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Comunidade Lusófona




      Jorge Janeiro



      2013, Janeiro



         Oeiras
ÍNDICE


Introdução…………………………………………………………………………………………………………………………..2


O que é a Comunidade Lusófona?..........................................................................................2


A língua portuguesa no Mundo……………………………………………………………………………………………4


Como se espalhou a língua portuguesa?................................................................................5


Comunidades Lusófonas……………………………………………………………………………………………………….6


Heranças Lusófonas………………………………………………………………………………………………………….….8


A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa……………………………………………………………….….8


“Da CPLP à Comunidade Lusófona”………………………………………………………………………………………8


Nota do autor……………………………………………………………………………………………………………………….9


Nota biográfica…………………..………………………………………………………………………………...……………10




                                                                                                                        1
Introdução

A Comunidade Lusófona resulta de séculos de evolução. Historiadores houve que atribuíram as
origens de Portugal à Lusitânia. Outros encontraram explicações geográficas para Portugal.
Tanto uma explicação como outra não encontram fundamento na realidade. Portugal não é
homogéneo do ponto de vista geográfico e também não se consegue identificar o significado
de ser português na Lusitânia. Portugal resultou das disputas de poder entre os grandes
senhores do noroeste da Península Ibérica. Foi um incidente político cujas consequências
duram até hoje, pois, ao contrário das outras nações da “Ibéria”, Portugal continua
independente. Essa independência sustentou-se desde cedo na própria língua, cujas origens
remontam ao galaico-português. A Reconquista espalhou a língua portuguesa até ao Algarve,
enriquecendo-a com novos vocábulos. Os Descobrimentos levaram-na a todo o Mundo,
deixando-a de forma permanente noutros países e territórios.

O documento que vos apresento destina-se a dar a conhecer o produto dessas deambulações
da língua portuguesa no Mundo.


O que é a Comunidade Lusófona?

A Comunidade Lusófona consiste no conjunto de identidades culturais existentes em países,
regiões, estados, territórios ou cidades e em diversas comunidades e pessoas que, embora
dispersos por vários continentes, partilham o facto de serem falantes da língua portuguesa ou
de línguas derivadas do português.

Os países lusófonos, para dar expressão institucional aos laços culturais que os unem, criaram,
em 1996, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), constituída por sete Estados-
membros (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe) a que depois se juntou Timor-Leste. O português é também língua oficial na Guiné
Equatorial, antiga colónia espanhola, que aspira aderir à CPLP. Por enquanto, esta beneficia do
estatuto de Observador Associado, tal como o Senegal e a ilha Maurícia.

Mas o português (e seus derivados) é também falado em: países como o Japão (Ásia), o Sri
Lanka (Ásia) e o Benim (África); regiões como a Galiza (Espanha) ou Macau (China); províncias
como Flores e Solor (Indonésia); estados como Goa (Índia); territórios como Damão e Diu ou
Dadrá e Nagar Aveli (Índia); e cidades como Malaca (Malásia).

O português é ainda falado pelas comunidades de emigrantes e de refugiados lusófonos que se
estabeleceram, sobretudo, nos seguintes países: Estados Unidos da América, Canadá,
Bermudas, Venezuela, Argentina, França, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Bélgica, Andorra,
Holanda, África do Sul, Namíbia, Congo, Zâmbia e Austrália.

O ensino obrigatório do português nos currículos escolares já ocorre no Uruguai e na
Argentina. Outros países onde o português é ensinado em escolas ou onde seu ensino está a
ser introduzido são: Venezuela, Zâmbia, Congo, Senegal, Namíbia, Suazilândia, Costa do
Marfim e África do Sul.




                                                                                             2
O português é língua oficial em várias organizações internacionais (União Europeia, Mercosul,
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral). Com cerca de 250 milhões de falantes, é a
quinta língua mais falada no mundo, a terceira mais falada nas Américas e a mais falada no
hemisfério sul da Terra.

Todavia, o facto de 4 em cada 5 falantes se encontrarem no Brasil tem impedido que o
português se torne uma língua universal e, por essa via, oficial na Organização das Nações
Unidas. Para além disso, apesar de oficial ou co-oficial em muitos países e territórios, o
português não é usado pela maior parte da população, como acontece em Macau ou na Guiné
Equatorial, onde tem uma utilização unicamente de foro administrativo.

Quadro 1: Número estimado de falantes do português no Mundo.

                País/território                                   N.º de habitantes
Brasil                                                              190 755 799
Moçambique                                                           20 366 795
Angola                                                               15 116 000
Portugal                                                             10 555 853
Galiza                                                                 2 762 198
Guiné-Bissau                                                          1 520 830
Timor Leste                                                           1 066 582
Guiné Equatorial                                                       616 459
Macau                                                                  558 100
Cabo Verde                                                             491 575
São Tomé e Príncipe                                                    137 599
Emigrantes e refugiados                                              10 000 000*
Total                                                                253 331 331
       * Valor estimado.

