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HISTÓRIA DA CAPOEIRA ANGOLA
     ( GRUPO DE CAPOEIRA EU SOU ANGOLEIRO )
                  MESTRE JOÃO
INDICE:

• A capoeira em questão
  ......................................................................................................................................... Pag 03
• A palavra Capoeira
  ......................................................................................................................................... Pag 04
• A herança Banto
  ......................................................................................................................................... Pag 05
• A malandragem da capoeira
  ......................................................................................................................................... Pag 06
• A historia de mestre Pastinha
  ......................................................................................................................................... Pag 07
• Filosofia
  ......................................................................................................................................... Pag 08
• A musica
  ......................................................................................................................................... Pag 10
• Quilombos
  ......................................................................................................................................... Pag 11
• As maltas
  ......................................................................................................................................... Pag 12
• De crime a esporte
  ......................................................................................................................................... Pag 13
• Característica Psico-Fisica
  ......................................................................................................................................... Pag 14
• Metodologia Básica
  ......................................................................................................................................... Pag 15
• Treinamento de Ritmos
  ......................................................................................................................................... Pag 16
• Bibliografia
  ......................................................................................................................................... Pag 17




                                                                                                                                                2
A capoeira em questão




                        3
A palavra Capoeira




                     4
A herança Banto




                  5
A malandragem da capoeira




“ Mandinga de escravo em
  ância de liberdade”
                                  6
A historia de Mestre Pastinha
        Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador, a 05 de
abril de 1889. Em entrevista à revista Realidade, em 1967, mestre
Pastinha declara que aprendeu a capoeira com o “Velho
Africano”, mestre Benedito. Este teria ficado com dó de Pastinha,
aos dez anos, apanhava diariamente de um garoto. A princípio,
Pastinha ensinava capoeira para os colegas da marinha, onde
ingressou aos 12 anos. Depois que saiu, aos 20 anos, abriu sua
primeira escola de capoeira na sede de uma oficina de ciclistas.
Nesse local, a escola ficou aberta de 1910 à 1922. Após esse
período, mudou-se para o Cruzeiro de São Francisco ... Além de
capoeirista, Pastinha era também pintor; chegando a dar aulas de
pintura a óleo... Em 1941, mestre Pastinha fundou o “centro
esportivo de capoeira angola”, graças ao mestre Amorzinho que
lhe ofereceu a academia e insistiu para que ele a dirigisse. Para
Patinha a capoeira “de angola” se diferencia da capoeira
regional por “não Ter método”, “ser sagrada” e “maliciosa”.
Pastinha não aceitava a mistura feita por mestre Bimba, que
incorporou à capoeira movimentos de outras lutas. Na capoeira
angola, como explica Pastinha, o capoeirista lança mão de
inúmeros artifícios para enganar e distrair o adversário. Finge
que se retira e volta-se rapidamente. Pula para um lado e para
outro. Gira para todos os lados e se contorce numa “ginga”
maliciosa e desconcertante. Apesar de ser uma das grandes
celebridades da vida popular da Bahia, chegando a ir até o
continente africano – convidado pelo Ministério das Relações
Exteriores do Brasil, como integrante da delegação brasileira,
junto ao “Premier Festival Internacional de Arts Negres” , de
Dakar, em abril de 1967 – Pastinha, no final de sua fica, foi
praticamente esquecido. Chegou a ser despejado de onde morava,
e em fins de 1979, após um derrame cerebral e internação de um
ano em hospital público, vai para o abrigo D.Pedro II. ... Morre
aos 92 anos, em 14 de outubro de 1981. Em seu enterro, foi
homenageado com toques de berimbau.




