Este documento discute a profecia bíblica dos 2.300 dias de Daniel 8:14. Argumenta que os 2.300 dias representam 2.300 anos que começaram em 457 a.C. com o decreto de Artaxerxes para reconstruir Jerusalém, e terminaram em 1844 d.C. com o início do juízo investigativo no céu.
1. Á BARRA DO TRIBUNAL DIVINO
As consecuções do homem assombram nosso entendimento e muitas vezes trazem
louvor, popularidade e fortuna aos gênios que as realizam. Pensai, por exemplo, no
pródigo emprego de tempo, esforços e dinheiro na tentativa de produzir uma medida
para as estrelas. Ora, que a luz percorra 300.000 quilômetros por segundo é questão
de pouca monta para a maioria do povo; mas um conhecimento do Autor da ciência,
Seus tempos e estações, são assuntos de infinito interesse a todos os habitantes do
glôbo. E se nós aplaudimos os descobrimentos humanos até o século XXI, que
diremos Daquele que predisse acontecimentos que deveriam ocorrer em milênios
futuros, e nos deu um metro para medir a extensão de 2.300 anos?
No coração do notável livro do profeta Daniel encontra-se a pergunta profética e sua
resposta: “Até quando durará a visão... da transgressão assoladora,
para que seja entregue o santuário, e o exército, a fim de serem
pisados? (Isto é, até quando triunfará o mal) E ele me disse: Até duas
ml e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.” Daniel,
cap.8: 13-14
A Bíblia é a verdadeira Palavra de Deus. O que ela diz é inquestionavelmente a
verdade, e deve ser compreendida literalmente, a menos que haja evidência clara de
ser figurada a linguagem. A Bíblia é, também, um livro completo, que quando emprega
figuras numa passagem, encontra-se noutra parte a chave, ou explicação. Ela é, por
assim dizer, o seu próprio intérprete. Por exemplo: os “animais” mencionados no livro
de Daniel representam reinos (Daniel, 7:17-23; “ventos” expressam lutas (Jeremias,
25:31-33), “mar” ou “águas”, indicam povos e nações Apoc.17:15, ao passo que “dias”
são empregados para denotar anos “um dia te dei por cada ano,” Ezeq.4:6. Hoje
desenham-se mapas, por exemplo, em escala de um centímetro por um quilômetro; o
mapa em que Deus esboçou o futuro, exprime-se em termos de um dia por um ano.
Por quanto tempo devia, pois, reinar o mal? “Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs (isto é, dois mil e trezentos dias, como dizem outras versões, ou sejam, dois
mil e trezentos anos); e o santuário será purificado.” Visto como, segundo o
anjos declarou a Daniel, a visão pertencia ao “tempo do fim” Dan.8:17,
necessariamente os “dias” significam anos; pois se representassem dias literais, seu
total somaria menos de sete anos, não podendo estender-se até ao “tempo do fim”.
2. Daniel ouviu uma voz, dizendo: “Gabriel, dá a entender a este a visão (do capítulo
8:13-14, que não havia sido explicada, nem entendida);” porém, como Daniel
desmaiasse e ficasse doente, confessou que “não havia quem a entendesse.”
Dan.8:16-27 Fervorosa e humildemente, confessando seus pecados, pediu ele que
Deus lhe concedesse luz; e antes de haver concluído a oração, achava-se-lhe ao lado
o anjo Gabriel, dizendo: “Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido...
Porque és mui amado: toma pois bem sentido na palavra, e entende a visão.”
Dan.9:22-23
O tempo Concedido aos Judeus
As palavras finais da visão previamente dada, referiam-se a tempo (cap 8:26); assim,
começando onde ele se interrompera, disse o anjo: “Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo (os judeus- o profeta Daniel era judeu), e sobre a tua
santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a
iniqüidade e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo
dos santos.” Cap. 9:24 Foi Jesus quem “expiou a iniqüidade,” e por Sua vida
imaculada deu ao mundo um exemplo de “justiça eterna.” Consoantemente, as
setenta semanas (setenta vezes sete igualam a 490 dias, ou anos) se estendem até
ao tempo do primeiro advento de Cristo. A frase “estão determinadas sobre o teu
povo” significava que tal prazo era concedido aos judeus, e que no final desse período,
ou tempo de graça, por assim dizer, a nação judaica encheria a taça da transgressão e
não mais seria o povo particular de Deus. A História confirma que tudo isto se cumpriu
rigorosamente.
Quando devia começar este período? A profecia responde taxativamente. “Sabe e
entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao
Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas: as ruas e as
tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos.” V.25.
