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1



João Francisco
Regulação e Análise de Políticas Públicas
Reforma da
Segurança
Social
Resumo e Nota
Introdutória

Modelo Social Europeu –
contextualização histórica
e modelos de reforma

Problemática do
financiamento do EstadoProvidência e despesas com
a proteção social

Processo de reforma
da Segurança Social
em Portugal

2


Ao abordar este tema da sustentabilidade da Segurança
Social é necessário entender todo um conjunto de
acontecimentos históricos que aconteceram no mundo e
em especial na Europa.

Necessidade de
manter um
mínimo decente
de condições
de vida de
todos os
cidadãos

Necessidade de
regulação da
economia de
mercado,
mantendo
níveis de
emprego altos e
estáveis

Redes de
segurança de
serviços de
assistência de
forma a reduzir
a pobreza

3


Países inovadores na decisão por estas medidas de
Estado Social e na introdução de programas sociais:
Primeiro

Acidentes

Segundo

Terceiro

de
Alemanha (1871)

Suíça (1881)

Áustria (1887)

Saúde

Alemanha (1883)

Itália (1886)

Áustria (1888)

Pensões

Alemanha (1889)

Dinamarca (1891)

França (1895)

França (1905)

Noruega (1906)

Dinamarca (1907)

trabalho

Desemprego
Apoio à família

Áustria (1921)
Sufrágio masculino

França (1848)

Sufrágio universal

Nova Zelândia
(1893)

Nova

Zelândia

(1926)

Bélgica (1930)

Suíça (1848)

Dinamarca (1849)

Austrália (1902)

Finlândia (1907)
4
Fonte: OCDE


Bismarck, chanceler do Império Germânico – Séc. XIX
“Para Bismarck (…) a criação de um
seguro social que cobrisse os grandes
riscos da existência das classes
trabalhadoras – doença temporária,
invalidez permanente, velhice, morte
prematura – não era assimilável a
beneficiência. Tratava-se antes da
prevenção de riscos incertos (…)”
(Campos: 2000: 10)
5


Concepção bismarckiana:

Não
Universal

Provisão de apoios
relacionada com a
situação
profissional dos
indivíduos

O homem seria o
angariador de
rendimentos

Concepções do
papel da família
bem diferentes

A mulher seria o elemento
familiar que cuidava dos
filhos e da casa
Contribuição da Igreja

6


Durante o século XX, Richard Titmuss contribuiu para a reflexão
sobre o Estado Social, formulando a primeira tipologia:

I

Estados Sociais residuais

• Papel subsidiário e suplementar do Estado
• Apoios sociais dirigem-se apenas àqueles que comprovadamente apresentem
alguma necessidade e a ação do Estado dura apenas até que o estado de
dependência seja eliminado.

II

Estados Sociais meritocrático-particularista

• Políticas sociais moldadas por objectivos de produtividade
• Estado assegura a proteção social ligada ao corporativismo ocupacional
• Acesso aos benefícios ligado ao status do trabalho e à contribuição paga pelos
beneficiários

III

Estados Sociais institucionais-redistributivos

• Políticas sociais determinadas por objectivos normativos de provisão universal
• O acesso aos programas sociais é universal, assegurando patamares mínimos de
rendimento e serviços sociais financiados pelo Estado
(Titmuss: 1974: 23-32)

7


Esping-Andersen trouxe um contributo essencial na
análise dos modelos de welfare que, ainda nos dias de
hoje, é estudado no âmbito das ciências sociais. Sobre
este autor e o seu contributo, Pedro Adão e Silva refere:
“(…) Esping-Andersen definiu o conceito de “modelo de welfare”.
Este conceito tornou-se um instrumento particularmente poderoso
para a compreensão de como as políticas sociais influenciam o
funcionamento do mercado de trabalho, bem como as estruturas
sociais mais amplas e de como neste processo uma série de
factores se interligam.” (Silva: 2002: 26)

8
Modelo
welfare

de

Dimensões típicas
Regimes de proteção
segundo o estatuto
profissional

Continental
ou
Corporativo

Países
Áustria
Bélgica
França

Proteção social dos
Alemanha
funcionários públicos
Holanda
elevada
Luxemburg
o

Riscos
sociais Estratégias em
associados
cenários de crise
Discriminatório das
Indução da saída
mulheres
precoce do
Encargos sociais com a mercado de
trabalho
mão-de-obra elevados
Excesso de peso das
despesas com pensões

