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O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas 
décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance 
brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da 
análise crítica da realidade. 
O quadro social, econômico e político que se 
verificava no Brasil e no mundo no início da 
década de 1930 – o nazifascismo, a crise da Bolsa 
de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao 
socialismo – exigia dos artistas uma nova postura 
diante da realidade, nova posição ideológica.
 
 
 
 Na prosa, foi evidente o interesse por temas 
nacionais, uma linguagem mais brasileira, com 
um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo 
Realismo – Naturalismo do século XIX. 
 O 
romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, 
onde problemas como a seca, a migração, os problemas do 
trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados. 
 Além do regionalismo, destacaram-se também outras 
temáticas, surgiu o romance urbano e psicológico, o romance 
poético-metafísico e a narrativa surrealista.
 A poesia da 2ª fase modernista percorreu um 
caminho de amadurecimento. No aspecto formal, o 
verso livre foi o melhor recurso para exprimir 
sensibilidade do novo tempo, se caracteriza como 
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 A rua dos cata ventos 
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 Que a luz trêmula e triste como um ai, 
 A luz de um morto não se apaga nunca! 
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1994)
 O Pastor PianistaSoltaram os pianos na planície deserta 
 Onde as sombras dos pássaros vêm beber. 
 Eu sou o pastor pianista,Vejo ao longe com alegria meus pianos 
 Recortarem os vultos monumentais 
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 Apascento os pianos: gritam 
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 Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, 
 Não cantaremos o ódio porque esse não existe, 
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 O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, 
 O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, 
 Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,c 
 Anta remos o medo da morte e o medo de depois da morte, 
 Depois morreremos de medo 
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 Depois do sol... 
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 Que o crepúsculo é como um luar 
 Iluminando um cemitério . . . 
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 Que tristeza, nos sonhos meus! 
 E quanto choro e quanto adeus 
 Neste mar de infelicidades! 
 Oh! Paisagens minhas de antanho . . . 
 Velhas, velhas . . . Nem vivem mais . . . 
 — As nuvens passam desiguais, 
 Com sonolência de rebanho . . . 
 Seres e coisas vão-se embora . . . 
 E, na auréola triste do luar, 
 Anda a lua, tão devagar, 
 Que parece Nossa Senhora 
 Pelos silêncios a sonhar... 
 Cecília Meireles
 A prosa de 1930 é chamada de Neo-realisto pela 
retomada de alguns aspectos do Realismo- 
Naturalismo, contudo, com características 
particulares preservadas.A literatura estava voltada 
para a realidade brasileira como forma de manifestar 
as então recentes crises sociais e inquietações da 
implantação do Estado Novo do governo Vargas e da 
Primeira Guerra Mundial.Os romancistas 
observavam com olhos críticos a realidade brasileira, 
as relações entre o homem e a sociedade. Pelo fato de 
os romancistas deste período adotarem como 
componente o lado emocional das personagens, esta 
fase se diferenciou do Naturalismo, onde este item 
foi descartado.A produção literária dessa fase pode 
ser dividida em três tipos de prosa:
 • Regionalista: tendência originada no Romantismo e 
adotada pelos naturalistas e pré-modernistas, na qual 
o tema é o regionalismo do nordeste, a miséria, a seca 
e o descaso dos políticos com esse estado. Essa 
propensão tem início com o romance A bagaceira, de 
José Américo de Almeida, em 1928. Os principais 
autores regionalistas são: José Lins do Rego, Jorge 
Amado, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos.
 • Urbana: tendência na qual a temática é a vida 
das grandes cidades, o homem da cidade e os 
problemas sociais, o homem e a sociedade, o 
homem e o meio em que vive. O principal 
autor é Érico Veríssimo, no início de sua 
carreira.
 • Intimista: tendência influenciada pela teoria 
psicanalítica de Freud e de outras correntes da 
psicologia. Tem como tema o mundo interior. É 
também chamada de prosa “de sondagem 
psicológica”. Os principais autores são: Lúcio 
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Literatura Brasileira 1930-40

