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A Marca Portugal




             Instituto Superior de Ciências Sociais e
20-01-2010                  Políticas                   1
Na qualidade de consumidores, todos nós estamos
             familiarizados com as inúmeras marcas dos produtos da
             nossa preferência. A gestão profissional das marcas –
             seja dos simples produtos de consumo de massas ou da
             oferta global de um país – é um instrumento
             indispensável da competitividade económica, tal como
             o caso da Marca Portugal o pode demonstrar.



20-01-2010                                                       2
O mundo vive, actualmente, uma série de novos
                                       processos e fenómenos:




             - À escala global, as regiões, os países, as sociedades e as pessoas estão cada vez
             mais inter-relacionados entre si.

             - A informação e o capital circulam mais rapidamente do que nunca.

             - Os bens e serviços produzidos num determinado ponto do mundo passam a
             estar disponíveis, cada vez mais, em toda a parte.

             - As viagens internacionais são cada vez mais frequentes; e a comunicação
             internacional já é um lugar-comum.



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As interacções económicas, sociais, políticas e culturais
             sofreram uma enorme impulsão ao longo das últimas
             três/quatro décadas, resultando na emergência de um
             fenómeno fortíssimo denominado globalização.




             Em termos económicos, os tempos actuais caracterizam-se,
             pois, por uma enorme complexidade de processos de
             interacção e onde começa também a surgir uma outra
             variante que acaba por complementar esse mesmo processo
             global. Face ao número cada vez maior de actores no
             contexto da globalização (resultante de um esbatimento das
             fronteiras – sejam elas políticas, económicas ou até culturais
             – entre as sociedades), surge, desde logo, uma
             consequência lógica:




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Um aumento da competitividade entre esses mesmos
                                 actores.




             E esta competitividade aparece, pois, os Estados Nacionais
               vêem-se na necessidade de quebrar as suas fronteiras
               económicas e enveredarem por modelos de economia
                   aberta, permitindo aumentar os seus índices de
             competitividade no contexto da globalização em que todos
             eles vivem (quer atraindo investimentos estrangeiros, quer
             instigando as empresas nacionais a investirem no exterior).




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E é neste contexto, então, que vem também surgindo uma
             premente e cada vez maior necessidade das empresas nacionais
              (preconizadas pelos seus agentes empresariais), bem como do
               próprio Estado, passarem a

                                                   .




              O conceito de Estratégia tem vindo, pois, a sofrer importantes
              mutações e adaptações face ao novo ambiente competitivo que
             tem vindo a instalar-se de uma forma crescente nas nossas vidas.




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Face à grande complexidade e crescente aumento do número de
                   actores na cena internacional, tem-se vindo a discutir a
              importância estratégica do aproveitamento e exploração de um
               vector considerado vital para a competitividade e consequente
                      sobrevivência desses mesmos actores – a Marca.




                                       Ao mesmo tempo, e indissociável desta ideia,
                                      sobressai, desde logo, a pertinência do conceito
                                                        Marca-País.




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Símbolo     A Humanidade, praticamente desde o seu início, tem usado
 Histórico   símbolos como forma de se expressar. Lucy, um dos mais antigos
             ancestrais humanos conhecidos (encontrado em África) e Luzia, a
             primeira brasileira da história (o mais antigo esqueleto humano
             conhecido nas Américas), são as primeiras protagonistas da
             simbologia e também, porque não, as primeiras consumidoras.




             O homem primitivo deixava marcas nas paredes retratando, por
             meio de símbolos, a sua habilidade para expressar as ocorrências da
             sua vida, o que suportava uma espécie de guia de sobrevivência.




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O uso de marcas foi evoluindo ao longo da história, encontrando-se
             referências da sua aplicação na gestão do negócio já na Mesopotâmia,
             no Egipto e na Grécia Antiga, onde sinais como o nome do fabricante e
             sua localidade eram impressos nos produtos comercializados como
             garantia pública de qualidade e responsabilidade sobre o produzido.




             Muito embora o uso desta denominação de origem tenha surgido
             bem cedo no universo mercantil da história, parece consensual que o
             desenvolvimento da marca, enquanto fenómeno económico e social,
             apenas se tenha concretizado em meados do século XX, por
             influência de um conjunto de factores como: (a) a macro distribuição,
             (b) a liberdade de concorrência, (c) a constituição de unidades
             industriais de maior dimensão (a fábrica), (d) o desenvolvimento dos
             meios de comunicação e transporte e (e) o surgimento da
             publicidade.




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Em termos de literatura, as primeiras referências sobre a marca datam de
             1930 desenvolvidas pela P&G (Procter & Gamble), onde são sobretudo
             elaboradas questões da sua gestão operacional, isto é, mais tácticas do
             que estratégias propriamente ditas.




             No final dos anos 40, como refere Klein (2002), havia uma crescente
             consciência de que uma marca não era apenas uma mascote, um lema
             ou uma impressão na etiqueta do produto de uma empresa. A empresa,
             no seu todo, podia ter uma identidade de marca ou uma “consciência
             empresarial”.




             Mas, é apenas na década de 50, quando surge a prática do marketing
             segmentado, onde se procura o conhecimento dos consumidores, a fim
             de os agrupar segundo critérios previamente definidos, que Gardner e
             Levy (1955) acentuam a importância de estudar a marca, quantitativa e
             qualitativamente, após verificarem que os consumidores identificam
             diferenças em produtos iguais de marcas diferentes.

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Por outro lado, a marca vista como elemento potenciador de valor
              acrescentado teve origem nos processos de fusões e aquisições dos
              anos 80 que despoletaram o boom da bolsa de valores, onde se
              verificam casos de venda de empresas avaliadas com base no valor
              patrimonial da sua marca, como são exemplo:

              a) A compra da Nabisco (com a marca Ritz) pela RJReynolds em 1985;
              b) A compra da Distillers pela PHILIP MORRIS em 1986 (com as
                 marcas Johnnie Walker, White Worse e Gordon’s);
              c) A compra da Rowntree pela NESTLÉ (com as marcas Kit Kat e After
                 Eight) em 1988.




             As empresas passavam, assim, a ser avaliadas mais pelo seu activo
             intangível do que pelos bens tangíveis tradicionais, como os produtos e
             instalações, reconhecendo à marca um importante valor de futuro.




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Emerge, neste contexto, a preocupação pela gestão da marca, surgindo
             um conjunto de métricas comuns como a lealdade à marca, a retenção
             de clientes e o valor e ciclo de vida do cliente.




A Marca      As marcas aparecem, portanto, como fazendo parte da vida corrente de
Comercial    qualquer consumidor contemporâneo!




             É desde os anos 90 (em resultado do ambiente de intensa competição
             das economias, extensível aos nossos dias), no entanto, que o problema
             da gestão das marcas tem-se revestido de acuidade acrescida para o
             sucesso das empresas, dos negócios e mesmo dos países.




20-01-2010                                                                            12
Cada marca (ou Brand, em inglês) constitui, para o negócio do
             respectivo produto, um activo cujo valor tem que ser desenvolvido com
             investimentos     criteriosos,    nomeadamente        em     comunicação
             (publicidade, etc.), e sujeito a avaliação rigorosa: trata-se daquilo que
             em inglês se designa por Brand Equity. Em cada empresa, o objectivo
             final da gestão das marcas e da estratégia de criação e desenvolvimento
             das marcas – o Branding – é assim o aumento do valor da Brand Equity.




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Numa concepção tradicional, muito restritiva, a marca seria apenas algo
             que se adicionava ao produto para justificar um preço mais alto. A
             concepção relevante para as finalidades do marketing vai mais além.
             Passa a haver, na prática, uma inversão na relação entre o produto e a
             sua marca: “A marca é o produto”.




             Nesta óptica, a marca sintetiza os atributos ou benefícios do produto
             que influenciam a sua aquisição, diferenciando-o dos produtos
             concorrentes e aumentando o seu valor no mercado.



             De notar que o valor da marca reside na mente do consumidor: depende
             do seu reconhecimento (chamado de “share of mind”) e da sua estima
             (opinião favorável).




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A gestão da marca visa assim actualizar na prática, e em função das
                circunstâncias específicas de cada produto, aquilo que podemos
                descrever como os objectivos gerais da estratégia de branding:




                        Identificação do produto


                        Sinalização de um nível de qualidade e de atributos simbólicos


                        Protecção legal contra a imitação de características únicas
                        (uma função histórica originária na criação das marcas comerciais).



 Complementarmente, o sucesso de uma marca pode ser aferido pela
 valorização da Brand Equity, o valor capitalizado no mercado quanto às
 despesas com a criação e desenvolvimento dessa marca.


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O valor da Brand Equity pode ser calculado, na prática, por meio de
             metodologias empíricas e os resultados finais são traduzidos em
             classificações que se encontram regularmente na imprensa de
             negócios, como a das marcas globais que a Business Week começou a
             publicar a partir de 2001. Nesse ano, por exemplo, a marca mais
             valiosa do mundo, era, como ainda o continua a ser hoje, a Coca-Cola.




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O conceito
                       Como é , hoje, o conceito de Marca encarado e percepcionado num
  num mundo
  global               mundo marcadamente globalizado?




             Hoje, a sociedade apresenta-se com contornos específicos e totalmente
             novos em comparação com outras épocas, como é natural. Trata-se de
             uma sociedade mais dinâmica, instável e evolutiva, onde as inovações
             tecnológicas são rapidamente lançadas no mercado.

                                         O que é que
                                        isto significa?


               Significa que os vários agentes interessados (empresas e o próprio
               Estado) nesse mesmo mercado necessitam de transmitir um diferencial
               que não se esgote no produto em si, para o qual existem, por certo
               múltiplas cópias. A marca evolui, neste ambiente, para um papel
               relevante, estratégico e verdadeiramente integrador.


20-01-2010                                                                           17
Num mundo em constante mudança, onde tudo parece andar “à
             velocidade da luz” (em resultado de processos complexos de
             globalização), emerge de uma forma crescente a ideia de que uma
             prática de “marca bem sucedida” terá de exigir, logo à partida, uma
             adequada preparação, isto é, uma compreensão muito mais ampla,
             profunda, estruturada e holística da sociedade, da economia, dos
             mercados, dos negócios, das empresas e do seu marketing.




             Neste sentido, uma análise estratégica da marca pressupõe a
             investigação da envolvente interna e externa, na qual se procura
             caracterizar as variáveis que actuam no seu contexto!




20-01-2010                                                                         18
Por conseguinte, e antes de se avançar ainda mais na discussão do
             conceito de Marca, torna-se primeiramente necessário estudar, analisar
             e compreender muito bem os verdadeiros contornos da sociedade
             contemporânea e dos vários processos de interacção que caracterizam
             esta autêntica Aldeia Global em que todos já vivemos.




20-01-2010                                                                            19
A Era da Globalização, como muitos lhe têm chamado, tem-se
             rapidamente tornado o termo preferido para descrever os tempos de
             hoje. Tal como a Grande Depressão, a Era da Guerra Fria, a Era do
             Espaço e os Loucos Anos 20 são usados para descrever períodos
             específicos da História Humana, a Globalização contempla o ambiente
             político, económico e cultural dos nossos dias.



             Tal fenómeno, é caracterizado, então, por um vasto e complexo processo
             que abrange uma diversidade de áreas da vida social, que vai desde:


                  A globalização de sistemas financeiros e de produção
                  à Revolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).


                  A erosão da Nação-Estado e redescoberta da Sociedade Civil
                  ao aumento das desigualdades sociais.


20-01-2010                                                                            20
As grandes migrações de cidadãos (emigrantes, turistas ou refugiados),
                   bem como o aumento do Poder e Monopólio das Empresas Multinacionais e
                   das Instituições Financeiras Multilaterais.


                   As novas práticas culturais e de identidade
                   e as várias opções de escolha do que muitos apelidam do novo consumo globalizado.




             Ao longo das últimas três/quatro décadas, as interacções transnacionais
             – globalização dos sistemas de produção, transferências financeiras,
             disseminação (numa escala global) da informação e da imagem através
             dos mass media, migrações maciças das populações (turistas,
             trabalhadores emigrantes ou refugiados) – sofreram uma intensificação
             dramática por todo o mundo.




20-01-2010                                                                                             21
A extraordinária amplitude e profundidade destas interacções
              transnacionais levou a alguns autores a reflectir e qualificá-las como
              sendo uma ruptura em relação à configuração anterior das interacções
              transfronteiriças e, consequentemente, como um novo fenómeno
              designado como:




                                                   Formação                        Cultura
             Globalização
                                                    Global                         Global
       (Featherstone, 1990; Giddens, 1990;                               (Appadurai, 1990, 1997; Robertson, 1992)
                                                 (Chase-Dunn, 1991)
              Albrow e King, 1990)


                Sistema                          Culturas de                       Cidades
                 Global                         Globalização                       Globais

             (Friedman, 1994)                (Jameson e Miyoshi, 1998)     (Sassen, 1991, 1994; Fortuna, 1997)




20-01-2010                                                                                                       22
Não obstante existirem opiniões diferentes, estou certo de que se pode
                apresentar uma noção de globalização que reúne todas elas numa única
                abordagem. No sentido mais geral ,e julgo incontroverso, do termo,
                penso poder-se considerar a globalização, no essencial, como um
                processo de desenvolvimento rápido das interconexões entre as
                sociedades, culturas, instituições e indivíduos em todo o mundo.


             A globalização é:
Harvey – “um processo que envolve a                                      A globalização:
compressão do tempo e espaço”.                                 David Held – “pode ser, inicialmente,
John Tomlinson – “um processo que                               percepcionada como a ampliação, o
‘estica’ as relações sociais, relocando                      aprofundamento e aceleração da inter-
as relações que comandam as nossas                               conectividade mundial em todos os
vidas quotidianas de contextos locais                                         aspectos da vida social
para globais” .                               Outras               contemporânea, dos culturais aos
Anthony Giddens – “a acção à               contribuições               criminais, dos financeiros aos
distância” ou “a intensificação das          (autores)                                   espirituais” .
relações sociais à escala mundial, a                          Boaventura de Sousa Santos – “é uma
qual une/liga as localidades distantes                       fase posterior à internacionalização e à
de tal maneira que o que acontece                                    multinacionalização, porque, ao
localmente é influenciado e moldado                               contrário destas, anuncia o fim do
por acontecimentos que estão a ter                                sistema nacional enquanto núcleo
lugar, por vezes, a milhares de                                 central das actividades e estratégias
quilómetros de distância e vice-versa”.
   20-01-2010                                                                humanas organizadas”. 23
Apresentados/analisados os reais contornos do mundo globalizado em
             que vivemos, podemos agora voltar à discussão do conceito de Marca e,
             em particular, da pertinência ou não em se poder falar de uma Marca
             País.


             O importante a entender e reter desta discussão é que nesta nova Era
             que, tal como vimos, é marcadamente dominada por variadíssimos e
             complexos processos de globalização, emerge uma nova característica: a
             abertura das fronteiras nacionais (económicas, políticas ou até
             culturais).

                                          O que é que
                                         isto significa,
                                        por seu turno?



20-01-2010                                                                            24
A consequência é uma estimulação e consequente aumento da
             competitividade entre os vários actores na cena, agora, global. Por
             conseguinte, os Estados passam a ver-se na obrigação de repensar,
             redefinir e redireccionar a (s) sua (s) estratégia (s) competitiva (s) com
             vista ao sucesso.
             Passa, desde logo, a haver um esforço dos vários países (preconizado
             pelos seus governos) em gerir de uma forma mais eficaz e
             determinante as suas políticas.
             Emerge, no fundo, uma preocupação em saber utilizar e potencializar
             da melhor forma todos os instrumentos que estão ao seu alcance. E
             um deles é a sua Marca-País (ou Marca-Nacional, como muitos
             também lhe chamam).