Aumento da
produtividade

Dificuldade em
responder a níveis
elevados de
desemprego

Prestações
sociais de
desemprego e de
reforma
antecipada
elevadas

9
Modelo de
welfare

Dimensões típicas

Prestações sujeitas
a condição de
recursos
Importância do
sector privado nas
pensões

Anglosaxónico Importância das
ou Liberal despesas privadas
com saúde

Países

Riscos sociais
associados

Reino
Unido

Armadilhas de
pobreza

Irlanda

Aumento da
desigualdade social e
da pobreza
Trabalhadores pouco
qualificados e baixos
salários

Estratégias em
cenários de
crise

Desregulação do
mercado de
trabalho
Flexibilidade
salarial, redução
do valor dos
salários mais
baixos
Erosão do valor
das prestações
Redução de
programas
sociais
10
Modelo
welfare

de

Dimensões típicas

Países

Acesso universal
Prestações igualitárias

Finlândia

Serviços de apoio às
famílias
desmercadorizados

Escandinav
o ou Social
Democrátic
o

Dinamarca

Suécia

Riscos sociais
associados
Dificuldades de
financiamento
Dificuldades de
manutenção de níveis
elevados de qualidade do
serviço público
Limites do emprego no
sector público
Erosão do ideal
solidarístico subjacente

Estratégias em
cenários de
crise
Expansão dos
serviços sociais,
com criação de
emprego público
Expansão da
participação
feminina no
mercado de trabalho
Expansão do
trabalho em parttime
Desenvolvimento de
medidas activas de
inserção no
mercado de trabalho

Modelos de welfare state. Fontes: Esping-Andersen (1990: 69-78), Esping-Andersen (1996: 10-20), Rhodes
(1997: 61-62), adaptado de Pedroso (1999)

11


Maurizio Ferrera identifica nos países mediterrâneos
algumas características muito próprias. Uma delas é a
importância e elasticidade da família como uma espécie
de carteira de compensação para o bem-estar dos seus
membros;
o A isto associa-se uma cultura social imbuída de um tipo

específico de solidariedade muito influenciado pela doutrina
social da Igreja e associações católicas.
o Outra evidência que não deixa de ser importante é o relativo
subdesenvolvimento do Estado Social e a discrepância entre as
medidas prometidas e as realmente levadas à prática (Ferrera,
1996).

12


Na sua obra “The ´Southern` Model of Welfare State in Social Europe”,
Ferrera deixa alguma características sobre os países do Sul da Europa:



Elevada relevância das remunerações de transferência;
Distribuição desequilibrada da proteção social pelos escalões de
riscos padronizados e pelas diversas funções da política social:
 A superprotecção do risco da velhice e dos idosos como
grupo social;
 Subdesenvolvimento dos benefícios e serviços para a família;
 O subdesenvolvimento da habitação social e dos subsídios
para a habitação;
Universalidade nos cuidados de saúde;
Combinação altamente articulada entre actores e instituições
públicos/as e não públicos/as;
13
Clientelismo







(Ferrera, 1996)
Gráfico 1 – Comparação de médias de gastos sociais, % PIB, entre países nórdicos, anglosaxónicos, Europa continental e Europa do sul. Fonte: OCDE (2006)

14


Seria de esperar que se os países gastam mais dos
seus orçamentos em despesas sociais, os valores da
taxa de pobreza fossem mais baixos.
o E de facto, é verdadeiro afirmar que com a provisão das

prestações sociais diminuiu-se, em considerável escala, a
pobreza um pouco por todo o mundo.

Gráfico 2 – Taxa de pobreza e
gastos sociais. Fonte: OCDE

15


Relativamente ao financiamento do sistema de pensões,
identificam-se diferenças:
Plano de Repartição

Sistema de Capitalização

Fontes de
financiamento

Contribuições associadas
ao salário

Impostos gerais

Redistribuição
intergeracional

Acentuada

Inexistente

Universalidade

Cobertura universal

Cobertura restrita

Pública

Privada

O que é definido

Benefícios

Contribuições

Confiança

Reduzida

Forte

Organização

16
Desemprego
Envelhecimento da Pop.
Crescimento Econónico
Taxas de Natalidade
“(…) o atual modelo de Estado-Providência assenta sobre
perspetivas de crescimento económico irrealistas; o envelhecimento
da população, a par da diminuição das taxas de natalidade, em
Portugal como no resto do mundo desenvolvido, constituem um
enorme desafio à sustentabilidade financeira do Estado Social.”
(Silva, 2013: 52)
17


A esta dificuldade em apresentar os resultados práticos, soma-se a
impopularidade das medidas tomadas pelos governos, que resultam
em grande descontentamento dos cidadãos (principalmente os
beneficiários) gerando muitos anticorpos e provocando instabilidade
política resultante das medidas.

