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Lisboa, 4 de Novembro de 2011


   Sessão 3: Seniores na Sociedade da Informação
    REPRESENTAÇÕES E USOS DAS
TECNOLOGIAS DIGITAIS POR DIFERENTES
 GRUPOS DE SENIORES EM PORTUGAL

Isabel Dias, Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da
                     Universidade do Porto
OBJECTO DE ESTUDO E OBJECTIVOS

 Análise das representações e dos usos das tecnologias de informação e
  comunicação (TIC) por parte de dois grupos de seniores (55 -65 anos e 66 ou mais
  anos).

 Conhecer o uso diferencial que os seniores mais jovens e mais velhos fazem das
  TIC.

 A relação que mantêm com as TIC.

 A importância das TIC para o desenvolvimento de competências digitais e de
  integração social.




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

 Sociedade em rede: consiste num tipo de organização social que resultou da
  interação entre, por um lado, a revolução tecnológica baseada nas tecnologias de
  informação e comunicação (TIC) e na engenharia genética e, por outro, nos
  processos sociais, económicos, culturais e políticos do último quarto do século XX.
  Tem uma existência global (Castells, 2005:I).

 É no contexto destas sociedades em rede que se desenvolve a vida quotidiana das
  pessoas, em particular, da nossa amostra.

 Estas sociedades assumem, em parte, a existência das novas tecnologias de
  informação e da comunicação (TIC), como a internet, e adaptam-nas às suas
  necessidades, aos seus interesses e valores, aos seus projetos.




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

 A existência da internet tem permitido aos seus utilizadores situarem-se num novo
  contexto:

 perceber a necessidade de se auto-informar e de se auto-educar num mundo de
  crescente valorização da formação ao longo da vida e da inovação;

 estabelecer redes de comunicação horizontal independentes dos meios de
  comunicação de massa;

 construir a autonomia da sociedade civil global como contrapeso à crise de
  legitimidade das instituições políticas.




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

 Envelhecimento ativo – Este conceito associa o envelhecimento à atividade
  económica, social e cultural, a qual se prolonga para além da reforma. Preconiza a
  aprendizagem ao longo da vida e a introdução de um sistema de reforma mais
  gradual. Refere-se ao desenvolvimento de atividades que permitam otimizar as
  capacidades individuais e manter um bom estado de saúde da pessoa idosa.

 Refere-se ao processo de otimização do potencial de bem-estar social, físico e
  mental das pessoas ao longo da vida para que este período, que é cada vez mais
  longo, seja vivido de forma autónoma e ativa (Tamer e Petriz, 2007: 183).




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

 Envelhecimento produtivo – um sénior produtivo é todo aquele que se envolve em
  atividades de realização significativas, pessoalmente satisfatórias e com um
  impacto positivo nas suas próprias vidas e na dos outros. Um papel produtivo será
  todo aquele que produz bens ou serviços, remunerados (e.g., emprego) ou não
  (e.g., voluntariado) (Kaye, Butter and Webster, 2003:204).

 “Ativo” não se refere unicamente à capacidade de estar fisicamente ativo, mas
  também ao envolvimento contínuo dos idosos nas questões sociais, económicas,
  espirituais, culturais e cívicas (Vallespir e Morey, 2007:241)




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

 Trata-se de um conceito que ultrapassa a abordagem centrada nas necessidades,
  para se focar nos direitos dos seniores em todos os domínios.



 Neste sentido, abrange, de igual modo, o conceito de educação permanente,
  também designado por educação ao longo da vida: enquanto oportunidade que
  garante aos indivíduos um conjunto de meios que lhes permite alcançar o
  equilíbrio entre trabalho, aprendizagem e vida ativa (Vallespir e Morey, 2007:245).




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

 Inclusão tecnológica - implica apreender o discurso da tecnologia, não apenas na
  óptica de execução e de qualificação, mas também na perspectiva dos sujeitos
  serem capazes de influírem sobre a importância e finalidades da própria
  tecnologia digital.

 Literacia digital - enquanto processo de assimilação de conhecimentos
  estruturados com determinada finalidade, mas também como possibilidade de
  construção de cidadania (Lima, Nogueira e Burgos, 2008).




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CONCEITOS DE REFERÊNCIA

•   Género: Entendido como a elaboração cultural do sexo. Refere-se aos
    comportamentos e expectativas socialmente aprendidos a propósito de ambos os
    sexos.

•   Refere-se aos processos sociais que levam à interiorização por homens e mulheres
    dos efeitos das atribuições sociais aos comportamentos que se esperam e
    exprimem em todos os domínios da vida social (Guionnet e Neveu, 2005: 5).

•   Proporciona-nos uma lente de leitura importante para a compreensão dos
    diferentes processos de interação dos homens e mulheres mais velhos com as TIC.




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ESTRATÉGIA METODOLÓGICA


 O estudo articula uma análise qualitativa e extensiva.

 Abordagem qualitativa: foram analisadas 30 entrevistas semi-estruturadas das 130

   realizadas a famílias residentes em Portugal entre os meses de Novembro e

   Dezembro de 2009 (Projecto Inclusão e Participação Digital - 2009-2011).

 O ponto de vista subjetivo dos seniores é apresentado sob a forma de transcrições

   dos seus discursos.

 Amostra: Foram selecionadas as entrevistas realizadas aos indivíduos com idades

   compreendidas entre os 55 e os 90 anos. Os seniores foram subdivididos entre os

   mais jovens (55-65 anos) e os mais velhos (66 ou mais anos).

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ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

 Abordagem quantitativa: foi administrado um inquérito por questionário a uma
  amostra composta por 792 utilizadores de espaços de internet e frequentadores
  de centros de emprego das cidades de Lisboa, Porto e Coimbra.

 Amostra: a nossa análise incidiu nos indivíduos com idades compreendidas entre
  os 55-65 anos e com 66 ou mais anos.

 54 indivíduos com idades entre os 55-65 anos;
 37 com 66 ou mais anos.