  • 1. O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da análise crítica da realidade. O quadro social, econômico e político que se verificava no Brasil e no mundo no início da década de 1930 – o nazifascismo, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao socialismo – exigia dos artistas uma nova postura diante da realidade, nova posição ideológica.
  • 2.     Na prosa, foi evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira, com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo – Naturalismo do século XIX.  O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados.  Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas, surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.
  • 3.  A poesia da 2ª fase modernista percorreu um caminho de amadurecimento. No aspecto formal, o verso livre foi o melhor recurso para exprimir sensibilidade do novo tempo, se caracteriza como uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento de “estar-no-mundo”, inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa.
  • 4. Soneto de FidelidadeDe tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Vinicius de Moraes
  • 5.  A rua dos cata ventos  Da vez primeira em que me assassinaram,  Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.  Depois, a cada vez que me mataram,Foram levando qualquer coisa minha.  Hoje, dos meu cadáveres eu sou  O mais desnudo, o que não tem mais nada.  Arde um toco de Vela amarelada,  Como único bem que me ficou.  Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!  Pois dessa mão avaramente adunca  Não haverão de arrancar a luz sagrada!  Aves da noite! Asas do horror! Voejai!  Que a luz trêmula e triste como um ai,  A luz de um morto não se apaga nunca! Mario Quintana. (Alegrete RS, 1906 - Porto Alegre RS, 1994)
  • 6.  O Pastor PianistaSoltaram os pianos na planície deserta  Onde as sombras dos pássaros vêm beber.  Eu sou o pastor pianista,Vejo ao longe com alegria meus pianos  Recortarem os vultos monumentais  Contra a lua.  Acompanhado pelas rosas migradoras  Apascento os pianos: gritam  E transmitem o antigo clamor do homem  Que reclamando a contemplação,  Sonha e provoca a harmonia,  Trabalha mesmo à força,  E pelo vento nas folhagens,  Pelos planetas, pelo andar das mulheres,  Pelo amor e seus contrastes,  Comunica-se com os deuses.  Murilo Mendes
  • 7.  Congresso Internacional do Medo  Provisoriamente não cantaremos o amor,que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.  Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,  Não cantaremos o ódio porque esse não existe,  Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,  O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,  O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,  Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,c  Anta remos o medo da morte e o medo de depois da morte,  Depois morreremos de medo  E sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.  Carlos Drummond de Andrade
  • 8.  Depois do sol...  Fez-se noite com tal mistério,  Tão sem rumor, tão devagar,  Que o crepúsculo é como um luar  Iluminando um cemitério . . .  Tudo imóvel . . . Serenidades . . .  Que tristeza, nos sonhos meus!  E quanto choro e quanto adeus  Neste mar de infelicidades!  Oh! Paisagens minhas de antanho . . .  Velhas, velhas . . . Nem vivem mais . . .  — As nuvens passam desiguais,  Com sonolência de rebanho . . .  Seres e coisas vão-se embora . . .  E, na auréola triste do luar,  Anda a lua, tão devagar,  Que parece Nossa Senhora  Pelos silêncios a sonhar...  Cecília Meireles
  • 9.  A prosa de 1930 é chamada de Neo-realisto pela retomada de alguns aspectos do Realismo- Naturalismo, contudo, com características particulares preservadas.A literatura estava voltada para a realidade brasileira como forma de manifestar as então recentes crises sociais e inquietações da implantação do Estado Novo do governo Vargas e da Primeira Guerra Mundial.Os romancistas observavam com olhos críticos a realidade brasileira, as relações entre o homem e a sociedade. Pelo fato de os romancistas deste período adotarem como componente o lado emocional das personagens, esta fase se diferenciou do Naturalismo, onde este item foi descartado.A produção literária dessa fase pode ser dividida em três tipos de prosa:
  • 10.  • Regionalista: tendência originada no Romantismo e adotada pelos naturalistas e pré-modernistas, na qual o tema é o regionalismo do nordeste, a miséria, a seca e o descaso dos políticos com esse estado. Essa propensão tem início com o romance A bagaceira, de José Américo de Almeida, em 1928. Os principais autores regionalistas são: José Lins do Rego, Jorge Amado, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos.
  • 11.  • Urbana: tendência na qual a temática é a vida das grandes cidades, o homem da cidade e os problemas sociais, o homem e a sociedade, o homem e o meio em que vive. O principal autor é Érico Veríssimo, no início de sua carreira.
  • 12.  • Intimista: tendência influenciada pela teoria psicanalítica de Freud e de outras correntes da psicologia. Tem como tema o mundo interior. É também chamada de prosa “de sondagem psicológica”. Os principais autores são: Lúcio Cardoso, Clarice Lispector, Cornélio Pena, Otávio de Faria e Dionélio Machado.
  • 13.
  • 14.
  • 15.
  • 16.
  • 17.
  • 18.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25.
  • 26. fim