18
Condicionamento
pela intervenção da
troika

Défice Público
Crónico

Contexto
Português
Excesso de emprego
público?

Clivagem social nos
rendimentos

Baixos níveis de qualificação
Duplicações de organismos

Redes priveligiadas no setor
público?
19
20
Beneficiários de prestações de desemprego

Titulares de abono de família

419.360

1.156.995

Beneficiários de Subsídio por doença

94.840

Beneficiários de Prestações de Parentalidade

33.404

Beneficiários de RSI (Rendimento Social de Inserção)

273.376

Beneficiários de CSI (Complemento Solidário para Idosos)

228.842

Pensionistas de Velhice

1.993.510

258
Entidades Empregadoras: Estabelecimentos com situações de
Os números apresentados são reveladores da crescente exaustão do Estado
Layoff
Social, cada vez com mais cidadãos a ter necessidade de apoios sociais,
consequência do crescimento do desemprego, do envelhecimento da
população e da conjuntura económica global.
21


No entanto, existe uma forte capacidade de resistência à
mudança do Estado-Providência, não só em Portugal como
na maioria dos países. Filipe Carreira da Silva identifica duas
razões para esta resistência:

Existência de grandes
grupos de beneficiários que
tem uma influência eleitoral
muito significativa e que
tornam qualquer política de
desmantelamento de
Estado-Providência um
potencial suicídio político.

Resistência popular é
ampliada pela possibilidade
de alguns órgãos de
soberania poderem vetar
muitas destas mudanças
(Silva, 2013: 63), como serve
de exemplo a última revisão
do tribunal constitucional, em
Abril de 2013.
22


O que se tem verificado é a difícil sustentabilidade dos
sistemas com planos de repartição:
Impostos x nível salarial
Valor da pensão
Taxa de dependência

Isto significa que o aumento da taxa de dependência
obriga ao ajuste de outras variáveis:

Taxa de
contribuição

Nível das
pensões

Participação
laboral

Salários

23


Algumas previsões apontam mesmo para a completa
insustentabilidade da taxa de dependência nos próximos 40
anos.

24


Em Portugal, as reformas antecipadas constituem mais
uma dificuldade para a sustentabilidade do sistema:
o Suspensão do direito à reforma antecipada até 2014



Podem Pedir Reforma Antecipada:
o Trabalhadores abrangidos pelo sistema de segurança social (exclui

os funcionários públicos)
o Os desempregados (involuntários) de longa duração
o Os contribuintes que apresentaram o pedido de pensão de velhice
antecipada até ao dia 5 de abril de 2012


Existem penalizações:
o Reforma antecipada a partir dos 55 anos, com 30 de descontos até aos 55

anos: 0,5% no valor dapensão, por cada mês de antecipação
o Reforma antecipada para quem tem mais de 30 anos de descontos aos 55
anos de idade: 3 anos de descontos acima dos 30, tem direito a tirar 12
meses ao número de meses de antecipação
25


A passagem para sistemas de capitalização poderia
aliviar a pressão sobre o sistema de proteção social
Problema: custos de curto prazo para as gerações da
transição, o que torna os planos de repartição não
capitalizáveis.

Algumas soluções alternativas têm passado por:
 Manter os níveis de benefícios aumentando taxas de
contribuição e/ou impostos;
 Reduzir níveis de benefícios para assim manter taxas de
contribuição;
 Aumentar a idade da reforma.
26
O

que diz o FMI sobre esta matéria?

o Proposta de 3 linhas de ação:

Continuar com ajustes periódicos
nos pagamentos das prestações

Reduzir os benefícios para os
futuros pensionistas, encurtando o
período de transição da reforma

Redução “radical” nas pensões
existentes, para combater
desigualdades e melhorar incentivos