É sabido que Nabucodonosor, rei de Babilônia, destruiu Jerusalém, e que passados
muitos anos se expediram, da parte de reis persas, três decretos reais para reconstruir
a dita cidade. Diz a Escritura: “Edificaram a casa e a aperfeiçoaram conforme ao
mandado do Deus de Israel, e conforme ao mandado de Ciro e de Dario, e de
Artaxerxes rei da Pérsia.” Esdras, cap. 6:14. Aqui, os decretos acham-se agrupados
como um “mandato,” o último e mais eficaz dos quais foi expedido no outono do
sétimo ano de Artaxerxes – o qual, segundo os registros do astrônomo Ptolomeu,
muito digno de confiança, foi 457 antes de Cristo. Esse cientista deixou-nos uma
importante lista de acontecimentos, com o tempo em que ocorreram. Entre eles acha-
se a data de muitos eclipses que os astrônomos modernos têm demonstrado serem
absolutamente autênticos. Assim, a Bíblia, a História e a astronomia se unem para
estabelecer esta data certa e monumental como o princípio do longo período profético.
Como se viu acima, o anjo foi mandado a explicar a Daniel o significado das palavras:
Até duas mil e trezentas tardes e manhãs (anos); e o santuário será purificado,” e
as palavras iniciais de Gabriel foram: “Setenta semanas (490 anos) estão
determinadas sobre o teu povo.” Daí, é evidente que os 490 anos são cortados dos
2.300 anos, e que ambos esses períodos começam ao mesmo tempo.
A Profecia Confirmada
Para tornar isto ainda mais certo e claro, os 490 anos sub-dividem-se, por sua vez, em
outros períodos: pois “até ao Messias, o Príncipe” seriam “sete semanas” (quarenta
e nove anos), e “sessenta e duas semanas” (434 anos); resta, pois, “uma semana”
sete anos), no meio da qual Cristo seria “tirado” (crucificado), fazendo isto “cessar o
sacrifício e a oferta de manjares.” Isto é, quando Cristo morreu na cruz do
3. Calvário,os sacrifícios e ofertas de que trata o Velho Testamento, e que apontavam
para Ele como o Cordeiro de Deus, cumpriram sua missão e, pois, caducaram. (Ver
Dan.9:25-27).
Todos estes acontecimentos ocorreram em ordem, e precisamente na ocasião
prevista. Quarenta e nove anos depois do decreto de Artaxerxes, Jerusalém foi
completamente restaurada. Quatrocentos e trinta anos depois, ou seja no outono
do ano 27 depois de Cristo, foi batizado e ungido Jesus, o Messias. Três e meio
anos mais, estendem-se até à “metade da semana,” a primavera do ano 31depois
de Cristo, que foi quando Jesus expirou na cruz. Outra meia semana (três e meio
anos) completam os 490 anos e chegam a 34 depois de Cristo, quando o povo
outrora escolhido repudiou definitivamente o evangelho, matou o primeiro mártir
cristão, Estêvão, e iniciou a perseguição que dispersou os discípulos, indo eles a
muitas terras pregar a história do Crucificado.Estes acontecimentos assinalaram a
terminação dos 490 anos concecidos à nação judaica. Subtraindo-os dos 2.300 anos,
ficam 1.810 anos; ao passo que 34 depois de Cristo, somados aos 1.810 anos, nos
levam ao momentoso ano de 1844, ou seja, o fim da grande medida profética e o
tempo em que deveria ser purificado o santuário.
As palavras do anjo, de que o período de “setenta semanas” (490 anos) levaria à
cessação do “sacrifício” e “oferta de manjares,” têm significação peculiar. Passo à
passo, vimos que ao chegar “a plenitude dos tempos” se cumpririam à risca todos os
acontecimentos preditos. Cada detalhe traz o sinete da autenticidade divina, dando
certeza quanto ao acontecimento restante dessa profecia – a purificação do
santuário celestial, no fim dos 2.300 anos.
Símbolo do Dia do Juízo
Comparando os livros de Êxodo e Levítico, do Velho Testamento, com a epístola aos
Hebreus, do Nôvo, vemos que Israel construiu um pequeno santuário, que era uma
miniatura do santuário verdadeiro, no Céu. A esse lugar ia o povo frequentemente,
confessando os pecados, ao passo que uma vez ao ano o sumo sacerdote entrava no
recinto chamado Santo dos Santos, ou Santíssimo, por ocasião da solene cerimônia
conhecida como purificação do santuário. Da mesma forma, declara o apóstolo Paulo
que Cristo, tendo sofrido por nossos pecados na cruz, ascendeu para o Céu como
nosso grande Sumo Sacerdote, e que uma vez, no tempo do fim, Ele entra no Santo
dos Santos para purificar o santuário celestial. Hebreus 9:11-15.
O que significa isto para vós e para mim? Como outrora o dia da purificação do
santuário, ou dia da expiação, era época de sincero exame de consciência, de
investigação e juízo, assim também o ministério final de Cristo no templo celestial é
corretamente denominado juízo investigativo. “Continuei olhando,” diz o profeta
Daniel, “até que foram postos uns tronos, e um Ancião de dias Se assentou: o
Seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da Sua cabeça como a limpa lã;
o Seu trono chamas de fogo, e as rodas dele fogo ardente. Um rio de fogo
manava e saía de diante Dele; milhares de milhares O serviam, e milhões de
milhões estavam diante Dêle: assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.”
