofar é, em bom rigor, ter os olhos fechados, sem nunca
nos preocuparmos em os abrir.” xi (Descartes)
A filosofia Mas pode acontecer que não seja necessário depararmo-nos com
como
interrogação esse conflito de opiniões para nos dedicarmos à filosofia, para nos
metafísica espantarmos: talvez possamos dizer, como escreveu Schopenhauer,
que, de algum modo, o homem é um animal metafísicoxii, isto é, um
animal que se espanta com a sua própria existência. Segundo
Schopenhauer, “a filosofia nasce do nosso espanto a respeito do
mundo e da nossa própria existência, que se impõem à nossa
inteligência como um enigma, cuja solução não deixou alguma vez de
preocupar a humanidade.”
Dúvida ou De qualquer modo, a filosofia é, como diz Platão, “filha do espanto”.
cepticismo?
7. Aquele que não se espanta com nada, não duvida de coisa nenhuma.
A dúvida filosófica tem, no entanto, um significado crítico e não deve
ser compreendida como uma simples “atitude”: a contestação do
dogmatismo não implica de forma alguma a adopção do cepticismo.
Não nos referimos aqui ao cepticismo filosófico, que se situa numa
outra ordem de ideias, mas à atitude céptica, actualmente tão em
voga. Esta atitude é a de um homem que renunciou à verdade. O
homem céptico não atribui nenhum poder à razão, e o seu nihilismo
condu-lo a negar a possibilidade dos valores: tudo é relativo, nada vale
coisa alguma. A sabedoria de que o filósofo gosta (de que é amigo)
supõe, pelo contrário, que ele tenha como objectivo o saber e o bem,
através de um uso apropriado da razão: a dúvida filosófica é uma
dúvida racional, fecunda, uma dúvida de luz, como diz Malebranche,
porque tem origem na razão e procura a verdade.
Referências A filosofia como ESFORÇO DE COMPREENSÃO
=>
A filosofia, no entanto, não poderia reduzir-se a uma actividade
puramente crítica, negativa. A crítica, com efeito, não é um fim em si
mesma: o objectivo da filosofia é compreender o mundo e a situação
do homem no mundo.
O que é Compreender é apreender o sentido. A filosofia apresenta-se,
compreender
? portanto, como uma interpretação do mundo e do homem. Mas
compreender significa também “apreender o conjunto”, abarcar a
totalidade de um conjunto, através do pensamento: a filosofia vive
assim animada pela preocupação de constituir uma visão de
conjunto capaz de dar conta da totalidade do real. A este respeito,
será oportuno notar que, se as ciências tendem a analisar a realidade,
isto é, a dividi-la, isolando os fenómenos uns dos outros para os
explicar, a filosofia, pelo contrário, esforça-se por operar uma síntese,
8. para compreender o mundo.
A razão Deste ponto de vista, a filosofia pode parecer mais próxima da religião
do que da ciência: como a religião, a filosofia pretende propor uma
chave que nos permita apreender o real na sua totalidade. No entanto,
a filosofia opõe a razão (em grego: logos) à fé, a racionalidade do
discurso (logos) à narrativa mítica (mythos): assim, para aceder à
ordem do mundo, os filósofos pré-socráticos (Tales, Anaximandro,
Heraclito, Empédocles...) fazem apelo a princípios naturais
elementares (o fogo, a terra, o ar, a água), e não às acções dos
deuses. Para estes filósofos, deve ser possível compreender o real
sem recorrer à mitologia religiosa. Esta representa os deuses como se
fossem humanos.
“Se os bois (e) os cavalos (...) também tivessem mãos, e se com
essas mãos soubessem desenhar, e soubessem modelar as obras
que, com arte, só os homens conseguem realizar, os cavalos forjariam
deuses equinos, e os bois dariam aos deuses forma bovina.”
(Xenófanes)
A filosofia A filosofia é, então, uma síntese compreensiva racional. É preciso
como
sistema compreender que esta ambição implica uma concepção unitária do
real, baseada NUMA (uma única basta) ideia central. É esta exigência
que identifica o carácter sistemático dos grandes filósofos: uma
grande filosofia é, de uma forma ou de outra, um sistema conceptual
que permite compreender o mundo.
Todavia,alguns filósofos têm criticado esta ambição, considerando-a
rígida e abstracta: não será o real, antes de tudo o mais, a vida,
sempre em mudança (Bergson), e qualquer sistema que pretenda
apreender a existência não será, ele próprio, o sistema de um
existentexiii ? (Kierkegaard) O “real concreto” seria, segundo
Kierkegaard, o ser singular, isto é, o sujeito: “a subjectividade é a
9. verdade.” (Kierkegaard)
Podemos, então, dizer simplificadamente que há dois tipos de
filosofia: as que inscrevem a verdade no universal, e que, por
conseguinte, se constituem como sistemas; e aquelas que reivindicam
um lugar para o individual, para a singularidade, nomeadamente a do
sujeito existente. Por exemplo, Platão e Hegel são filósofos do
universal: para Platão, as coisas singulares não são mais do que as
imagens das essências – ou ideias – universais; Para Hegel, o real é a
realização da Razão. Estes dois filósofos, com séculos de distância
entre si, pretenderam fundamentar um saber absoluto. Pelo
contrário, filósofos como Pascal, Kierkegaard ou Gasset, dão relevo
ao individual, à experiência singular irredutível.
De qualquer modo, mesmo quando um filósofo recusa “encerrar todo
o real num sistema”, mesmo quando vê na exigência de inteligibilidade
total uma negação da realidade existencial, sempre singular, ainda
conserva a ambição de compreender de forma sintéctica a vida, a
existência, a subjectividade.
Referências A filosofia como ARTE DE VIVER
=>
A etimologia assim o diz: o filósofo é o amigo da sabedoria, o que
gosta de saber. Com efeito, a actividade filosófica não é
exclusivamente “abstracta” e “teórica”: em última análise, a filosofia
tem uma finalidade prática, e filosofar é também esforçar-se por agir
melhor.
A sabedoria O homem, diz-se, é um animal dotado de razão. Mas será que dá
sempre provas disso? Todos os homens desejam ser felizes: mas
será que são mesmo? Dão-se a si mesmos realmente os meios
necessários para serem felizes? Em suma, conduzem a sua vida com
10. razoabilidade, ou comportam-se como crianças?xiv Será que a maior
parte dos homens já se perguntou a si mesmo o que é o bem? Muitos
só conseguem ver o mundo e ver-se a si próprios sob o domínio da
imaginação, “essa fantástica força inimiga da razão” "xv (Pascal). Ora,
ser-se filósofo é precisamente colocar este tipo de questões, e
empenhar-se em responder-lhes fazendo uso da razão afim de agir,
tanto quanto possível, com sabedoria. Ser-se filósofo é, então,
compreender que o bem não é nenhum bem em particular, e
sobretudo não é um bem exterior a si (dinheiro, poder...): o bem é a
própria sabedoria (sophia, em grego) – e a sabedoria é o saber que
merece dominar todos os outros. xvi (Aristóteles).