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CARACTERISTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS


                 Quadro 1. Género e idade dos inquiridos




                                      Idade
                         55-65 anos           66 ou mais         Total
        Género                                   anos

                         N        %           N       %     N            %
Masculino                32      56,1         17     50,0   49       53,8
Feminino                 25      43,9         17     50,0   42       46,2
Total                    57     100,0         34    100,0   91       100,0




                                                                             12
CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS

                       Quadro 2. Educação dos inquiridos, idade e género

                                                                  Género
                                                                                              Total
      Escalão etário      Educação dos inquiridos       Masculino          Feminino
                                                        N       %          N      %      N             %
                       1º ciclo                         4      12,5        6     24,0    10           17,5
                       2º ciclo                         5      15,6        0      0,0     5            8,8
                       3º ciclo                         3       9,4        5     20,0     8           14,0
                       Ensino secundário incompleto     2       6,3        3     12,0     5            8,8
55-65 anos             Ensino secundário completo       8      25,0        6     24,0    14           24,6
                       Frequência ensino superior       3       9,4        0      0,0    3            5,3
                       Ensino superior completo         7      21,9        5     20,0    12           21,1
                       Total                            32     100,0       25    100,0   57       100,0
                       1º ciclo                         3      17,6        6     35,3    9            26,5
                       2º ciclo                         0       0,0        1      5,9    1             2,9
                       3º ciclo                         4      23,5        4     23,5    8            23,5
                       Ensino secundário incompleto     3      17,6        3     17,6    6            17,6
66 ou mais anos        Ensino secundário completo       1       5,9        1      5,9    2            5,9
                       Frequência ensino superior       1       5,9        0      0,0    1            2,9
                       Ensino superior completo         5      29,4        2     11,8    7            20,6
                       Total                            17     100,0       17    100,0   34       100,0


                                                                                                      13
CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS

                   Quadro 3. Condição laboral dos inquiridos, idade e Género
                                                                   Género
                                                           Masculino      Feminino             Total
 Escalão etário       Condição laboral dos inquiridos
                                                           N        %          N    %      N           %
                  Exerce uma profissão a tempo inteiro     7       21,9        6   24,0    13     22,8
                  Exerce uma profissão a tempo parcial     1       3,1         1    4,0    2       3,5
                  Desempregado(a)                          7       21,9    12      48,0    19     33,3
                  Estudante-trabalhador                    1       3,1         0    0,0    1       1,8
                  Formando                                 1       3,1         0    0,0    1       1,8
55-65 anos        Ocupa-se exclusivamente das tarefas do
                                                           0       0,0         1    4,0    1       1,8
                  lar
                  Reformado(a)                             13      40,6        5   20,0    18     31,6
                  Incapacitado(a) para o trabalho          1       3,1         0    0,0    1       1,8
                  Outra situação                           1       3,1         0    0,0    1       1,8
                  Total                                    32     100,0    25      100,0   57     100,0
                  Exerce uma profissão a tempo inteiro     1       5,9         0    0,0    1       2,9
                  Exerce uma profissão a tempo parcial     1       5,9         0    0,0    1       2,9
                  Desempregado(a)                          1       5,9         0    0,0    1       2,9
66 ou mais anos
                  Reformado(a)                             14      82,4    17      100,0   31     91,2

                  Total                                    17     100,0    17      100,0   34     100,0
                                                                                                       14
CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS

 Género e idade: existe na nossa amostra (n=91) um número aproximado de
  homens e mulheres, com um ligeiro predomínio dos seniores mais jovens.

 Predominam baixos níveis de escolaridade, sobretudo nos seniroes mais velhos.
  Contudo, 20,9% dos seniores têm o ensino superior, com um ligeiro predomínio
  dos homens (13,2% para 7,7% das mulheres).

 Condição laboral actual: a maioria encontra-se reformado (53,8%).

 Na condição de reformados encontram-se 91,2% dos seniores mais velhos para
  31,6% dos mais novos.

 Porém, 33,3% dos que têm entre 55-65 anos estão desempregados, com destaque
  para as mulheres (48% para 21,9% dos homens).


                                                                             15
USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E
                             MOTIVAÇÕES




                                                                     16
USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Televisão: 100% dos seniores de ambos os escalões etários têm este equipamento.
    Neste caso, não há diferenças significativas de género ou idade.



•   Telemóvel: 100% das seniores jovens e mais velhas possuem este equipamento.

•   Este equipamento também se encontra fortemente presente nos seniores de
    ambos escalões do sexo masculino.




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Telefone fixo: está presente nos agregados domésticos dos seniores,
    principalmente das mulheres (jovens e mais velhas).



•   O computador portátil e de secretária está mais presente nos agregados
    domésticos dos seniores mais jovens, de ambos os sexos.



•   Esta tendência encontra-se igualmente presente no caso da televisão por cabo ou
    satélite (62,5% de homens entre os 55-65 anos, para 80,0% de mulheres do
    mesmo escalão).




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   De uma forma geral, os seniores têm alguma familiaridade com os media, sejam os
    mais jovens (55-65 anos), sejam os mais velhos (66 anos e mais).

•   Subjacente à aquisição das tecnologias da informação e da comunicação por parte
    dos seniores, encontram-se motivações ligadas a necessidades de lazer,
    entretenimento e informação.

•   O interesse por programas noticiosos é comum a todos, homens e mulheres.

•   Porém, para as mulheres idosas, as telenovelas encontram-se entre os seus
    programas preferidos.




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES


•   “Entretenho-me muito com as telenovelas”.
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•   “Gosto de ouvir as notícias… tanto faz na televisão, como na Rádio Renascença.
    Gosto de ouvir as notícias, isso gosto”.
                                                          (Dália, 78 anos, reformada)




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Independentemente da idade dos seniores, observa-se uma adesão positiva ao
    telemóvel. Porém, os mais jovens adquirem telemóveis tecnologicamente mais
    equipados e usam-nos com fins mais específicos.



•   “O meu telemóvel tem câmara fotográfica, tem MP3 e tem jogos. Para além das
    chamadas e das mensagens que são as funções básicas de um telemóvel, utilizo
    com bastante frequência o MP3”.
                                                     (José, 58 anos, comerciante)

•   “O meu telemóvel é Nokia. Tem uma máquina fotográfica, 3.2 mega. Já é velhinho
    e vai ser trocado por outro melhor. (…) No meu telemóvel tenho lá 1400 músicas”.

                                                         (Diva, 56 anos, empregada de limpeza)

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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Os mais velhos optam por telemóveis tecnologicamente menos evoluídos e usam-
    nos para comunicar com a família e amigos, mas também para resolverem
    situações-problemas.

