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Medicina, Ribeirão Preto,                                                                Simpósio: SEMIOLOGIA ESPECIALIZADA
29: 32-43, jan./mar. 1996                                                                          Capítulo III




                        EXAME NEUROLÓGICO EM CRIANÇAS

                                        NEUROLOGIC EXAMINATION IN CHILDREN




                                                 Carolina A.R. Funayama


Docente do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer-
sidade de São Paulo.
CORRESPONDÊNCIA: Profa.Dra. Carolina A. R. Funayama - Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto - CEP: 14048-900 - Ribeirão Preto - FAX (016) 633-0866. E. Mail - carfunay@fmrp.usp.br




           FUNAYAMA CAR.       Exame neurológico em crianças. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 32-43, jan./mar. 1996

              RESUMO: Técnicas de exame neurológico em crianças, desde o período neonatal, são descritas,
           bem como modificações que ocorrem, no decorrer da maturação tono, reflexos, postura, coorde-
           nação, equilíbrio, linguagem, praxias e gnosias. Ao final, é apresentado um esquema que reúne
           dados da semiologia neurológica e do desenvolvimento até 7 anos.

               UNITERMOS:      Desenvolvimento Infantil. Recém- Nascido. Exame Neurológico. Criança.




       Quanto mais avança a tecnologia para fins diag-             Entretanto, após 1950 é que esta semiologia vem sen-
nósticos em medicina, mais se deve aprofundar no co-               do aprimorada e, hoje, está padronizada, por valio-
nhecimento da semiologia clínica, para que a indica-               sas contribuições como as de André Thomas e
ção dos exames seja precisa, o tempo para se estabe-               Dargassies, 1952 4 na França; Illingworth, 19605 e
lecer o diagnóstico, mais curto, a prescrição terapêuti-           Sheridan, 19686 na Inglaterra; Prechtl, 19647 na Holanda;
ca mais rápida e que se torne menos onerosa para o                 Brandt, 19868 na Alemanha; Dubowitz, 19709 nos Es-
paciente. A semiologia clínica neurológica na criança              tados Unidos; Coriat, 196010 na Argentina, entre ou-
é complexa, por suas modificações ao longo do desen-               tros. No Brasil, destacaram-se os Profs. Antônio Bran-
volvimento; busca sinais de lesões, localizatórios, ao mes-        co Lefèvre, 195011 e Aron Diament, 196712, que,
mo tempo em que é rica na identificação das aquisi-                avaliando crianças da cidade de São Paulo, aperfei-
ções sensitivas, motoras, sensoriais e cognitivas. Na              çoaram técnicas antigas e propuseram novas. Além
literatura, há publicações separadas de escalas de de-             da padronização do exame neurológico no RN,
senvolvimento e de exame neurológico nas diversas                  Lefèvre, 197213 descreveu o exame neurológico evo-
faixas etárias. O nosso objetivo é unir em um só proto-            lutivo do terceiro ao sétimo ano de vida. Mais re-
colo dados destas avaliações, de modo a permitir ao                centemente, o estudo da semiologia das funções corti-
médico uma apreciação do perfil neurológico e outros               cais superiores e suas conexões (praxias, gnosias,
itens do desenvolvimento, ao mesmo tempo abrangente                linguagem, atenção-memória-evocação) tem sido um
e que possa ser concluída em uma única consulta.                   desafio no contexto dos processos maturativos. Há
       Elementos da semiologia neurológica normal do               que se levar em conta aspectos da plasticidade funci-
recém-nascido (RN) e lactente têm sido descritos desde             onal ao longo da maturação e, ainda, o conhecimento
o início deste século, como os reflexos, por Magnus e              dos estágios do desenvolvimento da aprendizagem.
De Kleijn em 19121, Moro, 19182 e Landau, 19233.                   Em esforço conjunto de especialistas afins, testes para


32
Exame neurológico em crianças.




avaliação das funções corticais para crianças têm sido    NENÊ QUÉ BOLA) e, aos 3 anos introduz pronomes e
propostos, no Brasil, a partir de 198914, 15.             preposições nas frases. Aos 3 anos, introduz o prono-
       Para obtermos um exame satisfatório, é acon-       me EU5, importante passo na distinção “eu-outro”. A
selhável que o ambiente esteja em temperatura ame-        linguagem compreensiva precede a expressiva, e, no
na, o bebê acordado e sem choro, em torno de uma e        primeiro ano, desde os primeiros contactos com o meio
meia hora após a mamada 7 . Nem sempre, em situa-         o bebê demonstra isto, quando reage, negativa ou po-
ção de consulta isto é possível. Porém, podemos obter     sitivamente, aos estímulos. Efetua tarefas simples por
melhores condições, examinando, primeiramente, a          imitação sob comando, no final do primeiro ano19.
cabeça e o que for possível, sem despir a criança. Ao            Deve-se observar que o bebê não se mantém
despi-la, utilizar o princípio da manipulação mínima,     estático, pelo contrário, mostra uma riqueza de movi-
conforme orientação de Prechtl: efetuar todas as ma-      mentos, com variações posturais espontâneas, propi-
nobras possíveis de investigação primeiramente com        ciando-nos excelente oportunidade de exame da qua-
o bebê em decúbito dorsal, depois puxando-o para sen-     lidade, quantidade e simetria dos movimentos.
tar-se; em seguida, erguendo-o ereto com apoio plan-
tar no plano de exame; segue-se efetuando a manobra
da suspensão ventral e, por fim, examinando-o em          2. EXAME DO SEGUIMENTO CEFÁLICO
decúbito ventral7.
       A seguir, descrevemos a semiologia normal da               (Ainda com o bebê vestido, no colo da mãe).
criança, desde o período neonatal até 7 anos de idade.    Inspeção e medidas do crânio: A medida do perímetro
Para os dois primeiros anos de vida, no caso de avali-    craniano se faz com uma fita métrica, passando-a pelo
ação de crianças prematuras, deve ser considerada a       occipício e eminência frontal. A avaliação do períme-
idade concepcional. Para tanto, foi convencionado sub-    tro deve levar em conta a estatura. Diz-se macroce-
trair da idade cronológica o número de semanas cor-       falia ou microcefalia quando o perímetro craniano se
respondentes à diferença entre 40 semanas e a idade       encontra acima ou abaixo de dois desvios padrões da
gestacional ao nascimento16. (Por exemplo, um bebê        média esperada para a estatura observada, respecti-
nascido as 28 semanas de idade gestacional, aos seis      vamente. Quanto ao formato, de acordo com Diament,
meses de idade cronológica, deverá apresentar semi-       a relação entre a distância biauricular (de uma inser-
ologia neurológica correspondente aos 3 meses).           ção superior da orelha à outra) e anteroposterior
                                                          (glabela-occipício) é igual a um. Diz-se braquicéfalo,
                                                          quando a medida biauricular é maior que a anterior e
1. AVALIAÇÃO DO CONTACTO COM O                            dolicocéfalo ou escafocéfalo, quando a medida biauri-
MEIO                                                      cular é menor do que a anteroposterior, dando ao crâ-
                                                          nio um formato de quilha de navio. Estas formas po-
        A fixação do olhar na mãe, enquanto mama é        dem ou não estar associadas ao fechamento preco-
tão precoce no RN quanto a sua capacidade de suc-         ce patológico de suturas (coronárias no caso de bra-
ção efetiva, em torno de 32 semanas concepcionais         quicefalia e sagital na escafocefalia). A trigonocefalia
17
  . A expectativa em relação ao exame, quantidade         é sempre conseqüência de fechamento precoce pato-
de movimento e reação emocional às manobras do exa-       lógico da sutura metópica.
minador devem ser observadas. O choro espontâneo                  A fontanela anterior, ou bregmática, em forma
deve ser vinculado às necessidades fisiológicas e, du-    de losango, tem em média ao nascimento dois cm, no
rante o exame, provocado por desconforto ou mano-         sentido coronal e 3 cm, no sagital. Até os nove meses,
bras, como aquelas para desencadear o reflexo de          50%, e, até um ano e meio 100% das crianças não
Moro. Aos 2 meses, inicia-se o sorriso social, motivado   mais a apresenta20. A fontanela posterior ou lombdoi-
e, dos 3 aos 6 meses a lalação, expressa por sons gu-     de, triangular, está presente em 40% dos bebês a ter-
turais, inicialmente, e balbucio de vogais, com amplos    mo ao nascimento, mas não ultrapassa um centímetro
movimentos labiais, aos estímulos da mãe ou do exa-       em sua maior extensão21, e o seu fechamento ocorre
minador18. Até o final do primeiro ano, o bebê ela-       no primeiro mês. As suturas cranianas podem estar,
bora dissílabos com significado (MAMA, PAPA) e, até       levemente, sobrepostas ou separadas, dependendo
18 meses expressa palavras-frase (ÁGUA=DA ÁGUA).          do estado de hidratação, no RN pré-termo. Dado ao
Até 24 meses, constrói frases agramaticais (DÁ AGUA,      fato de o crescimento craniano ser mais acentuado no


                                                                                                              33
C. A. R. Funayama




pré-termo, no período entre 28 e 35 semanas, chegan-        plo, por efeito de drogas simpatomiméticas, como a
do a dois centímetros semanais17, as suturas podem          cocaína, por excitação das vias simpáticas como em
também estar separadas alguns milímetros, neste pe-         hipóxia, ou por herniação do uncus, comprimindo a
ríodo. No RN a termo, acavalgamento de suturas pode         porção parassimpática do III nervo; pupilas mióticas
ocorrer na primeira semana, pós-nascimento, em fun-         (constricção), por efeito de drogas depressoras do sis-
ção do amoldamento da cabeça no canal do parto. Após        tema nervoso, como morfina, benzodiazepínicos e bar-
este período, as suturas devem estar justapostas.           bitúricos. R. fotomotor e consensual: Incidindo-se
        Os nervos cranianos, como os medulares, no          a luz de uma lanterna, obliquamente, sobre uma pupi-
período do termo, estão mielinizados. Entretanto, as        la. Há constricção pupilar do mesmo lado estimulado
vias que os conectam ao tronco e córtex cerebral ou         (fotomotor) e, indiretamente, do outro (consensual).
entre si estão, ainda, em fase variável de amadureci-       R. de acomodação e convergência: A acomoda-
mento22. Assim, por exemplo, o fascículo longitudinal       ção só é possível observar com a ajuda da criança. A
medial, um dos responsáveis pelo movimento conjuga-         fixação de um objeto distante (infinito) produz midríase,
do ocular, bem como as vias ópticas completam sua           e, fixação do objeto próximo, miose. A convergência
mielinização em torno do sexto mês, pós-termo. Isto         pode ser pesquisada, desde que o bebê esteja fixando
implica em que nos primeiros seis meses, ocasional-         bem o objeto. A aproximação do objeto na linha média,
mente, surpreende-se o bebê com movimentos des-             forçando a convergência ocular, ocasiona miose bila-
conjugados, mais comumente com desvio medial de             teral.
um dos olhos.                                                       III - Oculomotor, IV - Patético ou Troclear,
        As funções dos nervos cranianos podem ser           VI - Abducente: Responsáveis pelos movimentos ocu-
examinadas23:                                               lares. III motor: Estando o globo ocular em posição
        I - Olfatório: Sabe-se que todas as funções         de olhar para frente, este nervo é responsável pela
sensoriais iniciam sua mielinização no período fetal e      adução, movimento para cima e para baixo, e pela ele-
estão amadurecidas no primeiro semestre, pós-natal.         vação da pálpebra superior (inerva os músculos retos
Na prática, é possível pesquisar o olfato, após o quarto    mediais, superiores e inferiores, oblíquos inferiores e
ou quinto ano de idade, quando a criança pode forne-        elevadores das pálpebras). IV: Estando o globo ocular
cer informação fidedigna. Pesquisa-se em cada nari-         aduzido, este nervo promove o movimento para baixo.
na, isoladamente. Utilizam-se estímulos, como café e        (inerva os músculos oblíquos superiores). VI: Estando
piche, não irritantes da mucosa nasal, pois os irritantes   o globo ocular em posição olhando para frente, este é
estimulam as terminações sensitivas do trigêmeo e não       responsável pela lateralização do olho (inerva os mús-
o olfatório.                                                culos retos laterais).
        II - Óptico: Exame do fundo de olho com                     A pesquisa da motricidade extrínseca ocular deve
oftalmoscópio: A papila ou disco óptico no RN é de          ser realizada, primeiramente, à simples inspeção e, a
coloração mais clara do que a do adulto. A distribuição     seguir, enquanto se pesquisa a percepção visual, utili-
e morfologia dos vasos, bem como a mácula e restan-         zando-se como estímulo visual um foco luminoso lar-
te da retina apresentam-se semelhantes aos do adulto.       go, de luz fosca ou um cubo 4 x 4 cm de cor verme-
Reflexo (R.) de piscamento: II nervo (Óptico)               lha24, a fita métrica ou a face humana, do examina-
aferente e VII (Facial) eferente. Incidindo-se um           dor17 , por exemplo. A orientação à luz está presente a
foco luminoso nos olhos do bebê, desde o pré-termo          partir das 34 semanas de idade gestacional8. A fixa-
viável, estando os olhos abertos ou fechados, em sono       ção no foco luminoso é breve no pré-termo. No perío-
ou vigília, há fechamento imediato das pálpebras. Este      do do termo, o bebê acompanha brevemente a luz no
é um reflexo de defesa que não desaparece com a             sentido horizontal. Até o 3º mês, segue no sentido ver-
idade; entretanto, com a maturação e adaptação à luz,       tical e em círculo23.
a intensidade do estímulo luminoso deve ser maior para              V - Trigêmeo: Pode ser testada a sensibilida-
se obter o reflexo. Brazelton 24 o utiliza para pesquisar   de da face, através de estímulo tátil, com algodão, ou
a reatividade do neonato.                                   doloroso, com leve toque da ponta produzida em uma
        II e III - Parassimpático: Inspeção do tama-        espátula de madeira (agulha não deve ser utilizada
nho das pupilas, que devem ser iguais. Pupilas midriáti-    porquê fere a pele do bebê). Observa-se a reatividade
cas (dilatadas bilateralmente) podem ocorrer, por exem-     do bebê. Alguns reflexos que podem ser examinados