A felicidade, Mas em que consiste a sabedoria? Seremos sábios, se não
o dever, a
liberdade soubermos o que fazer, ou como proceder? Claro, o sábio não sabe
tudo, e é mesmo daqueles que confessam a sua ignorância, mas ser
sábio, como diz Descartesxvii, é ter em vista, em todas as
circunstâncias, o fazer bem: este é o sentido da generosidade. O
homem sábio conhece-se a si mesmo como dotado de razão e de
vontade, faculdades que dependem de nós, e que devemos atribuir a
todos os outros.
Uma arte de O filósofo não é, então, “somente” um pensador. Ele age e
viver
compreende que as suas acções, como as de todos os outros,
comprometem escolhas éticas.
A filosofia é, portanto, também uma arte de viver, não simplesmente
no sentido de uma arte de bem viver, mas no sentido de uma tentativa
para viver bem, fazendo uso da razão.
NOTAS
E
CITAÇÕES
COMPLEMENTARES:
i
Avoir
une
opinion,
c'est
affirmer,
même
de
façon
sommaire,
la
validité
d'une
conscience
subjective
limitée
dans
son
contenu
de
vérité.
La
manière
dont
se
présente
une
telle
opinion
11.
peut
être
vraiment
anodine.
Lorsque
quelqu'un
dit
qu'à
son
avis,
le
nouveau
bâtiment
de
la
faculté
a
sept
étages,
cela
peut
vouloir
dire
qu'il
a
appris
cela
d'un
tiers,
mais
qu'il
ne
le
sait
pas
exactement.
Mais
le
sens
est
tout
différent
lorsque
quelqu'un
déclare
qu'il
est
d'avis
quant
à
lui
que
les
Juifs
sont
une
race
inférieure
de
parasites,
comme
dans
l'exemple
éclairant
cité
par
Sartre
de
l'oncle
Armand
qui
se
sent
quelqu'un
parce
qu'il
exècre
les
Anglais.
Dans
ce
cas,
le
"je
suis
d'avis"
ne
restreint
pas
le
jugement
hypothétique,
mais
le
souligne.
Lorsqu'un
tel
individu
proclame
comme
sienne
une
opinion
aussi
rapide,
sans
pertinence,
que
n'étaye
aucune
expérience,
ni
aucune
réflexion,
il
lui
confère
-‐
même
s'il
la
limite
apparemment
-‐
et
par
le
fait
qu'il
la
réfère
à
lui-‐même
en
tant
que
sujet,
une
autorité
qui
est
celle
de
la
profession
de
foi.
Et
ce
qui
transparaît,
c'est
qu'il
s'implique
corps
et
âme;
il
aurait
donc
le
courage
de
ses
opinions,
le
courage
de
dire
des
choses
déplaisantes
qui
ne
plaisent
en
vérité
que
trop.
Inversement,
quand
on
a
affaire
à
un
jugement
fondé
et
pertinent
mais
qui
dérange,
et
qu'on
n'est
pas
en
mesure
de
réfuter,
la
tendance
est
tout
aussi
répandue
à
le
discréditer
en
le
présentant
comme
une
simple
opinion.
[...]
L'opinion
s'approprie
ce
que
la
connaissance
ne
peut
atteindre
pour
s'y
substituer.
Elle
élimine
de
façon
trompeuse
le
fossé
entre
le
sujet
connaissant
et
la
réalité
qui
lui
échappe.
Et
l'aliénation
se
révèle
d'elle-‐même
dans
cette
inadéquation
de
la
simple
opinion.
[...]
C'est
pourquoi
il
ne
suffit
ni
à
la
connaissance
ni
à
une
pratique
visant
à
la
transformation
sociale
de
souligner
le
non-‐sens
d'opinions
d'une
banalité
indicible,
qui
font
que
les
hommes
se
soumettent
à
des
études
caractérologiques
et
à
des
pronostics
qu'une
astrologie
standardisée
et
commercialement
de
nouveau
rentable
rattache
aux
signes
du
zodiaque.
Les
hommes
ne
se
ressentent
pas
Taureau
ou
Vierge
parce
qu'ils
sont
bêtes
au
point
d'obéir
aux
injonctions
des
journaux
qui
sous-‐entendent
qu'il
est
tout
naturel
que
cela
signifie
quelque
chose,
mais
parce
que
ces
clichés
et
les
directives
stupides
pour
un
art
de
vivre
qui
se
contentent
de
recommander
ce
qu'ils
doivent
faire
de
toute
façon,
leur
facilitent
-‐
même
si
ce
n'est
qu'une
apparence
-‐
les
choix
à
faire
et
apaisent
momentanément
leur
sentiment
d'être
étrangers
à
la
vie,
voire
étrangers
à
leur
propre
vie.
La
force
de
résistance
de
l'opinion
pure
et
simple
s'explique
par
son
fonctionnement
psychique.
Elle
offre
des
explications
grâce
auxquelles
on
peut
organiser
sans
contradictions
la
réalité
contradictoire,
sans
faire
de
grands
efforts.
A
cela
s'ajoute
la
satisfaction
narcissique
que
procure
l'opinion
passe-‐partout,
en
renforçant
ses
adeptes
dans
leur
sentiment
d'avoir
toujours
su
de
quoi
il
retourne
et
de
faire
partie
de
ceux
qui
savent.
Theodor
W.
ADORNO
Modèles
critiques,
"Opinion,
illusion,
société"
tr.
fr.
M.
Jimenez
&
E.
Kouflhoz,
éd.
Payot,
pp.
114-‐119
ii
Préjugé.
Ce
qui
est
jugé
d'avance,
c'est-‐à-‐dire
avant
qu'on
se
soit
instruit.
Le
préjugé
fait
qu'on
s'instruit
mal.
Le
préjugé
peut
venir
des
passions
;
la
haine
aime
à
préjuger
mal
;
il
peut
venir
de
l'orgueil,
qui
conseille
de
ne
point
changer
d'avis
;
ou
bien
de
la
coutume
qui
ramène
toujours
aux
anciennes
formules
;
ou
bien
de
la
paresse,
qui
n'aime
point
chercher
ni
examiner.