                                                                        7
Filosofia
“Pratico a verdadeira Capoeira Angola e aqui os homens aprendem a ser leais e justos. A lei de Angola que herdei de
meus avós é a lei da lealdade. A Capoeira Angola, a que aprendi, não deixei mudar aqui na Academia, Os meus
discípulos zelam por mim. Os olhos deles agora são os meus. ”
                                                                                             M. Pastinha

“O que eu gosto de lembra sempre é que a capoeira apareceu no Brasil como luta contra a escravidão. Nas músicas
que ficaram até hoje se percebe isso. Entenda quem quiser, está tudo ai nesses versos que agente guardou daqueles
tempos”
                                                                                               M . Pastinha

“Mas o que serve para a defesa também serve para o ataque. A Capoeira é tão agressiva quanto perigosa. Por causa
de coisas de gente moça e pobre, tive algumas vezes a polícia em cima de mim. Barulho de rua, presepada. Quando
tentavam me pegar, eu me lembrava do Mestre Benedito e me defendia. Eles sabiam que eu jogava capoeira e queriam
me desmoralizar na frente do povo. Por isso, bati alguma vez em polícia desabusado, mas por defesa de minha moral e
do meu corpo”
                                                                                             M. Pastinha

“Quem não sabe lutar é sempre apanhado desprevenido. Agora que o ritmo está mais apressado, sinto a agilidade
desses dois homens e imagino raiva, medo, despeito, desespero empurrando esses pés ... uma vez vi um capoeirista
afugentar uma patrulha inteira”.
                                                                                             M. Pastinha

“Não se pode esquecer do berimbau. Berimbau é o primitivo mestre. Ensina pelo som. Dá vibração e ginga ao corpo
da gente. O conjunto de percussão com o berimbau não é arranjo moderno, não, é coisa dos princípios. Bom
capoeirista, além de jogar, deve saber tocar berimbau e cantar.”
                                                                                           M. Pastinha

“Saem daqui da Academia sabendo tudo. Sabendo que a luta é muito maliciosa e cheia de manhas, que a gente tem de
Ter calma. Que não é uma luta atacante, ela espera. Capoeirista nunca dizia a ninguém que lutava. Era homem astuto
e ardiloso, como a própria luta, que se disfarçou com a dança para sobreviver depois que chegou de Angola.
Capoeirista é mesmo muito disfarçado. Contra a força só isso mesmo. Está certo.
                                                                                             M. Pastinha

“O capoeirista é um curioso, tem mentalidade para muita coisa, sabendo aproveitar de tudo o que o ambiente lhe pode
proporcionar. E a Capoeira Angola só pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é saber
aproveitar os gestos livres e próprios de cada um. Ninguém luta do meu jeito, mas no deles há toda a sabedoria que
aprendi. Cada um é cada um.”
                                                                                               M. Pastinha

“Ë jogar precisa ser jogado sem sujar a roupa, sem tocar o corpo no chão. Quando eu jogo, até pensam que o velho
está bêbado, porque fico todo mole desengonçado, parecendo que vou cair. Mas ninguém ainda me botou no chão,
nem vai botar”
                                                                                            M. Pastinha


                                                                                                                      8
“Ninguém pode mostrar tudo que tem. As entregas e revelações têm de ser feitas aos poucos. Isso serve na capoeira,
na família, na vida. Há segredo que não podem ser revelados a todas as pessoas. Há momentos que não podem ser
divididos com ninguém”
                                                                                             M. Pastinha

“Os negros usavam a capoeira para defender a sua liberdade. No entanto, malandros e gente infeliz descobriram
nesses golpes um jeito de assaltar os outros, vingar-se de inimigos e enfrenta a polícia . Foi um tempo triste da
capoeira”
                                                                                                 M. Pastinha

“Eu conheci, eu vi. Nas bandas das docas ... luta violenta, ninguém a pôde conter. Eu sei que tudo isso é mancha suja
na história da capoeira, mas um revólver tem culpa dos crimes que pratica ? E a faca ? E os canhões ? E as bombas ?
A Capoeira Angola parece uma dança, mas não é não. Pode matar, já matou. Bonita! Na beleza está contida sua
violência”
                                                                                                M. Pastinha