27
“O debate, assim, centra-se na necessidade e nos
inconvenientes da actual tendência para o aumento do peso
dos setores privados no fornecimento de serviços à
população. (…)
Neste sentido, o que está em debate é a reformulação do
contrato social no contexto da acção institucional do EstadoProvidência. Isto, na medida em que este é, na sua própria
configuração, o resultado das diferentes e progressivas
escolhas dos cidadãos sobre os modelos de orientação e de
regulação social.” (Mozzicafreddo, 1992: 84)

http://www.youtube.com/watch?v=y0mTnvggFKs

28



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



Adão e Silva, Pedro (2002), “O modelo de welfare da Europa do Sul”, Sociologia, Problemas e
Práticas, nº 38, pp. 25-59.
Carreira da Silva, Filipe (2013), O Futuro do Estado Social. Lisboa: Fundação Francisco Manuel
dos Santos.
Correia de Campos, António (2000), Solidariedade Sustentada: Reformar a Segurança Social.
Lisboa: Gradiva.
Estanque, Elísio (2012), “O Estado Social em Causa: instituições sociais, políticas sociais e
movimentos sociolaborais”, Finisterra – Revista de Reflexão e Crítica, nº 73, pp. 39-80.
Ferrera, M. (1996) “The ´Southern` Model of Welfare State in Social Europe”, Journal of European
Social Policy, 6(1), 17-37.
Mozzicafreddo, Juan (1992), “O Estado-Providência em Portugal: estratégias contraditórias”.
Sociologia – Problemas e Práticas. Nº 12, 57-89.
Titmuss, R. (1974) Social Policy, Allen and Unwin: London
Adão e Silva, P. (2000) “O Estado-Providência português num contexto europeu”, Sociedade e
Trabalho, 8/9, 49-61.
Caeiro, Joaquim (2010), Política Social e Estado Providência. Lisboa: Universidade Lusíada
Editora.
Clarke, John (2004), Changing Welfare Changing States: New Directions in Social Policy.
London: SAGE Publications.
Dornelas, António (2006), “Dimensão Social da Globalização”. Sociologia – Problemas e
Práticas, nº 50, 157-164.
Esping-Andersen, Gøsta (1990), The Three Worlds of Welfare Capitalism, Cambridge: Polity
Press.
Guillén, Ana et al (2001), Redesigning the Spanish and Portuguese Welfare States: The Impact of
Accession into the European Union. CES Working Paper, no. 85, 2001.
29
Muffels, Ruud J.A.; Tsakloglou, Panos e Mayes, David G. (2002), Social Exclusion in European
Welfare States. Massachusetts: Edward Elgar Publishing.
João Francisco
joaofrancisco@ua.pt

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Reforma da Segurança Social em Portugal

