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1
DIRETRIZES DE

CÂNCER DE
PRÓSTATA




    Rio de Janeiro
         2011
Diretrizes de Cancêr de Próstata/ Marco F. Dall’Oglio (Coord.); Ale
    xandre Crippo. Eliney Ferreira Faria, Gustavo Fraqnco Cavalhal,
et al. Rio de Janeiro: SBU - Sociedade Brasileira de Urologia, 2011.
    92p.; 18x25cm.



   1- Neoplasias da Próstata. I. Dall’Oglio, Marco F. II. Crippo, Ale-
xandre. III. Faria, Eliney Ferreira. IV. Carvalhal, Gustavi Franco.

                                                         CDD 616.65
Coordenador
Marcos Francisco Dall’Oglio

Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo

Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Ins-
tituto do Câncer do Estado de São Paulo e
da Divisão de Clínica Urológica do Hospital
das Clínicas - HCFMUSP
MeMbros partiCipantes


Alexandre Crippa
Doutorado em Medicina (Urologia) pela          Leonardo Oliveira Reis
Universidade Federal de São Paulo. Uro-        Professor Assistente, Mestre e Doutor da
-Oncologista da divisão de Urologia do HC-     Divisão de Urologia Oncológica da Fa-
-FMUSP E ICESP  .                              culdade de Ciências Médias da Universi-
                                               dade de Campinas (Unicamp), SP   .
Eliney Ferreira Faria
Doutorado em Oncologia- USP / São Paulo.       Lúcio Flávio Gonzaga Silva
Chefe do Departamento de Uro-oncologia         Professor adjunto do Departamento
do Hospital de Câncer de Barretos.             de Cirurgia da Universidade Federal do
                                               Ceará. Professor do Programa de Pós-
Gustavo Franco Carvalhal                       -graduação de Cirurgia da Universidade
Doutorado em Urologia pela Universida-         Federal do Ceará e de Oncologia Cirúr-
de de São Paulo. Fellow em Uro-oncologia       gica da Escola Cearense de Oncologia do
pela Washington University School of Me-       Instituto do Câncer do Ceará.
dicine.
                                               Milton Berger
José Cosisfran Milfont                         Chefe do Serviço de Urologia do Hospi-
Membro do departamento de Urologia da          tal das Clínicas de Porto Alegre, Professor
SBU, Professor de pós-graduação da PUC –       Adjunto da Universidade Federal do Rio
RJ e diretor do Instituto de Urologia do Rio   Grande do Sul, Chefe do Departamento
de Janeiro.                                    de Cirurgia da Universidade Federal do
                                               Rio Grande do Sul.
José Pontes Jr
Doutorado em Urologia pela Universidade        Renato Prado Costa
de São Paulo. Uro-Oncologista da divisão       Médico Urologista e Chefe do Serviço da
de Urologia do HC-FMUSP E ICESP.               Fundação e Hospital Amaral Carvalho,
                                               Jaú, SP.
Katia Ramos Moreira Leite
Professora Livre Docente do Departamen-        Thiago Fagundes Nunes
to de Cirurgia, Disciplina de Urologia da      Membro do Departamento de Uro-
Faculdade de Medicina da Universidade de       -Oncologia da Sociedade Brasileira de
São Paulo. Chefe do Laboratório de Investi-    Urologia, Titular da Sociedade Brasileira
gação Médica da Disciplina de Urologia da      de Urologia, Urologista do Hospital Vera
Faculdade de Medicina da USP - LIM55.          Cruz, Campinas – SP  .
suMário
Rastreamento do câncer de próstata                             11
Indicações da biópsia de próstata                              19
Patologia do câncer de próstata                                25
Estadiamento do câncer de próstata                             33
Tratamento do Câncer de Próstata Localizado                    41
Tratamento das sequelas do tratamento (cirurgia e radioterapia)
Incontinência Urinária e Disfunção erétil                       49
Cancer de prostata localmente avançado                         57
Tratamento de resgate após cirurgia e radioterapia             63
Observação Vigilante                                           71
Tratamento do câncer de próstata metastático                   75
Prevenção do câncer de próstata                                85
desCrição da Metodologia
A revisão bibliográfica de artigos científicos dessa diretriz Laser e Hi-
perplasia Benigna da Próstata (HBP) foi realizada com a base de da-
dos PubMed. A busca de recomendação de trabalhos clínicos utilizou
os critérios do Centro de Medicina Baseada em Evidências de Oxford
– Inglaterra, selecionando descritores (MeSH terms) agrupados de
acordo com os temas interessados em diferentes combinações:

Palavras-chaves: câncer de próstata/patologia; disfunção erétil;
câncer de próstata/radioterapia; braquiterapia; câncer de prós-
tata/quimioterapia; estadiamento de neoplasias; prostatectomia;
ressecção transuretral da próstata; biópsia; antígeno prostático
específico; rastreamento

Grau de Recomendação:
Foram utilizados os seguintes critérios:
A – Estudos experimentais ou observacionais de melhor
consistência
B – Estudos experimentais ou observacionais de menor
consistência
C – Relatos de casos (estudos não controlados).
D – Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em
consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.

Objetivo
Propor um documento atualizado sobre o câncer de próstata e suas
implicações clínicas que proporcione aos urologistas, instituições
de saúde e médicos em geral fácil acesso à informações científicas
para tomada de decisões.

CONFLITO DE INTERESSE: não houve
rastreaMento
                   do CânCer de próstata




Introdução                                         CaP no decorrer da vida, ou seja, aproxima-
    O uso disseminado do toque retal (TR)          damente 1 em cada 6 terão esta neoplasia4.
e do antígeno prostático específico (PSA)          No Brasil, segundo o Instituto Nacional do
ocasionou um aumento na incidência do              Câncer (INCA), espera-se mais de 52 mil ca-
câncer de próstata (CaP). Entretanto um            sos novos de CaP em 2010.1
dos maiores desafios com relação à sua
detecção é a imprevisível história natural,        O dever de informar e compartilhar
que pode incluir desde tumores indolentes          a decisão de rastrear o CaP
até outros extremamente agressivos, ge-               Enquanto persistirem as dúvidas e con-
rando controvérsias com relação a: como e          trovérsias sobre o rastreamento de CaP, é
quando diagnosticar e tratar os portadores         ético envolver os homens na tomada desta
de CaP1. Um estudo baseado em autópsias            decisão, informando-os sobre os aspectos
mostrou que aproximadamente, um em                 básicos do rastreamento, riscos e poten-
três homens após 50 anos tem evidência             ciais benefícios. Devem ainda sentir-se
histológica de CaP, com até 80% destes tu-         confortáveis com sua opção de se rastrear
mores clinicamente insignificantes em grau         ou não5 (NE 5 – GR D).
e tamanho2 (NE 2C – GR B). Mesmo quando
diagnosticado clinicamente, o CaP ainda é          Aspectos emocionais
a neoplasia mais comum em homens (ex-              do rastreamento do CaP
cluindo o câncer de pele não-melanoma)                Avaliações gerais de ansiedade e “stress”
correspondendo a mais de 217.000 casos             têm sido descritas para o rastreamento de
novos esperados em 2010 nos Estados Uni-           CaP, o que também poderia ser aplicado em
dos (EUA), significando 25% de todos os            qualquer outra doença. Após várias formas
tumores malignos diagnosticados no sexo            de avaliação (questionários, escalas, medi-
masculino, e mais de 32.000 indivíduos             das de cortisol, etc). Um estudo mostrou
morrerão em decorrência da doença3. Em             aumento de ansiedade/stress (aumento de
torno de 16% dos homens nascidos hoje              cortisol) em homens rastreados6 (NE 2C –
nos EUA tem probabilidade de desenvolver           GR B), enquanto outros não associaram o


                                              11
rastreamento à ansiedade7-10 (NE 2A – GR          idade, se o homem não tiver no mínimo 10
B). Nota-se que existem poucas evidências         anos de expectativa de vida haveria baixo
de que o rastreamento do CaP aumente              potencial de beneficio com o rastreamento
significativamente os níveis de ansiedade         (NE 5 – GR D)20.
em relação à população geral, no entanto,
quando o PSA se torna elevado os níveis           O papel do toque retal (TR)
de ansiedade dos rastreados tornam-se                 O TR pode ser considerado desconfor-
mais elevados11.                                  tável e uma barreira pela população, mas
                                                  ainda tem importância no rastreamento
Faixa etária para rastreamento do CaP             e no estadiamento, apesar de ser subjeti-
    A American Cancer Society recomenda           vo e com variabilidade interpessoal entre
que homens recebam as informações sobre           examinadores21. (NE 2C – GR B). Faria et al.
rastreamento e tomem a decisão de fazê-lo         mostraram na população brasileira, com
sempre que apresentarem uma expectativa           mais de 17.500 homens rastreados, valor
de vida de pelo menos 10 anos, iniciando          preditivo positivo (VPP) do TR de 21% em
a partir dos 50 anos12, exceto em homens          homens com PSA< 4,0ng/ml16. (NE 2C – GR
da raça negra ou com parentes de primei-          B). Estes dados demonstram que apesar de
ro grau (pai ou irmão) diagnosticados com         haver dúvidas sobre o real papel do TR no
CaP, os quais deveriam começar aos 45             rastreamento de CaP, este exame pode au-
anos13 (NE 5 – GR D). A American Urologi-         mentar a detecção de tumores em homens
cal Association e a National Comprehensive        com PSA baixo.
Cancer Network indicam o início do rastre-
amento a partir dos 40 anos de idade para         Valor de corte do PSA
homens motivados14,15 (NE 5 – GR D). Faria           O PSA não é “câncer-específico”, e pode
et al16(NE 2C – GR B) encontraram apenas          elevar-se em outras doenças da próstata
0,6% dos casos de CaP do estudo na faixa          como, por exemplo, hiperplasia prostática
etária entre 45 e 49 anos.                        benigna (HPB), prostatites, isquemia e in-
    Indivíduos da raça negra apresentam           farto prostáticos, etc22. Na faixa etária do
maior risco de desenvolverem câncer de            rastreamento para CaP, em torno de 20%
próstata, tumores mais agressivos e mais          dos pacientes com HPB têm PSA acima de
precoces3,17 (NE 3B – GR B). Embora a             4 ng/ml23 (NE 3 – GR B).
maioria dos casos de câncer de próstata              Desde que o PSA emergiu como teste
sejam esporádicos, a presença de neopla-          de rastreamento o valor abaixo de 4,0 ng/
sia familiar pode incorrer em doença mais         ml foi aceito como normal24. (NE 2B – GR
agressiva e em um maior risco de morta-           B). O estabelecimento de valor de corte
lidade, e alguns consensos levam isto em          para o PSA significa a tentativa de garantir
consideração18 (NE 5 – GR D).                     a maior acurácia diagnóstica25 .Entretanto,
    Algumas entidades como U.S. Preventi-         dados da literatura mostraram que tumo-
ve Task Force não recomendam o rastrea-           res de alto grau podem ser encontrados em
mento após 75 anos19 (NE 5 – GR D). Quan-         pacientes que fizeram biópsia de próstata
do não se faz rastreamento de CaP após 75         mesmo com PSA < 4,0 ng/ml e que tumores
anos, reduz-se o número de “superdiag-            diagnosticados com PSA entre 2,5 e 4,0 ng/
nóstico” e “super tratamento”. Acima desta        ml podem ser comparáveis aos detectados


                                             12
com valor deste teste entre 4 e 10 ng/ml26,          a densidade de 0,15 foi considerado houve
(NE 2A – GR B), o que levou à redução do             perda em torno de 30% dos casos de CaP,
valor de corte do PSA para 2,5 ng/ml em              e não recomendam o uso deste parâmetro
alguns guidelines principalmente para ho-            para rastreamento31 (NE 2C – GR B).
mens mais jovens 15 abaixo de 60 anos27.
(NE 2C – GR B). Alguns autores sugeriram             Relação PSA Livre/Total
pontos de corte mais baixos para indivídu-               A relação percentual entre PSA livre e
os da raça negra, mas tais condutas não fo-          PSA total (rPSAl/t), é geralmente menor
ram adotadas pela maioria dos consensos              em pacientes com CaP do que em pacien-
de especialidades28.                                 tes com HPB e prostatite32. Dessa forma,
   Em resumo, cabe ao médico avaliar o               a rPSAl/t pode ser aplicada para melhorar
valor de corte do PSA para cada homem in-            a especificidade do PSA. Aqueles homens
dividualmente. A fim de manter o diagnós-            com rPSAl/t ≤ 15% tem maior detecção
tico de tumores agressivos sem aumentar              de CaP em relação aqueles com valores >
demais o diagnóstico de tumores indolen-             15%, e com diferença estatisticamente sig-
tes. Para melhorar a especificidade do PSA,          nificante32 (NE 2C – GR B). A utilização da
pode-se utilizar alguns artifícios como: a           rPSAl/t em níveis de PSA entre 4,0 e 10,0
velocidade e a densidade do PSA, e a rela-           ng/ml melhora significativamente a espe-
ção entre PSA livre e total (rPSAl/t).               cificidade do PSA em torno de 20% compa-
                                                     rado com o uso somente do PSA total, e é
Velocidade do PSA                                    um preditor independente para detecção
   A cinética do PSA tem sido muito valori-          de CaP na biópsia inicial33 (NE 2C – GR B)
zada nos últimos anos para aumentar a es-            Faria et al mostraram que a percentagem
pecificidade deste teste. O aumento de PSA           de biópsias positivas para homens com
acima de 0,75 ng/ml por ano parece estar             PSA ≥ 4,0 ng/ml foi de 38,6% e 52,7%, para
associado ao alto risco de CaP em homens             valores de rPSAl/t acima e abaixo de 15%,
com PSA inicial entre 4 e 10 ng/ml. Porém,           respectivamente16 (NE 2C – GR B).
valores da velocidade de elevação do PSA
de 0,4 ng/ml por ano podem ser usados                Intervalo ideal para o rastreamento
com PSA inicial abaixo de 4,0 ng/ml, prin-                Apesar de existirem relatos de intervalo
cipalmente em homens mais jovens29 (NE               anual ou bianual de rastreamento, o inter-
2C – GR B).                                          valo ideal para realização do rastreamento
                                                     não esta claro. Há evidencias de que ho-
Densidade do PSA                                     mens com PSA inicial muito baixo (ex. <1,0
    A relação entre valor do PSA e o tamanho         ng/ml) raramente apresentarão indicação
da próstata também pode ser usada para               de biópsia prostática em dois ou quatro
melhorar a especificidade do teste. Gusta-           anos. No entanto, os tumores diagnostica-
fsson et al. observaram que o valor predi-           dos com aumento rápido de PSA costumam
tivo positivo (VPP) para densidade do PSA            estar associados a uma maior taxa de mor-
foi 14% e 22% quando este índice foi maior           talidade e podem ter sua chance de cura
que 0,15 e 0,20, respectivamente30 (NE 2C            comprometida em intervalos de seguimen-
– GR B). Por outro lado, Lujan et al. eviden-        to mais longos34-35. A National Comprehensi-
ciaram que quando um valor de corte para             ve Cancer Network norte-americana sugere


                                                13
que os indivíduos de descendência Afro-                    Para determinar a eficácia do rastrea-
-Americana, com história familiar de cân-             mento de CaP são necessárias evidências
cer de próstata ou com PSA inicial >1,0 ng/           de grandes trabalhos randomizados e con-
ml devem seguir realizando PSA e toque re-            trolados e dentre estes os mais importan-
tal anualmente36 (NE 5 – GR D).                       tes na literatura são o estudo europeu (Eu-
    A periodicidade do teste com PSA e                ropean Randomized Study of Screening for
toque retal é motivo de discussão, mas a              Prostate Cancer – ERSPC) e o estudo norte-
maioria dos consensos sugere testes anuais            -americano (Prostate, Lung, Colorectal, and
após certa idade. No entanto, deve-se levar           Ovarian Cancer Screening – PLCO). O re-
em consideração vários fatores de risco,              sultado do ERSPC com seguimento médio
como faixa etária, raça, história familiar,           de nove anos verificou redução relativa de
níveis iniciais de PSA, velocidade do PSA,            20% na mortalidade específica por CaP42,
entre outros fatores37 (NE 5 – GR D).                 porém quando o mesmo estudo fez o ajuste
                                                      por contaminação (homens que já tinham
Outros marcadores                                     feito o PSA antes de entrar no estudo) e
   Com os avanços nas pesquisas em bio-               por homens que não atenderam a convo-
logia molecular nos últimos anos, houve               cação, a estimativa da redução de mortali-
um aumento no número de marcadores                    dade aumentou para 31%43. O PLCO, com
para potencializar o rastreamento para                seguimento médio de 11,5 anos mostrou
CaP. Existem muitos estudos analisando                que apesar do aumentado de 22% no nú-
diferentes marcadores tanto séricos quan-             mero de diagnósticos de CaP em relação
to urinários38. Marcadores de DNA, RNA e              ao grupo controle, não houve redução no
proteínas coletados na urina (ex. PCA3) po-           índice de mortalidade câncer específica.
derão no futuro melhorar a acurácia de de-            Porém, várias críticas como a alta taxa de
tecção do CaP evitando biópsias desneces-             contaminação (44% para PSA e 53% para
sárias e identificando melhor os candidatos           TR), o curto tempo de seguimento e o ní-
ao tratamento curativo39.                             vel mais elevado do valor de corte do PSA
                                                      (4.0 ng/ml) em relação ao estudo europeu
Qual o impacto do rastreamento                        são pertinentes. A contaminação no estudo
de CaP sobre mortalidade?                             europeu foi variável nos diferentes países
   O estudo de Etzioni et al. verificou, atra-        (de 6,7% a 36,7%), e teve índices menores
vés de modelo matemático observacional,               que o estudo norte-americano44. Faria et al.
o declínio na incidência de metástases à              mostraram que no Brasil, o perfil popula-
distância e a redução de mortalidade após             cional dos homens que já haviam feito ras-
início da “era do PSA”40.                             treamento de CaP prévio em 6 estados foi
   Bartsch et al. notaram uma diminuição              em torno de 30%, mais aproximada aos ín-
da mortalidade específica por CaP após                dices do estudo europeu16. Em longo prazo
rastreamento populacional baseado em                  de seguimento, os resultados de mortalida-
PSA no estado austríaco do Tirol, com a               de deste estudo poderiam se assemelhar ao
política de disponibilidade sem custo des-            estudo realizado na Europa.
te exame em comparação com outras re-                       Apesar de o rastreamento proporcio-
giões da Áustria onde o rastreamento não              nar o aumento de diagnóstico de tumores
era disponível41.                                     em estadio mais inicial, reduzir incidência


                                                 14
de metástase e melhorar as chances de            pelos critérios de Epstein46. A ocorrência
cura, ainda não está claro o seu impacto         de tumores insignificantes varia na litera-
na redução de sobrevida geral e sobrevi-         tura, de 9% a 25% dependendo da defini-
da específica da doença45 (NE 1A – GR A),        ção e do estudo em questão. Por exemplo,
então aguardamos maior tempo de segui-           incidências de 12% foram notadas pelo es-
mento dos estudos randomizados ainda             tudo da Washington University, 25% pelo
em andamento.                                    de Baylor e 24% pela Johns Hopkins47. (NE
                                                 2A – GR B). Faria et al. encontraram uma
Superdiagnóstico e Supertratamento               incidência de 13,5% de tumores indolentes
    O rastreamento de CaP proporciona            em rastreamento brasileiro16.
aumento no número casos diagnostica-                  Embora a possibilidade de “super-
dos em relação ao grupo controle, porém          -diagnóstico” e “super-tratamento” seja
a mortalidade de grande parte destes ho-         real para qualquer doença descoberta
mens se deve a causas não oncológicas45.         através de rastreamento, cabe aos médi-
Alguns tumores descobertos pelo rastre-          cos, em especial aos urologistas a respon-
amento com baixo potencial de agressi-           sabilidade de aplicar os critérios de baixa
vidade são chamados de tumores indo-             agressividade em cada câncer detectado, a
lentes ou insignificantes, mostrando-se          fim de categorizar e discutir com o pacien-
como tumores de muito baixo volume               te a melhor terapêutica.