“O segredo da capoeira morre comigo e outros mestre. O que há hoje é muita acrobacia e pouca capoeira. Capoeira é
amorosa não é perversa. Capoeira não é minha é dos africanos. É mandinga de escravo no Brasil. Um costume como
qualquer outro, um hábito cortês que criamos dentro de nós ... Uma coisa vagabunda ”
                                                                                          M. Pastinha

“Só se pode ensinar capoeira, sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é aproveitar gestos livres e próprios de
cada um. Ninguém luta do meu jeito, mas no deles, há toda sabedoria que aprendi”
                                                                                             M. Pastinha

“O capoeirista não vira apenas preparar-se para defender e atacar em determinados momentos, mas através de
exercícios psico-físicos aprender a dominar-se, antes de querer dominar o adversário.
                                                                                         M. Pastinha

“Cada um é cada um”
                             M. Pastinha

“Eu tenho dois meninos
 que se chama João
 um é cobra mansa
 o outro é gavião
 um joga no ar ...
 o outro se enrosca pelo chão”
                                    M. Pastinha

“Capoeira é tudo que a boca come”
                                    M. Pastinha

“Quanto mais calma melhor pro capoeirista”
                                                   M. Pastinha


Os ensinamentos de mestre Pastinha resumem boa parte da codificação da filosofia da capoeira Angola. Outro
caminho para se aprender é escutar os cantigos, onde se encontra os fundamentos desta arte.

                                                                                                                     9
A música
Ex.: Menino que foi seu mestre
     Meu mestre foi Salomão
     Sou discípulo que aprende


A música é composta de:
      • Ladainha: ensinamento, historia
      • Saudação: louvação
      • Corrido: sermões, metáforas, cantiga de
          trabalho c/ canto e resposta




     E mestre que dá lição




                                                             10
Os Quilombos

        E possível que os próprio quilombos foram também berço da capoeira. Como resposta ao sistema escravista,
nos quilombos foram formar todos os tipos possíveis de resistência, que não desde a forma de organização política,
econômica e produção ate exercito e defesa. Os quilombos negros rebeldes organizados, eram a “dor de cabeça do
Brasil colônia”. Fugiam, libertavam seus irmãos e chegavam a competir economicamente com a colônia.
        A capoeira sem duvida, registra toda a contradição histórica de nossa sociedade em formação. Os capoeiristas
estiveram presentes em todas as formas de resistência na era colônia e também na republica.




                                                                                                                  11
As maltas




                                       Nas datas festivas, diante de bandas
                                       militares ou procissoes, misturando
                                       brincadeira e violencia. Os mais
                                       perigosos não se expunham tanto,
                                       mas eram bons de faca, porrete e
                                       navalha. Para o corrupto sistema
                                       partidario da epoca foi a ferramenta
                                       ideal de campanha. Foi assim que os
                                       nagoas e os guaiamus, gangues
                                       cariocas, se ligaram, respectivamente,
                                       ao partido Conservador e ao Liberal,
                                       transformando-se no braco armado
                                       das disputas politicas do Rio de
                                       Janeiro.

                                         Ate entao, a lei punia a
                                       capoeiragem com sentencas de ate
Va atras. “Salvador era um barril de   300 acoites e calabouco. O auge da
polvora”, conta o antropologo Oderp    repressao foi em 1890 quando ficou
Serra. “Os negros fizeram mais de      instituida a deportacao dos capoeiras
trinta revolucoes nesse periodo. Em    do Rio para a ilha de Fernando de
toda cidade, é natural que uma         Noronha. Na Bahia, as falanges foram
enorme massa de excluidos se           desorganizadas pela convocacao para
organize e acabe formando gangues,     a Guerra do Paraguai, em1864. E as
como os lainos fazem hoje nos          do Recife so acabaram
Estados Unidos.                        definitivamente em 1912, quando o
   As “maltas” eram bandos de          jogo voltou a ser brincadeira, dando
capoei- ras que saiam para enfrentar   origem ao frevo.
rivais




                                                                                            12
De crime a esporte




                 13
Características psico-físicas

       Os movimentos são flexibilizantes, e tonificantes. Trabalham a resistência muscular. São variados quanto a
forma: se joga de pé, agachado, de cabeça para baixo, e na meia altura
       Sempre apoiados nas articulações, trazem a mensagem de aceitação, solidariedade, tolerância, humildade mas
também resistência, força, sinceridade e relaxamento. Atitudes como calma , espera e equilíbrio, são características
básicas do “ser capoeira”.