Mais
le
principal
appui
du
préjugé
est
l'idée
juste
d'après
laquelle
il
n'est
point
de
vérité
qui
subsiste
sans
serment
à
soi
;
d'où
l'on
vient
à
considérer
toute
opinion
nouvelle
comme
une
manoeuvre
contre
l'esprit.
Le
préjugé
ainsi
appuyé
sur
de
nobles
passions,
c'est
le
fanatisme.
ALAIN
Définitions
in
Les
Arts
et
les
Dieux,
éd.
de
la
Pléiade,
p.
1081
iii
La
science,
dans
son
besoin
d'achèvement
comme
dans
son
principe,
s'oppose
absolument
à
l'opinion.
S'il
lui
arrive,
sur
un
point
particulier,
de
légitimer
l'opinion,
c'est
pour
d'autres
raisons
que
celles
qui
fondent
l'opinion
;
de
sorte
que
l'opinion
a,
en
droit,
toujours
tort.
12.
L'opinion
pense
mal
;
elle
ne
pense
pas
:
elle
traduit
des
besoins
en
connaissances.
En
désignant
les
objets
par
leur
utilité,
elle
s'interdit
de
les
connaître.
On
ne
peut
rien
fonder
sur
l'opinion
:
il
faut
d'abord
la
détruire.
Elle
est
le
premier
obstacle
à
surmonter.
Il
ne
suffirait
pas,
par
exemple,
de
la
rectifier
sur
des
points
particuliers,
en
maintenant,
comme
une
sorte
de
morale
provisoire
*
,
une
connaissance
vulgaire
provisoire.
L'esprit
scientifique
nous
interdit
d'avoir
une
opinion
sur
des
questions
que
nous
ne
comprenons
pas,
sur
des
questions
que
nous
ne
savons
pas
formuler
clairement.
Avant
tout,
il
faut
savoir
poser
des
problèmes.
Et
quoi
qu'on
dise,
dans
la
vie
scientifique,
les
problèmes
ne
se
posent
pas
d'eux-‐mêmes.
C'est
précisément
ce
sens
du
problème
qui
donne
la
marque
du
véritable
esprit
scientifique.
Pour
un
esprit
scientifique,
toute
connaissance
est
une
réponse
à
une
question.
S'il
n'y
a
pas
eu
de
question,
il
ne
peut
y
avoir
connaissance
scientifique.
Rien
ne
va
de
soi.
Rien
n'est
donné.
Tout
est
construit.
BACHELARD
La
Formation
de
l'Esprit
Scientifique,
Chap.
I,
§.
I,
éd.
Vrin,
p.
14
iv
Ce
fut
l'étonnement
qui
poussa,
comme
aujourd'hui,
les
premiers
penseurs
aux
spéculations
philosophiques.
Au
début,
ce
furent
les
difficultés
les
plus
apparentes
qui
les
frappèrent,
puis,
s'avançant
ainsi
peu
à
peu,
ils
cherchèrent
à
résoudre
des
problèmes
plus
importants,
tels
les
phénomènes
de
la
Lune,
ceux
du
Soleil
et
des
Étoiles,
enfin
la
genèse
de
l'univers.
Apercevoir
une
difficulté
et
s'étonner,
c'est
reconnaître
sa
propre
ignorance
(et
c'est
pourquoi
aimer
les
mythes
est,
en
quelque
manière
se
montrer
philosophe,
car
le
mythe
est
composé
de
merveilleux).
Ainsi
donc,
si
ce
fut
pour
échapper
à
l'ignorance
que
les
premiers
philosophes
se
livrèrent
à
la
philosophie,
il
est
clair
qu'ils
poursuivaient
la
science
en
vue
de
connaître
et
non
pour
une
fin
utilitaire.
Ce
qui
s'est
passé
en
réalité
en
fournit
la
preuve
:
presque
tous
les
arts
qui
s'appliquent
aux
nécessités,
et
ceux
qui
s'intéressent
au
bien-‐être
et
à
l'agrément
de
la
vie,
étaient
déjà
connus,
quand
on
commença
à
rechercher
une
discipline
de
ce
genre.
Il
est
donc
évident
que
nous
n'avons
en
vue,
dans
la
Philosophie,
aucun
intérêt
étranger.
Mais,
de
même
que
nous
appelons
homme
libre
celui
qui
est
à
lui-‐
même
sa
fin
et
n'existe
pas
pour
un
autre,
ainsi
cette
science
est
aussi
la
seule
de
toutes
les
sciences
qui
soit
libre,
car
seule
elle
est
à
elle-‐même
sa
propre
fin.
ARISTOTE
Métaphysique,
A,
2,
982
b10-‐25
v
En
ce
qui
concerne
d'abord
cette
galerie
d'opinions
que
présenterait
l'histoire
de
la
philosophie
-‐
sur
Dieu,
sur
l'essence
des
objets
de
la
nature
et
de
l'esprit
-‐
ce
serait,
si
elle
ne
faisait
que
cela,
une
science
très
superflue
et
très
ennuyeuse,
alors
même
qu'on
invoquerait
la
multiple
utilité
à
retirer
d'une
si
grande
animation
de
l'esprit
et
d'une
si
grande
érudition.
Qu'y
a-‐t-‐il
de
plus
inutile,
de
plus
ennuyeux
qu'une
suite
de
simples
opinions
?
On
n'a
qu'à
considérer
des
écrits
qui
sont
des
histoires
de
la
philosophie,
en
ce
sens
qu'ils
présentent
et
traitent
les
idées
philosophiques
comme
des
opinions,
pour
se
rendre
compte
à
quel
point
tout
cela
est
sec,
ennuyeux
et
sans
intérêt.
Une
opinion
est
une
représentation
subjective,
une
idée
quelconque,
fantaisiste,
que
je
conçois
ainsi
et
qu'un
autre
peut
concevoir
autrement.
Une
opinion
est
mienne
;
ce
n'est
pas
une
idée
en
soi
générale,
existant
en
soi
et
pour
soi.
Or
la
philosophie
ne
renferme
pas
des
opinions
;
il
n'existe
pas
d'opinions
philosophiques.
HEGEL
vi
Quiconque
veut
vraiment
devenir
philosophe
devra
"une
fois
dans
sa
vie"
se
replier
sur
soi-‐même
et,
au-‐dedans
de
soi,
tenter
de
renverser
toutes
les
sciences
admises
jusqu'ici
et
tenter
de
les
reconstruire.
