SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  4
Télécharger pour lire hors ligne
VI ENAPEGS
EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS




                                                   RELATO DA PRÁTICA



             Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar: A Experiência de Embu
                                   das Artes, São Paulo
                                                   1               2                  3                      4
                                 RIBEIRO, S.M. ; CAVALCANTE, B.C. ; ZAPPALA, J.H.B. ; YAMAMOTO, F.T.



         Resumo




         Relatar a experiência da tecnologia social “Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar”
         desenvolvida na região metropolitana de São Paulo por meio da realização do Projeto
         Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura
         Urbana, bem como demonstrar a metodologia utilizada pela equipe técnica, resultados
         alcançados ao longo do período de execução, além dos aprendizados extraídos com a
         experiência apresentada.




         1
           Silvana Maria Ribeiro. Faculdade de Saúde Pública - USP. E-mail: silmaribe@gmail.com
         2
           Bruno Cutinhola Cavalcante. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade
         de São Paulo - USP. E-mail: b_cavalcante@hotmail.com
         3
           John Herbert Badi Zappala. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de
         São Paulo – USP. E-mail: jhzappa@yahoo.com.br
         4
           Fabricio Takeo Yamamoto. Universidade Presbiteriana Makenzie. E-mail: chinabio@msn.com
                                                                                                         1
VI ENAPEGS
EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS




         Relato da prática




         A tecnologia social “Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar” foi desenvolvida por meio
         do Projeto Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e
         Agricultura Urbana no município de Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo. O
         trabalho foi realizado em duas fases. Na primeira fase, de novembro de 2008 a janeiro de
         2010 contou com o financiamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
         Fome (MDS), gestão da Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes através da
         Secretaria Municipal de Meio Ambiente e execução técnica da Sociedade Ecológica Amigos
         de Embu – SEAE, uma organização não governamental existente desde 1972. Na segunda
         fase, de fevereiro de 2010 a setembro de 2011, o trabalho foi ampliado graças ao convênio
         estabelecido entre Prefeitura de Embu das Artes e SEAE.

         Junto às comunidades em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar foram
         realizadas atividades com ênfase na produção e na comercialização (geração de trabalho e
         renda) e educação (saúde e meio ambiente; agroecologia, agricultura orgânica e
         permacultura; soberania e segurança alimentar; cooperativismo, associativismo e economia
         solidaria; educação ambiental); implantados 13 (treze) sistemas produtivos comunitários
         nos moldes agroeocológicos (hortas, lavouras e sistemas agroflorestais) por meio de
         assistência técnico-pedagógica, além de atividades extras como: oficinas, cursos de
         capacitação, palestras e seminários com foco na agroecologia, permacultura, segurança
         alimentar e nutricional, agricultura orgânica, economia solidaria e educação ambiental,
         sempre se pautando nos princípios da educação popular, nas metodologias de cunho
         participativo, autônomos e emancipatórios e nos processos voltados ao desenvolvimento
         comunitário local sustentável.

         Dentre os bairros envolvidos no trabalho, destacam-se: Itatuba, Centro, Dom José, Jardim
         Fátima, Ressaca, São Marcos, Santa Emília, Santo Eduardo, São Luiz, Jardim
         Independência, Vista Alegre, Jardim Tomé, entre outros.

         Dos trezes sistemas produtivos implantados, seis foram desenvolvidos em Unidades
         Básicas de Saúde (UBS) com envolvimento de pacientes e funcionários das unidades,
         enfatizando o caráter intersetorial da experiência.

         A metodologia desenvolvida envolveu as seguintes atividades: assistência técnico-
         pedagógica nos sistemas produtivos; assistência técnico-pedagógica junto aos agricultores
         familiares; realização de palestras, cursos, seminários, encontros temáticos com o intuito de
         promover o fortalecimento das redes ligadas às temáticas abordadas na tecnologia social,
         envolvendo as seguintes dimensões: social, política, ambiental, alimentar e da saúde.