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Wally Ollins (presidente da Saffron Brand Consultants e professor
             convidado na Saïd Business School, Oxford, e na Copenhagen Business
             School) no seu livro “On Brand”, aborda a gestão da marca de um País
             como sendo “um dos conceitos políticos mais controversos do nosso
             tempo” (2003).
             Na realidade, da Espanha à Austrália, da Dinamarca a Singapura, muitos
             são os países que se interessam por ele.




             Ao contrário do que muitos possam julgar, a Marca-País trata-se de um
             conceito muito importante para a posição de um país no mundo (não só
             hoje em dia, como também ao longo da história, como iremos ver mais à
             frente).




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A maioria das pessoas conhece muito pouco acerca das outras nações.
             Quando perante um determinado produto de um país, as pessoas têm
             tendência a basear-se no mito, no rumor e nas histórias que correm,
             que, por serem caricaturas grotescas, podem tornar-se prejudiciais para
             o comércio, turismo e investimento interno. Acontece, no entanto, que
             a ignorância e a distorção podem revelar-se extremamente perigosas.




                       Os EUA são, invariavelmente, o país mais bem conhecido do mundo,
  O exemplo            assim como o mais poderoso e influente. Mas, para sua surpresa,
   dos EUA             perceberam que não são, de facto, o mais amado. Em alguns pontos do
                       globo, chegam mesmo a ser detestados.




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Muito embora os EUA tenham, de facto, um grande poder promocional e
             uma grande influência à escala mundial, parece ser claro que nunca
             tentaram projectar uma ideia perfeitamente clara e coordenada de si
             próprios, quer interna como externamente.




             Por isso dizer-se que a ideia que o resto do mundo tem acerca desse país
             (aquilo que representa, os seus valores) deriva inevitavelmente desta
             mistura confusa e contraditória de ideias que o país exporta de si
             próprio.




             Os EUA são, sem sombra de dúvida, o berço do marketing, da marca e da
             publicidade. É lá que podemos identificar a indústria dos media mais
             poderosa do mundo – CNN, Hollywood, MTV, etc.




20-01-2010                                                                              28
A priori, parece, pois, existirem razões mais que suficientes para pensar-
              se que este país deveria estar numa posição privilegiada para influenciar
              favoravelmente o (s) seu (s) público (s) -alvo.
              Mas, espantemo-nos, com a excepção dos períodos de guerra ou de uma
              amplitude similar, acaba por não se preocupar com isso.


                                           E Porquê?




             Julgo, porque, ao contrário de outros países (que têm um só e bem
             definido objectivo), faltam-lhes os meios necessários e, sobretudo, a
             vontade necessária.




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Um outro factor fulcral parece-me ser a total ausência de qualquer
             tentativa a longo prazo, séria e consistente por parte dos EUA, para
             fazerem-se compreender e, no fundo, para “ganhar amigos e influenciar
             as pessoas”.



             O ódio manifestado aos EUA nos primeiros anos do século XXI enfatiza,
             inevitavelmente, o significado da Marca-País (ou nacional, como se
             queira) como um aspecto importante.



                                           Pergunto:



             Se os EUA tivessem feito mais cedo um esforço mais sério e duradouro
             para se explicarem perante o resto do mundo (no fundo, uma gestão
             mais positiva da sua Marca-País), teriam sido tão difamados e atacados?
             Parece-me que não.


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Os Founding Fathers, se assim os podemos denominar, nunca se
             preocuparam muito em influenciar o resto do mundo, nem estavam, nos
             primeiros anos da República Americana, especialmente preocupados
             com o que as demais nações pudessem pensar deles.


             Neste particular, os EUA parecem-se ser, de facto, um caso atípico!



             A maioria das nações dedicou grande foco, atenção, energia e dinheiro
             (claro) para construir prestígio e influência quer interna quer
             externamente (veja-se o exemplo da França – abordarei mais à frente), e
             a tentativa consciente e deliberada para projectar uma identidade
             nacional clara, consistente e ideologicamente dominada foi sempre
             fundamental na actividade que desenvolveram.


             Constato pois, que o inquietante menosprezo dos EUA face ao resto do
             mundo, que objectivamente acaba por constituir um intrigante reflexo de
             uma tendência de isolacionismo nas atitudes americanas, é, de facto,
             invulgar.


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O caso dos EUA é notoriamente um bom exemplo de como uma Marca-
             País não deveria ser gerida e projectada no resto do mundo!




             A percepção actual que o mundo tem sobre os EUA acaba por ser um
             reflexo lógico de uma ausência de atitude deste País sobre como saber
             optimizar todas as valências que a gestão de uma Marca-País
             necessariamente (e inerentemente) deveria focar.




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Escolho o caso francês, pois parece-me ser mais um
   O exemplo
   da França            excelente exemplo complementar à análise que estou
                        a tentar apresentar sobre esta temática.




               Se dissecarmos ainda mais a abordagem feita por Ollins, chegamos à
               natural constatação que, se recuarmos bem no tempo e reflectirmos
               todos um pouco sobre todo o percurso que esta nação tem vindo a ter,
               foram efectivamente os Franceses que iniciaram a utilização da Marca-
               País. Senão, repare-se:




                              Cinco repúblicas, dois impérios e cerca de
                              quatro dinastias da França oferecem-nos
                              um fascinante exemplo de como as
                              identidades criadas e estabelecidas tiveram
                              grande peso na fundação da sua
                              legitimidade interna, manutenção do poder
                              e influência sobre os seus vizinhos.

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Recordemos:



                  Em 1789, veio a primeira e mais significativa revolução:

                  Não só a nobreza foi exilada e dispersa, a família real executada,
                  proclamada uma república e a religião violentamente denunciada, e
                  todo o sistema social e cultural profundamente modificado, mas
                  também os mais pequenos pormenores sofreram uma alteração. A
                  bandeira tricolor substitui a flor-de-lis, a Marselhesa tornou-se o novo
                  hino, o sistema tradicional de pesos e medidas foi substituído pelo
                  sistema métrico, introduziu-se um novo calendário, Deus foi
                  substituído pelo Ser Supremo e (aqui é que está o ênfase) “exportou-
                  se” todo este conjunto de mudanças por meio de triunfos militares em
                  toda a Europa.




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Dominic Lieven, em “Empire: The Russian Empire and its Rivals”
              aborda este assunto de uma forma pertinente: “a doutrina
              nacionalista revolucionária de 1789 foi simultaneamente absoluta e
              abstracta. Exigia um nível de compromisso para com o Estado muito
              mais elevado do que o da monarquia tradicional...”.
              Por outras palavras, a nova república francesa tinha muito mais
              consciência de si própria enquanto nação, era mais agressiva e estava
              mais determinada em criar uma homogeneidade – consistência e
              coerência – do que qualquer outra nação alguma vez o fizera. E estas
              duas valências (a consistência e a coerência) são aspectos
              fundamentais da gestão de uma marca.




             Só alguns anos mais tarde é que se deu uma outra alteração na imagem de
             marca francesa. O general Napoleão Bonaparte autoproclamou-se primeiro
             “Cônsul”, e logo depois, “Imperador”. O império era um conceito novo e,
             necessariamente, totalmente estranho à França, desde Carlos Magno (séc. VII).




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Napoleão autocoroou-se imperador durante uma cerimónia de coroação, na
             Igreja de Notre Dame de Paris, que foi retratada para a posteridade pelo
             famoso pintor David. Acabou por introduzir novos títulos, rituais, uniformes,
             honras e condecorações, para não falar de um novo sistema jurídico e
             educativo que “exportou” para todos os seus domínios e o próprio estrangeiro
             e que teve um notável poder de “absorção” por todo o mundo de então.


                       Actualmente, reflicta-se sobre isto, o código napoleónico
                       continua, em grande verdade, a ser estrutura jurídica na
                       maior parte da Europa e com repercussões nas antigas
                       colónias ou províncias ultramarinas das respectivas
                       potências coloniais.


             Sob o domínio de Napoleão, a França não era suficientemente grande; e toda a
             Europa mudou a sua imagem de marca. E é, de facto, opinião comum entre os
             historiadores de que tudo isto acabou por ser ideia de Napoleão. Defendem
             que, obviamente, ele pode não se ter ocupado de todos os pormenores, mas o
             plano principal acabou, factualmente, por ser do próprio Bonaparte.


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E, desde então, todas as modificações da imagem de marca francesa
             prosseguiram de forma esporádica e frequentemente violenta. Ao império de
             Napoleão sucedeu-se a restauração da dinastia dos Bourbon, que foi
             derrubada e substituída por uma monarquia burguesa, a que se seguiria uma
             Segunda República, que depois passaria a ser o Segundo Império Napoleónico.
             Quando a Terceira República emergiu das cinzas da derrota de Napoleão III às
             mãos da Prússia, os políticos franceses tinham-se transformado nos melhores
             especialistas mundiais na gestão e na renovação da imagem da Marca-
             Nacional.




             Mais tarde, quando a Terceira República entrou em colapso após a derrota de
             1940 e foi substituída pela República de Vichy, liderada por Pétain, deu-se uma
             nova alteração da marca francesa. Caracterizou-se pelo seguinte:

              - O lema republicano, ou, em linguagem de marketing, o strapline, passou de
                       “liberté, egalité, fraternité” para “travail, famille, patrie”.


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De seguida, após o regime de Vichy, seguiu-se a Quarta República e a Quinta,
             que constituíram a actual “encarnação” política e cultural da França.




                       Não obstante ser verdade que existe uma continuidade
                       debaixo da mudança ao longo dos anos, percebe-se que o
                       povo francês e a própria França continuam a demonstrar
                       muitas características nacionais.
                       Note-se, no entanto, que as mudanças contínuas da Marca-
                       País francesa não são superficiais, cosméticas ou
                       inexpressivas. Bem pelo contrário. Elas são reais e bem
                       profundas.




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Constato, pois, que a razão porque as nações continuam, de
             forma explícita ou até implícita, a moldar vezes sem conta a suas
             identidades (por outras palavras, a atribuírem-se a uma nova
             marca) deve-se ao facto de as suas realidades
             mudarem/mutarem-se, e, consequentemente, tornar-se
             necessário projectar esta mudança de uma forma simbólica a
             todos os públicos com quem estão relacionados. No fundo,
             pretendem, tanto quanto possível, alinhar a percepção com a
             realidade.



             O caso francês parece-me, pois, ser um exemplo crasso (mesmo
             um sério case study) de como fazer uma análise mais completa
             e ter uma melhor compreensão dos reais contornos que a
             gestão de uma Marca-País deve implicar. Julgo poder-se concluir
             claramente que, ao longo dos anos (e até nos dias que correm),
             a França é provavelmente aquele País que mais influência teve
             (e tem) no processo de gestão e renovação da marca de outros
             países.




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Outros
       exemplos

 A generalização do
conceito numa escala
       global




                   A estratégia de renovação da marca encetada por Ataturk, após a derrota do
                   Império Otomano no final da primeira Guerra Mundial, só tem paralelo, em
                   escopo e em dimensão, com a da primeira Revolução Francesa. Implicou um
                   novo alfabeto, uma nova forma de vestir (todos os homens tinham de usar
                   chapéus à maneira do Ocidente, ou pelo menos uma versão turca dos
                   mesmos), um novo nome para a nação e todos os seus habitantes e, talvez o
                   facto mais importante, atendendo aos recentes desenvolvimentos, uma
                   limpeza étnica e um estado secular, em vez de um religioso.




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Até a família real inglesa encontrou maneira de também proceder a uma
             renovação da marca. Prova disso foi o facto de o rei Jorge V, em 1917, a meio da
             guerra com a Alemanha, ter mudado o nome da família, que passou do
             excessivamente teutónico Saxe-Coburgo-Gotha para Windsor, uma versão mais
             suave.




               Depois de 1945, o colapso dos grandes impérios coloniais europeus criou
               uma nova onda de países. Muitos deles adoptaram novos nomes: Ceilão
               tornou-se Sri Lanka, a Costa do Ouro passou a chamar-se Gana, a Rodésia do
               Sul passou à nova designação de Zimbabué e a sua capital, Salisbury, ficou a
               chamar-se Harare. As Índias Orientais Holandesas passaram a chamar-se
               Indonésia. A capital, Batavia, tomou o nome de Jacarta e a sua
               multiplicidade de línguas foi substituída pelo recém-cunhado bahasa
               indonésio. O antigo Congo Belga passou a Congo simplesmente, depois a
               Zaire, e novamente a Congo. Países inteiramente novos, como o Paquistão e
               o Bangladesh emergiram daquilo que fora o Império Inglês na Índia. O
               Bangladesh teve três nomes em apenas meio século – primeiro, fez parte da
               Índia como Bengala Oriental; depois, tornou-se o Paquistão Oriental; e, por
               fim, Bangladesh. Cada um destes novos nomes era um símbolo de profunda
               mudança política, económica, cultural e comercial. Trocou-se o estatuto
               colonial pela independência. Era, pois, obrigatório atribuir-se uma “nova
               marca” à nação.
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A seguir a 1991, com a queda do Muro de Berlim e o colapso do Império
             Soviético, o processo recomeçou novamente. Houve vários países saídos da
             própria União Soviética.
             Seguiam-se as outrora independentes nações da Europa Central e Oriental:
             Checoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia e Bulgária.
             A Jugoslávia era um caso um pouco diferente; era comunista, mas não tinha
             pertencido totalmente à esfera de influência russa. A Albânia era um caso
             ainda peculiar, uma monstruosidade isolada, autocrática e primitiva. Duas
             destas nações, a Checoslováquia e a Jugoslávia, caíram aos bocados pouco
             depois, dando origem a alguns pequenos novos estados, confusos e
             confundidos, enquanto os outros, em vários estádios de desordem, tentaram
             ressuscitar, inventando e reinventando mitos, lendas e histórias nacionais.




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Analisados os exemplos sugeridos atrás, a que
    Conclusões           conclusões poder-se-á então chegar? Por outras
                         palavras, o porquê, então, da importância de uma
                         Marca-País?




             Num mundo cada vez mais competitivo, onde há muito mais nações, mas
             também mais regiões, agrupando essas mesmas nações, do que antes, e onde a
             tecnologia oferece oportunidades de promoção notáveis, os países continuam a
             tentar projectar a sua Marca-País (falo do seu poder político, influência e
             prestígio), em grande parte talvez devido à sua auto-estima.




             Hoje em dia, no entanto, as nações também precisam de competir em
             aspectos difíceis e quantificáveis – investimento externo, exportações e
             turismo. E isto é algo de novo!




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Historicamente, nunca constituiu um factor decisivo, porque não havia muito
             turismo, o investimento externo estava confinado a relativamente poucos países
             e a exportação de marcas consistia nos produtos tradicionais destinados aos
             mercados tradicionais.


                                   Ora, a globalização veio
                                   mudar as regras do jogo.
                                   Passou-se para um
                                   paradigma onde passa a
                                   haver vencedores e
                                   perdedores.




                                    Os vencedores ficam mais
                                    ricos e mais fortes, os
                                    perdedores permanecem
                                    pobres e fracos.
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E o que acontece é que, actualmente, as nações começam a perceber que têm
        de procurar promover a sua personalidade individual, cultura, história e
        valores, projectando no fundo aquilo que poderá ser uma concepção
        idealizada mas imediatamente reconhecível de si própria, tendo em vista fins
        económicos, comerciais e, claro, políticos. Por outras palavras, tudo isto
        (todas estas pressões) acaba por levar os países a terem efectivamente de se
        preocupar com a gestão da sua marca (como um país num só todo).




        Essa gestão terá necessariamente de passar pela inevitável adopção de técnicas
        de marketing e de gestão da marca (que são, na prática, técnicas há muito
        utilizadas com sucesso por muitas empresas globais, ao longo de anos).




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Ainda pegando na análise
                               feita por Ollins:




         O problema, por exemplo, de países como Belize, Paraguai, Mongólia, Sri Lanka
         ou até Honduras e de quase todas as outras nações do mundo é que, para além
         de um círculo muito restrito, ninguém os conhece nem se importa com eles.