O território dos países da Comunidade Lusófona perfaz, no seu conjunto, um total de 10 711
000 km2 de terras, o que equivale a 7,2 por cento da terra do planeta (148 939 063 km2),
espalhadas por quatro Continentes – Europa, América, África, Ásia. Na América do Sul é onde
se fala mais português, sendo o Brasil um país de dimensões continentais (quinto maior país
do mundo). África é o segundo continente onde mais se fala português, havendo seis países
onde o português é língua oficial e múltiplas comunidades de origem lusófona. A Europa surge
em terceiro lugar, havendo somente um país (Portugal) onde a língua oficial é o português e
uma região (Galiza) com uma língua lusófona, o galego1. Na Ásia o português é língua co-oficial
num país (Timor Leste) e num território (Macau) havendo ainda comunidades na Índia, no Sri
Lanka, na Malásia e na Indonésia onde se fala português ou crioulo.




1
  A inclusão da Galiza na lusofonia não é unânime devido ao facto de o galego ser hoje visto como uma
língua per si. Todavia, a separação das línguas é relativamente recente, sendo o português e o galego
variantes do galaico-português, falado até há poucas centenas de anos. A proximidade entre o galego e
o português leva-nos a incluir o galego no âmbito da Comunidade Lusófona, como expressão da própria
heterogeneidade de culturas inseridas neste conceito mais amplo.

                                                                                                   3
Quadro 2: Dimensão dos países e territórios da Comunidade Lusófona.

                   País/território                                           KM Quadrados
Brasil                                                                                                 8 514 876
Angola                                                                                                 1 246 700
Moçambique                                                                                               801 590
Portugal                                                                                                  92 090
Guiné-Bissau                                                                                              36 544
Galiza                                                                                                    *29 574
Guiné Equatorial                                                                                        *28 051
Timor Leste                                                                                              14 874
Flores e Solor                                                                                          *14 450
Cabo Verde                                                                                                4 033
Goa                                                                                                      *3 702
São Tomé e Príncipe                                                                                       1 001
Dadrá e Nagar Aveli                                                                                        *487
Damão e Diu                                                                                                *112
Macau                                                                                                       *29
Total                                                                                                10 711 000


* Apesar de constituírem entidades político-administrativas não contam para o total. Este inclui apenas o território
dos países de língua oficial portuguesa.



A língua portuguesa no Mundo

A língua portuguesa, também designada de português, é uma língua proveniente do Latim. Os
especialistas caracterizam-na como românica flexiva, associando-a ao galaico-português,
falado no Reino da Galiza (século XI), que à altura incluía o Norte de Portugal. A criação do
Condado Portucalense, em 1095, viria a separar a Galiza dos territórios mais a sul, que
ganhariam o estatuto de reino independente a partir de 1139. Essa divisão iria trazer
consequências linguísticas, pois, enquanto a Galiza viu o seu território estabilizar, Portugal foi-
se expandindo para o sul até expulsar os Mouros definitivamente em 1249. Foi também a sul
que Portugal fixou a sua capital, Lisboa. Enquanto a Galiza continuou subjugada aos intentos
de Castela e Leão, mais tarde designada de Espanha, Portugal aventurou-se pelos mares,
dominando vastos territórios e encetando contactos com inúmeros povos além-mar. O
contacto com outras culturas foi dando novas palavras e novas expressões ao português
enquanto o galego se iria aproximando do castelhano de forma paulatina.

Durante a Era dos Descobrimentos os marinheiros, os soldados, os missionários e os
comerciantes portugueses levaram o seu idioma para lugares distantes. A exploração foi
seguida por tentativas de colonizar novas terras para o Império Português e, como resultado, a
língua portuguesa dispersou-se pelo mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja
língua primária é o português. Mas o idioma é também largamente utilizado como língua
franca nas antigas colónias portuguesas de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e
São Tomé e Príncipe, todas em África. A Guiné Equatorial também adotou o português como
língua oficial. Além disso, por razões históricas, também se encontram falantes do português
ou crioulo em Macau, Malaca, Timor-Leste, Flores, Benim, Goa, Damão e Diu.

                                                                                                                  4
O português é conhecido como "a língua de Camões" (em homenagem a uma das mais
conhecidas figuras literárias de Portugal, Luís Vaz de Camões, autor de “Os Lusíadas”) ou como
"a última flor do Lácio" (expressão usada no soneto “Língua Portuguesa”, do escritor brasileiro
Olavo Bilac). Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e
agradável".

Em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa, um museu interativo sobre o idioma, foi
fundado em São Paulo, Brasil, a cidade com o maior número de falantes do português em todo
o mundo.

Fig. 1: A língua portuguesa no Mundo.




Como se espalhou a língua portuguesa?

A disseminação da língua portuguesa está fortemente associada à expansão ultramarina de
Portugal desde a tomada de Ceuta, em 1415, até à independência de Timor, em 2002. A
generalidade dos países e territórios onde se fala português têm em comum o facto de, num
dado período de tempo, haverem pertencido ao Império Ultramarino Português.

Hoje, o interesse pelo português alargou-se a outras geografias, seja por influência das
comunidades emigrantes ou de refugiados, seja pelo interesse que as economias lusófonas
têm vindo a despertar junto de outros países.