  • 1.  1  João Francisco Regulação e Análise de Políticas Públicas
  • 2. Reforma da Segurança Social Resumo e Nota Introdutória Modelo Social Europeu – contextualização histórica e modelos de reforma Problemática do financiamento do EstadoProvidência e despesas com a proteção social Processo de reforma da Segurança Social em Portugal 2
  • 3.  Ao abordar este tema da sustentabilidade da Segurança Social é necessário entender todo um conjunto de acontecimentos históricos que aconteceram no mundo e em especial na Europa. Necessidade de manter um mínimo decente de condições de vida de todos os cidadãos Necessidade de regulação da economia de mercado, mantendo níveis de emprego altos e estáveis Redes de segurança de serviços de assistência de forma a reduzir a pobreza 3
  • 4.  Países inovadores na decisão por estas medidas de Estado Social e na introdução de programas sociais: Primeiro Acidentes Segundo Terceiro de Alemanha (1871) Suíça (1881) Áustria (1887) Saúde Alemanha (1883) Itália (1886) Áustria (1888) Pensões Alemanha (1889) Dinamarca (1891) França (1895) França (1905) Noruega (1906) Dinamarca (1907) trabalho Desemprego Apoio à família Áustria (1921) Sufrágio masculino França (1848) Sufrágio universal Nova Zelândia (1893) Nova Zelândia (1926) Bélgica (1930) Suíça (1848) Dinamarca (1849) Austrália (1902) Finlândia (1907) 4 Fonte: OCDE
  • 5.  Bismarck, chanceler do Império Germânico – Séc. XIX “Para Bismarck (…) a criação de um seguro social que cobrisse os grandes riscos da existência das classes trabalhadoras – doença temporária, invalidez permanente, velhice, morte prematura – não era assimilável a beneficiência. Tratava-se antes da prevenção de riscos incertos (…)” (Campos: 2000: 10) 5
  • 6.  Concepção bismarckiana: Não Universal Provisão de apoios relacionada com a situação profissional dos indivíduos O homem seria o angariador de rendimentos Concepções do papel da família bem diferentes A mulher seria o elemento familiar que cuidava dos filhos e da casa Contribuição da Igreja 6
  • 7.  Durante o século XX, Richard Titmuss contribuiu para a reflexão sobre o Estado Social, formulando a primeira tipologia: I Estados Sociais residuais • Papel subsidiário e suplementar do Estado • Apoios sociais dirigem-se apenas àqueles que comprovadamente apresentem alguma necessidade e a ação do Estado dura apenas até que o estado de dependência seja eliminado. II Estados Sociais meritocrático-particularista • Políticas sociais moldadas por objectivos de produtividade • Estado assegura a proteção social ligada ao corporativismo ocupacional • Acesso aos benefícios ligado ao status do trabalho e à contribuição paga pelos beneficiários III Estados Sociais institucionais-redistributivos • Políticas sociais determinadas por objectivos normativos de provisão universal • O acesso aos programas sociais é universal, assegurando patamares mínimos de rendimento e serviços sociais financiados pelo Estado (Titmuss: 1974: 23-32) 7
  • 8.  Esping-Andersen trouxe um contributo essencial na análise dos modelos de welfare que, ainda nos dias de hoje, é estudado no âmbito das ciências sociais. Sobre este autor e o seu contributo, Pedro Adão e Silva refere: “(…) Esping-Andersen definiu o conceito de “modelo de welfare”. Este conceito tornou-se um instrumento particularmente poderoso para a compreensão de como as políticas sociais influenciam o funcionamento do mercado de trabalho, bem como as estruturas sociais mais amplas e de como neste processo uma série de factores se interligam.” (Silva: 2002: 26) 8
  • 9. Modelo welfare de Dimensões típicas Regimes de proteção segundo o estatuto profissional Continental ou Corporativo Países Áustria Bélgica França Proteção social dos Alemanha funcionários públicos Holanda elevada Luxemburg o Riscos sociais Estratégias em associados cenários de crise Discriminatório das Indução da saída mulheres precoce do Encargos sociais com a mercado de trabalho mão-de-obra elevados Excesso de peso das despesas com pensões Aumento da produtividade Dificuldade em responder a níveis elevados de desemprego Prestações sociais de desemprego e de reforma antecipada elevadas 9
  • 10. Modelo de welfare Dimensões típicas Prestações sujeitas a condição de recursos Importância do sector privado nas pensões Anglosaxónico Importância das ou Liberal despesas privadas com saúde Países Riscos sociais associados Reino Unido Armadilhas de pobreza Irlanda Aumento da desigualdade social e da pobreza Trabalhadores pouco qualificados e baixos salários Estratégias em cenários de crise Desregulação do mercado de trabalho Flexibilidade salarial, redução do valor dos salários mais baixos Erosão do valor das prestações Redução de programas sociais 10