Recomendações


É ético informar sobre os aspectos básicos do rastreamento: riscos e
                                                                             NE 5 - GR D
potenciais benefícios.

É recomendada em homens com expectativa de vida mínima de 10
anos, iniciando aos 50 anos. Homens da raça negra ou com parentes de        NE 2A - GR B
primeiro grau (pai ou irmão) com CaP devem começar aos 45 anos.
                                    ,

Acima de 75 anos, se o homem não tiver no mínimo 10 anos de
                                                                             NE 5 - GR D
expectativa de vida, haverá baixo potencial de beneficio com o
rastreamento.

O toque retal ainda tem importância no rastreamento e no
estadiamento, apesar de ser subjetivo e com variabilidade interpessoal      NE 2C - GR B
entre examinadores.

A literatura aponta o valor de corte de PSA de 4,0 ng/ml. Porém,
tumores de alto grau podem ser encontrados com PSA < 4,0 ng/ml. O
corte do PSA pode ser reduzido para 2,5 ng/ml em homens abaixo de           NE 2C - GR B
60 anos. E cabe ao médico avaliar o valor de corte do PSA para cada
homem individualmente.

O aumento de PSA acima de 0,75 ng/ml/ano está associado ao risco
de CaP e valores da velocidade do PSA de 0,4 ng/ml/ano podem ser
      ,                                                                     NE 2C - GR B
usados em homens mais jovens.


                                            15
Homens com PSA inicial muito baixo raramente apresentarão
 indicação de biópsia prostática em dois ou quatro anos. Indivíduos
 de descendência Afro-Americana, com história familiar de câncer de                    NE 5 - GR D
 próstata ou com PSA inicial >1,0 ng/ml devem seguir realizando PSA e
 toque retal anualmente


 Apesar de o rastreamento proporcionar o aumento de diagnóstico de
 tumores em estadio mais inicial, reduzir incidência de metástase e
                                                                                     NE 1A – GR A
 melhorar as chances de cura, ainda não está claro o seu impacto na
 redução de sobrevida geral e sobrevida específica da doença.


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                                                   18
indiCações da
                  biópsia de próstata




Introdução                                          Um toque retal suspeito é indicação abso-
     O diagnóstico do câncer de próstata            luta para a biópsia. Em 18% dos pacientes o
(CaP) era feito inicialmente através da bi-         diagnóstico é feito somente com alteração
ópsia de próstata realizada com agulha de           ao toque2 (NE 1A – GR A). Além disso, o va-
Vim Silvermann digitalmente dirigida ao             lor preditivo positivo de um toque retal sus-
nódulo prostático. Com o advento do ul-             peito varia conforme o valor do PSA sendo
trassom (US) e seu emprego transretal em            5, 14 e 30% em homens com PSA entre 0 a
1981, os nódulos não palpáveis puderam              1.0, 1.1 a 2.5 e 2.6 a 4.0 ng./ml, respectiva-
ser biopsiados com agulhas apropriadas.             mente3 (NE 1B – GR A). Nódulo detectado
Entretanto, o estudo propondo a biópsia             através do US transretal (USTR) não deve
com seis punções na linha para-sagital,             ser considerado isoladamente como indi-
sistemática, revolucionou a técnica de bi-          cação de biópsia.
ópsia para o diagnóstico do CaP. Esta téc-
nica ficou conhecida como biópsia sextan-           Antígeno prostático Específico – PSA
te1 (NE 4 – GR C). A necessidade de biópsia             As elevações nos níveis de PSA como
da próstata deve ser determinada baseada            variável independente são o melhor predi-
no nível do antígeno prostático específico          tor de câncer quando comparamos com o
(PSA) e/ou suspeita pelo toque retal. A ida-        toque retal e o USTR 4 (NE 1A – GR A). Até
de biológica do paciente, comorbidades,             45% dos diagnósticos são feitos somente
história familiar e as consequências tera-          com alterações no PSA 2.
pêuticas também devem ser consideradas                 Existem diferentes kits comercialmente
na indicação da biópsia.                            disponíveis para medir o PSA e existem di-
                                                    ferenças entre eles e por isso é importante
Toque Retal                                         que sua calibragem seja conforme os pa-
    A maioria dos tumores da próstata são           drões da OMS5 (NE 3A – GR B).
localizados na zona periférica e podem ser              O PSA deve ser colhido de preferên-
detectados através do toque retal quando o          cia com 4 horas de jejum, na ausência de
volume tumoral é maior ou igual a 0.2 ml.           infecção do trato urinário e evitando na


                                               19
véspera manipulações prostáticas. Quan-              exceder 0.4 ng/ml/ano9 (NE 2B – GR B).
to maior o valor do PSA maior o risco de          •	 densidade do PSA (PSAd) > 0.15 sugere
CaP como mostra a tabela abaixo6 (NE 2A              CaP (cálculo dividindo o PSA pelo vo-
– GR B):                                             lume prostático mensurado pelo ultra-
                                                     -som transretal)10 (NE 2A – GR B).
Risco CaP em paciente
com PSA < ou = 4.0 ng/ml                             Portanto a decisão de realizar uma bi-
Nível do PSA (ng/ml) Risco de CaP (%)             ópsia de próstata deve ser inicialmente
     0 a 0.5                6.6                   avaliada com base nos resultados do toque
    0.6 a 1.0              10.1                   retal e PSA, mas deve também levar em
    1.1 a 2.0              17.0                   conta múltiplos fatores, entre eles: relação
    2.1 a 3.0              23.9                   PSA livre/total, idade, velocidade do PSA,
    3.1 a 4.0              26.9                   densidade do PSA, história familiar, etnia,
                                                  história de biópsia prévia e comorbidades11
   Catalona et al. demonstraram que               (NE 5 – GR D).
com PSA entre 2.5 e 4.0, 50% dos indi-
víduos progrediram com PSA > 4.0 em
4 anos e 1/3 destes apresentaram eleva-           Biópsia Próstata
ção rápida do PSA e um tumor extenso.
O valor exato para a realização de bióp-          Técnica da Biópsia
sia de próstata ainda não foi determina-             A biópsia guiada por US é o padrão-
do mas valores maiores que 2.5 ng/ml              -ouro e, embora a via transretal seja usada
são usualmente empregados em indiví-              na maioria das vezes a via transperineal
duos abaixo de 60 anos7 (NE 2B – GR B).           também pode ser utilizada. O índice de de-
   Então, algumas modificações na ava-            tecção são comparáveis12 (NE 1B – GR A).
liação do PSA foram sugeridas com a in-           Além disso, o acesso perineal é muito útil
tenção de melhorar a especificidade no            em situações especiais como após amputa-
diagnóstico precoce do CaP:                       ção do reto. O toque retal deve, idealmente,
                                                  preceder o exame com US;
•	 relação PSA livre/total: foi usada para
   estratificar o risco de CaP quando PSA         •	 Antibioticoterapia: apesar de existirem
   está entre 4 e 10 ng/ml mostrando que             trabalhos demonstrando maior resis-
   quanto menor esta relação, maior o ris-           tência bacteriana, a ciprofloxacina é
   co de CaP. Estudo demonstrou CaP em               ainda a droga de escolha (oral na dosa-
   56% dos pacientes com relação < 0.10 e            gem de 500 mg a cada 12 horas, inician-
   somente em 8% dos homens com rela-                do uma hora antes do procedimento e
   ção > 0.258 (NE 2A – GR B).                       uso por 3 dias)13 (NE 1B – GR A).

•	 velocidade do PSA total > 0.75 ng/ml           •	 Preparo intestinal: foi utilizado siste-
   (variação anual do nível sérico do PSA            maticamente no passado, não é indis-
   total de preferência colhido com o mes-           pensável na atualidade14 (NE 3B – GR B).
   mo kit). Quando o PSA está entre 2.5
   e 4.0 ng/ml sua velocidade não deve            •	 Anestesia: o bloqueio peri-prostático


                                             20
guiado com USTR é muito utilizado e                  biópsias devem ser realizadas para casos
   não há diferença se o bloqueio é apical              selecionados devido sua baixa positivi-
   ou basal15 (NE 1B – GR A). Instilação in-            dade e maiores índices de complicações19
   trarretal de anestésico local é bem infe-            (NE 2B – GR B).
   rior à infiltração peri-prostática e a utili-            Não há consenso quanto ao exato nú-
   zação de sedação é também muito utili-               mero de fragmentos na re-biópsia, entre-
   zada e oferece conforto para o paciente              tanto, mais da metade dos diagnósticos
   e facilita a execução pelo médico16 (NE              foi feita nos novos fragmentos, além das
   1B – GR A).                                          sextantes. A coleta de mais fragmentos
                                                        (biópsia estendida ou de saturação), além
•	 Número de fragmentos: um total de 12                 de aumentar a chance de positividade,
   fragmentos representativos de toda a                 fornece melhores dados sobre a extensão
   glândula, incluindo sistematicamente                 extracapsular20 (NE 2B – GR B).
   as faces postero-laterais dividindo em                   O momento ideal de uma re-biópsia é
   3 regiões (base, médio e ápice) e das                incerto e depende do resultado histológico
   áreas suspeitas quando estas identifi-               da primeira biópsia e do nivel de suspeita
   cadas pelo toque ou USTR. Utilizando                 de CaP (PSA bem alto ou em rápida eleva-
   o nomograma de Viena (correlação com                 ção, toque retal suspeito, história famíliar).
   idade e volume prostático) o índice de               Recomenda-se, preferencialmente, rea-
   detecção passou a 36.7% comparado                    lizar a nova biópsia após pelo menos seis
   com 22% na primeira biópsia no grupo                 semanas da anterior. Não há maior índice
   controle17 (NE 3B – GR C).                           de complicações quando seguidas tais re-
                                                        comendações21 (NE 2B – GR B).
•	 Complicações:
                                                        •	 PIN: a neoplasia intra-epitelial prostá-
Complicações das biópsias                                  tica (PIN) não deve ser mais conside-
de próstata18                                              rada isoladamente como indicador de
Complicações                   % biópsias                  re-biópsia22 (NE 2B – GR B).
Hemospermia                       37.4
Hematúria                         14.5                  •	 ASAP: as alterações na biópsia com-
Sangramento retal                 2.2                      patível com proliferação atípica de pe-
Prostatite / Epididimite          1.7                      quenos ácinos (ASAP) continuam a es-
Febre / Urosepse                  1.1                      tar associado com risco maior de CaP
                                                           (até 40% positividade na re-biópsia) e
                                                           são indicativos de re-biópsia. Deve-se
Re-Biópsia                                                 colher fragmentos principalmente da
   Embora a maioria dos tumores seja de-                   região anteriormente diagnosticada
tectada na 1ª biópsia, 70 a 80% dos pacien-                como ASAP22 (NE 2B – GR B).
tes deixam dúvidas quando esta resulta
negativa. Djavan et al. demonstraram que                •	 Ressonância Nuclear Magnética: se per-
com PSA entre 4 e 10 ng/ml a positivida-                   siste a suspeita clínica de CaP mesmo
de da 1ª a 4ª biópsia vai decrescendo (22%,                com biópsias negativas podemos utilizar
10%, 5% e 4%) demonstrando que a 3ª e 4ª                   da Ressonância Nuclear Magnética com


                                                   21
espectroscopia para tentar identificar             Ressecção Transuretral
   áreas suspeitas com sensibilidade de 86%           da Próstata (RTuP)
   e especificidade de 94% para identificar              O uso da RTUP para diagnóstico deve
   focos de câncer > 0.5 ml23 (NE 2C – GR B).         ser considerado nos casos de biópsias
                                                      repetidas negativas com persistência de
Biópsia da Zona de Transição                          elevação no PSA e/ou toque suspeito em
   Apresenta uma baixa taxa de detecção               pacientes com sintomas obstrutivos (sus-
(1.8%) e não melhora a positividade das re-           peita tumor na zona de transição), apesar
-biópsias e portanto não deve ser realiza-            do seu baixo índice de detecção de apro-
da24 (NE 2C – GR B).                                  ximadamente 8%25 (NE 2A – GR B).

Recomendações

 INDICAÇÕES DE BIÓPSIA
 presença de nódulo prostático detectado no toque retal                          NE 1A – GR A
 níveis elevados de PSAt (acima de 4.0 ng/mL) e velocidade >0.75
                                                                                 NE 2A – GR B
 ng/ml/ano
 indivíduos mais jovens (abaixo dos 60 anos) com PSAt acima de
                                                                                 NE 2C – GR B
 2.5 ng/ml e velocidade do PSA > 0.4 ng/ml/ano
 densidade do PSA (PSAd > 0.15)                                                  NE 2C – GR B
 INDICAÇÕES DE RE-BIÓPSIA
 PSA persiste em elevação seguindo os critérios anteriormente
                                                                                 NE 1A – GR A
 citados da cinética do PSA
 Proliferação atípica de pequenos ácinos (ASAP) na biópsia anterior              NE 2B – GR B


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   Use of the percentage of free prostate-                anaesthetic nerve block for pain control
   specific antigen to enhance differentiation            during TRUS-guided multi-core prostate
   of prostate cancer from benign prostatic               biopsy: a prospective randomised
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   European prostate cancer detection                24. Pelzer AE, Bektic J, Berger AP, Halpern
   study. J Urol. 2001; 166:856-60.                     EJ, Koppelstatter F, Klauser A, et al. Are
22. Epstein JI, Herawi M. Prostate                      transition zone biopsies still necessary
   needle biopsies containing prostatic                 to improve prostate cancer detection?
   intraepithelial neoplasia or atypical foci           Results from the Tyrol screening
   suspicious for carcinoma: implications               project. Eur Urol. 2005: 48:916-21.
   for patient care. J Urol. 2006;175:820-34.        25. Zigeuner R, Schips L, Lipsky K, Auprich M,
23. Puech P, Potiron E, Lemaitre L, Leroy               Salfellner M, Rehak P, et al. Detection of
   X, Haber GP, Crouzet S, et al. Dynamic               prostate cancer by TURP or open surgery in
   contrast-enhanced-magnetic resonance                 patients with previously negative transrectal
   imaging evaluation of intraprostatic                 prostate biopsies. Urology. 2003; 62:883-7.




                                                24
patologia do
                   CânCer de próstata




Biópsia de próstata                                  do bloco de parafina para que seja possível
                                                     a realização de técnicas complementares
1. Envio do material de biópsia – Os frag-           (imuno-histoquímica) se necessário.
mentos devem ser enviados em frascos
separados designando a sua localização.              Achados
Devem ser colocados imediatamente em                 Neoplasia intraepitelial prostática (PIN)
frascos contendo formol a 10% evitando o             – O patologista deve descrever apenas a
seu ressecamento. A marcação com tinta               neoplasia intraepitelial de alto grau que é
nanquim da sua porção periférica é desne-            a única lesão reconhecidamente pré-ma-
cessária, pois não auxilia a identificação do        ligna da próstata. O número de fragmentos
comprometimento do tecido extraprostáti-             comprometidos pela lesão tem sido des-
co pela neoplasia.                                   crito por alguns autores como importante
                                                     pois se relaciona com diagnóstico de cân-
2. Exame macroscópico – Deve ser descri-             cer em re-biópsias2. Este diagnóstico é fei-
to o tamanho de cada fragmento, pois exis-           to em 4 a 16% dos casos e o diagnóstico de
te uma correlação entre a extensão do frag-          câncer em biópsia repetida tem sido des-
mento e o encontro do carcinoma1. O pa-              crito em 13 a 25%3,4 (NE 3B – GR B ). Alguns
tologista deve acondicionar um fragmento             autores argumentam que esses números
por bloco garantindo que ele esteja o mais           são significativos enquanto outros acham
plano possível na superfície para que não se         irrelevantes, pois essas proporções são
deixe examinar nenhuma de suas porções.              semelhantes àquelas encontradas após
Se forem enviados vários fragmentos em               uma biópsia de características benignas.
um mesmo frasco, recomenda-se que cada               O exame imuno-histoquímico (IH) nessas
bloco contenha no máximo 3 fragmentos.               ocasiões é desnecessário, pois na grande
                                                     maioria das vezes o diagnóstico é claro e
3. Exame microscópico – Três níveis de-              não necessita de exames complementares
vem ser representados em cada lâmina, po-            diferentemente da proliferação de peque-
rém deve-se evitar um desgaste excessivo             nos ácinos (ASAP).


