2. A disfunção respiratória aguda:
Reconhecimento clínico ou o resultado
de uma combinação de dados clínicos,
radiológicos, laboratoriais e
gasométricos.
3. Do ponto de vista clínico:
Dificuldade respiratória:
• >freqüência respiratória (taquipnéia)
• Associação com esforço respiratório
(taquidispnéia)
• <freqüência respiratória (bradipnéia)
• Pausas respiratórias (apnéia)
4. Do ponto de vista clínico:
Ponto de corte de gravidade da taquipnéia:
• RN e lactentes – 60 irpm
• Crianças maiores – 40 irpm
• Freqüências respiratórias acima desses
limites indicam condição clínica que merece
observação hospitalar e pronto reconhecimento
diagnóstico.
5. Outros sinais – verificar presença e intensidade:
- tiragens intercostais
- retrações de fúrcula esternal
- retrações subcostais e de apêndice xifóide
- batimentos de aletas nasais
- movimentos de vai-e-vem da cabeça (gravidade crescente)
6. Tipo de dispnéia:
- Caráter obstrutivo ou não ?
- Obstrutivo alto ou baixo ?
- MV preservado ou com áreas de redução ou abolição ?
- Dispnéia pulmonar ou cardíaca ?
As respostas poderão conduzir a possibilidades etiológicas
bastante distintas.
Bradipnéia ou períodos de Apnéia são quase sempre
indicativos de patologias graves que necessitam de
intervenção imediata.
8. Classificação Fisiopatológica da Insuficiência
Respiratória
Insuficiência respiratória hipoxêmica
PaO² < 55-60mmHg
PaCO² < 40mmHg
P(A-a)O² aumentado
sinonímia: Insuficiência respiratória tipo |
Insuficiência respiratória não-ventilatória
Insuficiência respiratória ventilatória
PaO² < 55-60mmHg
PaCO² > 50mmHg
P(A-a)O² normal ou aumentado
sinonímia: Insuficiência respiratória tipo ||
Insuficiência respiratória hipoxêmica - hipercápnica
9. Tabela 1 – Sinais clínicos de hipoxia
Alterações do comportamento: agitação, euforia, choro
incessante
Taquicardia
Taquipnéia, taquidispnéia
Cefaléia
Hipertensão arterial
Sudorese
Cianose
Depressão da consciência e coma
Evolução para parada cardiorrespiratória
10. Tabela 2 – Sinais clínicos de hipercapnia
Alterações no comportamento: obnubilação
progressiva, torpor, coma
Taquicardia
Taquipnéia, taquidispnéia
Cefaléia
Hipertensão arterial
Sudorese
Pele quente
Pulsos amplos
11. ATENÇÃO
• A taquicardia está sempre presente, tanto na hipoxia como
na hipercapnia.
• A bradicardia, por outro lado é sempre indicativa de hipoxia
e constitui-se em sinal de mau prognóstico e parada
cardiorrespiratória iminente.
Do ponto de vista laboratorial:
- Gasometria - a avaliação gasométrica é fundamental para caracterização da
insuficiência respiratória aguda.
Insuficiência respiratória aguda – hipoxemia – PaO² < 60mmHg ou SaO² < 90% em
ar ambiente.
12. Tabela 3 – Insuficiência respiratória aguda
Tipo1 (Hipoxêmica)
PaO² baixa
PaCO² normal ou baixa
Tipo 2 (Hipercápnica ou ventilatória)
PaO² baixa
PaCO² elevada
Tabela 4 - Indicação clássica de ventilação
mecânica
PaO² < 50 mmHg com uma FiO² > 60%
PaCO² > 50 mmHg com um pH < 7, 25
13. O desejável é que o pediatra reconheça a
insuficiência respiratória aguda em sua fase
inicial e, portanto mais precoce (apenas
hipoxemia em ar ambiente), para que medidas
adequadas de diagnóstico e tratamento possam
ser tomadas, de preferência evitando-se a
ventilação artificial.