                                                                                                                  14
Metodologia Básica
Postura Básica
•   Cocorinha
•   Rolê
•   Bananeira
•   Bases da Ginga
•   Ponta Cabeça

    Obs.: Estes movimentos são treinados lentamente

Movimentos Básicos
•   Aú
•   Giros
•   Rolê
•   Negativa
•   Gingas
•   Passadas
•   Chapas
•   Meia-luas

Seqüências Básicas
•   3 movimentos básicos ligados

    Ex.: Negativa     Rasteira   Cabeçada

Entradas e Saídas
•   Ataque e defesa

Jogos
•   Jogo de dentro
•   Jogo de fora

Roda de capoeira Angola




                                                                           15
Treinamento de Ritmos
Execução de:
      • 3 Berimbaus ( Gunga, Viola e Violinha )
      • Percussão Básica de :
          - Agogô
          - Reco-reco
          - 2 Pandeiros
          - Atabaque
      • Ritmos:
          - Angola
          - São Bento ( Grande e Pequeno )
          - Solos ( repiques )
      • Aprender o significado dos cantigos de abertura de jogo e roda ( Ladainhas e louvação )
      • Treinamento e aprendizado de corridos de Capoeira Angola.
          Ex. : menino que foi seu mestre
                Seu mestre foi Salomão        LADAINHA
                Sou discípulo que aprende
                E mestre que da lição

                Ie viva meu Deus
                Ie viva meu mestre              LOUVACAO
                Ie vamos se embora

               Eu sou Angoleiro
               Angoleiro de Valor
               Eu sou Angoleiro                  CURRIDO
               Angoleiro sim sinhô
               Eu sou Angoleiro
               Angoleiro o que e que eu sou




                                                                                                  16
Bibliografia
•   Mestre Bola Sete, a capoeira Angola na Bahia, Salvador 1989
•   Mestre Pastinha, Capoeira Angola, 3ed., Salvador ( 1964 ) 1988
•   Waldeloir Rego, Capoeira Angola, Salvador 1968

Outras Obras:
• Edmundo Luiz, no Tempo dos Vice-Reis, Revista do Instituto Histórico Brasileiro. Vol. 163 (1932)
• Super Interessante ( maio 1996 )




