1) O documento analisa a narrativa de uma história que se passa num comboio onde as personagens ficam presas com um assassino. 2) A história gira em torno da suspeita de um passageiro de que outro é o "assassino dos comboios". 3) No final, revela-se de forma surpreendente que a pessoa suspeita inicialmente não era a verdadeira assassina.
1. FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
LICENCIATURA EM TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO VISUAL
METODOLOGIAS PARA NARRATIVA DIGITAL
Análise de uma narrativa
A suspeita
António Frade 501052406
2. A suspeita, uma obra de José Miguel Ribeiro.
Tal como o título nos indica, toda a peça recai na
suspeita de uma das personagens de que entre os
intervenientes na história está o “assassino dos
comboios”.
O título é bastante sugestivo, uma vez que a palavra
“suspeita” pode ser interpretada como uma suspeita
levantada por alguém ou como uma pessoa do sexo
Fig.2 - Artigo do jornal acerca do feminino ser suspeita de algo, neste caso de ser um
assassino dos comboios.
assassino.
Toda a acção decorre no compartimento de um
comboio, numa viagem na linha da “Serra da Caneca”,
onde interagem as 5 personagens da história. O tempo
da acção passa-se durante a tarde, talvez Outono e a
minha suspeita recai para os anos 90; o tempo que a
história cobre resume-se ao tempo de viagem entre
algumas das paragens da linha de comboio, podendo este
variar entre uma ou várias horas, mas essa incerteza é
irrelevante para o desenrolar da acção. As personagens
Fig.3 – As 5 personagens
presentes na historia. são caracterizadas metaforicamente pelos seus
comportamentos, temperamento e suas características
físicas; isto é possível uma vez que se trata de um filme
de animação. A narrativa da história é feita por
observação do desenrolar da acção, sem flashbacks e
com pequenos cortes no espaço temporal.
As 5 personagens são: um senhor de meia-idade que,
no meu entender, é a personagem principal, sendo este
caracterizado com uma pessoa singela; um jovem
também do sexo masculino, despreocupado, autónomo e
talvez um pouco fechado em si mesmo; duas senhoras
Fig.4 – As personagens femininas.
com características bastantes distintas, uma delas típica
citadina, senhora do seu nariz, a outra mais campesina e
faladora; a menos importante é o característico e
alegórico revisor de comboio.
A personagem principal, o senhor de meia-idade, faz-
se acompanhar de um jornal de notícias onde lê um
artigo relacionado com um assassino que ataca na linha
onde precisamente as personagens fazem a viagem.
Levanta-se então a suspeita deste senhor para com um
dos outros passageiros que o acompanham, o jovem
Fig.5 – As personagens masculinas rapaz. É este o facto que desencadeia o desenrolar da
principais, em um dos momentos acção, há ainda que mencionar o facto de que o jornal,
em que o senhor alerta para sua
suspeita.
3. que o senhor traz consigo, serviu no início da história
para matar uma simples mosca, ora este simples acto é o
suficiente para que o senhor fique sem uma parte da
página da notícia onde se encontra um retrato robô do
alegado assassino e daí poder desconfiar de qualquer
pessoa. O desafortunado senhor entra em conflito
interno, uma vez que suspeita que o rapaz é o assassino,
Fig.6 – Momento em que o senhor mas não pode ter a certeza e entra então também em
do jornal fica sem o retrato robô conflito externo dado que tem como intenção comunicar
presente na noticia.
aos restantes viajantes, embora sem sucesso, de que
podem estar na companhia do “assassino dos comboios”,
principalmente à senhora de nariz empinado que seguia
na sua frente e que prometeu boleia ao rapaz na próxima
estação.
O ponto alto da acção dá-se quando o senhor
desconfiado pensa que o jovem rapaz aproveitou a
escura passagem num túnel para assassinar a senhora
camponesa e é então que o senhor de meia-idade trava
bruscamente o comboio com a intenção de denunciar o
Fig.7 – Um dos momentos altos da presumível assassino. Quando de súbito se apercebe que
acção, a acusação ao rapaz de ser o
a senhora que pensava morta está bem de saúde, ele
assassino.
pondera então que tudo foi um grande engano.
O desfecho da historia ocorre quando dois passageiros
– a senhora de nariz erguido e o jovem rapaz –
abandonam o comboio e culmina quando
inesperadamente o rapaz encontra um outro jornal com o
retrato do verdadeiro suspeito dos crimes e se depara
com o facto de se tratar da senhora campesina que ficou
no comboio com o desgraçado senhor.
Em todo o desenvolvimento da acção o espectador é
prendido com o sentimento de suspense, uma vez que
também não sabe quem é o assassino, termina com um
Fig.8 – Parte final, a qual o rapaz
tenta avisar o azarado homem de fim surpreendente e irónico: surpreendente porque o
que ficou a sós com o assassino.
assassino, sendo o vilão nesta história, não é na
realidade quem se esperava e irónico porque é na
verdade a pessoa que parece mais inofensiva. Deste
ponto de vista o objectivo do autor é sublinhar a moral de
que nem tudo é o que parece, que as aparências
enganam e talvez também que não devemos julgar as
pessoas por uma simples e infundada suspeita.