•   “Não saio sem telemóvel. É o mais simples possível. Gosto de receber chamadas e
    telefonar. Não muito complicado, nada mais”.
                                                        (Celeste, 67 anos, doméstica)



•   “Eu uso mais para falar com as minhas filhas… é só para falar com a família e os
    amigos”.
                                                        (Lurdes, 59 anos, reformada)




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   A idade, mais do que o género, explica uma certa apetência por equipamentos
    como o computador, consola e consola ligada à internet, presentes sobretudo nos
    seniores mais jovens de ambos os sexos.

•   São os seniores mais velhos que mais referem não ter computador de secretária
    (64,7% dos homens para 52,9% das mulheres) ou portátil (47,1% e 64,7%
    respectivamente).

•   Esta situação é corroborada por alguns dos testemunhos dos nossos entrevistados:

•   “Não, um computador? Eu não sei, alguma vez sei mexer nisso? Eu nem sei ver o
    que é um computador”.
                                                         (Dália, 78 anos, reformada



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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   À ausência de necessidade pessoal e social de computador, junta-se uma certa
    iliteracia no que diz respeito ao seu uso. Esta situação é tanto mais acentuada,
    quanto os seniores avançam na idade.

•   Porém, também existem situações em que apesar de haver um computador no lar,
    o sénior não o utiliza, por razões idênticas às supramencionadas.

•   É o caso de Manuel, de 63 anos, em que o computador foi adquirido para os
    “filhos”, mas “nunca usa”, embora seja empresário.




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           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Todavia, outros seniores usam o computador com vários fins. É o caso de Diva e de
    Henriqueta:

•   “Eu uso desde 1998. (…) Eu ouço música, eu vejo filme, eu me informo de tudo o
    que há no mundo, pesquiso. Dá para fazer trabalho, dependendo do que você quer.
    Você tem acesso a todos os programas”.
                                               (Diva,56 anos, empregada de limpeza)



•   “Eu comecei a mexer no computador como instrumento de trabalho. Portanto, há
    uns 15, 20 anos. (…) Portanto, eu aprendi a mexer, a utilizar o computador na aula
    como instrumento de trabalho. A partir daí nunca mais parei”
                                                     (Henriqueta, 58 anos, professora



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                                                                                    25
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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   A baixa predisposição para o uso de computador está, de certa forma, relacionada
    com um fraco acesso à internet e seu uso, não obstante os entrevistados terem
    conhecimento dos locais onde este serviço poderá estar acessível (e.g., bibliotecas
    públicas).



•   Relativamente ao uso da internet constatam-se não só diferenças de idade, como
    de género:

•   São os homens e as mulheres mais jovens (55-65 anos) que usam:

•   frequentemente ou pouco a internet (61,3% e 32%, respectivamente);

•   ou usam muito frequentemente (32,2 % dos homens para 28,0% das mulheres).

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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES


•   Nos seniores mais velhos – homens e mulheres estes valores são estatisticamente
    pouco expressivos.

•   Ainda assim, as mulheres de ambos os escalões etários apresentam uma menor
    predisposição para o uso da internet.




                                                                                 27
USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
  COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

   Fig. 1. Frase que melhor descreve o uso da internet por idade e género




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   O acesso à internet também varia em função da idade e do género:

•   Seniores mais jovens do sexo masculino: o acesso faz-se primeiro em casa (39,9%)
    e na biblioteca (39,0%) e de seguida no trabalho(26,8%).

•   A primeira situação observa-se, de igual modo, para os seniores mais velhos:
    acesso na biblioteca (52,9%) e em casa (47,1%). O acesso no trabalho não se faz
    devido à sua condição maioritária de reformados.

•   No caso das mulheres, as mais jovens têm primeiramente acesso em casa (31,7%)
    e na biblioteca (14,6%), enquanto para as seniores mais velhas estes dois espaços
    aparecem em igualdade de circunstâncias (11,8% para o acesso em casa e na
    biblioteca).



                                                                                   29
USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
  COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

        Fig. 2. Locais de acesso à internet por idade e género




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            COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Em suma, observa-se, na nossa amostra, uma fraca predisposição para o uso das
    tecnologias da informação e da comunicação (TIC), principalmente entre as
    mulheres.

•   Porém, os seniores que usam a internet fazem-no com motivações e interesses
    distintos.

•   É o caso das seniores mais jovens que usam internet para vários fins, destacando-
    se aqui aquelas que têm o ensino superior.

•    Esta é a situação de Silvia Elisa, por exemplo, que usa a internet com finalidades
    distintas e sobretudo no local de trabalho: “(…) Pelo menos uma vez por dia, para
    ver o meu e-mail, para procurar alguma informação…”
                                                                    (63 anos, professora


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                                                                                      31
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           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Analisamos, de igual modo, a relação entre o uso da internet e o incremento ou
    não dos contactos com familiares ou outras pessoas.

•    Observa-se que entre os seniores mais jovens, homens e mulheres, há uma
    tendência para a manutenção dos mesmos.

•   Contudo, no caso dos seniores mais velhos do sexo masculino há uma tendência
    para o aumento desses mesmos contactos quer com familiares (que vivem
    próximo ou longe), quer com pessoas com quem partilham interesses comuns.




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
         COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

Fig. 3. Desde que começou a usar a internet aumentou, manteve ou diminuiu os seus contactos com as
                                            seguintes pessoas




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           COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Diva, por exemplo, não abdica da utilização diária da internet para fins de
    comunicação e de entretenimento: “Eu uso para falar com meus amigos no
    mundo todo. Falo com meus familiares. Me comunico por e-mail, oiço música, vejo
    filme, tanta coisa!”
                                                                (56 anos, empregada de limpeza)




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
            COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

•   Quando inquiridos sobre se seria muito difícil deixar de possuir algumas
    Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC), deixar de ter televisão e
    telemóvel são das tecnologias mais apontadas tanto pelos seniores jovens como
    pelos mais velhos, com destaque para as mulheres de ambos os escalões etários.

•   Tal reforça a adesão massiva dos seniores a estas tecnologias.