La
philosophie
-‐
la
sagesse
-‐
est
en
quelque
sorte
une
affaire
personnelle
du
philosophe.
Elle
doit
se
constituer
en
tant
que
sienne,
être
sa
sagesse,
son
13.
savoir
qui,
bien
qu'il
tende
vers
l'universel,
soit
acquis
par
lui
et
qu'il
doit
pouvoir
justifier
dès
l'origine
et
à
chacune
de
ses
étapes,
en
s'appuyant
sur
ses
intuitions
absolues.
Du
moment
que
j'ai
pris
la
décision
de
tendre
vers
cette
fin,
décision
qui
seule
peut
m'amener
à
la
vie
et
au
développement
philosophique,
j'ai
donc
par
là
même
fait
voeu
de
pauvreté
en
matière
de
connaissance.
Dès
lors
il
est
manifeste
qu'il
faudra
alors
me
demander
comment
je
pourrais
trouver
une
méthode
qui
me
donnerait
la
marche
à
suivre
pour
arriver
au
savoir
véritable.
Les
Méditations
de
Descartes
ne
veulent
donc
pas
être
une
affaire
purement
privée
du
seul
philosophe
Descartes,
encore
moins
une
simple
forme
littéraire
dont
il
userait
pour
exposer
ses
vues
philosophiques.
Au
contraire,
ces
méditations
dessinent
le
prototype
du
genre
de
méditations
nécessaires
à
tout
philosophe
qui
commence
son
oeuvre,
méditations
qui
seules
peuvent
donner
naissance
à
une
philosophie.
HUSSERL
Méditations
cartésiennes,
tr.
fr.
G.
Peiffer
et
E.
Lévinas,
éd.
Vrin,
p.15
vii
Penser
n'est
pas
croire.
Peu
de
gens
comprennent
cela.
Presque
tous,
et
ceux-‐là
même
qui
semblent
débarrassés
de
toute
religion,
cherchent
dans
les
sciences
quelque
chose
qu'ils
puissent
croire.
Ils
s'accrochent
aux
idées
avec
une
espèce
de
fureur
;
et
si
quelqu'un
veut
les
leur
enlever,
ils
sont
prêts
à
mordre.
[...]
Lorsque
l'on
croit,
l'estomac
s'en
mêle
et
tout
le
corps
est
raidi.
Le
croyant
est
comme
le
lierre
sur
l'arbre.
Penser,
c'est
tout
à
fait
autre
chose.
On
pourrait
dire
:
penser,
c'est
inventer
sans
croire.
Imaginez
un
noble
physicien,
qui
a
observé
longtemps
les
corps
gazeux,
les
a
chauffés,
refroidis,
comprimés,
raréfiés.
Il
en
vient
à
concevoir
que
les
gaz
sont
faits
de
milliers
de
projectiles
très
petits
qui
sont
lancés
vivement
dans
toutes
les
directions
et
viennent
bombarder
les
parois
du
récipient.
Là-‐dessus
le
voilà
qui
définit,
qui
calcule
;
le
voilà
qui
démonte
et
remonte
son
gaz
parfait,
comme
un
horloger
ferait
pour
une
montre.
Eh
bien,
je
ne
crois
pas
du
tout
que
cet
homme
ressemble
un
chasseur
qui
guette
une
proie.
Je
le
vois
souriant,
et
jouant
avec
sa
théorie
;
je
le
vois
travaillant
sans
fièvre
et
recevant
les
objections
comme
des
amies
;
tout
prêt
à
changer
ses
définitions
si
l'expérience
ne
les
vérifie
pas,
et
cela
très
simplement,
sans
gestes
de
mélodrame.
Si
vous
lui
demandez
Croyez-
vous
que
les
gaz
soient
ainsi
?
il
répondra
:
Je
ne
crois
pas
qu'ils
soient
ainsi
;
je
pense
qu'ils
sont
ainsi.
ALAIN
Propos
d'un
Normand,
15
janvier
1908
viii
Chacun
a
pu
remarquer,
au
sujet
des
opinions
communes,
que
chacun
les
subit
et
que
personne
ne
les
forme.
Un
citoyen,
même
avisé
et
énergique,
quand
il
n'a
à
conduire
que
son
propre
destin,
en
vient
naturellement
et
par
une
espèce
de
sagesse
à
rechercher
quelle
est
l'opinion
dominante
au
sujet
des
affaires
publiques.
[...]
Remarquez
que
tous
raisonnent
de
même,
et
de
bonne
foi.
Chacun
a
bien
peut-‐être
une
opinion
;
mais
c'est
à
peine
s'il
se
la
formule
à
lui-‐même
;
il
rougit
à
la
seule
pensée
qu'il
pourrait
être
seul
de
son
avis.
Le
voilà
donc
qui
honnêtement
écoute
les
orateurs,
lit
les
journaux,
enfin
se
met
à
la
recherche
de
cet
être
fantastique
que
l'on
appelle
l'opinion
publique.
"La
question
n'est
pas
de
savoir
si
je
veux
ou
non
faire
la
guerre".
Il
interroge
donc
le
pays.
Et
tous
les
citoyens
interrogent
le
pays,
au
lieu
de
s'interroger
eux-‐mêmes.
Les
gouvernants
font
de
même,
et
tout
aussi
naïvement.
Car,
sentant
qu'ils
ne
peuvent
rien
tout
seuls,
ils
veulent
savoir
où
ce
grand
corps
va
les
mener.
Et
il
est
vrai
que
ce
grand
corps
regarde
à
son
tour
vers
le
gouvernement,
afin
de
savoir
ce
qu'il
faut
penser
et
vouloir.
Par
ce
jeu,
il
n'est
point
de
folle
conception
qui
ne
puisse
quelque
jour
s'imposer
à
tous,
sans
que
personne
pourtant
l'ait
jamais
formée
de
lui-‐même
et
par
libre
réflexion.
Bref,
les
pensées
mènent
tout,
et
personne
ne
pense.
D'où
il
résulte
qu'un
Etat
formé
d'hommes
raisonnables
peut
penser
et
agir
comme
un
fou.
Et
ce
mal
vient
originairement
de
ce
que
14.
personne
n'ose
former
son
opinion
par
lui-‐même
ni
la
maintenir
énergiquement,
en
lui
d'abord,
et
devant
les
autres
aussi.
ALAIN
Mars
ou
la
guerre
jugée,
Chap.
LXIX,
in
Les
Passions
et
la
Sagesse,
coll.
La
Pléiade,
p.