                                                25
Proliferação atípica de pequenos ácinos             arábicos e o resultado da soma está a frente
(ASAP) – Não é uma entidade em si e alguns          dos números que compõe a equação entre
preferem a denominação de glândulas atí-            parênteses. O primeiro número é o mais re-
picas, suspeito para câncer, malignidade            presentado na lâmina e o segundo o padrão
não pode ser definitivamente excluída.              secundário. O último consenso da Interna-
Trata-se de lesão suspeita para o diagnós-          tional Society of Urologic Pathology (ISUP)
tico de câncer cujos critérios histológicos         valoriza o grau mais grave na biópsia ten-
são insuficientes para conclusão definitiva.        tando evitar a subgraduação, uma ocor-
Existem diversos mimetizadores de câncer            rência frequente. Assim uma biópsia que
ou o tumor pode estar escassamente repre-           tenha um padrão primário 3 com uma por-
sentado na biópsia. Nesses casos é obriga-          ção menor, porém significativa 4 deve ser
tória a realização do exame IH com uso de           considerado 7 (4 + 3). Da mesma forma se
marcadores das células basais. A glândula           houver um padrão 5 mesmo que pequeno
normal, não tumoral tem uma camada de               ele deve ser parte da soma como o padrão
células secretoras e uma camada de células          secundário8,9 (NE 1A – GR). O grau de Glea-
basais que expressam citoqueratina de alto          son é informado mesmo em tumores mui-
peso molecular e proteína p63. A glândula           to pequenos. Quando o tumor está presen-
tumoral não possui a camada basal, assim            te em apenas 1 fragmento de biópsia o grau
não existe a marcação, o que auxilia enor-          de Gleason deve ser dobrado. Alguns reco-
memente o patologista na definição do               mendam a avaliação do Gleason em cada
diagnóstico. Em estudo recente demons-              fragmento individual enquanto outros
tramos que após a IH o diagnóstico é pos-           consideram um Gleason final após o exa-
sível de ser concluído em mais de 70% das           me de todos os fragmentos. Estudo recente
vezes, evitando uma re-biópsia5. Todos os           mostra que essa segunda análise se corre-
pacientes com diagnóstico de ASAP devem             laciona melhor com os achados da prosta-
sofrer uma re-biópsia caso o patologista            tectomia radical10. Entretanto, tem-se dis-
mantenha este diagnóstico mesmo após o              cutido a terapia focal que trataria o tumor
exame IH. Neste caso o achado de câncer             índice, ou seja, aquele com maior grau de
na re-biópsia gira em torno de 40 a 50% e           agressividade. Desse modo se houver um
é feito geralmente na primeira re-biópsia3,7        tumor bilateral com um componente bem
(NE 1A – GR A).                                     diferenciado em um dos lobos da próstata,
                                                    essa informação deve ser dada. Adenocar-
Câncer – O câncer de próstata é diagnos-            cinomas grau 2 a 4 são extremamente raros
ticado em 1/4 a 1/3 das biópsias. O fator           na biópsia de próstata e devem ser anali-
prognóstico mais importante é a gradua-             sados com extrema precaução. A segunda
ção histológica de Gleason. Baseia-se em            informação importante é a quantificação
um escore onde são considerados os dois             do volume tumoral. Esta deve ser dada em
padrões predominantes que resultam uma              número ou porcentagem de fragmentos
soma. São cinco padrões nomeados de 1               positivos em relação ao total de fragmen-
a 5 que resultam em uma somatória de 2              tos de biópsia. Deve ser informada a ex-
a 10, sendo o 2 o mais bem diferenciado e           tensão daquele fragmento mais acometido
o 10 o menos diferenciado e mais agressi-           por tumor e por fim a média aritmética da
vo. O grau de Gleason é dado em números             porcentagem total de tumor em todos os


                                               26
fragmentos analisados. Todas essas medi-              glandulares e o aspecto espiculado das
das se relacionam com o estadiamento e                glândulas. O patologista deve procurar o
comportamento do tumor. Alguns autores                padrão infiltrativo das glândulas podendo
informam o volume tumoral em milíme-                  ainda lançar mão da imuno-histoquímica
tros11,12,13 (NE 2B – GR B). A terceira infor-        com o uso dos marcadores das células da
mação é a presença ou ausência de invasão             camada basal que estarão presentes no te-
perineural. Este achado é encontrado por              cido benigno e ausentes no adenocarcino-
volta de 20% dos casos de câncer e se cor-            ma. Alguns autores advogam que o escore
relaciona com tumor não órgão-confinado               de Gleason não seja informado quando
e com recidiva bioquímica14 (NE 3B – GR B).           existem alterações actínicas afetando o tu-
                                                      mor recorrente15 (NE 2B – GR B).
Outros achados – Existe uma série de ou-
tros achados que não tem significado clíni-           Patologia do espécime cirúrgico (pros-
co, mas são referidos, pois, de algum modo            tatectomia radical)
podem contribuir com algumas anorma-
lidades nos níveis de PSA ou toque sus-               1. Processamento da peça cirúrgica – A
peito de câncer. Assim atrofia, hiperplasia           avaliação da peça tem como objetivo a
pós atrófica, inflamação ou prostatite são            caracterização da gravidade da neoplasia
alguns achados que são descritos pelo pa-             onde devem ser analisados com cuidado
tologista mas não têm nenhum significado              o grau de diferenciação histológica, o esta-
clínico conhecido. Um diagnóstico que não             diamento e o status das margens. A inclusão
deve ser confundido com ASAP é a adenose              de toda a próstata para estudo histológico
ou hiperplasia adenomatosa atípica. Essa é            não é prática de rotina devido aos custos
uma lesão benigna que não necessita de                elevados e alguns estudos já demonstraram
estudos especiais.                                    que a avaliação de cortes intercalados ou a
                                                      análise de toda a zona periférica e parcial
Biópsia de próstata pós-radioterapia – A              da zona central se equivalem a inclusão de
recidiva local do câncer de próstata pós-             todo o espécime16. Devem ser descritos o
-radioterapia deve ser demonstrada por                tamanho, o peso e o volume da próstata de-
biópsia antes da introdução de terapia de             pois de amputadas as vesículas seminais. A
salvamento. Não se recomenda a biópsia                glândula deve ter suas margens pintadas
em período inferior a 24 meses, pois 30%              com tinta nanquim para a análise de com-
das biópsias positivas realizadas nos pri-            prometimento das margens. Devem ser
meiros 12 meses tornam-se negativas aos               representadas as margens do colo vesical e
24 meses. A biópsia de próstata realizada             ápice da próstata na forma de cone e após a
na suspeita de recidiva pós-radioterapia              separação dos lobos direito e esquerdo ten-
tem peculiaridades morfológicas impor-                do como guia a uretra, cortes transversais
tantes que devem ser salientadas para que             da glândula são realizados e incluídos em
se evitem resultados falso-positivos. Anor-           cassetes separados. As vesículas seminais
malidades desencadeadas pela ação da                  são cortadas longitudinalmente, garantin-
radiação podem confundir o patologista                do a inclusão de toda a zona mais proximal,
sendo as mais características a exuberan-             de implantação na glândula, mais comu-
te atipia citológica das células epiteliais           mente comprometida pelo carcinoma. Em


                                                 27
relação aos linfonodos, o exame de conge-          que a avaliação da porcentagem se relacio-
lação é desnecessário, pois o índice de po-        na mais com o comportamento da doença
sitividade é de apenas 0,5%. O patologista         do que o volume em centímetros cúbicos.
deve dissecar os linfonodos em meio a gor-         O patologista pode estimar o volume do tu-
dura e separadamente incluir todo o tecido         mor durante a avaliação microscópica das
adiposo restante onde existem linfonodos           lâminas, mas recomenda-se a marcação
não identificados macroscopicamente, ga-           com tinta para uma análise mais correta. A
rantindo assim uma ótima avaliação da lin-         falta de marcação costuma superestimar o
fadenectomia obturadora17.                         volume. A informação seguinte é o compro-
                                                   metimento das margens. O colo vesical é
2. Exame microscópico – De novo o pa-              raramente comprometido por tumor, sen-
râmetro prognóstico mais importante é o            do as margens mais frequentemente posi-
grau histológico de Gleason. Do mesmo              tivas aquelas laterais e o ápice da próstata.
modo são considerados os padrões primá-            Uma margem lateral positiva não muda o
rio e secundário que compõem uma soma.             estadiamento do tumor, não sendo consi-
Muitos consideram importante a propor-             derado um tumor pT3a. Este estádio só é
ção do componente mais indiferenciado,             considerado quando existe franca invasão
assim essa informação deve ser fornecida           do tecido adiposo extra prostático. O tumor
pelo patologista. Em estudo conduzido por          confinado com margem positiva é denomi-
Stamey et al. observou-se que para cada in-        nado pT2+. Para afirmar a positividade da
cremento de 10% do padrão 4 de Gleason             margem cirúrgica o patologista deve ver o
havia um igual decréscimo da sobrevida             tumor marcado com a tinta nanquim. Al-
livre de recidiva bioquímica (SLRB). Deste         guns estudos têm mostrado que a extensão
modo um paciente com carcinoma Gleason             em milímetros da margem comprometida,
6 (3 + 3) sem nenhum componente 4 teria            assim como o grau de Gleason nessa região
100% de SLRB em 10 anos enquanto um                tem significado prognóstico23,24 (NE 4 – GR
Gleason 6 (3 + 3) com 10% de padrão 4 te-          4). Assim sugere-se que essas informações
ria 90% e assim sucessivamente18. Também           sejam relatadas no laudo. Em relação ao
deve ser informada a presença do padrão            estadiamento TNM houve uma mudança
terciário de Gleason. A presença de 5% de          na edição recente sendo que o compro-
um padrão indiferenciado, 5 de Gleason             metimento microscópico da margem do
torna um tumor Gleason 7 agressivo, com            colo vesical é considerada como doença
comportamento semelhante aos tumores               pT3a em substituição a pT4 da metodolo-
Gleason 819 (NE 3A – GR B). Uma proposição         gia anterior25,26 (NE 1B – GR A). A presença
recente é considerar a presença deste com-         de invasão perineural na peça cirúrgica é
ponente terciário no momento de análise            achado comum e não tem significado prog-
dos nomogramas sendo, por exemplo, um              nóstico. A invasão vascular é fator de mau
adenocarcinoma de Gleason 6 (3 + 3) com            prognóstico. As vesículas seminais são con-
um componente terciário 4 considerado              sideradas invadidas quando o tumor infil-
6,520. O segundo parâmetro prognóstico é o         tra francamente seu tecido fibromuscular
volume tumoral, que pode ser avaliado em           caracterizando um tumor pT3b. Caso haja
porcentagem ou centímetros cúbicos.21,22           tumor na adventícia da vesícula seminal ela
(NE 3B – GR B). Estudos recentes mostram           é considerada negativa e o tumor estadiado


                                              28
pT3a. Em relação aos linfonodos as evidên-          convencional (ductal, mucinoso, anel de
cias sugerem que o tamanho da metástase             sinete, pequenas células, basal etc.) e a pre-
tem relação com o prognóstico, assim o              sença de invasão vascular.
patologista deve informar o seu tamanho
em milímetros. Adenocarcinoma identifi-             1. Recomendações referentes ao
cado em meio ao tecido adiposo incluído             processamento da biópsia de próstata
deve ser considerado N+17. É obrigatória a          •	Enviar fragmentos em formol 10% em
classificação pTN no laudo anátomo-pato-              frascos separados, designados quanto a
lógico, sendo dispensável a denominação               sua localização
MX na não comprovação de doença metas-              •	Incluir no máximo 3 fragmentos em cada
tática a distância26. Informações adicionais          bloco de parafina.
podem ser fornecidas como o tipo histo-             •	Representar 3 níveis de corte em cada
lógico se diferente do adenocarcinoma                 lâmina

2. Recomendações referentes ao relatório anátomo-patológico da biópsia de próstata

                                                                                   Grau de
 Achados          Descrição e recomendação
                                                                                recomendação
 Câncer                                                                               A
                  Graduação de Gleason                                                B
                  Número de fragmentos acometidos, proporção de
                  comprometimento de cada fragmento individual,
                  proporção total de tumor em todos os fragmentos
                  Tipo histológico quando não convencional
                  (pequenas células, ductal, aspecto em anel de
                  sinete, mucinoso, sarcomatóide, basal).
                  Presença ou ausência de invasão perineural
                  Localização e distribuição do tumor
                  Atrofia, inflamação crônica, inflamação aguda,
 Benigno          granuloma, adenose (hiperplasia adenomatosa                          B
                  atípica). Ausência de malignidade.

 Neoplasia        Número e localização dos fragmentos
 intraepitelial   comprometidos.
                                                                                       B
 de alto grau     Obs. Não se relata neoplasia intraepitelial de baixo
 (PIN)            grau. Não é isoladamente indicação de re-biópsia.
 Glândulas
 atípicas
 suspeitas para
                  Nova biópsia em 3 a 6 meses                                          A
 o diagnóstico
 de câncer
 (ASAP)
                  O patologista deve informar o local da lesão
                  Uso da técnica imuno-histoquímica na tentativa
                  de definir o diagnóstico, evitando a agressão e os                   C
                  custos de uma nova biópsia


                                               29
3. Recomendações referentes                      •	O colo vesical e ápice da próstata
ao exame macroscópico                              devem ser analisados separadamente e
e processamento do espécime                        incluídos na forma de cone
cirúrgico da prostatectomia radical              •	As vesículas seminais devem ter
•	A inclusão de toda a próstata é                  incluída sua área de inserção na
  preferível para avaliação das variáveis          próstata
  de importância prognóstica                     •	Além da inclusão dos linfonodos
•	Toda superfície da próstata deve ser             dissecados deve ser colocado todo
  pintada com tinta nanquim para                   o tecido adiposo enviado como
  avaliação das margens cirúrgicas                 linfonodos da fossa obturadora

4. Recomendações referentes a patologia do câncer de próstata no espécime
de prostatectomia radical.

                                                                           Grau de
 Características           Descrição e recomendação
                                                                        recomendação
                           Escore de Gleason
 Graduação histológica     - Informar o padrão de Gleason primário,
                           secundário                                         A

                           Informar a presença de Gleason terciário
                           - A informação das porcentagens dos
                           diferentes padrões é opcional

                           - A informação das porcentagens dos                B
                           diferentes padrões é opcional

 Estadiamento
                           TNM2010                                            A
 patológico
                           Local
                                                                              B
 Comprometimento de        Extensão
 margens cirúrgicas        Escore de Gleason na área de margem
                                                                              C
                           positiva
                           Porcentagem de tumor, volume em
 Volume tumoral            centímetros cúbicos ou a avaliação da              B
                           maior extensão do tumor em centímetros.
                           Multicentricidade e lobo
 Localização do tumor                                                         C
                           predominantemente comprometido
 Comprometimento
 de linfonodos da fossa    Número de linfonodos comprometidos                 A
 obturadora
                           Maior extensão de tumor em centímetros             C
                           Modo de comprometimento das vesículas
 Vesículas seminais                                                           C
                           seminais




                                            30
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                                                   31
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                                                  32
estadiaMento
                  do CânCer de próstata




Introdução                                             Não há relação direta entre os níveis
    A avaliação da extensão do câncer de            séricos de PSA e o estágio clínico e pato-
próstata (CaP) deve ser individualizada e           lógico do tumor (3-5). Uma combinação
normalmente utiliza exame de toque retal            de níveis séricos de PSA, pontuação de
(TR), dosagem de antígeno prostático espe-          Gleason na biópsia e TR tem provado ser
cífico (PSA), o padrão de Gleason, o número         mais útil na predição do estádio patológi-
de fragmentos positivos e a porcentagem da          co final do que os parâmetros individuais
amostra envolvida pelo cancer na biópsia.           isoladamente6 (NE 2 – GR B).
Cintilografia óssea, complementada com a               A relação PSA livre/total pode predizer
tomografia computadorizada (TC) ou res-             estádio patológico favorável em um sub-
sonância magnética (MRI) e radiografia do           grupo de pacientes onde TR é normal e o
tórax estão indicados em situações específi-        PSA total 4,1-10,0 ng/mL7.
cas nas quais seus resultados influenciarão
diretamente a decisão de tratamento1.               ultra-sonografia trans-retal (uSTR)
                                                        O método mais comumente utilizado para
Estadio tumoral (T)                                 a visualização da próstata é USTR. No entan-
   Na avaliação do estágio do tumor local           to, apenas 60% dos tumores são identificados
a distinção entre doença intracapsular (T1-         com USTR. A combinação de TR e USTR pode
T2) e extracapsular (T3-T4) tem o impacto           detectar CaP T3a com mais precisão do que
mais profundo sobre as decisões de trata-           qualquer método isolado8 (NE 2 – GR B).
mento. TR subestima a extensão do tumor,                USTR não é capaz de determinar a ex-
uma correlação positiva entre TR e estágio          tensão do tumor com precisão suficiente
patológico do tumor ocorre em torno de              para ser recomendada para uso rotineiro.
50% dos casos2 (NE 3 – GR B). No entanto,           Cerca de 60% dos tumores pT3 não serão
exames mais detalhados (imagem) são re-             detectados no pré-operatório por USTR9
comendados somente em casos seleciona-              (NE 3 – GR B).
dos, quando afetam diretamente a decisão                Ultra-som tridimensional (US-3D) é
de tratamento.                                      um método não-invasivo que reproduz


