[1] A tecnologia social "Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar" foi desenvolvida no município de Embu das Artes para promover a produção e comercialização de alimentos de forma sustentável e garantir a segurança alimentar das comunidades; [2] Foram implantados 13 sistemas produtivos comunitários e capacitadas 840 pessoas, beneficiando 240 famílias; [3] A experiência recebeu certificação de tecnologia social em 2011 pela Fundação Banco do Brasil.
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
101 artigo enapegs
1. VI ENAPEGS
EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS
RELATO DA PRÁTICA
Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar: A Experiência de Embu
das Artes, São Paulo
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RIBEIRO, S.M. ; CAVALCANTE, B.C. ; ZAPPALA, J.H.B. ; YAMAMOTO, F.T.
Resumo
Relatar a experiência da tecnologia social “Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar”
desenvolvida na região metropolitana de São Paulo por meio da realização do Projeto
Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura
Urbana, bem como demonstrar a metodologia utilizada pela equipe técnica, resultados
alcançados ao longo do período de execução, além dos aprendizados extraídos com a
experiência apresentada.
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Silvana Maria Ribeiro. Faculdade de Saúde Pública - USP. E-mail: silmaribe@gmail.com
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Bruno Cutinhola Cavalcante. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade
de São Paulo - USP. E-mail: b_cavalcante@hotmail.com
3
John Herbert Badi Zappala. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de
São Paulo – USP. E-mail: jhzappa@yahoo.com.br
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Fabricio Takeo Yamamoto. Universidade Presbiteriana Makenzie. E-mail: chinabio@msn.com
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2. VI ENAPEGS
EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS
Relato da prática
A tecnologia social “Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar” foi desenvolvida por meio
do Projeto Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e
Agricultura Urbana no município de Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo. O
trabalho foi realizado em duas fases. Na primeira fase, de novembro de 2008 a janeiro de
2010 contou com o financiamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), gestão da Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes através da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e execução técnica da Sociedade Ecológica Amigos
de Embu – SEAE, uma organização não governamental existente desde 1972. Na segunda
fase, de fevereiro de 2010 a setembro de 2011, o trabalho foi ampliado graças ao convênio
estabelecido entre Prefeitura de Embu das Artes e SEAE.
Junto às comunidades em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar foram
realizadas atividades com ênfase na produção e na comercialização (geração de trabalho e
renda) e educação (saúde e meio ambiente; agroecologia, agricultura orgânica e
permacultura; soberania e segurança alimentar; cooperativismo, associativismo e economia
solidaria; educação ambiental); implantados 13 (treze) sistemas produtivos comunitários
nos moldes agroeocológicos (hortas, lavouras e sistemas agroflorestais) por meio de
assistência técnico-pedagógica, além de atividades extras como: oficinas, cursos de
capacitação, palestras e seminários com foco na agroecologia, permacultura, segurança
alimentar e nutricional, agricultura orgânica, economia solidaria e educação ambiental,
sempre se pautando nos princípios da educação popular, nas metodologias de cunho
participativo, autônomos e emancipatórios e nos processos voltados ao desenvolvimento
comunitário local sustentável.
Dentre os bairros envolvidos no trabalho, destacam-se: Itatuba, Centro, Dom José, Jardim
Fátima, Ressaca, São Marcos, Santa Emília, Santo Eduardo, São Luiz, Jardim
Independência, Vista Alegre, Jardim Tomé, entre outros.
Dos trezes sistemas produtivos implantados, seis foram desenvolvidos em Unidades
Básicas de Saúde (UBS) com envolvimento de pacientes e funcionários das unidades,
enfatizando o caráter intersetorial da experiência.
A metodologia desenvolvida envolveu as seguintes atividades: assistência técnico-
pedagógica nos sistemas produtivos; assistência técnico-pedagógica junto aos agricultores
familiares; realização de palestras, cursos, seminários, encontros temáticos com o intuito de
promover o fortalecimento das redes ligadas às temáticas abordadas na tecnologia social,
envolvendo as seguintes dimensões: social, política, ambiental, alimentar e da saúde.