34
Exame neurológico em crianças.




na face (trigêmeo aferente e facial (VII) eferente):       fica o movimento corporal, denunciando ter recebido o
R. córneo-palpebral: Ao estimular uma das córneas          som. Até o final do primeiro mês, 100% dos bebês se
com um filete de algodão há resposta imediata com          voltam em direção ao som. Até o sexto mês, localiza
fechamento das pálpebras bilateral e, simetricamente.      o som à altura e abaixo dos ouvidos, estando sentados,
Este reflexo não desaparece, assim como o glabelar.        e até treze meses, acima da cabeça. Segundo Northern
Reflexo glabelar: Percutindo-se com o dedo do exa-         e Downs, 198925 dos 7 aos 9 meses a criança localiza
minador (um leve toque) na glabela ocorre fechamen-        fonte de 30 a 40 dB para o lado e, indiretamente, para
to imediato das pálpebras, simétrica e bilateralmen-       baixo. A porção vestibular é testada nas provas de
te. R. orbicular dos lábios: Percutindo-se a porção        equilíbrio. R. de “olhos de boneca”: Ao se desviar
média do lábio superior, no filtrum, ocorre contração      a cabeça para um dos lados, há desvio conjugado dos
da musculatura orbicular dos lábios. Este não é obri-      olhos para o lado oposto. Este é um reflexo normal no
gatório no RN, e, se presente, costuma ser hipoativo.      indivíduo, indicando integridade das vias vestibulo-ocu-
O mesmo ocorre com o R. Mentoniano, que tem                lares. Entretanto, estando o indivíduo em vigília, o mes-
aferência e eferência pelo V nervo (trigêmeo, divisão      mo é substituído ou inibido pelo sinergismo óculo-
mandibular): R. mentoniano: Percutindo-se o mento,         cefalógiro, isto é, ao se desviar a cabeça os olhos acom-
estando a boca levemente aberta, ocorre movimento          panham o movimento, fixando os objetos à sua frente.
de contração reflexa do músculo masseteriano. A por-       Diament12 o obteve até o final do segundo mês em
ção motora do V nervo craniano pode ser examinada,         RN a termo.
inspecionando-se e palpando-se a textura dos                       IX - Glossofaríngeo e X -Vago: Observando-
masseteres, um dos responsáveis pelos movimentos           se a deglutição, mobilidade do pálato e a voz, podemos
mastigatórios. Deve-se observar a simetria à oclusão       avaliar as funções motoras destes nervos, a gustação,
dos maxilares, através da justaposição dos dentes in-      reflexos do vômito e estornutatório, as funções auto-
cisivos superiores e inferiores. Em lesão motora do        nômicas. A elevação do palato posterior pode ser ava-
trigêmeo, a boca mantém-se aberta e desviada para o        liada, solicitando-se ao paciente para, com a cavidade
lado lesado.                                               oral bem aberta, emitir a vogal “A” ou se isto não for
        VII - Facial: Este nervo é responsável pela        possível, observar o palato do bebê, quando este esti-
motricidade facial gustação dos 2/3 anteriores da lín-     ver chorando. Nas lesões do ramo laringeo superior
gua, salivação parotídea e lacrimação. Podemos ob-         do vago ocorrem as alterações variáveis na tonalidade
servar a expressão facial do bebê quando este chora        da voz. A gustação do 1/3 posterior da língua, somen-
ou sorri, reforçando o sulco nasogeniano; quando acom-     te, deve ser investigada quando a criança pode forne-
panha um objeto com os olhos, elevando os supercílios      cer informações confiáveis, por volta dos 5 anos. O
e, também, durante o piscamento. Observando-se o           R. do vômito pode ser examinado com uma espátu-
bebê dormindo, o fechamento incompleto das pálpe-          la, estimulando-se a faringe posterior. O R. estornu-
bras (uni ou bilateralmente) pode ser sinal de compro-     tatório ( o V nervo é aferente e a eferência é com-
metimento periférico do nervo facial. A função gusta-      plexa, participando o X, V, VII, IX nervos torácicos
tiva pode ser avaliada com gotas de limão, sal ou açú-     superiores e vias simpáticas) é obtido roçando-se um
car. Está presente, precocemente, no bebê. A função        filete de algodão na mucosa nasal.
lacrimal pode ser avaliada pelo teste do papel de filtro           XI - Acessório: Responsável pela tonicidade
colocado sobre o conduto lacrimal. A lacrimação com        dos músculos esternocleidomastoideo e trapézios, es-
choro é observada até 10 dias após o nascimento a          tes devem ser cuidadosamente inspecionados e palpa-
termo. Nas lesões centrais do nervo facial, apenas o       dos, observando-se simetria no trofismo e tono. Em
andar inferior da face é acometido (apagamento do          caso de lesão unilateral, há inclinação da cabeça e re-
sulco nasogeniano). Nas lesões periféricas, as porções     baixamento do nível do ombro (estando a criança sen-
superiores, incluindo o olho, e inferior são comprome-     tada) para o lado da lesão.
tidas.                                                             XII - Hipoglosso: Responsável pela motricida-
        VIII - Acústico e Vestibular: A audição deve       de da língua, esta deve ser examinada quanto ao
ser testada desde o dia do nascimento, pois é condição     trofismo, motilidade, força muscular e centralização da
para o desenvolvimento da linguagem. Ao ouvir o som        linha média. Em lesão unilateral, em repouso, dentro
de uma campainha, ou de um gongo, ou chocalho              da boca a língua está desviada para o lado oposto ao da
(o instrumento-estímulo não está padronizado) o bebê       lesão. Ao exteriorizá-la há desvio para o mesmo lado
modifica o padrão respiratório, fica “atento”, ou modi-    da lesão.

                                                                                                                35
C. A. R. Funayama




       Ainda examinando a face, através dos reflexos      desde 32 semanas gestacionais e, em 100%, dos RN a
próprios do RN, podemos verificar alguns dos nervos       termo17. A adução pode faltar. O R. de Moro2 vai se
cranianos:                                                fragmentando e desaparecendo até o sexto mês.
       R. de sucção - Nervos V, VII, XII: A suc-                  R. Preensão palmar - Aferência e eferência
ção pode ser testada com o dedo mínimo enluvado, do       raízes C6, C7, C8: O estímulo pode ser o dedo
examinador, ou utilizando-se o dorso da mão do pró-       mínimo do examinador. O bebê com 28 semanas con-
prio bebê. A resposta está presente, reflexa, até 7 me-   cepcionais apenas flete os dedos, progressivamente
ses 12 no RN ocorrem, normalmente, 12 sucções em          transmite a força muscular ao longo da mão, punho
10 segundos7.                                             (32 semanas), antebraço e bíceps braquial (a termo)17.
       R. da voracidade ou pontos cardeais - V afe-       No sexto mês, 100% dos lactentes passam da fase de
rente e VII eferente: Estimulando-se com um ro-           preensão palmar reflexa para voluntária12.
çar do dedo do examinador a comissura labial e por-               R. Tônico-cervical de Magnus e de Kleijn
ção média perilabial superior (3º tempo) e inferior (4º   ou Tônico-cervical Assimétrico ( RTCMK ou
tempo) há desvio dos lábios para o lado estimulado4.      RTCA, postural): Rodando a cabeça para um dos
Ocorre em 100% dos RN a termo e desaparece do 3º          lados, ocorre abdução e flexão do membro superior do
ao 6º mês17. As respostas às estimulações laterais es-    lado occipital e abdução e extensão do membro supe-
tão presentes desde 28 semanas.                           rior do lado facial (Posição do esgrimista). O RTCMK
       R. de endireitamento (R. de integração ves-        ou RTCA pode estar ausente ou se apresentar incom-
tibular - tônico - postural): Estando o bebê em de-       pleto, fragmentado desde as 28 semanas concepcionais
cúbito dorsal, ao lateralizar, passiva ou ativamente, a   até o terceiro mês pós-termo8,12,17. Resposta fragmen-
cabeça ocorre lateralização do tronco e pelve para o      tada em membros inferiores, acompanhando o movi-
mesmo lado. Este reflexo não é obrigatório no RN.         mento dos superiores, também, pode ocorrer.
Entretanto, segundo Mcgraw26,27, a mudança de de-                 R. de Preensão plantar - Aferência e efe-
cúbito dorsal para lateral observada a partir do quarto   rência em S1: Interpondo-se o dedo mínimo do exa-
mês é inicialmente reflexa, com as mesmas bases do        minador na base dos artelhos, estes se fletem. Obser-
controle tônico da cabeça sobre os seguimentos cor-       vado precocemente, nas 25 semanas gestacionais17,
porais.                                                   sempre presente no RN a termo, este reflexo não mais
                                                          é obtido no final do primeiro ano12.
                                                                  R. Cutâneo-Plantar - S1 aferente e L4
3. BEBÊ EM DECÚBITO DORSAL - DESPIDO                      eferente: No sentido artelhos-calcâneo (para que não
                                                          se desencadeie a preensão plantar), na porção lateral
       Reflexos Fásicos Apendiculares - Todos             do pé do bebê, a estimulação tátil pode ser realizada,
os reflexos devem ser obtidos, são exaltados em de-       utilizando-se a ponta (unha) do dedo mínimo do exa-
corrência da imaturidade da via piramidal, e tornam-      minador. Observa-se extensão do hálux em 100% dos
se normoativos até o final do segundo ano. Neste pe-      RN, desde o mais precoce período8,17. Pode ocorrer
ríodo, a presença de clono de pés esgotável é normal,     ou não a abertura dos artelhos em leque. A inversão
desde que simétrico.                                      do reflexo, isto é, a resposta em flexão do hálux ocor-
       R. de Moro - Aferência proprioceptiva cer-         rerá em 80% dos lactentes, por volta dos doze me-
vical, acústica ou vestibular e eferência principal       ses12, podendo em alguns casos chegar à metade do
em C5-C6: Pode ser desencadeado por um som súbi-          segundo ano, sendo bilateral e simétrico, sem clono de
to, ou puxando-se o bebê pelos punhos, a partir da po-    pés.
sição em decúbito dorsal e, em seguida, soltando-o, ou            Exame do tono: O tono muscular deve ser
com a manobra mais sensível, segundo André Thomas4:       examinado em cada segmento, movimentando-se pas-
Toma-se no colo o bebê, como se fosse para acalantá-      sivamente as articulações, registrando a resistência à
lo, porém distanciando-o para que seus membros su-        flexão e extensão dos membros e medindo-se os ân-
periores fiquem livres para abduzirem. Com a mão          gulos de flexão ou extensão, conforme descritos pela
esquerda, o examinador apóia-lhe o dorso e, com a         escola francesa28. A movimentação passiva dos mem-
direita, o occipício. Em seguida, solta-se o apoio do     bros e a palpação muscular são a melhor forma de
occipício, deixando a cabeça cair alguns centímetros,     verificação do tono, embora subjetiva. Aprende-se,
apoiando-a novamente. Há abdução dos membros              através da prática, a reconhecer a hipertonia fisiológi-
superiores e abertura das mãos que estão presentes        ca dos membros nos primeiros meses, a hipotonia fi-