         Na outra extremidade, os EUA estão sozinhos porque a sua reputação mundial é
         ubíqua e esmagadora. Ao mesmo tempo, algures no meio, estão países como a
         China, Índia, Rússia, Alemanha, Itália, Grã-Bretanha e França. Embora todo o
         mundo ouça falar deles, as percepções de uma maneira geral são dominadas,
         como tentei expor anteriormente, pela caricatura.



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Concepções “redutoras”, como por exemplo, a “Índia espiritual”, a “eficiente
         Alemanha”, a “tradicional Grã-Bretanha”, a “revolucionária França” acabam
         por funcionar como distorções que anulam uma compreensão mais clara e
         completa desses mesmos países. Na realidade, no entanto, são estes países
         bem conhecidos (mas frequentemente mal entendidos), quem de facto
         mostraram/abriram o caminho com projectos nacionais de gestão das suas
         Marcas-País.


                              Na actualidade, o ambiente
                              comercial fortemente
                              competitivo em que o Estado-
                              nação actua terá de merecer
                              um olhar atento e minucioso.
                              Senão, reflictamos sobre o
                              vector investimento externo:




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No mundo actual, cada nação e cada região pretende ficar, para si própria, com
         a maior fatia do investimento externo proporcionado pelas grandes empresas
         (onde Portugal não foge à regra).


                                      O que é que na
                                        prática isto
                                         significa?



                  Objectivamente, leva, por exemplo, um país como o
                  País de Gales passar a poder competir com uma
                  Hungria ou até Portugal para ficar com a maior parte
                  do investimento de uma das Empresas sedeadas em
                  Sillicon Valley (zona dos Estados Unidos onde estão
                  concentradas muitas empresas ligadas à sociedade
                  do conhecimento e da informação).



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E aqui, o factor determinante na decisão final
               dessa Empresa poder-se-á reduzir a um mero
               desconhecimento, ou até alguns preconceitos que
               possa ter relativamente a um desses países. Daí a
               relevância de um Marketing eficaz da Marca-País
               de qualquer desses países, por forma a cativar e
               atrair a atenção da empresa investidora.



             Por conseguinte, e agora falando de uma forma mais
             abrangente, julgo ser necessário/premente combater os
             preconceitos e a ignorância por vezes instalada nas mentes dos
             vários agentes económicos (sejam eles o Estado ou os
             empresários, estendendo-se até aos meros cidadãos)
             relativamente ao seu conhecimento de determinados países e,
             consequentemente, às Marcas-País de certas nações.


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E como fazê-lo?!




             Pois bem, recorrendo à publicidade, às
             brochuras, aos sites na Internet, a
             propostas competitivas nos concursos, a
             apresentações e a todos os outros
             instrumentos do marketing moderno.




20-01-2010                                             50
O Caminho
       já
   percorrido



                No caso concreto de Portugal, os estudos e consequentes esforços em
                “trabalhar” (no sentido de “polir”) a Marca-País revelou-se ser tardia,
                comparando com outros exemplos como é o de Espanha.




             Só em 1992, é que foi adoptado oficialmente um novo sistema de identidade
             gráfica e conceptual para a promoção da oferta de Portugal no sector do
             Turismo.



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Com essa decisão das autoridades centrais da administração pública
             portuguesa, inaugurava-se uma nova era de desenvolvimento de uma
             verdadeira Marca-País para Portugal, dada a crescente importância económica
             de um dos sectores empresariais de maior potencial competitivo e cada vez
             com maior peso um sector marcante para a projecção de uma imagem nacional
             no exterior.



             Para trás ficava o Portugal tradicionalista do “Galo de Barcelos”, da tristeza, do
             fado e da saudade, “um país onde o negro era cor”, como então era usual
             apreender a sua caracterização de identidade diferenciadora.



             A partir daquela data, poder-se-á descrever retrospectivamente o processo de
             desenvolvimento da Marca Portugal em 4 grandes fases distintas (sendo a
             última extensível ao presente):




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1


             De 1992 a 1998, na esteira do que a Espanha, nossa vizinha e um dos nossos
             maiores concorrentes directos no Turismo, vinha fazendo, a promoção
             internacional da oferta portuguesa passou a ser feita com uma estratégia de
             comunicação sistematizada e referenciada de forma consistente por meio da
             nova imagem de marca diferenciadora: tratou-se daquilo a que se poderá
             designar como o Branding do Turismo de Portugal.



             Nesse período, um dos instrumentos mais poderosos de execução da
             estratégia foram as campanhas de publicidade sectorial “Portugal: The Thrill
             of Discovery”, dirigidas a todos os principais mercados-alvo, emissores de
             turistas para o nosso país, com o objectivo de reposicionar uma oferta nacional
             não tão bem conhecida e valorizada como o merecia ser, pela sua diversidade e
             qualidade.




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2


             Numa segunda fase, de 1999 a 2004, foi ponderado capitalizar os resultados
             conseguidos no sector do Turismo, em benefício de outros sectores
             exportadores ou da economia nacional como um todo. De facto, a promoção
             internacional do Turismo de Portugal já era reconhecida pelos especialistas
             como um caso de sucesso de estratégia de Branding em termos de Marca-País.




             Nesta fase, ao procurar-se envolver múltiplos sectores da economia, não podia,
             no entanto, deixar de emergir com a maior acuidade o problema de encontrar
             uma definição consensual – para todos os intervenientes e interessados,
             públicos ou privados – da identidade nacional, de que a Marca-País constitua a
             adequada projecção exterior.




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Se, no entanto, nesta fase não foi possível encontrar uma solução definitiva no
             quadro restrito de uma estratégia de Branding, por outro lado, há que
             sublinhar a importância que passou a ser dada ao conceito de Diplomacia
             Económica, para tentar reforçar a projecção de Portugal no mundo da
             economia globalizada em todas as modalidades institucionais de
             responsabilidade pública, nomeadamente pela conjunção de esforços de áreas
             e estruturas diversas do Estado, como sejam as da tutela dos Ministérios da
             Economia e dos Negócios Estrangeiros.




             No âmbito mais restrito da promoção comercial, foi ainda nesta fase que se
             iniciou um programa para a Certificação de Marcas de empresas
             exportadoras, com objectivos promocionais, para além dos meros objectivos de
             protecção legal, da alçada do Instituto Nacional da Propriedade Industrial.




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Entretanto, a promoção sectorial do Turismo prosseguiu a consolidação da
             marca, tanto em termos internacionais, como aliás nacionais, o que veio a ser
             complementado com a projecção excepcional de eventos de grande potencial
             mediático, com o auge do “Euro 2004”.




 3


              O ano de 2005 significou o início de uma aposta clara na imagem do Turismo
              para marca única de todos os sectores económicos do país.




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O Presente




     4          Já no final de 2007, foi lançada a última campanha que visa promover a
                imagem de Portugal, no país e no estrangeiro. Portugal Europe’s West Coast é
                a assinatura da nova campanha de promoção do país que pretende alterar a
                percepção externa da imagem de Portugal, posicionando-o como o País
                moderno, inovador e empreendedor que já é na realidade.




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A campanha associa o país ao Oeste da Europa (Europe's West Coast) e a
             conceitos de modernidade, inovação, tecnologia, empreendorismo e
             qualidade de vida, promovendo Portugal como um todo, desde o turismo,
             economia, comércio e cultura, e qualificando a oferta dos recursos, pessoas e
             produtos nacionais.




             O dia 13 de Dezembro de 2007 marcou o arranque da campanha, aproveitando
             o momento mediático da assinatura do Tratado de Lisboa pelos Chefes de
             Estado e de Governo dos 27 países-membros da União Europeia.




             Serão igualmente abordados os significativos avanços nas energias alternativas,
             área onde Portugal lidera: regista um dos maiores crescimentos na utilização
             de energia eólica e possui a maior central solar do mundo, em Moura.




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A campanha explora a ligação com os talentos nacionais com expressão
             internacional como Cristiano Ronaldo, José Mourinho, Nelson Évora, Vanessa
             Fernandes, Mariza, Miguel Câncio Martins, Maria do Carmo Fonseca e Joana
             Vasconcelos, os oito rostos que serão utilizados nesta campanha, entendidos
             como símbolos de um Portugal moderno e vencedor.




             O autor das imagens da campanha de promoção, o inglês Nick Knight, é um dos
             mais conceituados fotógrafos mundiais. Através da sua objectiva, o país é
             captado de uma forma criativa, dinâmica e inovadora.




             A campanha será promovida nos mercados nacional e internacional –
             Alemanha, Espanha, França e Reino Unido –, em publicações de grande
             prestígio, tais como, The Economist, Conde Nast Traveller, Time, Newsweek,
             Vogue, Stern, Le Monde2, Le Fígaro Magazine, El Pais e El Mundo.
             Além de anúncios de imprensa, será colocada publicidade exterior nos locais
             mais emblemáticos da cidade de Lisboa e do Porto, como o Palácio Foz, o
             Centro Cultural de Belém, o Teatro D. Maria e a Casa da Música.
20-01-2010                                                                                 59
Esta nova fase de promoção da Marca
                           Portugal pretende ser uma alavanca na
                           captação de investimento e na atracção de
                           talento, visando tornar o país mais
                           competitivo, consolidando ao mesmo tempo a
                           sua imagem de grande destino turístico e o seu
                           cariz cultural.


Não nos esqueçamos:



               De acordo com o ranking do Banco Mundial, Portugal está entre
               os 40 melhores países para fazer negócios, é o segundo país mais
               desenvolvido da Europa em práticas de governação electrónica e
               um líder mundial na utilização de energias alternativas. Portugal
               está também entre os países mais desenvolvidos do mundo,
               ocupando a 29.ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano
               da ONU e é o 19.º país mais procurado para turismo, segundo o
               ranking da World Tourism Organization.

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Ora, todas estas “mais-valias”, feitos e capacidades
                    merecem ser divulgados e projectados no exterior
                    para se mostrar verdadeiramente uma imagem do
                    País adequada à realidade!




         Esta última fase do processo de desenvolvimento da Marca Portugal, com
         todas as suas implicações no campo das estratégias e dos programas de acção,
         está em curso e afigura-se como o início lógico, de um processo complexo no
         contexto da evolução e internacionalização da economia portuguesa e de
         sectores de actividade cruciais para o seu futuro.




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Todo o caminho já percorrido por Portugal na condução da sua política de
         gestão da sua Marca-País, leva-me a deduzir e perceber, desde logo, que
         Portugal começou a adoptar estratégias de marca semelhantes às que foram
         tentadas noutros países – e, de uma maneira geral, por países mais bem
         conhecidos e em melhor situação financeira. Claro que há muitas dificuldades
         inesperadas e caminhos, aqui ou ali, díspares, mas as técnicas e estratégias
         básicas são similares.



             Julgo ser uma questão de tempo antes que Portugal (assim como, praticamente
             todas nações) coloque verdadeiramente a gestão da sua marca na lista
             estratégica das suas prioridades. Não pode haver outro caminho!




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O processo de gestão da Marca-País já está em marcha à escala global,
         sobretudo, em algumas nações desenvolvidas (nas quais, Portugal também se
         inclui). E assim que arrancar definitivamente, tornar-se-á de facto imparável. A
         questão é saber-se quando e como poderá ter sucesso e eficácia.




         Certo é que um programa de gestão da marca num país em pleno século XXI
         dominado por fortíssimos processos de globalização necessitará de altos níveis
         de competência política, administrativa e técnica!




20-01-2010                                                                                  63
A gestão de um programa de gestão da marca de um país não pode surgir do ar.
        Tem de se estar em consonância com a realidade! E terá de ser, sobretudo,
        interessante, reconhecível, coerente e atractiva!




        As Marcas-País com mais sucesso não são simplesmente inventadas. Baseiam-se
        numa atitude, na realidade actual, que condensam e promovem. Neste sentido,
        acabam por funcionar como que orgânicas e desenvolvem-se a si próprias.




                             Mas, para isso,
                             necessitam de orientação
                             se quiserem materializar
                             o seu próprio potencial.


                     E é este o caminho que quem gere a Marca
                               Portugal tem de seguir!
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A meu ver, a essência dos novos programas de Marca-País – e no caso concreto
 Portugal – deverá destinar-se a captar o espírito de uma época e de um lugar (no
 sentido de cultura e idiossincrasias de uma determinada sociedade), de modo a que
 os indivíduos e organizações compreendam isto e adiram de uma forma espontânea,
 num crescendo de sinergias. A obrigação não pode resultar, porque a identidade
 emergirá por meio de uma multiplicidade de mensagens separadas por alguns
 elementos unificadores, e não apenas por alguns grandes acontecimentos.


                  Neste sentido, a Marca Portugal precisa de uma orientação
                  efectiva e coordenada se quiser materializar e projectar o
                  seu próprio potencial!



         Partindo destes pressupostos, o que é que se deve esperar dos governos
         nacionais, e em particular do português?




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Precisamente, tomar a iniciativa e criar a atitude, liderar e coordenar o
             programa da gestão da sua Marca-País!




                                   Esforços coerentes em cada sector – cultura, artes,
                                   desporto, educação, transportes e ambiente, e, claro
                                   está, relações externas – podem na realidade
                                   estimular, inspirar e dirigir! Simultaneamente, terá de
                                   ser dado grande enfoque ao aspecto visual, criar-se
                                   uma concordância para que ele resulte, uma base de
                                   influência e um financiamento adequados.




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Claro está, que, como em qualquer outro processo de construção,
                 viabilização e desejado sucesso de um projecto, há muitas
                 dificuldades, obstáculos e contratempos inesperados que podem
                 surgir.

                                  A minha pergunta é: o que fazer
                                   para se tentar minimizar (ou
                                     até evitar) contratempos
                                           indesejados?




                               A minha resposta passa pelo seguinte:




             A criação de um projecto muito bem definido (com directrizes claras),
             coordenado (com um efectivo esforço de todos os envolvidos), coerente (não
             foge à sua mensagem mestra, nem ao rumo previamente delineado) é ou não é
             meio caminho andado para o tão desejado sucesso? A resposta lógica é – sim!
             Claro!

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E, perguntam, porque ponho estas questões?




             Faço-as, pois, parece-me que no caso concreto
             de Portugal, falta ainda um conjunto de factores
             (no sentido de grupo de definições) que
             contribuiriam para uma Marca-País muito mais
             bem aproveitada, com imagem muita mais
             atractiva e consequente melhor potencialização
             da sua Marca. Não tenho dúvida sobre isso!




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Não obstante Portugal já ter de facto dado passos efectivos e decisivos
             ao longo dos últimos 17 anos (de 1992 até aos dias de hoje) no
             tratamento e condução da sua Marca como País – o que factualmente
             comprova a existência de uma política efectiva nesta matéria, ainda que
             pontualmente –, parece-me, no entanto, ainda não existir um
             verdadeiro plano governamental coordenado para a gestão da Marca
             Portugal A LONGO PRAZO (uma estratégia continuada), ou pelo
             menos, com os contornos que eu julgo serem os fundamentais para a
             condução de um projecto desta natureza.


                                Por conseguinte, eu exaltaria 8
                                 pontos no mínimo (poderão
                                haver mais, com certeza. Mas,
                                pelo menos, julgo serem estes
                                 os cruciais). O plano deveria:




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Estabelecer um grupo de trabalho com representantes do governo,
             indústria, artes, educação, desporto e media. Este grupo de trabalho deveria
             ser devidamente financiado com uma base de influência eficaz. O grupo de
             trabalho também deveria nomear consultores para orientarem o programa.




             O grupo de trabalho, ou alternativamente um pequeno grupo de trabalho
             no seu interior, deveria concentrar-se em identificar e definir os públicos
             mais importantes. Neste sentido, dever-se-ia fazer um estudo para analisar
             de que forma a nação é vista quer pelos seus próprios cidadãos quer por
             públicos-alvo específicos noutros países.




             Seria importante que esse grupo de trabalho desenvolvesse um processo de
             consulta com líderes de opinião para verificar quais seriam os pontos fortes
             e fracos do país, compará-los com os resultados de estudos internos e
             externos, e considerar (pôr em cima da mesa) algumas opções que
             pudessem emergir e servir de ideias centrais/base.