                                                                                                     17

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Capoeira angola - historia

  • 1. HISTÓRIA DA CAPOEIRA ANGOLA ( GRUPO DE CAPOEIRA EU SOU ANGOLEIRO ) MESTRE JOÃO
  • 2. INDICE: • A capoeira em questão ......................................................................................................................................... Pag 03 • A palavra Capoeira ......................................................................................................................................... Pag 04 • A herança Banto ......................................................................................................................................... Pag 05 • A malandragem da capoeira ......................................................................................................................................... Pag 06 • A historia de mestre Pastinha ......................................................................................................................................... Pag 07 • Filosofia ......................................................................................................................................... Pag 08 • A musica ......................................................................................................................................... Pag 10 • Quilombos ......................................................................................................................................... Pag 11 • As maltas ......................................................................................................................................... Pag 12 • De crime a esporte ......................................................................................................................................... Pag 13 • Característica Psico-Fisica ......................................................................................................................................... Pag 14 • Metodologia Básica ......................................................................................................................................... Pag 15 • Treinamento de Ritmos ......................................................................................................................................... Pag 16 • Bibliografia ......................................................................................................................................... Pag 17 2
  • 3. A capoeira em questão 3
  • 6. A malandragem da capoeira “ Mandinga de escravo em ância de liberdade” 6
  • 7. A historia de Mestre Pastinha Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador, a 05 de abril de 1889. Em entrevista à revista Realidade, em 1967, mestre Pastinha declara que aprendeu a capoeira com o “Velho Africano”, mestre Benedito. Este teria ficado com dó de Pastinha, aos dez anos, apanhava diariamente de um garoto. A princípio, Pastinha ensinava capoeira para os colegas da marinha, onde ingressou aos 12 anos. Depois que saiu, aos 20 anos, abriu sua primeira escola de capoeira na sede de uma oficina de ciclistas. Nesse local, a escola ficou aberta de 1910 à 1922. Após esse período, mudou-se para o Cruzeiro de São Francisco ... Além de capoeirista, Pastinha era também pintor; chegando a dar aulas de pintura a óleo... Em 1941, mestre Pastinha fundou o “centro esportivo de capoeira angola”, graças ao mestre Amorzinho que lhe ofereceu a academia e insistiu para que ele a dirigisse. Para Patinha a capoeira “de angola” se diferencia da capoeira regional por “não Ter método”, “ser sagrada” e “maliciosa”. Pastinha não aceitava a mistura feita por mestre Bimba, que incorporou à capoeira movimentos de outras lutas. Na capoeira angola, como explica Pastinha, o capoeirista lança mão de inúmeros artifícios para enganar e distrair o adversário. Finge que se retira e volta-se rapidamente. Pula para um lado e para outro. Gira para todos os lados e se contorce numa “ginga” maliciosa e desconcertante. Apesar de ser uma das grandes celebridades da vida popular da Bahia, chegando a ir até o continente africano – convidado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, como integrante da delegação brasileira, junto ao “Premier Festival Internacional de Arts Negres” , de Dakar, em abril de 1967 – Pastinha, no final de sua fica, foi praticamente esquecido. Chegou a ser despejado de onde morava, e em fins de 1979, após um derrame cerebral e internação de um ano em hospital público, vai para o abrigo D.Pedro II. ... Morre aos 92 anos, em 14 de outubro de 1981. Em seu enterro, foi homenageado com toques de berimbau. 7