36
Exame neurológico em crianças.




siológica global que se instala a partir do quarto mês e   Galant refere-se ao encurvamento lateral do tronco,
se estende até o final do segundo ano. A medida de         provocado pelo estímulo tátil aplicado no sentido verti-
ângulos, além de nos fornecer informações sobre o          cal, paravertebral17.
tono, é útil para verificação da idade gestacional9.
Particularmente úteis são as medidas dos ângulos, de       5. ERGUENDO-SE A CRIANÇA NA VERTI-
acordo com Amiel-Tison: O ângulo poplíteo no RN a            CAL (EM PÉ)
termo varia de 90 a 120 graus e, no sexto mês, chega
a 180 graus. O dos adutores das coxas, no RN a                    Reflexos próprios do RN: R. de sustenta-
termo, mede de 70 a 120 graus, e chega a 150-170 no        ção dos membros inferiores e global (R. postural).
sexto mês. O punho-mão, medido na face ulnar, no           Com apoio plantar no plano da mesa de exame, o bebê
RN a termo, varia de 0 a 30 graus e, no decorrer do        realiza extensão que pode se limitar aos membros inferi-
primeiro ano, vai se ampliando até 70 graus. O punho-      ores ou se estender ao tronco e região cervical. Preco-
ombro, de flexão do antebraço, mede zero graus no          cemente presente no pré-termo, pode, entretanto, fal-
RN e vai ampliando até 40 graus no final do primeiro       tar, sem significado patológico4. Por outro lado, embo-
ano. O pé-perna, de flexão do pé, varia de zero a 10       ra haja referências sobre o seu desaparecimento aos qua-
graus, no RN a termo, e amplia-se até 60 graus aos 12      tro meses, sua persistência pode ocorrer em crianças
meses. O tono do tronco deve ser examinado, através        normais confundindo-se com a fase do erguer-se com
da flexão (decúbito dorsal), extensão (decúbito ven-       apoio, voluntária. R. de colocação (placing) ou “da
tral) e lateralização passivas, testando-se assim a mus-   escada” (integração córtico-cerebelar): Segurando-
culatura abdominal e paravertebral. Observam-se a          se a criança erguida, pelas axilas, ao roçar o dorso do
simetria de resposta e a amplitude do movimento17. A       pé sob a borda de uma mesa, imediatamente a mesma
força nos membros inferiores pode ser obtida, através      coloca o pé sobre a mesa. Deve ser bilateral e está
da manobra de Branco-Lefèvre11, mantendo-os pen-           presente em 100% dos bebês17. Não desaparece com
dentes fora do leito, ou da mesa de exame, observan-       a idade. R. de Marcha (R. postural): Presente de
do-se quantidade, qualidade e simetria de movimen-         forma incompleta no RN pré-termo de 30 semanas 8,17,
tos.                                                       atinge sua manifestação máxima nas 37 semanas e
                                                           desaparece, em 100% dos casos, no terceiro mês, após
4. PUXANDO-SE A CRIANÇA PARA A POSI-                       o termo12.
   ÇÃO SENTADA
                                                           6. SUSPENSÃO VENTRAL
       Exame do tono: A manobra de tração4 per-
mite verificar o tono cervical. Puxando-se o bebê pe-             Exame do tono: Erguendo-se o bebê em posi-
los punhos, da posição em decúbito dorsal para senta-      ção ventral, apoiado no tórax, pode se testar o tono
da, a cabeça pendente é sinal de hipotonia cervical        extensor do tronco e cervical. Esta manobra é parti-
anterior, que até o final do terceiro mês, no lactente     cularmente útil no primeiro ano de vida e permite dife-
nascido a termo, é fisiológica. Mantendo-se o bebê         renciar, por exemplo, hipotonia patológica da hipotonia
sentado com apoio nas axilas e deixando-se a cabeça        fisiológica que se observa a partir do quarto mês12. A
cair para frente, ocorre imediata extensão cervical, de-   resposta extensora máxima do tronco, cervical e mem-
monstrando tonicidade normal no grupo muscular             bros constitui o R. de Landau, que ocorre a partir do
posterior, extensor cervical. No final da primeira se-     quarto mês. Este foi chamado R. Landau I por Diament
mana, 95% dos RN nascidos a termo apresenta a              que, também, descreveu o Landau II em que, durante
musculatura cervical posterior normotônica17.              a resposta à pesquisa do Landau I, forçando-se uma
       R. de encurvamento do tronco - Aferentes            flexão da cabeça, há flexão reflexa do tronco e mem-
e eferentes nervos intercostais: Um estímulo tátil         bros. Estes são reflexos tônicos posturais e labirínticos
horizontal no trajeto de qualquer das raizes dorsais de-   que não desaparecem com a maturação.
sencadeia encurvamento do tronco, por contração da
musculatura paravertebral. Este reflexo, com o estímulo    7. DECÚBITO VENTRAL
suave, que se aplica no RN, desaparece em torno do
oitavo mês, porém estímulo mais intenso e inespe-                Reflexos próprios do RN: R. do Arrastre
rado pode elicitá-lo em qualquer idade. Reação de          (R. postural). Ao ser colocado em decúbito ventral,


                                                                                                                37
C. A. R. Funayama




o RN imediatamente inicia movimentos de reptação           retificada, indicando tono adequado no tronco. Outra
reflexa, com duração de alguns segundos. Este refle-       fase ocorre até o décimo segundo mês, quando o bebê
xo não está presente em todos os RN. Não foi estuda-       pode passar sozinho da posição em decúbito dorsal
do em pré-termos e se desconhece o período de de-          para sentado29. Quanto à marcha sem apoio, ocorre
saparecimento. Pode ser desencadeado pela manobra          até os 12 meses, em 20% das crianças brasileiras nor-
de Bauer, promovendo-se com a mão do examinador            mais7. A aquisição da marcha sem apoio, de modo geral
um apoio plantar com o bebê na mesma posição e exer-       tem sido considerada até a idade de 18 meses29. En-
cendo-se leve força, ocorre a propulsão. R de Pas-         tretanto existem crianças, inclusive na mesma família,
sagem do Braço17: Estendendo-se os membros su-             que deambulam um pouco mais tarde, no final do se-
periores do bebê em decúbito ventral, ao longo do cor-     gundo ano, sem apresentarem patologia.
po, e procedendo-se rotação de sua cabeça para um                 Para atingir a fase do sentar-se sem apoio é
dos lados, este, imediatamente, realiza abdução e flexão   necessário, além de ter completado a maturação cer-
do membro superior em direção à face. Faz-se a rota-       vical, ter também completado a fase de mudança de
ção da cabeça para um lado e depois para o outro.          decúbito. Até o final do quinto mês, os bebês mudam
       Exame do tono: Em decúbito ventral, o bebê          de decúbito prono para supino e até o final do sétimo
pode ser examinado quanto ao tono cervical posterior,      mês, de supino para prono29. A passagem de supino para
abdominal e paravertebral. A reação de fuga à asfixia,     prono, com rotação do tronco e apoio lateral da mão
descrita por Illingworth, deve-se ao tono normal da        fazem parte do movimento para o sentar sem apoio.
musculatura cervical posterior, que permite a exten-              Cerca de 12 a 20% dos bebês não engatinham
são da cabeça. O tono abdominal e paravertebral po-        e cerca de 3% exibem o engatinhar atípico30 , ou seja,
dem ser examinados, através da extensão passiva da         evoluem bem até o sentar sem apoio, engatinham de
coluna vertebral, elevando os membros inferiores da        nádega, ou de barriga, ou reptando para trás e demo-
mesa de exame e observando-se a amplitude do movi-         ram até 24 meses para andar sem apoio. Esta variação
mento.                                                     no modo de engatinhar tem sido atribuída a assimetrias
                                                           no tono global ou hipotonia, com dificuldade do bebê
8. POSTURA E MARCHA                                        para suportar o próprio peso. Não há estudos comple-
                                                           tos, até o momento abordando esta hipótese.
       A seqüência no desenvolvimento postural obe-               A prova do equilíbrio estático, através da capa-
dece sempre à mesma ordem: Primeiro, o bebê firma          cidade de manter-se em pé sem apoio, com os pés
o pescoço, e em seguida, sucessivamente com e sem          unidos somente é possível a partir dos três anos de
apoio, senta-se, ergue-se e anda. Variações culturais      idade. Aos três anos, a criança atende ao comando do
no manejo do bebê modificam o período das fases,           examinador permanecendo em pé, de pés unidos, por
mas não a sua seqüência.                                   30 segundos, mas não obedece ao comando de fechar
       O controle cervical ocorre primeiro no grupo        os olhos, o que somente realiza aos quatro anos18.
posterior ou extensor e depois, até o final do terceiro           Ao desenvolvimento das estruturas estatociné-
mês, no grupo anterior.                                    ticas se vincula o aparecimento dos reflexos de apoio
       O “sentar com apoio” deve ser observado, pelo       lateral e de precipitação ou pára-quedas31. Ambos
menos em duas de suas fases: Uma fase ocorre em            iniciam seu aparecimento em torno do oitavo mês,
torno do sexto mês, quando, colocando-se o bebê sen-       pós-nascimento a termo e estão sempre presentes aos
tado, este permanece por algum tempo sem cair para         12 meses. O R. de apoio lateral se obtém quando o
os lados, apoiado nas próprias mãos (colocadas pelo        lactente se senta sozinho. Estando sentado, mãos sobre
examinador) entre os membros inferiores29. Há cur-         as coxas, ao ser empurrado para um dos lados, estende o
vatura da coluna vertebral, com cifose lombar, em de-      membro superior e apóia-se, lateralmente, com a mão
corrência da hipotonia do tronco. Outra fase ocorre        espalmada na mesa de exame. Deve-se proceder da
por volta do nono mês, quando a criança senta por si       mesma forma no outro lado e verificar simetria de res-
mesma, agarrando-se a um suporte29.                        posta. O R. de precipitação é obtido elevando-se o
       O “sentar sem apoio”, também, deve ser obser-       bebê em suspensão ventral e procedendo rápida inclina-
vado pelo menos em duas fases: Uma, em torno do            ção do polo cefálico, em direção à mesa de exame. Há
nono mês, quando, colocando-se o bebê sentado, este        anteposição e extensão dos membros superiores, si-
permanece por algum tempo sem apoio das mãos, mas          metricamente, buscando apoio das mãos sobre a mesa
pode desequilibrar-se para os lados. A coluna está         de exame.

38
Exame neurológico em crianças.




       Quando a marcha se torna independente, inicial-     dibular do trigêmeo, respectivamente. O R. de en-
mente, no segundo ano, apresenta-se com base alargada      curvamento do tronco, já descrito, pode ser provo-
em decorrência da imaturidade cerebelar. Entretanto        cado ao longo da região paravertebral, testando-se
não é ebriosa. Logo a criança contorna bem obstácu-        desde os segmentos T4 até L1. Os R. cutâneo-abdo-
los e, no terceiro ano, consegue correr19. Provas para     minais abrangem T 6 a T12 , o R. cremastérico,
teste do equilíbrio dinâmico dos três aos sete anos de     L1 e L2 e o R. anal superficial, S2 a S5. A sensibilida-
idade foram descritas por Lefèvre, 197213 e são úteis      de proprioceptiva inconsciente pode ser avaliada, em
para verificação do grau de maturação ou sinais de         parte, através da marcha espontânea, observando-se
comprometimento das vias ligadas ao equilíbrio, coor-      a forma como a criança apóia os pés no chão ao dar
denação e sensibilidade. Estão descritas no esquema        os passos. Funções perceptivas inconscientes, com-
final deste resumo.                                        plexas, que envolvem integração das várias modalida-
                                                           des de sensibilidade, vão amadurecer ao longo da pri-
9. COORDENAÇÃO MOTORA                                      meira década de vida. Assim, por exemplo, a percep-
                                                           ção da saliva e sua contenção dentro da cavidade oral,
        A preensão palmar passa a ser voluntária, em       e a consciência de partes do seu próprio corpo, estão
100% das crianças, aos 4 meses12. Inicialmente, a          maduras em torno de 24 meses.
preensão é predominantemente ulnar, em seguida medial             A coordenação visuomotora é uma das fun-
e, até o final do primeiro ano deve ser em pinça6. Apa-    ções corticais superiores, que pode ser avaliada pre-
nhar um objeto sem errar o alvo ( Eumetria) amadu-         cocemente. No terceiro mês, o bebê olha para as pró-
rece ao longo dos dois primeiros anos. Justificam-se       prias mãos18. Logo, inicia movimentos de apanhar a
as tentativas e erros ao tentar alcançar a colher e        outra mão presente no campo visual, fazendo o mes-
levá-la à boca. Não se observam, entretanto, tremo-        mo com objetos colocados neste campo18. No quinto mês,
res. A prova index-nariz é fidedigna a partir dos 4        passa a estender os membros superiores para buscar o
anos13,32. Até o sétimo ano, é perfeita a eudiadococi-     objeto próximo ao campo visual, voluntariamente, e o
nesia, ou seja, movimento alterno da mão estendida,        passa de uma para outra mão. Do oitavo ao décimo
em pronação-supinação do antebraço13,32. A prova cal-      segundo mês, descobre um objeto que observa ser es-
canhar-joelho não foi testada em crianças. Aos 7 anos,     condido sob um lenço 19. A prova lenço-rosto pode ser
pode se verificar a prova de coordenação tronco-mem-       utilizada no período neonatal, registrando-se o com-
bros, em que, estando a criança em decúbito dorsal,        portamento do bebê24 e, em torno do oitavo mês, o
braços cruzados, senta-se sem apoio e sem elevar o         lactente exibe movimento de retirada do lenço, colo-
calcanhar13.                                               cado pelo examinador sobre o seu rosto12.
                                                                  Enquanto observamos aspectos semiológicos
10. SENSIBILIDADE E FUNÇÕES CORTI-                         motores e sensitivos bem definidos da fase sensório-
   CAIS SUPERIORES                                         motora, neste período estão se desenvolvendo, tam-
                                                           bém, as funções corticais superiores, como as praxias
        Observamos que, no RN a termo, há resposta à       e gnosias, resultantes de integração das diversas áre-
pesquisa de todos os reflexos fásicos, superficiais, e     as corticais, e a tríade atenção-memória-evocação, que
dos 12 pares de nervos cranianos. A sensibilidade su-      envolve estruturas como córtex e formações reticulares
perficial termalgésica e tátil grosseira, também, estão    de tronco e tálamo. As interligações intracorticais
em adiantada fase de amadurecimento, podendo-se            amadurecem além deste período, chegando a duas ou
pesquisá-las, entretanto, apenas qualitativamente, atra-   três décadas de vida22. Praxia significa “fluência na
vés das reações motoras até os 5 anos de idade, quan-      seqüência” de movimentos para uma finalidade, como
do a criança começa a fornecer informações mais fi-        abotoar, amarrar sapatos, falar, assoprar uma vela,
dedignas. O mesmo ocorre à investigação da sensibi-        assoviar, escrever. Quanto a praxia de mãos, aos 4
lidade proprioceptiva vibratória, artrocinética e noção    anos a criança é capaz de abotoar e aos 7 anos dar
de posição seguimentar. Em relação à sensibilidade         laço no sapato19. Aos 5 anos, em torno de 50% das
tátil grosseira, entretanto, pode-se observar sua pre-     crianças, realiza movimentos como abrir uma das mãos
sença ou ausência através dos reflexos cutâneos: Na        e fechar a outra alternadamente, como também unir,
face, os R. córneo-palpebral e o R. dos pontos             seqüencialmente, o polegar aos demais dedos32. As
cardeais testam os ramos oftálmico, o maxilar e man-       idades para os movimentos bucofonatórios, como