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Consequentemente, dever-se-ia criar uma ideia central em que a Marca
             Portugal se baseie e a partir da qual se desenvolva todo o programa
             [muito embora, possamos verificar/comprovar que a actual campanha
             promocional – Portugal Europe’s West Coast, iniciada em 2007 – já o
             tenha feito. O risco desta campanha, no entanto, é de saber se apenas se
             trata de uma política de orientação conjuntural, com um cariz pontual,
             limite temporal (tal como aconteceu com a 1ª campanha “Portugal: The
             Thrill of Discovery”, por exemplo, que durou cerca de 6 anos – de 1992 a
             1998). A minha desconfiança é de ela preconizar, simplesmente, uma visão
             de curto alcance sem que tenha alicerces fortes e sustentados que sirvam
             de apoio a uma verdadeira operação de Marketing duradoura].



             Essa ideia central, de que falo, teria de ser visualizada por meio de cores,
             um símbolo e grafismo. E seria aqui que um artista proeminente deveria
             ser incumbido de criar o ícone nacional (tome-se como exemplo o Sol
             desenhado por Joan Miró para servir de símbolo da nossa vizinha
             Espanha). Seguindo este raciocínio, seria decisivo identificar-se um grande
             projecto que tivesse significado global e pudesse direccionar as atenções
             para o País – como já aconteceu com a marcante EXPO de Lisboa de 1998,
             o campeonato Europeu de Futebol de 2004, ou ainda, a também tão
             badalada EXPO Sevilha e os Jogos Olímpicos de Barcelona em relação a
             Espanha.

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Um factor o qual julgo ser crucial e até verdadeiramente inovador para o
             caso português seria o desenvolver de um Livro da Marca Portugal (tal
             como acontece, por exemplo, com Espanha). O propósito desse livro seria
             ilustrar e demonstrar o espírito, a personalidade e o estilo nacional
             português, onde de uma forma resumida, mas necessariamente
             abrangente, se desse ênfase a todos os sectores de actividade em que o
             Portugal actual (não ignorando fazer um apanhado de todo o seu passado
             e seus importantes feitos) está envolvido (lá está: indústria, artes,
             educação, desporto, etc.).




              Este livro poderia servir, também, como modelo (de orientação, se
              quisermos) para as diferentes empresas nacionais que pretendam projectar
              uma ideia delas próprias relacionada com a imagem nacional portuguesa.
              As mensagens necessárias para os sectores diferentes mas
              complementares – investimento externo, exportação e turismo – deveriam
              ser coordenadas e harmonizadas de modo a adequarem-se a cada
              público, e assim poderem reflectir a ideia central.




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Durante um certo período, dever-se-ia coordenar tudo o que fosse
             produzido pelo País ou a representar – das promoções turísticas e
             companhias aéreas aos produtos e serviços – de modo a que tudo o que
             venha de Portugal fosse imediatamente reconhecível.




             Finalmente, o grupo de trabalho teria de tentar influenciar os que têm
             poder de influência. Como?




               Através da criação de um sistema de ligação recorrendo às organizações
               apropriadas no comércio, indústria, artes, media, etc. O programa, como
               um todo (lá está: de forma coordenada), ganharia maior projecção ao
               influenciar as pessoas que exercem, elas próprias, grande influência e
               formam opiniões nas diferentes áreas, tanto interna como externamente.




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Definidas, a priori, todas estas linhas de orientação, o programa deveria
             prosseguir de forma efectivamente coordenada e gradual sempre com o
             objectivo final em mente.




             Quando digo gradual, refiro-me a aproveitar todas as oportunidades que
             forem surgindo ao longo do caminho. Não apenas as coisas óbvias
             (consideradas clássicas), como sejam as feiras comerciais, publicidade ou
             trabalho comercial nas embaixadas.




             Não nos devemos esquecer que o cidadão comum é influenciado por
             outras variáveis – a gastronomia, cinema, arte, desporto, bem como
             outras formas directas de promoção. E é por essa razão que, por
             exemplo, os festivais de cinema e, sobretudo, os jogos de futebol
             (especialmente se o país ganha, como foi o caso paradigmático da
             Selecção Nacional de Futebol da Era Scolari) acabam por ser tão
             importantes como as missões comerciais.


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Em suma:




             A solução para a potencialização da Marca Portugal é ter uma ideia
             clara daquilo que se quer projectar/promover (seja para o exterior ou
             interior). Há que fazer com que o programa de gestão da Marca seja
             visível, implementá-lo em todas as actividades oficiais, não oficiais e
             influentes onde seja possível e credível, e deste modo criar ou
             coordenar um movimento convergente para que as organizações mais
             importantes e as pessoas fora dos círculos governamentais possam
             aderir simplesmente porque lhes convenha fazê-lo.




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Não nos devemos
 esquecer do seguinte:




             Nos dias que correm, a comunicação entre os países é constante.
             Diariamente, enviam milhões de mensagens através da acção ou
             inacção política, da cultura popular, dos produtos, serviços, desporto,
             comportamentos, artes e arquitectura. E não nos iludamos,
             colectivamente, todos estes milhões de mensagens representam uma
             ideia daquilo que é a nação como um todo, o que pretende e aquilo
             em que acredita. Consequentemente, deve ser preocupação e tarefa
             do governo português (assim como de qualquer outro no mundo) – e
             com uma atitude discreta – definir o tom das mensagens e dar o
             exemplo quando for necessário, de modo a que possa gerar algo de
             credível, coerente e realista. Apostar na Imagem (com todas as
             abrangências que o substantivo possa ter) é, pois, crucial para que a
             (s) estratégia (s) delineada (s) não possa (m) vir a sofrer um revés
             (por vezes determinante).


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Dentro de poucos anos (se é que actualmente já não começa a acontecer),
             a gestão da Marca-País será vista como uma manifestação perfeitamente
             normal daquilo a que agora muitos apelidam de governo de associação.
             Uma marca de sucesso será vista como um importante activo nacional.
             Nenhum país poderá ignorar o modo como é visto pelo resto do mundo. Os
             políticos de todos os países compreendem agora que cada nação tem uma
             identidade. E o caminho é: ou tentam geri-la, ou ela geri-los-á! Que o
             exemplo dos EUA sirva como um claro aviso.



             Por outro lado, torna-se evidente que não é fácil construir uma marca de
             sucesso. Muitas marcas novas falham. Mas, assim que uma marca tenha sido
             lançada e estabelecida, pode ser mantida indefinidamente, desde que
             adequadamente tratada e utilizada. A gestão de uma marca (seja ela
             comercial ou, no caso concreto, País) é acima de tudo e de facto isso
             mesmo: a criação e a manutenção (mais uma vez, numa perspectiva de
             longo prazo) da confiança!


20-01-2010                                                                              77
Há marcas que não têm sucesso (e o mesmo se aplica a uma Marca-País),
             porque, para criar e manter uma marca, é necessário ter-se habilidade, uma
             grande dose de coragem, dinheiro, determinação, originalidade, criatividade
             e uma infinita capacidade para se esforçar por isso. E a combinação de todos
             estes factores é de muito difícil alcance!




             No caso concreto de Portugal, é crucial perceber-se que para vender bem
             a sua marca tem de se apostar numa estratégia de continuada promoção
             da sua imagem e da sua marca. Nos dias que correm, no contexto muito
             particular da globalização e indissociável aumento da competitividade no
             ambiente empresarial internacional, Portugal só conseguirá, por outro
             lado, vencer o grande desafio da internacionalização da sua Economia, se
             apostar em sectores considerados vitais e verdadeiramente estratégicos
             para o aumento da sua competitividade no contexto internacional.




20-01-2010                                                                                  78
Mas, essa aposta tem de ser, inevitavelmente, acompanhada por uma
             verdadeira política de gestão da sua Marca, de marketing consistente e
             imaginativa visando um só objectivo: o da melhoria da qualidade dos
             produtos e serviços que tem para oferecer. E porquê? Com a única
             missão e visão de melhorar a sua imagem no exterior! Só dessa forma
             conseguirá atrair potenciais interessados na sua oferta. Vencendo o
             desafio da melhoria da sua imagem no exterior, o país conseguiria atrair
             mais investimentos estrangeiros e parcerias estratégicas. No global,
             ganhar-se-ia uma melhoria qualitativa da percepção no exterior da
             imagem de Portugal, como também, sobre o que este tem de melhor para
             oferecer.




20-01-2010                                                                              79
Sectores
                          “Chave” a
                           investir




             Vestuário, Têxteis e Calçado (embora em
              decadência, ainda representa 20% das
                       nossas exportações)


               Componentes de Electrónica (somos
             competitivos, perdendo competitividade
             apenas para os países de Leste, onde os
               custos de produção são mais baixos)


             Pasta de Papel (somos líderes mundiais)

20-01-2010                                             80
Software (ex: a “Ship Idea” criado pelo
                    Instituto Superior Técnico)



                Turismo (continua e continuará a ser
                         importantíssimo)



             Financeiro (ainda é dos mais competitivos)




                               Vinhos




20-01-2010                                                81
Estes Sectores têm, pois, de ser o “barro” (no sentido de “alvo”,
               “objecto”) sobre o qual a referida gestão Marca Portugal (e de
              marketing, em última análise) terá de trabalhar com vista a uma
                melhor promoção e divulgação desses mesmos sectores, e,
             sobretudo, para o aperfeiçoamento e reconstrução da imagem de
                    Portugal perante o mundo como um país moderno e
              perfeitamente enquadrado nas exigências da globalização e da
                      grande competitividade à escala internacional.




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As Grandes
                                             Marcas
                                           Portuguesas




              O caminho a seguir com base nos moldes apresentados ao longo deste
              trabalho levaria, não tenho grandes dúvidas sobre isso, ao tão desejado boom
              e crescente brilhantismo da Marca Portugal e das suas Marcas.




                              E o que é que me leva a ser tão afirmativo?



             Muito simples: já temos muita obra-prima para com que trabalhar. Só falta,
             como tentei expor, implementar uma política efectiva de gestão da nossa
             Marca-País que esteja bem definida, delineada, onde haja uma verdadeira
             coordenação de esforços e onde a estratégia a seguir seja numa visão de
             longo prazo.
20-01-2010                                                                                   83
Senão,
                                         vejamos:




             Já somos portadores de grandes e reconhecidas marcas. Cabe apenas uma
             melhor e eficaz divulgação (política de marketing) dos feitos e conquistas
             dessas mesmas marcas, quer intra-portas, quer além fronteiras. A Marca
             Portugal é já associada (embora poucos o saibam – devido a uma
             inquietante ausência de uma verdadeira política de marketing) a uma série
             de empresas líderes, ou pelo menos consideradas precursoras, em vários
             sectores da actividade económica. Somos já um País que:




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Tem sede uma empresa que é líder mundial
             de tecnologia de transformadores (Efacec).


             Outra é líder mundial de produção de feltros
             para chapéus (Fepsa).



             Tem uma empresa que inventa jogos para
             telemóveis e os vende para mais de meia
             centena de mercados (Ydreams).


             Tem outra que concebeu um sistema através
             do qual o consumidor pode escolher, pelo
             seu telemóvel, a sala de cinema onde quer
             ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se
             quer sentar (Mobycomp).

20-01-2010                                                  85
Inventou um sistema biométrico de
             pagamentos nas bombas de gasolina e uma
             bilha de gás muito leve que já ganhou vários
             prémios internacionais (GALP).


             Tem um dos melhores sistemas de
             Multibanco a nível mundial, onde se fazem
             operações que não é possível fazer, por
             exemplo, na Alemanha, Inglaterra ou
             Estados Unidos (SIBS).


             Fez mesmo uma revolução no sistema
             financeiro e tem as melhores agências
             bancárias da Europa - três bancos nos cinco
             primeiros (BPI, BCP, Totta, BES, CGD).


             Está avançadíssimo na investigação da
             produção de energia através das ondas do
             mar (Stab Vida).
20-01-2010                                                  86
Tem uma empresa que analisa o ADN de
             plantas e animais e envia os resultados para
             os clientes de toda a Europa por via
             informática (Altitude Software).


             Tem um conjunto de empresas que
             desenvolvem sistemas de gestão inovadores
             de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas
             e médias empresas (Primavera Software).


             Conta com várias empresas a trabalhar para
             a NASA ou para outros clientes
             internacionais com o mesmo grau de
             exigência (Critical Software, Out Systems,
             WeDo).




20-01-2010                                                   87
Desenvolveu um sistema muito cómodo de
             passar nas portagens das auto-estradas
             (Brisa).



             Vai lançar um medicamento anti-epiléptico
             no mercado mundial (Bial).



             É líder mundial na produção de rolhas de
             cortiça (Grupo Amorim).


             Produz um vinho que “bateu” em duas
             provas vários dos melhores vinhos espanhóis
             (Quinta do Monte d’Oiro).




20-01-2010                                                 88
Conta já com um núcleo de várias empresas
             a trabalhar para a Agência Espacial Europeia
             (Activespace Technologies, Deimos
             Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space
             Services).



             Inventou e desenvolveu o melhor sistema
             mundial de pagamentos de cartões pré-
             pagos para telemóveis (Portugal Telecom
             Inovação).



             Está a construir, ou já construiu, um
             conjunto de projectos hoteleiros de
             excelente qualidade um pouco por todo o
             mundo (Grupos Pestana, Vila Galé, Porto
             Bay, BES Turismo e Amorim Turismo).


20-01-2010                                                  89
A par disto, há ainda grandes empresas
             multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por
                   portugueses, trabalhando com técnicos
             portugueses, que há vários anos têm obtido grande
             sucesso junto das casas mãe, como por exemplo, a
                Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP
                          Portugal, e a McDonalds.




20-01-2010                                                          90
Este é, pois, o verdadeiro Portugal que muita gente ainda
             não deu conta. Muitos consideram haver já razões para
             considerar Portugal um País de sucesso (embora não possa
             estar completamente de acordo com essa assunção).
             Argumentam, e aí sim corroboro, que está na altura de
             olharmos para o que de muito bom temos feito e de nos
             orgulharmos disso.
             Torna-se, de facto, premente mostrar ao mundo os nossos
             reais sucessos! E ao “vendermos” os nossos sucessos, não
             só futebolísticos (como é dominante nos nossos dias),
             colocamo-nos também na situação de levar muitos outros
             portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.
             Há que ter orgulho de quem somos, do que fazemos bem e,
             sobretudo, do que ainda podemos fazer melhor (olhemos
             para os nosso vizinhos espanhóis). Numa frase, eu diria:
             Portugal para Ser tem de Querer!




20-01-2010                                                                91
Tentando consolidar esta visão de
                                                           tentar maximizar as
     Por outro lado                               potencialidades da Marca Portugal
                                                    e dos seus produtos (entendidos
                                                     como Bens, Serviços ou Ideias)




    Começa a ser unânime que, face à conjuntura
    actual, o sucesso do tecido empresarial
    português (quer em ambiente doméstico, quer
    em internacional) passa a ser cada vez mais
    indissociável da ideia de ter de se apostar cada
    vez mais no aumento da produtividade do
    trabalho e capital, na melhoria qualitativa
    e quantitativa da mão-de-obra, assim
    como, na contínua introdução de novas
    tecnologias.

20-01-2010                                                                             92
Outra grande prioridade na gestão da Marca Portugal terá inevitavelmente
             passar por um apoio à internacionalização das Pequenas e Médias
             Empresas Portuguesas (PMEs). E várias razões existem para que se
             assuma tal atitude relativamente à nossa economia, de facto: o nosso tecido
             empresarial é constituído esmagadoramente por pequenas e médias
             empresas.



             Terá de haver uma aposta na valorização das PMEs que não estão
             preparadas, na sua maioria, para tal desafio.
             O Presidente da AICEP, Dr. Basílio Horta, chega a defender uma definição
             de políticas públicas orientadas para a formação nessas empresas, para
             além do recurso ao capital de risco. Os sectores a serem mais apoiados
             são as tecnologias de informação, componentes, empresas de média
             tecnologia e os serviços, sem descurar outros possíveis sectores de
             actividade.