665
ix
Voici
le
point
de
départ
de
la
philosophie
:
la
conscience
du
conflit
qui
met
aux
prises
les
hommes
entre
eux,
la
recherche
de
l'origine
de
ce
conflit,
la
condamnation
de
la
simple
opinion
*
et
la
défiance
*
à
son
égard,
une
sorte
de
critique
de
l'opinion
pour
déterminer
si
on
a
raison
de
la
tenir,
l'invention
d'une
norme
*
,
de
même
que
nous
avons
inventé
la
balance
pour
la
détermination
du
poids,
ou
le
cordeau
pour
distinguer
ce
qui
est
droit
et
ce
qui
est
tordu.
Est-‐ce
là
le
point
de
départ
de
la
philosophie
:
est
juste
tout
ce
qui
paraît
tel
à
chacun
?
Et
comment
est-‐il
possible
que
les
opinions
qui
se
contredisent
soient
justes
?
Par
conséquent,
non
pas
toutes.
Mais
celles
qui
nous
paraissent
à
nous
justes
?
Pourquoi
à
nous
plutôt
qu'aux
Syriens,
plutôt
qu'aux
Égyptiens
?
Plutôt
que
celles
qui
paraissent
telles
à
moi
ou
à
un
tel
?
Pas
plus
les
unes
que
les
autres.
Donc
l'opinion
de
chacun
n'est
pas
suffisante
pour
déterminer
la
vérité.
Nous
ne
nous
contentons
pas
non
pl,s
quand
il
s'agit
de
poids
ou
de
mesur,s
de
la
simple
apparence,
mais
nous
avons
inventé
une
norme
pour
ces
différents
cas.
Et
dans
le
cas
présent,
n'y
a-‐t-‐il
donc
aucune
norme
supérieure
à
l'opinion
?
Et
comment
est-‐il
possible
qu'il
n'y
ait
aucun
moyen
de
déterminer
et
de
découvrir
ce
qu'il
y
a
pour
les
hommes
de
plus
nécessaire
?
Il
y
a
donc
une
norme.
Alors,
pourquoi
ne
pas
la
chercher
et
ne
pas
la
trouver,
et
après
l'avoir
trouvée,
pourquoi
ne
pas
nous
en
servir
par
la
suite
rigoureusement,
sans
nous
en
écarter
d'un
pouce
?
Car
voilà,
à
mon
avis,
ce
qui,
une
fois
trouvé,
délivrera
de
leur
folie
les
gens
qui
se
servent
en
tout
d'une
seule
mesure,
l'opinion,
et
nous
permettra,
désormais,
partant
de
principes
connus
et
clairement
définis,
de
nous
servir,
pour
juger
des
cas
particuliers,
d'un
système
de
prénotions.
EPICTETE
Entretiens,
II,
XI,
tr.
fr.
G.
Budé,
Les
Belles
Lettres
x
CRITIAS
-‐
J'aurais
même
presque
envie
de
dire
que
se
connaître
soi-‐même,
c'est
cela
la
sagesse,
et
je
suis
d'accord
avec
l'auteur
de
l'inscription
de
Delphes.
[...]
Voilà
en
quels
termes,
différents
de
ceux
des
hommes,
le
dieu
s'adresse
à
ceux
qui
entrent
dans
son
temple
si
je
comprends
bien
l'intention
de
l'auteur
de
l'inscription.
A
chaque
visiteur,
il
ne
dit
rien
d'autre,
en
vérité,
que
:
"Sois
sage
!"
Certes,
il
s'exprime
en
termes
un
peu
énigmatiques,
en
sa
qualité
de
devin.
Donc,
selon
l'inscription
et
selon
moi,
"connais-‐toi
toi-‐même"
et
"sois
sage",
c'est
la
même
chose
!
[...]
SOCRATE
-‐
Dis-‐moi
donc
ce
que
tu
penses
de
la
sagesse.
CRITIAS
-‐
Je
pense
que
seule
entre
toutes
les
sciences,
la
sagesse
est
science
d'elle-‐même
et
des
autres
sciences.
SOCRATE
-‐
Donc
elle
sera
aussi
la
science
de
l'ignorance,
si
elle
l'est
de
la
science
?
CRITIAS
-‐
Assurément.
SOCRATE
-‐
En
ce
cas,
le
sage
seul
se
connaîtra
lui-‐même
et
sera
capable
de
discerner
ce
qu'il
sait
et
ce
qu'il
ne
sait
pas
;
et
de
même
pour
les
autres,
il
aura
le
pouvoir
d'examiner
ce
que
chacun
sait
et
a
conscience
à
juste
titre
de
savoir,
mais
aussi
ce
qu'il
croit
à
tort
savoir.
De
cela,
aucun
autre
homme
n'est
capable.
Finalement,
l'attitude
(sôphronein
=
être
sage)
et
la
vertu
(sôphrosunè)
de
sagesse,
de
même
que
la
connaissance
de
soi-‐même
consistent
à
savoir
ce
qu'on
sait
et
ce
qu'on
ne
sait
pas.
Est-‐ce
bien
là
ta
pensée
?
PLATON
Charmide,
164d-‐167a
15.
xi
J'aurais
ensuite
fait
considérer
l'utilité
de
cette
philosophie,
et
montré
que,
puisqu'elle
s'étend
à
tout
ce
que
l'esprit
humain
peut
savoir,
on
doit
croire
que
c'est
elle
seule
qui
nous
distingue
des
plus
sauvages
et
barbares,
et
que
chaque
nation
est
d'autant
plus
civilisée
et
polie
que
les
hommes
y
philosophent
mieux
;
et
ainsi
que
c'est
le
plus
grand
bien
qui
puisse
être
dans
un
Etat
que
d'avoir
de
vrais
philosophes.
Et
outre
cela
que,
pour
chaque
homme
en
particulier,
il
n'est
pas
seulement
utile
de
vivre
avec
ceux
qui
s'appliquent
à
cette
étude,
mais
qu'il
est
incomparablement
meilleur
de
s'y
appliquer
soi-‐même
;
comme
sans
doute
il
vaut
beaucoup
mieux
se
servir
de
ses
propres
yeux
pour
se
conduire,
et
jouir
par
même
moyen
de
la
beauté
des
couleurs
et
de
la
lumière,
que
non
pas
de
les
avoir
fermés
et
suivre
la
conduite
d'un
autre
;
mais
ce
dernier
est
encore
meilleur
que
de
les
tenir
fermés
et
n'avoir
que
soi
pour
se
conduire.