15. Classificação da Insuficiência Respiratória pela
Duração
Aguda
.Desenvolve em minutos a dias
.Hipoxêmica
.Tipo | associada com alcalose respiratória
.Tipo || associada com acidose respiratória
Crônica
.Desenvolve em meses a anos
.Hipoxêmica
.Tipo | associada com hipertensão pulmonar
.Tipo || associada com hipercapnia e alcalemia metabólica
compensada
16. Classificação da Insuficiência respiratória :
a) IR por comprometimento do sistema nervoso (central ou
periférico) ou do sistema muscular .
b) IR por comprometimento das vias aéreas superiores
c) IR por comprometimento das vias aéreas inferiores
d) IR por comprometimento do parênquima pulmonar
e) IR por comprometimento da pleura
f) IR por comprometimento da parede pulmonar
17. a) IR por comprometimento do sistema nervoso (central ou
periférico) ou do sistema muscular:
Etiologias possíveis: Trauma, infecções – especialmente
encefalites, depressão farmacológica, apnéia central, arritmia
respiratória, etc.)
Características – hipoventilação, retenção de CO² e hipoxemia, sem
dispnéia correspondente ou outros sinais de disfunção respiratória. A
ausculta pulmonar com diminuição simétrica do murmúrio vesicular.
Respiração superficial, apnéia, bradpnéia, respiração paradoxal,
esforço respiratório variável e sudorese intensa.
Gasometria – hipercapnia e hipoxemia ( responsiva à oxigenoterapia)
Rx de tórax – normal ou hipoexpansão pulmonar, tórax em sino,
atelectasias, etc.
18. b) IR por comprometimento das vias aéreas superiores:
Qualquer obstrução desde a orofaringe e fossas nasais até a região
subglótica e porção traqueal de localização extratorácica.
É uma situação freqüente em crianças.
Etiologias
Fossas nasais (atresia de coanas, hipertrofia de adenóides);
Hipofaringe (amigdalas pedunculadas e/ou hipertróficas,
abscesso periamigadaliano e de retrofaringe);
Região glótica (epiglotite, laringe viral aguda, laringomalácia) e;
Traquéia (traqueomalácia, corpo estranho, compressão extrínseca
por tumores ou malformações vasculares).
Alguns sinais clássicos são estridor, cornagem, retração
esternal, tiragem supraesternal e intercostal, hiperextensão da
região cervical,
19. c) IR por comprometimento das vias aéreas inferiores:
Etiologia: asma, bronquiolite, mucoviscidose, pneumopatia do refluxo,
síndromes aspirativas, displasia broncopulmonar, pertussis,
bronquiectasias e compressões extrínsecas da via aérea (tumores,
linfonodos, malformações vasculares).
Manifestações clínicas: taquipnéia por diminuição do volume corrente,
tempo expiratório prolongado, tiragem subcostal, intercostal e
supraesternal (aumento da força contrátil do diafrágma para vencer a
resistência da via aérea), sibilância e/ou crepitação difusa.
Gasometria – dinâmica na asma e bronquiolite (fase inicial hipoxemia
com pCO² normal ou < , fase posterior com > da hipoxemia e “
normalização “ do pCO², em seguida hipercapnia progressiva e
aparecimento de acidose mista.
Rx de tórax – hiperinsuflação, massas, desvios de mediastino ou
alteração de parênquima pulmonar
20. d) IR por comprometimento do parênquima:
Afecção do parênquima pulmonar: O achado comum a todas
essas enfermidades traduz-se gasometricamente por hipoxemia.
À medida que a hipoxemia progride, ocorre acidose metabólica e,
posteriormente, acidose mista devido à evolução do
comprometimento pulmonar e à diminuição da ventilação alveolar.
Pode ocorrer em processos broncopneumônicos, síndrome da
angústia respiratória, edema pulmonar, atelectasias, hemorragias
e alveolite alérgica extrínseca. Pneumonias
intersticiais,síndromes eosinofílicas e reações a drogas
caracterizam comprometimento do interstício.
O quadro clínico: taquipnéia, uso de musculatura acessória com
retrações intercostais e subcostais, batimentos de asa nasal e
cianose; o murmúrio vesicular está diminuído, e, quando o
alvéolo é afetado, a ausculta pulmonar é rica em ruídos
adventícios.
Rx de tórax – extensão do processo
Exames laboratoriais
21. e) IR por comprometimento da pleura:
É de causa restritiva, secundária ou primária (pneumotórax,
derrames pleurais, processos fibróticos). Clinicamente há
taquipnéia, dor ventilatório-dependente, retrações
intercostais e subcostais e MV diminuído ou ausente,
localizado ou não. No pneumotórax há hiperressonância
torácica à percussão no lado afetado e no derrame pleural
há macicez.
Gasometria – hipoxemia e hipercapnia.
Estudo radiológico – extensão e características
Exames laboratoriais
22. f) IR por comprometimento da parede torácica:
Situações clínicas transitórias: hipofosfatemia, hipopotassemia,
hipermagnesemia e níveis extracelulares de cálcio diminuídos.