  • 11. Modelo welfare de Dimensões típicas Países Acesso universal Prestações igualitárias Finlândia Serviços de apoio às famílias desmercadorizados Escandinav o ou Social Democrátic o Dinamarca Suécia Riscos sociais associados Dificuldades de financiamento Dificuldades de manutenção de níveis elevados de qualidade do serviço público Limites do emprego no sector público Erosão do ideal solidarístico subjacente Estratégias em cenários de crise Expansão dos serviços sociais, com criação de emprego público Expansão da participação feminina no mercado de trabalho Expansão do trabalho em parttime Desenvolvimento de medidas activas de inserção no mercado de trabalho Modelos de welfare state. Fontes: Esping-Andersen (1990: 69-78), Esping-Andersen (1996: 10-20), Rhodes (1997: 61-62), adaptado de Pedroso (1999) 11
  • 12.  Maurizio Ferrera identifica nos países mediterrâneos algumas características muito próprias. Uma delas é a importância e elasticidade da família como uma espécie de carteira de compensação para o bem-estar dos seus membros; o A isto associa-se uma cultura social imbuída de um tipo específico de solidariedade muito influenciado pela doutrina social da Igreja e associações católicas. o Outra evidência que não deixa de ser importante é o relativo subdesenvolvimento do Estado Social e a discrepância entre as medidas prometidas e as realmente levadas à prática (Ferrera, 1996). 12
  • 13.  Na sua obra “The ´Southern` Model of Welfare State in Social Europe”, Ferrera deixa alguma características sobre os países do Sul da Europa:  Elevada relevância das remunerações de transferência; Distribuição desequilibrada da proteção social pelos escalões de riscos padronizados e pelas diversas funções da política social:  A superprotecção do risco da velhice e dos idosos como grupo social;  Subdesenvolvimento dos benefícios e serviços para a família;  O subdesenvolvimento da habitação social e dos subsídios para a habitação; Universalidade nos cuidados de saúde; Combinação altamente articulada entre actores e instituições públicos/as e não públicos/as; 13 Clientelismo     (Ferrera, 1996)
  • 14. Gráfico 1 – Comparação de médias de gastos sociais, % PIB, entre países nórdicos, anglosaxónicos, Europa continental e Europa do sul. Fonte: OCDE (2006) 14
  • 15.  Seria de esperar que se os países gastam mais dos seus orçamentos em despesas sociais, os valores da taxa de pobreza fossem mais baixos. o E de facto, é verdadeiro afirmar que com a provisão das prestações sociais diminuiu-se, em considerável escala, a pobreza um pouco por todo o mundo. Gráfico 2 – Taxa de pobreza e gastos sociais. Fonte: OCDE 15
  • 16.  Relativamente ao financiamento do sistema de pensões, identificam-se diferenças: Plano de Repartição Sistema de Capitalização Fontes de financiamento Contribuições associadas ao salário Impostos gerais Redistribuição intergeracional Acentuada Inexistente Universalidade Cobertura universal Cobertura restrita Pública Privada O que é definido Benefícios Contribuições Confiança Reduzida Forte Organização 16
  • 17. Desemprego Envelhecimento da Pop. Crescimento Econónico Taxas de Natalidade “(…) o atual modelo de Estado-Providência assenta sobre perspetivas de crescimento económico irrealistas; o envelhecimento da população, a par da diminuição das taxas de natalidade, em Portugal como no resto do mundo desenvolvido, constituem um enorme desafio à sustentabilidade financeira do Estado Social.” (Silva, 2013: 52) 17
  • 18.  A esta dificuldade em apresentar os resultados práticos, soma-se a impopularidade das medidas tomadas pelos governos, que resultam em grande descontentamento dos cidadãos (principalmente os beneficiários) gerando muitos anticorpos e provocando instabilidade política resultante das medidas. 18
  • 19. Condicionamento pela intervenção da troika Défice Público Crónico Contexto Português Excesso de emprego público? Clivagem social nos rendimentos Baixos níveis de qualificação Duplicações de organismos Redes priveligiadas no setor público? 19
  • 20. 20
  • 21. Beneficiários de prestações de desemprego Titulares de abono de família 419.360 1.156.995 Beneficiários de Subsídio por doença 94.840 Beneficiários de Prestações de Parentalidade 33.404 Beneficiários de RSI (Rendimento Social de Inserção) 273.376 Beneficiários de CSI (Complemento Solidário para Idosos) 228.842 Pensionistas de Velhice 1.993.510 258 Entidades Empregadoras: Estabelecimentos com situações de Os números apresentados são reveladores da crescente exaustão do Estado Layoff Social, cada vez com mais cidadãos a ter necessidade de apoios sociais, consequência do crescimento do desemprego, do envelhecimento da população e da conjuntura económica global. 21