         Entre os resultados alcançados durante as duas fases de realização da tecnologia social
         destacamos a capacitação de cerca de 840 pessoas por meio dos cursos e palestras
         realizadas na primeira fase; implantação de trezes sistemas produtivos, beneficiando cerca
         de 240 famílias na segunda fase; publicação da cartilha “Agricultura Urbana na Prática”
         direcionada ao público em geral; parcerias realizadas com Unidades Básicas de Saúde –
         UBS, envolvendo funcionários e usuários das UBS participantes dos seguintes programas:
         Saúde da Família, Grupos de Hipertensos e Diabéticos, além dos Centros de Referência de
         Assistência Social – CRAS, das Associações de Moradores, Sociedade Amigos de Bairro –
                                                                                                    2
VI ENAPEGS
EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS




         SABs, Escolas da Rede Pública de Ensino, entre outros e ações desenvolvidas
         intersetorialmente com as secretarias municipais de Assistência Social, Participação Cidadã,
         Educação, Saúde, Desenvolvimento Urbano, além da secretaria de meio ambiente,
         responsável pela gestão do Projeto Colhendo Sustentabildade.

         Um dos eventos que mais se destacou durante a realização da segunda fase da tecnologia
         social foi 1º Encontro Intermunicipal de Agroecologia, realizado no município de Embu das
         Artes, em março de 2011, reunindo mais de 200 pessoas, representando 16 municípios de
         São Paulo.

         Muitos aprendizados foram extraídos com a prática apresentada, entre eles a importância do
         envolvimento do poder público em trabalhos que envolvem ações na área social e
         ambiental; as dificuldades de repasse de verbas, decorrentes dos trâmites burocráticos da
         gestão pública, que na maioria das vezes dificultam ações de ordem prática e o desafio em
         desenvolver ações de caráter intersetorial em todos os níveis do poder público. No caso da
         tecnologia social de Embu das Artes percebemos que a intersetorialidade de base,
         representada pelos funcionários dos aparelhos públicos, foi mais praticada e melhor
         assimilada por estes em comparação com a intersetorialidade decorrente do alto escalão da
         gestão pública, ficando a segunda mais no plano do discurso.

         O trabalho desenvolvido no município de Embu das Artes, durante o período compreendido
         entre 2008 e 2011, recebeu a certificação de tecnologia social 2011 pela Fundação Banco
         do Brasil pelos resultados alcançados e pela sua facilidade na reaplicação em qualquer
         lugar do país e do mundo, podendo ser visualizada no seguinte endereço eletrônico:
         http://www.youtube.com/watch?v=G709eJZV1kU&context=C30c1a00ADOEgsToPDskJgcv
         WkGrPXPzOIa9TXlwRG



         Notas



         Agroecologia é um novo campo de estudo que analisa os agroecossistemas, integrando
         conhecimentos de agronomia, ecologia, economia, sociologia, entre outros. É proposto na
         agroecologia que todo o manejo agrícola se baseie na busca de uma compreensão profunda
         e detalhada das características do ecossistema local, buscando assim trabalhar com a
         natureza e toda sua complexidade mineral e viva que ela compreende (Guzmán, 2005). Ela
         também é caracterizada como um movimento sociopolítico, de empowerment do agricultor
         em busca de sua identidade e raízes culturais, e, principalmente de sua autonomia, poder
         de decisão e participação ativa no processo produtivo, favorecendo o local como foco de
         ação (Caporal, Costabeber, 2004). Por não se limitar apenas ao espaço rural tem sido
         aplicada também nos espaços urbanos, como no caso da agricultura urbana agroecológica.



         Segurança Alimentar e Nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso
         regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
         comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base, práticas
         alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam
         ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (CONSEA, 2009).


                                                                                                   3
VI ENAPEGS
EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS




         Referências bibliográficas




         CAPORAL, R.R.; COSTABEBER, J.A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília:
         MDA/SAF/DATER-IICA, 2004.

         CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – CONSEA.
         Avanços e Desafios na Implementação do Direito Humano à Alimentação Adequada.
         Brasília, 2009. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes/publiucacoes-
         arquivos/avancos-e-desafios-na-implementacao-do-direito-humano-a-alimentacao-
         adequada. Acesso em fev 2012.




                                                                                                  4

Contenu connexe

Tendances

Pacto pela Vida Animal - Documento na íntegra
Pacto pela Vida Animal - Documento na íntegraPacto pela Vida Animal - Documento na íntegra
Pacto pela Vida Animal - Documento na íntegra
pactovidaanimal
 
Dossie abrasco 03
Dossie abrasco 03Dossie abrasco 03
Dossie abrasco 03
João Siqueira da Mata
 
Dossie abrasco 02
Dossie abrasco 02Dossie abrasco 02
Dossie abrasco 02
João Siqueira da Mata
 
Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013
Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013
Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013
Mauricio da Silva
 

Tendances (18)

Pacto pela Vida Animal - Documento na íntegra
Pacto pela Vida Animal - Documento na íntegraPacto pela Vida Animal - Documento na íntegra
Pacto pela Vida Animal - Documento na íntegra
 
Dossie abrasco 03
Dossie abrasco 03Dossie abrasco 03
Dossie abrasco 03
 
Aula politicas publicas e desenvolvimento rural
Aula politicas publicas e desenvolvimento ruralAula politicas publicas e desenvolvimento rural
Aula politicas publicas e desenvolvimento rural
 
Pacto pela vida animal
Pacto pela vida animalPacto pela vida animal
Pacto pela vida animal
 
Dossie abrasco 02
Dossie abrasco 02Dossie abrasco 02
Dossie abrasco 02
 
A Centralidade do Alimento
A Centralidade do Alimento A Centralidade do Alimento
A Centralidade do Alimento
 
Ciências Sociais Agrárias
Ciências Sociais AgráriasCiências Sociais Agrárias
Ciências Sociais Agrárias
 
Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013
Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013
Resolução nº 26 de 17 de junho de 2013
 
Centro Colaborador en Alimentación y Nutrición Escolar
Centro Colaborador en Alimentación y Nutrición EscolarCentro Colaborador en Alimentación y Nutrición Escolar
Centro Colaborador en Alimentación y Nutrición Escolar
 
Apresentação do Projeto Pirarucu-Gente
Apresentação do Projeto Pirarucu-GenteApresentação do Projeto Pirarucu-Gente
Apresentação do Projeto Pirarucu-Gente
 
Agricultura Urbana e Sustentabilidade Local - Janeiro 2010
Agricultura Urbana e Sustentabilidade Local - Janeiro 2010Agricultura Urbana e Sustentabilidade Local - Janeiro 2010
Agricultura Urbana e Sustentabilidade Local - Janeiro 2010
 
Caporal
CaporalCaporal
Caporal
 
55919 325713-1-pb
55919 325713-1-pb55919 325713-1-pb
55919 325713-1-pb
 
Receitas SaudáVeis
Receitas SaudáVeisReceitas SaudáVeis
Receitas SaudáVeis
 
Apresentação de extensão rural
Apresentação de extensão ruralApresentação de extensão rural
Apresentação de extensão rural
 
2013 - Redin e Silveira - Extensão universitária e extensão rural - diferença...
2013 - Redin e Silveira - Extensão universitária e extensão rural - diferença...2013 - Redin e Silveira - Extensão universitária e extensão rural - diferença...
2013 - Redin e Silveira - Extensão universitária e extensão rural - diferença...
 