                                               33
imagens do volume total de estruturas sóli-           localizada quando o escore de Gleason da bi-
das, com uma acurácia de 91%.10 Maior sen-            ópsia é ≤ 623. A TC e a RM não são suficien-
sibilidade para a detecção do câncer tem sido         temente confiáveis na avaliação de invasão
obtida com a adição de Doppler colorido e             local do tumor24-26.
contraste: a presença ou ausência de vasos
que atravessam a cápsula prostática podem             Ressonância magnética (RM)
determinar extensão extracapsular (EEC),                  RM com coil endorretal (RM-e) pode per-
sendo considerado um sinal preditivo signi-           mitir maior precisão no estadiamento local,
ficativo11,12.                                        complementando as variáveis clínicas atra-
    A diferenciação entre os tumores T2 e T3          vés de caracterização da anatomia zonal da
não deve ser baseada apenas em USTR, pois             próstata e de alterações moleculares – espec-
é amplamente operador dependente,13,14                troscopia27,28.
além de não se ter demonstrado superiori-                 Quando comparada ao TR e achados da
dade ao TR na predição de doença órgão-               biópsia a RM-e, em casos selecionados, in-
-confinada15,16. Invasão das vesículas semi-          crementa significativamente o estadiamento
nais (IVS) é fator preditivo de recidiva local        local do CaP29, em particular na identificação
e doença à distância e sua biópsia pode ser           pré-operatória de EEC e IVS, quando inter-
utilizada para aumentar a precisão do esta-           pretados por radiologistas experientes 30-32 e
diamento pré-operatório,17 reservada para             pode ter impacto sobre a decisão de preser-
pacientes com um risco substancial de in-             var ou ressecar o feixe neurovascular (FNV)
vasão das mesmas, quando pode modifi-                 no momento da cirurgia33-35 (NE 3 – GR C).
car a conduta (estadio clínico > T2a, PSA >               Quando avaliada a capacidade de prever
10ng/mL)18,19 (NE 3 – GR C).                          doença órgão-confinada, a contribuição da
    Pacientes com qualquer uma das biópsias           RM-e para nomogramas de estadiamento foi
da base prostática positiva para câncer são           significativa em todas as categorias de risco,
mais propensos a ter biópsia de vesícula se-          sendo o maior benefício observado em pa-
minal positiva20 (NE 3 – GR B).                       cientes de risco intermediário e alto36 (NE 2
    O escore de Gleason da biópsia, nível sé-         – GR B).
rico de PSA e o estádio clínico são preditores            A combinação de RM com contraste dinâ-
independentes de características patológi-            mico proporciona superioridade no estadia-
cas adversas após a prostatectomia radical            mento de CaP em comparação com qualquer
(PR). Dentre os parâmetros analisados na bi-          técnica independente37 (NE 3 – GR C).
ópsia prostática, o percentual de tecido com              Ressonância magnética com espectrosco-
câncer é preditor de margens cirúrgicas po-           pia (RM-s) permite a avaliação do metabolis-
sitivas, IVS e doença não órgão-confinada21           mo do tumor, mostrando as concentrações
(NE 3 – GR C).                                        relativas de citrato, colina, creatinina e polia-
    Um aumento do número de fragmentos                minas. Diferenças nas concentrações destes
de biópsias com tumor prevê independente-             metabólitos permitem melhor localização
mente EEC, margem cirúrgica e invasão dos             do tumor na zona periférica, aumentando a
linfonodos22 (NE 3 – GR C).                           precisão da detecção de EEC, diminuindo a
    Pode ser útil correlacionar o escore de           variabilidade inter observador38. Além dis-
Gleason da biópsia com o estadio patológico           so, foram demonstradas correlações entre
final: cerca de 70% dos pacientes têm doença          o padrão de sinais metabólicos e Gleason


                                                 34
patológico, sugerindo a possibilidade de ava-         superior45 (NE 2 – GR B). O limiar em centí-
liação não invasiva da agressividade do CaP39.        metros usado para decidir se um linfonodo é
    São limitantes da RM-e/s: sinalização re-         suspeito varia entre 0,5 cm e 2 cm. Um limi-
lacionada à hemorragia pós-biópsia, altera-           te de 0,8 cm a 1 cm tem sido recomendado
ções inflamatórias da próstata, variabilidade         como o critério para o diagnóstico de metás-
inter e intra-examinador (NE 3 – GR C).               tases linfonodais46.
                                                          A punção aspirativa por agulha fina
Tomografia computadorizada (TC)                       (PAAF) pode fornecer uma resposta decisiva
   A acurácia da tomografia por emissão de            em casos de resultados de imagem suspeita.
pósitrons 11C-colina (PET) no estadio local           No entanto, o linfonodo pode ser difícil de
(pT2 e pT3a-4) é cerca de 70%, porém tende            acessar devido à posição anatômica. Além
a sub-estadiar o CaP e tem valor limitado no          disso, a PAAF não é altamente sensível, e uma
CaP clinicamente localizado40 (NE 2 – GR B).          taxa de falso-negativo de 40% tem sido relata-
                                                      da46 (NE 2 – GR C).
Estadio nodal (N)                                         Em pacientes assintomáticos recém-diag-
    Tem maior importância em casos em que             nosticados com CaP e nível sérico de PSA <20
tratamentos potencialmente curativos são              ng/mL, a probabilidade de resultados positi-
planejados. Elevados valores de PSA, estadios         vos na tomografia computadorizada ou res-
T2b-T3, tumores indiferenciados e invasão             sonância magnética é de cerca de 1%36. Em
tumoral peri-neural têm sido associados a             pacientes de maior risco a especificidade de
um maior risco de presença de metásta-                uma varredura positiva é elevada (93-96%),
ses6,41,42 (NE 2 – GR C).                             de maneira que podem ser poupados de lin-
    Os nomogramas podem ser usados para               fadenectomia47.
definir um grupo de pacientes com baixo ris-              O padrão ouro para o estadiamento nodal
co de metástases (<10%)43. Nesses casos, os           é linfadenectomia, quer por técnica aberta
pacientes com PSA < 20 ng/mL, estadio ≤ T2a           ou laparoscópica. A fossa obturadora nem
e Gleason ≤ 6 podem ser poupados de proce-            sempre é o principal local para depósitos me-
dimentos para estadiamento nodal antes de             tastáticos e a dissecção limitada à fossa ob-
tratamento potencialmente curativo6 (NE 2             turadora perde cerca de 50% de metástases
– GR B).                                              linfonodais48,49 (NE 3 – GR B).
    A extensão de padrão de Gleason 4 em bi-
ópsias tem sido utilizado para definir o risco        Estadio metastático (M)
de doença nodal. Se qualquer fragmento de                 O esqueleto axial está envolvido em 85%
biópsia apresenta predominância de padrão             dos pacientes que morrem de CaP50. A pre-
4 de Gleason, ou > três fragmentos apresen-           sença e a extensão de metástases ósseas re-
tam qualquer componente padrão 4 de Gle-              fletem com precisão o prognóstico individual
ason, o risco de metástase nodal é 20-45%.            do paciente.
Para os demais pacientes, o risco é 2,5%, re-             A extensão da doença óssea é a única va-
forçando a ideia de que estadiamento nodal            riável que influencia os níveis séricos de fos-
é desnecessário em pacientes selecionados44.          fatase alcalina óssea e PSA. No entanto, em
    TC e RM apresentam desempenho seme-               contraste com a PSA, fosfatase alcalina óssea
lhante na detecção de metástases nos linfono-         demonstrou uma correlação estatística com
dos pélvicos, embora TC pareça ligeiramente           o grau de doença óssea51 (NE 2 – GR B).


                                                 35
A detecção precoce de metástases ósse-              cérebro e pele. A avaliação sistêmica através
as irá alertar para possíveis complicações              de radiografia de tórax, ultra-sonografia, to-
inerentes ao esqueleto. A cintilografia óssea           mografia computadorizada e ressonância
continua sendo o método mais sensível para              magnética está indicada apenas se os sinto-
avaliar metástases ósseas, sendo superior à             mas sugerem a possibilidade de metástase
avaliação clínica, radiografia óssea, dosagem           dos tecidos moles.
sérica de fosfatase alcalina e fosfatase prostá-            A necessidade de marcadores sorológi-
tica ácida52,53 (NE 2 – GR B).                          cos confiáveis para melhorar o preparo pré-
    Difosfonatos de tecnécio são os radiofár-           -tratamento de pacientes com CaP tem sido
macos atualmente disponíveis ideais devido              reconhecida. Atualmente, o PSA é o marca-
à sua relação extremamente alta osso-tecido             dor de escolha. Nível sérico de PSA superior
mole54. Um sistema de graduação semi-                   a 100 ng/mL pré-tratamento é indicador iso-
-quantitativo baseado na extensão da doença             lado mais importante de doença metastática,
óssea mostrou correlação com a sobrevida55.             com um valor preditivo positivo de 100%60.
    Estudos têm mostrado que 18F-fluoreto/              Em contrapartida, pacientes com baixa con-
TC é uma modalidade de imagem altamente                 centração sérica de PSA raramente têm sido
sensível e específica para detecção de me-              diagnosticados com metástases ósseas de-
tástases ósseas56,57. No entanto, não há ainda          tectáveis.
resultados definitivos suficientes para que re-             Cintilografia óssea é desnecessária em
comendações sejam feitas58.                             pacientes assintomáticos com PSA inferior a
    RM de corpo inteiro e cintilografia óssea           20 ng/mL e com tumores bem ou moderada-
apresentam acurácia similar e podem usados              mente diferenciados. Em contraste, pacien-
de maneira complementar.59 (NE 4 – GR D)                tes com tumores pouco diferenciados e lo-
    Além do osso, o CaP pode disseminar para            calmente avançados, devem ser submetidos
qualquer órgão; mais comumente afeta os                 à cintilografia óssea independentemente do
gânglios linfáticos distantes, pulmão, fígado,          valor do PSA61-67 (NE 2 – GR B).

Recomendações
 Investigações detalhadas de estadiamento estão indicadas somente se alteram a conduta            GR C
 Estadiamento local do CaP (T) é baseado no TR e possivelmente na RM em casos
 selecionados. Mais informações são fornecidas pelo número e locais de biópsia positiva, o        GR C
 grau de diferenciação tumoral (Gleason) e o nível de PSA

 O status linfonodal (N) é importante quando o tratamento potencialmente curativo é
 planejado. Pacientes com estágio T2 ou menos, PSA <20 ng/ml e Gleason ≤ 6 têm uma
                                                                                                  GR B
 probabilidade inferior a 10% de metástases, podendo ser poupados de avaliação nodal. A
 linfadenectomia pélvica continua a ser o único método confiável no CaP localizado

 Metástases ósseas (M) são melhores avaliadas pela cintilografia óssea. Não deve ser
 indicada em pacientes assintomáticos, se o nível sérico de PSA é inferior a 20 ng/mL na          GR B
 presença de tumores bem ou moderadamente diferenciados

 Dosagem de fosfatase alcalina fração óssea nos pacientes com baixa probabilidade de metástases
                                                                                                  GR B
 ósseas (riscos baixo e intermediário) sem sintomas ósseos (T1-2 e Gleason ≤ 7 e PSA < 20)
 Em casos duvidosos, PET 11C-colina ou / TC pode ser de valor, especialmente para
                                                                                                  GR C
 diferenciar metástases ativas e regeneração óssea