                                                                                                               39
C. A. R. Funayama




assoprar, chupar no canudinho, bem como os mais             praxia); uma caixa de lápis de cera (cores, noção de
complexos como exteriorizar a língua e colocá-la para       quantidade, desenhos), passas secas (preensão em pin-
cima, ou entre o lábio inferior e gengiva, não estão        ça), uma bola de tênis (coordenação), cartões com
bem estabelecidas. A praxia de fala, ou seja, a capaci-     desenhos para cópia: circulo, quadrado, triângulo,
dade de seqüenciação das sílabas nas palavras, sem          cruz, losango (coordenação visuomotora); um carri-
hesitações, depende do amadurecimento da zona               nho pequeno com fio de um metro (equilíbrio dinâmi-
pre-motora da linguagem e suas conexões, o que ocorre       co), dois fios de lã de tamanhos diferentes (noção de
em torno dos 2 anos, quando a criança emite palavras        tamanho); dado pequeno, bolinha de gude, moeda, al-
e constrói frases agramaticais. Gagueira fisiológica        godão (estereognosia); quadro temático simples (re-
pode ocorrer em torno de três anos de idade.                conhecimento de figuras e descrição).
        Gnosia significa “reconhecimento” e, portanto,
está ligada às vias de recepção auditiva, visual ou tátil
discriminativa. A gnosia auditiva pode ser testada pelo     EXAME NEUROLÓGICO E DO DESENVOL-
reconhecimento de ritmos, sons e, no hemisfério do-         VIMENTO DA CRIANÇA (Período de 0 a 7 anos)
minante para a fala, a gnosia verbal, ou seja, o reco-
                                                            Em qualquer idade
nhecimento dos sons da fala. A gnosia visual pode ser
                                                            • Devem estar presentes todos os reflexos miotáticos
testada através de “discriminação” de formas como             fásicos, esperados para o adulto, bem como a semi-
bandeiras (colocam-se duas iguais entre outras para           ologia completa dos 12 pares de nervos cranianos, e
serem encontradas) para a idade de 5 anos, ou para            sensibilidades, com a ressalva das particularidades,
idade acima de 8 anos os testes propostos por Luria33.        e às vezes impossibilidades técnicas para obtenção
Gnosia tátil pode ser testada através do reconhecimen-        dos mesmos, em cada idade.
to de formas pelo tato (estereognosia), a partir dos 4
anos13.                                                     Até um mês de idade
        Formas mais complexas de gnosias, que são re-       • Olha para o rosto das pessoas que o observam.
sultado de integração entre as acima citadas, nos for-      • Segue na horizontal, com os olhos, a luz de uma
necem importantes informações sobre as aquisições             lanterna colocada a 30 cm dos olhos.
corticais superiores, como a integração visuo-espacial      • Ao ouvir uma voz chamando-o, reage de algum modo:
e visuomotora que podem ser avaliadas, através do             mudando o ritmo da respiração ou abrindo mais os
                                                              olhos e demonstrando “atenção ou rodando a cabeça
teste de Bender34. Todas as formas de gnosia e praxia
                                                              para um dos lados como se quisesse localizar a fon-
são importantes para a aquisição de leitura e escrita
                                                              te do som”.
espontânea ou sob ditado, havendo maturação de áre-         • Colocado em DV, levanta a cabeça por alguns se-
as específicas envolvidas com símbolos gráficos da            gundos.
língua, independentemente da maturação do reconhe-          • Reflexos primitivos obrigatórios desde o nascimen-
cimento e praxia para outros símbolos.                        to: Sucção, voracidade, preensão palmar, preensão
        No esquema abaixo, introduzimos itens de se-          plantar, moro, colocação, encurvamento do tronco,
miologia neurológica geral, evolutiva e outros parâme-        cutâneo plantar em extensão. Reflexos primitivos não
tros do desenvolvimento. Os itens apresentados reú-           obrigatórios: Marcha, RTCMK, sustentação, arrastre,
nem propostas dos diversos autores já citados, incluin-       endireitamento.
do Gesell18 e dados da Escala de Denver19. Estes
itens foram escolhidos a partir da informação de que
                                                            Três meses
                                                            •   Sorri reativamente.
pelo menos 95% das crianças nascidas a termo ou
                                                            •   Olha para as próprias mãos.
com idade corrigida devem estar cumprindo estes itens,      •   Junta as mãos.
nas idades consideradas. Assim se torna mais útil a         •   Ao ouvir uma voz, fica atento.
aplicação da mesma nas avaliações onde se busca uma         •   Colocado em DV, apoia-se sobre os MMSS fletidos
idade limite para a normalidade, a partir da qual se        •   Desaparece o R. de marcha e tônico-cervical assi-
considera atraso.                                               métrico.
        Na medida do possível, constatamos os dados
durante o exame, sem interrogar a mãe sobre os mes-         Quatro meses
mos. Além do material de exame neurológico clássico,        • Sons guturais (“AN GU”)
os seguintes materiais devem ser utilizados: 8 cubos        • Colocado sentado, a cabeça fica firme.
de 2,5 cm de lado (para provas de coordenação e             • Início de preensão palmar voluntária.


40
Exame neurológico em crianças.




Seis meses                                                  •   Aponta para figuras em um livro.
• Inicia sons vocálicos: “AAAAAA”                           •   Faz rabiscos no papel.
• Localiza som (molho de chaves), na altura dos ou-         •   Torre de quatro cubos.
  vidos.                                                    •   Chuta um bola.
• Em DV, estende os membros superiores e eleva o            •   Sobe e desce de uma cadeira.
  tórax.
• Muda decúbito.                                            Dois anos e meio
• Sentado, o tronco ainda cai para a frente e para os       •   Nomeia figuras simples.
  lados.                                                    •   Copia traços, sem direção.
• Apanha o objeto e passa para outra mão.                   •   Joga a bola de cima para baixo.
• Reflexos primitivos ausentes, exceto o de preensão        •   Sobe escada, colocando os dois pés em cada degrau.
  plantar e cutâneo-plantar em extensão.                    •   Corre.
Oito meses                                                  Três anos
• Alcança, olha, passa para a outra mão, e explora o        •   Frases gramaticais.( EU)
  objeto.                                                   •   Diz o próprio nome completo.
                                                            •   Gagueira fisiológica.
Nove meses
                                                            •   Brinca de faz-de-conta.
• Lalação: “BAA BAA BAA” “TAA TA TA” MA-MA”.
                                                            •   Copia um círculo.
• Localiza som ao lado e acima da cabeça (até 13
                                                            •   Copia traço na vertical.
  meses).
• Sentado, fica sozinho, tronco ereto, sem cair.            •   Torre de 8 cubos. Até 3a e 6m faz ponte.
• Recusa aproximação de pessoas estranhas.                  •   Anda para trás 3 metros, puxando um carrinho.
• Descobre objeto que observa ser escondido ao seu          •   Equilíbrio estático com olhos abertos.
  alcance.                                                  •   Pedala triciclos.
                                                            •   Coloca os sapatos, não faz laço.
Doze meses
• Lalação: “Mama” “Papa” “Dada”                             Quatro anos
• Procura o objeto que cai ou rola de suas mãos.            • Vai sozinho ao vaso sanitário.
• Preensão usando os dedos polegar e indicador              • Controle da enurese noturna.
  (Pinça).                                                  • Frases completas. Ainda troca letras: R por L, S
• Põe-se em pé com apoio.                                     por T; ou suprime as letras (sapato por pato).
• Em DV, senta-se sem ajuda                                 • Usa plural.
• R. de apoio lateral e pára-quedas.                        • Senso de humor, noção de perigo.
• R. de preensão plantar ausente.                           • Preensão do lápis igual adulto.
                                                            • Copia cruz.
Dezoito meses                                               • Noção de “mais comprido”.
•   Primeiras palavras-frases: “Dá”                         • Lava as mãos e ajuda no banho.
•   Brinca imitando (telefone no ouvido, tenta rabiscar).   • Agarra uma bola arremessada.
•   Aponta para o que quer.                                 • Sobe escada alternando os pés.
•   Torre de 2 cubos.                                       • Equilíbrio estático com olhos fechados.
•   Vence obstáculos, abre porta.
•   Anda sem ajuda.                                         Quatro anos e meio
•   R. Cutâneo-plantar em flexão.                           • Compreende frio, cansaço, fome.
                                                            • Compreende perto, longe, em cima, em baixo.
Dois anos                                                   • Abotoa a roupa
• Combina 2 palavras
• Associa idéias: aperta o interruptor e olha para a lâm-   Cinco anos
  pada. Aponta para a bolsa, por. ex., da mãe e diz
  “mamãe”.
                                                            Seis anos
                                                            • Copia um quadrado.
• Imita trabalhos caseiros.
                                                            • Desenha homem com 6 partes
• Retira a roupa.                                           • Anda para trás colocando um pé atrás do outro (pon-
• Usa a colher.                                               ta do pé-calcanhar), com olhos abertos, 2 metros.
• Aponta para partes do corpo.                              • Estereognosia.


                                                                                                                41
C. A. R. Funayama




Sete anos                                                            atrás do outro (ponta de pé-calcanhar).
• Noção de hora, dia, mês e ano.                                   • Joga bola em uma altura 30 x 30 cm e 2 m, fazendo
• Fornece o endereço completo.                                       abdução do MS (joga por cima).
• Descreve o que vê.                                               • Anda colocando o calcanhar na ponta do outro pé,
• Copia triângulo e inicia a cópia do losango.                       para frente 2 metros, com olhos abertos.
• Amarra o cordão do sapato.                                       • Conhece as cores primárias.
• Reconhece direita e esquerda no próprio corpo.                   • Desenha de memória a figura humana.
• Salta e bate duas palmas, antes de tocar os pés no               • Fica longe da mãe sem protestar.
  chão.                                                            • Conta histórias, fala sem trocar letras.
• Eudiadococinesia.                                                • Escolhe amigos.
• Fica parado em pé, por 10 segundos com um pé                     • Se veste sem ajuda.




           FUNAYAMA CAR.      Neurologic examination in children. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 32-43, jan./mar. 1996

              ABSTRACT:      The author details the current method of neurologic examination from neonatal
           period to seven years old, emphasizing maturative features and presenting a scheme that includes
           data from neurologic examination and developmental diagnosis.

               UNITERMS:     Child Development. Infant; Newborn. Neurologic Examination. Child




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42
Exame neurológico em crianças.




20. POPICH G & SMITH DW. Fontanels: Range of normal size. J           29. ZDANSKA-BRINKEN M. & WOLLANSKI N A graphic method
    Pediatr 80: 749-752, 1972.                                            for the evaluation of motor development in infants. Dev Med
                                                                          Child Neurol 11: 228-241, 1969.
21. PAIXÃO AC. Dimensão linear das fontanelas em cri-
    anças nascidas de termo e pré-termo, do nascimento                30. ROBSON P. Shuffling, hitching or sliding: some observation
    aos 12 meses de vida. Tese de Doutoramento. Faculdade                 in 30 otherwise normal children. Dev Med Child Neurol
    de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Ribeirão Preto, 1988.           12: 608-617, 1970.