                                                                                             5
Comunidades Lusófonas:

A Comunidade Lusófona é constituída por países, estados federais, regiões, territórios,
comunidades de origem lusófona e de emigrantes e cidadãos individuais falantes do português
ou de um seu crioulo.

Países

Angola

Brasil

Cabo Verde

Guiné-Bissau

Guiné Equatorial

Moçambique

Portugal

São Tomé e Príncipe

Timor-Leste


Estados, Regiões e Territórios

Dadrá e Nagar Aveli

Damão e Diu

Galiza

Goa

Macau


Comunidades de origem lusófona

Agudás do Benim

Burghers do Sri Lanka

Cristangs de Malaca

Topasses das Flores




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Comunidades Emigrantes

A emigração tem sido uma constante em certos países lusófonos, especialmente para Portugal
e Cabo Verde, cujas diásporas se espalham pela Europa (França, Alemanha, Holanda, Suíça,
Inglaterra, etc.), Estados Unidos, Canadá, Brasil e Austrália. Timor viu também muitos dos seus
filhos seguirem para Portugal e Austrália. Angola tem população ainda a viver na Namíbia, na
Zâmbia e no Congo (ex-Zaire). Moçambique continua a ter muitos emigrantes na África do Sul.
A Guiné-Bissau e São Tomé vêm os seus emigrantes partir para os países vizinhos e para
Portugal. Goa, Macau e Malaca têm emigrantes espalhados pelo mundo. O Brasil assistiu ao
fenómeno da emigração nas últimas décadas, havendo muitos emigrantes brasileiros em
Portugal e nos Estados Unidos.

Os emigrantes seguem em busca de um sonho, de uma vida melhor, fugindo às dificuldades ou
correndo atrás de oportunidades ou de um amor em terras distantes. A música de Cesária
Évora, essa diva da cultura cabo-verdiana e lusófona, “Sodade”, ilustra esse sentimento de
nostalgia para com a terra onde se nasceu, mãe de cujas suas entranhas se nasceu e a cujo
aconchego queremos voltar eternamente. “Sodade” é, portanto, um hino para todos os que
falam português, pois quem ouve não pode deixar de sentir a força dessa saudade que nos
atravessa e domina tantos e tantos dias na vida. O facto de ser em crioulo ainda destaca
melhor essa palavra portuguesa, unindo em uníssono todos os que a sofrem na língua de
Camões.

Sodade

Cesaria Evora

Quem mostra' bo

Ess caminho longe?

Quem mostra' bo

Ess caminho longe?

Ess caminho

Pa São Tomé

Sodade sodade

Sodade

Dess nha terra Sao Nicolau

Si bô 'screvê' me

'M ta 'screvê be

Si bô 'squecê me

'M ta 'squecê be

                                                                                             7
Até dia

Qui bô voltà

Sodade sodade

Sodade

Dess nha terra Sao Nicolau

Falantes do português

Para além das categorias atrás elencadas existem muitos falantes de português que tiveram
interesse em aprender a nossa língua, inscrevendo-se em cursos de língua portuguesa. Muitos
deles fizeram-no por curiosidade, outros porque contactaram com lusófonos e outros por
razões profissionais. Esta é uma realidade em grande crescimento que deve também ser
considerada no âmbito da Comunidade Lusófona.

Heranças Lusófonas

Portugal semeou monumentos e palavras por diversos países. No Japão existem cerca de 4 mil
palavras de origem portuguesa, uma das quais todos conhecemos: “aligatô”, que provém de
“obrigado”. Em Marrocos, onde começámos por conquistar Ceuta, ainda hoje em mãos
espanholas, construímos um conjunto de fortalezas, nomeadamente, Mazagão, última praça
portuguesa naquele território, abandonada em 1769. No Uruguai plantámos a Colónia do
Sacramento em 1680. Mas a presença portuguesa estende-se também a Ormuz no Irão, a
Mombaça no Quénia, à Mina no Gana, a Arguim na Mauritânia e a Mascate em Omã.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Os países lusófonos decidiram em 1996 criar um fórum institucional para concertar posições
políticas e fomentar os laços que os unem. Todavia, a influência da CPLP no mundo e a sua
capacidade em se constituir como um mecanismo de promoção do desenvolvimento dos seus
membros têm sido relativamente reduzidas.

“Da CPLP à Comunidade Lusófona”

O propósito desta coletânea é dar a conhecer a Lusofonia aos próprios lusófonos, distraídos
com os assuntos do seu país e com a agenda definida pelas grandes potências mundiais. Mas
hoje, em boa parte graças ao Brasil, a Lusofonia transformou-se também ela numa potência
mundial, a que os outros países e territórios dão expressão pluricontinental. Desse jeito, é de
prever uma intensificação do interesse cultural e das trocas comerciais entre os membros da
Lusofonia, mais que não seja como plataforma giratória com outros espaços do mundo. O
português assume-se, portanto, como língua franca de negócios e de paixões.