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USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA
  COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES

     Fig. 4. Até que ponto seria difícil deixar de ter as seguintes TIC




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                                                                          36
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CONCLUSÕES

•   Os dados apresentados evidenciam, de alguma forma, uma relação entre a idade,
    o género dos entrevistados e algumas tecnologias de informação e da
    comunicação, em particular o telemóvel, o computador e a internet.

•   São, com efeito, os homens seniores (inclusive os mais velhos) que revelam um
    uso mais frequente desta última tecnologia.

•   No caso das mulheres, são as idosas mais jovens que o fazem, embora por razões
    distintas.




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CONCLUSÕES

•   Apesar de alguns seniores mais jovens usarem a internet por razões profissionais,
    os mais velhos fazem-no por necessidades de pesquisa, obtenção de informação,
    comunicação, entretenimento, lazer e interação com as gerações mais novas
    (filhos e netos).

•   Nas mulheres idosas mais jovens destaca-se o uso com fins de comunicação e
    interação com familiares e amigos. Estas razões são comuns ao uso do
    computador.




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CONCLUSÕES

•   São mais as mulheres que usam pouco o computador e a internet, principalmente
    as mais velhas.

•   Algumas, devido ao estado avançado da idade, recusam o próprio “conceito” de
    computador, outras admitem que teriam dificuldades no seu uso, porém referem
    que quando têm necessidade de alguma informação solicitam a colaboração de
    familiares.

•   Podemos, afirmar que no caso das mulheres idosas-jovens existe uma relação
    positiva entre nível de escolaridade superior e uso de tecnologias digitais.

•   Por seu turno, nas idosas mais velhas observa-se uma relação negativa entre
    baixos níveis de escolaridade e nenhum uso do computador e da internet.



                            Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                               39
                                    de Novembro de 2011
CONCLUSÕES

•   Tal não sucede entre os seniores do sexo masculino, quer entre os mais jovens,
    quer entre os mais velhos.



•   Em ambos os casos constata-se um uso considerável de ambas as tecnologias ora
    por razões profissionais, ora por necessidades e interesses associados à pesquisa,
    consulta, informação, cultura, lazer, entretenimento e comunicação.




                             Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                                    40
                                     de Novembro de 2011
CONCLUSÕES

•   A relação dos seniores com alguns media é distinta da descrita relativamente ao
    uso do computador e da internet.

•   Vimos que a televisão e o telemóvel surgem como os meios de comunicação mais
    frequentes quer para entretenimento e lazer, quer com o fim de comunicação.

•   O telemóvel é representado como um meio essencial de comunicação com a
    família e os amigos, desempenhando, de certa forma, uma função de incremento
    das sociabilidades amicais e intergeracionais




                            Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                                 41
                                    de Novembro de 2011
CONCLUSÕES

•   Para os idosos mais velhos, sobretudo as mulheres, os telemóveis devem ser
    tecnologicamente simples.

•   Ao contrário dos seniores mais jovens, que para além de adquirem telemóveis de
    gerações tecnologicamente mais avançadas, usam-nos com vários fins (e.g.,
    comunicação, entretenimento, lazer, navegar na internet, etc.).




                            Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                                42
                                    de Novembro de 2011
CONCLUSÕES

•   O interesse pelas tecnologias digitais e o seu uso com finalidades distintas é
    revelador de um comportamento, por parte de alguns seniores, que se inscreve,
    como vimos, na noção de formação ao longo da vida, contribuindo assim para a
    sua inclusão nas sociedades tecnológicas atuais e para o fomento das relações e
    solidariedades intergeracionais e amicais.



•   Inscreve-se, de igual modo, no conceito de envelhecimento produtivo, na medida
    em que tais práticas permitem o envolvimento dos seniores em actividades de
    realização significativas, pessoalmente satisfatórias e com um impacto positivo nas
    suas vidas e nas dos outros (Kaye, Butter e Webster, 2003).




                             Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                                     43
                                     de Novembro de 2011
CONCLUSÕES

•   Em síntese, subjacente ao uso das tecnologias digitais por parte dos seniores da
    nossa amostra encontram-se funções de actualização pessoal e profissional, de
    comunicação, informação e conhecimento, de pesquisa de serviços, lazer,
    entretenimento e de convívio com familiares e amigos.

•   São, portanto, um meio de inclusão sociodigital.

•   As mulheres mais velhas(66 e mais anos) são, como vimos, as que manifestam
    níveis mais baixos de interesse pelas tecnologias de informação e da comunicação.

•   Importa estar, de igual modo, atento ao género da(ex)inclusão digital nesta fase
    do ciclo de vida humana.




                              Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                                   44
                                      de Novembro de 2011
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

•   CASTELLS, M. (2007), La Sociedad Red, Vol. I, Madrid, Alianza Editorial.
•   GUIONNET, Christine; NEVEU, Erik (2005), Féminins/Masculins. Sociologie du Genre, Paris,
    Armand Colin.
•   KAYE, L. W.; BUTTER, S. S.; WEBSTER, N. M. (2003), “Toward a productive ageing paradigm for
    geriatric practice, in Ageing International, 28 (2), pp. 200-213.
•   LIMA, I. ; NOGUEIRA, S. ; BURGOS, T. (2008), “Inclusão do idoso no mundo digital: Realidade
    Mossoroense e cenário brasileiro”, XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,
    Natal, 2 a 6 de Setembro.
•   MARSHALL, Victor W., “The state of theory aging and the social sciences”, in Robert H.
    Binstock & Linda K. George (eds.), Handbook of Aging and the Social Sciences, California,
    Academic Press, 1995, pp. 12-30.
•   TAMER, Norma Liliana; PETRIZ, Graciela (2007), “A qualidade de vida dos idosos”, Agustín
    Requejo Osório; Fernando Cabral Pinto (coord.), As Pessoas Idosas. Contexto Social e
    Intervenção Educativa, Lisboa, Instituto Piaget, Cap. VI, pp. 181-223.
•   VALLESPIR, Jordi; MOREY, Mercè (2007), “A participação dos idosos na sociedade: Integração
    Vs. Segregação”, Agustín Requejo Osório; Fernando Cabral Pinto (coord.), As Pessoas Idosas.
    Contexto Social e Intervenção Educativa, Lisboa, Instituto Piaget, Cap. VIII, pp. 225-251.