Aproveitamento Integral dos Alimentos Mesa Brasil
Aproveitamento Integral dos Alimentos Mesa BrasilAproveitamento Integral dos Alimentos Mesa Brasil
Aproveitamento Integral dos Alimentos Mesa Brasil
 
Agricultura familiar
Agricultura familiarAgricultura familiar
Agricultura familiar
 

En vedette

Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir
Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir
Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir
DayDer Valencia
 

En vedette (20)

Exportações de carne bovina de Mato Grosso registram alta de quase 40% em maio
Exportações de carne bovina de Mato Grosso registram alta de quase 40% em maioExportações de carne bovina de Mato Grosso registram alta de quase 40% em maio
Exportações de carne bovina de Mato Grosso registram alta de quase 40% em maio
 
Preço da arroba do boi gordo bate mínima de 2011 em Mato Grosso
Preço da arroba do boi gordo bate mínima de 2011 em Mato Grosso   Preço da arroba do boi gordo bate mínima de 2011 em Mato Grosso
Preço da arroba do boi gordo bate mínima de 2011 em Mato Grosso
 
Programa de governo do Pastor Everaldo
Programa de governo do Pastor EveraldoPrograma de governo do Pastor Everaldo
Programa de governo do Pastor Everaldo
 
Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir
Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir
Informe de-control-de-medicamento-3-1 imprimir
 
Panarabismo
PanarabismoPanarabismo
Panarabismo
 
123
123123
123
 
Código Florestal Brasileiro - Lei número 12.651 - legislação ambiental
Código Florestal Brasileiro - Lei número 12.651 - legislação ambientalCódigo Florestal Brasileiro - Lei número 12.651 - legislação ambiental
Código Florestal Brasileiro - Lei número 12.651 - legislação ambiental
 
Orientações técnicas sobre efeitos da estiagem
Orientações técnicas sobre efeitos da estiagemOrientações técnicas sobre efeitos da estiagem
Orientações técnicas sobre efeitos da estiagem
 
Programación septiembre-diciembre 2015
Programación septiembre-diciembre 2015Programación septiembre-diciembre 2015
Programación septiembre-diciembre 2015
 
Trabajo de spd 2
Trabajo de spd 2Trabajo de spd 2
Trabajo de spd 2
 
Conclusões - Livro Marketing Básico
Conclusões - Livro Marketing BásicoConclusões - Livro Marketing Básico
Conclusões - Livro Marketing Básico
 
Arcos arteriales palmares y plantares
Arcos arteriales palmares y plantaresArcos arteriales palmares y plantares
Arcos arteriales palmares y plantares
 
bradschmelzerresume
bradschmelzerresumebradschmelzerresume
bradschmelzerresume
 
Quarto milha 12_10_13
Quarto milha 12_10_13Quarto milha 12_10_13
Quarto milha 12_10_13
 
Acórdão regimental
Acórdão regimentalAcórdão regimental
Acórdão regimental
 
El plan de marketing (1)vbb
El plan de marketing  (1)vbbEl plan de marketing  (1)vbb
El plan de marketing (1)vbb
 
Md100
Md100Md100
Md100
 
Produtor brasileiro usa em média 3,6 quilos de agrotóxicos por hectare, apont...
Produtor brasileiro usa em média 3,6 quilos de agrotóxicos por hectare, apont...Produtor brasileiro usa em média 3,6 quilos de agrotóxicos por hectare, apont...
Produtor brasileiro usa em média 3,6 quilos de agrotóxicos por hectare, apont...
 
Dieese
DieeseDieese
Dieese
 
Boletim Semanal Imea Milho 19/12/2011
Boletim Semanal Imea Milho 19/12/2011Boletim Semanal Imea Milho 19/12/2011
Boletim Semanal Imea Milho 19/12/2011
 

Similaire à 101 artigo enapegs

omp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdf
omp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdfomp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdf
omp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdf
ValmirCaroline
 
Resumo Fenerc 2011 - Presidente Venceslau
Resumo Fenerc 2011 - Presidente VenceslauResumo Fenerc 2011 - Presidente Venceslau
Resumo Fenerc 2011 - Presidente Venceslau
forumdealimetacao
 
Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013
Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013
Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013
Elson Schroeder
 
Apres educ ambiental comite 2010
Apres educ ambiental comite 2010Apres educ ambiental comite 2010
Apres educ ambiental comite 2010
Movimento Verde
 
Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-VidaEducação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
ADILSON RIBEIRO DE ARAUJO
 
A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...
A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...
A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...
João Soares
 
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação AlimentarGrupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
redeeco
 

Similaire à 101 artigo enapegs (20)

omp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdf
omp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdfomp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdf
omp,+Gerenciar+editora,+apr2019007_p.pdf
 
“AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim ...
“AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim ...“AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim ...
“AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim ...
 
Coleção Saber na Prática - Vol. 3, Agricultura Urbana
Coleção Saber na Prática - Vol. 3, Agricultura Urbana Coleção Saber na Prática - Vol. 3, Agricultura Urbana
Coleção Saber na Prática - Vol. 3, Agricultura Urbana
 
Resumo Fenerc 2011 - Presidente Venceslau
Resumo Fenerc 2011 - Presidente VenceslauResumo Fenerc 2011 - Presidente Venceslau
Resumo Fenerc 2011 - Presidente Venceslau
 
Cartilha agricultura urbana na pratica baixa resolução
Cartilha agricultura urbana na pratica baixa resoluçãoCartilha agricultura urbana na pratica baixa resolução
Cartilha agricultura urbana na pratica baixa resolução
 
Cartilha colhendo novo_baixa
Cartilha colhendo novo_baixaCartilha colhendo novo_baixa
Cartilha colhendo novo_baixa
 
Agricultura urbana na prática
Agricultura urbana na práticaAgricultura urbana na prática
Agricultura urbana na prática
 
Juventude do campo e transição agroecológica - LARANJEIRA, Nina Paula; BARBOS...
Juventude do campo e transição agroecológica - LARANJEIRA, Nina Paula; BARBOS...Juventude do campo e transição agroecológica - LARANJEIRA, Nina Paula; BARBOS...
Juventude do campo e transição agroecológica - LARANJEIRA, Nina Paula; BARBOS...
 
ACE - Sustentabilidade .pdf
ACE - Sustentabilidade .pdfACE - Sustentabilidade .pdf
ACE - Sustentabilidade .pdf
 
Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013
Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013
Apresentação REDEgenteSAN no Fórum Social Mundial 2013
 
E informativo 3 set2009
E informativo 3 set2009E informativo 3 set2009
E informativo 3 set2009
 
Tecnologias Sociais Comunitárias - ONG Ambiente em Foco
Tecnologias Sociais Comunitárias - ONG Ambiente em FocoTecnologias Sociais Comunitárias - ONG Ambiente em Foco
Tecnologias Sociais Comunitárias - ONG Ambiente em Foco
 
Apres educ ambiental comite 2010
Apres educ ambiental comite 2010Apres educ ambiental comite 2010
Apres educ ambiental comite 2010
 
06_Areas_de_Ciencias_Humanas_e_Ciencias_da_Natureza.pdf
06_Areas_de_Ciencias_Humanas_e_Ciencias_da_Natureza.pdf06_Areas_de_Ciencias_Humanas_e_Ciencias_da_Natureza.pdf
06_Areas_de_Ciencias_Humanas_e_Ciencias_da_Natureza.pdf
 
O impacto dos agrotóxicos na vida dos trabalhadores rurais: como promover saúde?
O impacto dos agrotóxicos na vida dos trabalhadores rurais: como promover saúde?O impacto dos agrotóxicos na vida dos trabalhadores rurais: como promover saúde?
O impacto dos agrotóxicos na vida dos trabalhadores rurais: como promover saúde?
 