20-01-2010                                                                                 93
Na percepção do Presidente da AICEP, existem 12 mercados-alvo para as
             exportações e internacionalização da nossa economia: Espanha, França,
             Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Índia, Rússia, China, Singapura,
             Emirados Árabes Unidos, Angola e Brasil. Além dos países que,
             tradicionalmente, se apresentam como parceiros comerciais e destinos do
             investimento do nosso país no estrangeiro, temos também outros países
             que, como a China por exemplo, pelo seu potencial de crescimento e de
             procura se apresentam como alvos importantíssimos na economia global
             em que vivemos.




             É praticamente consensual que o crescimento da nossa economia deve ser
             impulsionado pelo reforço da nossa capacidade exportadora. E devê-
             lo-á ser com base em produtos e serviços que incorporem pelo menos uma
             razoável componente tecnológica e de inovação. Temos de deixar de ser um
             país com exportações de valor acrescentado pouco significativo, e cujo
             reflexo negativo se pode constatar na nossa balança comercial.


20-01-2010                                                                              94
Além das exportações, a internacionalização também contempla os
             investimentos das nossas indústrias em outros países, alargando a sua base
             produtiva a uma escala internacional. Também aí, tem de haver um apoio
             incondicional aos empresários que se mostrem propensos a arriscar.




             É necessário informar, sensibilizar e formar os empresários portugueses
             para as vantagens da internacionalização. Depois de abrangentes acções de
             divulgação, há que ouvir os nossos gestores acerca das reais
             necessidades das empresas que se pretendam internacionalizar ou com
             processos de internacionalização já em curso. Só assim se terá uma base
             para se adoptarem as melhores e mais eficazes medidas de apoio concreto à
             internacionalização das PMEs portuguesas.




20-01-2010                                                                                95
Apostar     na Marca Portugal (com tudo o que isso implica: o
             implementar de um programa de gestão da Marca-País com linhas
             de orientação efectivamente e devidamente definidas, coordenadas,
             onde haja uma complementaridade de processos e em que todos os
             agentes envolvidos saibam exactamente como e quando actuar; a
             aposta em sectores estratégicos; a estimulação e sensibilização dos
             empresários nacionais, etc.) torna-se, por si só, numa
             estratégia de competitividade da Economia Portuguesa.




20-01-2010                                                                         96
A Marca Portugal

                          Obrigado pela atenção



             Trabalho Realizado por:     Trabalho Orientado por:
               João Miguel Cotrim        Dr. Manuel de Almeida
                                                 Ribeiro
20-01-2010                                                         97

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A importância da Marca Portugal na competitividade económica