Or,
c'est
proprement
avoir
les
yeux
fermés,
sans
tâcher
jamais
de
les
ouvrir,
que
de
vivre
sans
philosopher
;
et
le
plaisir
de
voir
toutes
les
choses
que
notre
vue
découvre
n'est
point
comparable
à
la
satisfaction
que
donne
la
connaissance
de
celles
qu'on
trouve
par
la
philosophie
;
et,
enfin,
cette
étude
est
plus
nécessaire
pour
régler
nos
moeurs
et
nous
conduire
en
cette
vie,
que
n'est
l'usage
de
nos
yeux
pour
guider
nos
pas.
Les
bêtes
brutes,
qui
n'ont
que
leur
corps
à
conserver,
s'occupent
continuellement
à
chercher
de
quoi
le
nourrir
;
mais
les
hommes,
dont
la
principale
partie
est
l'esprit,
devraient
employer
leurs
principaux
soins
à
la
recherche
de
la
sagesse,
qui
en
est
la
vraie
nourriture
;
et
je
m'assure
aussi
qu'il
y
en
a
plusieurs
qui
n'y
manqueraient
pas,
s'ils
avaient
espérance
d'y
réussir,
et
qu'ils
sussent
combien
ils
en
sont
capables.
Il
n'y
a
point
d'âme
tant
soit
peu
noble
qui
demeure
si
fort
attachée
aux
objets
des
sens
qu'elle
ne
s'en
détourne
quelquefois
pour
souhaiter
quelque
autre
plus
grand
bien,
nonobstant
qu'elle
ignore
*
souvent
en
quoi
il
consiste.
Ceux
que
la
fortune
*
favorise
le
plus,
qui
ont
abondance
de
santé,
d'honneurs,
de
richesses,
ne
sont
pas
plus
exempts
de
ce
désir
que
les
autres
;
au
contraire,
je
me
persuade
que
ce
sont
eux
qui
soupirent
avec
le
plus
d'ardeur
après
un
autre
bien,
plus
souverain
que
tous
ceux
qu'ils
possèdent.
Or,
ce
souverain
bien
*
considéré
par
la
raison
naturelle
sans
la
lumière
de
la
foi,
n'est
autre
chose
que
la
connaissance
de
la
vérité
par
ses
premières
causes,
c'est-‐à-‐dire
la
sagesse,
dont
la
philosophie
est
l'étude.
Et,
parce
que
toutes
ces
choses
sont
entièrement
vraies,
elles
ne
seraient
pas
difficiles
à
persuader
si
elles
étaient
bien
déduites.
DESCARTES
Principes
de
la
philosophie,
lettre-‐préface
xii
Excepté
l'homme,
aucun
être
ne
s'étonne
de
sa
propre
existence
;
c'est
pour
tous
une
chose
si
naturelle,
qu'ils
ne
la
remarquent
même
pas.
[...]
L'homme
est
un
animal
métaphysique.
Sans
doute,
quand
sa
conscience
ne
fait
encore
que
s'éveiller,
il
se
figure
être
intelligible
sans
effort
;
mais
cela
ne
dure
pas
longtemps
:
avec
la
première
réflexion,
se
produit
déjà
cet
étonnement,
qui
fut
pour
ainsi
dire
le
père
de
la
métaphysique.
C'est
en
ce
sens
qu'Aristote
a
dit
aussi
au
début
de
sa
Métaphysique
:
«
Propter
admirationem
enim
et
nunc
et
primo
inceperunt
homines
philosophari
»
*
.
De
même,
avoir
l'esprit
philosophique,
c'est
être
capable
de
s'étonner
des
événements
habituels
et
des
choses
de
tous
les
jours,
de
se
poser
comme
sujet
d'étude
ce
qu'il
y
a
de
plus
général
et
de
plus
ordinaire
;
tandis
que
l'étonnement
du
savant
ne
se
produit
qu'à
propos
de
phénomènes
rares
et
choisis,
et
que
tout
son
problème
se
réduit
à
ramener
ce
phénomène
à
un
autre
plus
connu.
Plus
un
homme
est
inférieur
par
l'intelligence,
moins
l'existence
a
pour
lui
de
mystères.
Toute
chose
lui
paraît
porter
en
elle-‐même
l'explication
de
son
comment
et
de
son
pourquoi.
Cela
vient
de
ce
que
son
intellect
est
encore
resté
fidèle
à
sa
destination
originelle,
et
qu'il
est
simplement
le
réservoir
des
motifs
à
la
disposition
de
la
volonté
;
aussi,
étroitement
uni
au
monde
et
à
la
nature,
comme
partie
intégrante
d'eux-‐mêmes,
est-‐il
loin
de
s'abstraire
pour
ainsi
dire
de
l'ensemble
des
choses,
pour
se
poser
ensuite
en
face
du
monde
et
l'envisager
16.
objectivement,
comme
si
lui-‐même,
pour
un
moment
du
moins,
existait
en
soi
et
pour
soi.
Au
contraire,
l'étonnement
philosophique,
qui
résulte
du
sentiment
de
cette
dualité,
suppose
dans
l'individu
un
degré
supérieur
d'intelligence,
quoique
pourtant
ce
n'en
soit
pas
là
l'unique
condition
:
car,
sans
aucun
doute,
c'est
la
connaissance
des
choses
de
la
mort
et
la
considération
de
la
douleur
et
de
la
misère
de
la
vie
qui
donnent
la
plus
forte
impulsion
à
la
pensée
philosophique
et
à
l'explication
métaphysique
du
monde.
Si
notre
vie
était
infinie
et
sans
douleur,
il
n'arriverait
à
personne
de
se
demander
pourquoi
le
monde
existe,
et
pourquoi
il
a
précisément
telle
nature
particulière
;
mais
toutes
choses
se
comprendraient
d'elles-‐mêmes.
[...]
Suivant
moi,
la
philosophie
naît
de
notre
étonnement
au
sujet
du
monde
et
de
notre
propre
existence,
qui
s'imposent
à
notre
intellect
comme
une
énigme
dont
la
solution
ne
cesse
dès
lors
de
préoccuper
l'humanité.
SCHOPENHAUER
Le
Monde
comme
Volonté
et
comme
Représentation
Seconde
partie,
chap.
XVII,
tr.
fr.
A.
Burdeau
éd.
Alcan,
tome
2,
pp.
294-‐295
&
304
xiii
Pour
l'existant,
le
suprême
intérêt,
c'est
d'exister,
et
l'intérêt
à
l'existence
est
la
réalité.
C'est
que
la
réalité
ne
se
laisse
pas
exprimer
dans
le
langage
de
l'abstraction.