Periódico Extensão Rural (Santa Maria) 2014-2
Periódico Extensão Rural (Santa Maria) 2014-2Periódico Extensão Rural (Santa Maria) 2014-2
Periódico Extensão Rural (Santa Maria) 2014-2
 
1° ciclo de seminarios
1° ciclo de seminarios1° ciclo de seminarios
1° ciclo de seminarios
 
Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-VidaEducação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
 
A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...
A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...
A Teoria e a Prática de Projetos Biofílicos em Espaços Exteriores e Urbanos -...
 
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação AlimentarGrupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Educação Alimentar
 

101 artigo enapegs

  • 1. VI ENAPEGS EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS RELATO DA PRÁTICA Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar: A Experiência de Embu das Artes, São Paulo 1 2 3 4 RIBEIRO, S.M. ; CAVALCANTE, B.C. ; ZAPPALA, J.H.B. ; YAMAMOTO, F.T. Resumo Relatar a experiência da tecnologia social “Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar” desenvolvida na região metropolitana de São Paulo por meio da realização do Projeto Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura Urbana, bem como demonstrar a metodologia utilizada pela equipe técnica, resultados alcançados ao longo do período de execução, além dos aprendizados extraídos com a experiência apresentada. 1 Silvana Maria Ribeiro. Faculdade de Saúde Pública - USP. E-mail: silmaribe@gmail.com 2 Bruno Cutinhola Cavalcante. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de São Paulo - USP. E-mail: b_cavalcante@hotmail.com 3 John Herbert Badi Zappala. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de São Paulo – USP. E-mail: jhzappa@yahoo.com.br 4 Fabricio Takeo Yamamoto. Universidade Presbiteriana Makenzie. E-mail: chinabio@msn.com 1
  • 2. VI ENAPEGS EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS Relato da prática A tecnologia social “Agroecologia Urbana e Segurança Alimentar” foi desenvolvida por meio do Projeto Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura Urbana no município de Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo. O trabalho foi realizado em duas fases. Na primeira fase, de novembro de 2008 a janeiro de 2010 contou com o financiamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), gestão da Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e execução técnica da Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE, uma organização não governamental existente desde 1972. Na segunda fase, de fevereiro de 2010 a setembro de 2011, o trabalho foi ampliado graças ao convênio estabelecido entre Prefeitura de Embu das Artes e SEAE. Junto às comunidades em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar foram realizadas atividades com ênfase na produção e na comercialização (geração de trabalho e renda) e educação (saúde e meio ambiente; agroecologia, agricultura orgânica e permacultura; soberania e segurança alimentar; cooperativismo, associativismo e economia solidaria; educação ambiental); implantados 13 (treze) sistemas produtivos comunitários nos moldes agroeocológicos (hortas, lavouras e sistemas agroflorestais) por meio de assistência técnico-pedagógica, além de atividades extras como: oficinas, cursos de capacitação, palestras e seminários com foco na agroecologia, permacultura, segurança alimentar e nutricional, agricultura orgânica, economia solidaria e educação ambiental, sempre se pautando nos princípios da educação popular, nas metodologias de cunho participativo, autônomos e emancipatórios e nos processos voltados ao desenvolvimento comunitário local sustentável. Dentre os bairros envolvidos no trabalho, destacam-se: Itatuba, Centro, Dom José, Jardim Fátima, Ressaca, São Marcos, Santa Emília, Santo Eduardo, São Luiz, Jardim Independência, Vista Alegre, Jardim Tomé, entre outros. Dos trezes sistemas produtivos implantados, seis foram desenvolvidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) com envolvimento de pacientes e funcionários das unidades, enfatizando o caráter intersetorial da experiência. A metodologia desenvolvida envolveu as seguintes atividades: assistência técnico- pedagógica nos sistemas produtivos; assistência técnico-pedagógica junto aos agricultores familiares; realização