22. YAKOVLEV PI & LECOURS AR. Myelogenetic cycles. In                 31. MILANI-COMPARETTI A & GIDONE EA. Routine develop-mental
    MINKOWSKI M.         A regional development of the brain              examination in normal and retarded children. Dev Med Child
    in early life. Blackwell Scientific Publications, Oxford, 1967.       Neurol 9: 631-638, 1967.
23. DeJONG, RN. The neurologic examination. 4th ed. Harper
                                                                      32. BACHIEGA MCM. Exame neurológico evolutivo da cri-
    & Row Pubishers, New York, p.83-240, 1979.
                                                                          ança normal de 3 a 7 anos de idade. Contribuição para
                                                                          avaliação da fidedignidade das provas. Dissertação de
24. BRAZELTON TB. Neonatal behavioral assessment
                                                                          Mestrado. Faculdade de Medicina da USP, São Paulo, 1979.
    scale. Lippincott, Philadelphia, 1973.

25. NORTHERN JL & DOWNS MP. Audição em crianças. 3a ed.               33. LURIA AR. Higher cortical functions in man. Basic Books,
    Manole, São Paulo, p. 50, 1989.                                       New York, 1966.

26. MCGRAW MB. Neural maturation of the infant as exempli-            34. BENDER L.      Test guestaltic visomotor. Paidós, Buenos
    fied in the right reflex, or rolling from a dorsal to a prone         Aires, 1955.
    position. J Pediatr 18: 385-394,1941

27. McGRAW MB. The neuromuscular maturation of the                                Recebido para publicação em 04/03/96
    human infant. Columbia University & Press, New York, 1943.
                                                                                  Aprovado para publicação em 14/03/96
28. AMIEL-TISON C. Standardizing the physical examination dur-
    ing the first year. Curr Probl Pediatr 7: p. 1-50, 1976.




                                                                                                                                 43

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Neurological exam techniques for children