La
réalité
est
un
inter-esse
entre
l'unité
abstraite
hypothétique
de
la
pensée
et
l'être.
L'abstraction
traite
de
la
possibilité
et
de
la
réalité,
mais
sa
conception
de
la
réalité
est
une
fausse
interprétation,
car
le
plan
sur
lequel
nous
sommes
n'est
pas
celui
de
la
réalité,
mais
celui
de
la
possibilité.
L'abstraction
ne
peut
se
rendre
maîtresse
de
la
réalité
qu'en
l'abolissant,
mais
l'abolir
signifie
justement
la
transformer
en
possibilité.
Tout
ce
qui
est
dit
de
la
réalité
dans
le
langage
de
l'abstraction
se
rapporte
en
effet
comme
une
possibilité
à
la
réalité
et
non
à
une
réalité
qui
se
trouverait
à
l'intérieur
de
l'abstraction
et
de
la
possibilité.
La
réalité,
l'existence,
est
le
moment
dialectique
dans
une
trilogie
dont
le
commencement
et
la
fin
ne
sont
pas
là
pour
un
homme
existant
qui,
en
tant
qu'existant,
se
trouve
dans
le
moment
dialectique.
L'abstraction
ferme
la
trilogie.
Parfait.
Mais
comment
le
fait-‐elle
?
L'abstraction
est-‐elle
donc
quelque
chose,
ou
bien
plutôt
n'est-‐elle
pas
un
acte
de
celui
qui
abstrait
?
Mais
celui
qui
abstrait
est
bel
et
bien
un
être
existant
et
donc,
en
tant
qu'existant,
il
se
trouve
dans
le
moment
dialectique
qu'il
ne
peut
réduire
ou
clore,
et
encore
moins
clore
d'une
façon
absolue
aussi
longtemps
qu'il
existe.
Quand
donc
il
le
fait,
il
faut
que
cela
se
rapporte
à
l'existence,
dans
laquelle
il
est
lui-‐même,
comme
une
possibilité
à
la
réalité.
Il
faut
qu'il
explique
comment
il
se
comporte
en
l'occurrence,
c'est-‐à-‐dire
comment
il
se
comporte
en
tant
qu'existant,
ou
s'il
cesse
d'exister,
et
si
cela
est
permis
à
un
homme
existant.
A
l'instant
même
où
nous
commençons
à
questionner
ainsi,
nous
sommes
sur
le
plan
de
l'éthique
et
nous
faisons
valoir
auprès
de
l'homme
existant
l'exigence
de
l'éthique
qui
ne
peut
consister
à
faire
abstraction
de
l'existence,
mais
au
contraire
à
devoir
exister,
ce
qui
est
aussi
le
suprême
intérêt
de
celui
qui
existe.
KIERKEGAARD
Post-scriptum
aux
miettes
philosophiques,
éd.
Gallimard,
p.
220
xiv
Les
enfants
[...]
ne
sont
doués
d'aucune
raison
avant
d'avoir
acquis
l'usage
de
la
parole
;
mais
on
les
appelle
des
créatures
raisonnables
à
cause
de
la
possibilité
qui
apparaît
chez
eux
d'avoir
usage
de
la
raison
dans
l'avenir.
Et
la
plupart
des
hommes,
encore
qu'ils
aient
assez
d'usage
du
raisonnement
pour
faire
quelque
pas
dans
ce
domaine
(pour
ce
qui
est,
par
exemple,
de
manier
les
nombres
jusqu'à
un
certain
point)
n'en
font
guère
d'usage
dans
la
vie
courante
:
dans
celle-‐ci,
en
effet,
ils
se
gouvernent
les
uns
mieux,
les
autres
plus
mal,
selon
la
différence
de
leurs
expériences,
la
promptitude
de
leur
mémoire,
et
la
façon
dont
ils
se
sont
inclinés
vers
des
buts
différents
;
mais
surtout
selon
leur
bonne
ou
mauvaise
fortune,
et
les
uns
d'après
les
erreurs
des
autres.
Car
pour
17.
ce
qui
est
de
la
science,
et
de
règles
de
conduite
certaines,
ils
en
sont
éloignés
au
point
de
ne
pas
savoir
ce
que
c'est.
La
géométrie,
ils
l'ont
prise
pour
de
la
magie.
Et
pour
les
autres
sciences,
ceux
à
qui
on
n'en
a
pas
enseigné
les
commencements,
et
qu'on
n'y
a
pas
fait
progresser
dans
une
certaine
mesure,
de
telle
sorte
qu'ils
puissent
voir
comment
elles
sont
acquises
et
engendrées,
sont
sur
ce
point
comme
les
enfants
qui
n'ont
aucune
idée
de
la
génération,
et
auxquels
les
femmes
font
croire
que
leurs
frères
et
soeurs
n'ont
pas
été
enfantés,
mais
trouvés
dans
le
jardin.
HOBBES
Léviathan,
I,
chap.5,
éd.
Folio,
p.119
(éd.
Sirey,
p.
43)
xv
C'est
cette
partie
dominante
dans
l'homme,
cette
maîtresse
d'erreur
et
de
fausseté,
et
d'autant
plus
fourbe
qu'elle
ne
l'est
pas
toujours,
car
elle
serait
règle
infaillible
de
vérité,
si
elle
l'était
infaillible
du
mensonge.
Mais,
étant
le
plus
souvent
fausse,
elle
ne
donne
aucune
marque
de
sa
qualité
marquant
du
même
caractère
le
vrai
et
le
faux.
Je
ne
parle
pas
des
fous,
je
parle
des
plus
sages,
et
c'est
parmi
eux
que
l'imagination
a
le
grand
droit
de
persuader
les
hommes.
La
raison
a
beau
crier,
elle
ne
peut
mettre
le
prix
aux
choses.
Cette
superbe
puissance
ennemie
de
la
raison,
qui
se
plaît
à
la
contrôler
et
à
la
dominer,
pour
montrer
combien
elle
peut
en
toutes
choses,
a
établi
dans
l'homme
une
seconde
nature.
Elle
a
ses
heureux,
ses
malheureux,
ses
sains,
ses
malades,
ses
riches,
ses
pauvres.
Elle
fait
croire,
douter,
nier
la
raison.
Elle
suspend
les
sens,
elle
les
fait
sentir.
[...]
Qui
dispense
la
réputation,
qui
donne
le
respect
et
la
vénération
aux
personnes,
aux
ouvrages,
aux
lois,
aux
grands,
sinon
cette
faculté
imaginante?
