O documento discute a crise grega, destacando os impactos negativos da austeridade no povo grego e questionando as políticas da Troika. Apresenta evidências de que as políticas de austeridade falharam e que os resgates foram projetados principalmente para salvar bancos alemães e franceses, não a Grécia. A Islândia é dada como exemplo de recuperação ao rejeitar a austeridade.
Práticas sustentáveis e escolhas éticas, Jorge Moreira, Revista o Instalador ...
A Crise Grega
1. A Crise Grega
Jorge Moreira [Ambientalista]
Muita tinta tem corrido à volta do problema grego. O que
mais me preocupa é a dignidade das pessoas, em
especial os mais desamparados, aqueles que estão a
sofrer na pele devido aos interesses do sistema
financeiro, aos erros de técnicos e à má escolha e
corrupção dos políticos.
A realidade atual mostra uma população empobrecida,
desempregada e com imensa miséria. Quer queiramos
ou não, este problema é muito mais grave do que a
dívida financeira aos credores. Isto não quer dizer que a
Grécia fez tudo bem e que vamos continuar a apoiar as
políticas e as posturas que colocaram os gregos na
situação atual.
Para percebemos melhor o problema, vamos tentar
responder a algumas perguntas através da análise das
notícias:
1. Quem ganha com a crise?
a) "A Alemanha está a ganhar qualquer coisa como 41 mil milhões de euros com a crise europeia graças à
redução dos juros que lhe são cobrados." As conclusões são da revista alemã "Der Spiegel"
Ver notícia completa em:
http://www.ionline.pt/361587?fb_action_ids=633022240167450&fb_action_types=og.likes
2. Quem causou a crise e porquê mais austeridade?
a) “Martin Schulz diz que Europa está a pedir sacrifícios às pessoas para salvar bancos - Presidente do
Parlamento Europeu afirmou ainda que as "pessoas estão a pagar uma crise que não causaram"
Ver mais em:
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4435984
b) "Philippe Legrain, conselheiro económico independente de Durão Barroso até fevereiro deste ano, diz em entrevista
que as ajudas a Portugal e à Grécia foram pensadas para resgatar os bancos franceses e alemães. "O sector
bancário dominou os Governos dos países e as instituições da zona euro", por isso, diz, "quando a crise financeira
rebentou, foram todos a correr salvar os bancos, sobretudo franceses e alemães, com condições muito severas para as
finanças públicas", diz Legrain, considerando que "foi isso que provocou a crise do euro".
Ver mais em:
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=3856276&especial=Revistas%20de%20Imprensa&seccao=TV%
20e%20MEDIA
c) "Bancos receberam 1,3 biliões de euros de "auxílio" estatal não-escrito desde que a crise começou"
Ver mais em:
http://visao.sapo.pt/europa-gastou-um-decimo-da-sua-riqueza-para-salvar-bancos=f766758#ixzz3eiyghIkp
3. Para onde foi o dinheiro que a Grécia recebeu?
a) “Apenas uma pequena fração dos 240 mil milhões de euros que fazem parte do resgate total da Grécia
encontrou o seu caminho para os cofres do governo”
Ver mais em:
http://www.tvi24.iol.pt/economia/atenas/para-onde-foi-o-dinheiro-emprestado-a-grecia?utm_campaign=ed-
tvi24&utm_source=facebook&utm_medium=social
2. 4. Onde está a democracia?
a) "A alergia a um referendo sobre a austeridade, revela o verdadeiro rosto da atual eurocracia. As leis
fundamentais da União Europeia e da Zona Euro (ZE) são hoje dois tratados intergovernamentais, entrados em vigor
no dia 1 de Janeiro de 2013: o Tratado Orçamental, e o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). A relação entre
ambos faz da democracia uma paródia sinistra"
Viriato Soromenho-Marques
Ver mais em:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4650160
b) "Comecemos pelos problemas de democracia na UE. É chocante ver, mais uma vez nesta crise, o grau em
que autoridades não eleitas (desde as mais tecnocráticas, como o FMI e o BCE, até às mais políticas, como a
Comissão Europeia), ou seja, sem legitimidade democrática, pretendem determinar as condições de
governação dos governos nacionais, esses sim com legitimidade democrática resultante do voto popular.