                                Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4
                                                                                             45
                                        de Novembro de 2011
Agradeço a atenção.

   PowerPoint disponível no site do
Projecto Inclusão e Participação Digital
       http://digital_inclusion.up.pt



      Isabel Dias, mdias@letras.up.pt

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Representações e usos das tecnologias digitais por diferentes grupos de seniores em Portugal

  • 1. Lisboa, 4 de Novembro de 2011 Sessão 3: Seniores na Sociedade da Informação REPRESENTAÇÕES E USOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS POR DIFERENTES GRUPOS DE SENIORES EM PORTUGAL Isabel Dias, Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
  • 2. OBJECTO DE ESTUDO E OBJECTIVOS  Análise das representações e dos usos das tecnologias de informação e comunicação (TIC) por parte de dois grupos de seniores (55 -65 anos e 66 ou mais anos).  Conhecer o uso diferencial que os seniores mais jovens e mais velhos fazem das TIC.  A relação que mantêm com as TIC.  A importância das TIC para o desenvolvimento de competências digitais e de integração social. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 de Novembro de 2011 2
  • 3. CONCEITOS DE REFERÊNCIA  Sociedade em rede: consiste num tipo de organização social que resultou da interação entre, por um lado, a revolução tecnológica baseada nas tecnologias de informação e comunicação (TIC) e na engenharia genética e, por outro, nos processos sociais, económicos, culturais e políticos do último quarto do século XX. Tem uma existência global (Castells, 2005:I).  É no contexto destas sociedades em rede que se desenvolve a vida quotidiana das pessoas, em particular, da nossa amostra.  Estas sociedades assumem, em parte, a existência das novas tecnologias de informação e da comunicação (TIC), como a internet, e adaptam-nas às suas necessidades, aos seus interesses e valores, aos seus projetos. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 3 de Novembro de 2011
  • 4. CONCEITOS DE REFERÊNCIA  A existência da internet tem permitido aos seus utilizadores situarem-se num novo contexto:  perceber a necessidade de se auto-informar e de se auto-educar num mundo de crescente valorização da formação ao longo da vida e da inovação;  estabelecer redes de comunicação horizontal independentes dos meios de comunicação de massa;  construir a autonomia da sociedade civil global como contrapeso à crise de legitimidade das instituições políticas. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 4 de Novembro de 2011
  • 5. CONCEITOS DE REFERÊNCIA  Envelhecimento ativo – Este conceito associa o envelhecimento à atividade económica, social e cultural, a qual se prolonga para além da reforma. Preconiza a aprendizagem ao longo da vida e a introdução de um sistema de reforma mais gradual. Refere-se ao desenvolvimento de atividades que permitam otimizar as capacidades individuais e manter um bom estado de saúde da pessoa idosa.  Refere-se ao processo de otimização do potencial de bem-estar social, físico e mental das pessoas ao longo da vida para que este período, que é cada vez mais longo, seja vivido de forma autónoma e ativa (Tamer e Petriz, 2007: 183). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 5 de Novembro de 2011
  • 6. CONCEITOS DE REFERÊNCIA  Envelhecimento produtivo – um sénior produtivo é todo aquele que se envolve em atividades de realização significativas, pessoalmente satisfatórias e com um impacto positivo nas suas próprias vidas e na dos outros. Um papel produtivo será todo aquele que produz bens ou serviços, remunerados (e.g., emprego) ou não (e.g., voluntariado) (Kaye, Butter and Webster, 2003:204).  “Ativo” não se refere unicamente à capacidade de estar fisicamente ativo, mas também ao envolvimento contínuo dos idosos nas questões sociais, económicas, espirituais, culturais e cívicas (Vallespir e Morey, 2007:241) Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 6 de Novembro de 2011
  • 7. CONCEITOS DE REFERÊNCIA  Trata-se de um conceito que ultrapassa a abordagem centrada nas necessidades, para se focar nos direitos dos seniores em todos os domínios.  Neste sentido, abrange, de igual modo, o conceito de educação permanente, também designado por educação ao longo da vida: enquanto oportunidade que garante aos indivíduos um conjunto de meios que lhes permite alcançar o equilíbrio entre trabalho, aprendizagem e vida ativa (Vallespir e Morey, 2007:245). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 7 de Novembro de 2011
  • 8. CONCEITOS DE REFERÊNCIA  Inclusão tecnológica - implica apreender o discurso da tecnologia, não apenas na óptica de execução e de qualificação, mas também na perspectiva dos sujeitos serem capazes de influírem sobre a importância e finalidades da própria tecnologia digital.  Literacia digital - enquanto processo de assimilação de conhecimentos estruturados com determinada finalidade, mas também como possibilidade de construção de cidadania (Lima, Nogueira e Burgos, 2008). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 8 de Novembro de 2011
  • 9. CONCEITOS DE REFERÊNCIA • Género: Entendido como a elaboração cultural do sexo. Refere-se aos comportamentos e expectativas socialmente aprendidos a propósito de ambos os sexos. • Refere-se aos processos sociais que levam à interiorização por homens e mulheres dos efeitos das atribuições sociais aos comportamentos que se esperam e exprimem em todos os domínios da vida social (Guionnet e Neveu, 2005: 5). • Proporciona-nos uma lente de leitura importante para a compreensão dos diferentes processos de interação dos homens e mulheres mais velhos com as TIC. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 9 de Novembro de 2011
  • 10. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA  O estudo articula uma análise qualitativa e extensiva.  Abordagem qualitativa: foram analisadas 30 entrevistas semi-estruturadas das 130 realizadas a famílias residentes em Portugal entre os meses de Novembro e Dezembro de 2009 (Projecto Inclusão e Participação Digital - 2009-2011).  O ponto de vista subjetivo dos seniores é apresentado sob a forma de transcrições dos seus discursos.  Amostra: Foram selecionadas as entrevistas realizadas aos indivíduos com idades compreendidas entre os 55 e os 90 anos. Os seniores foram subdivididos entre os mais jovens (55-65 anos) e os mais velhos (66 ou mais anos). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 10 de Novembro de 2011