  • 8. Filosofia “Pratico a verdadeira Capoeira Angola e aqui os homens aprendem a ser leais e justos. A lei de Angola que herdei de meus avós é a lei da lealdade. A Capoeira Angola, a que aprendi, não deixei mudar aqui na Academia, Os meus discípulos zelam por mim. Os olhos deles agora são os meus. ” M. Pastinha “O que eu gosto de lembra sempre é que a capoeira apareceu no Brasil como luta contra a escravidão. Nas músicas que ficaram até hoje se percebe isso. Entenda quem quiser, está tudo ai nesses versos que agente guardou daqueles tempos” M . Pastinha “Mas o que serve para a defesa também serve para o ataque. A Capoeira é tão agressiva quanto perigosa. Por causa de coisas de gente moça e pobre, tive algumas vezes a polícia em cima de mim. Barulho de rua, presepada. Quando tentavam me pegar, eu me lembrava do Mestre Benedito e me defendia. Eles sabiam que eu jogava capoeira e queriam me desmoralizar na frente do povo. Por isso, bati alguma vez em polícia desabusado, mas por defesa de minha moral e do meu corpo” M. Pastinha “Quem não sabe lutar é sempre apanhado desprevenido. Agora que o ritmo está mais apressado, sinto a agilidade desses dois homens e imagino raiva, medo, despeito, desespero empurrando esses pés ... uma vez vi um capoeirista afugentar uma patrulha inteira”. M. Pastinha “Não se pode esquecer do berimbau. Berimbau é o primitivo mestre. Ensina pelo som. Dá vibração e ginga ao corpo da gente. O conjunto de percussão com o berimbau não é arranjo moderno, não, é coisa dos princípios. Bom capoeirista, além de jogar, deve saber tocar berimbau e cantar.” M. Pastinha “Saem daqui da Academia sabendo tudo. Sabendo que a luta é muito maliciosa e cheia de manhas, que a gente tem de Ter calma. Que não é uma luta atacante, ela espera. Capoeirista nunca dizia a ninguém que lutava. Era homem astuto e ardiloso, como a própria luta, que se disfarçou com a dança para sobreviver depois que chegou de Angola. Capoeirista é mesmo muito disfarçado. Contra a força só isso mesmo. Está certo. M. Pastinha “O capoeirista é um curioso, tem mentalidade para muita coisa, sabendo aproveitar de tudo o que o ambiente lhe pode proporcionar. E a Capoeira Angola só pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é saber aproveitar os gestos livres e próprios de cada um. Ninguém luta do meu jeito, mas no deles há toda a sabedoria que aprendi. Cada um é cada um.” M. Pastinha “Ë jogar precisa ser jogado sem sujar a roupa, sem tocar o corpo no chão. Quando eu jogo, até pensam que o velho está bêbado, porque fico todo mole desengonçado, parecendo que vou cair. Mas ninguém ainda me botou no chão, nem vai botar” M. Pastinha 8
  • 9. “Ninguém pode mostrar tudo que tem. As entregas e revelações têm de ser feitas aos poucos. Isso serve na capoeira, na família, na vida. Há segredo que não podem ser revelados a todas as pessoas. Há momentos que não podem ser divididos com ninguém” M. Pastinha “Os negros usavam a capoeira para defender a sua liberdade. No entanto, malandros e gente infeliz descobriram nesses golpes um jeito de assaltar os outros, vingar-se de inimigos e enfrenta a polícia . Foi um tempo triste da capoeira” M. Pastinha “Eu conheci, eu vi. Nas bandas das docas ... luta violenta, ninguém a pôde conter. Eu sei que tudo isso é mancha suja na história da capoeira, mas um revólver tem culpa dos crimes que pratica ? E a faca ? E os canhões ? E as bombas ? A Capoeira Angola parece uma dança, mas não é não. Pode matar, já matou. Bonita! Na beleza está contida sua violência” M. Pastinha “O segredo da capoeira morre comigo e outros mestre. O que há hoje é muita acrobacia e pouca capoeira. Capoeira é amorosa não é perversa. Capoeira não é minha é dos africanos. É mandinga de escravo no Brasil. Um costume como qualquer outro, um hábito cortês que criamos dentro de nós ... Uma coisa vagabunda ” M. Pastinha “Só se pode ensinar capoeira, sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é aproveitar gestos livres e próprios de cada um. Ninguém luta do meu jeito, mas no deles, há toda sabedoria que aprendi” M. Pastinha “O capoeirista não vira apenas preparar-se para defender e atacar em determinados momentos, mas através de exercícios psico-físicos aprender a dominar-se, antes de querer dominar o adversário. M. Pastinha “Cada um é cada um” M. Pastinha “Eu tenho dois meninos que se chama João um é cobra mansa o outro é gavião um joga no ar ... o outro se enrosca pelo chão” M. Pastinha “Capoeira é tudo que a boca come” M. Pastinha “Quanto mais calma melhor pro capoeirista” M. Pastinha Os ensinamentos de mestre Pastinha resumem boa parte da codificação da filosofia da capoeira Angola. Outro caminho para se aprender é escutar os cantigos, onde se encontra os fundamentos desta arte. 9
