1. O documento discute como organizar o Manual da Qualidade de acordo com a lógica da empresa ao invés de seguir estritamente a estrutura numérica da norma ISO. Isso torna o manual mais útil para a empresa do que para o auditor.
2. O autor sugere organizar o manual em seções como "Administração", "Processos" e "Aprovações" ao invés de seguir a numeração da norma ISO. Isso torna o manual mais fácil de usar para a empresa.
3. Um anexo com referências cruzadas à norma ISO
1566567275ed e book-iso_9001_2015_interpretando_as_mudancas_revista_virtual
Como organizar o manual da qualidade para sua empresa
1. Organize o Manual da Qualidade ajustado à sua empresa
e não ao seu auditor
Autor: Cristopher Paris (*)
Muitas empresas estruturaram seus Manuais da Qualidade para ISO 9000:2000
utilizando a mesma sistemática numérica dos itens da Norma ISO 9001/Ed. 94. Em
2000, quando os padrões foram profundamente reestruturados, as empresas
começaram a perceber que seus manuais não mais se adaptavam a nova norma. Para
piorar, as empresas estão agora gastando muito tempo para renumerar seu sistema a
fim de adaptá-lo ao padrão da Nova ISO 2000. E o resultado disso é que eles estão se
tornando vulneráveis a problemas futuros. Por exemplo: o que vai ocorrer quando
houver a uma outra revisão da ISO 9001:2000 e se for introduzido um outro sistema
numérico?
Existe uma grande verdade sobre auditores que posso revelar sem nenhuma restrição
porque eu sou um deles. Auditores normalmente gostam de ter tudo "mastigado". Não
estou desdenhando de meus colegas auditores mas continuo afirmando que essa é
uma expectativa danosa uma vez que ela subestima as habilidades dos auditores. Essa
prática se torna inconsistente com os requisitos de auditoria da ISO 9001:2000 e
presta um desserviço ao cliente.
Muitos de vocês diriam que organizar seus manuais da qualidade visando a alinhá-los
com a versão atual da norma ISO 9001:2000 deve torná-los mais simples para o
auditor. É verdade, mas e daí: quem disse que o trabalho do auditor deve ser simples?
Os manuais são, principalmente, uma ferramenta da empresa e não do consumidor,
nem do auditor, tampouco do consultor...mas da própria empresa!
Digo constantemente para as empresas e seus consultores que “um bom manual da
qualidade deve criar "orelhas" em suas páginas de tanto ser utilizado e, em escritórios
que ainda se valem de papéis, esta é uma verdade absoluta. Um manual da qualidade
que meramente relata os itens da norma ISO para mim é um indicador claro de que
ninguém o utiliza, exceto o auditor. Quando estou auditando uma empresa e deparo
com um Manual desses, me sinto impelido a fazer mais perguntas do que normalmente
faria.
Um Manual da Qualidade deve ser organizado seguindo uma lógica que ignore a
estrutura de cláusulas da norma ISO 9001:2000 e que o torne mais fácil de ser lido e
compreendido, principalmente em função da estrutura confusa desta norma, por sinal
bastante propensa a ser corrigida na próxima revisão.