  • 1. A Marca Portugal Instituto Superior de Ciências Sociais e 20-01-2010 Políticas 1
  • 2. Na qualidade de consumidores, todos nós estamos familiarizados com as inúmeras marcas dos produtos da nossa preferência. A gestão profissional das marcas – seja dos simples produtos de consumo de massas ou da oferta global de um país – é um instrumento indispensável da competitividade económica, tal como o caso da Marca Portugal o pode demonstrar. 20-01-2010 2
  • 3. O mundo vive, actualmente, uma série de novos processos e fenómenos: - À escala global, as regiões, os países, as sociedades e as pessoas estão cada vez mais inter-relacionados entre si. - A informação e o capital circulam mais rapidamente do que nunca. - Os bens e serviços produzidos num determinado ponto do mundo passam a estar disponíveis, cada vez mais, em toda a parte. - As viagens internacionais são cada vez mais frequentes; e a comunicação internacional já é um lugar-comum. 20-01-2010 3
  • 4. As interacções económicas, sociais, políticas e culturais sofreram uma enorme impulsão ao longo das últimas três/quatro décadas, resultando na emergência de um fenómeno fortíssimo denominado globalização. Em termos económicos, os tempos actuais caracterizam-se, pois, por uma enorme complexidade de processos de interacção e onde começa também a surgir uma outra variante que acaba por complementar esse mesmo processo global. Face ao número cada vez maior de actores no contexto da globalização (resultante de um esbatimento das fronteiras – sejam elas políticas, económicas ou até culturais – entre as sociedades), surge, desde logo, uma consequência lógica: 20-01-2010 4
  • 5. Um aumento da competitividade entre esses mesmos actores. E esta competitividade aparece, pois, os Estados Nacionais vêem-se na necessidade de quebrar as suas fronteiras económicas e enveredarem por modelos de economia aberta, permitindo aumentar os seus índices de competitividade no contexto da globalização em que todos eles vivem (quer atraindo investimentos estrangeiros, quer instigando as empresas nacionais a investirem no exterior). 20-01-2010 5
  • 6. E é neste contexto, então, que vem também surgindo uma premente e cada vez maior necessidade das empresas nacionais (preconizadas pelos seus agentes empresariais), bem como do próprio Estado, passarem a . O conceito de Estratégia tem vindo, pois, a sofrer importantes mutações e adaptações face ao novo ambiente competitivo que tem vindo a instalar-se de uma forma crescente nas nossas vidas. 20-01-2010 6
  • 7. Face à grande complexidade e crescente aumento do número de actores na cena internacional, tem-se vindo a discutir a importância estratégica do aproveitamento e exploração de um vector considerado vital para a competitividade e consequente sobrevivência desses mesmos actores – a Marca. Ao mesmo tempo, e indissociável desta ideia, sobressai, desde logo, a pertinência do conceito Marca-País. 20-01-2010 7
  • 8. Símbolo A Humanidade, praticamente desde o seu início, tem usado Histórico símbolos como forma de se expressar. Lucy, um dos mais antigos ancestrais humanos conhecidos (encontrado em África) e Luzia, a primeira brasileira da história (o mais antigo esqueleto humano conhecido nas Américas), são as primeiras protagonistas da simbologia e também, porque não, as primeiras consumidoras. O homem primitivo deixava marcas nas paredes retratando, por meio de símbolos, a sua habilidade para expressar as ocorrências da sua vida, o que suportava uma espécie de guia de sobrevivência. 20-01-2010 8
  • 9. O uso de marcas foi evoluindo ao longo da história, encontrando-se referências da sua aplicação na gestão do negócio já na Mesopotâmia, no Egipto e na Grécia Antiga, onde sinais como o nome do fabricante e sua localidade eram impressos nos produtos comercializados como garantia pública de qualidade e responsabilidade sobre o produzido. Muito embora o uso desta denominação de origem tenha surgido bem cedo no universo mercantil da história, parece consensual que o desenvolvimento da marca, enquanto fenómeno económico e social, apenas se tenha concretizado em meados do século XX, por influência de um conjunto de factores como: (a) a macro distribuição, (b) a liberdade de concorrência, (c) a constituição de unidades industriais de maior dimensão (a fábrica), (d) o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte e (e) o surgimento da publicidade. 20-01-2010 9
  • 10. Em termos de literatura, as primeiras referências sobre a marca datam de 1930 desenvolvidas pela P&G (Procter & Gamble), onde são sobretudo elaboradas questões da sua gestão operacional, isto é, mais tácticas do que estratégias propriamente ditas. No final dos anos 40, como refere Klein (2002), havia uma crescente consciência de que uma marca não era apenas uma mascote, um lema ou uma impressão na etiqueta do produto de uma empresa. A empresa, no seu todo, podia ter uma identidade de marca ou uma “consciência empresarial”. Mas, é apenas na década de 50, quando surge a prática do marketing segmentado, onde se procura o conhecimento dos consumidores, a fim de os agrupar segundo critérios previamente definidos, que Gardner e Levy (1955) acentuam a importância de estudar a marca, quantitativa e qualitativamente, após verificarem que os consumidores identificam diferenças em produtos iguais de marcas diferentes. 20-01-2010 10
  • 11. Por outro lado, a marca vista como elemento potenciador de valor acrescentado teve origem nos processos de fusões e aquisições dos anos 80 que despoletaram o boom da bolsa de valores, onde se verificam casos de venda de empresas avaliadas com base no valor patrimonial da sua marca, como são exemplo: a) A compra da Nabisco (com a marca Ritz) pela RJReynolds em 1985; b) A compra da Distillers pela PHILIP MORRIS em 1986 (com as marcas Johnnie Walker, White Worse e Gordon’s); c) A compra da Rowntree pela NESTLÉ (com as marcas Kit Kat e After Eight) em 1988. As empresas passavam, assim, a ser avaliadas mais pelo seu activo intangível do que pelos bens tangíveis tradicionais, como os produtos e instalações, reconhecendo à marca um importante valor de futuro. 20-01-2010 11
  • 12. Emerge, neste contexto, a preocupação pela gestão da marca, surgindo um conjunto de métricas comuns como a lealdade à marca, a retenção de clientes e o valor e ciclo de vida do cliente. A Marca As marcas aparecem, portanto, como fazendo parte da vida corrente de Comercial qualquer consumidor contemporâneo! É desde os anos 90 (em resultado do ambiente de intensa competição das economias, extensível aos nossos dias), no entanto, que o problema da gestão das marcas tem-se revestido de acuidade acrescida para o sucesso das empresas, dos negócios e mesmo dos países. 20-01-2010 12
  • 13. Cada marca (ou Brand, em inglês) constitui, para o negócio do respectivo produto, um activo cujo valor tem que ser desenvolvido com investimentos criteriosos, nomeadamente em comunicação (publicidade, etc.), e sujeito a avaliação rigorosa: trata-se daquilo que em inglês se designa por Brand Equity. Em cada empresa, o objectivo final da gestão das marcas e da estratégia de criação e desenvolvimento das marcas – o Branding – é assim o aumento do valor da Brand Equity. 20-01-2010 13
  • 14. Numa concepção tradicional, muito restritiva, a marca seria apenas algo que se adicionava ao produto para justificar um preço mais alto. A concepção relevante para as finalidades do marketing vai mais além. Passa a haver, na prática, uma inversão na relação entre o produto e a sua marca: “A marca é o produto”. Nesta óptica, a marca sintetiza os atributos ou benefícios do produto que influenciam a sua aquisição, diferenciando-o dos produtos concorrentes e aumentando o seu valor no mercado. De notar que o valor da marca reside na mente do consumidor: depende do seu reconhecimento (chamado de “share of mind”) e da sua estima (opinião favorável). 20-01-2010 14
  • 15. A gestão da marca visa assim actualizar na prática, e em função das circunstâncias específicas de cada produto, aquilo que podemos descrever como os objectivos gerais da estratégia de branding: Identificação do produto Sinalização de um nível de qualidade e de atributos simbólicos Protecção legal contra a imitação de características únicas (uma função histórica originária na criação das marcas comerciais). Complementarmente, o sucesso de uma marca pode ser aferido pela valorização da Brand Equity, o valor capitalizado no mercado quanto às despesas com a criação e desenvolvimento dessa marca. 20-01-2010 15
  • 16. O valor da Brand Equity pode ser calculado, na prática, por meio de metodologias empíricas e os resultados finais são traduzidos em classificações que se encontram regularmente na imprensa de negócios, como a das marcas globais que a Business Week começou a publicar a partir de 2001. Nesse ano, por exemplo, a marca mais valiosa do mundo, era, como ainda o continua a ser hoje, a Coca-Cola. 20-01-2010 16
  • 17. O conceito Como é , hoje, o conceito de Marca encarado e percepcionado num num mundo global mundo marcadamente globalizado? Hoje, a sociedade apresenta-se com contornos específicos e totalmente novos em comparação com outras épocas, como é natural. Trata-se de uma sociedade mais dinâmica, instável e evolutiva, onde as inovações tecnológicas são rapidamente lançadas no mercado. O que é que isto significa? Significa que os vários agentes interessados (empresas e o próprio Estado) nesse mesmo mercado necessitam de transmitir um diferencial que não se esgote no produto em si, para o qual existem, por certo múltiplas cópias. A marca evolui, neste ambiente, para um papel relevante, estratégico e verdadeiramente integrador. 20-01-2010 17
  • 18. Num mundo em constante mudança, onde tudo parece andar “à velocidade da luz” (em resultado de processos complexos de globalização), emerge de uma forma crescente a ideia de que uma prática de “marca bem sucedida” terá de exigir, logo à partida, uma adequada preparação, isto é, uma compreensão muito mais ampla, profunda, estruturada e holística da sociedade, da economia, dos mercados, dos negócios, das empresas e do seu marketing. Neste sentido, uma análise estratégica da marca pressupõe a investigação da envolvente interna e externa, na qual se procura caracterizar as variáveis que actuam no seu contexto! 20-01-2010 18
  • 19. Por conseguinte, e antes de se avançar ainda mais na discussão do conceito de Marca, torna-se primeiramente necessário estudar, analisar e compreender muito bem os verdadeiros contornos da sociedade contemporânea e dos vários processos de interacção que caracterizam esta autêntica Aldeia Global em que todos já vivemos. 20-01-2010 19
  • 20. A Era da Globalização, como muitos lhe têm chamado, tem-se rapidamente tornado o termo preferido para descrever os tempos de hoje. Tal como a Grande Depressão, a Era da Guerra Fria, a Era do Espaço e os Loucos Anos 20 são usados para descrever períodos específicos da História Humana, a Globalização contempla o ambiente político, económico e cultural dos nossos dias. Tal fenómeno, é caracterizado, então, por um vasto e complexo processo que abrange uma diversidade de áreas da vida social, que vai desde: A globalização de sistemas financeiros e de produção à Revolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A erosão da Nação-Estado e redescoberta da Sociedade Civil ao aumento das desigualdades sociais. 20-01-2010 20
  • 21. As grandes migrações de cidadãos (emigrantes, turistas ou refugiados), bem como o aumento do Poder e Monopólio das Empresas Multinacionais e das Instituições Financeiras Multilaterais. As novas práticas culturais e de identidade e as várias opções de escolha do que muitos apelidam do novo consumo globalizado. Ao longo das últimas três/quatro décadas, as interacções transnacionais – globalização dos sistemas de produção, transferências financeiras, disseminação (numa escala global) da informação e da imagem através dos mass media, migrações maciças das populações (turistas, trabalhadores emigrantes ou refugiados) – sofreram uma intensificação dramática por todo o mundo. 20-01-2010 21
  • 22. A extraordinária amplitude e profundidade destas interacções transnacionais levou a alguns autores a reflectir e qualificá-las como sendo uma ruptura em relação à configuração anterior das interacções transfronteiriças e, consequentemente, como um novo fenómeno designado como: Formação Cultura Globalização Global Global (Featherstone, 1990; Giddens, 1990; (Appadurai, 1990, 1997; Robertson, 1992) (Chase-Dunn, 1991) Albrow e King, 1990) Sistema Culturas de Cidades Global Globalização Globais (Friedman, 1994) (Jameson e Miyoshi, 1998) (Sassen, 1991, 1994; Fortuna, 1997) 20-01-2010 22
  • 23. Não obstante existirem opiniões diferentes, estou certo de que se pode apresentar uma noção de globalização que reúne todas elas numa única abordagem. No sentido mais geral ,e julgo incontroverso, do termo, penso poder-se considerar a globalização, no essencial, como um processo de desenvolvimento rápido das interconexões entre as sociedades, culturas, instituições e indivíduos em todo o mundo. A globalização é: Harvey – “um processo que envolve a A globalização: compressão do tempo e espaço”. David Held – “pode ser, inicialmente, John Tomlinson – “um processo que percepcionada como a ampliação, o ‘estica’ as relações sociais, relocando aprofundamento e aceleração da inter- as relações que comandam as nossas conectividade mundial em todos os vidas quotidianas de contextos locais aspectos da vida social para globais” . Outras contemporânea, dos culturais aos Anthony Giddens – “a acção à contribuições criminais, dos financeiros aos distância” ou “a intensificação das (autores) espirituais” . relações sociais à escala mundial, a Boaventura de Sousa Santos – “é uma qual une/liga as localidades distantes fase posterior à internacionalização e à de tal maneira que o que acontece multinacionalização, porque, ao localmente é influenciado e moldado contrário destas, anuncia o fim do por acontecimentos que estão a ter sistema nacional enquanto núcleo lugar, por vezes, a milhares de central das actividades e estratégias quilómetros de distância e vice-versa”. 20-01-2010 humanas organizadas”. 23
  • 24. Apresentados/analisados os reais contornos do mundo globalizado em que vivemos, podemos agora voltar à discussão do conceito de Marca e, em particular, da pertinência ou não em se poder falar de uma Marca País. O importante a entender e reter desta discussão é que nesta nova Era que, tal como vimos, é marcadamente dominada por variadíssimos e complexos processos de globalização, emerge uma nova característica: a abertura das fronteiras nacionais (económicas, políticas ou até culturais). O que é que isto significa, por seu turno? 20-01-2010 24
  • 25. A consequência é uma estimulação e consequente aumento da competitividade entre os vários actores na cena, agora, global. Por conseguinte, os Estados passam a ver-se na obrigação de repensar, redefinir e redireccionar a (s) sua (s) estratégia (s) competitiva (s) com vista ao sucesso. Passa, desde logo, a haver um esforço dos vários países (preconizado pelos seus governos) em gerir de uma forma mais eficaz e determinante as suas políticas. Emerge, no fundo, uma preocupação em saber utilizar e potencializar da melhor forma todos os instrumentos que estão ao seu alcance. E um deles é a sua Marca-País (ou Marca-Nacional, como muitos também lhe chamam). 20-01-2010 25
  • 26. Wally Ollins (presidente da Saffron Brand Consultants e professor convidado na Saïd Business School, Oxford, e na Copenhagen Business School) no seu livro “On Brand”, aborda a gestão da marca de um País como sendo “um dos conceitos políticos mais controversos do nosso tempo” (2003). Na realidade, da Espanha à Austrália, da Dinamarca a Singapura, muitos são os países que se interessam por ele. Ao contrário do que muitos possam julgar, a Marca-País trata-se de um conceito muito importante para a posição de um país no mundo (não só hoje em dia, como também ao longo da história, como iremos ver mais à frente). 20-01-2010 26
  • 27. A maioria das pessoas conhece muito pouco acerca das outras nações. Quando perante um determinado produto de um país, as pessoas têm tendência a basear-se no mito, no rumor e nas histórias que correm, que, por serem caricaturas grotescas, podem tornar-se prejudiciais para o comércio, turismo e investimento interno. Acontece, no entanto, que a ignorância e a distorção podem revelar-se extremamente perigosas. Os EUA são, invariavelmente, o país mais bem conhecido do mundo, O exemplo assim como o mais poderoso e influente. Mas, para sua surpresa, dos EUA perceberam que não são, de facto, o mais amado. Em alguns pontos do globo, chegam mesmo a ser detestados. 20-01-2010 27
  • 28. Muito embora os EUA tenham, de facto, um grande poder promocional e uma grande influência à escala mundial, parece ser claro que nunca tentaram projectar uma ideia perfeitamente clara e coordenada de si próprios, quer interna como externamente. Por isso dizer-se que a ideia que o resto do mundo tem acerca desse país (aquilo que representa, os seus valores) deriva inevitavelmente desta mistura confusa e contraditória de ideias que o país exporta de si próprio. Os EUA são, sem sombra de dúvida, o berço do marketing, da marca e da publicidade. É lá que podemos identificar a indústria dos media mais poderosa do mundo – CNN, Hollywood, MTV, etc. 20-01-2010 28
  • 29. A priori, parece, pois, existirem razões mais que suficientes para pensar- se que este país deveria estar numa posição privilegiada para influenciar favoravelmente o (s) seu (s) público (s) -alvo. Mas, espantemo-nos, com a excepção dos períodos de guerra ou de uma amplitude similar, acaba por não se preocupar com isso. E Porquê? Julgo, porque, ao contrário de outros países (que têm um só e bem definido objectivo), faltam-lhes os meios necessários e, sobretudo, a vontade necessária. 20-01-2010 29
  • 30. Um outro factor fulcral parece-me ser a total ausência de qualquer tentativa a longo prazo, séria e consistente por parte dos EUA, para fazerem-se compreender e, no fundo, para “ganhar amigos e influenciar as pessoas”. O ódio manifestado aos EUA nos primeiros anos do século XXI enfatiza, inevitavelmente, o significado da Marca-País (ou nacional, como se queira) como um aspecto importante. Pergunto: Se os EUA tivessem feito mais cedo um esforço mais sério e duradouro para se explicarem perante o resto do mundo (no fundo, uma gestão mais positiva da sua Marca-País), teriam sido tão difamados e atacados? Parece-me que não. 20-01-2010 30
  • 31. Os Founding Fathers, se assim os podemos denominar, nunca se preocuparam muito em influenciar o resto do mundo, nem estavam, nos primeiros anos da República Americana, especialmente preocupados com o que as demais nações pudessem pensar deles. Neste particular, os EUA parecem-se ser, de facto, um caso atípico! A maioria das nações dedicou grande foco, atenção, energia e dinheiro (claro) para construir prestígio e influência quer interna quer externamente (veja-se o exemplo da França – abordarei mais à frente), e a tentativa consciente e deliberada para projectar uma identidade nacional clara, consistente e ideologicamente dominada foi sempre fundamental na actividade que desenvolveram. Constato pois, que o inquietante menosprezo dos EUA face ao resto do mundo, que objectivamente acaba por constituir um intrigante reflexo de uma tendência de isolacionismo nas atitudes americanas, é, de facto, invulgar. 20-01-2010 31
  • 32. O caso dos EUA é notoriamente um bom exemplo de como uma Marca- País não deveria ser gerida e projectada no resto do mundo! A percepção actual que o mundo tem sobre os EUA acaba por ser um reflexo lógico de uma ausência de atitude deste País sobre como saber optimizar todas as valências que a gestão de uma Marca-País necessariamente (e inerentemente) deveria focar. 20-01-2010 32
  • 33. Escolho o caso francês, pois parece-me ser mais um O exemplo da França excelente exemplo complementar à análise que estou a tentar apresentar sobre esta temática. Se dissecarmos ainda mais a abordagem feita por Ollins, chegamos à natural constatação que, se recuarmos bem no tempo e reflectirmos todos um pouco sobre todo o percurso que esta nação tem vindo a ter, foram efectivamente os Franceses que iniciaram a utilização da Marca- País. Senão, repare-se: Cinco repúblicas, dois impérios e cerca de quatro dinastias da França oferecem-nos um fascinante exemplo de como as identidades criadas e estabelecidas tiveram grande peso na fundação da sua legitimidade interna, manutenção do poder e influência sobre os seus vizinhos. 20-01-2010 33
  • 34. Recordemos: Em 1789, veio a primeira e mais significativa revolução: Não só a nobreza foi exilada e dispersa, a família real executada, proclamada uma república e a religião violentamente denunciada, e todo o sistema social e cultural profundamente modificado, mas também os mais pequenos pormenores sofreram uma alteração. A bandeira tricolor substitui a flor-de-lis, a Marselhesa tornou-se o novo hino, o sistema tradicional de pesos e medidas foi substituído pelo sistema métrico, introduziu-se um novo calendário, Deus foi substituído pelo Ser Supremo e (aqui é que está o ênfase) “exportou- se” todo este conjunto de mudanças por meio de triunfos militares em toda a Europa. 20-01-2010 34