Dan.7:9-10.
Alí, abertos os livros de registro, e tendo os santos anjos como auxiliares e
testemunhas, a vida e caráter de todos passam em revista perante o grande Juiz.
“E eis que vinha nas nuvens do céu Um, como o Filho do homem: e dirigiu-se ao
Ancião de dias, e O fizeram chegar até Êle.” Dan. 7:13 Estas palavras descrevem a
vinda de Cristo, não a este mundo, mas ao Ancião de dias, para ali Se empenhar nos
atos finais de Seu ministério pelo homem.
4. Registros de Nossa Vida
A Escritura Sagrada tem muito a dizer relativamente aos livros de registro, tais como o
livro da vida, o memorial, o livro da morte, que são escriturados no Céu. Nêles é
registrado fielmente tôdo ato, tôdo desígnio secreto, tôda palavra má, tôda advertência
rejeitada, tôdo ato egoísta, toda oportunidade desaproveitada, tôda constrição, tôda
tentação vencida, todo sacrifício, tôda vitória e tôda derrota. Ali é norma de juízo a Lei
de Deus – norma pela qual se afere o registro da vida de todo homem e mulher.
“Teme a Deus, e guarda os Seus mandamentos,” escreveu Salomão; “porque este é o
dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o
que está encoberto, quer seja bom quer seja mau.” Eclesiastes, 12:13-14. Alí,
também, Jesus aparece como nosso amigo e advogado. “Se alguém pecar, temos um
Advogado para como o Pai, Jesus Cristo, o justo.” Cristo não entrou num santuário
feito por mãos, figura d verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora
comparecer por nós perante a face de Deus.” I joão 2:1, Hebreus 9:24. A estupenda
tarefa de chamar cada nome e investigar rigorosamente cada caso, iniciou-se nos
tribunais celestiais no fim dos 2.300 anos, os quais terminaram em 1844; e o juízo
iniciado então, concluirá seus trabalhos antes da segunda vinda de Cristo. Todos
aquêles cujos pecados permanecem por confessar e perdoar, são rejeitados, e seus
nome apagados do livro da vida; ao passo que os que obtiveram a vitória por Cristo
alcançam perdão e cancelamento dos pecados.
O ano de 1844, que foi quando se iniciou no Céu esta obra, foi também notável no
mundo. Assim, por exemplo, o emprego dos anestésicos, nas operações cirúrgicas,
assinalou esse ano como o princípio da cirurgia moderna. A maravilhosa mensagem:
“Que coisas Deus tem operado!”, enviada pelos primeiros fios telegráficos de
Washington a Baltimore, ida e volta, estabeleceram naquele ano uma nova era para as
comunicações modernas. Semelhantemente, em 1844 e poucos anos seguintes, as
poderosas providências de Deus entre as nações abriram países, reinos e impérios ao
trabalho das missões, num total que representa a metade da população do mundo.
Esse mesmo ano testemunhou em muitos países a poderosa pregação da mensagem:
“Temei a Deus e daí-Lhe glória, porque vinda é a hora do Seu juízo.” Milhares, é
verdade, concluindo que a purificação do santuário e a “hora do Seu juízo”
significassem a segunda vinda de Cristo ao mundo, ficaram amargamente
desapontados (A purificação do santuário não era a segunda vinda de Cristo como
acreditaram,mas, realmente a purificação do santuário celestial e o início do Juízo
Investigativo, para depois sim, voltar ao nosso mundo para o Juízo Final- o que não
invalida a profecia, pois foi erro humano de interpretação, não de Deus). Isto os
impeliu a maior fervor, na oração e estudo das Escrituras; e na última parte do mesmo
ano obtiveram visão mais clara, renovado ânimo, iniciando-se um grande movimento
religioso que hoje proclama, em centenas de países e ilhas e em mais de centenas de
línguas e dialetos, a mensagem vital de Cristo e da expiação, da purificação do
santuário, do juízo, da segunda vinda de nosso Senhor como Rei dos reis, e do
preparo que é preciso fazer para O encontrar em paz.
Examinemos cuidadosamente o grande período profético – os 2300 dias. Apliquemos-
lhe a mais rigorosa prova, e vê-lo-emos perfeitamente digno de confiança. Êle nos diz
que o tribunal do Céu está agora em sessão, que nós não somos salvos aos grupos
ou igrejas, que toda pessoa tem um caso a ganhar o perder e que logo chegará a hora
decisiva. “Vigiai pois,” disse o Salvador, “para que, vindo de improviso, não vos
ache dormindo.”