Uma boa maneira de se ter noção disso é analisar o modelo de “Sumário” de um MQ
abaixo (OBS.: os números em destaque fazem referência à Norma ISO 9001:2000 e
não aparecerão necessariamente no manual)
2. Estrutura do sistema da qualidade da empresa ABC Corp
I – Bem Vindo ao sistema da qualidade da “ABC Corp”
1.1- Visão Geral da ABC (5.2, 8.5.1)
1.2- Escopo e Padrões Aplicáveis (4.2.2)
1.3- Esclusões (4.2.2)
II – Administração
1.0 – Estrutura administrativa
2.0 – Responsabilidades (5.5.1, 5.5.2)
3.0 – Política da Qualidade (5.3)
4.0 – Objetivos da Qualidade (5.4.1, 8.2.1)
5.0 – Administração de Recursos (6.1 até 6.4)
6.0 – Comunicação (5.5.3 e 7.2.3)
III – Processos
1.0 – Administração de Processos (4.1)
2.0 – Interação e Controle de Processos (4.1)
2.1 Processos Administrativos
2.1.1 Revisão pela Alta administração (5.6)
2.1.2 Planejamento e Controle do Sistema da Qualidade
2.1.2.1 – Planejamento do sistema de gestão da qualidade
(5.4.2)
2.1.2.2 – Controle de Documentos (4.2.1. 4.2.2, 4.2.3)
2.1.2.3 – Controle de Registros (4.2.4)
2.1.2.4 - Controle de Processos (7.5.1, 7.5.2, 7.5.4)
2.1.2.5 – Controle de Equipamentos (incluindo calibração)
(7.6)
2.1.3 Comunicação (5.5.3, 7.2.3)
2.1.4 Auditoria Interna da Qualidade (8.2.2)
2.1.5 Análise de Dados (8.2.1, 8.4)
2.1.6 Ações Preventivas e Corretivas (8.5.2, 8.5.3)
2.2- Processos de Realização de Produtos e Serviços
2.2.1 – Planejamento da Realização (7.1)
2.2.2 – Revisão dos Requerimentos (7.2)
2.2.3 – Desenvolvimento (7.3)
2.2.4 – Controle de Aquisições e Suprimentos (7.4)
2.2.5 – Identificação e Rastreabilidade (7.5.3)
2.2.6 – Controle de Produtos Não Conformes (8.3)
2.2.7 – Preservação do Produto (7.5.5)
2.2.8 – Monitoração e Medição (8.2.3, 8.2.4)
IV – Aprovações e Histórico de Revisões
3. Gostaria de enfatizar que esta é apenas uma das maneiras de reorganizar os
requerimentos para que eles se “encaixem” a uma empresa e, dependendo do porte de
sua empresa, uma estrutura completamente diferente pode ser mais adequada.
A primeira seção (“Bem-Vindos!”) já atinge algumas metas. Em primeiro lugar, ele dá
uma tom mais amigável ao próprio Manual da Qualidade, fazendo com que o leitor
perceba imediatamente que ele não será apenas um rearranjo frio das cláusulas da
ISO 9001. Esses pequenos detalhes são importantes se você deseja enviar seu manual
para seus clientes.
Em segundo lugar, este é um bom local para se incluir alguns requerimentos básicos
como a estrutura, o escopo e as exclusões do sistema da qualidade, além de uma frase
realçando o foco no cliente.
A segunda seção, “Administração”, reúne todos os requisitos relacionados ao papel da
alta administração e suas responsabilidades no Sistema da Qualidade. Nela devem ser
incluídas informações como o organograma da empresa, as responsabilidades e
autoridades, a política da qualidade, os objetivos da qualidade, a administração de
recursos e a comunicação interna e externa.
Em seguida, você tem uma seção inteira voltada aos “Processos”. Essa normalmente
será a parte que dará a tônica ao manual em função do foco da nova norma em gestão
por processos - algo que, provavelmente, não prevalecerá em qualquer outra revisão
da norma. E assim, nós começamos com uma seção sobre o próprio conceito de gestão
por processos e damos sequência com seções que definem os processos, suas
interações e controles.
Repetindo: eu organizei a norma em conceitos lógicos de processos, o que
normalmente pode ser dividido em duas partes: "Processos Gerenciais" e "Processos
de Realização de Produto". Este manual em particular permite a cada parte ser
definida separadamente apesar de que presumivelmente o mapa de processos de uma
empresa mostrará como as duas partes se interagirão. Para cada processo em
particular, como “Aquisição” ou “Responsabilidade da Direção” o texto definirá os
métodos de controle, critérios e outros requisitos especificados no item 4.1.
Uma empresa pode escolher detalhar minimanente seus processos, dependendo se são
ou não processos de segundo nível ou se os processos são definidos integralmente no
MQ. Tudo depende da complexidade da empresa, de seu "approach" a processos e da
flexibilidade diante das necessidades de seus processos.
Uma seção final para Histórico de aprovações e revisões fecha o manual.
Neste caso, como você pode observar, eu manipulei a norma de forma a torná-la mais
adequada ao uso da “ABC Corp”; no entanto, é bastante provável que esta
configuração seja confusa para o auditor.
A maneira mais fácil de se contentar o auditor, sem sacrificar o formato de MQ de sua
empresa é disponibilizar um Anexo que cruze referências dos itens mais importantes
com as seções de seu MQ (aqui apresentado com “Anexo A”).
Certifique-se de fazer referência ao Anexo e a que se destina no índice de seu manual.
Certa vez tive uma reclamação de um auditor sobre o formato do manual; eu