  • 1. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: SEMIOLOGIA ESPECIALIZADA 29: 32-43, jan./mar. 1996 Capítulo III EXAME NEUROLÓGICO EM CRIANÇAS NEUROLOGIC EXAMINATION IN CHILDREN Carolina A.R. Funayama Docente do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer- sidade de São Paulo. CORRESPONDÊNCIA: Profa.Dra. Carolina A. R. Funayama - Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - CEP: 14048-900 - Ribeirão Preto - FAX (016) 633-0866. E. Mail - carfunay@fmrp.usp.br FUNAYAMA CAR. Exame neurológico em crianças. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 32-43, jan./mar. 1996 RESUMO: Técnicas de exame neurológico em crianças, desde o período neonatal, são descritas, bem como modificações que ocorrem, no decorrer da maturação tono, reflexos, postura, coorde- nação, equilíbrio, linguagem, praxias e gnosias. Ao final, é apresentado um esquema que reúne dados da semiologia neurológica e do desenvolvimento até 7 anos. UNITERMOS: Desenvolvimento Infantil. Recém- Nascido. Exame Neurológico. Criança. Quanto mais avança a tecnologia para fins diag- Entretanto, após 1950 é que esta semiologia vem sen- nósticos em medicina, mais se deve aprofundar no co- do aprimorada e, hoje, está padronizada, por valio- nhecimento da semiologia clínica, para que a indica- sas contribuições como as de André Thomas e ção dos exames seja precisa, o tempo para se estabe- Dargassies, 1952 4 na França; Illingworth, 19605 e lecer o diagnóstico, mais curto, a prescrição terapêuti- Sheridan, 19686 na Inglaterra; Prechtl, 19647 na Holanda; ca mais rápida e que se torne menos onerosa para o Brandt, 19868 na Alemanha; Dubowitz, 19709 nos Es- paciente. A semiologia clínica neurológica na criança tados Unidos; Coriat, 196010 na Argentina, entre ou- é complexa, por suas modificações ao longo do desen- tros. No Brasil, destacaram-se os Profs. Antônio Bran- volvimento; busca sinais de lesões, localizatórios, ao mes- co Lefèvre, 195011 e Aron Diament, 196712, que, mo tempo em que é rica na identificação das aquisi- avaliando crianças da cidade de São Paulo, aperfei- ções sensitivas, motoras, sensoriais e cognitivas. Na çoaram técnicas antigas e propuseram novas. Além literatura, há publicações separadas de escalas de de- da padronização do exame neurológico no RN, senvolvimento e de exame neurológico nas diversas Lefèvre, 197213 descreveu o exame neurológico evo- faixas etárias. O nosso objetivo é unir em um só proto- lutivo do terceiro ao sétimo ano de vida. Mais re- colo dados destas avaliações, de modo a permitir ao centemente, o estudo da semiologia das funções corti- médico uma apreciação do perfil neurológico e outros cais superiores e suas conexões (praxias, gnosias, itens do desenvolvimento, ao mesmo tempo abrangente linguagem, atenção-memória-evocação) tem sido um e que possa ser concluída em uma única consulta. desafio no contexto dos processos maturativos. Há Elementos da semiologia neurológica normal do que se levar em conta aspectos da plasticidade funci- recém-nascido (RN) e lactente têm sido descritos desde onal ao longo da maturação e, ainda, o conhecimento o início deste século, como os reflexos, por Magnus e dos estágios do desenvolvimento da aprendizagem. De Kleijn em 19121, Moro, 19182 e Landau, 19233. Em esforço conjunto de especialistas afins, testes para 32
  • 2. Exame neurológico em crianças. avaliação das funções corticais para crianças têm sido NENÊ QUÉ BOLA) e, aos 3 anos introduz pronomes e propostos, no Brasil, a partir de 198914, 15. preposições nas frases. Aos 3 anos, introduz o prono- Para obtermos um exame satisfatório, é acon- me EU5, importante passo na distinção “eu-outro”. A selhável que o ambiente esteja em temperatura ame- linguagem compreensiva precede a expressiva, e, no na, o bebê acordado e sem choro, em torno de uma e primeiro ano, desde os primeiros contactos com o meio meia hora após a mamada 7 . Nem sempre, em situa- o bebê demonstra isto, quando reage, negativa ou po- ção de consulta isto é possível. Porém, podemos obter sitivamente, aos estímulos. Efetua tarefas simples por melhores condições, examinando, primeiramente, a imitação sob comando, no final do primeiro ano19. cabeça e o que for possível, sem despir a criança. Ao Deve-se observar que o bebê não se mantém despi-la, utilizar o princípio da manipulação mínima, estático, pelo contrário, mostra uma riqueza de movi- conforme orientação de Prechtl: efetuar todas as ma- mentos, com variações posturais espontâneas, propi- nobras possíveis de investigação primeiramente com ciando-nos excelente oportunidade de exame da qua- o bebê em decúbito dorsal, depois puxando-o para sen- lidade, quantidade e simetria dos movimentos. tar-se; em seguida, erguendo-o ereto com apoio plan- tar no plano de exame; segue-se efetuando a manobra da suspensão ventral e, por fim, examinando-o em 2. EXAME DO SEGUIMENTO CEFÁLICO decúbito ventral7. A seguir, descrevemos a semiologia normal da (Ainda com o bebê vestido, no colo da mãe). criança, desde o período neonatal até 7 anos de idade. Inspeção e medidas do crânio: A medida do perímetro Para os dois primeiros anos de vida, no caso de avali- craniano se faz com uma fita métrica, passando-a pelo ação de crianças prematuras, deve ser considerada a occipício e eminência frontal. A avaliação do períme- idade concepcional. Para tanto, foi convencionado sub- tro deve levar em conta a estatura. Diz-se macroce- trair da idade cronológica o número de semanas cor- falia ou microcefalia quando o perímetro craniano se respondentes à diferença entre 40 semanas e a idade encontra acima ou abaixo de dois desvios padrões da gestacional ao nascimento16. (Por exemplo, um bebê média esperada para a estatura observada, respecti- nascido as 28 semanas de idade gestacional, aos seis vamente. Quanto ao formato, de acordo com Diament, meses de idade cronológica, deverá apresentar semi- a relação entre a distância biauricular (de uma inser- ologia neurológica correspondente aos 3 meses). ção superior da orelha à outra) e anteroposterior (glabela-occipício) é igual a um. Diz-se braquicéfalo, quando a medida biauricular é maior que a anterior e 1. AVALIAÇÃO DO CONTACTO COM O dolicocéfalo ou escafocéfalo, quando a medida biauri- MEIO cular é menor do que a anteroposterior, dando ao crâ- nio um formato de quilha de navio. Estas formas po- A fixação do olhar na mãe, enquanto mama é dem ou não estar associadas ao fechamento preco- tão precoce no RN quanto a sua capacidade de suc- ce patológico de suturas (coronárias no caso de bra- ção efetiva, em torno de 32 semanas concepcionais quicefalia e sagital na escafocefalia). A trigonocefalia 17 . A expectativa em relação ao exame, quantidade é sempre conseqüência de fechamento precoce pato- de movimento e reação emocional às manobras do exa- lógico da sutura metópica. minador devem ser observadas. O choro espontâneo A fontanela anterior, ou bregmática, em forma deve ser vinculado às necessidades fisiológicas e, du- de losango, tem em média ao nascimento dois cm, no rante o exame, provocado por desconforto ou mano- sentido coronal e 3 cm, no sagital. Até os nove meses, bras, como aquelas para desencadear o reflexo de 50%, e, até um ano e meio 100% das crianças não Moro. Aos 2 meses, inicia-se o sorriso social, motivado mais a apresenta20. A fontanela posterior ou lombdoi- e, dos 3 aos 6 meses a lalação, expressa por sons gu- de, triangular, está presente em 40% dos bebês a ter- turais, inicialmente, e balbucio de vogais, com amplos mo ao nascimento, mas não ultrapassa um centímetro movimentos labiais, aos estímulos da mãe ou do exa- em sua maior extensão21, e o seu fechamento ocorre minador18. Até o final do primeiro ano, o bebê ela- no primeiro mês. As suturas cranianas podem estar, bora dissílabos com significado (MAMA, PAPA) e, até levemente, sobrepostas ou separadas, dependendo 18 meses expressa palavras-frase (ÁGUA=DA ÁGUA). do estado de hidratação, no RN pré-termo. Dado ao Até 24 meses, constrói frases agramaticais (DÁ AGUA, fato de o crescimento craniano ser mais acentuado no 33
  • 3. C. A. R. Funayama pré-termo, no período entre 28 e 35 semanas, chegan- plo, por efeito de drogas simpatomiméticas, como a do a dois centímetros semanais17, as suturas podem cocaína, por excitação das vias simpáticas como em também estar separadas alguns milímetros, neste pe- hipóxia, ou por herniação do uncus, comprimindo a ríodo. No RN a termo, acavalgamento de suturas pode porção parassimpática do III nervo; pupilas mióticas ocorrer na primeira semana, pós-nascimento, em fun- (constricção), por efeito de drogas depressoras do sis- ção do amoldamento da cabeça no canal do parto. Após tema nervoso, como morfina, benzodiazepínicos e bar- este período, as suturas devem estar justapostas. bitúricos. R. fotomotor e consensual: Incidindo-se Os nervos cranianos, como os medulares, no a luz de uma lanterna, obliquamente, sobre uma pupi- período do termo, estão mielinizados. Entretanto, as la. Há constricção pupilar do mesmo lado estimulado vias que os conectam ao tronco e córtex cerebral ou (fotomotor) e, indiretamente, do outro (consensual). entre si estão, ainda, em fase variável de amadureci- R. de acomodação e convergência: A acomoda- mento22. Assim, por exemplo, o fascículo longitudinal ção só é possível observar com a ajuda da criança. A medial, um dos responsáveis pelo movimento conjuga- fixação de um objeto distante (infinito) produz midríase, do ocular, bem como as vias ópticas completam sua e, fixação do objeto próximo, miose. A convergência mielinização em torno do sexto mês, pós-termo. Isto pode ser pesquisada, desde que o bebê esteja fixando implica em que nos primeiros seis meses, ocasional- bem o objeto. A aproximação do objeto na linha média, mente, surpreende-se o bebê com movimentos des- forçando a convergência ocular, ocasiona miose bila- conjugados, mais comumente com desvio medial de teral. um dos olhos. III - Oculomotor, IV - Patético ou Troclear, As funções dos nervos cranianos podem ser VI - Abducente: Responsáveis pelos movimentos ocu- examinadas23: lares. III motor: Estando o globo ocular em posição I - Olfatório: Sabe-se que todas as funções de olhar para frente, este nervo é responsável pela sensoriais iniciam sua mielinização no período fetal e adução, movimento para cima e para baixo, e pela ele- estão amadurecidas no primeiro semestre, pós-natal. vação da pálpebra superior (inerva os músculos retos Na prática, é possível pesquisar o olfato, após o quarto mediais, superiores e inferiores, oblíquos inferiores e ou quinto ano de idade, quando a criança pode forne- elevadores das pálpebras). IV: Estando o globo ocular cer informação fidedigna. Pesquisa-se em cada nari- aduzido, este nervo promove o movimento para baixo. na, isoladamente. Utilizam-se estímulos, como café e (inerva os músculos oblíquos superiores). VI: Estando piche, não irritantes da mucosa nasal, pois os irritantes o globo ocular em posição olhando para frente, este é estimulam as terminações sensitivas do trigêmeo e não responsável pela lateralização do olho (inerva os mús- o olfatório. culos retos laterais). II - Óptico: Exame do fundo de olho com A pesquisa da motricidade extrínseca ocular deve oftalmoscópio: A papila ou disco óptico no RN é de ser realizada, primeiramente, à simples inspeção e, a coloração mais clara do que a do adulto. A distribuição seguir, enquanto se pesquisa a percepção visual, utili- e morfologia dos vasos, bem como a mácula e restan- zando-se como estímulo visual um foco luminoso lar- te da retina apresentam-se semelhantes aos do adulto. go, de luz fosca ou um cubo 4 x 4 cm de cor verme- Reflexo (R.) de piscamento: II nervo (Óptico) lha24, a fita métrica ou a face humana, do examina- aferente e VII (Facial) eferente. Incidindo-se um dor17 , por exemplo. A orientação à luz está presente a foco luminoso nos olhos do bebê, desde o pré-termo partir das 34 semanas de idade gestacional8. A fixa- viável, estando os olhos abertos ou fechados, em sono ção no foco luminoso é breve no pré-termo. No perío- ou vigília, há fechamento imediato das pálpebras. Este do do termo, o bebê acompanha brevemente a luz no é um reflexo de defesa que não desaparece com a sentido horizontal. Até o 3º mês, segue no sentido ver- idade; entretanto, com a maturação e adaptação à luz, tical e em círculo23. a intensidade do estímulo luminoso deve ser maior para V - Trigêmeo: Pode ser testada a sensibilida- se obter o reflexo. Brazelton 24 o utiliza para pesquisar de da face, através de estímulo tátil, com algodão, ou a reatividade do neonato. doloroso, com leve toque da ponta produzida em uma II e III - Parassimpático: Inspeção do tama- espátula de madeira (agulha não deve ser utilizada nho das pupilas, que devem ser iguais. Pupilas midriáti- porquê fere a pele do bebê). Observa-se a reatividade cas (dilatadas bilateralmente) podem ocorrer, por exem- do bebê. Alguns reflexos que podem ser examinados 34
  • 4. Exame neurológico em crianças. na face (trigêmeo aferente e facial (VII) eferente): fica o movimento corporal, denunciando ter recebido o R. córneo-palpebral: Ao estimular uma das córneas som. Até o final do primeiro mês, 100% dos bebês se com um filete de algodão há resposta imediata com voltam em direção ao som. Até o sexto mês, localiza fechamento das pálpebras bilateral e, simetricamente. o som à altura e abaixo dos ouvidos, estando sentados, Este reflexo não desaparece, assim como o glabelar. e até treze meses, acima da cabeça. Segundo Northern Reflexo glabelar: Percutindo-se com o dedo do exa- e Downs, 198925 dos 7 aos 9 meses a criança localiza minador (um leve toque) na glabela ocorre fechamen- fonte de 30 a 40 dB para o lado e, indiretamente, para to imediato das pálpebras, simétrica e bilateralmen- baixo. A porção vestibular é testada nas provas de te. R. orbicular dos lábios: Percutindo-se a porção equilíbrio. R. de “olhos de boneca”: Ao se desviar média do lábio superior, no filtrum, ocorre contração a cabeça para um dos lados, há desvio conjugado dos da musculatura orbicular dos lábios. Este não é obri- olhos para o lado oposto. Este é um reflexo normal no gatório no RN, e, se presente, costuma ser hipoativo. indivíduo, indicando integridade das vias vestibulo-ocu- O mesmo ocorre com o R. Mentoniano, que tem lares. Entretanto, estando o indivíduo em vigília, o mes- aferência e eferência pelo V nervo (trigêmeo, divisão mo é substituído ou inibido pelo sinergismo óculo- mandibular): R. mentoniano: Percutindo-se o mento, cefalógiro, isto é, ao se desviar a cabeça os olhos acom- estando a boca levemente aberta, ocorre movimento panham o movimento, fixando os objetos à sua frente. de contração reflexa do músculo masseteriano. A por- Diament12 o obteve até o final do segundo mês em ção motora do V nervo craniano pode ser examinada, RN a termo. inspecionando-se e palpando-se a textura dos IX - Glossofaríngeo e X -Vago: Observando- masseteres, um dos responsáveis pelos movimentos se a deglutição, mobilidade do pálato e a voz, podemos mastigatórios. Deve-se observar a simetria à oclusão avaliar as funções motoras destes nervos, a gustação, dos maxilares, através da justaposição dos dentes in- reflexos do vômito e estornutatório, as funções auto- cisivos superiores e inferiores. Em lesão motora do nômicas. A elevação do palato posterior pode ser ava- trigêmeo, a boca mantém-se aberta e desviada para o liada, solicitando-se ao paciente para, com a cavidade lado lesado. oral bem aberta, emitir a vogal “A” ou se isto não for VII - Facial: Este nervo é responsável pela possível, observar o palato do bebê, quando este esti- motricidade facial gustação dos 2/3 anteriores da lín- ver chorando. Nas lesões do ramo laringeo superior gua, salivação parotídea e lacrimação. Podemos ob- do vago ocorrem as alterações variáveis na tonalidade servar a expressão facial do bebê quando este chora da voz. A gustação do 1/3 posterior da língua, somen- ou sorri, reforçando o sulco nasogeniano; quando acom- te, deve ser investigada quando a criança pode forne- panha um objeto com os olhos, elevando os supercílios cer informações confiáveis, por volta dos 5 anos. O e, também, durante o piscamento. Observando-se o R. do vômito pode ser examinado com uma espátu- bebê dormindo, o fechamento incompleto das pálpe- la, estimulando-se a faringe posterior. O R. estornu- bras (uni ou bilateralmente) pode ser sinal de compro- tatório ( o V nervo é aferente e a eferência é com- metimento periférico do nervo facial. A função gusta- plexa, participando o X, V, VII, IX nervos torácicos tiva pode ser avaliada com gotas de limão, sal ou açú- superiores e vias simpáticas) é obtido roçando-se um car. Está presente, precocemente, no bebê. A função filete de algodão na mucosa nasal. lacrimal pode ser avaliada pelo teste do papel de filtro XI - Acessório: Responsável pela tonicidade colocado sobre o conduto lacrimal. A lacrimação com dos músculos esternocleidomastoideo e trapézios, es- choro é observada até 10 dias após o nascimento a tes devem ser cuidadosamente inspecionados e palpa- termo. Nas lesões centrais do nervo facial, apenas o dos, observando-se simetria no trofismo e tono. Em andar inferior da face é acometido (apagamento do caso de lesão unilateral, há inclinação da cabeça e re- sulco nasogeniano). Nas lesões periféricas, as porções baixamento do nível do ombro (estando a criança sen- superiores, incluindo o olho, e inferior são comprome- tada) para o lado da lesão. tidas. XII - Hipoglosso: Responsável pela motricida- VIII - Acústico e Vestibular: A audição deve de da língua, esta deve ser examinada quanto ao ser testada desde o dia do nascimento, pois é condição trofismo, motilidade, força muscular e centralização da para o desenvolvimento da linguagem. Ao ouvir o som linha média. Em lesão unilateral, em repouso, dentro de uma campainha, ou de um gongo, ou chocalho da boca a língua está desviada para o lado oposto ao da (o instrumento-estímulo não está padronizado) o bebê lesão. Ao exteriorizá-la há desvio para o mesmo lado modifica o padrão respiratório, fica “atento”, ou modi- da lesão. 35