Toutes
les
richesses
de
la
terre
[sont]
insuffisantes
sans
son
consentement.
Ne
diriez-‐vous
pas
que
ce
magistrat
dont
la
vieillesse
vénérable
impose
le
respect
à
tout
un
peuple
se
gouverne
par
une
raison
pure
et
sublime
et
qu'il
juge
des
choses
par
leur
nature
sans
s'arrêter
à
ces
vaines
circonstances
qui
ne
blessent
que
l'imagination
des
faibles
?
Voyez-‐le
entrer
dans
un
sermon
où
il
apporte
un
zèle
tout
dévot
renforçant
la
solidité
de
sa
raison
par
l'ardeur
de
sa
charité
;
le
voilà
prêt
à
l'ouïr
avec
un
respect
exemplaire.
Que
le
prédicateur
vienne
à
paraître,
si
la
nature
lui
a
donné
une
voix
enrouée
et
un
tour
de
visage
bizarre,
que
son
barbier
l'ait
mal
rasé,
si
le
hasard
l'a
encore
barbouillé
de
surcroît,
quelque
grandes
vérités
qu'il
annonce,
je
parie
la
perte
de
la
gravité
de
notre
sénateur.
Le
plus
grand
philosophe
du
monde
sur
une
planche
plus
large
qu'il
ne
faut,
s'il
y
a
au-‐dessous
un
précipice,
quoique
sa
raison
le
convainque
de
sa
sûreté,
son
imagination
prévaudra.
Plusieurs
n'en
sauraient
soutenir
la
pensée
sans
pâlir
et
suer.
Je
ne
veux
pas
rapporter
tous
ses
effets
;
qui
ne
sait
que
la
vue
des
chats,
des
rats,
l'écrasement
d'un
charbon,
etc,
emportent
la
raison
hors
des
gonds.
Le
ton
de
voix
impose
aux
plus
sages
et
change
un
discours
et
un
poème
de
force.
[...]
Je
voudrais
de
bon
coeur
voir
le
livre
italien
dont
je
ne
connais
que
le
titre,
qui
vaut
lui
seul
bien
des
livres,
Dell'opinione
regina
del
mondo
*
.
J'y
souscris
sans
le
connaître,
sauf
le
mal
s'il
y
en
a.
PASCAL Pensées, Brunschvicg 82
/ Lafuma 44
xvi
Nous
concevons
d'abord
le
sage
comme
possédant
la
connaissance
de
toutes
les
choses,
dans
la
mesure
où
cela
est
possible,
c'est-‐à-‐dire
sans
avoir
la
science
de
chacune
d'elles
en
particulier.
Ensuite,
celui
qui
est
capable
de
connaître
les
choses
difficiles
et
malaisément
accessibles
à
la
connaissance
humaine,
on
admet
que
celui-‐là
est
un
sage
(car
la
connaissance
sensible
étant
commune
à
tous
les
hommes,
est
facile,
et
n'a
rien
à
voir
avec
la
Sagesse).
En
outre,
celui
qui
connaît
les
causes
avec
plus
d'exactitude,
et
celui
qui
est
plus
capable
de
les
enseigner
sont,
dans
toute
espèce
de
science,
plus
sages.
De
plus,
parmi
les
sciences,
celle
que
l'on
choisit
pour
elle-‐
même
et
à
seule
fin
de
savoir,
est
considérée
comme
étant
plus
vraiment
Sagesse
que
celle
qui
est
choisie
en
vue
de
ses
résultats.
Enfin
une
science
dominatrice
est,
à
nos
yeux,
plus
une
sagesse
que
la
science
qui
lui
est
subordonnée
:
ce
n'est
pas,
en
effet,
au
sage
à
recevoir
des
lois,
c'est
à
lui
d'en
18.
donner
;
ce
n'est
pas
lui
qui
doit
obéir
à
autrui,
c'est
à
lui,
au
contraire,
que
doit
obéir
celui
qui
est
moins
sage. ARISTÓTELES
xvii
153. En quoi consiste la générosité.
Ainsi
je
crois
que
la
vraie
générosité,
qui
fait
qu'un
homme
s'estime
au
plus
haut
point
qu'il
se
peut
légitimement
estimer,
consiste
seulement
partie
en
ce
qu'il
connaît
qu'il
n'y
a
rien
qui
véritablement
lui
appartienne
que
cette
libre
disposition
de
ses
volontés,
ni
pourquoi
il
doive
être
loué
ou
blâmé
sinon
pour
ce
qu'il
en
use
bien
ou
mal,
et
partie
en
ce
qu'il
sent
en
soi-‐même
une
ferme
et
constante
résolution
d'en
bien
user,
c'est-‐à-‐dire
de
ne
manquer
jamais
de
volonté
pour
entreprendre
et
exécuter
toutes
les
choses
qu'il
jugera
être
les
meilleures
;
ce
qui
est
suivre
parfaitement
la
vertu.
154. Qu'elle empêche qu'on ne méprise les autres.
Ceux
qui
ont
cette
connaissance
et
sentiment
d'eux-‐mêmes
se
persuadent
facilement
que
chacun
des
autres
hommes
les
peut
aussi
avoir
de
soi,
parce
qu'il
n'y
a
rien
en
cela
qui
dépende
d'autrui.
C'est
pourquoi
ils
ne
méprisent
jamais
personne
;
et,
bien
qu'ils
voient
souvent
que
les
autres
commettent
des
fautes
qui
font
paraître
leur
faiblesse,
ils
sont
toutefois
plus
enclins
à
les
excuser
qu'à
les
blâmer,
et
à
croire
que
c'est
plutôt
par
manque
de
connaissance
que
par
manque
de
bonne
volonté
qu'ils
les
commettent
;
et
comme
ils
ne
pensent
point
être
de
beaucoup
inférieurs
à
ceux
qui
ont
plus
de
bien
ou
d'honneurs,
ou
même
qui
ont
plus
d'esprit,
plus
de
savoir,
plus
de
beauté,
ou
généralement
qui
les
surpassent
en
quelques
autres
perfections,
aussi
ne
s'estiment-‐ils
point
beaucoup
au-‐dessus
de
ceux
qu'ils
surpassent,
à
cause
que
toutes
ces
choses
leur
semblent
être
fort
peu
considérables,
à
comparaison
de
la
bonne
volonté,
pour
laquelle
seule
ils
s'estiment,
et
laquelle
ils
supposent
aussi
être
ou
du
moins
pouvoir
être
en
chacun
des
autres
hommes.
DESCARTES Les Passions de l'âme, articles 153 & 154