                                                   36
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  • 1. 1
  • 3. Diretrizes de Cancêr de Próstata/ Marco F. Dall’Oglio (Coord.); Ale xandre Crippo. Eliney Ferreira Faria, Gustavo Fraqnco Cavalhal, et al. Rio de Janeiro: SBU - Sociedade Brasileira de Urologia, 2011. 92p.; 18x25cm. 1- Neoplasias da Próstata. I. Dall’Oglio, Marco F. II. Crippo, Ale- xandre. III. Faria, Eliney Ferreira. IV. Carvalhal, Gustavi Franco. CDD 616.65
  • 4. Coordenador Marcos Francisco Dall’Oglio Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Ins- tituto do Câncer do Estado de São Paulo e da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas - HCFMUSP
  • 5.
  • 6. MeMbros partiCipantes Alexandre Crippa Doutorado em Medicina (Urologia) pela Leonardo Oliveira Reis Universidade Federal de São Paulo. Uro- Professor Assistente, Mestre e Doutor da -Oncologista da divisão de Urologia do HC- Divisão de Urologia Oncológica da Fa- -FMUSP E ICESP . culdade de Ciências Médias da Universi- dade de Campinas (Unicamp), SP . Eliney Ferreira Faria Doutorado em Oncologia- USP / São Paulo. Lúcio Flávio Gonzaga Silva Chefe do Departamento de Uro-oncologia Professor adjunto do Departamento do Hospital de Câncer de Barretos. de Cirurgia da Universidade Federal do Ceará. Professor do Programa de Pós- Gustavo Franco Carvalhal -graduação de Cirurgia da Universidade Doutorado em Urologia pela Universida- Federal do Ceará e de Oncologia Cirúr- de de São Paulo. Fellow em Uro-oncologia gica da Escola Cearense de Oncologia do pela Washington University School of Me- Instituto do Câncer do Ceará. dicine. Milton Berger José Cosisfran Milfont Chefe do Serviço de Urologia do Hospi- Membro do departamento de Urologia da tal das Clínicas de Porto Alegre, Professor SBU, Professor de pós-graduação da PUC – Adjunto da Universidade Federal do Rio RJ e diretor do Instituto de Urologia do Rio Grande do Sul, Chefe do Departamento de Janeiro. de Cirurgia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. José Pontes Jr Doutorado em Urologia pela Universidade Renato Prado Costa de São Paulo. Uro-Oncologista da divisão Médico Urologista e Chefe do Serviço da de Urologia do HC-FMUSP E ICESP. Fundação e Hospital Amaral Carvalho, Jaú, SP. Katia Ramos Moreira Leite Professora Livre Docente do Departamen- Thiago Fagundes Nunes to de Cirurgia, Disciplina de Urologia da Membro do Departamento de Uro- Faculdade de Medicina da Universidade de -Oncologia da Sociedade Brasileira de São Paulo. Chefe do Laboratório de Investi- Urologia, Titular da Sociedade Brasileira gação Médica da Disciplina de Urologia da de Urologia, Urologista do Hospital Vera Faculdade de Medicina da USP - LIM55. Cruz, Campinas – SP .
  • 7.
  • 8. suMário Rastreamento do câncer de próstata 11 Indicações da biópsia de próstata 19 Patologia do câncer de próstata 25 Estadiamento do câncer de próstata 33 Tratamento do Câncer de Próstata Localizado 41 Tratamento das sequelas do tratamento (cirurgia e radioterapia) Incontinência Urinária e Disfunção erétil 49 Cancer de prostata localmente avançado 57 Tratamento de resgate após cirurgia e radioterapia 63 Observação Vigilante 71 Tratamento do câncer de próstata metastático 75 Prevenção do câncer de próstata 85
  • 9.
  • 10. desCrição da Metodologia A revisão bibliográfica de artigos científicos dessa diretriz Laser e Hi- perplasia Benigna da Próstata (HBP) foi realizada com a base de da- dos PubMed. A busca de recomendação de trabalhos clínicos utilizou os critérios do Centro de Medicina Baseada em Evidências de Oxford – Inglaterra, selecionando descritores (MeSH terms) agrupados de acordo com os temas interessados em diferentes combinações: Palavras-chaves: câncer de próstata/patologia; disfunção erétil; câncer de próstata/radioterapia; braquiterapia; câncer de prós- tata/quimioterapia; estadiamento de neoplasias; prostatectomia; ressecção transuretral da próstata; biópsia; antígeno prostático específico; rastreamento Grau de Recomendação: Foram utilizados os seguintes critérios: A – Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência B – Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência C – Relatos de casos (estudos não controlados). D – Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Objetivo Propor um documento atualizado sobre o câncer de próstata e suas implicações clínicas que proporcione aos urologistas, instituições de saúde e médicos em geral fácil acesso à informações científicas para tomada de decisões. CONFLITO DE INTERESSE: não houve
  • 11.
  • 12. rastreaMento do CânCer de próstata Introdução CaP no decorrer da vida, ou seja, aproxima- O uso disseminado do toque retal (TR) damente 1 em cada 6 terão esta neoplasia4. e do antígeno prostático específico (PSA) No Brasil, segundo o Instituto Nacional do ocasionou um aumento na incidência do Câncer (INCA), espera-se mais de 52 mil ca- câncer de próstata (CaP). Entretanto um sos novos de CaP em 2010.1 dos maiores desafios com relação à sua detecção é a imprevisível história natural, O dever de informar e compartilhar que pode incluir desde tumores indolentes a decisão de rastrear o CaP até outros extremamente agressivos, ge- Enquanto persistirem as dúvidas e con- rando controvérsias com relação a: como e trovérsias sobre o rastreamento de CaP, é quando diagnosticar e tratar os portadores ético envolver os homens na tomada desta de CaP1. Um estudo baseado em autópsias decisão, informando-os sobre os aspectos mostrou que aproximadamente, um em básicos do rastreamento, riscos e poten- três homens após 50 anos tem evidência ciais benefícios. Devem ainda sentir-se histológica de CaP, com até 80% destes tu- confortáveis com sua opção de se rastrear mores clinicamente insignificantes em grau ou não5 (NE 5 – GR D). e tamanho2 (NE 2C – GR B). Mesmo quando diagnosticado clinicamente, o CaP ainda é Aspectos emocionais a neoplasia mais comum em homens (ex- do rastreamento do CaP cluindo o câncer de pele não-melanoma) Avaliações gerais de ansiedade e “stress” correspondendo a mais de 217.000 casos têm sido descritas para o rastreamento de novos esperados em 2010 nos Estados Uni- CaP, o que também poderia ser aplicado em dos (EUA), significando 25% de todos os qualquer outra doença. Após várias formas tumores malignos diagnosticados no sexo de avaliação (questionários, escalas, medi- masculino, e mais de 32.000 indivíduos das de cortisol, etc). Um estudo mostrou morrerão em decorrência da doença3. Em aumento de ansiedade/stress (aumento de torno de 16% dos homens nascidos hoje cortisol) em homens rastreados6 (NE 2C – nos EUA tem probabilidade de desenvolver GR B), enquanto outros não associaram o 11
  • 13. rastreamento à ansiedade7-10 (NE 2A – GR idade, se o homem não tiver no mínimo 10 B). Nota-se que existem poucas evidências anos de expectativa de vida haveria baixo de que o rastreamento do CaP aumente potencial de beneficio com o rastreamento significativamente os níveis de ansiedade (NE 5 – GR D)20. em relação à população geral, no entanto, quando o PSA se torna elevado os níveis O papel do toque retal (TR) de ansiedade dos rastreados tornam-se O TR pode ser considerado desconfor- mais elevados11. tável e uma barreira pela população, mas ainda tem importância no rastreamento Faixa etária para rastreamento do CaP e no estadiamento, apesar de ser subjeti- A American Cancer Society recomenda vo e com variabilidade interpessoal entre que homens recebam as informações sobre examinadores21. (NE 2C – GR B). Faria et al. rastreamento e tomem a decisão de fazê-lo mostraram na população brasileira, com sempre que apresentarem uma expectativa mais de 17.500 homens rastreados, valor de vida de pelo menos 10 anos, iniciando preditivo positivo (VPP) do TR de 21% em a partir dos 50 anos12, exceto em homens homens com PSA< 4,0ng/ml16. (NE 2C – GR da raça negra ou com parentes de primei- B). Estes dados demonstram que apesar de ro grau (pai ou irmão) diagnosticados com haver dúvidas sobre o real papel do TR no CaP, os quais deveriam começar aos 45 rastreamento de CaP, este exame pode au- anos13 (NE 5 – GR D). A American Urologi- mentar a detecção de tumores em homens cal Association e a National Comprehensive com PSA baixo. Cancer Network indicam o início do rastre- amento a partir dos 40 anos de idade para Valor de corte do PSA homens motivados14,15 (NE 5 – GR D). Faria O PSA não é “câncer-específico”, e pode et al16(NE 2C – GR B) encontraram apenas elevar-se em outras doenças da próstata 0,6% dos casos de CaP do estudo na faixa como, por exemplo, hiperplasia prostática etária entre 45 e 49 anos. benigna (HPB), prostatites, isquemia e in- Indivíduos da raça negra apresentam farto prostáticos, etc22. Na faixa etária do maior risco de desenvolverem câncer de rastreamento para CaP, em torno de 20% próstata, tumores mais agressivos e mais dos pacientes com HPB têm PSA acima de precoces3,17 (NE 3B – GR B). Embora a 4 ng/ml23 (NE 3 – GR B). maioria dos casos de câncer de próstata Desde que o PSA emergiu como teste sejam esporádicos, a presença de neopla- de rastreamento o valor abaixo de 4,0 ng/ sia familiar pode incorrer em doença mais ml foi aceito como normal24. (NE 2B – GR agressiva e em um maior risco de morta- B). O estabelecimento de valor de corte lidade, e alguns consensos levam isto em para o PSA significa a tentativa de garantir consideração18 (NE 5 – GR D). a maior acurácia diagnóstica25 .Entretanto, Algumas entidades como U.S. Preventi- dados da literatura mostraram que tumo- ve Task Force não recomendam o rastrea- res de alto grau podem ser encontrados em mento após 75 anos19 (NE 5 – GR D). Quan- pacientes que fizeram biópsia de próstata do não se faz rastreamento de CaP após 75 mesmo com PSA < 4,0 ng/ml e que tumores anos, reduz-se o número de “superdiag- diagnosticados com PSA entre 2,5 e 4,0 ng/ nóstico” e “super tratamento”. Acima desta ml podem ser comparáveis aos detectados 12
  • 14. com valor deste teste entre 4 e 10 ng/ml26, a densidade de 0,15 foi considerado houve (NE 2A – GR B), o que levou à redução do perda em torno de 30% dos casos de CaP, valor de corte do PSA para 2,5 ng/ml em e não recomendam o uso deste parâmetro alguns guidelines principalmente para ho- para rastreamento31 (NE 2C – GR B). mens mais jovens 15 abaixo de 60 anos27. (NE 2C – GR B). Alguns autores sugeriram Relação PSA Livre/Total pontos de corte mais baixos para indivídu- A relação percentual entre PSA livre e os da raça negra, mas tais condutas não fo- PSA total (rPSAl/t), é geralmente menor ram adotadas pela maioria dos consensos em pacientes com CaP do que em pacien- de especialidades28. tes com HPB e prostatite32. Dessa forma, Em resumo, cabe ao médico avaliar o a rPSAl/t pode ser aplicada para melhorar valor de corte do PSA para cada homem in- a especificidade do PSA. Aqueles homens dividualmente. A fim de manter o diagnós- com rPSAl/t ≤ 15% tem maior detecção tico de tumores agressivos sem aumentar de CaP em relação aqueles com valores > demais o diagnóstico de tumores indolen- 15%, e com diferença estatisticamente sig- tes. Para melhorar a especificidade do PSA, nificante32 (NE 2C – GR B). A utilização da pode-se utilizar alguns artifícios como: a rPSAl/t em níveis de PSA entre 4,0 e 10,0 velocidade e a densidade do PSA, e a rela- ng/ml melhora significativamente a espe- ção entre PSA livre e total (rPSAl/t). cificidade do PSA em torno de 20% compa- rado com o uso somente do PSA total, e é Velocidade do PSA um preditor independente para detecção A cinética do PSA tem sido muito valori- de CaP na biópsia inicial33 (NE 2C – GR B) zada nos últimos anos para aumentar a es- Faria et al mostraram que a percentagem pecificidade deste teste. O aumento de PSA de biópsias positivas para homens com acima de 0,75 ng/ml por ano parece estar PSA ≥ 4,0 ng/ml foi de 38,6% e 52,7%, para associado ao alto risco de CaP em homens valores de rPSAl/t acima e abaixo de 15%, com PSA inicial entre 4 e 10 ng/ml. Porém, respectivamente16 (NE 2C – GR B). valores da velocidade de elevação do PSA de 0,4 ng/ml por ano podem ser usados Intervalo ideal para o rastreamento com PSA inicial abaixo de 4,0 ng/ml, prin- Apesar de existirem relatos de intervalo cipalmente em homens mais jovens29 (NE anual ou bianual de rastreamento, o inter- 2C – GR B). valo ideal para realização do rastreamento não esta claro. Há evidencias de que ho- Densidade do PSA mens com PSA inicial muito baixo (ex. <1,0 A relação entre valor do PSA e o tamanho ng/ml) raramente apresentarão indicação da próstata também pode ser usada para de biópsia prostática em dois ou quatro melhorar a especificidade do teste. Gusta- anos. No entanto, os tumores diagnostica- fsson et al. observaram que o valor predi- dos com aumento rápido de PSA costumam tivo positivo (VPP) para densidade do PSA estar associados a uma maior taxa de mor- foi 14% e 22% quando este índice foi maior talidade e podem ter sua chance de cura que 0,15 e 0,20, respectivamente30 (NE 2C comprometida em intervalos de seguimen- – GR B). Por outro lado, Lujan et al. eviden- to mais longos34-35. A National Comprehensi- ciaram que quando um valor de corte para ve Cancer Network norte-americana sugere 13
  • 15. que os indivíduos de descendência Afro- Para determinar a eficácia do rastrea- -Americana, com história familiar de cân- mento de CaP são necessárias evidências cer de próstata ou com PSA inicial >1,0 ng/ de grandes trabalhos randomizados e con- ml devem seguir realizando PSA e toque re- trolados e dentre estes os mais importan- tal anualmente36 (NE 5 – GR D). tes na literatura são o estudo europeu (Eu- A periodicidade do teste com PSA e ropean Randomized Study of Screening for toque retal é motivo de discussão, mas a Prostate Cancer – ERSPC) e o estudo norte- maioria dos consensos sugere testes anuais -americano (Prostate, Lung, Colorectal, and após certa idade. No entanto, deve-se levar Ovarian Cancer Screening – PLCO). O re- em consideração vários fatores de risco, sultado do ERSPC com seguimento médio como faixa etária, raça, história familiar, de nove anos verificou redução relativa de níveis iniciais de PSA, velocidade do PSA, 20% na mortalidade específica por CaP42, entre outros fatores37 (NE 5 – GR D). porém quando o mesmo estudo fez o ajuste por contaminação (homens que já tinham Outros marcadores feito o PSA antes de entrar no estudo) e Com os avanços nas pesquisas em bio- por homens que não atenderam a convo- logia molecular nos últimos anos, houve cação, a estimativa da redução de mortali- um aumento no número de marcadores dade aumentou para 31%43. O PLCO, com para potencializar o rastreamento para seguimento médio de 11,5 anos mostrou CaP. Existem muitos estudos analisando que apesar do aumentado de 22% no nú- diferentes marcadores tanto séricos quan- mero de diagnósticos de CaP em relação to urinários38. Marcadores de DNA, RNA e ao grupo controle, não houve redução no proteínas coletados na urina (ex. PCA3) po- índice de mortalidade câncer específica. derão no futuro melhorar a acurácia de de- Porém, várias críticas como a alta taxa de tecção do CaP evitando biópsias desneces- contaminação (44% para PSA e 53% para sárias e identificando melhor os candidatos TR), o curto tempo de seguimento e o ní- ao tratamento curativo39. vel mais elevado do valor de corte do PSA (4.0 ng/ml) em relação ao estudo europeu Qual o impacto do rastreamento são pertinentes. A contaminação no estudo de CaP sobre mortalidade? europeu foi variável nos diferentes países O estudo de Etzioni et al. verificou, atra- (de 6,7% a 36,7%), e teve índices menores vés de modelo matemático observacional, que o estudo norte-americano44. Faria et al. o declínio na incidência de metástases à mostraram que no Brasil, o perfil popula- distância e a redução de mortalidade após cional dos homens que já haviam feito ras- início da “era do PSA”40. treamento de CaP prévio em 6 estados foi Bartsch et al. notaram uma diminuição em torno de 30%, mais aproximada aos ín- da mortalidade específica por CaP após dices do estudo europeu16. Em longo prazo rastreamento populacional baseado em de seguimento, os resultados de mortalida- PSA no estado austríaco do Tirol, com a de deste estudo poderiam se assemelhar ao política de disponibilidade sem custo des- estudo realizado na Europa. te exame em comparação com outras re- Apesar de o rastreamento proporcio- giões da Áustria onde o rastreamento não nar o aumento de diagnóstico de tumores era disponível41. em estadio mais inicial, reduzir incidência 14
  • 16. de metástase e melhorar as chances de pelos critérios de Epstein46. A ocorrência cura, ainda não está claro o seu impacto de tumores insignificantes varia na litera- na redução de sobrevida geral e sobrevi- tura, de 9% a 25% dependendo da defini- da específica da doença45 (NE 1A – GR A), ção e do estudo em questão. Por exemplo, então aguardamos maior tempo de segui- incidências de 12% foram notadas pelo es- mento dos estudos randomizados ainda tudo da Washington University, 25% pelo em andamento. de Baylor e 24% pela Johns Hopkins47. (NE 2A – GR B). Faria et al. encontraram uma Superdiagnóstico e Supertratamento incidência de 13,5% de tumores indolentes O rastreamento de CaP proporciona em rastreamento brasileiro16. aumento no número casos diagnostica- Embora a possibilidade de “super- dos em relação ao grupo controle, porém -diagnóstico” e “super-tratamento” seja a mortalidade de grande parte destes ho- real para qualquer doença descoberta mens se deve a causas não oncológicas45. através de rastreamento, cabe aos médi- Alguns tumores descobertos pelo rastre- cos, em especial aos urologistas a respon- amento com baixo potencial de agressi- sabilidade de aplicar os critérios de baixa vidade são chamados de tumores indo- agressividade em cada câncer detectado, a lentes ou insignificantes, mostrando-se fim de categorizar e discutir com o pacien- como tumores de muito baixo volume te a melhor terapêutica. Recomendações É ético informar sobre os aspectos básicos do rastreamento: riscos e NE 5 - GR D potenciais benefícios. É recomendada em homens com expectativa de vida mínima de 10 anos, iniciando aos 50 anos. Homens da raça negra ou com parentes de NE 2A - GR B primeiro grau (pai ou irmão) com CaP devem começar aos 45 anos. , Acima de 75 anos, se o homem não tiver no mínimo 10 anos de NE 5 - GR D expectativa de vida, haverá baixo potencial de beneficio com o rastreamento. O toque retal ainda tem importância no rastreamento e no estadiamento, apesar de ser subjetivo e com variabilidade interpessoal NE 2C - GR B entre examinadores. A literatura aponta o valor de corte de PSA de 4,0 ng/ml. Porém, tumores de alto grau podem ser encontrados com PSA < 4,0 ng/ml. O corte do PSA pode ser reduzido para 2,5 ng/ml em homens abaixo de NE 2C - GR B 60 anos. E cabe ao médico avaliar o valor de corte do PSA para cada homem individualmente. O aumento de PSA acima de 0,75 ng/ml/ano está associado ao risco de CaP e valores da velocidade do PSA de 0,4 ng/ml/ano podem ser , NE 2C - GR B usados em homens mais jovens. 15