  • 5. C. A. R. Funayama Ainda examinando a face, através dos reflexos desde 32 semanas gestacionais e, em 100%, dos RN a próprios do RN, podemos verificar alguns dos nervos termo17. A adução pode faltar. O R. de Moro2 vai se cranianos: fragmentando e desaparecendo até o sexto mês. R. de sucção - Nervos V, VII, XII: A suc- R. Preensão palmar - Aferência e eferência ção pode ser testada com o dedo mínimo enluvado, do raízes C6, C7, C8: O estímulo pode ser o dedo examinador, ou utilizando-se o dorso da mão do pró- mínimo do examinador. O bebê com 28 semanas con- prio bebê. A resposta está presente, reflexa, até 7 me- cepcionais apenas flete os dedos, progressivamente ses 12 no RN ocorrem, normalmente, 12 sucções em transmite a força muscular ao longo da mão, punho 10 segundos7. (32 semanas), antebraço e bíceps braquial (a termo)17. R. da voracidade ou pontos cardeais - V afe- No sexto mês, 100% dos lactentes passam da fase de rente e VII eferente: Estimulando-se com um ro- preensão palmar reflexa para voluntária12. çar do dedo do examinador a comissura labial e por- R. Tônico-cervical de Magnus e de Kleijn ção média perilabial superior (3º tempo) e inferior (4º ou Tônico-cervical Assimétrico ( RTCMK ou tempo) há desvio dos lábios para o lado estimulado4. RTCA, postural): Rodando a cabeça para um dos Ocorre em 100% dos RN a termo e desaparece do 3º lados, ocorre abdução e flexão do membro superior do ao 6º mês17. As respostas às estimulações laterais es- lado occipital e abdução e extensão do membro supe- tão presentes desde 28 semanas. rior do lado facial (Posição do esgrimista). O RTCMK R. de endireitamento (R. de integração ves- ou RTCA pode estar ausente ou se apresentar incom- tibular - tônico - postural): Estando o bebê em de- pleto, fragmentado desde as 28 semanas concepcionais cúbito dorsal, ao lateralizar, passiva ou ativamente, a até o terceiro mês pós-termo8,12,17. Resposta fragmen- cabeça ocorre lateralização do tronco e pelve para o tada em membros inferiores, acompanhando o movi- mesmo lado. Este reflexo não é obrigatório no RN. mento dos superiores, também, pode ocorrer. Entretanto, segundo Mcgraw26,27, a mudança de de- R. de Preensão plantar - Aferência e efe- cúbito dorsal para lateral observada a partir do quarto rência em S1: Interpondo-se o dedo mínimo do exa- mês é inicialmente reflexa, com as mesmas bases do minador na base dos artelhos, estes se fletem. Obser- controle tônico da cabeça sobre os seguimentos cor- vado precocemente, nas 25 semanas gestacionais17, porais. sempre presente no RN a termo, este reflexo não mais é obtido no final do primeiro ano12. R. Cutâneo-Plantar - S1 aferente e L4 3. BEBÊ EM DECÚBITO DORSAL - DESPIDO eferente: No sentido artelhos-calcâneo (para que não se desencadeie a preensão plantar), na porção lateral Reflexos Fásicos Apendiculares - Todos do pé do bebê, a estimulação tátil pode ser realizada, os reflexos devem ser obtidos, são exaltados em de- utilizando-se a ponta (unha) do dedo mínimo do exa- corrência da imaturidade da via piramidal, e tornam- minador. Observa-se extensão do hálux em 100% dos se normoativos até o final do segundo ano. Neste pe- RN, desde o mais precoce período8,17. Pode ocorrer ríodo, a presença de clono de pés esgotável é normal, ou não a abertura dos artelhos em leque. A inversão desde que simétrico. do reflexo, isto é, a resposta em flexão do hálux ocor- R. de Moro - Aferência proprioceptiva cer- rerá em 80% dos lactentes, por volta dos doze me- vical, acústica ou vestibular e eferência principal ses12, podendo em alguns casos chegar à metade do em C5-C6: Pode ser desencadeado por um som súbi- segundo ano, sendo bilateral e simétrico, sem clono de to, ou puxando-se o bebê pelos punhos, a partir da po- pés. sição em decúbito dorsal e, em seguida, soltando-o, ou Exame do tono: O tono muscular deve ser com a manobra mais sensível, segundo André Thomas4: examinado em cada segmento, movimentando-se pas- Toma-se no colo o bebê, como se fosse para acalantá- sivamente as articulações, registrando a resistência à lo, porém distanciando-o para que seus membros su- flexão e extensão dos membros e medindo-se os ân- periores fiquem livres para abduzirem. Com a mão gulos de flexão ou extensão, conforme descritos pela esquerda, o examinador apóia-lhe o dorso e, com a escola francesa28. A movimentação passiva dos mem- direita, o occipício. Em seguida, solta-se o apoio do bros e a palpação muscular são a melhor forma de occipício, deixando a cabeça cair alguns centímetros, verificação do tono, embora subjetiva. Aprende-se, apoiando-a novamente. Há abdução dos membros através da prática, a reconhecer a hipertonia fisiológi- superiores e abertura das mãos que estão presentes ca dos membros nos primeiros meses, a hipotonia fi- 36
  • 6. Exame neurológico em crianças. siológica global que se instala a partir do quarto mês e Galant refere-se ao encurvamento lateral do tronco, se estende até o final do segundo ano. A medida de provocado pelo estímulo tátil aplicado no sentido verti- ângulos, além de nos fornecer informações sobre o cal, paravertebral17. tono, é útil para verificação da idade gestacional9. Particularmente úteis são as medidas dos ângulos, de 5. ERGUENDO-SE A CRIANÇA NA VERTI- acordo com Amiel-Tison: O ângulo poplíteo no RN a CAL (EM PÉ) termo varia de 90 a 120 graus e, no sexto mês, chega a 180 graus. O dos adutores das coxas, no RN a Reflexos próprios do RN: R. de sustenta- termo, mede de 70 a 120 graus, e chega a 150-170 no ção dos membros inferiores e global (R. postural). sexto mês. O punho-mão, medido na face ulnar, no Com apoio plantar no plano da mesa de exame, o bebê RN a termo, varia de 0 a 30 graus e, no decorrer do realiza extensão que pode se limitar aos membros inferi- primeiro ano, vai se ampliando até 70 graus. O punho- ores ou se estender ao tronco e região cervical. Preco- ombro, de flexão do antebraço, mede zero graus no cemente presente no pré-termo, pode, entretanto, fal- RN e vai ampliando até 40 graus no final do primeiro tar, sem significado patológico4. Por outro lado, embo- ano. O pé-perna, de flexão do pé, varia de zero a 10 ra haja referências sobre o seu desaparecimento aos qua- graus, no RN a termo, e amplia-se até 60 graus aos 12 tro meses, sua persistência pode ocorrer em crianças meses. O tono do tronco deve ser examinado, através normais confundindo-se com a fase do erguer-se com da flexão (decúbito dorsal), extensão (decúbito ven- apoio, voluntária. R. de colocação (placing) ou “da tral) e lateralização passivas, testando-se assim a mus- escada” (integração córtico-cerebelar): Segurando- culatura abdominal e paravertebral. Observam-se a se a criança erguida, pelas axilas, ao roçar o dorso do simetria de resposta e a amplitude do movimento17. A pé sob a borda de uma mesa, imediatamente a mesma força nos membros inferiores pode ser obtida, através coloca o pé sobre a mesa. Deve ser bilateral e está da manobra de Branco-Lefèvre11, mantendo-os pen- presente em 100% dos bebês17. Não desaparece com dentes fora do leito, ou da mesa de exame, observan- a idade. R. de Marcha (R. postural): Presente de do-se quantidade, qualidade e simetria de movimen- forma incompleta no RN pré-termo de 30 semanas 8,17, tos. atinge sua manifestação máxima nas 37 semanas e desaparece, em 100% dos casos, no terceiro mês, após 4. PUXANDO-SE A CRIANÇA PARA A POSI- o termo12. ÇÃO SENTADA 6. SUSPENSÃO VENTRAL Exame do tono: A manobra de tração4 per- mite verificar o tono cervical. Puxando-se o bebê pe- Exame do tono: Erguendo-se o bebê em posi- los punhos, da posição em decúbito dorsal para senta- ção ventral, apoiado no tórax, pode se testar o tono da, a cabeça pendente é sinal de hipotonia cervical extensor do tronco e cervical. Esta manobra é parti- anterior, que até o final do terceiro mês, no lactente cularmente útil no primeiro ano de vida e permite dife- nascido a termo, é fisiológica. Mantendo-se o bebê renciar, por exemplo, hipotonia patológica da hipotonia sentado com apoio nas axilas e deixando-se a cabeça fisiológica que se observa a partir do quarto mês12. A cair para frente, ocorre imediata extensão cervical, de- resposta extensora máxima do tronco, cervical e mem- monstrando tonicidade normal no grupo muscular bros constitui o R. de Landau, que ocorre a partir do posterior, extensor cervical. No final da primeira se- quarto mês. Este foi chamado R. Landau I por Diament mana, 95% dos RN nascidos a termo apresenta a que, também, descreveu o Landau II em que, durante musculatura cervical posterior normotônica17. a resposta à pesquisa do Landau I, forçando-se uma R. de encurvamento do tronco - Aferentes flexão da cabeça, há flexão reflexa do tronco e mem- e eferentes nervos intercostais: Um estímulo tátil bros. Estes são reflexos tônicos posturais e labirínticos horizontal no trajeto de qualquer das raizes dorsais de- que não desaparecem com a maturação. sencadeia encurvamento do tronco, por contração da musculatura paravertebral. Este reflexo, com o estímulo 7. DECÚBITO VENTRAL suave, que se aplica no RN, desaparece em torno do oitavo mês, porém estímulo mais intenso e inespe- Reflexos próprios do RN: R. do Arrastre rado pode elicitá-lo em qualquer idade. Reação de (R. postural). Ao ser colocado em decúbito ventral, 37
  • 7. C. A. R. Funayama o RN imediatamente inicia movimentos de reptação retificada, indicando tono adequado no tronco. Outra reflexa, com duração de alguns segundos. Este refle- fase ocorre até o décimo segundo mês, quando o bebê xo não está presente em todos os RN. Não foi estuda- pode passar sozinho da posição em decúbito dorsal do em pré-termos e se desconhece o período de de- para sentado29. Quanto à marcha sem apoio, ocorre saparecimento. Pode ser desencadeado pela manobra até os 12 meses, em 20% das crianças brasileiras nor- de Bauer, promovendo-se com a mão do examinador mais7. A aquisição da marcha sem apoio, de modo geral um apoio plantar com o bebê na mesma posição e exer- tem sido considerada até a idade de 18 meses29. En- cendo-se leve força, ocorre a propulsão. R de Pas- tretanto existem crianças, inclusive na mesma família, sagem do Braço17: Estendendo-se os membros su- que deambulam um pouco mais tarde, no final do se- periores do bebê em decúbito ventral, ao longo do cor- gundo ano, sem apresentarem patologia. po, e procedendo-se rotação de sua cabeça para um Para atingir a fase do sentar-se sem apoio é dos lados, este, imediatamente, realiza abdução e flexão necessário, além de ter completado a maturação cer- do membro superior em direção à face. Faz-se a rota- vical, ter também completado a fase de mudança de ção da cabeça para um lado e depois para o outro. decúbito. Até o final do quinto mês, os bebês mudam Exame do tono: Em decúbito ventral, o bebê de decúbito prono para supino e até o final do sétimo pode ser examinado quanto ao tono cervical posterior, mês, de supino para prono29. A passagem de supino para abdominal e paravertebral. A reação de fuga à asfixia, prono, com rotação do tronco e apoio lateral da mão descrita por Illingworth, deve-se ao tono normal da fazem parte do movimento para o sentar sem apoio. musculatura cervical posterior, que permite a exten- Cerca de 12 a 20% dos bebês não engatinham são da cabeça. O tono abdominal e paravertebral po- e cerca de 3% exibem o engatinhar atípico30 , ou seja, dem ser examinados, através da extensão passiva da evoluem bem até o sentar sem apoio, engatinham de coluna vertebral, elevando os membros inferiores da nádega, ou de barriga, ou reptando para trás e demo- mesa de exame e observando-se a amplitude do movi- ram até 24 meses para andar sem apoio. Esta variação mento. no modo de engatinhar tem sido atribuída a assimetrias no tono global ou hipotonia, com dificuldade do bebê 8. POSTURA E MARCHA para suportar o próprio peso. Não há estudos comple- tos, até o momento abordando esta hipótese. A seqüência no desenvolvimento postural obe- A prova do equilíbrio estático, através da capa- dece sempre à mesma ordem: Primeiro, o bebê firma cidade de manter-se em pé sem apoio, com os pés o pescoço, e em seguida, sucessivamente com e sem unidos somente é possível a partir dos três anos de apoio, senta-se, ergue-se e anda. Variações culturais idade. Aos três anos, a criança atende ao comando do no manejo do bebê modificam o período das fases, examinador permanecendo em pé, de pés unidos, por mas não a sua seqüência. 30 segundos, mas não obedece ao comando de fechar O controle cervical ocorre primeiro no grupo os olhos, o que somente realiza aos quatro anos18. posterior ou extensor e depois, até o final do terceiro Ao desenvolvimento das estruturas estatociné- mês, no grupo anterior. ticas se vincula o aparecimento dos reflexos de apoio O “sentar com apoio” deve ser observado, pelo lateral e de precipitação ou pára-quedas31. Ambos menos em duas de suas fases: Uma fase ocorre em iniciam seu aparecimento em torno do oitavo mês, torno do sexto mês, quando, colocando-se o bebê sen- pós-nascimento a termo e estão sempre presentes aos tado, este permanece por algum tempo sem cair para 12 meses. O R. de apoio lateral se obtém quando o os lados, apoiado nas próprias mãos (colocadas pelo lactente se senta sozinho. Estando sentado, mãos sobre examinador) entre os membros inferiores29. Há cur- as coxas, ao ser empurrado para um dos lados, estende o vatura da coluna vertebral, com cifose lombar, em de- membro superior e apóia-se, lateralmente, com a mão corrência da hipotonia do tronco. Outra fase ocorre espalmada na mesa de exame. Deve-se proceder da por volta do nono mês, quando a criança senta por si mesma forma no outro lado e verificar simetria de res- mesma, agarrando-se a um suporte29. posta. O R. de precipitação é obtido elevando-se o O “sentar sem apoio”, também, deve ser obser- bebê em suspensão ventral e procedendo rápida inclina- vado pelo menos em duas fases: Uma, em torno do ção do polo cefálico, em direção à mesa de exame. Há nono mês, quando, colocando-se o bebê sentado, este anteposição e extensão dos membros superiores, si- permanece por algum tempo sem apoio das mãos, mas metricamente, buscando apoio das mãos sobre a mesa pode desequilibrar-se para os lados. A coluna está de exame. 38