  • 35. Dominic Lieven, em “Empire: The Russian Empire and its Rivals” aborda este assunto de uma forma pertinente: “a doutrina nacionalista revolucionária de 1789 foi simultaneamente absoluta e abstracta. Exigia um nível de compromisso para com o Estado muito mais elevado do que o da monarquia tradicional...”. Por outras palavras, a nova república francesa tinha muito mais consciência de si própria enquanto nação, era mais agressiva e estava mais determinada em criar uma homogeneidade – consistência e coerência – do que qualquer outra nação alguma vez o fizera. E estas duas valências (a consistência e a coerência) são aspectos fundamentais da gestão de uma marca. Só alguns anos mais tarde é que se deu uma outra alteração na imagem de marca francesa. O general Napoleão Bonaparte autoproclamou-se primeiro “Cônsul”, e logo depois, “Imperador”. O império era um conceito novo e, necessariamente, totalmente estranho à França, desde Carlos Magno (séc. VII). 20-01-2010 35
  • 36. Napoleão autocoroou-se imperador durante uma cerimónia de coroação, na Igreja de Notre Dame de Paris, que foi retratada para a posteridade pelo famoso pintor David. Acabou por introduzir novos títulos, rituais, uniformes, honras e condecorações, para não falar de um novo sistema jurídico e educativo que “exportou” para todos os seus domínios e o próprio estrangeiro e que teve um notável poder de “absorção” por todo o mundo de então. Actualmente, reflicta-se sobre isto, o código napoleónico continua, em grande verdade, a ser estrutura jurídica na maior parte da Europa e com repercussões nas antigas colónias ou províncias ultramarinas das respectivas potências coloniais. Sob o domínio de Napoleão, a França não era suficientemente grande; e toda a Europa mudou a sua imagem de marca. E é, de facto, opinião comum entre os historiadores de que tudo isto acabou por ser ideia de Napoleão. Defendem que, obviamente, ele pode não se ter ocupado de todos os pormenores, mas o plano principal acabou, factualmente, por ser do próprio Bonaparte. 20-01-2010 36
  • 37. E, desde então, todas as modificações da imagem de marca francesa prosseguiram de forma esporádica e frequentemente violenta. Ao império de Napoleão sucedeu-se a restauração da dinastia dos Bourbon, que foi derrubada e substituída por uma monarquia burguesa, a que se seguiria uma Segunda República, que depois passaria a ser o Segundo Império Napoleónico. Quando a Terceira República emergiu das cinzas da derrota de Napoleão III às mãos da Prússia, os políticos franceses tinham-se transformado nos melhores especialistas mundiais na gestão e na renovação da imagem da Marca- Nacional. Mais tarde, quando a Terceira República entrou em colapso após a derrota de 1940 e foi substituída pela República de Vichy, liderada por Pétain, deu-se uma nova alteração da marca francesa. Caracterizou-se pelo seguinte: - O lema republicano, ou, em linguagem de marketing, o strapline, passou de “liberté, egalité, fraternité” para “travail, famille, patrie”. 20-01-2010 37
  • 38. De seguida, após o regime de Vichy, seguiu-se a Quarta República e a Quinta, que constituíram a actual “encarnação” política e cultural da França. Não obstante ser verdade que existe uma continuidade debaixo da mudança ao longo dos anos, percebe-se que o povo francês e a própria França continuam a demonstrar muitas características nacionais. Note-se, no entanto, que as mudanças contínuas da Marca- País francesa não são superficiais, cosméticas ou inexpressivas. Bem pelo contrário. Elas são reais e bem profundas. 20-01-2010 38
  • 39. Constato, pois, que a razão porque as nações continuam, de forma explícita ou até implícita, a moldar vezes sem conta a suas identidades (por outras palavras, a atribuírem-se a uma nova marca) deve-se ao facto de as suas realidades mudarem/mutarem-se, e, consequentemente, tornar-se necessário projectar esta mudança de uma forma simbólica a todos os públicos com quem estão relacionados. No fundo, pretendem, tanto quanto possível, alinhar a percepção com a realidade. O caso francês parece-me, pois, ser um exemplo crasso (mesmo um sério case study) de como fazer uma análise mais completa e ter uma melhor compreensão dos reais contornos que a gestão de uma Marca-País deve implicar. Julgo poder-se concluir claramente que, ao longo dos anos (e até nos dias que correm), a França é provavelmente aquele País que mais influência teve (e tem) no processo de gestão e renovação da marca de outros países. 20-01-2010 39
  • 40. Outros exemplos A generalização do conceito numa escala global A estratégia de renovação da marca encetada por Ataturk, após a derrota do Império Otomano no final da primeira Guerra Mundial, só tem paralelo, em escopo e em dimensão, com a da primeira Revolução Francesa. Implicou um novo alfabeto, uma nova forma de vestir (todos os homens tinham de usar chapéus à maneira do Ocidente, ou pelo menos uma versão turca dos mesmos), um novo nome para a nação e todos os seus habitantes e, talvez o facto mais importante, atendendo aos recentes desenvolvimentos, uma limpeza étnica e um estado secular, em vez de um religioso. 20-01-2010 40
  • 41. Até a família real inglesa encontrou maneira de também proceder a uma renovação da marca. Prova disso foi o facto de o rei Jorge V, em 1917, a meio da guerra com a Alemanha, ter mudado o nome da família, que passou do excessivamente teutónico Saxe-Coburgo-Gotha para Windsor, uma versão mais suave. Depois de 1945, o colapso dos grandes impérios coloniais europeus criou uma nova onda de países. Muitos deles adoptaram novos nomes: Ceilão tornou-se Sri Lanka, a Costa do Ouro passou a chamar-se Gana, a Rodésia do Sul passou à nova designação de Zimbabué e a sua capital, Salisbury, ficou a chamar-se Harare. As Índias Orientais Holandesas passaram a chamar-se Indonésia. A capital, Batavia, tomou o nome de Jacarta e a sua multiplicidade de línguas foi substituída pelo recém-cunhado bahasa indonésio. O antigo Congo Belga passou a Congo simplesmente, depois a Zaire, e novamente a Congo. Países inteiramente novos, como o Paquistão e o Bangladesh emergiram daquilo que fora o Império Inglês na Índia. O Bangladesh teve três nomes em apenas meio século – primeiro, fez parte da Índia como Bengala Oriental; depois, tornou-se o Paquistão Oriental; e, por fim, Bangladesh. Cada um destes novos nomes era um símbolo de profunda mudança política, económica, cultural e comercial. Trocou-se o estatuto colonial pela independência. Era, pois, obrigatório atribuir-se uma “nova marca” à nação. 20-01-2010 41
  • 42. A seguir a 1991, com a queda do Muro de Berlim e o colapso do Império Soviético, o processo recomeçou novamente. Houve vários países saídos da própria União Soviética. Seguiam-se as outrora independentes nações da Europa Central e Oriental: Checoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia e Bulgária. A Jugoslávia era um caso um pouco diferente; era comunista, mas não tinha pertencido totalmente à esfera de influência russa. A Albânia era um caso ainda peculiar, uma monstruosidade isolada, autocrática e primitiva. Duas destas nações, a Checoslováquia e a Jugoslávia, caíram aos bocados pouco depois, dando origem a alguns pequenos novos estados, confusos e confundidos, enquanto os outros, em vários estádios de desordem, tentaram ressuscitar, inventando e reinventando mitos, lendas e histórias nacionais. 20-01-2010 42
  • 43. Analisados os exemplos sugeridos atrás, a que Conclusões conclusões poder-se-á então chegar? Por outras palavras, o porquê, então, da importância de uma Marca-País? Num mundo cada vez mais competitivo, onde há muito mais nações, mas também mais regiões, agrupando essas mesmas nações, do que antes, e onde a tecnologia oferece oportunidades de promoção notáveis, os países continuam a tentar projectar a sua Marca-País (falo do seu poder político, influência e prestígio), em grande parte talvez devido à sua auto-estima. Hoje em dia, no entanto, as nações também precisam de competir em aspectos difíceis e quantificáveis – investimento externo, exportações e turismo. E isto é algo de novo! 20-01-2010 43
  • 44. Historicamente, nunca constituiu um factor decisivo, porque não havia muito turismo, o investimento externo estava confinado a relativamente poucos países e a exportação de marcas consistia nos produtos tradicionais destinados aos mercados tradicionais. Ora, a globalização veio mudar as regras do jogo. Passou-se para um paradigma onde passa a haver vencedores e perdedores. Os vencedores ficam mais ricos e mais fortes, os perdedores permanecem pobres e fracos. 20-01-2010 44
  • 45. E o que acontece é que, actualmente, as nações começam a perceber que têm de procurar promover a sua personalidade individual, cultura, história e valores, projectando no fundo aquilo que poderá ser uma concepção idealizada mas imediatamente reconhecível de si própria, tendo em vista fins económicos, comerciais e, claro, políticos. Por outras palavras, tudo isto (todas estas pressões) acaba por levar os países a terem efectivamente de se preocupar com a gestão da sua marca (como um país num só todo). Essa gestão terá necessariamente de passar pela inevitável adopção de técnicas de marketing e de gestão da marca (que são, na prática, técnicas há muito utilizadas com sucesso por muitas empresas globais, ao longo de anos). 20-01-2010 45
  • 46. Ainda pegando na análise feita por Ollins: O problema, por exemplo, de países como Belize, Paraguai, Mongólia, Sri Lanka ou até Honduras e de quase todas as outras nações do mundo é que, para além de um círculo muito restrito, ninguém os conhece nem se importa com eles. Na outra extremidade, os EUA estão sozinhos porque a sua reputação mundial é ubíqua e esmagadora. Ao mesmo tempo, algures no meio, estão países como a China, Índia, Rússia, Alemanha, Itália, Grã-Bretanha e França. Embora todo o mundo ouça falar deles, as percepções de uma maneira geral são dominadas, como tentei expor anteriormente, pela caricatura. 20-01-2010 46
  • 47. Concepções “redutoras”, como por exemplo, a “Índia espiritual”, a “eficiente Alemanha”, a “tradicional Grã-Bretanha”, a “revolucionária França” acabam por funcionar como distorções que anulam uma compreensão mais clara e completa desses mesmos países. Na realidade, no entanto, são estes países bem conhecidos (mas frequentemente mal entendidos), quem de facto mostraram/abriram o caminho com projectos nacionais de gestão das suas Marcas-País. Na actualidade, o ambiente comercial fortemente competitivo em que o Estado- nação actua terá de merecer um olhar atento e minucioso. Senão, reflictamos sobre o vector investimento externo: 20-01-2010 47
  • 48. No mundo actual, cada nação e cada região pretende ficar, para si própria, com a maior fatia do investimento externo proporcionado pelas grandes empresas (onde Portugal não foge à regra). O que é que na prática isto significa? Objectivamente, leva, por exemplo, um país como o País de Gales passar a poder competir com uma Hungria ou até Portugal para ficar com a maior parte do investimento de uma das Empresas sedeadas em Sillicon Valley (zona dos Estados Unidos onde estão concentradas muitas empresas ligadas à sociedade do conhecimento e da informação). 20-01-2010 48
  • 49. E aqui, o factor determinante na decisão final dessa Empresa poder-se-á reduzir a um mero desconhecimento, ou até alguns preconceitos que possa ter relativamente a um desses países. Daí a relevância de um Marketing eficaz da Marca-País de qualquer desses países, por forma a cativar e atrair a atenção da empresa investidora. Por conseguinte, e agora falando de uma forma mais abrangente, julgo ser necessário/premente combater os preconceitos e a ignorância por vezes instalada nas mentes dos vários agentes económicos (sejam eles o Estado ou os empresários, estendendo-se até aos meros cidadãos) relativamente ao seu conhecimento de determinados países e, consequentemente, às Marcas-País de certas nações. 20-01-2010 49
  • 50. E como fazê-lo?! Pois bem, recorrendo à publicidade, às brochuras, aos sites na Internet, a propostas competitivas nos concursos, a apresentações e a todos os outros instrumentos do marketing moderno. 20-01-2010 50
  • 51. O Caminho já percorrido No caso concreto de Portugal, os estudos e consequentes esforços em “trabalhar” (no sentido de “polir”) a Marca-País revelou-se ser tardia, comparando com outros exemplos como é o de Espanha. Só em 1992, é que foi adoptado oficialmente um novo sistema de identidade gráfica e conceptual para a promoção da oferta de Portugal no sector do Turismo. 20-01-2010 51
  • 52. Com essa decisão das autoridades centrais da administração pública portuguesa, inaugurava-se uma nova era de desenvolvimento de uma verdadeira Marca-País para Portugal, dada a crescente importância económica de um dos sectores empresariais de maior potencial competitivo e cada vez com maior peso um sector marcante para a projecção de uma imagem nacional no exterior. Para trás ficava o Portugal tradicionalista do “Galo de Barcelos”, da tristeza, do fado e da saudade, “um país onde o negro era cor”, como então era usual apreender a sua caracterização de identidade diferenciadora. A partir daquela data, poder-se-á descrever retrospectivamente o processo de desenvolvimento da Marca Portugal em 4 grandes fases distintas (sendo a última extensível ao presente): 20-01-2010 52
  • 53. 1 De 1992 a 1998, na esteira do que a Espanha, nossa vizinha e um dos nossos maiores concorrentes directos no Turismo, vinha fazendo, a promoção internacional da oferta portuguesa passou a ser feita com uma estratégia de comunicação sistematizada e referenciada de forma consistente por meio da nova imagem de marca diferenciadora: tratou-se daquilo a que se poderá designar como o Branding do Turismo de Portugal. Nesse período, um dos instrumentos mais poderosos de execução da estratégia foram as campanhas de publicidade sectorial “Portugal: The Thrill of Discovery”, dirigidas a todos os principais mercados-alvo, emissores de turistas para o nosso país, com o objectivo de reposicionar uma oferta nacional não tão bem conhecida e valorizada como o merecia ser, pela sua diversidade e qualidade. 20-01-2010 53
  • 54. 2 Numa segunda fase, de 1999 a 2004, foi ponderado capitalizar os resultados conseguidos no sector do Turismo, em benefício de outros sectores exportadores ou da economia nacional como um todo. De facto, a promoção internacional do Turismo de Portugal já era reconhecida pelos especialistas como um caso de sucesso de estratégia de Branding em termos de Marca-País. Nesta fase, ao procurar-se envolver múltiplos sectores da economia, não podia, no entanto, deixar de emergir com a maior acuidade o problema de encontrar uma definição consensual – para todos os intervenientes e interessados, públicos ou privados – da identidade nacional, de que a Marca-País constitua a adequada projecção exterior. 20-01-2010 54
  • 55. Se, no entanto, nesta fase não foi possível encontrar uma solução definitiva no quadro restrito de uma estratégia de Branding, por outro lado, há que sublinhar a importância que passou a ser dada ao conceito de Diplomacia Económica, para tentar reforçar a projecção de Portugal no mundo da economia globalizada em todas as modalidades institucionais de responsabilidade pública, nomeadamente pela conjunção de esforços de áreas e estruturas diversas do Estado, como sejam as da tutela dos Ministérios da Economia e dos Negócios Estrangeiros. No âmbito mais restrito da promoção comercial, foi ainda nesta fase que se iniciou um programa para a Certificação de Marcas de empresas exportadoras, com objectivos promocionais, para além dos meros objectivos de protecção legal, da alçada do Instituto Nacional da Propriedade Industrial. 20-01-2010 55
  • 56. Entretanto, a promoção sectorial do Turismo prosseguiu a consolidação da marca, tanto em termos internacionais, como aliás nacionais, o que veio a ser complementado com a projecção excepcional de eventos de grande potencial mediático, com o auge do “Euro 2004”. 3 O ano de 2005 significou o início de uma aposta clara na imagem do Turismo para marca única de todos os sectores económicos do país. 20-01-2010 56
  • 57. O Presente 4 Já no final de 2007, foi lançada a última campanha que visa promover a imagem de Portugal, no país e no estrangeiro. Portugal Europe’s West Coast é a assinatura da nova campanha de promoção do país que pretende alterar a percepção externa da imagem de Portugal, posicionando-o como o País moderno, inovador e empreendedor que já é na realidade. 20-01-2010 57
  • 58. A campanha associa o país ao Oeste da Europa (Europe's West Coast) e a conceitos de modernidade, inovação, tecnologia, empreendorismo e qualidade de vida, promovendo Portugal como um todo, desde o turismo, economia, comércio e cultura, e qualificando a oferta dos recursos, pessoas e produtos nacionais. O dia 13 de Dezembro de 2007 marcou o arranque da campanha, aproveitando o momento mediático da assinatura do Tratado de Lisboa pelos Chefes de Estado e de Governo dos 27 países-membros da União Europeia. Serão igualmente abordados os significativos avanços nas energias alternativas, área onde Portugal lidera: regista um dos maiores crescimentos na utilização de energia eólica e possui a maior central solar do mundo, em Moura. 20-01-2010 58
  • 59. A campanha explora a ligação com os talentos nacionais com expressão internacional como Cristiano Ronaldo, José Mourinho, Nelson Évora, Vanessa Fernandes, Mariza, Miguel Câncio Martins, Maria do Carmo Fonseca e Joana Vasconcelos, os oito rostos que serão utilizados nesta campanha, entendidos como símbolos de um Portugal moderno e vencedor. O autor das imagens da campanha de promoção, o inglês Nick Knight, é um dos mais conceituados fotógrafos mundiais. Através da sua objectiva, o país é captado de uma forma criativa, dinâmica e inovadora. A campanha será promovida nos mercados nacional e internacional – Alemanha, Espanha, França e Reino Unido –, em publicações de grande prestígio, tais como, The Economist, Conde Nast Traveller, Time, Newsweek, Vogue, Stern, Le Monde2, Le Fígaro Magazine, El Pais e El Mundo. Além de anúncios de imprensa, será colocada publicidade exterior nos locais mais emblemáticos da cidade de Lisboa e do Porto, como o Palácio Foz, o Centro Cultural de Belém, o Teatro D. Maria e a Casa da Música. 20-01-2010 59
  • 60. Esta nova fase de promoção da Marca Portugal pretende ser uma alavanca na captação de investimento e na atracção de talento, visando tornar o país mais competitivo, consolidando ao mesmo tempo a sua imagem de grande destino turístico e o seu cariz cultural. Não nos esqueçamos: De acordo com o ranking do Banco Mundial, Portugal está entre os 40 melhores países para fazer negócios, é o segundo país mais desenvolvido da Europa em práticas de governação electrónica e um líder mundial na utilização de energias alternativas. Portugal está também entre os países mais desenvolvidos do mundo, ocupando a 29.ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU e é o 19.º país mais procurado para turismo, segundo o ranking da World Tourism Organization. 20-01-2010 60
  • 61. Ora, todas estas “mais-valias”, feitos e capacidades merecem ser divulgados e projectados no exterior para se mostrar verdadeiramente uma imagem do País adequada à realidade! Esta última fase do processo de desenvolvimento da Marca Portugal, com todas as suas implicações no campo das estratégias e dos programas de acção, está em curso e afigura-se como o início lógico, de um processo complexo no contexto da evolução e internacionalização da economia portuguesa e de sectores de actividade cruciais para o seu futuro. 20-01-2010 61
  • 62. Todo o caminho já percorrido por Portugal na condução da sua política de gestão da sua Marca-País, leva-me a deduzir e perceber, desde logo, que Portugal começou a adoptar estratégias de marca semelhantes às que foram tentadas noutros países – e, de uma maneira geral, por países mais bem conhecidos e em melhor situação financeira. Claro que há muitas dificuldades inesperadas e caminhos, aqui ou ali, díspares, mas as técnicas e estratégias básicas são similares. Julgo ser uma questão de tempo antes que Portugal (assim como, praticamente todas nações) coloque verdadeiramente a gestão da sua marca na lista estratégica das suas prioridades. Não pode haver outro caminho! 20-01-2010 62
  • 63. O processo de gestão da Marca-País já está em marcha à escala global, sobretudo, em algumas nações desenvolvidas (nas quais, Portugal também se inclui). E assim que arrancar definitivamente, tornar-se-á de facto imparável. A questão é saber-se quando e como poderá ter sucesso e eficácia. Certo é que um programa de gestão da marca num país em pleno século XXI dominado por fortíssimos processos de globalização necessitará de altos níveis de competência política, administrativa e técnica! 20-01-2010 63
  • 64. A gestão de um programa de gestão da marca de um país não pode surgir do ar. Tem de se estar em consonância com a realidade! E terá de ser, sobretudo, interessante, reconhecível, coerente e atractiva! As Marcas-País com mais sucesso não são simplesmente inventadas. Baseiam-se numa atitude, na realidade actual, que condensam e promovem. Neste sentido, acabam por funcionar como que orgânicas e desenvolvem-se a si próprias. Mas, para isso, necessitam de orientação se quiserem materializar o seu próprio potencial. E é este o caminho que quem gere a Marca Portugal tem de seguir! 20-01-2010 64