  • 17. Homens com PSA inicial muito baixo raramente apresentarão indicação de biópsia prostática em dois ou quatro anos. Indivíduos de descendência Afro-Americana, com história familiar de câncer de NE 5 - GR D próstata ou com PSA inicial >1,0 ng/ml devem seguir realizando PSA e toque retal anualmente Apesar de o rastreamento proporcionar o aumento de diagnóstico de tumores em estadio mais inicial, reduzir incidência de metástase e NE 1A – GR A melhorar as chances de cura, ainda não está claro o seu impacto na redução de sobrevida geral e sobrevida específica da doença. Referências J, Dunn J. Men’s attitudes toward 1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto prostate cancer and seeking Nacional do Câncer. Estimativa de prostate-specific antigen testing. câncer no Brasil 2010. [acesso dez. 2010] J Cancer Educ. 2001;16:42-5. Disponível em: http://www.inca.gov.br/ 9. Brindle LA, Oliver SE, Dedman D, estimativa/2010/estimativa20091201.pdf. Donovan JL, Neal DE, Hamdy FC, et 2. Yatani R, Chigusa I, Akazaki K, al. Measuring the psychosocial impact Stemmermann GN, Welsh RA, Correa P. of population-based prostate-specific Geographic pathology of latent prostatic antigen testing for prostate cancer in carcinoma. Int J Cancer. 1982;29:611-6. the UK. BJU Int. 2006;98:777-82. 3. Jemal A, Siegel R, Xu J, Ward E. 10. Carlsson S, Aus G, Wessman C, Hugosson Cancer statistics, 2010. CA Cancer J. Anxiety associated with prostate cancer J Clin. 2010;60:277-300. screening with special reference to men 4. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, with a positive screening test (elevated Murray T, et al. Cancer statistics, 2008. PSA) – Results from a prospective, CA Cancer J Clin. 2008;58:71-96. population-based, randomised study. 5. Briss P, Rimer B, Reilley B, Coates RC, Lee Eur J Cancer. 2007;43:2109-16. NC, Mullen P, et al. Promoting informed 11. Wolf AM, Wender RC, Etzioni RB, decisions about cancer screening in Thompson IM, D’Amico AV, Volk RJ, et al. communities and healthcare systems. American Cancer Society guideline for the Am J Prev Med. 2004;26:67-80. early detection of prostate cancer: update 6. Gustafsson O, Theorell T, Norming U, Perski 2010. CA Cancer J Clin. 2010;60:70-98. A, Ohstrom M, Nyman CR. Psychological 12. Smith RA, Cokkinides V, Brawley OW. reactions in men screened for prostate Cancer screening in the United States, cancer. Br J Urol. 1995;75:631-6. 2009: a review of current American Cancer 7. Essink-Bot ML, de Koning HJ, Nijs HG, Society guidelines and issues in cancer Kirkels WJ, van der Maas PJ, Schroder screening. CA Cancer J Clin. 2009;59:27-41. FH. Short-term effects of population- 13. Makinen T, Tammela TL, Stenman UH, based screening for prostate cancer Maattanen L, Rannikko S, Aro J, et al. on health-related quality of life. J Family history and prostate cancer Natl Cancer Inst. 1998;90:925-31. screening with prostate-specific antigen. 8. Steginga SK, Occhipinti S, McCaffrey J Clin Oncol. 2002;20:2658-63. 16
  • 18. 14. American Urological Association. 1-antichymotrypsin: influence of cancer Prostate-specific antigen Best Practice volume, location and therapeutic selection Statement: 2009 Update 2009. [citado of resistant clones. J Urol. 1994;152:1510-4. nov 2010]. Disponível em: http://www. 24. Catalona WJ, Smith DS, Ratliff TL, Dodds auanet.org/content/ media/psa09.pdf KM, Coplen DE, Yuan JJ, et al. Measurement 15. Mohler J, Bahnson RR, Boston B, of prostate-specific antigen in serum Busby JE, D’Amico A, Eastham JA, et as a screening test for prostate cancer. al. NCCN clinical practice guidelines N Engl J Med. 1991;324:1156-61. in oncology: prostate cancer. J Natl 25. Brawer MK. How to use prostate- Compr Canc Netw. 2010;8:162-200. specific antigen in the early detection 16. Faria EF, Carvalhal GF, Vieira RA, Silva TB, or screening for prostatic carcinoma. Mauad EC, Carvalho AL. Program for prostate CA Cancer J Clin. 1995;45:148-64. cancer screening using a mobile unit: results 26. Horninger W, Berger AP Rogatsch H, , from Brazil. Urology. 2010; 76(5):1052-7. Gschwendtner A, Steiner H, Niescher M, et al. 17. Smith DS, Carvalhal GF, Mager DE, Characteristics of prostate cancers detected Bullock AD, Catalona WJ. Use of lower at low PSA levels. Prostate. 2004;58:232-7. prostate specific antigen cutoffs for 27. Nadler RB, Loeb S, Roehl KA, Antenor prostate cancer screening in black and JA, Eggener S, Catalona WJ. Use of white men. J Urol. 1998;160:1734-8. 2.6 ng/ml prostate specific antigen 18. Klein EA, Kupelian PA, Witte JS. Does a prompt for biopsy in men older than family history of prostate cancer result 60 years. J Urol. 2005;174:2154-7. in more aggressive disease? Prostate 28. Moul JW. Targeted screening for prostate Cancer Prostatic Dis. 1998;1:297-300. cancer in African-American men. Prostate 19. U.S. Preventive Services Task Force. Cancer Prostatic Dis. 2000;3:248-55. Screening for prostate cancer: U.S. Preventive 29. Moul JW, Sun L, Hotaling JM, Fitzsimons NJ, Services Task Force recommendation Polascik TJ, Robertson CN, et al. Age adjusted statement. Ann Intern Med. 2008;149:185-91. prostate specific antigen and prostate specific 20. Hoffman KE, Nguyen PL, Ng AK, D’Amico antigen velocity cut points in prostate AV. Prostate cancer screening in men cancer screening. J Urol. 2007;177:499-503. 75 years old or older: an assessment 30. Gustafsson O, Mansour E, Norming U, of self-reported health status and life Carlsson A, Tornblom M, Nyman CR. expectancy. J Urol. 2010;183:1798-802. Prostate-specific antigen (PSA), PSA density 21. Schroder FH, van der Maas P Beemsterboer , and age-adjusted PSA reference values in P Kruger AB, Hoedemaeker R, Rietbergen , screening for prostate cancer: a study of J, et al. Evaluation of the digital rectal a randomly selected population of 2,400 examination as a screening test for prostate men. Scand J Urol Nephrol. 1998;32:373-7. cancer. Rotterdam section of the European 31. Lujan M, Paez A, Llanes L, Miravalles E, Randomized Study of Screening for Prostate Berenguer A. Prostate specific antigen Cancer. J Natl Cancer Inst. 1998;90:1817-23. density. Is there a role for this parameter 22. Sociedade Brasileira de Urologia. when screening for prostate cancer? Prostate Diretrizes em Uro-oncologia. 2005. Cancer Prostatic Dis. 2001;4:146-9. 23. Stamey TA, Chen Z. Prestigiacomo A. Serum 32. Pelzer AE, Volgger H, Bektic J, Berger AP, prostate specific antigen binding alpha Rehder P, Bartsch G, et al. The effect of 17
  • 19. percentage free prostate-specific antigen A, Falcon S, Wegelin J, et al. Quantifying (PSA) level on the prostate cancer detection the role of PSA screening in the US rate in a screening population with low prostate cancer mortality decline. Cancer PSA levels. BJU Int. 2005;96:995-8. Causes Control. 2008;19:175-81. 33. Haese A, Dworschack RT, Partin AW. 41. Bartsch G, Horninger W, Klocker H, Percent free prostate specific antigen in Reissigl A, Oberaigner W, Schonitzer the total prostate specific antigen 2 to D, et al. Prostate cancer mortality after 4 ng./ml. range does not substantially introduction of prostate-specific antigen increase the number of biopsies needed mass screening in the Federal State of to detect clinically significant prostate Tyrol, Austria. Urology. 2001;58:417-24. cancer compared to the 4 to 10 ng./ 42. Schröder FH, Hugosson J, Roobol ml. range. J Urol. 2002;168:504-8. MJ, Tammela TL, Ciatto S, Nelen V, 34. Grubb RL 3rd, Pinsky PF, Greenlee RT, et al. Screening and Prostate-Cancer Izmirlian G, Miller AB, Hickey TP, et al. Mortality in a Randomized European Prostate cancer screening in the Prostate, Study. N Engl J Med. 2009;360:1320-8. Lung, Colorectal and Ovarian cancer 43. Roobol MJ, Kerkhof M, Schröder FH, screening trial: update on findings from Cuzick J, Sasieni P, Hakama M, et al. the initial four rounds of screening in a Prostate Cancer Mortality Reduction randomized trial. BJU Int. 2008;102:1524-30. by Prostate-Specific Antigen-Based 35. D’Amico AV, Chen MH, Roehl KA, Screening Adjusted for Nonattendance Catalona WJ. Preoperative PSA velocity and Contamination in the European and the risk of death from prostate Randomised Study of Screening for Prostate cancer after radical prostatectomy. Cancer (ERSPC). Eur Urol. 2009;56:584-91. N Engl J Med. 2004;351:125-35. 44. Ciatto S, Zappa M, Villers A, Paez A, 36. Kawachi MH, Bahnson RR, Barry M, Busby Otto SJ, Auvinen A. Contamination by JE, Carroll PR, Carter HB, et al. NCCN opportunistic screening in the European clinical practice guidelines in oncology: Randomized Study of Prostate Cancer prostate cancer early detection. J Natl Screening. BJU Int. 2003;92(Suppl 2):97-100. Compr Canc Netw. 2010;8:240-62. 45. Djulbegovic M, Beyth RJ, Neuberger MM, 37. Kawachi MH, Bahnson RR, Barry M, Busby Stoffs TL, Vieweg J, Djulbegovic B, et al. JE, Carroll PR, Carter HB, et al. NCCN Screening for prostate cancer: systematic clinical practice guidelines in oncology: review and meta-analysis of randomised prostate cancer early detection. J Natl controlled trials. BMJ. 2010;341:c4543. Compr Canc Netw. 2010;8:240-62. 46. Epstein JI, Walsh PC, Carmichael M, 38. Muller H, Brenner H. Urine markers as Brendler CB. Pathologic and clinical possible tools for prostate cancer screening: findings to predict tumor extent of review of performance characteristics and nonpalpable (stage T1c) prostate practicality. Clin Chem. 2006;52:562-73. cancer. JAMA. 1994;271:368-74. 39. Downes MR, Byrne JC, Pennington 47. Singh H, Canto EI, Shariat SF, Kadmon SR, Dunn MJ, Fitzpatrick JM, Watson D, Miles BJ, Wheeler TM, et al. Improved RW. Urinary markers for prostate detection of clinically significant, curable cancer. BJU Int. 2007;99:263-8. prostate cancer with systematic 12- 40. Etzioni R, Tsodikov A, Mariotto A, Szabo core biopsy. J Urol. 2004;171:1089-92. 18
  • 20. indiCações da biópsia de próstata Introdução Um toque retal suspeito é indicação abso- O diagnóstico do câncer de próstata luta para a biópsia. Em 18% dos pacientes o (CaP) era feito inicialmente através da bi- diagnóstico é feito somente com alteração ópsia de próstata realizada com agulha de ao toque2 (NE 1A – GR A). Além disso, o va- Vim Silvermann digitalmente dirigida ao lor preditivo positivo de um toque retal sus- nódulo prostático. Com o advento do ul- peito varia conforme o valor do PSA sendo trassom (US) e seu emprego transretal em 5, 14 e 30% em homens com PSA entre 0 a 1981, os nódulos não palpáveis puderam 1.0, 1.1 a 2.5 e 2.6 a 4.0 ng./ml, respectiva- ser biopsiados com agulhas apropriadas. mente3 (NE 1B – GR A). Nódulo detectado Entretanto, o estudo propondo a biópsia através do US transretal (USTR) não deve com seis punções na linha para-sagital, ser considerado isoladamente como indi- sistemática, revolucionou a técnica de bi- cação de biópsia. ópsia para o diagnóstico do CaP. Esta téc- nica ficou conhecida como biópsia sextan- Antígeno prostático Específico – PSA te1 (NE 4 – GR C). A necessidade de biópsia As elevações nos níveis de PSA como da próstata deve ser determinada baseada variável independente são o melhor predi- no nível do antígeno prostático específico tor de câncer quando comparamos com o (PSA) e/ou suspeita pelo toque retal. A ida- toque retal e o USTR 4 (NE 1A – GR A). Até de biológica do paciente, comorbidades, 45% dos diagnósticos são feitos somente história familiar e as consequências tera- com alterações no PSA 2. pêuticas também devem ser consideradas Existem diferentes kits comercialmente na indicação da biópsia. disponíveis para medir o PSA e existem di- ferenças entre eles e por isso é importante Toque Retal que sua calibragem seja conforme os pa- A maioria dos tumores da próstata são drões da OMS5 (NE 3A – GR B). localizados na zona periférica e podem ser O PSA deve ser colhido de preferên- detectados através do toque retal quando o cia com 4 horas de jejum, na ausência de volume tumoral é maior ou igual a 0.2 ml. infecção do trato urinário e evitando na 19
  • 21. véspera manipulações prostáticas. Quan- exceder 0.4 ng/ml/ano9 (NE 2B – GR B). to maior o valor do PSA maior o risco de • densidade do PSA (PSAd) > 0.15 sugere CaP como mostra a tabela abaixo6 (NE 2A CaP (cálculo dividindo o PSA pelo vo- – GR B): lume prostático mensurado pelo ultra- -som transretal)10 (NE 2A – GR B). Risco CaP em paciente com PSA < ou = 4.0 ng/ml Portanto a decisão de realizar uma bi- Nível do PSA (ng/ml) Risco de CaP (%) ópsia de próstata deve ser inicialmente 0 a 0.5 6.6 avaliada com base nos resultados do toque 0.6 a 1.0 10.1 retal e PSA, mas deve também levar em 1.1 a 2.0 17.0 conta múltiplos fatores, entre eles: relação 2.1 a 3.0 23.9 PSA livre/total, idade, velocidade do PSA, 3.1 a 4.0 26.9 densidade do PSA, história familiar, etnia, história de biópsia prévia e comorbidades11 Catalona et al. demonstraram que (NE 5 – GR D). com PSA entre 2.5 e 4.0, 50% dos indi- víduos progrediram com PSA > 4.0 em 4 anos e 1/3 destes apresentaram eleva- Biópsia Próstata ção rápida do PSA e um tumor extenso. O valor exato para a realização de bióp- Técnica da Biópsia sia de próstata ainda não foi determina- A biópsia guiada por US é o padrão- do mas valores maiores que 2.5 ng/ml -ouro e, embora a via transretal seja usada são usualmente empregados em indiví- na maioria das vezes a via transperineal duos abaixo de 60 anos7 (NE 2B – GR B). também pode ser utilizada. O índice de de- Então, algumas modificações na ava- tecção são comparáveis12 (NE 1B – GR A). liação do PSA foram sugeridas com a in- Além disso, o acesso perineal é muito útil tenção de melhorar a especificidade no em situações especiais como após amputa- diagnóstico precoce do CaP: ção do reto. O toque retal deve, idealmente, preceder o exame com US; • relação PSA livre/total: foi usada para estratificar o risco de CaP quando PSA • Antibioticoterapia: apesar de existirem está entre 4 e 10 ng/ml mostrando que trabalhos demonstrando maior resis- quanto menor esta relação, maior o ris- tência bacteriana, a ciprofloxacina é co de CaP. Estudo demonstrou CaP em ainda a droga de escolha (oral na dosa- 56% dos pacientes com relação < 0.10 e gem de 500 mg a cada 12 horas, inician- somente em 8% dos homens com rela- do uma hora antes do procedimento e ção > 0.258 (NE 2A – GR B). uso por 3 dias)13 (NE 1B – GR A). • velocidade do PSA total > 0.75 ng/ml • Preparo intestinal: foi utilizado siste- (variação anual do nível sérico do PSA maticamente no passado, não é indis- total de preferência colhido com o mes- pensável na atualidade14 (NE 3B – GR B). mo kit). Quando o PSA está entre 2.5 e 4.0 ng/ml sua velocidade não deve • Anestesia: o bloqueio peri-prostático 20
  • 22. guiado com USTR é muito utilizado e biópsias devem ser realizadas para casos não há diferença se o bloqueio é apical selecionados devido sua baixa positivi- ou basal15 (NE 1B – GR A). Instilação in- dade e maiores índices de complicações19 trarretal de anestésico local é bem infe- (NE 2B – GR B). rior à infiltração peri-prostática e a utili- Não há consenso quanto ao exato nú- zação de sedação é também muito utili- mero de fragmentos na re-biópsia, entre- zada e oferece conforto para o paciente tanto, mais da metade dos diagnósticos e facilita a execução pelo médico16 (NE foi feita nos novos fragmentos, além das 1B – GR A). sextantes. A coleta de mais fragmentos (biópsia estendida ou de saturação), além • Número de fragmentos: um total de 12 de aumentar a chance de positividade, fragmentos representativos de toda a fornece melhores dados sobre a extensão glândula, incluindo sistematicamente extracapsular20 (NE 2B – GR B). as faces postero-laterais dividindo em O momento ideal de uma re-biópsia é 3 regiões (base, médio e ápice) e das incerto e depende do resultado histológico áreas suspeitas quando estas identifi- da primeira biópsia e do nivel de suspeita cadas pelo toque ou USTR. Utilizando de CaP (PSA bem alto ou em rápida eleva- o nomograma de Viena (correlação com ção, toque retal suspeito, história famíliar). idade e volume prostático) o índice de Recomenda-se, preferencialmente, rea- detecção passou a 36.7% comparado lizar a nova biópsia após pelo menos seis com 22% na primeira biópsia no grupo semanas da anterior. Não há maior índice controle17 (NE 3B – GR C). de complicações quando seguidas tais re- comendações21 (NE 2B – GR B). • Complicações: • PIN: a neoplasia intra-epitelial prostá- Complicações das biópsias tica (PIN) não deve ser mais conside- de próstata18 rada isoladamente como indicador de Complicações % biópsias re-biópsia22 (NE 2B – GR B). Hemospermia 37.4 Hematúria 14.5 • ASAP: as alterações na biópsia com- Sangramento retal 2.2 patível com proliferação atípica de pe- Prostatite / Epididimite 1.7 quenos ácinos (ASAP) continuam a es- Febre / Urosepse 1.1 tar associado com risco maior de CaP (até 40% positividade na re-biópsia) e são indicativos de re-biópsia. Deve-se Re-Biópsia colher fragmentos principalmente da Embora a maioria dos tumores seja de- região anteriormente diagnosticada tectada na 1ª biópsia, 70 a 80% dos pacien- como ASAP22 (NE 2B – GR B). tes deixam dúvidas quando esta resulta negativa. Djavan et al. demonstraram que • Ressonância Nuclear Magnética: se per- com PSA entre 4 e 10 ng/ml a positivida- siste a suspeita clínica de CaP mesmo de da 1ª a 4ª biópsia vai decrescendo (22%, com biópsias negativas podemos utilizar 10%, 5% e 4%) demonstrando que a 3ª e 4ª da Ressonância Nuclear Magnética com 21
  • 23. espectroscopia para tentar identificar Ressecção Transuretral áreas suspeitas com sensibilidade de 86% da Próstata (RTuP) e especificidade de 94% para identificar O uso da RTUP para diagnóstico deve focos de câncer > 0.5 ml23 (NE 2C – GR B). ser considerado nos casos de biópsias repetidas negativas com persistência de Biópsia da Zona de Transição elevação no PSA e/ou toque suspeito em Apresenta uma baixa taxa de detecção pacientes com sintomas obstrutivos (sus- (1.8%) e não melhora a positividade das re- peita tumor na zona de transição), apesar -biópsias e portanto não deve ser realiza- do seu baixo índice de detecção de apro- da24 (NE 2C – GR B). ximadamente 8%25 (NE 2A – GR B). Recomendações INDICAÇÕES DE BIÓPSIA presença de nódulo prostático detectado no toque retal NE 1A – GR A níveis elevados de PSAt (acima de 4.0 ng/mL) e velocidade >0.75 NE 2A – GR B ng/ml/ano indivíduos mais jovens (abaixo dos 60 anos) com PSAt acima de NE 2C – GR B 2.5 ng/ml e velocidade do PSA > 0.4 ng/ml/ano densidade do PSA (PSAd > 0.15) NE 2C – GR B INDICAÇÕES DE RE-BIÓPSIA PSA persiste em elevação seguindo os critérios anteriormente NE 1A – GR A citados da cinética do PSA Proliferação atípica de pequenos ácinos (ASAP) na biópsia anterior NE 2B – GR B Referências Hudson MA, Scardino PT, Flanigan 1. Hodge KK, McNeal JE, Terris MK, RC, et al. Comparison of digital Stamey TA. Random systematic rectal examination and serum versus directed ultrasound guided prostate specific antigen in the early transrectal core biopsies of the detection of prostate cancer: results prostate. J Urol. 1989;142: 71-5. of a multicenter clinical trial of 6,630 2. Richie JP, Catalona WJ, Ahmann FR, men. J Urol. 1994;151:1283-90. Hudson MA, Scardino PT, Flanigan 5. Fillée C, Tombal B, Philippe M. Prostate RC, et al. Effect of patient age on early cancer screening: clinical impact of detection of prostate cancer with serum WHO calibration of Beckman Coulter prostate-specific antigen and digital rectal Access prostate-specific antigen assays. examination. Urology. 1993:42:365-74. Clin Chem Lab Med. 2010;48:285-8. 3. Carvalhal GF, Smith DS, Mager DE, 6. Thompson IM, Pauler DK, Goodman Ramos C, Catalona WJ. Digital rectal PJ, Tangen CM, Lucia MS, Parnes HL, examination for detecting prostate cancer et al. Prevalence of prostate cancer at prostate specific antigen levels of 4 among men with a prostate-specific ng/ml or less. J Urol. 1999;161:835-9. antigen level < 4.0 ng per milliliter. 4. Catalona WJ, Richie JP, Ahmann FR, N Engl J Med. 2004; 350:2239-46. 22