A atual CPLP deve abrir-se à diversidade que a Lusofonia representa e albergar manifestações
da Lusofonia que hoje não têm esteio institucional. Os emigrantes, os refugiados, os
territórios, as regiões e as cidades, os falantes de português ou crioulos em países sem laços
com a Lusofonia devem ser trazidos a essa Pátria universal e reconhecidos de forma oficial
pelas instituições lusófonas, pois só desse modo poderão ter expressão e enriquecer a Casa da

                                                                                             8
Lusofonia. O desafio que deixo à CPLP é que se transforme em Comunidade Lusófona de
maneira a abrir as portas a todos os que falam português no mundo.

A viagem da CPLP à Comunidade Lusófona, parafraseando Fernando Pessoa, é mais uma
epopeia da língua portuguesa, pátria universal a partir da qual se contempla o mar.

Nota do Autor

A coletânea que vos apresento representa a materialização de um desejo antigo. A intenção
inicial era elaborar um livro sobre a Comunidade Lusófona, cuja ideia ainda não abandonei,
mas que a vida atarefada não me tem permitido concretizar. Talvez um dia, imitando o
saudoso José Hermano Saraiva, consiga deambular pelo mundo lusófono dando-o a conhecer a
todos quantos se interessarem pela história e cultura lusófonas.

O meu interesse pela Lusofonia surgiu-me ainda na minha terra natal, Moura, durante as idas à
biblioteca municipal. Ali tinha acesso a livros sobre a história de Portugal, dos Descobrimentos
e dos povos com os quais Portugal contactou. Com o passar dos anos fui estudando mais a
realidade lusófona. A minha curiosidade levou-me a conhecer com algum detalhe esse vasto
universo, não só através da licenciatura em História, na qual tive disciplinas como “Império
Português” e “História do Brasil”, mas também por livre iniciativa. Habituei-me a saber os
nomes das capitais, das províncias e estados e a colecionar mentalmente dados sobre a
história, a economia e a cultura de cada país. O mesmo se passou para a Europa.

Infelizmente, o ensino oficial em Portugal não nos mostra a dimensão, a diversidade e a
importância da Lusofonia. Com isto não quero dizer que nos devemos voltar apenas para a
Lusofonia e deixar de lado a Europa. Mas antes sabermos viver entre dois mundos a que
pertencemos e nos quais, querendo ou não, temos de nos movimentar. O mesmo se passa
com cada um dos povos da Lusofonia, simultaneamente, integrado nesta e no seu próprio
continente. E, em vez de desprezarmos uma herança valiosa, mais vale valorizá-la e encontrar
mecanismos que nos ajudem a desenvolver em conjunto uma Comunidade com cerca de 250
milhões de pessoas dispersas por todo o Mundo.

Atendendo ao carácter plural da Comunidade Lusófona e à natureza imaterial da língua
portuguesa, a presente obra vem agregar o que os falantes do português quiseram
generosamente dar a conhecer sobre o seu país ou território através da Internet. É, portanto,
uma obra coletiva assente no voluntarismo individual que eu apenas tentei dar uma
organização própria. A mim coube-me criar um portal de acesso que centraliza a informação
sobre a Lusofonia. Talvez um dia faça algo mais. Não sei. Mas fica o desejo ardente de um
viajante intrépido pela vida e navegador das palavras generosas que dão significado ao que os
olhos curiosos alcançam.

A minha intervenção limitou-se a englobar na Comunidade Lusófona boa parte das expressões
da Lusofonia e a conferir-lhe uma ordem. Os textos da Internet obedecem às vontades dos
seus autores. As fontes e as referências são da responsabilidade daqueles, pois o meu intuito
não foi atribuir grande cientificidade ao que é dito mas antes juntar as partes lusófonas num
“Pequeno/Grande Livro da Lusofonia” suportado em portal eletrónico para que outros possam
no futuro aprofundar o que aqui é dito.


                                                                                              9
O objetivo principal é dar a conhecer a Comunidade Lusófona e despertar, em cada um de nós,
falantes do português, o sentimento de pertença a uma Comunidade que devemos saber
reconhecer para nos valorizarmos a nós próprios.

Oeiras-Amareleja/Moura, 2013



Nota biográfica



Jorge Miguel Lobo Janeiro nasceu no dia 4 de Maio de 1983 em Moura,
Baixo Alentejo, Portugal. Vive no concelho de Oeiras, Portugal, é casado e
tem um filho.

É licenciado em História (2005), pós-graduado (2007) e mestre em Ciências
da Informação (2009), variante Arquivística, pela Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É também detentor do
Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública do Instituto Nacional de
Administração (2009) e do Mestrado em Administração Pública do Instituto
Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (2011).

É Técnico Superior de Arquivo da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, na
dependência da qual se encontra o Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Os interesses do autor são muito variados, indo desde a arquivística, à história e cultura da
Lusofonia e da Europa, às Ciências da Administração, às Políticas Públicas e à política.

No âmbito académico e científico elaborou dois artigos sobre a história da União Europeia e
sobre a guerra colonial na revista História, um estudo sobre a família Sinel de Cordes, duas
publicações sobre reengenharia de processos, um artigo sobre seleção de dirigentes públicos,
uma tese de mestrado sobre o fundo documental do Governo-Geral de Angola e outra
propondo a criação de uma plataforma informática para os arquivos da Administração Central
do Estado.