  • 65. A meu ver, a essência dos novos programas de Marca-País – e no caso concreto Portugal – deverá destinar-se a captar o espírito de uma época e de um lugar (no sentido de cultura e idiossincrasias de uma determinada sociedade), de modo a que os indivíduos e organizações compreendam isto e adiram de uma forma espontânea, num crescendo de sinergias. A obrigação não pode resultar, porque a identidade emergirá por meio de uma multiplicidade de mensagens separadas por alguns elementos unificadores, e não apenas por alguns grandes acontecimentos. Neste sentido, a Marca Portugal precisa de uma orientação efectiva e coordenada se quiser materializar e projectar o seu próprio potencial! Partindo destes pressupostos, o que é que se deve esperar dos governos nacionais, e em particular do português? 20-01-2010 65
  • 66. Precisamente, tomar a iniciativa e criar a atitude, liderar e coordenar o programa da gestão da sua Marca-País! Esforços coerentes em cada sector – cultura, artes, desporto, educação, transportes e ambiente, e, claro está, relações externas – podem na realidade estimular, inspirar e dirigir! Simultaneamente, terá de ser dado grande enfoque ao aspecto visual, criar-se uma concordância para que ele resulte, uma base de influência e um financiamento adequados. 20-01-2010 66
  • 67. Claro está, que, como em qualquer outro processo de construção, viabilização e desejado sucesso de um projecto, há muitas dificuldades, obstáculos e contratempos inesperados que podem surgir. A minha pergunta é: o que fazer para se tentar minimizar (ou até evitar) contratempos indesejados? A minha resposta passa pelo seguinte: A criação de um projecto muito bem definido (com directrizes claras), coordenado (com um efectivo esforço de todos os envolvidos), coerente (não foge à sua mensagem mestra, nem ao rumo previamente delineado) é ou não é meio caminho andado para o tão desejado sucesso? A resposta lógica é – sim! Claro! 20-01-2010 67
  • 68. E, perguntam, porque ponho estas questões? Faço-as, pois, parece-me que no caso concreto de Portugal, falta ainda um conjunto de factores (no sentido de grupo de definições) que contribuiriam para uma Marca-País muito mais bem aproveitada, com imagem muita mais atractiva e consequente melhor potencialização da sua Marca. Não tenho dúvida sobre isso! 20-01-2010 68
  • 69. Não obstante Portugal já ter de facto dado passos efectivos e decisivos ao longo dos últimos 17 anos (de 1992 até aos dias de hoje) no tratamento e condução da sua Marca como País – o que factualmente comprova a existência de uma política efectiva nesta matéria, ainda que pontualmente –, parece-me, no entanto, ainda não existir um verdadeiro plano governamental coordenado para a gestão da Marca Portugal A LONGO PRAZO (uma estratégia continuada), ou pelo menos, com os contornos que eu julgo serem os fundamentais para a condução de um projecto desta natureza. Por conseguinte, eu exaltaria 8 pontos no mínimo (poderão haver mais, com certeza. Mas, pelo menos, julgo serem estes os cruciais). O plano deveria: 20-01-2010 69
  • 70. Estabelecer um grupo de trabalho com representantes do governo, indústria, artes, educação, desporto e media. Este grupo de trabalho deveria ser devidamente financiado com uma base de influência eficaz. O grupo de trabalho também deveria nomear consultores para orientarem o programa. O grupo de trabalho, ou alternativamente um pequeno grupo de trabalho no seu interior, deveria concentrar-se em identificar e definir os públicos mais importantes. Neste sentido, dever-se-ia fazer um estudo para analisar de que forma a nação é vista quer pelos seus próprios cidadãos quer por públicos-alvo específicos noutros países. Seria importante que esse grupo de trabalho desenvolvesse um processo de consulta com líderes de opinião para verificar quais seriam os pontos fortes e fracos do país, compará-los com os resultados de estudos internos e externos, e considerar (pôr em cima da mesa) algumas opções que pudessem emergir e servir de ideias centrais/base. 20-01-2010 70
  • 71. Consequentemente, dever-se-ia criar uma ideia central em que a Marca Portugal se baseie e a partir da qual se desenvolva todo o programa [muito embora, possamos verificar/comprovar que a actual campanha promocional – Portugal Europe’s West Coast, iniciada em 2007 – já o tenha feito. O risco desta campanha, no entanto, é de saber se apenas se trata de uma política de orientação conjuntural, com um cariz pontual, limite temporal (tal como aconteceu com a 1ª campanha “Portugal: The Thrill of Discovery”, por exemplo, que durou cerca de 6 anos – de 1992 a 1998). A minha desconfiança é de ela preconizar, simplesmente, uma visão de curto alcance sem que tenha alicerces fortes e sustentados que sirvam de apoio a uma verdadeira operação de Marketing duradoura]. Essa ideia central, de que falo, teria de ser visualizada por meio de cores, um símbolo e grafismo. E seria aqui que um artista proeminente deveria ser incumbido de criar o ícone nacional (tome-se como exemplo o Sol desenhado por Joan Miró para servir de símbolo da nossa vizinha Espanha). Seguindo este raciocínio, seria decisivo identificar-se um grande projecto que tivesse significado global e pudesse direccionar as atenções para o País – como já aconteceu com a marcante EXPO de Lisboa de 1998, o campeonato Europeu de Futebol de 2004, ou ainda, a também tão badalada EXPO Sevilha e os Jogos Olímpicos de Barcelona em relação a Espanha. 20-01-2010 71
  • 72. Um factor o qual julgo ser crucial e até verdadeiramente inovador para o caso português seria o desenvolver de um Livro da Marca Portugal (tal como acontece, por exemplo, com Espanha). O propósito desse livro seria ilustrar e demonstrar o espírito, a personalidade e o estilo nacional português, onde de uma forma resumida, mas necessariamente abrangente, se desse ênfase a todos os sectores de actividade em que o Portugal actual (não ignorando fazer um apanhado de todo o seu passado e seus importantes feitos) está envolvido (lá está: indústria, artes, educação, desporto, etc.). Este livro poderia servir, também, como modelo (de orientação, se quisermos) para as diferentes empresas nacionais que pretendam projectar uma ideia delas próprias relacionada com a imagem nacional portuguesa. As mensagens necessárias para os sectores diferentes mas complementares – investimento externo, exportação e turismo – deveriam ser coordenadas e harmonizadas de modo a adequarem-se a cada público, e assim poderem reflectir a ideia central. 20-01-2010 72
  • 73. Durante um certo período, dever-se-ia coordenar tudo o que fosse produzido pelo País ou a representar – das promoções turísticas e companhias aéreas aos produtos e serviços – de modo a que tudo o que venha de Portugal fosse imediatamente reconhecível. Finalmente, o grupo de trabalho teria de tentar influenciar os que têm poder de influência. Como? Através da criação de um sistema de ligação recorrendo às organizações apropriadas no comércio, indústria, artes, media, etc. O programa, como um todo (lá está: de forma coordenada), ganharia maior projecção ao influenciar as pessoas que exercem, elas próprias, grande influência e formam opiniões nas diferentes áreas, tanto interna como externamente. 20-01-2010 73
  • 74. Definidas, a priori, todas estas linhas de orientação, o programa deveria prosseguir de forma efectivamente coordenada e gradual sempre com o objectivo final em mente. Quando digo gradual, refiro-me a aproveitar todas as oportunidades que forem surgindo ao longo do caminho. Não apenas as coisas óbvias (consideradas clássicas), como sejam as feiras comerciais, publicidade ou trabalho comercial nas embaixadas. Não nos devemos esquecer que o cidadão comum é influenciado por outras variáveis – a gastronomia, cinema, arte, desporto, bem como outras formas directas de promoção. E é por essa razão que, por exemplo, os festivais de cinema e, sobretudo, os jogos de futebol (especialmente se o país ganha, como foi o caso paradigmático da Selecção Nacional de Futebol da Era Scolari) acabam por ser tão importantes como as missões comerciais. 20-01-2010 74
  • 75. Em suma: A solução para a potencialização da Marca Portugal é ter uma ideia clara daquilo que se quer projectar/promover (seja para o exterior ou interior). Há que fazer com que o programa de gestão da Marca seja visível, implementá-lo em todas as actividades oficiais, não oficiais e influentes onde seja possível e credível, e deste modo criar ou coordenar um movimento convergente para que as organizações mais importantes e as pessoas fora dos círculos governamentais possam aderir simplesmente porque lhes convenha fazê-lo. 20-01-2010 75
  • 76. Não nos devemos esquecer do seguinte: Nos dias que correm, a comunicação entre os países é constante. Diariamente, enviam milhões de mensagens através da acção ou inacção política, da cultura popular, dos produtos, serviços, desporto, comportamentos, artes e arquitectura. E não nos iludamos, colectivamente, todos estes milhões de mensagens representam uma ideia daquilo que é a nação como um todo, o que pretende e aquilo em que acredita. Consequentemente, deve ser preocupação e tarefa do governo português (assim como de qualquer outro no mundo) – e com uma atitude discreta – definir o tom das mensagens e dar o exemplo quando for necessário, de modo a que possa gerar algo de credível, coerente e realista. Apostar na Imagem (com todas as abrangências que o substantivo possa ter) é, pois, crucial para que a (s) estratégia (s) delineada (s) não possa (m) vir a sofrer um revés (por vezes determinante). 20-01-2010 76
  • 77. Dentro de poucos anos (se é que actualmente já não começa a acontecer), a gestão da Marca-País será vista como uma manifestação perfeitamente normal daquilo a que agora muitos apelidam de governo de associação. Uma marca de sucesso será vista como um importante activo nacional. Nenhum país poderá ignorar o modo como é visto pelo resto do mundo. Os políticos de todos os países compreendem agora que cada nação tem uma identidade. E o caminho é: ou tentam geri-la, ou ela geri-los-á! Que o exemplo dos EUA sirva como um claro aviso. Por outro lado, torna-se evidente que não é fácil construir uma marca de sucesso. Muitas marcas novas falham. Mas, assim que uma marca tenha sido lançada e estabelecida, pode ser mantida indefinidamente, desde que adequadamente tratada e utilizada. A gestão de uma marca (seja ela comercial ou, no caso concreto, País) é acima de tudo e de facto isso mesmo: a criação e a manutenção (mais uma vez, numa perspectiva de longo prazo) da confiança! 20-01-2010 77
  • 78. Há marcas que não têm sucesso (e o mesmo se aplica a uma Marca-País), porque, para criar e manter uma marca, é necessário ter-se habilidade, uma grande dose de coragem, dinheiro, determinação, originalidade, criatividade e uma infinita capacidade para se esforçar por isso. E a combinação de todos estes factores é de muito difícil alcance! No caso concreto de Portugal, é crucial perceber-se que para vender bem a sua marca tem de se apostar numa estratégia de continuada promoção da sua imagem e da sua marca. Nos dias que correm, no contexto muito particular da globalização e indissociável aumento da competitividade no ambiente empresarial internacional, Portugal só conseguirá, por outro lado, vencer o grande desafio da internacionalização da sua Economia, se apostar em sectores considerados vitais e verdadeiramente estratégicos para o aumento da sua competitividade no contexto internacional. 20-01-2010 78
  • 79. Mas, essa aposta tem de ser, inevitavelmente, acompanhada por uma verdadeira política de gestão da sua Marca, de marketing consistente e imaginativa visando um só objectivo: o da melhoria da qualidade dos produtos e serviços que tem para oferecer. E porquê? Com a única missão e visão de melhorar a sua imagem no exterior! Só dessa forma conseguirá atrair potenciais interessados na sua oferta. Vencendo o desafio da melhoria da sua imagem no exterior, o país conseguiria atrair mais investimentos estrangeiros e parcerias estratégicas. No global, ganhar-se-ia uma melhoria qualitativa da percepção no exterior da imagem de Portugal, como também, sobre o que este tem de melhor para oferecer. 20-01-2010 79
  • 80. Sectores “Chave” a investir Vestuário, Têxteis e Calçado (embora em decadência, ainda representa 20% das nossas exportações) Componentes de Electrónica (somos competitivos, perdendo competitividade apenas para os países de Leste, onde os custos de produção são mais baixos) Pasta de Papel (somos líderes mundiais) 20-01-2010 80
  • 81. Software (ex: a “Ship Idea” criado pelo Instituto Superior Técnico) Turismo (continua e continuará a ser importantíssimo) Financeiro (ainda é dos mais competitivos) Vinhos 20-01-2010 81
  • 82. Estes Sectores têm, pois, de ser o “barro” (no sentido de “alvo”, “objecto”) sobre o qual a referida gestão Marca Portugal (e de marketing, em última análise) terá de trabalhar com vista a uma melhor promoção e divulgação desses mesmos sectores, e, sobretudo, para o aperfeiçoamento e reconstrução da imagem de Portugal perante o mundo como um país moderno e perfeitamente enquadrado nas exigências da globalização e da grande competitividade à escala internacional. 20-01-2010 82
  • 83. As Grandes Marcas Portuguesas O caminho a seguir com base nos moldes apresentados ao longo deste trabalho levaria, não tenho grandes dúvidas sobre isso, ao tão desejado boom e crescente brilhantismo da Marca Portugal e das suas Marcas. E o que é que me leva a ser tão afirmativo? Muito simples: já temos muita obra-prima para com que trabalhar. Só falta, como tentei expor, implementar uma política efectiva de gestão da nossa Marca-País que esteja bem definida, delineada, onde haja uma verdadeira coordenação de esforços e onde a estratégia a seguir seja numa visão de longo prazo. 20-01-2010 83
  • 84. Senão, vejamos: Já somos portadores de grandes e reconhecidas marcas. Cabe apenas uma melhor e eficaz divulgação (política de marketing) dos feitos e conquistas dessas mesmas marcas, quer intra-portas, quer além fronteiras. A Marca Portugal é já associada (embora poucos o saibam – devido a uma inquietante ausência de uma verdadeira política de marketing) a uma série de empresas líderes, ou pelo menos consideradas precursoras, em vários sectores da actividade económica. Somos já um País que: 20-01-2010 84
  • 85. Tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores (Efacec). Outra é líder mundial de produção de feltros para chapéus (Fepsa). Tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados (Ydreams). Tem outra que concebeu um sistema através do qual o consumidor pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar (Mobycomp). 20-01-2010 85
  • 86. Inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais (GALP). Tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer, por exemplo, na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos (SIBS). Fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa - três bancos nos cinco primeiros (BPI, BCP, Totta, BES, CGD). Está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar (Stab Vida). 20-01-2010 86
  • 87. Tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática (Altitude Software). Tem um conjunto de empresas que desenvolvem sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas (Primavera Software). Conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência (Critical Software, Out Systems, WeDo). 20-01-2010 87
  • 88. Desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas (Brisa). Vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial (Bial). É líder mundial na produção de rolhas de cortiça (Grupo Amorim). Produz um vinho que “bateu” em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis (Quinta do Monte d’Oiro). 20-01-2010 88
  • 89. Conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia (Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services). Inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré- pagos para telemóveis (Portugal Telecom Inovação). Está a construir, ou já construiu, um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo (Grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo). 20-01-2010 89
  • 90. A par disto, há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há vários anos têm obtido grande sucesso junto das casas mãe, como por exemplo, a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, e a McDonalds. 20-01-2010 90
  • 91. Este é, pois, o verdadeiro Portugal que muita gente ainda não deu conta. Muitos consideram haver já razões para considerar Portugal um País de sucesso (embora não possa estar completamente de acordo com essa assunção). Argumentam, e aí sim corroboro, que está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito e de nos orgulharmos disso. Torna-se, de facto, premente mostrar ao mundo os nossos reais sucessos! E ao “vendermos” os nossos sucessos, não só futebolísticos (como é dominante nos nossos dias), colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito. Há que ter orgulho de quem somos, do que fazemos bem e, sobretudo, do que ainda podemos fazer melhor (olhemos para os nosso vizinhos espanhóis). Numa frase, eu diria: Portugal para Ser tem de Querer! 20-01-2010 91
  • 92. Tentando consolidar esta visão de tentar maximizar as Por outro lado potencialidades da Marca Portugal e dos seus produtos (entendidos como Bens, Serviços ou Ideias) Começa a ser unânime que, face à conjuntura actual, o sucesso do tecido empresarial português (quer em ambiente doméstico, quer em internacional) passa a ser cada vez mais indissociável da ideia de ter de se apostar cada vez mais no aumento da produtividade do trabalho e capital, na melhoria qualitativa e quantitativa da mão-de-obra, assim como, na contínua introdução de novas tecnologias. 20-01-2010 92
  • 93. Outra grande prioridade na gestão da Marca Portugal terá inevitavelmente passar por um apoio à internacionalização das Pequenas e Médias Empresas Portuguesas (PMEs). E várias razões existem para que se assuma tal atitude relativamente à nossa economia, de facto: o nosso tecido empresarial é constituído esmagadoramente por pequenas e médias empresas. Terá de haver uma aposta na valorização das PMEs que não estão preparadas, na sua maioria, para tal desafio. O Presidente da AICEP, Dr. Basílio Horta, chega a defender uma definição de políticas públicas orientadas para a formação nessas empresas, para além do recurso ao capital de risco. Os sectores a serem mais apoiados são as tecnologias de informação, componentes, empresas de média tecnologia e os serviços, sem descurar outros possíveis sectores de actividade. 20-01-2010 93
  • 94. Na percepção do Presidente da AICEP, existem 12 mercados-alvo para as exportações e internacionalização da nossa economia: Espanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Índia, Rússia, China, Singapura, Emirados Árabes Unidos, Angola e Brasil. Além dos países que, tradicionalmente, se apresentam como parceiros comerciais e destinos do investimento do nosso país no estrangeiro, temos também outros países que, como a China por exemplo, pelo seu potencial de crescimento e de procura se apresentam como alvos importantíssimos na economia global em que vivemos. É praticamente consensual que o crescimento da nossa economia deve ser impulsionado pelo reforço da nossa capacidade exportadora. E devê- lo-á ser com base em produtos e serviços que incorporem pelo menos uma razoável componente tecnológica e de inovação. Temos de deixar de ser um país com exportações de valor acrescentado pouco significativo, e cujo reflexo negativo se pode constatar na nossa balança comercial. 20-01-2010 94
  • 95. Além das exportações, a internacionalização também contempla os investimentos das nossas indústrias em outros países, alargando a sua base produtiva a uma escala internacional. Também aí, tem de haver um apoio incondicional aos empresários que se mostrem propensos a arriscar. É necessário informar, sensibilizar e formar os empresários portugueses para as vantagens da internacionalização. Depois de abrangentes acções de divulgação, há que ouvir os nossos gestores acerca das reais necessidades das empresas que se pretendam internacionalizar ou com processos de internacionalização já em curso. Só assim se terá uma base para se adoptarem as melhores e mais eficazes medidas de apoio concreto à internacionalização das PMEs portuguesas. 20-01-2010 95
  • 96. Apostar na Marca Portugal (com tudo o que isso implica: o implementar de um programa de gestão da Marca-País com linhas de orientação efectivamente e devidamente definidas, coordenadas, onde haja uma complementaridade de processos e em que todos os agentes envolvidos saibam exactamente como e quando actuar; a aposta em sectores estratégicos; a estimulação e sensibilização dos empresários nacionais, etc.) torna-se, por si só, numa estratégia de competitividade da Economia Portuguesa. 20-01-2010 96
  • 97. A Marca Portugal Obrigado pela atenção Trabalho Realizado por: Trabalho Orientado por: João Miguel Cotrim Dr. Manuel de Almeida Ribeiro 20-01-2010 97