Entre os resultados alcançados durante as duas fases de realização da tecnologia social
destacamos a capacitação de cerca de 840 pessoas por meio dos cursos e palestras
realizadas na primeira fase; implantação de trezes sistemas produtivos, beneficiando cerca
de 240 famílias na segunda fase; publicação da cartilha “Agricultura Urbana na Prática”
direcionada ao público em geral; parcerias realizadas com Unidades Básicas de Saúde –
UBS, envolvendo funcionários e usuários das UBS participantes dos seguintes programas:
Saúde da Família, Grupos de Hipertensos e Diabéticos, além dos Centros de Referência de
Assistência Social – CRAS, das Associações de Moradores, Sociedade Amigos de Bairro –
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SABs, Escolas da Rede Pública de Ensino, entre outros e ações desenvolvidas
intersetorialmente com as secretarias municipais de Assistência Social, Participação Cidadã,
Educação, Saúde, Desenvolvimento Urbano, além da secretaria de meio ambiente,
responsável pela gestão do Projeto Colhendo Sustentabildade.
Um dos eventos que mais se destacou durante a realização da segunda fase da tecnologia
social foi 1º Encontro Intermunicipal de Agroecologia, realizado no município de Embu das
Artes, em março de 2011, reunindo mais de 200 pessoas, representando 16 municípios de
São Paulo.
Muitos aprendizados foram extraídos com a prática apresentada, entre eles a importância do
envolvimento do poder público em trabalhos que envolvem ações na área social e
ambiental; as dificuldades de repasse de verbas, decorrentes dos trâmites burocráticos da
gestão pública, que na maioria das vezes dificultam ações de ordem prática e o desafio em
desenvolver ações de caráter intersetorial em todos os níveis do poder público. No caso da
tecnologia social de Embu das Artes percebemos que a intersetorialidade de base,
representada pelos funcionários dos aparelhos públicos, foi mais praticada e melhor
assimilada por estes em comparação com a intersetorialidade decorrente do alto escalão da
gestão pública, ficando a segunda mais no plano do discurso.
O trabalho desenvolvido no município de Embu das Artes, durante o período compreendido
entre 2008 e 2011, recebeu a certificação de tecnologia social 2011 pela Fundação Banco
do Brasil pelos resultados alcançados e pela sua facilidade na reaplicação em qualquer
lugar do país e do mundo, podendo ser visualizada no seguinte endereço eletrônico:
http://www.youtube.com/watch?v=G709eJZV1kU&context=C30c1a00ADOEgsToPDskJgcv
WkGrPXPzOIa9TXlwRG
Notas
Agroecologia é um novo campo de estudo que analisa os agroecossistemas, integrando
conhecimentos de agronomia, ecologia, economia, sociologia, entre outros. É proposto na
agroecologia que todo o manejo agrícola se baseie na busca de uma compreensão profunda
e detalhada das características do ecossistema local, buscando assim trabalhar com a
natureza e toda sua complexidade mineral e viva que ela compreende (Guzmán, 2005). Ela
também é caracterizada como um movimento sociopolítico, de empowerment do agricultor
em busca de sua identidade e raízes culturais, e, principalmente de sua autonomia, poder
de decisão e participação ativa no processo produtivo, favorecendo o local como foco de
ação (Caporal, Costabeber, 2004). Por não se limitar apenas ao espaço rural tem sido
aplicada também nos espaços urbanos, como no caso da agricultura urbana agroecológica.
Segurança Alimentar e Nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso
regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base, práticas
alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam
ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (CONSEA, 2009).
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Referências bibliográficas
CAPORAL, R.R.; COSTABEBER, J.A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília:
MDA/SAF/DATER-IICA, 2004.
CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – CONSEA.
Avanços e Desafios na Implementação do Direito Humano à Alimentação Adequada.
Brasília, 2009. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes/publiucacoes-
arquivos/avancos-e-desafios-na-implementacao-do-direito-humano-a-alimentacao-
adequada. Acesso em fev 2012.
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