Na sua atividade política tem apresentado propostas em diversas áreas, propondo,
inclusivamente, à Câmara Municipal de Oeiras a criação do Festival da Lusofonia, realizado em
2009. É atualmente deputado à Assembleia Municipal de Oeiras pelo Partido Social-
Democrata, vice-presidente da Juventude Social-Democrata de Oeiras e membro do Gabinete
de Estudos da JSD Nacional.

Expressa a sua opinião através              do   blogue    pessoal    “Ideias   de    Graça”
(http://jorgejaneiro.blogs.sapo.pt/).

Contacto: jorge.janeiro@hotmail.com




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Comunidade Lusófona

  • 1. Comunidade Lusófona Jorge Janeiro 2013, Janeiro Oeiras
  • 2. ÍNDICE Introdução…………………………………………………………………………………………………………………………..2 O que é a Comunidade Lusófona?..........................................................................................2 A língua portuguesa no Mundo……………………………………………………………………………………………4 Como se espalhou a língua portuguesa?................................................................................5 Comunidades Lusófonas……………………………………………………………………………………………………….6 Heranças Lusófonas………………………………………………………………………………………………………….….8 A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa……………………………………………………………….….8 “Da CPLP à Comunidade Lusófona”………………………………………………………………………………………8 Nota do autor……………………………………………………………………………………………………………………….9 Nota biográfica…………………..………………………………………………………………………………...……………10 1
  • 3. Introdução A Comunidade Lusófona resulta de séculos de evolução. Historiadores houve que atribuíram as origens de Portugal à Lusitânia. Outros encontraram explicações geográficas para Portugal. Tanto uma explicação como outra não encontram fundamento na realidade. Portugal não é homogéneo do ponto de vista geográfico e também não se consegue identificar o significado de ser português na Lusitânia. Portugal resultou das disputas de poder entre os grandes senhores do noroeste da Península Ibérica. Foi um incidente político cujas consequências duram até hoje, pois, ao contrário das outras nações da “Ibéria”, Portugal continua independente. Essa independência sustentou-se desde cedo na própria língua, cujas origens remontam ao galaico-português. A Reconquista espalhou a língua portuguesa até ao Algarve, enriquecendo-a com novos vocábulos. Os Descobrimentos levaram-na a todo o Mundo, deixando-a de forma permanente noutros países e territórios. O documento que vos apresento destina-se a dar a conhecer o produto dessas deambulações da língua portuguesa no Mundo. O que é a Comunidade Lusófona? A Comunidade Lusófona consiste no conjunto de identidades culturais existentes em países, regiões, estados, territórios ou cidades e em diversas comunidades e pessoas que, embora dispersos por vários continentes, partilham o facto de serem falantes da língua portuguesa ou de línguas derivadas do português. Os países lusófonos, para dar expressão institucional aos laços culturais que os unem, criaram, em 1996, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), constituída por sete Estados- membros (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe) a que depois se juntou Timor-Leste. O português é também língua oficial na Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola, que aspira aderir à CPLP. Por enquanto, esta beneficia do estatuto de Observador Associado, tal como o Senegal e a ilha Maurícia. Mas o português (e seus derivados) é também falado em: países como o Japão (Ásia), o Sri Lanka (Ásia) e o Benim (África); regiões como a Galiza (Espanha) ou Macau (China); províncias como Flores e Solor (Indonésia); estados como Goa (Índia); territórios como Damão e Diu ou Dadrá e Nagar Aveli (Índia); e cidades como Malaca (Malásia). O português é ainda falado pelas comunidades de emigrantes e de refugiados lusófonos que se estabeleceram, sobretudo, nos seguintes países: Estados Unidos da América, Canadá, Bermudas, Venezuela, Argentina, França, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Bélgica, Andorra, Holanda, África do Sul, Namíbia, Congo, Zâmbia e Austrália. O ensino obrigatório do português nos currículos escolares já ocorre no Uruguai e na Argentina. Outros países onde o português é ensinado em escolas ou onde seu ensino está a ser introduzido são: Venezuela, Zâmbia, Congo, Senegal, Namíbia, Suazilândia, Costa do Marfim e África do Sul. 2
  • 4. O português é língua oficial em várias organizações internacionais (União Europeia, Mercosul, Comunidade de Desenvolvimento da África Austral). Com cerca de 250 milhões de falantes, é a quinta língua mais falada no mundo, a terceira mais falada nas Américas e a mais falada no hemisfério sul da Terra. Todavia, o facto de 4 em cada 5 falantes se encontrarem no Brasil tem impedido que o português se torne uma língua universal e, por essa via, oficial na Organização das Nações Unidas. Para além disso, apesar de oficial ou co-oficial em muitos países e territórios, o português não é usado pela maior parte da população, como acontece em Macau ou na Guiné Equatorial, onde tem uma utilização unicamente de foro administrativo. Quadro 1: Número estimado de falantes do português no Mundo. País/território N.