  • 8. Exame neurológico em crianças. Quando a marcha se torna independente, inicial- dibular do trigêmeo, respectivamente. O R. de en- mente, no segundo ano, apresenta-se com base alargada curvamento do tronco, já descrito, pode ser provo- em decorrência da imaturidade cerebelar. Entretanto cado ao longo da região paravertebral, testando-se não é ebriosa. Logo a criança contorna bem obstácu- desde os segmentos T4 até L1. Os R. cutâneo-abdo- los e, no terceiro ano, consegue correr19. Provas para minais abrangem T 6 a T12 , o R. cremastérico, teste do equilíbrio dinâmico dos três aos sete anos de L1 e L2 e o R. anal superficial, S2 a S5. A sensibilida- idade foram descritas por Lefèvre, 197213 e são úteis de proprioceptiva inconsciente pode ser avaliada, em para verificação do grau de maturação ou sinais de parte, através da marcha espontânea, observando-se comprometimento das vias ligadas ao equilíbrio, coor- a forma como a criança apóia os pés no chão ao dar denação e sensibilidade. Estão descritas no esquema os passos. Funções perceptivas inconscientes, com- final deste resumo. plexas, que envolvem integração das várias modalida- des de sensibilidade, vão amadurecer ao longo da pri- 9. COORDENAÇÃO MOTORA meira década de vida. Assim, por exemplo, a percep- ção da saliva e sua contenção dentro da cavidade oral, A preensão palmar passa a ser voluntária, em e a consciência de partes do seu próprio corpo, estão 100% das crianças, aos 4 meses12. Inicialmente, a maduras em torno de 24 meses. preensão é predominantemente ulnar, em seguida medial A coordenação visuomotora é uma das fun- e, até o final do primeiro ano deve ser em pinça6. Apa- ções corticais superiores, que pode ser avaliada pre- nhar um objeto sem errar o alvo ( Eumetria) amadu- cocemente. No terceiro mês, o bebê olha para as pró- rece ao longo dos dois primeiros anos. Justificam-se prias mãos18. Logo, inicia movimentos de apanhar a as tentativas e erros ao tentar alcançar a colher e outra mão presente no campo visual, fazendo o mes- levá-la à boca. Não se observam, entretanto, tremo- mo com objetos colocados neste campo18. No quinto mês, res. A prova index-nariz é fidedigna a partir dos 4 passa a estender os membros superiores para buscar o anos13,32. Até o sétimo ano, é perfeita a eudiadococi- objeto próximo ao campo visual, voluntariamente, e o nesia, ou seja, movimento alterno da mão estendida, passa de uma para outra mão. Do oitavo ao décimo em pronação-supinação do antebraço13,32. A prova cal- segundo mês, descobre um objeto que observa ser es- canhar-joelho não foi testada em crianças. Aos 7 anos, condido sob um lenço 19. A prova lenço-rosto pode ser pode se verificar a prova de coordenação tronco-mem- utilizada no período neonatal, registrando-se o com- bros, em que, estando a criança em decúbito dorsal, portamento do bebê24 e, em torno do oitavo mês, o braços cruzados, senta-se sem apoio e sem elevar o lactente exibe movimento de retirada do lenço, colo- calcanhar13. cado pelo examinador sobre o seu rosto12. Enquanto observamos aspectos semiológicos 10. SENSIBILIDADE E FUNÇÕES CORTI- motores e sensitivos bem definidos da fase sensório- CAIS SUPERIORES motora, neste período estão se desenvolvendo, tam- bém, as funções corticais superiores, como as praxias Observamos que, no RN a termo, há resposta à e gnosias, resultantes de integração das diversas áre- pesquisa de todos os reflexos fásicos, superficiais, e as corticais, e a tríade atenção-memória-evocação, que dos 12 pares de nervos cranianos. A sensibilidade su- envolve estruturas como córtex e formações reticulares perficial termalgésica e tátil grosseira, também, estão de tronco e tálamo. As interligações intracorticais em adiantada fase de amadurecimento, podendo-se amadurecem além deste período, chegando a duas ou pesquisá-las, entretanto, apenas qualitativamente, atra- três décadas de vida22. Praxia significa “fluência na vés das reações motoras até os 5 anos de idade, quan- seqüência” de movimentos para uma finalidade, como do a criança começa a fornecer informações mais fi- abotoar, amarrar sapatos, falar, assoprar uma vela, dedignas. O mesmo ocorre à investigação da sensibi- assoviar, escrever. Quanto a praxia de mãos, aos 4 lidade proprioceptiva vibratória, artrocinética e noção anos a criança é capaz de abotoar e aos 7 anos dar de posição seguimentar. Em relação à sensibilidade laço no sapato19. Aos 5 anos, em torno de 50% das tátil grosseira, entretanto, pode-se observar sua pre- crianças, realiza movimentos como abrir uma das mãos sença ou ausência através dos reflexos cutâneos: Na e fechar a outra alternadamente, como também unir, face, os R. córneo-palpebral e o R. dos pontos seqüencialmente, o polegar aos demais dedos32. As cardeais testam os ramos oftálmico, o maxilar e man- idades para os movimentos bucofonatórios, como 39
  • 9. C. A. R. Funayama assoprar, chupar no canudinho, bem como os mais praxia); uma caixa de lápis de cera (cores, noção de complexos como exteriorizar a língua e colocá-la para quantidade, desenhos), passas secas (preensão em pin- cima, ou entre o lábio inferior e gengiva, não estão ça), uma bola de tênis (coordenação), cartões com bem estabelecidas. A praxia de fala, ou seja, a capaci- desenhos para cópia: circulo, quadrado, triângulo, dade de seqüenciação das sílabas nas palavras, sem cruz, losango (coordenação visuomotora); um carri- hesitações, depende do amadurecimento da zona nho pequeno com fio de um metro (equilíbrio dinâmi- pre-motora da linguagem e suas conexões, o que ocorre co), dois fios de lã de tamanhos diferentes (noção de em torno dos 2 anos, quando a criança emite palavras tamanho); dado pequeno, bolinha de gude, moeda, al- e constrói frases agramaticais. Gagueira fisiológica godão (estereognosia); quadro temático simples (re- pode ocorrer em torno de três anos de idade. conhecimento de figuras e descrição). Gnosia significa “reconhecimento” e, portanto, está ligada às vias de recepção auditiva, visual ou tátil discriminativa. A gnosia auditiva pode ser testada pelo EXAME NEUROLÓGICO E DO DESENVOL- reconhecimento de ritmos, sons e, no hemisfério do- VIMENTO DA CRIANÇA (Período de 0 a 7 anos) minante para a fala, a gnosia verbal, ou seja, o reco- Em qualquer idade nhecimento dos sons da fala. A gnosia visual pode ser • Devem estar presentes todos os reflexos miotáticos testada através de “discriminação” de formas como fásicos, esperados para o adulto, bem como a semi- bandeiras (colocam-se duas iguais entre outras para ologia completa dos 12 pares de nervos cranianos, e serem encontradas) para a idade de 5 anos, ou para sensibilidades, com a ressalva das particularidades, idade acima de 8 anos os testes propostos por Luria33. e às vezes impossibilidades técnicas para obtenção Gnosia tátil pode ser testada através do reconhecimen- dos mesmos, em cada idade. to de formas pelo tato (estereognosia), a partir dos 4 anos13. Até um mês de idade Formas mais complexas de gnosias, que são re- • Olha para o rosto das pessoas que o observam. sultado de integração entre as acima citadas, nos for- • Segue na horizontal, com os olhos, a luz de uma necem importantes informações sobre as aquisições lanterna colocada a 30 cm dos olhos. corticais superiores, como a integração visuo-espacial • Ao ouvir uma voz chamando-o, reage de algum modo: e visuomotora que podem ser avaliadas, através do mudando o ritmo da respiração ou abrindo mais os olhos e demonstrando “atenção ou rodando a cabeça teste de Bender34. Todas as formas de gnosia e praxia para um dos lados como se quisesse localizar a fon- são importantes para a aquisição de leitura e escrita te do som”. espontânea ou sob ditado, havendo maturação de áre- • Colocado em DV, levanta a cabeça por alguns se- as específicas envolvidas com símbolos gráficos da gundos. língua, independentemente da maturação do reconhe- • Reflexos primitivos obrigatórios desde o nascimen- cimento e praxia para outros símbolos. to: Sucção, voracidade, preensão palmar, preensão No esquema abaixo, introduzimos itens de se- plantar, moro, colocação, encurvamento do tronco, miologia neurológica geral, evolutiva e outros parâme- cutâneo plantar em extensão. Reflexos primitivos não tros do desenvolvimento. Os itens apresentados reú- obrigatórios: Marcha, RTCMK, sustentação, arrastre, nem propostas dos diversos autores já citados, incluin- endireitamento. do Gesell18 e dados da Escala de Denver19. Estes itens foram escolhidos a partir da informação de que Três meses • Sorri reativamente. pelo menos 95% das crianças nascidas a termo ou • Olha para as próprias mãos. com idade corrigida devem estar cumprindo estes itens, • Junta as mãos. nas idades consideradas. Assim se torna mais útil a • Ao ouvir uma voz, fica atento. aplicação da mesma nas avaliações onde se busca uma • Colocado em DV, apoia-se sobre os MMSS fletidos idade limite para a normalidade, a partir da qual se • Desaparece o R. de marcha e tônico-cervical assi- considera atraso. métrico. Na medida do possível, constatamos os dados durante o exame, sem interrogar a mãe sobre os mes- Quatro meses mos. Além do material de exame neurológico clássico, • Sons guturais (“AN GU”) os seguintes materiais devem ser utilizados: 8 cubos • Colocado sentado, a cabeça fica firme. de 2,5 cm de lado (para provas de coordenação e • Início de preensão palmar voluntária. 40
  • 10. Exame neurológico em crianças. Seis meses • Aponta para figuras em um livro. • Inicia sons vocálicos: “AAAAAA” • Faz rabiscos no papel. • Localiza som (molho de chaves), na altura dos ou- • Torre de quatro cubos. vidos. • Chuta um bola. • Em DV, estende os membros superiores e eleva o • Sobe e desce de uma cadeira. tórax. • Muda decúbito. Dois anos e meio • Sentado, o tronco ainda cai para a frente e para os • Nomeia figuras simples. lados. • Copia traços, sem direção. • Apanha o objeto e passa para outra mão. • Joga a bola de cima para baixo. • Reflexos primitivos ausentes, exceto o de preensão • Sobe escada, colocando os dois pés em cada degrau. plantar e cutâneo-plantar em extensão. • Corre. Oito meses Três anos • Alcança, olha, passa para a outra mão, e explora o • Frases gramaticais.( EU) objeto. • Diz o próprio nome completo. • Gagueira fisiológica. Nove meses • Brinca de faz-de-conta. • Lalação: “BAA BAA BAA” “TAA TA TA” MA-MA”. • Copia um círculo. • Localiza som ao lado e acima da cabeça (até 13 • Copia traço na vertical. meses). • Sentado, fica sozinho, tronco ereto, sem cair. • Torre de 8 cubos. Até 3a e 6m faz ponte. • Recusa aproximação de pessoas estranhas. • Anda para trás 3 metros, puxando um carrinho. • Descobre objeto que observa ser escondido ao seu • Equilíbrio estático com olhos abertos. alcance. • Pedala triciclos. • Coloca os sapatos, não faz laço. Doze meses • Lalação: “Mama” “Papa” “Dada” Quatro anos • Procura o objeto que cai ou rola de suas mãos. • Vai sozinho ao vaso sanitário. • Preensão usando os dedos polegar e indicador • Controle da enurese noturna. (Pinça). • Frases completas. Ainda troca letras: R por L, S • Põe-se em pé com apoio. por T; ou suprime as letras (sapato por pato). • Em DV, senta-se sem ajuda • Usa plural. • R. de apoio lateral e pára-quedas. • Senso de humor, noção de perigo. • R. de preensão plantar ausente. • Preensão do lápis igual adulto. • Copia cruz. Dezoito meses • Noção de “mais comprido”. • Primeiras palavras-frases: “Dá” • Lava as mãos e ajuda no banho. • Brinca imitando (telefone no ouvido, tenta rabiscar). • Agarra uma bola arremessada. • Aponta para o que quer. • Sobe escada alternando os pés. • Torre de 2 cubos. • Equilíbrio estático com olhos fechados. • Vence obstáculos, abre porta. • Anda sem ajuda. Quatro anos e meio • R. Cutâneo-plantar em flexão. • Compreende frio, cansaço, fome. • Compreende perto, longe, em cima, em baixo. Dois anos • Abotoa a roupa • Combina 2 palavras • Associa idéias: aperta o interruptor e olha para a lâm- Cinco anos pada. Aponta para a bolsa, por. ex., da mãe e diz “mamãe”. Seis anos • Copia um quadrado. • Imita trabalhos caseiros. • Desenha homem com 6 partes • Retira a roupa. • Anda para trás colocando um pé atrás do outro (pon- • Usa a colher. ta do pé-calcanhar), com olhos abertos, 2 metros. • Aponta para partes do corpo. • Estereognosia. 41
  • 11. C. A. R. Funayama Sete anos atrás do outro (ponta de pé-calcanhar). • Noção de hora, dia, mês e ano. • Joga bola em uma altura 30 x 30 cm e 2 m, fazendo • Fornece o endereço completo. abdução do MS (joga por cima). • Descreve o que vê. • Anda colocando o calcanhar na ponta do outro pé, • Copia triângulo e inicia a cópia do losango. para frente 2 metros, com olhos abertos. • Amarra o cordão do sapato. • Conhece as cores primárias. • Reconhece direita e esquerda no próprio corpo. • Desenha de memória a figura humana. • Salta e bate duas palmas, antes de tocar os pés no • Fica longe da mãe sem protestar. chão. • Conta histórias, fala sem trocar letras. • Eudiadococinesia. • Escolhe amigos. • Fica parado em pé, por 10 segundos com um pé • Se veste sem ajuda. FUNAYAMA CAR. Neurologic examination in children. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 32-43, jan./mar. 1996 ABSTRACT: The author details the current method of neurologic examination from neonatal period to seven years old, emphasizing maturative features and presenting a scheme that includes data from neurologic examination and developmental diagnosis. UNITERMS: Child Development. Infant; Newborn. Neurologic Examination. Child REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10. CORIAT LF Evolution de las atitudes posturales del lactante. Arch Argent Pediatr 56: 17-27, 1960. 1. MAGNUS, R & DE KLEIJN A Die Abhangigkeit des tonus der 11. LEFÈVRE AB Contribuição para a padronização do exa- extremitenmuskeln von der Kopfstellung Pfliigers. Arch Ger me neurológico do recém-nascido normal. Tese de Physiol 145: 455, 1912. Livre Docência, Faculdade de Medicina da USP, São Paulo, 1950. 2. MORO E Das erste trimenon. Munch Med Wochenschr 65: 1147, 1918. 12. DIAMENT AJ Contribuição para a sistematização do exa- me neurológico de crianças normais no primeiro ano 3. LANDAU A. Uber einen tonischen lagereflex beim alteren de vida. Tese de Livre Docência, Faculdade de Medicina da saugling. Klin Wochenschr 2: 1253, 1923. USP, São Paulo, 1967. 13. LEFÈVRE AB Exame neurológico evolutivo. Sarvier, São 4. THOMAS A & DARGASSIES S Etudes neurologiques sur Paulo, 1972. le nouveauné et le jeune nourison. Masson, Paris, 1952. 14. LEFÈVRE BH Neuropsicologia infantil. Sarvier, São Pau- 5. ILLINGHWORTH RS The development of the infant and lo, 1989. the young child normal and abnormal. E & S Livingstore, Edinburgh, London, 1960. 15. GUARDIOLA A; FERNANDEZ LL & ROTTA NT. Um modelo de avaliação das funções corticais. Arq Neuropsiquiatr 6. SHERIDAN MD The development progress of infants 47: 159-164, 1989. and young children. HMSO, London, 1968. 16. SIEGEL LS. Correction for prematurity and its consequences 7. PRECHTL H & BEINTEMA D The neurological examination for the assesment of the very low birth weight infant. Child of the full-term newborn infant. Heinemann Medical Dev 54: 1176-1188,1983 Books, London, 1964. 17. DARGASSIES S Desarrollo neurologico del recien nacido de termino y prematuro. Médica Panamericana, 8. BRANDT I Patterns of early neurological development. In: Buenos Aires, 1977. FALKNER W & TANNER JM The human growth, 2th ed JM Plenum Press, London, v.3, Cap. 8, p. 469-518, 1986. 18. GESELL A & AMATRUDA CS. Development diagnosis. Paul C. Hoeber, New York, 1956. 9. DUBOWITZ LMS; DUBOWITZ,V & GOLDBERG C Clinical assesment of gestacional age in the newborn infant. J 19. FRANKENBURG WK. Denver developmental screening test. Pediatr 77: 1, 1970. J Pediatr 71: 181-191, 1967. 42
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