  • 11. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA  Abordagem quantitativa: foi administrado um inquérito por questionário a uma amostra composta por 792 utilizadores de espaços de internet e frequentadores de centros de emprego das cidades de Lisboa, Porto e Coimbra.  Amostra: a nossa análise incidiu nos indivíduos com idades compreendidas entre os 55-65 anos e com 66 ou mais anos.  54 indivíduos com idades entre os 55-65 anos;  37 com 66 ou mais anos. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 11 de Novembro de 2011
  • 12. CARACTERISTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS Quadro 1. Género e idade dos inquiridos Idade 55-65 anos 66 ou mais Total Género anos N % N % N % Masculino 32 56,1 17 50,0 49 53,8 Feminino 25 43,9 17 50,0 42 46,2 Total 57 100,0 34 100,0 91 100,0 12
  • 13. CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS Quadro 2. Educação dos inquiridos, idade e género Género Total Escalão etário Educação dos inquiridos Masculino Feminino N % N % N % 1º ciclo 4 12,5 6 24,0 10 17,5 2º ciclo 5 15,6 0 0,0 5 8,8 3º ciclo 3 9,4 5 20,0 8 14,0 Ensino secundário incompleto 2 6,3 3 12,0 5 8,8 55-65 anos Ensino secundário completo 8 25,0 6 24,0 14 24,6 Frequência ensino superior 3 9,4 0 0,0 3 5,3 Ensino superior completo 7 21,9 5 20,0 12 21,1 Total 32 100,0 25 100,0 57 100,0 1º ciclo 3 17,6 6 35,3 9 26,5 2º ciclo 0 0,0 1 5,9 1 2,9 3º ciclo 4 23,5 4 23,5 8 23,5 Ensino secundário incompleto 3 17,6 3 17,6 6 17,6 66 ou mais anos Ensino secundário completo 1 5,9 1 5,9 2 5,9 Frequência ensino superior 1 5,9 0 0,0 1 2,9 Ensino superior completo 5 29,4 2 11,8 7 20,6 Total 17 100,0 17 100,0 34 100,0 13
  • 14. CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS Quadro 3. Condição laboral dos inquiridos, idade e Género Género Masculino Feminino Total Escalão etário Condição laboral dos inquiridos N % N % N % Exerce uma profissão a tempo inteiro 7 21,9 6 24,0 13 22,8 Exerce uma profissão a tempo parcial 1 3,1 1 4,0 2 3,5 Desempregado(a) 7 21,9 12 48,0 19 33,3 Estudante-trabalhador 1 3,1 0 0,0 1 1,8 Formando 1 3,1 0 0,0 1 1,8 55-65 anos Ocupa-se exclusivamente das tarefas do 0 0,0 1 4,0 1 1,8 lar Reformado(a) 13 40,6 5 20,0 18 31,6 Incapacitado(a) para o trabalho 1 3,1 0 0,0 1 1,8 Outra situação 1 3,1 0 0,0 1 1,8 Total 32 100,0 25 100,0 57 100,0 Exerce uma profissão a tempo inteiro 1 5,9 0 0,0 1 2,9 Exerce uma profissão a tempo parcial 1 5,9 0 0,0 1 2,9 Desempregado(a) 1 5,9 0 0,0 1 2,9 66 ou mais anos Reformado(a) 14 82,4 17 100,0 31 91,2 Total 17 100,0 17 100,0 34 100,0 14
  • 15. CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS  Género e idade: existe na nossa amostra (n=91) um número aproximado de homens e mulheres, com um ligeiro predomínio dos seniores mais jovens.  Predominam baixos níveis de escolaridade, sobretudo nos seniroes mais velhos. Contudo, 20,9% dos seniores têm o ensino superior, com um ligeiro predomínio dos homens (13,2% para 7,7% das mulheres).  Condição laboral actual: a maioria encontra-se reformado (53,8%).  Na condição de reformados encontram-se 91,2% dos seniores mais velhos para 31,6% dos mais novos.  Porém, 33,3% dos que têm entre 55-65 anos estão desempregados, com destaque para as mulheres (48% para 21,9% dos homens). 15
  • 16. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES 16
  • 17. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Televisão: 100% dos seniores de ambos os escalões etários têm este equipamento. Neste caso, não há diferenças significativas de género ou idade. • Telemóvel: 100% das seniores jovens e mais velhas possuem este equipamento. • Este equipamento também se encontra fortemente presente nos seniores de ambos escalões do sexo masculino. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 17 de Novembro de 2011
  • 18. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Telefone fixo: está presente nos agregados domésticos dos seniores, principalmente das mulheres (jovens e mais velhas). • O computador portátil e de secretária está mais presente nos agregados domésticos dos seniores mais jovens, de ambos os sexos. • Esta tendência encontra-se igualmente presente no caso da televisão por cabo ou satélite (62,5% de homens entre os 55-65 anos, para 80,0% de mulheres do mesmo escalão). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 18 de Novembro de 2011
  • 19. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • De uma forma geral, os seniores têm alguma familiaridade com os media, sejam os mais jovens (55-65 anos), sejam os mais velhos (66 anos e mais). • Subjacente à aquisição das tecnologias da informação e da comunicação por parte dos seniores, encontram-se motivações ligadas a necessidades de lazer, entretenimento e informação. • O interesse por programas noticiosos é comum a todos, homens e mulheres. • Porém, para as mulheres idosas, as telenovelas encontram-se entre os seus programas preferidos. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 19 de Novembro de 2011
  • 20. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • “Entretenho-me muito com as telenovelas”. (Celeste, 67 anos, doméstica) • “Gosto de ouvir as notícias… tanto faz na televisão, como na Rádio Renascença. Gosto de ouvir as notícias, isso gosto”. (Dália, 78 anos, reformada) Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 20 de Novembro de 2011
  • 21. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Independentemente da idade dos seniores, observa-se uma adesão positiva ao telemóvel. Porém, os mais jovens adquirem telemóveis tecnologicamente mais equipados e usam-nos com fins mais específicos. • “O meu telemóvel tem câmara fotográfica, tem MP3 e tem jogos. Para além das chamadas e das mensagens que são as funções básicas de um telemóvel, utilizo com bastante frequência o MP3”. (José, 58 anos, comerciante) • “O meu telemóvel é Nokia. Tem uma máquina fotográfica, 3.2 mega. Já é velhinho e vai ser trocado por outro melhor. (…) No meu telemóvel tenho lá 1400 músicas”. (Diva, 56 anos, empregada de limpeza) Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 21 de Novembro de 2011
  • 22. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Os mais velhos optam por telemóveis tecnologicamente menos evoluídos e usam- nos para comunicar com a família e amigos, mas também para resolverem situações-problemas. • “Não saio sem telemóvel. É o mais simples possível. Gosto de receber chamadas e telefonar. Não muito complicado, nada mais”. (Celeste, 67 anos, doméstica) • “Eu uso mais para falar com as minhas filhas… é só para falar com a família e os amigos”. (Lurdes, 59 anos, reformada) Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 22 de Novembro de 2011