º de habitantes Brasil 190 755 799 Moçambique 20 366 795 Angola 15 116 000 Portugal 10 555 853 Galiza 2 762 198 Guiné-Bissau 1 520 830 Timor Leste 1 066 582 Guiné Equatorial 616 459 Macau 558 100 Cabo Verde 491 575 São Tomé e Príncipe 137 599 Emigrantes e refugiados 10 000 000* Total 253 331 331 * Valor estimado. O território dos países da Comunidade Lusófona perfaz, no seu conjunto, um total de 10 711 000 km2 de terras, o que equivale a 7,2 por cento da terra do planeta (148 939 063 km2), espalhadas por quatro Continentes – Europa, América, África, Ásia. Na América do Sul é onde se fala mais português, sendo o Brasil um país de dimensões continentais (quinto maior país do mundo). África é o segundo continente onde mais se fala português, havendo seis países onde o português é língua oficial e múltiplas comunidades de origem lusófona. A Europa surge em terceiro lugar, havendo somente um país (Portugal) onde a língua oficial é o português e uma região (Galiza) com uma língua lusófona, o galego1. Na Ásia o português é língua co-oficial num país (Timor Leste) e num território (Macau) havendo ainda comunidades na Índia, no Sri Lanka, na Malásia e na Indonésia onde se fala português ou crioulo. 1 A inclusão da Galiza na lusofonia não é unânime devido ao facto de o galego ser hoje visto como uma língua per si. Todavia, a separação das línguas é relativamente recente, sendo o português e o galego variantes do galaico-português, falado até há poucas centenas de anos. A proximidade entre o galego e o português leva-nos a incluir o galego no âmbito da Comunidade Lusófona, como expressão da própria heterogeneidade de culturas inseridas neste conceito mais amplo. 3
  • 5. Quadro 2: Dimensão dos países e territórios da Comunidade Lusófona. País/território KM Quadrados Brasil 8 514 876 Angola 1 246 700 Moçambique 801 590 Portugal 92 090 Guiné-Bissau 36 544 Galiza *29 574 Guiné Equatorial *28 051 Timor Leste 14 874 Flores e Solor *14 450 Cabo Verde 4 033 Goa *3 702 São Tomé e Príncipe 1 001 Dadrá e Nagar Aveli *487 Damão e Diu *112 Macau *29 Total 10 711 000 * Apesar de constituírem entidades político-administrativas não contam para o total. Este inclui apenas o território dos países de língua oficial portuguesa. A língua portuguesa no Mundo A língua portuguesa, também designada de português, é uma língua proveniente do Latim. Os especialistas caracterizam-na como românica flexiva, associando-a ao galaico-português, falado no Reino da Galiza (século XI), que à altura incluía o Norte de Portugal. A criação do Condado Portucalense, em 1095, viria a separar a Galiza dos territórios mais a sul, que ganhariam o estatuto de reino independente a partir de 1139. Essa divisão iria trazer consequências linguísticas, pois, enquanto a Galiza viu o seu território estabilizar, Portugal foi- se expandindo para o sul até expulsar os Mouros definitivamente em 1249. Foi também a sul que Portugal fixou a sua capital, Lisboa. Enquanto a Galiza continuou subjugada aos intentos de Castela e Leão, mais tarde designada de Espanha, Portugal aventurou-se pelos mares, dominando vastos territórios e encetando contactos com inúmeros povos além-mar. O contacto com outras culturas foi dando novas palavras e novas expressões ao português enquanto o galego se iria aproximando do castelhano de forma paulatina. Durante a Era dos Descobrimentos os marinheiros, os soldados, os missionários e os comerciantes portugueses levaram o seu idioma para lugares distantes. A exploração foi seguida por tentativas de colonizar novas terras para o Império Português e, como resultado, a língua portuguesa dispersou-se pelo mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja língua primária é o português. Mas o idioma é também largamente utilizado como língua franca nas antigas colónias portuguesas de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, todas em África. A Guiné Equatorial também adotou o português como língua oficial. Além disso, por razões históricas, também se encontram falantes do português ou crioulo em Macau, Malaca, Timor-Leste, Flores, Benim, Goa, Damão e Diu. 4
  • 6. O português é conhecido como "a língua de Camões" (em homenagem a uma das mais conhecidas figuras literárias de Portugal, Luís Vaz de Camões, autor de “Os Lusíadas”) ou como "a última flor do Lácio" (expressão usada no soneto “Língua Portuguesa”, do escritor brasileiro Olavo Bilac). Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e agradável". Em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa, um museu interativo sobre o idioma, foi fundado em São Paulo, Brasil, a cidade com o maior número de falantes do português em todo o mundo. Fig. 1: A língua portuguesa no Mundo. Como se espalhou a língua portuguesa? A disseminação da língua portuguesa está fortemente associada à expansão ultramarina de Portugal desde a tomada de Ceuta, em 1415, até à independência de Timor, em 2002. A generalidade dos países e territórios onde se fala português têm em comum o facto de, num dado período de tempo, haverem pertencido ao Império Ultramarino Português. Hoje, o interesse pelo português alargou-se a outras geografias, seja por influência das comunidades emigrantes ou de refugiados, seja pelo interesse que as economias lusófonas têm vindo a despertar junto de outros países. 5