de palestras, cursos, seminários, encontros temáticos com o intuito de promover o fortalecimento das redes ligadas às temáticas abordadas na tecnologia social, envolvendo as seguintes dimensões: social, política, ambiental, alimentar e da saúde. Entre os resultados alcançados durante as duas fases de realização da tecnologia social destacamos a capacitação de cerca de 840 pessoas por meio dos cursos e palestras realizadas na primeira fase; implantação de trezes sistemas produtivos, beneficiando cerca de 240 famílias na segunda fase; publicação da cartilha “Agricultura Urbana na Prática” direcionada ao público em geral; parcerias realizadas com Unidades Básicas de Saúde – UBS, envolvendo funcionários e usuários das UBS participantes dos seguintes programas: Saúde da Família, Grupos de Hipertensos e Diabéticos, além dos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS, das Associações de Moradores, Sociedade Amigos de Bairro – 2
  • 3. VI ENAPEGS EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS SABs, Escolas da Rede Pública de Ensino, entre outros e ações desenvolvidas intersetorialmente com as secretarias municipais de Assistência Social, Participação Cidadã, Educação, Saúde, Desenvolvimento Urbano, além da secretaria de meio ambiente, responsável pela gestão do Projeto Colhendo Sustentabildade. Um dos eventos que mais se destacou durante a realização da segunda fase da tecnologia social foi 1º Encontro Intermunicipal de Agroecologia, realizado no município de Embu das Artes, em março de 2011, reunindo mais de 200 pessoas, representando 16 municípios de São Paulo. Muitos aprendizados foram extraídos com a prática apresentada, entre eles a importância do envolvimento do poder público em trabalhos que envolvem ações na área social e ambiental; as dificuldades de repasse de verbas, decorrentes dos trâmites burocráticos da gestão pública, que na maioria das vezes dificultam ações de ordem prática e o desafio em desenvolver ações de caráter intersetorial em todos os níveis do poder público. No caso da tecnologia social de Embu das Artes percebemos que a intersetorialidade de base, representada pelos funcionários dos aparelhos públicos, foi mais praticada e melhor assimilada por estes em comparação com a intersetorialidade decorrente do alto escalão da gestão pública, ficando a segunda mais no plano do discurso. O trabalho desenvolvido no município de Embu das Artes, durante o período compreendido entre 2008 e 2011, recebeu a certificação de tecnologia social 2011 pela Fundação Banco do Brasil pelos resultados alcançados e pela sua facilidade na reaplicação em qualquer lugar do país e do mundo, podendo ser visualizada no seguinte endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=G709eJZV1kU&context=C30c1a00ADOEgsToPDskJgcv WkGrPXPzOIa9TXlwRG Notas Agroecologia é um novo campo de estudo que analisa os agroecossistemas, integrando conhecimentos de agronomia, ecologia, economia, sociologia, entre outros. É proposto na agroecologia que todo o manejo agrícola se baseie na busca de uma compreensão profunda e detalhada das características do ecossistema local, buscando assim trabalhar com a natureza e toda sua complexidade mineral e viva que ela compreende (Guzmán, 2005). Ela também é caracterizada como um movimento sociopolítico, de empowerment do agricultor em busca de sua identidade e raízes culturais, e, principalmente de sua autonomia, poder de decisão e participação ativa no processo produtivo, favorecendo o local como foco de ação (Caporal, Costabeber, 2004). Por não se limitar apenas ao espaço rural tem sido aplicada também nos espaços urbanos, como no caso da agricultura urbana agroecológica. Segurança Alimentar e Nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base, práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (CONSEA, 2009). 3
  • 4. VI ENAPEGS EIXO TEMÁTICO 6: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS SOCIAIS Referências bibliográficas CAPORAL, R.R.; COSTABEBER, J.A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004. CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – CONSEA. Avanços e Desafios na Implementação do Direito Humano à Alimentação Adequada. Brasília, 2009. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes/publiucacoes- arquivos/avancos-e-desafios-na-implementacao-do-direito-humano-a-alimentacao- adequada. Acesso em fev 2012. 4