  • 23. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • A idade, mais do que o género, explica uma certa apetência por equipamentos como o computador, consola e consola ligada à internet, presentes sobretudo nos seniores mais jovens de ambos os sexos. • São os seniores mais velhos que mais referem não ter computador de secretária (64,7% dos homens para 52,9% das mulheres) ou portátil (47,1% e 64,7% respectivamente). • Esta situação é corroborada por alguns dos testemunhos dos nossos entrevistados: • “Não, um computador? Eu não sei, alguma vez sei mexer nisso? Eu nem sei ver o que é um computador”. (Dália, 78 anos, reformada Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 23 de Novembro de 2011
  • 24. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • À ausência de necessidade pessoal e social de computador, junta-se uma certa iliteracia no que diz respeito ao seu uso. Esta situação é tanto mais acentuada, quanto os seniores avançam na idade. • Porém, também existem situações em que apesar de haver um computador no lar, o sénior não o utiliza, por razões idênticas às supramencionadas. • É o caso de Manuel, de 63 anos, em que o computador foi adquirido para os “filhos”, mas “nunca usa”, embora seja empresário. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 24 de Novembro de 2011
  • 25. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Todavia, outros seniores usam o computador com vários fins. É o caso de Diva e de Henriqueta: • “Eu uso desde 1998. (…) Eu ouço música, eu vejo filme, eu me informo de tudo o que há no mundo, pesquiso. Dá para fazer trabalho, dependendo do que você quer. Você tem acesso a todos os programas”. (Diva,56 anos, empregada de limpeza) • “Eu comecei a mexer no computador como instrumento de trabalho. Portanto, há uns 15, 20 anos. (…) Portanto, eu aprendi a mexer, a utilizar o computador na aula como instrumento de trabalho. A partir daí nunca mais parei” (Henriqueta, 58 anos, professora Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 25 de Novembro de 2011
  • 26. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • A baixa predisposição para o uso de computador está, de certa forma, relacionada com um fraco acesso à internet e seu uso, não obstante os entrevistados terem conhecimento dos locais onde este serviço poderá estar acessível (e.g., bibliotecas públicas). • Relativamente ao uso da internet constatam-se não só diferenças de idade, como de género: • São os homens e as mulheres mais jovens (55-65 anos) que usam: • frequentemente ou pouco a internet (61,3% e 32%, respectivamente); • ou usam muito frequentemente (32,2 % dos homens para 28,0% das mulheres). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 26 de Novembro de 2011
  • 27. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Nos seniores mais velhos – homens e mulheres estes valores são estatisticamente pouco expressivos. • Ainda assim, as mulheres de ambos os escalões etários apresentam uma menor predisposição para o uso da internet. 27
  • 28. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES Fig. 1. Frase que melhor descreve o uso da internet por idade e género Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 28 de Novembro de 2011
  • 29. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • O acesso à internet também varia em função da idade e do género: • Seniores mais jovens do sexo masculino: o acesso faz-se primeiro em casa (39,9%) e na biblioteca (39,0%) e de seguida no trabalho(26,8%). • A primeira situação observa-se, de igual modo, para os seniores mais velhos: acesso na biblioteca (52,9%) e em casa (47,1%). O acesso no trabalho não se faz devido à sua condição maioritária de reformados. • No caso das mulheres, as mais jovens têm primeiramente acesso em casa (31,7%) e na biblioteca (14,6%), enquanto para as seniores mais velhas estes dois espaços aparecem em igualdade de circunstâncias (11,8% para o acesso em casa e na biblioteca). 29
  • 30. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES Fig. 2. Locais de acesso à internet por idade e género Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 30 de Novembro de 2011
  • 31. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Em suma, observa-se, na nossa amostra, uma fraca predisposição para o uso das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), principalmente entre as mulheres. • Porém, os seniores que usam a internet fazem-no com motivações e interesses distintos. • É o caso das seniores mais jovens que usam internet para vários fins, destacando- se aqui aquelas que têm o ensino superior. • Esta é a situação de Silvia Elisa, por exemplo, que usa a internet com finalidades distintas e sobretudo no local de trabalho: “(…) Pelo menos uma vez por dia, para ver o meu e-mail, para procurar alguma informação…” (63 anos, professora Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 31 de Novembro de 2011
  • 32. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Analisamos, de igual modo, a relação entre o uso da internet e o incremento ou não dos contactos com familiares ou outras pessoas. • Observa-se que entre os seniores mais jovens, homens e mulheres, há uma tendência para a manutenção dos mesmos. • Contudo, no caso dos seniores mais velhos do sexo masculino há uma tendência para o aumento desses mesmos contactos quer com familiares (que vivem próximo ou longe), quer com pessoas com quem partilham interesses comuns. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 32 de Novembro de 2011
  • 33. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES Fig. 3. Desde que começou a usar a internet aumentou, manteve ou diminuiu os seus contactos com as seguintes pessoas Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 33 de Novembro de 2011
  • 34. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Diva, por exemplo, não abdica da utilização diária da internet para fins de comunicação e de entretenimento: “Eu uso para falar com meus amigos no mundo todo. Falo com meus familiares. Me comunico por e-mail, oiço música, vejo filme, tanta coisa!” (56 anos, empregada de limpeza) Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 34 de Novembro de 2011
  • 35. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES • Quando inquiridos sobre se seria muito difícil deixar de possuir algumas Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC), deixar de ter televisão e telemóvel são das tecnologias mais apontadas tanto pelos seniores jovens como pelos mais velhos, com destaque para as mulheres de ambos os escalões etários. • Tal reforça a adesão massiva dos seniores a estas tecnologias. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 35 de Novembro de 2011