  • 7. Comunidades Lusófonas: A Comunidade Lusófona é constituída por países, estados federais, regiões, territórios, comunidades de origem lusófona e de emigrantes e cidadãos individuais falantes do português ou de um seu crioulo. Países Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Guiné Equatorial Moçambique Portugal São Tomé e Príncipe Timor-Leste Estados, Regiões e Territórios Dadrá e Nagar Aveli Damão e Diu Galiza Goa Macau Comunidades de origem lusófona Agudás do Benim Burghers do Sri Lanka Cristangs de Malaca Topasses das Flores 6
  • 8. Comunidades Emigrantes A emigração tem sido uma constante em certos países lusófonos, especialmente para Portugal e Cabo Verde, cujas diásporas se espalham pela Europa (França, Alemanha, Holanda, Suíça, Inglaterra, etc.), Estados Unidos, Canadá, Brasil e Austrália. Timor viu também muitos dos seus filhos seguirem para Portugal e Austrália. Angola tem população ainda a viver na Namíbia, na Zâmbia e no Congo (ex-Zaire). Moçambique continua a ter muitos emigrantes na África do Sul. A Guiné-Bissau e São Tomé vêm os seus emigrantes partir para os países vizinhos e para Portugal. Goa, Macau e Malaca têm emigrantes espalhados pelo mundo. O Brasil assistiu ao fenómeno da emigração nas últimas décadas, havendo muitos emigrantes brasileiros em Portugal e nos Estados Unidos. Os emigrantes seguem em busca de um sonho, de uma vida melhor, fugindo às dificuldades ou correndo atrás de oportunidades ou de um amor em terras distantes. A música de Cesária Évora, essa diva da cultura cabo-verdiana e lusófona, “Sodade”, ilustra esse sentimento de nostalgia para com a terra onde se nasceu, mãe de cujas suas entranhas se nasceu e a cujo aconchego queremos voltar eternamente. “Sodade” é, portanto, um hino para todos os que falam português, pois quem ouve não pode deixar de sentir a força dessa saudade que nos atravessa e domina tantos e tantos dias na vida. O facto de ser em crioulo ainda destaca melhor essa palavra portuguesa, unindo em uníssono todos os que a sofrem na língua de Camões. Sodade Cesaria Evora Quem mostra' bo Ess caminho longe? Quem mostra' bo Ess caminho longe? Ess caminho Pa São Tomé Sodade sodade Sodade Dess nha terra Sao Nicolau Si bô 'screvê' me 'M ta 'screvê be Si bô 'squecê me 'M ta 'squecê be 7
  • 9. Até dia Qui bô voltà Sodade sodade Sodade Dess nha terra Sao Nicolau Falantes do português Para além das categorias atrás elencadas existem muitos falantes de português que tiveram interesse em aprender a nossa língua, inscrevendo-se em cursos de língua portuguesa. Muitos deles fizeram-no por curiosidade, outros porque contactaram com lusófonos e outros por razões profissionais. Esta é uma realidade em grande crescimento que deve também ser considerada no âmbito da Comunidade Lusófona. Heranças Lusófonas Portugal semeou monumentos e palavras por diversos países. No Japão existem cerca de 4 mil palavras de origem portuguesa, uma das quais todos conhecemos: “aligatô”, que provém de “obrigado”. Em Marrocos, onde começámos por conquistar Ceuta, ainda hoje em mãos espanholas, construímos um conjunto de fortalezas, nomeadamente, Mazagão, última praça portuguesa naquele território, abandonada em 1769. No Uruguai plantámos a Colónia do Sacramento em 1680. Mas a presença portuguesa estende-se também a Ormuz no Irão, a Mombaça no Quénia, à Mina no Gana, a Arguim na Mauritânia e a Mascate em Omã. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Os países lusófonos decidiram em 1996 criar um fórum institucional para concertar posições políticas e fomentar os laços que os unem. Todavia, a influência da CPLP no mundo e a sua capacidade em se constituir como um mecanismo de promoção do desenvolvimento dos seus membros têm sido relativamente reduzidas. “Da CPLP à Comunidade Lusófona” O propósito desta coletânea é dar a conhecer a Lusofonia aos próprios lusófonos, distraídos com os assuntos do seu país e com a agenda definida pelas grandes potências mundiais. Mas hoje, em boa parte graças ao Brasil, a Lusofonia transformou-se também ela numa potência mundial, a que os outros países e territórios dão expressão pluricontinental. Desse jeito, é de prever uma intensificação do interesse cultural e das trocas comerciais entre os membros da Lusofonia, mais que não seja como plataforma giratória com outros espaços do mundo. O português assume-se, portanto, como língua franca de negócios e de paixões. A atual CPLP deve abrir-se à diversidade que a Lusofonia representa e albergar manifestações da Lusofonia que hoje não têm esteio institucional. Os emigrantes, os refugiados, os territórios, as regiões e as cidades, os falantes de português ou crioulos em países sem laços com a Lusofonia devem ser trazidos a essa Pátria universal e reconhecidos de forma oficial pelas instituições lusófonas, pois só desse modo poderão ter expressão e enriquecer a Casa da 8