  • 24. 7. Nadler RB, Loeb S, Roehl KA, Antenor 14. Carey JM, Korman HJ. Transrectal JA, Eggener S, Catalona WJ. Use of ultrasound guided biopsy of the prostate. 2.6 ng/ml prostate specific antigen Do enemas decrease clinically significant prompt for biopsy in men older than complications? J Urol. 2001;166:82-5. 60 years. J Urol. 2005;174:2154-7. 15. von Knobloch R, Weber J, Varga Z, 8. Catalona WJ, Partin AW, Slawin KM, Feiber H, Heidenreich A, Hofmann R. Brawer MK, Flanigan RC, Patel A, et al. Bilateral fine-needle administered local Use of the percentage of free prostate- anaesthetic nerve block for pain control specific antigen to enhance differentiation during TRUS-guided multi-core prostate of prostate cancer from benign prostatic biopsy: a prospective randomised disease: a prospective multicenter trial. Eur Urol. 2002;41:508-14. clinical trial. JAMA. 1998; 279:1542-7. 16. Barbosa RA, da Silva CD, Torniziello 9. Moul JW, Sun L, Hotaling JM, Fitzsimons MY, Cerri LM, Carmona MJ, NJ, Polascik TJ, Robertson CN, et Malbouisson LM. A comparative al. Age adjusted prostate specific study among three techniques of antigen and prostate specific antigen general anesthesia for ultrasound- velocity cut points in prostate cancer guided transrectal prostate biopsy. screening. J Urol. 2007;177:499-504. Rev Bras Anestesiol. 2010;60:457-65. 10. Djavan B, Remzi M, Zlotta AR, Ravery V, 17. Remzi M, Fong YK, Dobrovits M, Hammerer P, Reissigl A, et al. Complexed Anagnostou T, Seitz C, Waldert M, et prostate-specific antigen, complexed al. The Vienna nomogram: validation prostate-specific antigen density of of a novel biopsy strategy defining total and transition zone, complexed/ the optimal number of cores based total prostate-specific antigen ratio, on patient age and total prostate free-to-total prostate-specific antigen volume. J Urol. 2005;174:1256-60. ratio, density of total and transition 18. Heidenreich A, Bellmunt J, Bolla zone prostate-specific antigen: results M, Joniau S, Mason M, Matveev V, of the prospective multicenter European et al. EAU Guidelines on prostate trial. Urology. 2002;60(4 Suppl 1):4-9. cancer. Part 1: Screening, diagnosis, 11. Greene KL, Albertsen PC, Babaian RJ, and treatment of clinically localised Carter HB, Gann PH, Han M, et al. Prostate disease. Eur Urol. 2010;59:61-71. specific antigen best practice statement: 19. Djavan B, Ravery V, Zlotta A, Dobronski P, 2009 update. J Urol. 2009;182:2232-41. Dobrovits M, Fakhari M, et al. Prospective 12. Hara R, Jo Y, Fujii T, Kondo N, Yokoyoma evaluation of prostate cancer detected T, Miyaji Y, et al. Optimal approach for on biopsies 1, 2, 3 and 4: when should prostate cancer detection as initial biopsy: we stop? J Urol. 2001;166:1679-83. prospective randomized study comparing 20. Naya Y, Ochiai A, Troncoso P, Babaian RJ. transperineal versus transrectal systematic A comparison of extended biopsy and 12-core biopsy. Urology 2008;71:191-5. sextant biopsy schemes for predicting 13. Aron M, Rajeev TP, Gupta NP. Antibiotic the pathological stage of prostate prophylaxis for transrectal needle cancer. J Urol. 2004;171:2203-8. biopsy of the prostate: a randomized 21. Djavan B, Waldert M, Zlotta A, Dobronski controlled study. BJU Int. 2000:85:682-5. P, Seitz C, Remzi M, et al. Safety and 23
  • 25. morbidity of first and repeat transrectal prostate cancer: correlation with ultrasound guided prostate needle radical prostatectomy specimens. biopsies: results of a prospective Urology. 2009;74:1094-9. European prostate cancer detection 24. Pelzer AE, Bektic J, Berger AP, Halpern study. J Urol. 2001; 166:856-60. EJ, Koppelstatter F, Klauser A, et al. Are 22. Epstein JI, Herawi M. Prostate transition zone biopsies still necessary needle biopsies containing prostatic to improve prostate cancer detection? intraepithelial neoplasia or atypical foci Results from the Tyrol screening suspicious for carcinoma: implications project. Eur Urol. 2005: 48:916-21. for patient care. J Urol. 2006;175:820-34. 25. Zigeuner R, Schips L, Lipsky K, Auprich M, 23. Puech P, Potiron E, Lemaitre L, Leroy Salfellner M, Rehak P, et al. Detection of X, Haber GP, Crouzet S, et al. Dynamic prostate cancer by TURP or open surgery in contrast-enhanced-magnetic resonance patients with previously negative transrectal imaging evaluation of intraprostatic prostate biopsies. Urology. 2003; 62:883-7. 24
  • 26. patologia do CânCer de próstata Biópsia de próstata do bloco de parafina para que seja possível a realização de técnicas complementares 1. Envio do material de biópsia – Os frag- (imuno-histoquímica) se necessário. mentos devem ser enviados em frascos separados designando a sua localização. Achados Devem ser colocados imediatamente em Neoplasia intraepitelial prostática (PIN) frascos contendo formol a 10% evitando o – O patologista deve descrever apenas a seu ressecamento. A marcação com tinta neoplasia intraepitelial de alto grau que é nanquim da sua porção periférica é desne- a única lesão reconhecidamente pré-ma- cessária, pois não auxilia a identificação do ligna da próstata. O número de fragmentos comprometimento do tecido extraprostáti- comprometidos pela lesão tem sido des- co pela neoplasia. crito por alguns autores como importante pois se relaciona com diagnóstico de cân- 2. Exame macroscópico – Deve ser descri- cer em re-biópsias2. Este diagnóstico é fei- to o tamanho de cada fragmento, pois exis- to em 4 a 16% dos casos e o diagnóstico de te uma correlação entre a extensão do frag- câncer em biópsia repetida tem sido des- mento e o encontro do carcinoma1. O pa- crito em 13 a 25%3,4 (NE 3B – GR B ). Alguns tologista deve acondicionar um fragmento autores argumentam que esses números por bloco garantindo que ele esteja o mais são significativos enquanto outros acham plano possível na superfície para que não se irrelevantes, pois essas proporções são deixe examinar nenhuma de suas porções. semelhantes àquelas encontradas após Se forem enviados vários fragmentos em uma biópsia de características benignas. um mesmo frasco, recomenda-se que cada O exame imuno-histoquímico (IH) nessas bloco contenha no máximo 3 fragmentos. ocasiões é desnecessário, pois na grande maioria das vezes o diagnóstico é claro e 3. Exame microscópico – Três níveis de- não necessita de exames complementares vem ser representados em cada lâmina, po- diferentemente da proliferação de peque- rém deve-se evitar um desgaste excessivo nos ácinos (ASAP). 25
  • 27. Proliferação atípica de pequenos ácinos arábicos e o resultado da soma está a frente (ASAP) – Não é uma entidade em si e alguns dos números que compõe a equação entre preferem a denominação de glândulas atí- parênteses. O primeiro número é o mais re- picas, suspeito para câncer, malignidade presentado na lâmina e o segundo o padrão não pode ser definitivamente excluída. secundário. O último consenso da Interna- Trata-se de lesão suspeita para o diagnós- tional Society of Urologic Pathology (ISUP) tico de câncer cujos critérios histológicos valoriza o grau mais grave na biópsia ten- são insuficientes para conclusão definitiva. tando evitar a subgraduação, uma ocor- Existem diversos mimetizadores de câncer rência frequente. Assim uma biópsia que ou o tumor pode estar escassamente repre- tenha um padrão primário 3 com uma por- sentado na biópsia. Nesses casos é obriga- ção menor, porém significativa 4 deve ser tória a realização do exame IH com uso de considerado 7 (4 + 3). Da mesma forma se marcadores das células basais. A glândula houver um padrão 5 mesmo que pequeno normal, não tumoral tem uma camada de ele deve ser parte da soma como o padrão células secretoras e uma camada de células secundário8,9 (NE 1A – GR). O grau de Glea- basais que expressam citoqueratina de alto son é informado mesmo em tumores mui- peso molecular e proteína p63. A glândula to pequenos. Quando o tumor está presen- tumoral não possui a camada basal, assim te em apenas 1 fragmento de biópsia o grau não existe a marcação, o que auxilia enor- de Gleason deve ser dobrado. Alguns reco- memente o patologista na definição do mendam a avaliação do Gleason em cada diagnóstico. Em estudo recente demons- fragmento individual enquanto outros tramos que após a IH o diagnóstico é pos- consideram um Gleason final após o exa- sível de ser concluído em mais de 70% das me de todos os fragmentos. Estudo recente vezes, evitando uma re-biópsia5. Todos os mostra que essa segunda análise se corre- pacientes com diagnóstico de ASAP devem laciona melhor com os achados da prosta- sofrer uma re-biópsia caso o patologista tectomia radical10. Entretanto, tem-se dis- mantenha este diagnóstico mesmo após o cutido a terapia focal que trataria o tumor exame IH. Neste caso o achado de câncer índice, ou seja, aquele com maior grau de na re-biópsia gira em torno de 40 a 50% e agressividade. Desse modo se houver um é feito geralmente na primeira re-biópsia3,7 tumor bilateral com um componente bem (NE 1A – GR A). diferenciado em um dos lobos da próstata, essa informação deve ser dada. Adenocar- Câncer – O câncer de próstata é diagnos- cinomas grau 2 a 4 são extremamente raros ticado em 1/4 a 1/3 das biópsias. O fator na biópsia de próstata e devem ser anali- prognóstico mais importante é a gradua- sados com extrema precaução. A segunda ção histológica de Gleason. Baseia-se em informação importante é a quantificação um escore onde são considerados os dois do volume tumoral. Esta deve ser dada em padrões predominantes que resultam uma número ou porcentagem de fragmentos soma. São cinco padrões nomeados de 1 positivos em relação ao total de fragmen- a 5 que resultam em uma somatória de 2 tos de biópsia. Deve ser informada a ex- a 10, sendo o 2 o mais bem diferenciado e tensão daquele fragmento mais acometido o 10 o menos diferenciado e mais agressi- por tumor e por fim a média aritmética da vo. O grau de Gleason é dado em números porcentagem total de tumor em todos os 26
  • 28. fragmentos analisados. Todas essas medi- glandulares e o aspecto espiculado das das se relacionam com o estadiamento e glândulas. O patologista deve procurar o comportamento do tumor. Alguns autores padrão infiltrativo das glândulas podendo informam o volume tumoral em milíme- ainda lançar mão da imuno-histoquímica tros11,12,13 (NE 2B – GR B). A terceira infor- com o uso dos marcadores das células da mação é a presença ou ausência de invasão camada basal que estarão presentes no te- perineural. Este achado é encontrado por cido benigno e ausentes no adenocarcino- volta de 20% dos casos de câncer e se cor- ma. Alguns autores advogam que o escore relaciona com tumor não órgão-confinado de Gleason não seja informado quando e com recidiva bioquímica14 (NE 3B – GR B). existem alterações actínicas afetando o tu- mor recorrente15 (NE 2B – GR B). Outros achados – Existe uma série de ou- tros achados que não tem significado clíni- Patologia do espécime cirúrgico (pros- co, mas são referidos, pois, de algum modo tatectomia radical) podem contribuir com algumas anorma- lidades nos níveis de PSA ou toque sus- 1. Processamento da peça cirúrgica – A peito de câncer. Assim atrofia, hiperplasia avaliação da peça tem como objetivo a pós atrófica, inflamação ou prostatite são caracterização da gravidade da neoplasia alguns achados que são descritos pelo pa- onde devem ser analisados com cuidado tologista mas não têm nenhum significado o grau de diferenciação histológica, o esta- clínico conhecido. Um diagnóstico que não diamento e o status das margens. A inclusão deve ser confundido com ASAP é a adenose de toda a próstata para estudo histológico ou hiperplasia adenomatosa atípica. Essa é não é prática de rotina devido aos custos uma lesão benigna que não necessita de elevados e alguns estudos já demonstraram estudos especiais. que a avaliação de cortes intercalados ou a análise de toda a zona periférica e parcial Biópsia de próstata pós-radioterapia – A da zona central se equivalem a inclusão de recidiva local do câncer de próstata pós- todo o espécime16. Devem ser descritos o -radioterapia deve ser demonstrada por tamanho, o peso e o volume da próstata de- biópsia antes da introdução de terapia de pois de amputadas as vesículas seminais. A salvamento. Não se recomenda a biópsia glândula deve ter suas margens pintadas em período inferior a 24 meses, pois 30% com tinta nanquim para a análise de com- das biópsias positivas realizadas nos pri- prometimento das margens. Devem ser meiros 12 meses tornam-se negativas aos representadas as margens do colo vesical e 24 meses. A biópsia de próstata realizada ápice da próstata na forma de cone e após a na suspeita de recidiva pós-radioterapia separação dos lobos direito e esquerdo ten- tem peculiaridades morfológicas impor- do como guia a uretra, cortes transversais tantes que devem ser salientadas para que da glândula são realizados e incluídos em se evitem resultados falso-positivos. Anor- cassetes separados. As vesículas seminais malidades desencadeadas pela ação da são cortadas longitudinalmente, garantin- radiação podem confundir o patologista do a inclusão de toda a zona mais proximal, sendo as mais características a exuberan- de implantação na glândula, mais comu- te atipia citológica das células epiteliais mente comprometida pelo carcinoma. Em 27
  • 29. relação aos linfonodos, o exame de conge- que a avaliação da porcentagem se relacio- lação é desnecessário, pois o índice de po- na mais com o comportamento da doença sitividade é de apenas 0,5%. O patologista do que o volume em centímetros cúbicos. deve dissecar os linfonodos em meio a gor- O patologista pode estimar o volume do tu- dura e separadamente incluir todo o tecido mor durante a avaliação microscópica das adiposo restante onde existem linfonodos lâminas, mas recomenda-se a marcação não identificados macroscopicamente, ga- com tinta para uma análise mais correta. A rantindo assim uma ótima avaliação da lin- falta de marcação costuma superestimar o fadenectomia obturadora17. volume. A informação seguinte é o compro- metimento das margens. O colo vesical é 2. Exame microscópico – De novo o pa- raramente comprometido por tumor, sen- râmetro prognóstico mais importante é o do as margens mais frequentemente posi- grau histológico de Gleason. Do mesmo tivas aquelas laterais e o ápice da próstata. modo são considerados os padrões primá- Uma margem lateral positiva não muda o rio e secundário que compõem uma soma. estadiamento do tumor, não sendo consi- Muitos consideram importante a propor- derado um tumor pT3a. Este estádio só é ção do componente mais indiferenciado, considerado quando existe franca invasão assim essa informação deve ser fornecida do tecido adiposo extra prostático. O tumor pelo patologista. Em estudo conduzido por confinado com margem positiva é denomi- Stamey et al. observou-se que para cada in- nado pT2+. Para afirmar a positividade da cremento de 10% do padrão 4 de Gleason margem cirúrgica o patologista deve ver o havia um igual decréscimo da sobrevida tumor marcado com a tinta nanquim. Al- livre de recidiva bioquímica (SLRB). Deste guns estudos têm mostrado que a extensão modo um paciente com carcinoma Gleason em milímetros da margem comprometida, 6 (3 + 3) sem nenhum componente 4 teria assim como o grau de Gleason nessa região 100% de SLRB em 10 anos enquanto um tem significado prognóstico23,24 (NE 4 – GR Gleason 6 (3 + 3) com 10% de padrão 4 te- 4). Assim sugere-se que essas informações ria 90% e assim sucessivamente18. Também sejam relatadas no laudo. Em relação ao deve ser informada a presença do padrão estadiamento TNM houve uma mudança terciário de Gleason. A presença de 5% de na edição recente sendo que o compro- um padrão indiferenciado, 5 de Gleason metimento microscópico da margem do torna um tumor Gleason 7 agressivo, com colo vesical é considerada como doença comportamento semelhante aos tumores pT3a em substituição a pT4 da metodolo- Gleason 819 (NE 3A – GR B). Uma proposição gia anterior25,26 (NE 1B – GR A). A presença recente é considerar a presença deste com- de invasão perineural na peça cirúrgica é ponente terciário no momento de análise achado comum e não tem significado prog- dos nomogramas sendo, por exemplo, um nóstico. A invasão vascular é fator de mau adenocarcinoma de Gleason 6 (3 + 3) com prognóstico. As vesículas seminais são con- um componente terciário 4 considerado sideradas invadidas quando o tumor infil- 6,520. O segundo parâmetro prognóstico é o tra francamente seu tecido fibromuscular volume tumoral, que pode ser avaliado em caracterizando um tumor pT3b. Caso haja porcentagem ou centímetros cúbicos.21,22 tumor na adventícia da vesícula seminal ela (NE 3B – GR B). Estudos recentes mostram é considerada negativa e o tumor estadiado 28
  • 30. pT3a. Em relação aos linfonodos as evidên- convencional (ductal, mucinoso, anel de cias sugerem que o tamanho da metástase sinete, pequenas células, basal etc.) e a pre- tem relação com o prognóstico, assim o sença de invasão vascular. patologista deve informar o seu tamanho em milímetros. Adenocarcinoma identifi- 1. Recomendações referentes ao cado em meio ao tecido adiposo incluído processamento da biópsia de próstata deve ser considerado N+17. É obrigatória a • Enviar fragmentos em formol 10% em classificação pTN no laudo anátomo-pato- frascos separados, designados quanto a lógico, sendo dispensável a denominação sua localização MX na não comprovação de doença metas- • Incluir no máximo 3 fragmentos em cada tática a distância26. Informações adicionais bloco de parafina. podem ser fornecidas como o tipo histo- • Representar 3 níveis de corte em cada lógico se diferente do adenocarcinoma lâmina 2. Recomendações referentes ao relatório anátomo-patológico da biópsia de próstata Grau de Achados Descrição e recomendação recomendação Câncer A Graduação de Gleason B Número de fragmentos acometidos, proporção de comprometimento de cada fragmento individual, proporção total de tumor em todos os fragmentos Tipo histológico quando não convencional (pequenas células, ductal, aspecto em anel de sinete, mucinoso, sarcomatóide, basal). Presença ou ausência de invasão perineural Localização e distribuição do tumor Atrofia, inflamação crônica, inflamação aguda, Benigno granuloma, adenose (hiperplasia adenomatosa B atípica). Ausência de malignidade. Neoplasia Número e localização dos fragmentos intraepitelial comprometidos. B de alto grau Obs. Não se relata neoplasia intraepitelial de baixo (PIN) grau. Não é isoladamente indicação de re-biópsia. Glândulas atípicas suspeitas para Nova biópsia em 3 a 6 meses A o diagnóstico de câncer (ASAP) O patologista deve informar o local da lesão Uso da técnica imuno-histoquímica na tentativa de definir o diagnóstico, evitando a agressão e os C custos de uma nova biópsia 29