  • 22.  No entanto, existe uma forte capacidade de resistência à mudança do Estado-Providência, não só em Portugal como na maioria dos países. Filipe Carreira da Silva identifica duas razões para esta resistência: Existência de grandes grupos de beneficiários que tem uma influência eleitoral muito significativa e que tornam qualquer política de desmantelamento de Estado-Providência um potencial suicídio político. Resistência popular é ampliada pela possibilidade de alguns órgãos de soberania poderem vetar muitas destas mudanças (Silva, 2013: 63), como serve de exemplo a última revisão do tribunal constitucional, em Abril de 2013. 22
  • 23.  O que se tem verificado é a difícil sustentabilidade dos sistemas com planos de repartição: Impostos x nível salarial Valor da pensão Taxa de dependência Isto significa que o aumento da taxa de dependência obriga ao ajuste de outras variáveis: Taxa de contribuição Nível das pensões Participação laboral Salários 23
  • 24.  Algumas previsões apontam mesmo para a completa insustentabilidade da taxa de dependência nos próximos 40 anos. 24
  • 25.  Em Portugal, as reformas antecipadas constituem mais uma dificuldade para a sustentabilidade do sistema: o Suspensão do direito à reforma antecipada até 2014  Podem Pedir Reforma Antecipada: o Trabalhadores abrangidos pelo sistema de segurança social (exclui os funcionários públicos) o Os desempregados (involuntários) de longa duração o Os contribuintes que apresentaram o pedido de pensão de velhice antecipada até ao dia 5 de abril de 2012  Existem penalizações: o Reforma antecipada a partir dos 55 anos, com 30 de descontos até aos 55 anos: 0,5% no valor dapensão, por cada mês de antecipação o Reforma antecipada para quem tem mais de 30 anos de descontos aos 55 anos de idade: 3 anos de descontos acima dos 30, tem direito a tirar 12 meses ao número de meses de antecipação 25
  • 26.  A passagem para sistemas de capitalização poderia aliviar a pressão sobre o sistema de proteção social Problema: custos de curto prazo para as gerações da transição, o que torna os planos de repartição não capitalizáveis. Algumas soluções alternativas têm passado por:  Manter os níveis de benefícios aumentando taxas de contribuição e/ou impostos;  Reduzir níveis de benefícios para assim manter taxas de contribuição;  Aumentar a idade da reforma. 26
  • 27. O que diz o FMI sobre esta matéria? o Proposta de 3 linhas de ação: Continuar com ajustes periódicos nos pagamentos das prestações Reduzir os benefícios para os futuros pensionistas, encurtando o período de transição da reforma Redução “radical” nas pensões existentes, para combater desigualdades e melhorar incentivos 27
  • 28. “O debate, assim, centra-se na necessidade e nos inconvenientes da actual tendência para o aumento do peso dos setores privados no fornecimento de serviços à população. (…) Neste sentido, o que está em debate é a reformulação do contrato social no contexto da acção institucional do EstadoProvidência. Isto, na medida em que este é, na sua própria configuração, o resultado das diferentes e progressivas escolhas dos cidadãos sobre os modelos de orientação e de regulação social.” (Mozzicafreddo, 1992: 84) http://www.youtube.com/watch?v=y0mTnvggFKs 28
  • 29.               Adão e Silva, Pedro (2002), “O modelo de welfare da Europa do Sul”, Sociologia, Problemas e Práticas, nº 38, pp. 25-59. Carreira da Silva, Filipe (2013), O Futuro do Estado Social. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos. Correia de Campos, António (2000), Solidariedade Sustentada: Reformar a Segurança Social. Lisboa: Gradiva. Estanque, Elísio (2012), “O Estado Social em Causa: instituições sociais, políticas sociais e movimentos sociolaborais”, Finisterra – Revista de Reflexão e Crítica, nº 73, pp. 39-80. Ferrera, M. (1996) “The ´Southern` Model of Welfare State in Social Europe”, Journal of European Social Policy, 6(1), 17-37. Mozzicafreddo, Juan (1992), “O Estado-Providência em Portugal: estratégias contraditórias”. Sociologia – Problemas e Práticas. Nº 12, 57-89. Titmuss, R. (1974) Social Policy, Allen and Unwin: London Adão e Silva, P. (2000) “O Estado-Providência português num contexto europeu”, Sociedade e Trabalho, 8/9, 49-61. Caeiro, Joaquim (2010), Política Social e Estado Providência. Lisboa: Universidade Lusíada Editora. Clarke, John (2004), Changing Welfare Changing States: New Directions in Social Policy. London: SAGE Publications. Dornelas, António (2006), “Dimensão Social da Globalização”. Sociologia – Problemas e Práticas, nº 50, 157-164. Esping-Andersen, Gøsta (1990), The Three Worlds of Welfare Capitalism, Cambridge: Polity Press. Guillén, Ana et al (2001), Redesigning the Spanish and Portuguese Welfare States: The Impact of Accession into the European Union. CES Working Paper, no. 85, 2001. 29 Muffels, Ruud J.A.; Tsakloglou, Panos e Mayes, David G. (2002), Social Exclusion in European Welfare States. Massachusetts: Edward Elgar Publishing.