  • 10. A música Ex.: Menino que foi seu mestre Meu mestre foi Salomão Sou discípulo que aprende A música é composta de: • Ladainha: ensinamento, historia • Saudação: louvação • Corrido: sermões, metáforas, cantiga de trabalho c/ canto e resposta E mestre que dá lição 10
  • 11. Os Quilombos E possível que os próprio quilombos foram também berço da capoeira. Como resposta ao sistema escravista, nos quilombos foram formar todos os tipos possíveis de resistência, que não desde a forma de organização política, econômica e produção ate exercito e defesa. Os quilombos negros rebeldes organizados, eram a “dor de cabeça do Brasil colônia”. Fugiam, libertavam seus irmãos e chegavam a competir economicamente com a colônia. A capoeira sem duvida, registra toda a contradição histórica de nossa sociedade em formação. Os capoeiristas estiveram presentes em todas as formas de resistência na era colônia e também na republica. 11
  • 12. As maltas Nas datas festivas, diante de bandas militares ou procissoes, misturando brincadeira e violencia. Os mais perigosos não se expunham tanto, mas eram bons de faca, porrete e navalha. Para o corrupto sistema partidario da epoca foi a ferramenta ideal de campanha. Foi assim que os nagoas e os guaiamus, gangues cariocas, se ligaram, respectivamente, ao partido Conservador e ao Liberal, transformando-se no braco armado das disputas politicas do Rio de Janeiro. Ate entao, a lei punia a capoeiragem com sentencas de ate Va atras. “Salvador era um barril de 300 acoites e calabouco. O auge da polvora”, conta o antropologo Oderp repressao foi em 1890 quando ficou Serra. “Os negros fizeram mais de instituida a deportacao dos capoeiras trinta revolucoes nesse periodo. Em do Rio para a ilha de Fernando de toda cidade, é natural que uma Noronha. Na Bahia, as falanges foram enorme massa de excluidos se desorganizadas pela convocacao para organize e acabe formando gangues, a Guerra do Paraguai, em1864. E as como os lainos fazem hoje nos do Recife so acabaram Estados Unidos. definitivamente em 1912, quando o As “maltas” eram bandos de jogo voltou a ser brincadeira, dando capoei- ras que saiam para enfrentar origem ao frevo. rivais 12
  • 13. De crime a esporte 13
  • 14. Características psico-físicas Os movimentos são flexibilizantes, e tonificantes. Trabalham a resistência muscular. São variados quanto a forma: se joga de pé, agachado, de cabeça para baixo, e na meia altura Sempre apoiados nas articulações, trazem a mensagem de aceitação, solidariedade, tolerância, humildade mas também resistência, força, sinceridade e relaxamento. Atitudes como calma , espera e equilíbrio, são características básicas do “ser capoeira”. 14
  • 15. Metodologia Básica Postura Básica • Cocorinha • Rolê • Bananeira • Bases da Ginga • Ponta Cabeça Obs.: Estes movimentos são treinados lentamente Movimentos Básicos • Aú • Giros • Rolê • Negativa • Gingas • Passadas • Chapas • Meia-luas Seqüências Básicas • 3 movimentos básicos ligados Ex.: Negativa Rasteira Cabeçada Entradas e Saídas • Ataque e defesa Jogos • Jogo de dentro • Jogo de fora Roda de capoeira Angola 15
  • 16. Treinamento de Ritmos Execução de: • 3 Berimbaus ( Gunga, Viola e Violinha ) • Percussão Básica de : - Agogô - Reco-reco - 2 Pandeiros - Atabaque • Ritmos: - Angola - São Bento ( Grande e Pequeno ) - Solos ( repiques ) • Aprender o significado dos cantigos de abertura de jogo e roda ( Ladainhas e louvação ) • Treinamento e aprendizado de corridos de Capoeira Angola. Ex. : menino que foi seu mestre Seu mestre foi Salomão LADAINHA Sou discípulo que aprende E mestre que da lição Ie viva meu Deus Ie viva meu mestre LOUVACAO Ie vamos se embora Eu sou Angoleiro Angoleiro de Valor Eu sou Angoleiro CURRIDO Angoleiro sim sinhô Eu sou Angoleiro Angoleiro o que e que eu sou 16
  • 17. Bibliografia • Mestre Bola Sete, a capoeira Angola na Bahia, Salvador 1989 • Mestre Pastinha, Capoeira Angola, 3ed., Salvador ( 1964 ) 1988 • Waldeloir Rego, Capoeira Angola, Salvador 1968 Outras Obras: • Edmundo Luiz, no Tempo dos Vice-Reis, Revista do Instituto Histórico Brasileiro. Vol. 163 (1932) • Super Interessante ( maio 1996 ) 17