Entre parêntesis, e para os mais incautos, esclareça-se que também o executivo da UE não é eleito popularmente, nem
sequer de forma indireta (...)."
Ver mais em:
http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-novo-prometeu-agrilhoado-ou-a-tragedia-europeia-na-grecia-1700606
5. As políticas a troika são adequadas?
a) "Os mesmos que falharam redondamente em prever os estragos que a austeridade causou – vejam o
gráfico, que compara as previsões no memorando de 2010 com a realidade – estão agora a dar lições aos outros
sobre crescimento? Mais ainda, as preocupações sobre crescimento estão todas do lado da oferta, numa economia
a funcionar pelo menos 20% abaixo da sua capacidade."
In: “O FMI está a gozar connosco?”, pergunta Paul Krugman
Ver mais em:
http://www.infogrecia.net/2015/06/o-fmi-esta-a-gozar-connosco-pergunta-paul-krugman
b) "O atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, admitiu ontem que a troika "pecou
contra a dignidade" dos gregos, dos portugueses e dos irlandeses, reiterando que é preciso rever o
funcionamento deste trio de instituições quando for o momento apropriado."
Ver notícia em:
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4408162
c) "Segundo as fontes do FT, Poul Thomsen (FMI) referiu a necessidade de proceder a uma reestruturação
de dívida e se a reestruturação de dívida não avançar, o FMI ameaçou os parceiros europeus que iria suspender o
financiamento à Grécia"
Ver mais em:
http://economico.sapo.pt/noticias/fmi-quer-que-credores-europeus-aceitem-reestruturar-a-divida-grega_217535.html
d) "Na hora final, um apelo à sanidade económica e à humanidade.
É errado pedir à Grécia para se comprometer com um programa velho que manifestamente falhou, foi rejeitado pelos
eleitores gregos e que muitos economistas (incluindo nós próprios) acreditam ter sido errado desde o início”, declaram
os economistas"
In: Stiglitz, Piketty e D’Alema encabeçam a lista de 26 economistas de vários países numa carta aberta publicada
Financial Times. O texto intitula-se “Na hora final, um apelo à sanidade económica e à humanidade” e defende um
acordo que ponha termo à austeridade na Grécia.
Mais informação em:
http://www.infogrecia.net/2015/06/economistas-apelam-a-sanidade-economica-da-europa/
https://observatoriogrecia.wordpress.com/2015/06/05/na-hora-final-um-apelo-a-sanidade-economica-e-a-
humanidade/
6. Como é que a Islândia saiu da crise?
a) “O presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimsson, atribui parte do sucesso da recuperação da Islândia ao facto
de o país não ter dado ouvidos aos organismos internacionais, especialmente a Comissão Europeia, que
recomendavam a aplicação de medidas de austeridade.”
Ver notícia em:
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/islandia_saiu_da_crise_porque_nao_deu_ouvidos_a_ue_e_recusou
_a_austeridade.html
3. b) "A Islândia recusou proteger os credores dos seus bancos, que entraram em falência em 2008 depois
de as suas dívidas terem atingido 10 vezes mais do que a dimensão da economia. A decisão da ilha de se
proteger de uma fuga de capitais, restringindo a circulação da moeda, permitiu ao Governo repelir um ataque
especulativo, estancando a hemorragia da economia. Isso ajudou as autoridades a concentrarem-se no apoio
às famílias e às empresas."O facto de a Islândia ter conseguido preservar um sistema de Estado social mesmo tendo
de proceder a uma consolidação orçamental bastante considerável é uma das maiores conquistas do programa e do
Governo da Islândia", afirmou Zakharova."