  • 31. 3. Recomendações referentes • O colo vesical e ápice da próstata ao exame macroscópico devem ser analisados separadamente e e processamento do espécime incluídos na forma de cone cirúrgico da prostatectomia radical • As vesículas seminais devem ter • A inclusão de toda a próstata é incluída sua área de inserção na preferível para avaliação das variáveis próstata de importância prognóstica • Além da inclusão dos linfonodos • Toda superfície da próstata deve ser dissecados deve ser colocado todo pintada com tinta nanquim para o tecido adiposo enviado como avaliação das margens cirúrgicas linfonodos da fossa obturadora 4. Recomendações referentes a patologia do câncer de próstata no espécime de prostatectomia radical. Grau de Características Descrição e recomendação recomendação Escore de Gleason Graduação histológica - Informar o padrão de Gleason primário, secundário A Informar a presença de Gleason terciário - A informação das porcentagens dos diferentes padrões é opcional - A informação das porcentagens dos B diferentes padrões é opcional Estadiamento TNM2010 A patológico Local B Comprometimento de Extensão margens cirúrgicas Escore de Gleason na área de margem C positiva Porcentagem de tumor, volume em Volume tumoral centímetros cúbicos ou a avaliação da B maior extensão do tumor em centímetros. Multicentricidade e lobo Localização do tumor C predominantemente comprometido Comprometimento de linfonodos da fossa Número de linfonodos comprometidos A obturadora Maior extensão de tumor em centímetros C Modo de comprometimento das vesículas Vesículas seminais C seminais 30
  • 32. Referências score be assigned to a minute focus 1. Iczkowski KA, Casella G, Seppala RJ, of carcinoma on prostate biopsy? Am Jones GL, Mishler BA, Qian J, et al. J Surg Pathol. 2000;24:1634-40. Needle core length in sextant biopsy 10. Shevchuk M, Mudaliar K, Douaihy influences prostate cancer detection Y, Peters D, Srivastava A, Grover S, et rate. Urology 2002;59:698-703. al. Global Gleason score on prostate 2. Merrimen JL, Jones G, Srigley JR. Is high needle biopsies is the best predictor of grade prostatic intraepithelial neoplasia prostatectomy gleason score. [Abstract still a risk factor for adenocarcinoma in 2038] J Urol. 2010;183(4 Suppl):e791. the era of extended biopsy sampling? 11. Sebo TJ, Cheville JC, Riehle DL, Lohse CM, Pathology. 2010;42:325-9. Pankratz VS, Myers RP, et al. Predicting 3. Epstein JI, Herawi M. Prostate needle prostate carcinoma volume and stage at biopsies containing prostatic intraepithelial radical prostatectomy by assessing needle neoplasia or atypical foci suspicious biopsy specimens for percent surface for carcinoma: implications for patient area and cores positive for carcinoma, care. J Urol. 2006;175:820-34. perineural invasion, Gleason score, DNA 4. Bostwick DG, Liu L, Brawer MK, Qian ploidy and proliferation, and preoperative J. High-grade prostatic intraepithelial serum prostate specific antigen: a report neoplasia. Rev Urol. 2004;6:171-9. of 454 cases. Cancer 2001;91:2196-204. 5. Leite KRM, Srougi M, Sañudo A, 12. Nguyen PL, D’Amico AV, Lee AK, Suh Dall’Oglio M, Nesrallah A, Antunes AA, WW. Patient selection, cancer control, et al. The use of immunohistochemistry and complications after salvage local for diagnosis of prostate cancer. therapy for postradiation prostate-specific Int Braz J Urol. 2010;36:583-90. antigen failure: a systematic review of the 6. Leite KR, Camara-Lopes LH, Cury J, literature. Cancer. 2007;110:1417-28. Dall’Oglio MF, Sañudo A, Srougi M. 13. Brimo F, Vollmer RT, Corcos J, Kotar K, Bégin Prostate cancer detection at rebiopsy LR, Humphrey PA, et al. Prognostic value after an initial benign diagnosis: results of various morphometric measurements using sextant extended prostate biopsy. of tumour extent in prostate needle core Clinics (São Paulo). 2008;63:339-42. tissue. Histopathology. 2008;53:177-83. 7. Epstein JI, Potter SR. The pathological 14. Harnden P, Shelley MD, Clements interpretation and significance of H, Coles B, Tyndale-Biscoe RS, prostate needle biopsy findings: Naylor B, Mason MD.The prognostic implications and current controversies. significance of perineural invasion in J Urol. 2001;166:402-10. prostatic cancer biopsies: a systematic 8. Epstein JI, Allsbrook WC Jr, Amin MB, review. Cancer. 2007;109:13-24. Egevad LL; ISUP grading committee. The 15. Nguyen PL, D’Amico AV, Lee AK, Suh 2005 International Society of Urologic WW. Patient selection, cancer control, Pathology (ISUP) Consensus Conference and complications after salvage local on Gleason grading of Prostatic Carcinoma. therapy for postradiation prostate-specific Am J Surg Pathol 2005;29:1228-42. antigen failure: a systematic review of the 9. Rubin MA, Dunn R, Kambham N, Misick literature. Cancer. 2007;110:1417-28. CP, O’Toole KM. Should a Gleason 16. Sehdev AE, Pan CC, Epstein JI. 31
  • 33. Comparative analysis of sampling methods carcinoma in radical prostatectomy and for grossing radical prostatectomy pelvic lymphadenectomy specimens. Scand specimens performed for nonpalpable J Urol Nephrol Suppl. 2005;(216):34-63. (stage T1c) prostatic adenocarcinoma. 22. van der Kwast TH, Amin MB, Billis A, Hum Pathol. 2001;32:494-9. Epstein JI, Griffiths D, Humphrey PA,et al. 17. Berney DM, Wheeler TM, Grignon DJ, International Society of Urological Pathology Epstein JI, Griffiths DF, Humphrey (ISUP) Consensus Conference on Handling PA, et al. International Society of and Staging of Radical Prostatectomy Urological Pathology (ISUP) Consensus Specimens. Working group 2: T2 substaging Conference on Handling and Staging and prostate cancer volume. Mod Pathol. of Radical Prostatectomy Specimens. 2010 Sep 3. doi:10.1038/modpathol.2010.156 Working group 4: seminal vesicles and 23. Tan PH, Cheng L, Srigley JR, Griffiths lymph nodes. Mod Pathol. 2010 Sep 3. D, Humphrey PA, van der Kwast TH, et doi:10.1038/modpathol.2010.160 al. International Society of Urological 18. Stamey TA, McNeal JE, Yemoto CM, Sigal Pathology (ISUP) Consensus Conference BM, Johnstone IM.Biological determinants on Handling and Staging of Radical of cancer progression in men with prostate Prostatectomy Specimens. Working group cancer. JAMA. 1999;281:1395-400 5: surgical margins. Mod Pathol. 2010 Aug 19. Harnden P, Shelley MD, Coles B, Staffurth 20. doi:10.1038/modpathol.2010.156 J, Mason MD. Should the Gleason grading 24. Cao, D, Kibel AS, Gao F, Tao Y, Humphrey system for prostate cancer be modified PA. The Gleason score of tumor at the to account for high-grade tertiary margin in radical prostatectomy is components? A systematic review and predictive of biochemical recurrence. meta-analysis. Lancet Oncol. 2007;8:411-9. Am J Surg Pathol. 2010;34:994-1001 20. Trock BJ, Guo CC, Gonzalgo ML, 25. Yossepowitch O, Engelstein D, Konichezky Magheli A, Loeb S, Epstein JI. Tertiary M, Sella A, Livne PM, Baniel J. Bladder neck Gleason patterns and biochemical involvement at radical prostatectomy: recurrence after prostatectomy: positive margins or advanced T4 proposal for a modified Gleason scoring disease? Urology. 2000;56:448-52. system. J Urol. 2009;182:1364-70. 26. American Joint Committee on Cancer, 21. Epstein JI, Amin M, Boccon-Gibod L, American Cancer Society, American Egevad L, Humphrey PA, Mikuz G, et al. College of Surgeons. AJCC Cancer Staging Prognostic factors and reporting of prostate Manual, 7a ed. New York: Springer; 2010. 32
  • 34. estadiaMento do CânCer de próstata Introdução Não há relação direta entre os níveis A avaliação da extensão do câncer de séricos de PSA e o estágio clínico e pato- próstata (CaP) deve ser individualizada e lógico do tumor (3-5). Uma combinação normalmente utiliza exame de toque retal de níveis séricos de PSA, pontuação de (TR), dosagem de antígeno prostático espe- Gleason na biópsia e TR tem provado ser cífico (PSA), o padrão de Gleason, o número mais útil na predição do estádio patológi- de fragmentos positivos e a porcentagem da co final do que os parâmetros individuais amostra envolvida pelo cancer na biópsia. isoladamente6 (NE 2 – GR B). Cintilografia óssea, complementada com a A relação PSA livre/total pode predizer tomografia computadorizada (TC) ou res- estádio patológico favorável em um sub- sonância magnética (MRI) e radiografia do grupo de pacientes onde TR é normal e o tórax estão indicados em situações específi- PSA total 4,1-10,0 ng/mL7. cas nas quais seus resultados influenciarão diretamente a decisão de tratamento1. ultra-sonografia trans-retal (uSTR) O método mais comumente utilizado para Estadio tumoral (T) a visualização da próstata é USTR. No entan- Na avaliação do estágio do tumor local to, apenas 60% dos tumores são identificados a distinção entre doença intracapsular (T1- com USTR. A combinação de TR e USTR pode T2) e extracapsular (T3-T4) tem o impacto detectar CaP T3a com mais precisão do que mais profundo sobre as decisões de trata- qualquer método isolado8 (NE 2 – GR B). mento. TR subestima a extensão do tumor, USTR não é capaz de determinar a ex- uma correlação positiva entre TR e estágio tensão do tumor com precisão suficiente patológico do tumor ocorre em torno de para ser recomendada para uso rotineiro. 50% dos casos2 (NE 3 – GR B). No entanto, Cerca de 60% dos tumores pT3 não serão exames mais detalhados (imagem) são re- detectados no pré-operatório por USTR9 comendados somente em casos seleciona- (NE 3 – GR B). dos, quando afetam diretamente a decisão Ultra-som tridimensional (US-3D) é de tratamento. um método não-invasivo que reproduz 33
  • 35. imagens do volume total de estruturas sóli- localizada quando o escore de Gleason da bi- das, com uma acurácia de 91%.10 Maior sen- ópsia é ≤ 623. A TC e a RM não são suficien- sibilidade para a detecção do câncer tem sido temente confiáveis na avaliação de invasão obtida com a adição de Doppler colorido e local do tumor24-26. contraste: a presença ou ausência de vasos que atravessam a cápsula prostática podem Ressonância magnética (RM) determinar extensão extracapsular (EEC), RM com coil endorretal (RM-e) pode per- sendo considerado um sinal preditivo signi- mitir maior precisão no estadiamento local, ficativo11,12. complementando as variáveis clínicas atra- A diferenciação entre os tumores T2 e T3 vés de caracterização da anatomia zonal da não deve ser baseada apenas em USTR, pois próstata e de alterações moleculares – espec- é amplamente operador dependente,13,14 troscopia27,28. além de não se ter demonstrado superiori- Quando comparada ao TR e achados da dade ao TR na predição de doença órgão- biópsia a RM-e, em casos selecionados, in- -confinada15,16. Invasão das vesículas semi- crementa significativamente o estadiamento nais (IVS) é fator preditivo de recidiva local local do CaP29, em particular na identificação e doença à distância e sua biópsia pode ser pré-operatória de EEC e IVS, quando inter- utilizada para aumentar a precisão do esta- pretados por radiologistas experientes 30-32 e diamento pré-operatório,17 reservada para pode ter impacto sobre a decisão de preser- pacientes com um risco substancial de in- var ou ressecar o feixe neurovascular (FNV) vasão das mesmas, quando pode modifi- no momento da cirurgia33-35 (NE 3 – GR C). car a conduta (estadio clínico > T2a, PSA > Quando avaliada a capacidade de prever 10ng/mL)18,19 (NE 3 – GR C). doença órgão-confinada, a contribuição da Pacientes com qualquer uma das biópsias RM-e para nomogramas de estadiamento foi da base prostática positiva para câncer são significativa em todas as categorias de risco, mais propensos a ter biópsia de vesícula se- sendo o maior benefício observado em pa- minal positiva20 (NE 3 – GR B). cientes de risco intermediário e alto36 (NE 2 O escore de Gleason da biópsia, nível sé- – GR B). rico de PSA e o estádio clínico são preditores A combinação de RM com contraste dinâ- independentes de características patológi- mico proporciona superioridade no estadia- cas adversas após a prostatectomia radical mento de CaP em comparação com qualquer (PR). Dentre os parâmetros analisados na bi- técnica independente37 (NE 3 – GR C). ópsia prostática, o percentual de tecido com Ressonância magnética com espectrosco- câncer é preditor de margens cirúrgicas po- pia (RM-s) permite a avaliação do metabolis- sitivas, IVS e doença não órgão-confinada21 mo do tumor, mostrando as concentrações (NE 3 – GR C). relativas de citrato, colina, creatinina e polia- Um aumento do número de fragmentos minas. Diferenças nas concentrações destes de biópsias com tumor prevê independente- metabólitos permitem melhor localização mente EEC, margem cirúrgica e invasão dos do tumor na zona periférica, aumentando a linfonodos22 (NE 3 – GR C). precisão da detecção de EEC, diminuindo a Pode ser útil correlacionar o escore de variabilidade inter observador38. Além dis- Gleason da biópsia com o estadio patológico so, foram demonstradas correlações entre final: cerca de 70% dos pacientes têm doença o padrão de sinais metabólicos e Gleason 34
  • 36. patológico, sugerindo a possibilidade de ava- superior45 (NE 2 – GR B). O limiar em centí- liação não invasiva da agressividade do CaP39. metros usado para decidir se um linfonodo é São limitantes da RM-e/s: sinalização re- suspeito varia entre 0,5 cm e 2 cm. Um limi- lacionada à hemorragia pós-biópsia, altera- te de 0,8 cm a 1 cm tem sido recomendado ções inflamatórias da próstata, variabilidade como o critério para o diagnóstico de metás- inter e intra-examinador (NE 3 – GR C). tases linfonodais46. A punção aspirativa por agulha fina Tomografia computadorizada (TC) (PAAF) pode fornecer uma resposta decisiva A acurácia da tomografia por emissão de em casos de resultados de imagem suspeita. pósitrons 11C-colina (PET) no estadio local No entanto, o linfonodo pode ser difícil de (pT2 e pT3a-4) é cerca de 70%, porém tende acessar devido à posição anatômica. Além a sub-estadiar o CaP e tem valor limitado no disso, a PAAF não é altamente sensível, e uma CaP clinicamente localizado40 (NE 2 – GR B). taxa de falso-negativo de 40% tem sido relata- da46 (NE 2 – GR C). Estadio nodal (N) Em pacientes assintomáticos recém-diag- Tem maior importância em casos em que nosticados com CaP e nível sérico de PSA <20 tratamentos potencialmente curativos são ng/mL, a probabilidade de resultados positi- planejados. Elevados valores de PSA, estadios vos na tomografia computadorizada ou res- T2b-T3, tumores indiferenciados e invasão sonância magnética é de cerca de 1%36. Em tumoral peri-neural têm sido associados a pacientes de maior risco a especificidade de um maior risco de presença de metásta- uma varredura positiva é elevada (93-96%), ses6,41,42 (NE 2 – GR C). de maneira que podem ser poupados de lin- Os nomogramas podem ser usados para fadenectomia47. definir um grupo de pacientes com baixo ris- O padrão ouro para o estadiamento nodal co de metástases (<10%)43. Nesses casos, os é linfadenectomia, quer por técnica aberta pacientes com PSA < 20 ng/mL, estadio ≤ T2a ou laparoscópica. A fossa obturadora nem e Gleason ≤ 6 podem ser poupados de proce- sempre é o principal local para depósitos me- dimentos para estadiamento nodal antes de tastáticos e a dissecção limitada à fossa ob- tratamento potencialmente curativo6 (NE 2 turadora perde cerca de 50% de metástases – GR B). linfonodais48,49 (NE 3 – GR B). A extensão de padrão de Gleason 4 em bi- ópsias tem sido utilizado para definir o risco Estadio metastático (M) de doença nodal. Se qualquer fragmento de O esqueleto axial está envolvido em 85% biópsia apresenta predominância de padrão dos pacientes que morrem de CaP50. A pre- 4 de Gleason, ou > três fragmentos apresen- sença e a extensão de metástases ósseas re- tam qualquer componente padrão 4 de Gle- fletem com precisão o prognóstico individual ason, o risco de metástase nodal é 20-45%. do paciente. Para os demais pacientes, o risco é 2,5%, re- A extensão da doença óssea é a única va- forçando a ideia de que estadiamento nodal riável que influencia os níveis séricos de fos- é desnecessário em pacientes selecionados44. fatase alcalina óssea e PSA. No entanto, em TC e RM apresentam desempenho seme- contraste com a PSA, fosfatase alcalina óssea lhante na detecção de metástases nos linfono- demonstrou uma correlação estatística com dos pélvicos, embora TC pareça ligeiramente o grau de doença óssea51 (NE 2 – GR B). 35
  • 37. A detecção precoce de metástases ósse- cérebro e pele. A avaliação sistêmica através as irá alertar para possíveis complicações de radiografia de tórax, ultra-sonografia, to- inerentes ao esqueleto. A cintilografia óssea mografia computadorizada e ressonância continua sendo o método mais sensível para magnética está indicada apenas se os sinto- avaliar metástases ósseas, sendo superior à mas sugerem a possibilidade de metástase avaliação clínica, radiografia óssea, dosagem dos tecidos moles. sérica de fosfatase alcalina e fosfatase prostá- A necessidade de marcadores sorológi- tica ácida52,53 (NE 2 – GR B). cos confiáveis para melhorar o preparo pré- Difosfonatos de tecnécio são os radiofár- -tratamento de pacientes com CaP tem sido macos atualmente disponíveis ideais devido reconhecida. Atualmente, o PSA é o marca- à sua relação extremamente alta osso-tecido dor de escolha. Nível sérico de PSA superior mole54. Um sistema de graduação semi- a 100 ng/mL pré-tratamento é indicador iso- -quantitativo baseado na extensão da doença lado mais importante de doença metastática, óssea mostrou correlação com a sobrevida55. com um valor preditivo positivo de 100%60. Estudos têm mostrado que 18F-fluoreto/ Em contrapartida, pacientes com baixa con- TC é uma modalidade de imagem altamente centração sérica de PSA raramente têm sido sensível e específica para detecção de me- diagnosticados com metástases ósseas de- tástases ósseas56,57. No entanto, não há ainda tectáveis. resultados definitivos suficientes para que re- Cintilografia óssea é desnecessária em comendações sejam feitas58. pacientes assintomáticos com PSA inferior a RM de corpo inteiro e cintilografia óssea 20 ng/mL e com tumores bem ou moderada- apresentam acurácia similar e podem usados mente diferenciados. Em contraste, pacien- de maneira complementar.59 (NE 4 – GR D) tes com tumores pouco diferenciados e lo- Além do osso, o CaP pode disseminar para calmente avançados, devem ser submetidos qualquer órgão; mais comumente afeta os à cintilografia óssea independentemente do gânglios linfáticos distantes, pulmão, fígado, valor do PSA61-67 (NE 2 – GR B). Recomendações Investigações detalhadas de estadiamento estão indicadas somente se alteram a conduta GR C Estadiamento local do CaP (T) é baseado no TR e possivelmente na RM em casos selecionados. Mais informações são fornecidas pelo número e locais de biópsia positiva, o GR C grau de diferenciação tumoral (Gleason) e o nível de PSA O status linfonodal (N) é importante quando o tratamento potencialmente curativo é planejado. Pacientes com estágio T2 ou menos, PSA <20 ng/ml e Gleason ≤ 6 têm uma GR B probabilidade inferior a 10% de metástases, podendo ser poupados de avaliação nodal. A linfadenectomia pélvica continua a ser o único método confiável no CaP localizado Metástases ósseas (M) são melhores avaliadas pela cintilografia óssea. Não deve ser indicada em pacientes assintomáticos, se o nível sérico de PSA é inferior a 20 ng/mL na GR B presença de tumores bem ou moderadamente diferenciados Dosagem de fosfatase alcalina fração óssea nos pacientes com baixa probabilidade de metástases GR B ósseas (riscos baixo e intermediário) sem sintomas ósseos (T1-2 e Gleason ≤ 7 e PSA < 20) Em casos duvidosos, PET 11C-colina ou / TC pode ser de valor, especialmente para GR C diferenciar metástases ativas e regeneração óssea 36