  • 36. USO(S) DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO:INTERESSES E MOTIVAÇÕES Fig. 4. Até que ponto seria difícil deixar de ter as seguintes TIC Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 36 de Novembro de 2011
  • 37. CONCLUSÕES • Os dados apresentados evidenciam, de alguma forma, uma relação entre a idade, o género dos entrevistados e algumas tecnologias de informação e da comunicação, em particular o telemóvel, o computador e a internet. • São, com efeito, os homens seniores (inclusive os mais velhos) que revelam um uso mais frequente desta última tecnologia. • No caso das mulheres, são as idosas mais jovens que o fazem, embora por razões distintas. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 37 de Novembro de 2011
  • 38. CONCLUSÕES • Apesar de alguns seniores mais jovens usarem a internet por razões profissionais, os mais velhos fazem-no por necessidades de pesquisa, obtenção de informação, comunicação, entretenimento, lazer e interação com as gerações mais novas (filhos e netos). • Nas mulheres idosas mais jovens destaca-se o uso com fins de comunicação e interação com familiares e amigos. Estas razões são comuns ao uso do computador. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 38 de Novembro de 2011
  • 39. CONCLUSÕES • São mais as mulheres que usam pouco o computador e a internet, principalmente as mais velhas. • Algumas, devido ao estado avançado da idade, recusam o próprio “conceito” de computador, outras admitem que teriam dificuldades no seu uso, porém referem que quando têm necessidade de alguma informação solicitam a colaboração de familiares. • Podemos, afirmar que no caso das mulheres idosas-jovens existe uma relação positiva entre nível de escolaridade superior e uso de tecnologias digitais. • Por seu turno, nas idosas mais velhas observa-se uma relação negativa entre baixos níveis de escolaridade e nenhum uso do computador e da internet. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 39 de Novembro de 2011
  • 40. CONCLUSÕES • Tal não sucede entre os seniores do sexo masculino, quer entre os mais jovens, quer entre os mais velhos. • Em ambos os casos constata-se um uso considerável de ambas as tecnologias ora por razões profissionais, ora por necessidades e interesses associados à pesquisa, consulta, informação, cultura, lazer, entretenimento e comunicação. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 40 de Novembro de 2011
  • 41. CONCLUSÕES • A relação dos seniores com alguns media é distinta da descrita relativamente ao uso do computador e da internet. • Vimos que a televisão e o telemóvel surgem como os meios de comunicação mais frequentes quer para entretenimento e lazer, quer com o fim de comunicação. • O telemóvel é representado como um meio essencial de comunicação com a família e os amigos, desempenhando, de certa forma, uma função de incremento das sociabilidades amicais e intergeracionais Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 41 de Novembro de 2011
  • 42. CONCLUSÕES • Para os idosos mais velhos, sobretudo as mulheres, os telemóveis devem ser tecnologicamente simples. • Ao contrário dos seniores mais jovens, que para além de adquirem telemóveis de gerações tecnologicamente mais avançadas, usam-nos com vários fins (e.g., comunicação, entretenimento, lazer, navegar na internet, etc.). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 42 de Novembro de 2011
  • 43. CONCLUSÕES • O interesse pelas tecnologias digitais e o seu uso com finalidades distintas é revelador de um comportamento, por parte de alguns seniores, que se inscreve, como vimos, na noção de formação ao longo da vida, contribuindo assim para a sua inclusão nas sociedades tecnológicas atuais e para o fomento das relações e solidariedades intergeracionais e amicais. • Inscreve-se, de igual modo, no conceito de envelhecimento produtivo, na medida em que tais práticas permitem o envolvimento dos seniores em actividades de realização significativas, pessoalmente satisfatórias e com um impacto positivo nas suas vidas e nas dos outros (Kaye, Butter e Webster, 2003). Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 43 de Novembro de 2011
  • 44. CONCLUSÕES • Em síntese, subjacente ao uso das tecnologias digitais por parte dos seniores da nossa amostra encontram-se funções de actualização pessoal e profissional, de comunicação, informação e conhecimento, de pesquisa de serviços, lazer, entretenimento e de convívio com familiares e amigos. • São, portanto, um meio de inclusão sociodigital. • As mulheres mais velhas(66 e mais anos) são, como vimos, as que manifestam níveis mais baixos de interesse pelas tecnologias de informação e da comunicação. • Importa estar, de igual modo, atento ao género da(ex)inclusão digital nesta fase do ciclo de vida humana. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 44 de Novembro de 2011
  • 45. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • CASTELLS, M. (2007), La Sociedad Red, Vol. I, Madrid, Alianza Editorial. • GUIONNET, Christine; NEVEU, Erik (2005), Féminins/Masculins. Sociologie du Genre, Paris, Armand Colin. • KAYE, L. W.; BUTTER, S. S.; WEBSTER, N. M. (2003), “Toward a productive ageing paradigm for geriatric practice, in Ageing International, 28 (2), pp. 200-213. • LIMA, I. ; NOGUEIRA, S. ; BURGOS, T. (2008), “Inclusão do idoso no mundo digital: Realidade Mossoroense e cenário brasileiro”, XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Natal, 2 a 6 de Setembro. • MARSHALL, Victor W., “The state of theory aging and the social sciences”, in Robert H. Binstock & Linda K. George (eds.), Handbook of Aging and the Social Sciences, California, Academic Press, 1995, pp. 12-30. • TAMER, Norma Liliana; PETRIZ, Graciela (2007), “A qualidade de vida dos idosos”, Agustín Requejo Osório; Fernando Cabral Pinto (coord.), As Pessoas Idosas. Contexto Social e Intervenção Educativa, Lisboa, Instituto Piaget, Cap. VI, pp. 181-223. • VALLESPIR, Jordi; MOREY, Mercè (2007), “A participação dos idosos na sociedade: Integração Vs. Segregação”, Agustín Requejo Osório; Fernando Cabral Pinto (coord.), As Pessoas Idosas. Contexto Social e Intervenção Educativa, Lisboa, Instituto Piaget, Cap. VIII, pp. 225-251. Conferência Diversidade Digital, Lisboa, 4 45 de Novembro de 2011
  • 46. Agradeço a atenção. PowerPoint disponível no site do Projecto Inclusão e Participação Digital http://digital_inclusion.up.pt Isabel Dias, mdias@letras.up.pt