Ler notícia completa em:
http://www.publico.pt/economia/noticia/para-o-fmi-o-resgate-ao-estilo-islandes-e-uma-licao-a-reter-em-tempos-de-
crise-1559284
7. Qual o impacto da austeridade na Grécia?
a) Cinco números da crise e da austeridade na Grécia:
25% de queda do PIB;
52% dos jovens não têm emprego;
45% dos aposentados são pobres;
40% das crianças estão sob a linha de pobreza;
200 mil funcionários a menos.
Ler artigo completo da BBC em:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150625_grecia_5_numeros_pai
b) Governo grego combate "crise humanitária"
"O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou este domingo a criação de um programa de ajuda social aos
que foram mais afetados pela crise no país e a recontratação dos trabalhadores da função pública que foram despedidos.
Na apresentação do programa de Governo, Alexis Tsipras explicou que o plano de ajuda imediata pretende fazer face
a uma "crise humanitária", atribuindo ajuda alimentar e eletricidade gratuitas, assim como acesso aos serviços de saúde
para os que "foram mais castigados pela crise". Tsipras anunciou também que os trabalhadores cujos despedimentos
violaram a lei vão ser recolocados nos postos de trabalho, entre os quais empregadas de limpeza, funcionários de
universidades e seguranças das escolas."
Ler mais em:
http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/governo_grego_cria_plano_de_ajuda_aos_que_mais_sofreram_com_a_cris
e.html
4. 8. Qual a ética e a solidariedade dos políticos relativamente ao caso?
a) Reuters: "Líderes do euro tentaram bloquear relatório do FMI sobre Grécia"
"Os líderes dos países da zona euro tentaram impedir que o FMI publicasse o relatório desta quinta-feira sobre a dívida
grega, onde conclui que o país precisa de um corte na dívida de pelo menos 30% do PIB
A publicação do relatório do FMI veio reforçar a posição do governo de Alexis Tsipras, que tem insistido na urgência de
se avançar com uma reestruturação da dívida grega, caso contrário nenhum pacote de austeridade será viável - visão
cada vez mais consensual, desde prémios Nobel da Economia, ao governo norte-americano e a várias instituições
internacionais, como o FMI, agora."
Ver notícia em:
http://ionline.pt/400529?source=social
b) França acusa os" países pequenos que fizeram esforços" de bloquearem a Grécia
"O ministro francês das Finanças disse em entrevista que "os mais duros não são os alemães".
Sobre a presumível intransigência de Berlim em relação à posição de Atenas, Michel Sapin afirmou que "os mais duros
não são os alemães, mas os pequenos países que fizeram significativos esforços" [sem nunca referir claramente
Portugal], que têm agora uma situação "melhor" e consideram que a Grécia não pode evitar passar pelo mesmo
processo."
Ler mais em:
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=4654978&seccao=Dinheiro%20Vivo
Acho que não vai ser preciso continuar para percebemos o que realmente se passa.
É nas mordomias dos gregos, que
a troika tanto fala, que o Syriza
quer tocar, especialmente no que
toca ao mundo dos mais ricos que
fogem aos impostos e às respon-
sabilidades para com o país.
Reformar o país para um sistema
fiscal mais justo e menos
corrupto, sem colocar em causa o
estado social, apoiando os mais
desfavorecios. Para isso, ele
precisa de implementar medidas
alternativas à troika, que vão
mexer com muitos interesses
instalados na velha e caquética
postura europeia, nomeadamente
no poder dos grupos financeiros,
frios e autistas, que desvalorizam
o povo, a natureza e a demo-
cracia. Isto não quer dizer que o
Sr. Tsipras está a fazer tudo bem
e também não terá os seus
interesses particulares, ofuscados
por uma esquerda mais radical.
Estas questãos fragmentárias de
esquerda ou direita deixam-me
com os cabelos em pé. O mais
importante são as pessoas,
independentemente da sua
idiologia particular. Enquanto o
Syriza defender o povo, acho que
o povo deverá estar com ele.
Paz a todos os seres