  • 10. Lusofonia. O desafio que deixo à CPLP é que se transforme em Comunidade Lusófona de maneira a abrir as portas a todos os que falam português no mundo. A viagem da CPLP à Comunidade Lusófona, parafraseando Fernando Pessoa, é mais uma epopeia da língua portuguesa, pátria universal a partir da qual se contempla o mar. Nota do Autor A coletânea que vos apresento representa a materialização de um desejo antigo. A intenção inicial era elaborar um livro sobre a Comunidade Lusófona, cuja ideia ainda não abandonei, mas que a vida atarefada não me tem permitido concretizar. Talvez um dia, imitando o saudoso José Hermano Saraiva, consiga deambular pelo mundo lusófono dando-o a conhecer a todos quantos se interessarem pela história e cultura lusófonas. O meu interesse pela Lusofonia surgiu-me ainda na minha terra natal, Moura, durante as idas à biblioteca municipal. Ali tinha acesso a livros sobre a história de Portugal, dos Descobrimentos e dos povos com os quais Portugal contactou. Com o passar dos anos fui estudando mais a realidade lusófona. A minha curiosidade levou-me a conhecer com algum detalhe esse vasto universo, não só através da licenciatura em História, na qual tive disciplinas como “Império Português” e “História do Brasil”, mas também por livre iniciativa. Habituei-me a saber os nomes das capitais, das províncias e estados e a colecionar mentalmente dados sobre a história, a economia e a cultura de cada país. O mesmo se passou para a Europa. Infelizmente, o ensino oficial em Portugal não nos mostra a dimensão, a diversidade e a importância da Lusofonia. Com isto não quero dizer que nos devemos voltar apenas para a Lusofonia e deixar de lado a Europa. Mas antes sabermos viver entre dois mundos a que pertencemos e nos quais, querendo ou não, temos de nos movimentar. O mesmo se passa com cada um dos povos da Lusofonia, simultaneamente, integrado nesta e no seu próprio continente. E, em vez de desprezarmos uma herança valiosa, mais vale valorizá-la e encontrar mecanismos que nos ajudem a desenvolver em conjunto uma Comunidade com cerca de 250 milhões de pessoas dispersas por todo o Mundo. Atendendo ao carácter plural da Comunidade Lusófona e à natureza imaterial da língua portuguesa, a presente obra vem agregar o que os falantes do português quiseram generosamente dar a conhecer sobre o seu país ou território através da Internet. É, portanto, uma obra coletiva assente no voluntarismo individual que eu apenas tentei dar uma organização própria. A mim coube-me criar um portal de acesso que centraliza a informação sobre a Lusofonia. Talvez um dia faça algo mais. Não sei. Mas fica o desejo ardente de um viajante intrépido pela vida e navegador das palavras generosas que dão significado ao que os olhos curiosos alcançam. A minha intervenção limitou-se a englobar na Comunidade Lusófona boa parte das expressões da Lusofonia e a conferir-lhe uma ordem. Os textos da Internet obedecem às vontades dos seus autores. As fontes e as referências são da responsabilidade daqueles, pois o meu intuito não foi atribuir grande cientificidade ao que é dito mas antes juntar as partes lusófonas num “Pequeno/Grande Livro da Lusofonia” suportado em portal eletrónico para que outros possam no futuro aprofundar o que aqui é dito. 9
  • 11. O objetivo principal é dar a conhecer a Comunidade Lusófona e despertar, em cada um de nós, falantes do português, o sentimento de pertença a uma Comunidade que devemos saber reconhecer para nos valorizarmos a nós próprios. Oeiras-Amareleja/Moura, 2013 Nota biográfica Jorge Miguel Lobo Janeiro nasceu no dia 4 de Maio de 1983 em Moura, Baixo Alentejo, Portugal. Vive no concelho de Oeiras, Portugal, é casado e tem um filho. É licenciado em História (2005), pós-graduado (2007) e mestre em Ciências da Informação (2009), variante Arquivística, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É também detentor do Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública do Instituto Nacional de Administração (2009) e do Mestrado em Administração Pública do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (2011). É Técnico Superior de Arquivo da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, na dependência da qual se encontra o Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Os interesses do autor são muito variados, indo desde a arquivística, à história e cultura da Lusofonia e da Europa, às Ciências da Administração, às Políticas Públicas e à política. No âmbito académico e científico elaborou dois artigos sobre a história da União Europeia e sobre a guerra colonial na revista História, um estudo sobre a família Sinel de Cordes, duas publicações sobre reengenharia de processos, um artigo sobre seleção de dirigentes públicos, uma tese de mestrado sobre o fundo documental do Governo-Geral de Angola e outra propondo a criação de uma plataforma informática para os arquivos da Administração Central do Estado. Na sua atividade política tem apresentado propostas em diversas áreas, propondo, inclusivamente, à Câmara Municipal de Oeiras a criação do Festival da Lusofonia, realizado em 2009. É atualmente deputado à Assembleia Municipal de Oeiras pelo Partido Social- Democrata, vice-presidente da Juventude Social-Democrata de Oeiras e membro do Gabinete de Estudos da JSD Nacional. Expressa a sua opinião através do blogue pessoal “Ideias de Graça” (http://jorgejaneiro.blogs.sapo.pt/). Contacto: jorge.janeiro@hotmail.com 10