Medicamentos como aminoglicosídeos, clindamicina e
bloqueadores de canais de cálcio. Clinicamente, isso pode ser
expresso por modificações do padrão da respiração, com
aumentos na freqüência respiratória e em volumes correntes
subnormais.
Estudo Radiológico – deformidades, pulmões hipoexpandidos,
atelectasias, pneumonias.
Exames laboratoriais
Gasometria – IR tipo || (hipercapnia) – PaCO² > 50
23. Tratamento
O tratamento baseia-se nos fatores etiológicos e na fisiopatologia da
insuficiência respiratória aguda.
A terapêutica deve abordar os quatro pontos básicos:
1. Remoção do fator etiológico;
2. Medidas terapêuticas gerais;
3. Oxigenoterapia;
4. Suporte ventilatório mecânico.
24. Medidas Terapêuticas Gerais
• A permeabilidade das vias aéreas e a sua manutenção é o
passo inicial e o mais importante no tratamento.
• Uma adequada hidratação é necessária para a
fluidificação das secreções e para a sua eliminação.
• A monitorização funcional dos órgãos vitais é de
fundamental importância, principalmente o cardiocirculatório e
o renal, pois a falência destes sistemas constitui fator limitante
na recuperação da insuficiência respiratória.
25. Medidas Terapêuticas Gerais
• Procedimentos como toracocentese, fisioterapia e
farmacoterapia ( beta-adrenérgicos, brocodilatadores, antibióticos,etc)
também têm o objetivo de normalizar as trocas gasosas.
• A umidificação do ar inspirado visa à prevenção do
ressecamento da mucosa respiratória e das secreções.
• Medidas fisioterápicas são necessárias para a eliminação
das secreções traqueobrônquicas.
• A transfusão de hemácias está indicada quando a taxa de
hemoglobina for menor que 10g% ( > oxigenação).
26. Oxigenoterapia
É a base do tratamento da insuficiência respiratória aguda.
• Hipoxemia grave leva a lesões teciduais.
• A administração de O² visa assegurar uma oxigenação tecidual
adequada e eliminar a necessidade dos mecanismos
compensatórios da hipoxia, tais como, a hiperventilação
alveolar, o aumento do débito cardíaco e o aumento da
atividade simpática periférica.
• Objetivos: manter uma PaO² acima de 60 mmHg ou uma
saturação próxima de 90-95%.
27. Oxigenoterapia
Deve ser sempre monitorizado - oxímetro de pulso; gasometria.
A oferta de oxigênio deve ser realizada da forma mais confortável
possível ao paciente, podendo-se usar catéteres nasais, máscaras
faciais com e sem reservatório, oxitendas, campânulas ou CPAP
nasal.
CPAP nasal indicações:
• Edema pulmonar
• SARA
• Pneumonias intersticiais
• Comprometimento do SNC
28. Suporte Ventilatório Mecânico
Paciente com uma PO² inferior a 60 mmHg recebendo FiO² acima ou igual a
0,6 e/ou um pH inferior a 7,2 devido a elevação da pCO² ( não responsiva
as medidas terapêuticas adotadas ) estaria fazendo um quadro de falência
respiratória e teria a indicação de usar ventilação mecânica. Entretanto, é
consenso que esses valores devem ser avaliados de acordo com a
evolução clínica do paciente. Assim, poderíamos resumir a indicação de
ventilação mecânica às seguintes situações:
a) apnéia e/ou parada cardiorrespiratória – indicação absoluta;
b) insuficiência respiratória evoluindo para falência respiratória;
c) profiláticas – pós operatório de grandes cirurgias ( neurológicas, cardíacas,etc)
d) promoção de trocas supranormais – hiperventilação no tratamento de
hipertensão endocraniana, hipertensão pulmonar,etc.
29. Abordagem Sistematizada da Insuficiência Respiratória
Suspeita Diagnóstico
Parada cardiorrespiratória Reanimação cardiorrespiratória
Confirmação Insuficiência respiratória
Gasometria arterial, IRA tipo | ou ||
Avaliação Avaliação clínica, exames subsidiários (RX, ECG, cultura etc.) Diagnóstico clínico
da: oxigenação,
ventilação, ácido-
básico
Tratamento Oxigênio, umidificação, aspiração das VAS, fisioterapia, fluidos,
tratamento da causa de base, monitorização, ventilação mecânica